Aula 6 - Centralidade de Cristo
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CENTRALIDADE
DE CRISTO
Praticando a Centralidade de Cristo
em Nossas Vidas e Igrejas
Monte Mor/SP
2018
Esta apostila foi redigida a partir das videoaulas ministradas na Escola
Convergência de Teologia & Vida Cristã EAD (Ensino a Distância) e
outros materiais didáticos relacionados, cujas referências constam no
corpo da mesma.
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Copyright© 2018 por Escola Convergência
Todos os direitos reservados
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Autor:
Tony Felício
Revisão Teológica:
Harlindo de Souza
Revisão Final:
Maria de Fátima Barboza
Diagramação:
Fabi Vieira
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Esta apostila ou qualquer parte dela não pode ser reproduzida
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Aula 6
v.1.0.0
IGREJA
CRISTOCÊNTRICA:
CORPO, CASA E
FAMÍLIA.
Parte 1
Após entendermos a centralidade de Cristo a partir do lugar que o Pai o colocou e
analisarmos como a sua prática interfere em nossas vidas, vejamos agora esta práti-
ca a nível coletivo – na Igreja. Antes, porém, é preciso definir o que é igreja, e o que
a Bíblia, principalmente no Novo Testamento, diz a respeito dela.
Como introdução leia abaixo o texto extraído da Teologia Sistemática de Louis Berkhof:
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produção da Bíblia e, portanto, tem precedência sobre ela; além disso, ela
é despenseira de todas as graças sobrenaturais. Não é Cristo que nos leva
à igreja, mas a igreja que nos leva a Cristo. Toda a ênfase recai, não sobre a
igreja invisível como communio fidelium, mas sobre a igreja visível como
mater fidelium (mãe dos fiéis). A Reforma rompeu com este conceito ca-
tólico romano da igreja e centralizou a atenção na igreja como organismo
espiritual, como outrora fora feito. Ela deu ênfase ao fato de que não exis-
te igreja fora da obra de Cristo e das operações renovadoras do Espírito
Santo; e ao fato de que, portanto, o estudo destas precede logicamente à
consideração da doutrina da igreja.”1
No Novo Testamento são usadas duas palavras gregas para referir-se à Igreja:
Igreja é, portanto, o povo separado por Deus, não mais rebelado contra ele, mas
reconciliado através de Cristo, vivendo, assim, seu senhorio com exclusividade.
Um povo que vive em paz, pois seu dono é o Príncipe da Paz.
1. BERKHOF, Louis. Teologia sistemática. 4. ed., São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p. 509.
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Qualquer um desses nomes, atribuídos ao povo de Deus, deixa clara uma realidade:
todas são dependentes de Deus, ou seja, o homem por si só não pode se chamar
para fora deste mundo, muito menos seguir e ser aprendiz de Cristo. Esses ter-
mos tratam de uma troca de realidade – o homem que anteriormente era inimigo,
rebelde e afastado de Deus, agora pertence a este. Somos um povo que pertence
exclusivamente ao Deus Pai e criador de todas as coisas.
“Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de pro-
priedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as grandezas daquele
que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz. Antigamente, não
éreis povo; agora, sois povo de Deus; não tínheis recebido misericórdia;
agora, recebestes misericórdia.” (1Pe 2.9,10 – A21)
"Este é o Moisés que disse aos israelitas: Deus vos levantará dentre vos-
sos irmãos um profeta como eu. Este é o que esteve na congregação
no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos
pais, o que palauras vivas para transmiti-las a vos.(At7.37,38-A21)
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Após entender o significado de Igreja, olhemos para ela através da ótica cristocên-
trica, usando as três figuras bíblicas que o apóstolo Paulo a compara:
1. Corpo
Igreja é um ORGA-
NISMO e não uma
ORGANIZAÇÃO.
Outro detalhe importante é que a Igreja não deve ser identificada por qualquer es-
tereótipo, prática, maneira de vestir ou por ter um idioma próprio. Não, o que defi-
ne a igreja não é o seu modo de pensar sobre assuntos como política ou economia.
É importante que ela se posicione sobre tais assuntos e que tenha uma forma de
pensar, vestir e agir diferente do mundo. Porém, não é isso que a define nem é sua
principal característica ou identidade. Nossa principal característica, como igreja,
é o novo nascimento.
2. Bonhoeffer, DIETRICH. Discipulado. 1. ed., São Paulo: Mundo Cristão, 2016. p. 190.
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Na Igreja não pode haver pessoas que não nasceram de novo, e que não foram
batizadas. Entenda que não digo Igreja como pessoas que se dizem e têm práticas
cristãs. Ser membro de uma igreja não o habilita para fazer parte do povo de Deus.
Falo da Igreja com “I” maiúsculo, homens que nasceram de novo, e não são mais
escravos do pecado, mas, sim, escravos de Cristo. Essa é a nova vida e o novo nas-
cimento do qual Jesus estava falando.
Novo nascimento = é morrermos em Cristo, na sua morte.
Essa morte acontece através de arrependimento e fé na miraculosa obra de Cristo.
Observe esta analogia:
• A água e o sangue:
Uma grávida ao dar à luz libera de seu corpo dois elementos: água e sangue. Jesus ao
ser perfurado em seu lado, logo após a sua morte, também derramou água e sangue;
como se naquele momento estivesse acontecendo um parto.
Jesus se entregou na cruz e seu corpo foi moído (destruído) para que pudéssemos
fazer parte dele. Os açoites e feridas que sofreu eram como se abrissem um lugar
onde seríamos enxertados no seu corpo para morrer, nascer de novo, e ser reconci-
liado com o Pai. Era, de fato, o nosso novo nascimento acontecendo na sua morte.
Podemos comparar também com a fenda da rocha que permitiu Moisés ver a glória
de Deus. A partir da fenda no corpo de Jesus, a rocha eterna, nós nos reaproxima-
mos da glória de Deus.
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mão, até que eu tenha passado. Depois, quando eu tirar a mão, verás as
minhas costas, mas não se verá a minha face.” (Ex 33.18-23 – A21)
Assim fomos regenerados, ou seja, gerados novamente em Cristo. Ele nos deu vida
e relembrando o que disse a Nicodemos, seria necessário nascer da água e do Espí-
rito para pertencer ao reino de Deus. A água remete ao novo nascimento, ao batis-
mo e a palavra, elementos que nos purificam; e o sangue ao sacrifício de Cristo, o
elemento que nos salva. Por isso, devemos passar por dois processos para a regene-
ração: ser inseridos em Cristo e imergidos no Espírito Santo.
A igreja é, portanto, resultado do sacrifício de Deus homem se entregando e tendo
seu corpo quebrado para lhe dar vida. Somos os que, milagrosa e graciosamente,
morreram em Cristo (na sua morte) adquirindo uma nova natureza, através do novo
nascimento (na sua ressurreição) e, assim, enxertados em um novo corpo, o corpo
de Cristo. Isso é a igreja como corpo, um organismo vivo e não apenas um local ou
uma organização.
• Jesus o cabeça
Outro aspecto da igreja como corpo de Cristo, é tê-lo como cabeça. É ele que nos
comanda, direciona e dá as ordens. Nenhuma parte do corpo consegue trabalhar
sozinha, independente da cabeça. Nenhuma delas comandam a si própria, pois es-
tão conectadas entre si e com a cabeça.
Ter a Cristo como cabeça é permitir seu senhorio e controle. A igreja não pode
viver sem cabeça ou ter várias cabeças que a controla; ela é apenas UM corpo que
tem apenas UMA cabeça – Cristo Jesus.
Quando o corpo humano fica sem algum de seus membros, tem seu funcionamen-
to comprometido e o membro isolado morre. Assim acontece na igreja; ela fica
deformada e perde a funcionalidade quando seus membros estão separados um do
outro. Nenhum membro do corpo está liberado para viver sozinho, longe do corpo
e desconectado da cabeça.
Estar desconectado do
corpo é estar desconec-
tado da cabeça.
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Cada parte do corpo tem sua função e todas são essenciais para o bom funciona-
mento do todo. Na Igreja cada indivíduo tem a sua funcionalidade e importância.
“Também sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, para que seja ca-
beça sobre todas as coisas, e o deu à igreja, que é o seu corpo, a plenitude
daquele que preenche tudo em todas as coisas.” (Ef 1.22,23 – A21)
“e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela
destruído a inimizade.” (Ef 2.16 – A21)
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2. Casa
Jacó ao colocar sua cabeça na pedra e dormir é uma referência ao nosso descanso,
quando estamos sobre a rocha – Cristo. Quando estamos neste lugar, diante da
presença de Deus somos a própria casa do Senhor.
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“Eu mesmo irei contigo e te darei descanso.” (Ex 33: 14b – A21)
A vontade de Deus é que a terra não seja um lugar isolado do Céu. Por isso, sempre
houve um lugar para essa conexão. No Éden, por exemplo, havia essa realidade –
Deus andava pelo jardim para se encontrar com o homem. No Jardim, o próprio
Deus vinha a terra, todos os dias, para encontrar e se relacionar com Adão. Deus
está perto e se relaciona com sua criação.
Mesmo após o pecado, Deus providenciou outros lugares para se relacionar com o
homem, por exemplo:
• Tabernáculo de Moisés;
• Tenda de Davi;
• Templo de Salomão.
Hoje, o lugar que Deus proporciona para guardar sua própria presença aqui na terra
é a sua Igreja. Nós somos sua casa e, por isso, chamados casa de oração para todos
os povos.
Somos o lugar onde Deus resolveu habitar, e de onde ele é o legislador de todos
os povos da terra. Somos o retrato atual da casa de Deus. Assim como era com o
tabernáculo de Moisés, Deus anda quando sua Igreja anda.
Precisamos entender a diferença entre Deus habitar em um edifício e habitar em
nós. Isso nos permite entender também que onde quer que nós estejamos sua pre-
sença estará conosco. Isso nos permite:
• Sentir a presença de Deus em nosso dia a dia, nas diversas atividades que fa-
zemos e não apenas quando vamos à igreja.
• Entender que em todo lugar e situação que estivermos ele estará conosco.
Nunca estamos sós!
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Deus escolheu habitar em seu povo, na sua igreja e não em templos feitos por mãos
humanas. Por isso, Pedro nos chama de pedras vivas e a Jesus de pedra angular.
Somos edificados nele, o qual é a pedra principal da edificação da casa de Deus.
A pedra angular era a primeira pedra colocada em uma construção e, a partir dela,
todas as outras eram colocadas seguindo seu modelo e direção.
Sozinhos, nossas experiências com Deus são limitadas, mas quando juntos somos
um edifício, capaz de conter a visitação e a habitação de Deus. Por isso, desejamos
que esta presença divina em nosso meio seja o que atraia as pessoas, e não o que te-
mos ou produzimos. Sobre a sua expressão na terra (a igreja) Deus tem derramado
o seu Espírito e, por isso, há focos de avivamentos em diversos lugares do planeta.
3. Família
• Deus é Pai
O primeiro e principal aspecto que precisamos entender ao pensarmos em igreja
como família, é que Deus é o pai de seu povo. Assim, a Igreja é chamada de família.
Ou seja, nós somos: a família de Deus, seus filhos e irmãos do seu primogênito –
Jesus Cristo.
“Sabemos que Deus faz com que todas as coisas concorram para o bem
daqueles que o amam, dos que são chamados segundo o seu propósito.
Pois os que conheceu por antecipação, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos.” (Rm 8.28,29 - A21)
O texto acima fala sobre a paternidade de Deus. Ele é um pai presente para seus filhos
e, como falamos anteriormente, não um Deus que fica de longe administrando tudo
na Terra. Sendo assim, um Deus de perto, ele permite intimidade com seus filhos.
Através do sacrifício de Cristo, fomos inseridos na família de Deus e agora, sem o
véu que nos separava dele, temos novamente livre acesso ao Pai, assim como havia
no Éden, antes que Adão fizesse sua lamentável escolha.
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CONCLUSÃO
Deus separou um povo exclusivo para si, o qual com a sua pessoalidade lidera, edi-
fica e cuida dos seus. Quão grande e ao mesmo tempo quão perto é o nosso Deus!
Que privilégio ser escolhido para fazer parte deste povo! Graças a Deus por sua
graça e bondade para conosco!
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