A Igreja Primitiva e o Livre-Arbítrio

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1.

Os Patrísticos (pais da igreja, pós-apóstolos, século I até o século IV) defenderam ou


falaram sobre o livre-arbítrio?

Resposta: Quase que de forma unânime – pelo menos este “curioso”, em suas muitas
pesquisas, nunca encontrou nada que possa sugerir o contrário – (a esmagadora maioria) DOS
PAIS PRIMITIVOS falaram sobre ou defenderam o livre-arbítrio, como seguem textos abaixo.
Isto põe por terra o argumento falacioso de que (sobre o livre-arbítrio) “a história começa por
Pelágio”. Preparem-se para as descobertas:

Os pais primitivos e o livre arbítrio

JUSTINO MÁRTIR (100 à 160/165 d. C)

“Do que dissemos anteriormente, ninguém deve concluir que a consequência do que afirmamos
que se sucede ocorre por necessidade do destino, pelo fato de que dizemos ser de antemão
conhecidos os acontecimentos. Para isso, vamos esclarecer também esta dificuldade. Nós
aprendemos com os profetas e afirmamos que isto é a verdade: que os castigos e tormentos,
igualmente as boas recompensas, dão-se a cada um conforme as suas obras, pois se não fosse
assim e se ocorresse pelo destino, não existiria em absoluto o livre-arbítrio. Com efeito, se está
determinado que este seja bom e aquele mau, nem aquele merece louvor, nem este vitupério. E
se o gênero humano não tem poder para fugir por livre determinação daquilo que é
vergonhoso e optar pelo belo, é irresponsável por qualquer ação que faça. Porém, que o
homem é virtuoso e peca por livre escolha, o demonstramos pelo seguinte argumento: vemos
que o próprio sujeito passa de um extremo a outro. Pois bem: se fosse determinado ser mau ou
bom, não seria capaz de fazer coisas contrárias nem mudaria [seu comportamento] com tanta
frequência. Na verdade, não se poderia dizer que alguns são bons e outros maus a partir do
momento em que afirmamos que o destino é a causa de bons e maus, e que faz coisas
contrárias a si mesmo; ou deve se ter por verdade aquilo que já anteriormente insinuamos, a
saber: que virtude e maldade são meras palavras e que apenas por opinião [pessoal] se
classifica algo como bom ou mau – o que, como demonstra a verdadeira razão, é o cúmulo da
impiedade e da iniquidade. O que afirmamos ser destino iniludível é que a quem escolher o
bem, espera-lhes digna recompensa; e a quem escolher o contrário, espera-lhes igualmente
digno castigo. Porque Deus não fez o homem da mesma forma que as outras criaturas, por
exemplo, árvores e quadrúpedes, que nada podem fazer por livre determinação, pois nesse
caso não seria digno de recompensa ou louvor, nem mesmo por ter escolhido o bem, mas já
teria nascido bom; nem, por ter sido mau, seria castigado justamente, pois não agiu
livremente, mas por não poder ter sido outra coisa do que foi” (1ª Apologia 43,1-8).

Justino Mártir (160 d.C): A fim de que alguns não presumam, a partir do que temos dito, que
tudo acontece por uma necessidade fatal, pois é anunciado como conhecido de antemão, isso
nós também explicamos. Nós aprendemos dos profetas e sustentamos ser a verdade, que as
punições, castigos e boas recompensas são concedidas de acordo com o mérito das ações de
cada homem. Agora, se isso não é desta forma, mas todas as coisas acontecem por destino,
então, nada está em nosso próprio poder. Porque, se está predeterminado que este homem
será bom e esse outro homem será mau, nem é o primeiro digno de mérito nem o último
culpado. E novamente, a menos que a raça humana tenha o poder de evitar o mal e escolher o
bem por livre escolha, eles não são responsáveis por suas ações. (A Dicitionary of Early
Christian Beliefs, editado por David W. Bercot, pg 285, publicado por Hendrickson, 1998)
(tradução Walson Sales)
“Deus, desejando que tanto homens quanto anjos seguissem a sua vontade, resolveu criá-los
livres para fazer a justiça. Mas se a Palavra de Deus prediz que certos anjos e certos homens
serão certamente castigados, ela fez isso porque sabia previamente que eles seriam
irremediavelmente [ímpios], mas não por terem sido criados assim. (DJ, 1.142).” (citado por
Norman Geisler, T. S. v.2, pg 77)

IRINEU (130 à 200 d. C)

“Esta frase: ‘Quantas vezes quis acolher os teus filhos, porém tu não quiseste!’ (Mateus 23,37),
bem descobriu a antiga lei da liberdade humana, pois Deus fez o homem livre, o qual, assim
como desde o princípio teve alma, também gozou de liberdade, a fim de que livremente
pudesse acolher a Palavra de Deus, sem que Este o forçasse. Deus, com efeito, jamais se impõe
à força, pois n’Ele sempre está presente o bom conselho. Por isso, concede o bom conselho a
todos. Tanto aos seres humanos como aos anjos outorgou o poder de escolher – pois também
os anjos usam sua razão -, a fim de que àqueles que lhe obedecem possam conservar para
sempre este bem como um dom de Deus que eles guardam. Ao contrário, não se encontrará
este bem naqueles que O desobedecem e por isso receberão o justo castigo, porque Deus
certamente lhes ofereceu benignamente este bem, mas eles não se preocuparam em conservá-
lo, nem o acharam valioso, mas desprezaram a bondade suprema. Assim, portanto, ao
abandonar este bem e até certo ponto rejeitá-lo, como razão serão réus do justo juízo de Deus,
do qual o Apóstolo Paulo dá testemunho em sua Carta aos Romanos: ‘Por acaso desprezas as
riquezas de sua bondade, paciência e generosidade, ignorando que a bondade de Deus te
impulsiona a arrepender-te? Pela dureza e impenitência do teu coração, tu mesmo acumulas a
ira para o Dia da Cólera, quando se revelará o justo juízo de Deus’ (Romanos 2,4-5). Ao
contrário, diz: ‘Glória e honra para quem opera o bem’ (Romanos 2,10). Deus, portanto, nos
deu o bem, do qual dá testemunho o Apóstolo na mencionada Carta, e aqueles que agem
segundo este dom receberão honra e glória, porque fizeram o bem quando estava em seu
arbítrio o não fazê-lo; ao contrário, aqueles que não agirem bem serão réus do justo juízo de
Deus, porque não agiram bem estando em seu poder fazê-lo. Com efeito, se alguns seres
humanos fossem maus por natureza e outros bons por natureza, nem estes seriam dignos de
louvor por serem bons, nem aqueles condenáveis, porque assim teriam sido criados. Porém,
como todos são da mesma natureza, capazes de conservar e fazer o bem, e também capazes
de perdê-lo e não fazê-lo, com justiça os seres sensatos – quanto mais Deus! – louvam os
segundos e dão testemunho de que decidiram de maneira justa e perseveraram no bem; ao
contrário, reprovam os primeiros e os condenam retamente por terem rejeitado o bem e a
justiça. Por esse motivo, os profetas exortavam a todos a agir com justiça e a fazer o bem,
como muitas vezes explicamos, porque este modo de nos comportar está em nossas mãos;
porém, tendo tantas vezes caído no esquecimento por nossa grande negligência, nos fazia falta
um bom conselho. Por isso o bom Deus nos aconselhava o bem por meio dos profetas” (Contra
as Heresias 4,37,1-2) (textos dos pais da igreja primitiva podem ser encontrados no sites
indicados ao final)

”Se não dependesse de nós o fazer e o não fazer, por qual motivo o Apóstolo, e bem antes dele
o Senhor, nos aconselharia a fazer coisas e a nos abster de outras? Sendo, porém, o homem
livre na sua vontade, desde o princípio, e livre é Deus, à semelhança do qual foi feito, foi-lhe
dado, desde sempre, o conselho de se ater ao bem, o que se realiza pela obediência a Deus.
(Contra Heresias, IV, 37. 1.4) (também citado por Norman Geisler em “eleitos, mas livres”, pg
171)
Clemente de Alexandria ( 150-c. 215 d. C.)

“Nos que ouvimos pelas Sagradas Escrituras que a escolha autodeterminada e a recusa
foram dadas pelo Senhor aos homens, descansamos no critério infalível da fé, manifestando
um espírito desejoso, já que escolhemos a vida e cremos em Deus por intermédio da sua
voz. (S, H2.4)” (citado na Teologia Sistemática, Norman Geisler, v 2, pg 78)

“Não somente o crente, mas até mesmo o descrente, é julgado mais retamente. Pois, desde
que Deus soube em virtude de sua presciência que essa pessoa não acreditaria, Ele, entretanto,
a fim de que ele possa receber a sua própria perfeição, deu-lhe a filosofia antes da fé.” (A
Dicitionary of Early Christian Beliefs, editado por David W. Bercot, pg 284, publicado por
Hendrickson, 1998)

“A soberania e o livre-arbítrio são compatíveis, pois muitas coisas na vida surgem no exercício
da razão humana, tendo recebido a faísca incandescente de Deus. […] Agora, todas estas
coisas têm verdadeiramente origem e existência por causa da providência divina — contudo,
não sem a cooperação humana também (5, 6.17, em ibid.).” (Citado em Teologia Sistemática
Norman Geisler, V 1, pg 1024).

Orígenes ( 185 a 254 d. C.)

“Está também definido na pregação da Igreja que toda alma racional possui vontade e livre-
arbítrio, e que há também para ela uma luta a ser travada contra o demônio e seus anjos e
forças adversas, já que eles trabalham para onerá-la de pecados, enquanto que nós, se
vivermos retamente e com conselho, devemo-nos esforçar em nos despojarmos deste jugo.
Deve-se entender, por conseguinte,que ninguém de nós

está submetido à necessidade, de tal modo que, ainda que não queiramos, sejamos a qualquer
custo obrigados a fazer coisas boas ou más.” (De Principiis, cap 5) (Obs: seria uma citação, em
dias atuais, exatamente e diametralmente contrária ao que prega o calvinismo)

“Isto também é claramente definido no ensino da igreja de que cada alma racional é dotada de
livre-arbítrio e volição.” (De Principiis, prefácio) Há, de fato, inúmeras passagens nas Escrituras
que estabelecem com extrema clareza a existência da liberdade de vontade.” (De Principiis,
3.1) (citado por Geisler, em “Eleitos, mas livres, pg 173-174)”

Jerônimo ( 347-420 d. C.)

Este é um dos pais, junto com Justino Mártir, são os que mais apresentam semelhanças, em
seus escritos, com as obras de Jacob Arminius (http://www.arminianismo.com/index.php/o-
que-e-o-arminianismo) e os remonstrantes (http://www.arminianismo.com/index.php/o-que-e-
o-arminianismo)(seguidores da teologia de Armínio), expressões como “precisa de ajuda”, ou
“carece de auxílio (da graça) de Deus”, lembra e muito o que 1.300 anos depois repetiu Jacob
Arminius.

Vejamos:

“Em vão me deturpas e tentas convençer os ignorantes que eu condeno o livre-arbítrio. Que
aquele que condena, seja por si mesmo condenado, pois fomos criados com o dom do livre-
arbítrio […] E verdade que a liberdade da vontade traz consigo a liberdade de decisão. Contudo
o homem não age imediatamente a partir do seu livre-arbítrio, mas precisa da ajuda de Deus,
que e o único que não precisa ser ajudado. (LSJ, II.VI. 1.33.10) (citado em Teologia Sistemática,
Geisler, v2, pg 79)

“Quando nós estamos preocupados com a Graça e misericórdia, o livre-arbítrio é parte


anulada; em parte, eu digo, porque tanto depende dele, que queremos e desejamos, e damos
consentimento ao curso que escolhemos. Mas depende de Deus se temos o poder em sua
força e com sua ajuda para fazer o que desejamos, e para o nosso trabalho e esforço darem
resultado.” (Contra Pelagianos, Livro III) (Eleitos, mas livres, pg 76)

Poderíamos citar muitos outros, Novaciano, Teófilo, Tarcianio, Tertuliano, Metódio, Cirilo de
Jerusalém…

Mas gostaríamos de comparar o que lemos, do pais primitivos, com algumas palavras de
Calvino e de Armínio, para que você leitor possa verificar qual teólogo, em suas teses
teológicas, se aproximou mais do que pregaram os pais primitivos da igreja. Os que crêem na
predestinação ou os que pregam o livre-arbítrio?

Calvino

“Chamamos predestinação ao eterno decreto de Deus pelo qual ele determinou consigo mesmo
aquilo que ele quis que ocorresse a cada ser humano. A vida eterna é preordenada para alguns
e a perdição eterna para outros, falando deles como predestinados para a vida ou para a
morte”. (Institutas, volume III, pg 388)

(para os predestinados a perdição) – “àqueles que Deus despreza ele reprova, e faz isso não por
outra razão senão porque ele quer excluí-los da herança que Deus predestinou aos que
escolheu por seus filhos. Qual é a causa do decreto da reprovação de Deus? É o soberano e
bom prazer de Deus. Nenhuma outra causa pode ser aduzida senão à sua soberana vontade.
Quando, portanto, alguém perguntar por que Deus fez assim, devemos responder: porque ele
quis.” (citado em KLOOSTER, Fred H. A doutrina da predestinação em Calvino. p. 38).

Até Calvino reconhece que, em defesa do livre-arbítrio, os patrísticos, assim são chamados os
líderes, podem ser citados:

“Sei que eles podem citar a Orígenes e a Jerônimo como partidários de sua exposição. Eu
poderia, de minha parte, opor-lhes também Agostinho. O que, porém, esses patrísticos tenham
opinado, em nada nos é relevante, se é evidente o que Paulo quis dizer. Aí ele ensina que a
salvação foi preparada exclusivamente para aqueles a quem o Senhor julga dignos de sua
misericórdia; ruína e desolação subsistem a quantos ele não escolheu. Sob o exemplo de
faraó, ele mostrara a sorte dos réprobos [Rm 9.17];” (intitutas, II, pg 101)

Por óbvio, que as declarações de Jean Calvino, sobre o assunto em questão, em nada lembram
ou se parecem com o que pregaram os primeiros líderes da igreja, pós era apostólica.

Outros Calvinistas, como Alister E. McGrath, reconhecem o fato de que os líderes da igreja
primitiva pregaram o livre-arbítrio. Veja
site:http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/diversos/artigos/89-v-paul-
marston-e-roger-t-forster/1197-a-igreja-primitiva-e-o-livre-arbitrio

O que um calvinista atual pode fazer é dizer algo como Calvino “em nada nos é
relevante”, contudo consideramos relevante saber os que aqueles que ouviram as pregações
dos Apóstolos (e dos posteriores primeiros discípulos apostólicos) sobre estas doutrinas. Criam
na predestinação incondicional ou no livre-arbítrio? Como vimos, criam (todos, ou no mínimo
quase todos) no livre-arbítrio.

Um determinista, pesquisando muito encontrará textos defendendo a doutrina da corrupção


da natureza humana, fragmentos que falam de “Eleição”, “Eleitos”, “escolhidos”, em alguns
textos de Hilário de Poitiers[315-367], Gregorio Naziazeno[329-389], Cirilo de Jerusalém,
Ambrósio de Milão[340-397], mas nenhum deles defendendo ou apoiando a predestinação
calvinista. Por outro lado, não é necessário pesquisar muito para encontrarmos textos dos
quatro primeiros séculos da era cristã, e em toda a história da igreja, em defesa do livre-
arbítrio.

Vejamos agora o que diz Jacob Armínio, vez que no vídeo foi apontado como aquele que
reviveu as doutrinas do herege (assim foi considerado) Pelágio. (compare com o que diz
Justino e Jerônimo, será interessante)

(O homem e o livre-arbítrio, carecem da graça, da ajuda de Deus)

“Em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar,
ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em
seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do
Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar,
desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito participante
desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é
capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça
Divina.”

“Com referência à Graça Divina, creio, (1.) É uma afeição imerecida pela qual Deus é
amavelmente afetado em direção a um pecador miserável, e de acordo com a qual ele, em
primeiro lugar, doa seu Filho, “para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna,” e,
depois, ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para
salvação. (2.) É uma infusão (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições,)
de todos aqueles dons do Espírito Santo que pertencem à regeneração e renovação do homem
– tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem não é
capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. (3.) É aquela perpétua
assistência e contínua ajuda do Espírito Santo, de acordo com a qual Ele age sobre o homem
que já foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe pensamentos salutares, inspirando-lhe
com bons desejos, para que ele possa dessa forma verdadeiramente desejar tudo que seja
bom; e de acordo com a qual Deus pode então desejar trabalhar junto com o homem, para que
o homem possa executar o que ele deseja.”

“Desta maneira, eu atribuo à graça o começo, a continuidade e a consumação de todo bem, e


a tal ponto eu estendo sua influência, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma
pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentação do mal, sem
esta graça preveniente e excitante, seguinte e cooperante. Desta declaração claramente
parecerá que de maneira nenhuma eu faço injustiça à graça, atribuindo, como é dito de mim,
demais ao livre-arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à solução desta questão,
“a graça de Deus é uma certa força irresistível”? Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas
ações ou operações que possam ser atribuídas à graça, (pois eu reconheço e ensino muitas
destas ações ou operações quanto qualquer um,) mas ela diz respeito unicamente ao modo de
operação, se ela é irresistível ou não. A respeito da qual, creio, de acordo com as escrituras,
que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é oferecida.” (Extraído de
As Obras de James Arminius Vol. I)

“Quanto graça e livre arbítrio, isto é o que eu ensino, segundo as Escrituras e o consentimento
ortodoxo: o livre-arbítrio é incapaz de iniciar ou aperfeiçoar qualquer verdade e o bem
espiritual, sem graça. Que eu não possa dizer, como Pelágio, para a prática de ilusão em
relação à palavra “graça”, eu quero dizer com isso que é a graça de Cristo e que pertence à
regeneração. Afirmo, portanto, que essa graça é simplesmente e absolutamente necessária
para a iluminação da mente, a ordem de vencimento das afeições, e a inclinação da vontade
para o que é bom. É esta a graça que opera sobre a mente, os afetos e da vontade, o que
infunde bons pensamentos na mente, inspira bons desejos em ações, e dobra a vontade de
continuar em execução pensamentos bons e bons desejos. Esta graça precede, acompanha e
segue; excita, assistências, opera que iremos, e coopera para não irmos em vão. Ele evita
tentações, assistências e subsídios socorrer no meio das tentações, sustenta o homem contra a
carne, o mundo e Satanás, (…). Ela levanta-se novamente aqueles que foram conquistados e
caíram(…). Esta graça começa a salvação, promove e aperfeiçoa e consuma. Confesso que a
mente de um homem natural e carnal é obscura e escura, que as suas afeições são corruptas e
desordenado, que sua vontade é teimosa e desobediente, e que o próprio homem está morto
em pecados.” (Obras de James Arminius, volume II)

É muito claro que Armínio era contrário as idéias de Pelágio e dos pelagianos, assim como
Jerônimo, falou do livre-arbítrio e ao mesmo tempo combateu os pelagianos. Assim como
fizera Agostinho, em seu livro “O Livre-arbítrio”.

(mas) O que fez então, no século IV, Pelágio?

Pelágio, ao contrário dos pais primitivos que pregavam o livre-arbítrio juntamente com a
doutrina da corrupção da natureza humana, doutrina que posteriormente foi chamada pelos
reformadores de “depravação total”, pregou uma doutrina do “homem puro”, que o pecado
original, de Adão, afetou apenas ele. Que “o homem nasce puro”, e “pode permanecer puro,
se quiser, independente do auxílio de graça”. James Arminius, e os pais da igreja nunca
disseram isso.

O que Pelágio fez não foi apenas modificar a soteriologia (doutrina da salvação), mas toda
cosmovisão cristã e antropologia humana, dizendo que todo homem nasce puro. O que é um
tremendo equívoco, mas não é propósito deste artigo demonstrar os erros de pelágio, o vídeo
do professor já fez isso bem.

O que nos importa, é separar as idéias de Pelágio dos pais primitivos e de Jacob Armínio.
Pelágio trouxe uma inovação antropológica, e não é o pai do livre-arbítrio, como por muitos é
sugerido. O que ele ensinou foi outra coisa, infelizmente, também nomeada de “livre-arbítrio”,
mas totalmente diferente do que os pais primitivos ensinaram.

Quando alguém falar novamente sobre o livre-arbítrio, você já sabe que esta história
(defendida pelos patrísticos) começa muito antes de Pelágio, e sempre foi predominante na
igreja, como ainda é hoje, até o século XVI. Somente no período da reforma, e séculos
posteriores, as doutrinas calvinistas ganharam destaques de doutrinas da igreja “reformada”, e
nem todos concordavam com ela (Ex: Anabatistas, remonstrantes), esta doutrina nunca foi
unânime, nunca ficou sem oposição de homens notáveis, como Menno Simons, Baltasar
Hubmaier (anbatistas), Armínio, Simon Epicopus, Hugo Grotios (remonstrantes), John Wesley,
John Fletcher (metodistas)… incontáveis nomes.

O que nos importava neste artigo era demonstrar duas coisas.

1. O livre-arbítrio foi a doutrina pregada pelos pais da igreja, e não nasceu com Pelágio;

2. James Arminius não pregou ou reviveu as doutrinas de Pelágio, pelo contrário, as


combateu, revivendo as doutrinas de igreja primitiva.

Espero que tenha ficado claro para todos.

“Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.” Jo 8.36

Um forte abraço. E que a Graça e Paz de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco.

Sites (ou artigos) indicados para consultas dos textos citados ou informações históricas
adicionais. Obs: os sites católicos são os que possuem mais documentos dos pais primitivos, a
igreja católica é que detém os documentos.

http://www.portalvalegospel.com/2012/02/os-pais-da-igreja-crista-apostolicos.html

http://www.arminianos.com/o-livre-arbitrio-e-a-ignorancia-de-nicodemus/

http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/571-a-
qsola-fidesq-a-igreja-primitiva-e-os-pais-da-igreja

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