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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Este artigo apresenta um estudo sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a
importância da intervenção precoce nos primeiros meses e primeiros anos de vida.
Destaca a neuroplasticidade cerebral enquanto avanço da ciência para a amenização dos
sintomas, recuperando as habilidades por meio da formação de novas rotas sinápticas. Ao
narrar que a intervenção precoce é significativa para a criança com TEA, conduz a refletir
se as pessoas que trabalham neste campo estão capacitadas para entender o
funcionamento cerebral dessas crianças por manifestarem no comportamento
estereotipias, isolamento social e prejuízos de interação dificultado pelo mal uso da
linguagem. A constatação destas reflexões caminha em adequar posturas para entender o
papel do mediador ao propor estratégias de intervenção e da sua atuação para lidar com
as crianças comprometidas, pois toda intervenção acontece dentro de um contexto social
e interativo.
ABSTRACT
This article presents a study on Autistic Spectrum Disorder (ASD) and the importance of
early intervention in the first months and first years of life. It highlights brain
neuroplasticity as an advance in science to alleviate symptoms, recovering skills through
the formation of new synaptic routes. By stating that early intervention is significant for
children with ASD, it leads to a reflection on whether people who work in this field are
able to understand the brain functioning of these children by manifesting stereotypies in
their behavior, social isolation and interaction losses made difficult by the misuse of
language. The verification of these reflections goes towards adapting postures to
understand the role of the mediator in proposing intervention strategies and their
performance to deal with compromised children, as every intervention takes place within
a social and interactive context.
1 INTRODUÇÃO
Apesar de sempre surgir historicamente o interesse em pesquisas sobre o
Transtorno do Espectro Autista (TEA), a falta de entendimento e conhecimento científico
precisos sobre o assunto, até então adquiridos, ainda é um aspecto relevante que dificulta
a abordagem, o tratamento e, consequentemente, a inclusão das crianças que possuem
esse transtorno. Por outro lado, a Neurociência comprova que a abordagem nas crianças
com TEA deve ser realizada o mais cedo possível devido a plasticidade cerebral. Sabe-se
que o tratamento precoce capacita a sua aprendizagem e autonomia, enfim, melhora e
muito as condições do desenvolvimento global e a adaptação ao meio. Diante disso,
capacitar pessoas com estudos acerca do espectro faz-se necessário nas clínicas, escolas
e famílias para reconhecer sinais e pistas que apontam as áreas em atraso de cada criança
comprometida. Em se tratando do TEA, receber intervenções eficientes precocemente
fará com certeza a diferença em toda a vida da criança. O diagnóstico precoce e a
implantação correta dos tratamentos resultarão em significativa melhoria no
desenvolvimento infantil e na qualidade de vida da criança e de seus familiares.
Aplicar uma abordagem precoce nas crianças com TEA (em casa, na escola, no
consultório médico) traz vantagens ou prejuízos, enquanto não se tem a cura e
diagnósticos precisos?
Pesquisas apontam que o diagnóstico precoce auxilia muito na escolha das
intervenções, que com certeza, farão a diferença no desenvolvimento das crianças com
Atualmente, o TEA possui, assim, três graus de autonomia, sendo estes: leve
(exigindo apoio), moderado (exigindo apoio substancial) e grave (exigindo apoio muito
substancial) (PIMENTA, 2019). Acometidos com o grau leve possuem falta de interesse
em interações sociais, inflexibilidade de comportamentos, dificuldade em trocar de
atividade e um certo nível de dependência. No grau moderado, os acometidos possuem
grandes déficits de comunicação, limitando mais ainda as interações sociais, além de
dificuldade em lidar com mudanças e comportamentos restritos e repetitivos. Já os
acometidos com o grau grave possuem também grandes déficits de comunicação e uma
alta limitação nas interações sociais, dificuldade extrema em lidar com mudanças e
comportamentos restritos e repetitivos que comprometem acentuadamente a vida pessoal
(SAVALL & DIAS, 2018).
muito cedo precisamos ficar atentos às crianças com TEA, pois apontam pistas de como
está prejudicado o desenvolvimento e funcionamento das sinapses (COUTINHO,
BOSSO, 2015). Assim, quanto sinapses pode-se destacar:
Nosso cérebro faz uma atividade de cada vez. Toda vez que fazemos uma
atividade desligamos uma atividade anterior. Mesmo quando estamos fazendo
duas atividades ao mesmo tempo, na realidade estamos fazendo uma atividade
de cada vez mais de forma bem rápida. O paciente com autismo não. Por ele
ter um cérebro hiperexcitado, ele liga uma atividade sem desligar a atividade
anterior. Ao longo do dia ele está fazendo 100, 200, 300, mil atividades ao
mesmo tempo em seu cérebro. Isso ele faz desde que nasceu. O cérebro dele é
assim. (ABUJADI, 2014, 0:25 – 0:58 min)
Desde pequenos, eles vão criando um método para se organizarem. Você tem
um padrão de comportamento repetitivo. Na realidade, isso é um cérebro
tentando se organizar. Então, eles sempre voltarem para o mesmo “start”, faz
com que eles continuem funcionando de forma adequada naquele mar de
estímulos que possuem. Eles precisam seguir uma linha reta dentro desse mar
de estímulos. Quando eu coloco um bloqueio nesse comportamento repetitivo
e peço para parar de fazer aquilo, ou bloqueio um ritual, uma rotina ou até uma
estereotipia, eles caem de novo nesse mar de estímulos e aí se desorganizam
completamente. (ABUJADI, 2014.1:13 – 1:51min)
Por fim, psiquiatra acrescenta que todos deveriam ver os sujeitos com TEA como
eles são e quanto a isso destaca: “Não tentem transformá-los em pessoas típicas, porque
se conseguirmos dar para eles o mundo que precisam, eles irão se desenvolver super
bem.” (ABUJADI, 2014. 4:33 – 4:49 min).
Neste sentido, entende-se como indispensável, à toda pessoa que lida com essas
crianças, aprofundar conhecimentos acerca desse funcionamento cerebral tão peculiar
diante do transtorno. A capacitação é essencial para melhorar as intervenções e
consequentemente a qualidade de vida dessas crianças comprometidas.
O grau de autismo serve para nos dar um norte de quais são as prioridades que
devemos ter com essa criança. Com base na intensidade dos casos que as
intervenções são aplicadas é importante saber o nível de linguagem, a
quantidade de estereotipia, entre outros. Há casos de autistas que nunca vão
falar, mas isso se deve ao fato de muitos pais levarem seus filhos aos 6 ou 7
anos, considerado tarde para o diagnóstico. (NEUROSABER,2017,p.1)
[...] a ênfase é posta nos processos maturacionais, o que subsidia a maioria das
concepções de desenvolvimento, “normal e anormal”, nas áreas médica e
psicológica, a exemplo da Psicanálise, da Epistemologia Genética de Jean
Piaget, do Comportamentalismo, entre outras, considerando-se a frequência
6 CONCLUSÃO
O TEA se caracteriza pela presença de um desenvolvimento com dificuldades na
interação, comunicação social e um repertório restrito de atividades e interesses.
A infância é o período de maior plasticidade do cérebro, a qual vai diminuindo
sua intensidade de acordo com o crescimento ou envelhecimento. Devido a isso, a
proposta é de encaminhar as crianças com TEA para a intervenção o mais cedo possível,
uma vez que, se a mesma possuir o transtorno, os sinais já podem ser identificados nos
primeiros meses e primeiros anos de vida.
REFERÊNCIAS
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