Economia Brasileira 2022-2023 PDF
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BRASILEIRA
EDIÇÃO ESPECIAL DO INFORME CONJUNTURAL
2022-2023
2022-2023
BRASÍLIA-DF
2022
© 2022. CNI – Confederação Nacional da Indústria.
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
CNI
Diretoria de Desenvolvimento Industrial e Economia - DDIE
Gerência Executiva de Economia - ECON
FICHA CATALOGRÁFICA
C748i
ISSN 1676-5486
39 p. : il.
1.Economia Brasileira. 2. Cenário Economico. I. Título.
CDU: 33(05)
1 Atividade Econômica 9
2 Emprego e Renda 17
4 Política Fiscal 26
5 Setor Externo 31
Economia Brasileira 2022-2023
ISSN 1676-5486 • Ano 38 • Número 1 • Dezembro 2022
Ao fim de 2022, o PIB brasileiro irá crescer e de outras transferências, como o auxílio a
mais do que esperado no fim de 2021 pela CNI. caminhoneiros e taxistas, por exemplo, passam a
No Economia Brasileira 2021-2022, a expectativa dar a sustentação ao consumo.
era de crescimento de 1,2%. Ao fim de 2022, a
expectativa é de alta muito maior: 3,1%. A inflação começou a desacelerar fortemente
a partir de maio de 2022 e também contribuiu
Ressalte-se, contudo, que mais uma vez a para a recomposição do poder de compra das
indústria crescerá menos que o PIB em 2022. famílias e do consumo.
A expectativa é de crescimento de 1,8% da
indústria, em 2022, impulsionada pela indústria Para 2023, contudo, persiste o desafio de uma
da construção, com crescimento de 7%, e por inflação ainda elevada, com a taxa de juros
eletricidade e gás, água e esgoto, com alta de real também elevada. A expectativa da CNI é de
7,9%. A indústria de transformação, penalizada desaceleração do ritmo de crescimento do setor
pela forte elevação de custos provocada pela de serviços e da indústria, a despeito do setor
pandemia e pelas taxas de juros elevadas, agropecuário, com previsão de forte crescimento.
encerrará 2022 com crescimento de apenas 0,1%.
Para 2023, a CNI projeta alta de 1,6% do
O setor de serviços foi o principal responsável PIB e de 0,8% do PIB da indústria. As altas
pelo crescimento econômico brasileiro acima são explicadas pela continuidade tanto da
das expectativas. O setor avançou de forma recuperação da renda da população, como da
consistente ao longo do ano em consequência da expansão da indústria da construção.
maior circulação de pessoas, da recuperação do
poder de compra da população e do processo de Os efeitos que estimularam o crescimento do
digitalização da economia. PIB em 2022 serão mais moderados em 2023,
como a melhora do mercado de trabalho e do
O aquecimento na atividade econômica de poder de compra da população. Os entraves,
serviços impulsionou o mercado de trabalho, por outro lado, serão sentidos de forma mais
com expansão do número de pessoas ocupadas intensa, principalmente no que se refere às
em 2022, não apenas no próprio setor, taxas de juros reais elevadas. Como novidades,
mas disseminada por todas as atividades são esperados estímulos fiscais mais fortes de
econômicas. Além disso, em 2022, essa trajetória um lado, mas, de outro, menor crescimento da
foi acompanhada pelo avanço do rendimento economia internacional.
médio, o que não havia acontecido em 2021.
A expectativa da CNI é de manutenção da
Além disso, importantes impulsos fiscais deram tendência de crescimento no número de
sustentação ao consumo ao longo de todo o pessoas ocupadas para 2023. Isso porque a
ano. Na primeira metade do ano, a antecipação trajetória esperada do setor de serviços, em
do 13º salário para aposentados e pensionistas 2023, inclusive com a recuperação do comércio,
do INSS, a liberação de saques do FGTS e a deve sustentar a tendência de avanço do número
retomada do pagamento do abono salarial deram de pessoas ocupadas, mas em ritmo abaixo do
sustentação ao consumo. No segundo semestre, registrado em 2022.
o aumento do valor do benefício Auxílio Brasil
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Também contribui para o crescimento de Essa desaceleração mais lenta da inflação, por
2023 a expectativa de forte crescimento sua vez, deve retardar e diminuir a intensidade
dos gastos do governo. Apesar disso, no do ciclo de redução da taxa de juros básica,
momento, persistem as incertezas fiscais em a Selic. A expectativa é de estabilidade da
torno de qual será o valor da expansão das Selic no patamar atual até setembro de 2023,
despesas primárias do governo federal e como quando deverá começar uma queda moderada,
essa expansão será alocada no orçamento. encerrando o ano ainda acima de dois dígitos.
Por outro lado, essa expansão fiscal Por fim, destaca-se que o cenário externo
resultará em significativo aumento da também inspira preocupações. A inflação
dívida pública. Com o aumento significativo seguirá elevada em todo o mundo em 2023,
dos gastos e mais despesas com juros, resultando em desaceleração do crescimento
o endividamento público, medido pela da atividade e do comércio globais em 2023.
relação Dívida Bruta/PIB, voltará a crescer. Destaca-se que o próximo ano se apresenta
Adicionalmente, a situação fiscal também como um período de dificuldades para os
deve impor grande volatilidade para as mais importantes consumidores de produtos
cotações e pressionar pela depreciação manufaturados brasileiros no mercado
do real frente a moedas estrangeiras, internacional, com aperto monetário nos
prejudicando o controle da inflação. Estados Unidos e na Europa e um ambiente
macroeconômico desfavorável na Argentina.
Esses dois fatores, a política fiscal expansionista,
estimulando a demanda, e o câmbio em
depreciação, pressionando valores de bens
importados, manterão a inflação como uma outra
preocupação para 2023. Para 2023, a inflação
deve desacelerar apenas moderadamente e
encerrar o ano em 5,4%, acima da meta de
inflação para o ano, de 3,25%.
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1 ATIVIDADE ECONÔMICA
Juros elevados impõem perda do ritmo da atividade econômica em 2023
Principal responsável pelo crescimento de 2022, setor de serviços deve crescer menos em 2023
O setor de serviços foi o principal responsável ao varejo mais sensível ao crédito, sofreu esse
pelo crescimento econômico em 2022. O avanço impacto negativo ao longo de 2022.
desse setor, que é intenso em utilização de mão de
obra e representa mais de dois terços do total do Nesse cenário, de forte expansão de serviços e
PIB, foi determinante para impulsionar o mercado dificuldades para o setor industrial, a CNI projeta
de trabalho e estimular a recuperação da massa que o PIB encerre 2022 com crescimento de 3,1%. A
salarial, o que acaba se refletindo na própria expectativa para o PIB Industrial é de crescimento
demanda do setor. de 1,8%, impulsionado pelo bom momento da
construção e pela alta dos serviços industriais.
No entanto, parte do avanço do setor de serviços A indústria de transformação deve apresentar
é resultado da normalização da circulação estabilidade, com variação do PIB estimada em 0,1%.
de pessoas, após as restrições impostas pela
pandemia. Outra parte diz respeito ao maior uso Para 2023, a expectativa da CNI é de desaceleração
de recursos digitais, movimento acelerado pela do ritmo de crescimento do setor de serviços
pandemia. O momento mais forte de ambos os e da indústria, e de forte crescimento do setor
processos já passou, de forma que não devem agropecuário.
provocar novos estímulos da mesma magnitude.
Os principais fatores para a redução do ritmo
Com relação à indústria, dois grandes desafios de crescimento serão a continuidade da política
estiveram presentes ao longo de 2022. O primeiro monetária apertada, em outras palavras, a
diz respeito aos altos custos de produção e o convivência com taxas de juros em dois dígitos ao
segundo às taxas de juros elevadas. longo de todo o ano de 2023, e a manutenção da
inflação ainda elevada. Soma-se a esses desafios a
Os custos de produção desaceleraram expectativa de menor crescimento mundial1.
recentemente, comportamento semelhante ao
dos preços internacionais das commodities que, Espera-se que o crescimento do PIB seja de 1,6% e que o
após atingirem seu ponto mais alto em meados crescimento do PIB da indústria seja de 0,8% em 2023.
de abril, recuaram no segundo semestre. No
entanto, essa acomodação de preços aconteceu Gráfico 1 - Expectativa de acomodação do ritmo de
em um patamar mais alto que o praticado crescimento do PIB em 2023
PIB Total e expectativa CNI
antes da pandemia, ou seja, os custos seguem Taxa de crescimento anual
pressionados.
6% 5,0%
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Indústria registra avanços na Porém, esse entrave com relação aos insumos
produção em 2022, a despeito da atingiu uma parcela menor da indústria no terceiro
pressão de custos e da taxa de juros trimestre de 2022. O problema foi sinalizado por
em dois dígitos 38,1% das empresas, uma queda de 14,4 pontos
percentuais na comparação com o segundo
A produção industrial avançou ao longo de trimestre de 2022, mostrando que o problema
2022, apesar dos desafios impostos ao setor. A caminha para a normalização.
expectativa da CNI para o crescimento do PIB da
indústria total é de 1,8% para 2022. Ainda assim, três ressalvas merecem destaque
no que diz respeito ao desempenho do setor
A indústria enfrentou forte entrave à produção industrial. Em primeiro lugar, a falta ou alto custo
devido à falta e/ou alto custo dos insumos e dos insumos e matérias primas ainda é o principal
matérias primas em 2022. problema enfrentado pela indústria. Em segundo
lugar, o processo de normalização é heterogêneo
No primeiro trimestre, a guerra entre Rússia entre os setores industriais. E em terceiro lugar, a
e Ucrânia agravou esse problema, que já tinha acomodação dos preços ao produtor – nos setores
atrapalhado a indústria em 2021 e vinha em em que essa acomodação é evidente – acontece
trajetória de relativa melhora. No segundo em um novo patamar, bem superior ao praticado
trimestre de 2022, dados da Sondagem Industrial antes da pandemia.
da CNI mostraram que a falta e/ou o alto custo
de matérias-primas totalizaram oito trimestres Além dos entraves relacionados aos custos, a
consecutivos como o principal problema indústria conviveu com taxas de juros de dois dígitos
enfrentado pela indústria, sinalizado por mais da ao longo da maior parte de 2022, que desestimularam
metade dos empresários industriais. o surgimento de novos negócios e a expansão de
empreendimentos existentes, além de imporem uma
perda de dinamismo à economia como um todo.
Gráfico 2 - Parte dos entraves à produção permanecem, mas produção física apresenta avanços ao longo de 2022
Índice de produção física da indústria, com médias móveis semestrais
Número índice (base: fevereiro de 2020=100), sem efeito sazonal
110
105
100 101,8
97,9
97,6 97,9 98,3
95
90
85
80
75
70
fev/20 abr/20 jun/20 ago/20 out/20 dez/20 fev/21 abr/21 jun/21 ago/21 out/21 dez/21 fev/22 abr/22 jun/22 ago/22 out/22
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Gráfico 3 - Todas as categorias de serviços se encontram acima do patamar em que estavam antes da pandemia,
exceto os serviços prestados às famílias
Índice de volume de prestação de serviços
Número índice (base: fevereiro de 2020=100), sem efeito sazonal
140
120
100
80
60
40
20
fev/20 abr/20 jun/20 ago/20 out/20 dez/20 fev/21 abr/21 jun/21 ago/21 out/21 dez/21 fev/22 abr/22 jun/22 ago/22
85
Em linhas gerais, os segmentos do varejo que
respondem mais diretamente a variações da
80
renda, como supermercados, combustíveis e
vestuário, tiveram avanços maiores ou quedas
75
menos intensas. Já nos segmentos do varejo
que dependem intensamente de crédito e
70
que financiam grande parte das suas vendas, jan/21 mar/21mai/21 jul/21 set/21 nov/21 jan/22 mar/22mai/22 jul/22 set/22
como móveis, eletrodomésticos, equipamentos
Sensíveis à renda Sensíveis ao crédito
eletrônicos e automóveis, houve quedas mais
intensas ou crescimentos mais pontuais. Fonte: PMC/IBGE
Elaboração: CNI
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A CNI projeta queda de 1,2% do PIB do setor de cereais, leguminosas e oleaginosas de 2022
agropecuário em 2022. é de 262,8 milhões de toneladas, safra recorde,
segundo o Levantamento Sistemático da
A atividade agropecuária foi negativamente Produção Agrícola (LSPA/IBGE).
impactada pelos problemas climáticos
enfrentados em 2021, o que comprometeu A queda esperada no PIB da agropecuária também
o desempenho de algumas culturas, o que se deve aos altos custos de produção, que
inclui a quebra de safra da soja. Ainda assim, reduziram o valor adicionado do setor em 2022,
a estimativa de outubro para a safra nacional fator que deve se acomodar ao longo de 2023.
O consumo das famílias – e não o investimento Por fim, espera-se que a contribuição externa
ou o setor externo – segue como o maior para o resultado do PIB seja positiva, ainda que
motor do PIB quando olhamos a economia pequena, considerando o desempenho do setor
brasileira pelo lado da demanda. A expectativa externo até outubro. Exportações e importações
da CNI é que o consumo das famílias aumente cresceram de forma significativa em valor em 2022
4,0% em 2022. – as importações em ritmo até mais forte – como
exposto na seção Setor Externo2. No entanto,
Espera-se avanço do consumo das famílias foram os preços que desempenharam papel
no último trimestre desse ano, tendo em mais relevante para explicar esses valores, e é a
vista a recuperação do poder de compra ao quantidade que importa para o PIB. Há crescimento
longo de 2022. Vale notar que é o trimestre moderado de importações e exportações em
mais importante do ano para o comércio, e a termos de quantidade, mas o crescimento do
expectativa é de avanço principalmente nas volume exportado deverá ser maior, por isso a
vendas das atividades comerciais de menor contribuição positiva para o PIB.
valor e mais sensíveis à renda.
2
Ver seção Setor Externo.
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6%
4,2%
Gráfico 6 - Expectativa de perda do ritmo de crescimento do
3%
setor de serviços para 2023 0,4% 0,3%
PIB de Serviços 0%
Taxa de crescimento anual
-3% -1,2%
6% 5,2%
3,9%
4% -6%
2019 2020 2021 2022* 2023*
1,5%
2% 1,1%
Fonte: CNT/IBGE
0%
Elaboração e Projeção*: CNI
-2%
-4%
-3,8%
-6%
2019 2020 2021 2022* 2023*
Fonte: CNT/IBGE
Elaboração e Projeção*: CNI
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O consumo das famílias deverá recuar no 2021, e que mostra sinais de enfraquecimento
início de 2023, mas apresentar recuperação nos últimos meses de 2022. Uma das grandes
no segundo semestre, em linha com a razões para esse desempenho mais fraco é a taxa
recuperação esperada para o mercado de juros, que está elevada e deverá seguir assim
de trabalho. Vale notar que o nível de em 2023. Além da construção, os investimentos
endividamento e a inadimplência se encontram devem ser beneficiados por novos investimentos
elevados, comprometendo parcela significativa em infraestrutura, resultado de concessões
da renda e dificultando o avanço do consumo realizadas recentemente, e pela demanda de
das famílias. Na comparação anual, o máquinas e equipamentos proveniente do setor
consumo das famílias deverá apresentar baixo agropecuário.
crescimento em 2023 (1,1%), limitado pela
manutenção da taxa Selic em patamar elevado. A contribuição externa para o PIB, por sua
vez, deverá ser, mais uma vez, levemente
Os investimentos (formação bruta de capital positiva em 2023. As exportações estão
fixo) deverão ter desempenho mais modesto sujeitas ao cenário externo volátil, mas devem
em 2023 (0,8%) em relação a 2022. Haverá exibir ganhos, sobretudo de alta de volumes
impulso por conta da indústria da construção, exportados de alimentos e outras commodities.
no entanto mais moderado do que nos Já as importações deverão mostrar alta mais
dois anos anteriores. Isso porque muito do moderada, pois a desaceleração da atividade
investimento relacionado à construção em econômica tende a desestimular as importações
2023 se deve ao ciclo atual, que teve início em de insumos, bens de consumo e de capital.
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2 EMPREGO E RENDA
Melhoria do mercado de trabalho deve ser menor em 2023
Avanço do número de ocupações e crescimento do rendimento real marcaram 2022
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3
Compreende empregados do setor privado com carteira assinada, empregados do setor público, empregadores e autônomos com CNPJ.
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17
Os estímulos do mercado ao rendimento
médio real e a reversão da dinâmica da 15
inflação5 aumentaram o rendimento real em
2022. Contudo, ambos os estímulos serão 13
5
I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV
2019 2020 2021 2022 2023
4
Veja Perspectivas 2023 na seção Atividade
5
Ver seção Inflação, juros e crédito
19
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Como em 2023, o estímulo para a ampliação da massa Gráfico 10 - Massa real de rendimento deverá crescer
de rendimento também virá do setor de serviços, 3,7% em 2023
permitindo o crescimento do número de ocupações e Massa real de rendimentos
Em bilhões de reais (R$), por trimestre
do rendimento. Mas a expectativa da CNI é de avanço
mais moderado do setor de serviços em 20236. 280,0
6
Ver seção Atividade
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A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços sobretudo o grupo de Administrados, que
ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2022 apresentou variação negativa de preços de julho a
em 5,7%, acima da meta de 3,5% definida pelo setembro.
Banco Central do Brasil (BCB) para o ano. Para
2023, a inflação deve desacelerar moderadamente Outros fatores também contribuíram para a
e encerrar o ano em 5,4%, também acima da meta desaceleração da inflação, com destaque para
de inflação para o ano, 3,25%. a normalização parcial das cadeias globais de
suprimentos, que contribuiu para a estabilização
A desaceleração moderada da inflação se deve, dos preços de commodities e o arrefecimento de
principalmente, aos efeitos da política fiscal preços ao produtor.
expansionista sobre a demanda esperada para
2023. Essa desaceleração mais lenta da inflação, A seguir, apresenta-se o comportamento atual e
por sua vez, deve retardar e diminuir a intensidade esperado para 2023 dos preços dos quatro grupos
do ciclo de redução da taxa de juros básica, Selic. que formam o IPCA: Industriais, Administrados,
Alimentos e Serviços. No caso de 2023, destaca-se
Nesse cenário, a expectativa da CNI é que a Selic irá que a tendência de política fiscal expansionista
manter-se em 13,75% ao ano (a.a.) até setembro de deve se apresentar como um novo elemento de
2023, quando se iniciará o movimento de corte da desafio para a contenção da inflação, em razão
Selic, que deve encerrar 2023 em 11,75% a.a.. dos efeitos dessa política sobre a demanda e a
consequente pressão nos preços.
Com a Selic em alta por mais tempo e com o
menor crescimento esperado para a atividade Os preços do grupo Industriais acumulam alta de
econômica, o mercado de crédito deve desaquecer 10,7% nos 12 meses encerrados em outubro de
em 2023. Isso ocorrerá após forte crescimento 2022. Em desaceleração desde maio, os preços
em 2022, quando as concessões de crédito devem desse grupo devem continuar essa trajetória no fim
aumentar 22,6% em termos nominais (12,3% em de 2022 e ao longo de 2023, principalmente devido:
termos reais, ou seja, descontando-se os efeitos aos efeitos defasados da Selic sobre a demanda
da inflação). A projeção das concessões de crédito de bens de consumo duráveis; à normalização
para 2023 é de crescimento nominal de 6,7% progressiva das cadeias globais de suprimentos; e
(1,9%, em termos reais). à desaceleração do Índice de Preços ao Produtor
Amplo (IPA).
IPCA deve encerrar 2023 em 5,4%
O IPA, que geralmente antecipa o comportamento
A inflação, medida pelo IPCA, foi de 6,5% no dos preços do grupo Industriais, caiu de 20,6%, nos
acumulado de 12 meses encerrados em outubro de 12 meses encerrados em dezembro de 2021, para
2022, o que denota forte desaceleração depois do 5,2%, nos 12 meses encerrados em outubro de
pico de 12,1% em abril de 2022. Essa desaceleração 2022. A Selic elevada e a desaceleração moderada
foi causada, principalmente, pelas desonerações de preços de produtos importados devem
tributárias sobre energia elétrica, combustíveis contribuir para a continuidade do arrefecimento do
e telefonia. Essas desonerações impactaram IPA como um todo.
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Os preços do grupo Administrados, principal elevados, como pela previsão de safra recorde de
responsável pela desaceleração da inflação em grãos no Brasil, de acordo com dados da Companhia
2022, registraram variação negativa de 2,8% nos Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra
12 meses encerrados em outubro de 2022. O grupo 2022/23. Essa perspectiva de desaceleração de
deve continuar contribuindo para a contenção da preços do grupo Alimentos deve ser mantida
inflação no fim de 2022 e até o início do segundo mesmo considerando o impacto da expansão fiscal
semestre de 2023, quando terminam os efeitos das sobre a demanda por alimentos projetada para
desonerações tributárias na variação interanual 2023.
do IPCA. Assim, a partir de agosto de 2023, o
efeito inercial da inflação de 2022 – aumentos Os preços do grupo Serviços acumulam alta de
de 2022 que implicam reajustes em 2023 – deve 8,1% nos últimos 12 meses encerrados em outubro
ser predominante sobre os preços do grupo de 2022 e devem manter ritmo de aumento no fim
Administrados, que devem apresentar variação de 2022 e ao longo de 2023, tanto por causa do
positiva entre agosto e dezembro de 2023. mercado de trabalho favorável, ainda que menos
aquecido em 2023, como por causa da política
Os preços do grupo Alimentos acumulam alta de fiscal expansionista no próximo ano. Com isso, a
12,7% nos últimos 12 meses até outubro de 2022 perspectiva é de que os preços desse grupo fechem
e até o final de 2022 deve haver uma pequena dezembro de 2023 com aumento de 7,5%.
aceleração do ritmo de aumento dos preços desse Levando em consideração o comportamento dos
grupo. Apesar disso, os preços desse grupo devem quatro grupos do IPCA, estima-se que a inflação
desacelerar ao longo do primeiro semestre de seja de 5,7% em 2022, acima da meta de inflação de
2023, tanto pela estabilização dos preços (em reais) 3,5% para o ano, e de 2023 em 5,4%, também acima
das commodities agrícolas, ainda que em patamares da meta de inflação de 3,25% para o ano.
23%
18%
13,0%
13%
9,2%
8% 7,5%
8,0%
5,4%
5,7% 5,4%
4,3%
3%
3,5%
-2%
-4,3%
-7%
abr/21 ago/21 dez/21 abr/22 ago/22 dez/22 abr/23 ago/23 dez/23
Fonte: IBGE
Elaboração e Projeção: CNI
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Banco Central deve baixar a Selic Segundo, a expansão fiscal esperada para 2023, ao
apenas na metade do segundo estimular a demanda, deve impactar positivamente
semestre de 2023 os preços, com possíveis reflexos sobre a condução
da política monetária.
O BCB fez a elevação mais recente da taxa Selic,
para 13,75% a.a., na reunião do Comitê de Política Terceiro, diversas medidas de núcleo de inflação7 e o
Monetária (Copom) em agosto de 2022 e deve índice de difusão8 ainda se encontram em patamares
mantê-la nesse patamar até o fim de 2022 e durante mais altos do que no período de inflação baixa,
a maior parte de 2023, com o objetivo de fazer as entre 2017 e 2019, apesar da diminuição recente
expectativas de inflação para 2024 convergirem para desses índices. Essa informação sugere algum grau
a meta de 3,0%. No entanto, a meta de inflação, de de resistência da inflação, que deve impedir uma
3,25%, não deve ser cumprida em 2023. desaceleração mais intensa no próximo ano.
Alguns fatores contribuem para a manutenção da Como resultado da estabilidade da Selic até
Selic em 13,75% a.a. até setembro de 2023. setembro de 2023, tem-se que a taxa de juros
real ex-ante, calculada pela diferença entre a Selic
Primeiro, as desonerações tributárias, apesar de corrente e a inflação prevista para os próximos 12
efetivamente diminuírem a inflação, têm efeito meses, deve continuar desestimulando a atividade
transitório sobre a evolução dos preços, de forma econômica. Isso porque seguirá, por todo ano,
que esse é um fator importante para explicar a acima da taxa de juros neutra – aquela que nem
pequena magnitude de desaceleração da inflação estimula nem desestimula a atividade econômica.
de 2022 para 2023. A taxa de juros real ex-ante ultrapassou a taxa de
juros neutra em dezembro de 2021 e, em novembro
de 2022, encontrava-se em 8,1% a.a.
16%
13,75%
14%
12%
11,75%
10%
8%
6,5%
6%
4%
2,0%
2%
0%
dez/18 jun/19 dez/19 jun/20 dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 dez/22 jun/23 dez/23
7
Índices de inflação que desconsideram os itens mais voláteis do IPCA.
8
Índice que mede a proporção de itens do IPCA com reajuste positivo.
23
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ISSN 1676-5486 • Ano 38 • Número 1 • Dezembro 2022
Com base nesse cenário e na projeção da CNI Para 2023, as concessões de crédito às empresas
quanto ao quadro fiscal de 2023, a expectativa devem apresentar menor crescimento, em
é que o BCB manterá a Selic em 13,75% a.a. até razão, principalmente, da taxa de juros em
meados de setembro de 2023, quando deve patamar elevado, que encarece o crédito, e do
iniciar o ciclo de cortes da Selic – tendo em vista arrefecimento da atividade econômica, que tende a
a provável convergência das expectativas de reduzir a demanda pelo crédito.
inflação em 2024 e 2025 para suas respectivas
metas –, de modo que a Selic encerre 2023 em A baixa inadimplência das empresas junto às
11,75% a.a.. Já a taxa de juros real ex-ante deve instituições financeiras, embora tenha subido
terminar 2023 em 8,0% a.a. ao longo de 2022 de 1,3% para 1,7% do saldo
da carteira de crédito às empresas, ainda não
Por fim, cabe registrar o risco de a Selic demorar representa um fator relevante de risco para o
ainda mais tempo para iniciar o seu ciclo de crescimento do crédito em 2023.
redução, caso a política fiscal seja ainda mais
expansionista que a prevista para 2023. Assim, espera-se que o crédito às empresas cresça
22,9%, em 2022, e 7,7%, em 2023. Em termos
Crédito deve desacelerar em 2023 após reais, o crescimento deve ser 12,6% e 2,8%,
forte crescimento em 2022 respectivamente.
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Já o comprometimento de renda das famílias Por fim, chama a atenção o fato de que neste ciclo
(consumidores) com o pagamento de juros e com a mais recente de aumento da Selic, iniciado em
amortização da dívida está no maior nível da série fevereiro de 2021, as taxas de juros de mercado,
histórica – 28,7% em setembro de 2022. O nível às empresas e aos consumidores, não subiram na
de endividamento das famílias (consumidores) em mesma intensidade que a Selic. Isso fica evidente
relação à renda, de maneira similar, está próximo quando se compara com ciclos anteriores de
do maior nível da série histórica – 49,9% em alta da Selic, sobretudo com o ocorrido entre
setembro de 2022. abril de 2013 e abril de 2014, quando as taxas de
juros de mercado acompanharam de forma mais
Soma-se a isso o menor crescimento esperado da proporcional a subida da Selic.
massa salarial real em 2023, que deve também
dificultar o crescimento das concessões de crédito Nesse cenário, a CNI espera que o crédito total, aos
aos consumidores. consumidores e às empresas, tenha crescimento
de 22,6%, em 2022, e 6,7%, em 2023. Em termos
Dessa maneira, espera-se que o crédito aos reais, o crescimento deve ser 12,3% e 1,9%,
consumidores cresça 21,8%, em 2022, e 6,3%, em respectivamente.
2023. Em termos reais, o crescimento deve ser
11,5% e 1,5%, respectivamente.
550
524
500
450
400
350
out/18 abr/19 out/19 abr/20 out/20 abr/21 out/21 abr/22 out/22
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4 POLÍTICA FISCAL
Arrecadação elevada e controle das despesas levam governo
federal a superávit em 2022
Política fiscal expansionista reverterá o quadro fiscal em 2023
O quadro fiscal tem sido favorecido pelo de preços força, ainda, o Banco Central a manter
crescimento significativo da arrecadação em os juros em nível mais alto por mais tempo,
2022, influenciado pelo crescimento da atividade prejudicando também a atividade econômica e o
econômica, pela recuperação do mercado crescimento de longo prazo.
de trabalho e pelas arrecadações atípicas
relacionadas à exploração de recursos naturais e Caso todo espaço criado para aumento das
privatizações. Junta-se a isso o controle sobre o despesas seja efetivamente utilizado, haverá
crescimento das despesas federais, possibilitado expansão significativa em termos reais no nível
pelo Teto de Gastos, mesmo com as alterações das despesas primárias do governo federal, em
promovidas para acomodar maiores transferências relação a 2022. Em oposição, espera-se que
de renda em 2022. Nesse cenário, o governo a arrecadação tenha queda real em 2023, na
federal deve encerrar 2022 com superávit primário comparação com 2022, devido à manutenção
de R$ 75,1 bilhões (0,9% do PIB projetado pela da redução a zero de alíquotas de PIS/Cofins e
CNI), o primeiro superávit desde 2013. Cide sobre combustíveis, à redução das receitas
extraordinárias relacionadas à exploração
O cenário fiscal de 2023, contudo, é incerto. Para de recursos naturais e ao menor ritmo de
viabilizar o aumento de gastos públicos com crescimento da atividade econômica. Com isso,
transferências de renda e outras despesas, o o governo federal deve voltar a registrar déficit
governo eleito tem trabalhado em uma Proposta primário em 2023 (R$184,1 bilhões, equivalente a
de Emenda à Constituição, chamada de PEC da 2,1% do PIB).
Transição, que busca acomodar esse aumento de
despesas no orçamento federal, mas fora do Teto Arrecadação do governo federal
de Gastos. A PEC possibilita a expansão adicional surpreende positivamente em 2022
de até R$ 200 bilhões nas despesas primárias do
governo federal em 2023, fora do Teto de Gastos. Ao longo de 2022, a arrecadação do governo
federal surpreendeu positivamente nos três
Ainda que a expansão dos gastos do governo principais grupos das receitas: administradas
federal gere efeitos positivos sobre o crescimento pela Receita Federal do Brasil (RFB), INSS e não
do PIB em um primeiro momento, a dimensão dessa administradas pela RFB.
expansão, que será determinada pela versão final
da PEC da Transição, pode trazer consequências Ao final de 2022, as receitas administradas pela
negativas para a economia brasileira. Como, por RFB, que representam a arrecadação direta de
exemplo, o aumento na inflação, decorrente tributos, devem apresentar crescimento real
tanto da pressão que o aumento na demanda de 7,7%, em relação a 2021, influenciadas pelo
agregada exerce sobre o nível de preços, como crescimento da atividade econômica. A redução da
da desvalorização do real, derivada da piora da alíquota de alguns tributos impediu o crescimento
percepção do mercado quanto à sustentabilidade ainda maior das receitas administradas. A exemplo
da dívida pública brasileira. O aumento do nível da redução a zero das alíquotas de PIS/Cofins e
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Gráfico 14 - Resultado primário de todos os níveis de governo tem expressiva melhora em 2022
Resultado primário por nível de governo
Acumulado em 12 meses (R$ bilhões)
4
Pandemia
2
-2
-4
-6
-8
-10
out/17 abr/18 out/18 abr/19 out/19 abr/20 out/20 abr/21 out/21 abr/22 out/22
Cide incidentes sobre gasolina, etanol, gás natural No lado das despesas, espera-se crescimento real
veicular (GNV), diesel, querosene de aviação e gás de 1,2% em 2022, em comparação a 2021. No
liquefeito de petróleo (GLP) e a redução de 35% ano, estima-se que as despesas com previdência
nas alíquotas de IPI de diversos produtos. apresentem crescimento real de 2,6%. Além
disso, a retomada do pagamento do Abono
Já a arrecadação para o INSS deve encerrar Salarial e o aumento das transferências de renda,
2022 com crescimento real de 7,3%, refletindo a como o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação
dinâmica favorável do mercado de trabalho. Continuada (BPC), também têm influenciado
o crescimento das despesas em 2022. Vale
Por fim, as receitas não administradas pela RFB destacar que o valor do crescimento das despesas
devem apresentar crescimento real de 31,4%, em apresentado não leva em conta as despesas
relação a 2021, como reflexo das arrecadações relacionadas ao Campo de Marte9, que foram
extraordinárias relacionadas à exploração de lançadas como despesas primárias apenas para
recursos naturais e à privatização da Eletrobrás. fins contábeis.
Esses movimentos devem fazer com que a receita
líquida do governo federal tenha crescimento real
de 9,3% em 2022, em comparação com 2021.
9
O Campo de Marte é um aeroporto brasileiro, localizado na zona norte da cidade de São Paulo. A área do aeroporto foi alvo de uma
disputa judicial que começou em 1958, quando o município entrou com a ação de reintegração de posse contra o governo federal. Em
troca da posse do Campo de Marte, o governo federal perdoou a dívida do Município de São Paulo. Para fins contábeis, o valor da dívida
do município de São Paulo foi lançado como despesa primária do governo federal e receita primária para o município.
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10
A LC 194/2022 determinou uma alíquota máxima de ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, serviços de transporte e
telecomunicação, itens com peso significativo na arrecadação de ICMS dos estados.
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Perspectivas 2023: Mesmo com orçamento incerto, a tendência é de forte aumento das
despesas federais em 2023
As principais incertezas fiscais quanto a O cenário projetado pela CNI considera que
2023 giram em torno de qual será o valor da todo o espaço criado para o aumento de gastos
expansão das despesas primárias do governo será consumido. Além disso, cabe registrar que
federal e como essa expansão será alocada no o valor do Teto de Gastos de 2023 considerado
orçamento. De acordo com a PEC da Transição pela CNI é inferior àquele considerado no PLOA
(PEC 32/2022), protocolada em 28 de novembro, de 2023, devido à menor expectativa de inflação
todas as despesas relacionadas ao Auxílio Brasil da CNI em relação à expectativa do orçamento.
ficarão fora dos limites do Teto de Gastos entre Com isso, a CNI considera que o Teto de Gastos
2023 e 2026. A manutenção do Auxílio Brasil de 2023 será cerca de R$25 bilhões menor que o
em R$ 600 e o adicional de R$ 150 por criança previsto no PLOA.
menor de 6 anos devem ter um custo de R$ 175
bilhões em 2023. Com essas hipóteses, a CNI estima que as
despesas primárias do governo federal tenham
Além disso, a minuta da PEC prevê que despesas crescimento real de 10,0% em 2023, em relação a
com projetos socioambientais; despesas de 2022, desconsiderando as despesas relacionadas
instituições federais financiadas com recursos ao Campo de Marte da base de comparação.
próprios; e o montante de investimentos
correspondente a até 6,5% do excesso de No lado das receitas federais, estima-se que
arrecadação do exercício anterior, também fiquem as receitas administradas pela RFB tenham
de fora dos limites do Teto de Gastos. Estima-se queda, em termos reais, de 1,8%, como reflexo
que essas outras despesas excetuadas do Teto de da manutenção das alíquotas zeradas de PIS/
Gastos fiquem próximas de R$ 25,0 bilhões. Com Cofins e Cide sobre combustíveis, querosene de
isso, o total de despesas fora do Teto de Gastos aviação, gás natural veicular e gás liquefeito de
em 2023 pode chegar a R$ 200 bilhões. Ressalta- petróleo. De acordo com a proposta orçamentária
se que a regra de correção do Teto de Gastos seria encaminhada ao Congresso, essa desoneração
mantida na forma atual (correção pela inflação corresponde a uma perda de arrecadação de
medida pelo IPCA do ano anterior). R$ 52,9 bilhões em 2023. O menor ritmo de
crescimento da atividade econômica também
A retirada das despesas com o Auxílio Brasil e as leva a um menor crescimento da arrecadação das
demais despesas citadas acima do limite do Teto receitas administradas, em relação a 2022.
de Gastos abre espaço para o aumento de R$
130 bilhões em outras despesas sujeitas a essa As receitas não administradas, por sua vez,
regra. Isso porque o orçamento previsto para devem apresentar queda real de 25,6%, devido à
2023 considera R$ 105 bilhões para as despesas redução das receitas extraordinárias relacionadas
com o Auxílio Brasil (ou seja, mantinha o valor à exploração de recursos naturais e privatizações.
do benefício em R$ 400) e R$ 25,0 bilhões para Em sentido oposto, a arrecadação do INSS
as demais despesas, mas se esses gastos ficarem deve ter crescimento real de 2,9%, refletindo o
de fora do Teto, como prevê a PEC da Transição, desempenho positivo do mercado de trabalho ao
esse valor poderá ser utilizado para aumento longo de 2022 e o esperado para 2023.
de outras despesas dentro do limite do Teto
dos Gatos. A minuta da PEC, de toda forma, não Com isso, a receita líquida do governo federal
estabelece como esse espaço será utilizado. deve apresentar queda real de 5,1% em 2023, em
A correção do salário mínimo, de R$ 1.302, relação a 2022. Nesse contexto de aumento de
previsto no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) despesas e queda nas receitas, o governo federal
de 2023, para R$ 1.320, deve consumir pequena deve registrar déficit primário de R$ 184,1 bilhões
parcela do espaço disponível. (2,1% do PIB) em 2023.
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No caso dos governos regionais, a redução da Selic ao longo do próximo ano. Estima-se que
da arrecadação de ICMS e o aumento no nível essas despesas cresçam 0,42 ponto percentual
de despesas, principalmente, por conta dos do PIB, em 2023, na comparação com 2022.
reajustes salariais concedidos em 2022, deve Dessa maneira, o déficit nominal do setor público
levar a uma redução significativa do superávit consolidado deve crescer, influenciado tanto pela
primário observado nos últimos anos. Com isso, piora do resultado primário como pelo aumento
os governos regionais devem encerrar 2023 com das despesas com juros, e alcançar déficit de R$
superávit próximo a R$ 12,0 bilhões (0,1% do PIB). 862,8 bilhões (8,3% do PIB). Esse déficit nominal
As empresas estatais, por sua vez, devem encerrar só não é pior que o registrado em 2020, quando
2023 com déficit de R$ 3,0 bilhões (0,03% do foram realizados gastos extraordinários por conta
PIB). Assim, o setor público consolidado deve da pandemia.
registrar déficit de R$ 175,1 bilhões (2,0% do PIB),
uma piora significativa em relação ao superávit Com a piora expressiva do déficit nominal em 2023,
primário esperado para 2022. o endividamento público, medido pela relação
Dívida Bruta/PIB, voltará a crescer, alcançando
As despesas com juros, por sua vez, devem 78,8%, mesmo considerando a devolução de R$ 24
continuar a crescer, refletindo o patamar elevado bilhões do BNDES ao Tesouro Nacional.
100
88,6
90
80,3
78,8
80 76,1
75,3 74,5
73,7
69,8
70
65,5
60 56,3
50
40
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022* 2023*
30
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5 SETOR EXTERNO
Exportações e importações cairão em 2023, mas saldo da balança
comercial deve permanecer no mesmo patamar de 2022
Choques ocorridos em 2022 afetam a economia e geram desaceleração global em 2023
O ano de 2022 foi marcado por diversos choques: Os riscos e as incertezas que surgiram em 2022
guerra entre Rússia e Ucrânia; aumento de deverão se estender ao longo do próximo
preços das commodities, gerando inflação global; ano. Diante do desaquecimento do comércio
crise energética na Europa; e desaceleração internacional, espera-se que o setor externo
da economia chinesa. O custo da guerra brasileiro apresente resultados menores nos
entre Rússia e Ucrânia ultrapassou fronteiras, valores das exportações e das importações
impactando o mercado de commodities e as em 2023, consequência, principalmente, da
cadeias globais de suprimentos, gerando pressão acomodação dos preços internacionais das
sobre os preços internacionais. Esse movimento commodities e da diminuição do nível de atividade
tem mantido a inflação persistente em diversos econômica global.
países, carregando parte da inflação de 2022
para 2023. Na projeção da CNI para o comércio exterior em 2023,
a média mensal da taxa de câmbio de dezembro de
A medida adotada pelas maiores economias 2023 será de R$ 5,45/US$, com média anual de R$ 5,33/
globais para combater a inflação persistente US$ e o saldo da balança comercial seguirá positivo,
foi a adoção de políticas monetárias mais alcançando US$ 55,9 bilhões, o mesmo valor de 2022.
contracionistas, cujo custo é um menor Esse saldo é insuficiente para cobrir o déficit nas
crescimento econômico mundial. Nesse sentido, balanças de serviços e de rendas projetados para 2023,
a previsão do Fundo Monetário Interacional o que implica saldo negativo na conta de transações
(FMI) para o crescimento global é de 3,2% em correntes de US$ 40,8 bilhões (2,4% do PIB projetado
2022, recuando para 2,7% em 2023. pela CNI para 2023).
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Real se valoriza em 2022, na contramão Como foi um dos primeiros países a iniciar a alta
de outras moedas de países emergentes da taxa básica de juros da economia, o Brasil
passou a apresentar um dos mais elevados juros
Em dezembro de 2022, a média mensal da taxa reais do mundo, inibindo a saída de capitais.
de câmbio no Brasil deverá ser de R$ 5,39/
US$, valor 6,5% menor que os R$ 5,65/US$ Já o segundo semestre de 2022 foi marcado
de dezembro de 2021. Na comparação com o por incertezas que envolveram a política fiscal
fim de 2021, a taxa de câmbio valorizou quase e o processo eleitoral, que contribuíram para
4,6% até 25 de novembro de 2022, enquanto interromper o ciclo de valorização do Real. A CNI
outras moedas de países emergentes ou em projeta uma taxa de câmbio média de R$ 5,39/
desenvolvimento apresentaram desvalorização. US$ para dezembro de 2022 e uma taxa de câmbio
média de R$ 5,19/US$ para o ano de 2022.
A atuação do Banco Central no combate à
inflação é o principal fator para que a taxa de
câmbio não se desvalorizasse ao longo do ano.
60
50
40
30
20
10
-10
-20
-30
dez/21 jan/22 fev/22 mar/22 abr/22 mai/22 jun/22 jul/22 ago/22 set/22 out/22
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As exportações brasileiras somaram US$ 281 As importações somaram US$ 229 bilhões, no
bilhões, no acumulado de janeiro a outubro de acumulado de janeiro a outubro de 2022, o
2022, mesmo valor total registrado no fim de que corresponde a um aumento de 32,3% na
2021. Como pode ser observado no Gráfico 17, comparação com o mesmo período de 2021. Esse
apesar de os preços internacionais começarem resultado corresponde a cerca de US$ 10 bilhões
a arrefecer, as cotações de commodities a mais que o valor total de importações de 2021.
relevantes para a pauta exportadora Conforme demonstra o Gráfico 17, os preços
brasileira, como petróleo, milho, trigo e internacionais elevados dos produtos importados
soja11 permanecem em patamares elevados pelo Brasil, como óleos combustíveis de petróleo,
em comparação com os últimos anos. Isso adubos e fertilizantes contribuíram para esse
resultado no período analisado.
Gráfico 17 - Preços de commodities agrícolas e energéticas estão acima do período pré-guerra da Ucrânia
Evolução dos preços das commodities – energia, fertilizantes, metais e grãos
Índice (2010 = 100)
Início da guerra
280
240
200
160
120
80
out/21 nov/21 dez/21 jan/22 fev/22 mar/22 abr/22 mai/22 jun/22 jul/22 ago/22 set/22 out/22
11
Juntos, esses produtos correspondem a cerca de 35% das exportações brasileiras no acumulado até outubro de 2022.
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O maior ritmo de crescimento das importações Com relação às importações totais, é possível
em comparação com as exportações gerou notar que os preços foram ainda mais relevantes
redução do saldo da balança comercial. No na explicação do resultado de 2022 do que no
acumulado de janeiro a outubro, houve superávit caso das exportações. Neste caso, todas as
da balança comercial de US$ 52 bilhões, categorias de bens – agropecuária, indústria de
resultado que corresponde a uma queda de transformação e indústria extrativa – registraram
11,7% na comparação com o mesmo período de crescimento nos preços.
2021.Os preços foram mais relevantes que as
quantidades para explicar os valores alcançados Considerando o desempenho do setor externo
em 2022. até outubro, a CNI projeta que as exportações
fechem o ano em US$ 334,3 bilhões e as
No caso das exportações, no acumulado de importações alcancem US$ 278,4 bilhões,
janeiro a outubro de 2022, com relação ao totalizando um saldo da balança comercial de
mesmo período de 2021, a exceção foi a indústria US$ 55,9 bilhões.
de transformação, que registrou alta tanto nos
preços como nas quantidades.
Gráfico 18 - Indústria de transformação apresenta alta nos Gráfico 19 - Aumentos dos preços das importações em todos
preços e quantidades exportadas os setores
Preço e volume das exportações brasileiras por atividade econômica Preço e volume das importações brasileiras por atividade econômica
Variação percentual (%) entre os índices médios de janeiro-outubro Variação percentual (%) entre os índices médios de janeiro-outubro
2021 e 2022 2021 e 2022
40% 120%
33,3% 100,2%
100%
30%
80%
20% 17,0%
14,6% 60%
10,1%
10% 40%
3,7% 25,8%
21,1% 17,2%
20% 14,0%
0% 3,3% 2,9%
-0,1% 0%
-2,5%
-10% -7,1% -6,4%
Transformação Extrativa Agropecuária Total -20%
Transformação Extrativa Agropecuária Total
Preços Exportação Quantidades Exportação
Preços Importação Quantidades Importação
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12
OECD. FDI in Figures October, 2022: global FDI flows up overall by 20% in the first Half of 2022, but this masks a 212% drop in the second
quarter. Disponível em https://www.oecd.org/investment/investment-policy/FDI-in-Figures-October-2022.pdf
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De acordo com o FMI, haverá desaceleração Na China, ainda é incerto o rumo da política
do crescimento global em 2023. No cenário covid zero. Logo, o país ainda deverá promover
projetado pela instituição, a China apresentará interrupções na produção e na circulação de
taxa de crescimento anual maior no próximo pessoas, enquanto houver novas variantes e
ano. Entretanto, haverá menores taxas de registros de casos da covid-19. Mesmo com esses
crescimento para economias como Brasil, Estados entraves, a China deverá promover mudanças
Unidos e Índia e para regiões como América que permitam melhor desempenho em 2023, na
Latina, Europa e Asean13 , corroborando com a comparação com 2022.
previsão de desaceleração da economia mundial
em 2023. Nesse sentido, de acordo com o FMI, as previsões
para a China são de crescimento de 4,4% em 2023
Em linha com o FMI, a Organização Mundial ante 3,2% em 2022, resultado pouco maior, mas
do Comércio (OMC) estima que o crescimento ainda distante do patamar acima de 8%, alcançado
mundial das importações em 2023 será de 1,0%, o em 2021. Ressalta-se que esse crescimento está
que representa queda de 2,5 pontos percentuais acima da média mundial para o próximo ano,
(p.p.), na comparação com 2022. Esse panorama podendo contribuir para o aumento dos volumes
contempla quedas de 1,0% nas importações de grãos e carnes exportados para a China.
da América Latina e de 0,4% na Europa; no
entanto, a OMC projeta que haverá aumento das Incertezas fiscais podem trazer
importações dos Estados Unidos de 0,8%, do mudanças para a taxa de câmbio
Oriente Médio de 3,4% e da Ásia de 4,2%.
No tocante ao câmbio, o cenário internacional
Nesse cenário, a expectativa é que a demanda aponta para uma manutenção da demanda
internacional deverá diminuir à medida que por dólar, dada a persistência da guerra entre
o nível de atividade econômica das principais Rússia e Ucrânia e a retração esperada do nível
economias desacelere, na comparação com de atividade no continente europeu. Assim, a
2022. O próximo ano se apresenta como um demanda internacional por dólar tende a manter
período de aperto monetário nas principais as moedas emergentes desvalorizadas.
economias industrializadas e economicamente
desenvolvidas. Isso porque a inflação tem se Por outro lado, a expectativa é de diferencial
mostrado persistente nos EUA e na Europa, de juros favorável para a entrada de capitais
mesmo com os aumentos nas taxas básicas de no Brasil, o que contribui para valorização da
juros promovidos pelas autoridades monetárias taxa de câmbio. O cenário é de taxas de juros
ao longo de 2022. internacionais mais elevadas por todo ano de
2023 e, no caso brasileiro, de inflação mostrando
Na Europa, os altos preços da energia, pequenos sinais de arrefecimento e o início
decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, de uma suave redução da taxa Selic a partir
podem comprometer os gastos das famílias e de setembro de 202314. Apesar disso, o Brasil
aumentar os custos de produção. Já nos Estados continuará com juros reais elevados e, assim, com
Unidos, o aperto da política monetária afetará um diferencial de juros mais atrativo que muitos
os gastos sensíveis a juros, como aluguéis, outros países emergentes, promovendo entrada
financiamentos e investimentos. de capitais e gerando estímulos que limitem a
desvalorização do Real.
13
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) é um bloco integrado por Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos,
Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.
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Ver seção Inflação, juros e crédito.
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Economia Brasileira 2022-2023
ISSN 1676-5486 • Ano 38 • Número 1 • Dezembro 2022
O principal fator que deve influenciar a taxa Além da soja, haverá aumentos nos volumes
de câmbio no campo doméstico em 2023 é a embarcados de milho, dada a continuidade de
situação fiscal. No cenário projetado pela CNI, a demanda externa aquecida que, em conjunto com
PEC da Transição pode levar a crescimento real uma maior produção brasileira, tende a resultar
das despesas primárias do governo federal de em uma elevação de 16,9% nos embarques, de
10,0% com relação a 2022. Somam-se a isso as acordo com a Conab. Adicionalmente, a safra
expectativas de discussões sobre alterações de recorde de trigo também deverá contribuir para
regras fiscais que podem ocorrer no próximo o aumento dos volumes exportados.
ano, o que leva a expectativa de um aumento do
Risco Brasil e uma maior volatilidade cambial até Já as exportações de produtos manufaturados
o primeiro trimestre do próximo ano. Enquanto estão mais sujeitas ao cenário externo esperado,
os riscos fiscais permanecerem latentes, mais adverso para muitos dos principais parceiros
haverá poucos períodos de valorização cambial comerciais de produtos industrializados
sustentáveis em 2023. brasileiros. A expectativa é de moderação
das vendas, sem uma alta de quantidades
As projeções da CNI indicam que a taxa de embarcadas significativa.
câmbio para dezembro de 2023 será de R$ 5,45/
US$, na média do mês, e de R$ 5,33/US$, na No tocante às importações, além do preço um
média do ano, em razão do cenário de maior pouco abaixo da média de 2022, espera-se
risco fiscal e de sustentada demanda por dólar, também uma queda em volumes moderada,
suplantando o estímulo pela valorização trazido em virtude do desaquecimento da atividade
pelo diferencial de juros. Na comparação com a interna na comparação com 2022. Com isso,
taxa de câmbio R$/US$ média de 2022 projetada espera-se que haja diminuição na importação de
pela CNI, trata-se de uma desvalorização de 7,4%. bens intermediários; redução na importação de
bens de capital, dado o aumento do custo dos
Previsões para comércio exterior em financiamentos interno e externo; e estabilidade
2023 não são positivas da importação de bens de consumo.
As previsões não são positivas para o comércio Nesse cenário, a CNI projeta que as exportações
exterior brasileiro em 2023, pois contam com brasileiras alcancem US$ 328,3 bilhões em 2023,
pequenas quedas nos valores das exportações e queda de 1,8% frente ao valor de 2022. Nas
das importações. Espera-se que haja manutenção importações, a expectativa da CNI é de US$ 272,4
dos preços de combustíveis e alimentos em bilhões em 2023, queda de 2,2% frente ao valor
patamares elevados, porém menores que em 2022. importado de 2022. Portanto, o saldo da balança
comercial de seria de US$ 55,9 bilhões, mesmo
De acordo com levantamento da Companhia valor projetado para o final de 2022.
Nacional de Abastecimento (Conab), a produção
brasileira de grãos deverá alcançar o recorde Com relação às transações correntes, a CNI
de 313 milhões de toneladas na safra 2022/23, projeta déficit de US$ 40,8 bilhões em 2023,
um aumento de cerca de 15,5% com relação à resultado que corresponde a 2,4% do PIB
safra 2021/22. Esse cenário poderá beneficiar a projetado pela CNI para 2023. Esse resultado
exportação brasileira de grãos. ocorrerá devido à manutenção do valor do saldo
da balança comercial no mesmo patamar que
Os volumes exportados devem aumentar em em 2022, que continuará menor que a soma das
função dos resultados positivos previstos para a contas de serviços e rendas, ambas deficitárias.
safra 2023.
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Gráfico 20 – Projeção de saldo para 2023 deverá permanecer em linha com 2022
Exportações, Importações e saldo comercial – 2021 e projeções para 2022 e 2023
Em bilhões de US$
400,0
250,0 219,4
200,0
150,0
00,0
2021 2022 2023
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2022 2023
2020 2021
(previsão) (previsão)
ATIVIDADE ECONÔMICA
PIB
-3,3% 5,0% 3,1% 1,6%
(variação anual)
PIB industrial
-3,0% 4,8% 1,8% 0,8%
(variação anual)
PIB Indústria da Transformação
-4,7% 4,5% 0,1% 0,3%
(variação anual)
PIB Indústria da Construção
2,1% 10,0% 7,0% 2,0%
(variação anual)
Taxa de desemprego
13,8% 13,2% 9,3% 8,9%
(média anual - % da PEA)
INFLAÇÃO
Inflação
4,5% 10,1% 5,7% 5,4%
(IPCA - variação anual)
TAXA DE JUROS
Taxa nominal de juros
(taxa média do ano) 2,9% 4,5% 12,6% 13,5%
(fim do ano) 2,0% 9,25% 13,75% 11,75%
CONTAS PÚBLICAS
Resultado primário
-9,4% -0,8% 1,6% -2,0%
(% do PIB)
Resultado nominal
-13,6% -4,4% -4,7% -8,3%
(% do PIB)
Dívida pública bruta
88,6% 80,3% 76,1% 78,8%
(% do PIB)
TAXA DE CÂMBIO
Taxa nominal de câmbio - R$/US$
(média de dezembro) 5,15 5,65 5,39 5,45
(média do ano) 5,16 5,39 5,19 5,33
SETOR EXTERNO
Exportações
209,1 280,8 334,3 328,3
(US$ bilhões)
Importações
158,8 219,4 278,4 272,4
(US$ bilhões)
Saldo comercial
50,4 61,4 55,9 55,9
(US$ bilhões)
Saldo em conta corrente
-28,2 -46,4 -43,2 -40,8
(US$ bilhões)
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www.cni.com.br
Documento concluído em 2 de dezembro de 2022.
CNI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA
Robson Braga de Andrade
Presidente
Elaboração
Cláudia Perdigão
Danilo Cristian da Silva Sousa
Fábio Bandeira Guerra
Juliana Lucena do Nascimento
Larissa Nocko
Leandro Almeida
Marcelo Souza Azevedo
Mário Sérgio Carraro Telles
Paula Verlangeiro Vieira
Rafael Sales Rios
Normalização
Alberto Nemoto Yamaguti
Área de Administração, Documentação e Informação - ADINF
Diretoria de Serviços Corporativos – DSC