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Estudo das características das lesões produzidas por armas de fogo para estimativa do tipo de
arma utilizada e a influência do tipo de munição nas características das lesões
Imagem 1 – Padrão de dispersão de chama, pólvora e fumaça típico de revólver. Fonte: imagem
obtida no sistema de busca de imagens do Google.
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XXIV Congresso Nacional de Criminalística, VII Congresso Internacional de Perícia Criminal e
XXIV Exposição de Tecnologias Aplicadas à Criminalística
Florianópolis-SC, 02 a 06 de outubro de 2017.
Por suas características constitutivas, as pistolas apresentam área de escape quase integral a região
anterior do cano, portanto, seria observada apenas uma zona de esfumaçamento (imagens 3 e 4).
Imagem 3 – Padrão de dispersão de chama, pólvora e fumaça típico de pistola. Fonte: imagem
obtida no sistema de busca de imagens do Google.
Imagem 5 – Padrão de dispersão de chama, pólvora e fumaça típico de revólver com compensador
de recuo. Fonte: imagem obtida no sistema de busca de imagens do Google.
Se na borda do orifício de entrada houver escoriação “estrelada” (imagem 8), típica de bucha
(imagem 7), é indicativo do uso de espingarda. Da medida do diâmetro da impressão da bucha, pode-se
estimar o diâmetro interno do cano, o que permite excluir calibres menores.
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Imagem 8 – Escoriação estrelada típica de bucha componente de munição para espingarda. Fonte:
http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1411
Lesões múltiplas e agrupadas (imagem 10) sugerem o uso de munição comercial dotada de balins
múltiplos (imagem 9) que, em sua maioria, são indicativos (mas não exclusivo) do uso de espingarda.
Imagem 9 – Munição (e seus componentes) para armas de alma lisa (espingarda) contendo balins
múltiplos.
Imagem 10 – Lesão típica de uso de balins múltiplos (como no caso de espingarda). Fonte:
http://www.malthus.com.br/mg_imagem_zoom.asp?id=1496#set.
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Informações sobre o propelente (queima rápida ou lenta, composição química e forma física)
podem também influenciar a análise, pois o propelente de queima lenta, em arma de cano curto, pode não
sofrer queima completa e, consequentemente, o projétil terá menos energia na boca do cano; além disso, a
queima incompleta produz mais material incombusto, o que gerará zona de tatuagem mais intensa. Para os
Peritos, essas informações podem permitir extrapolações que poderão levar à estimação ou exclusão de
determinados tipos de armas e calibres ou determinação de compatibilidades.
O entendimento básico sobre armas de fogo, cartuchos e lesões provocadas por projéteis expelidos
por essas armas, pode ajudar os profissionais de saúde na tomada de decisão em situação de emergência
médica. O formato da ponta do projétil determina quanto tecido é lesionado (cavidade permanente) em
proporção ao tecido que se deforma e retorna à posição inicial (cavidade temporária). Projéteis com ponta
plana causam mais danos teciduais do que os projéteis pontiagudos com o mesmo calibre, massa e
velocidade. A tendência do projétil a se fragmentar (causando maior dano tecidual) ou permanecer intacto
(menor dano tecidual) está diretamente relacionada à sua velocidade; no entanto, a constituição do projétil é
determinante para a sua capacidade de fragmentação. Projéteis de chumbo nu expelidos por revólveres e
pistolas usualmente não se fragmentam (devido sua baixa energia), entretanto, podem se deformar,
especialmente se atingirem ossos. Projéteis expansivos ao se deformarem (com aspecto de cogumelo)
adquirem uma maior superfície de contato, o que resulta em maior transferência de energia e maior dano
tecidual, podendo sofrer fragmentação aumentando a área lesionada. Projéteis expansivos não apresentam
movimentos oscilatórios relevantes dentro do corpo, porque o cogumelamento promove a estabilização de
seu trajeto. Como parte da energia cinética é perdida no processo de deformação, a capacidade de
transfixação desse tipo projétil torna-se menor. Os projéteis que tendem a se fragmentar com o impacto,
(semiencamisados, “ponta oca”, nus, pontas macias, etc.), causam mais danos aos tecidos do que aqueles que
não se fragmentam. Cada fragmento resultante pode ser considerado como projétil secundário, que terá
menos energia que o projétil original, mas terá sua própria trajetória, resultando na sua própria cascata de
danos aos tecidos. A zona temporária de cavitação é maior no caso de fragmentação ou deformação do
projétil e pode ser 25 vezes o diâmetro do projétil. Quando os projéteis atingem ossos, que tem elasticidade
quase nula, ambos podem dividir-se, desestabilizando o trajeto do projétil, com geração de lesões por
projéteis secundários.
Por esses fatores, o reconhecimento da deformação e fragmentação do projétil pode contribuir para
a análise da extensão de danos causados aos tecidos. Os projéteis de uso civil geralmente tem uma ponta oca
ou macia (chumbo), o que enfraquece o projétil e resulta em sua expansão com o impacto. A Convenção de
Haia de 1899 proibiu o uso militar de projéteis expansivos, pois sua função é ferir (e não matar), por isso
devem ser cobertos por revestimento metálico. Um projétil não encamisado pode causar um volume de lesão
40 vezes maior do que um projétil encamisado. A maioria dos estudos sobre balística terminal na área
médica informa erroneamente que os projéteis com maior velocidade sempre causam mais danos do que os
com menor velocidade; não se trata da velocidade do projétil, mas quanto da energia associada a essa
velocidade é transferida para a vítima resultando em dano tecidual. Uma prova de que a velocidade do
projétil não é o mais importante é a observação de que a lesão de saída é quase sempre maior do que a de
entrada, apesar do projétil estar mais rápido na entrada.
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