Didática Do Ensino de Física
Didática Do Ensino de Física
Didática Do Ensino de Física
DISCIPLINA
DIDÁTICA NO ENSINO DE
FÍSICA
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Sumário
CAPITULO 01 - APRESENTAÇÃO
Por tudo isso, esperamos que você faça uma excelente leitura e que tenha
sucesso em seu curso.
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uma certa visão acerca dos sindicatos, que deve ser analisada e enriquecida, para
que eles se constituam cada vez mais em interlocutores junto aos sindicatos, na
construção de suas estratégias de ação e de suas cartas de direitos, esclarecendo a
sociedade a esse respeito e ajudando os sindicatos a se aproximarem dos reais
interesses da categoria e dos trabalhadores em geral. Os trabalhadores possuem
também visões relativas à justiça do trabalho e representações sobre ela. Os
projetos de educação de trabalhadores devem também problematizar essas
experiências e oferecer informações para capacitar o diálogo dos trabalhadores com
a justiça e com os debates atuais em torno da legislação e do funcionamento do
judiciário.
As experiências dos trabalhadores apontam ainda para um outro campo de
saberes a ser analisado e enriquecido: o campo da geração de renda, hoje
fundamental em nossa sociedade, frente ao retrocesso das vagas no mercado
formal. Existem inúmeras experiências de geração de renda e cooperativismo em
diversos setores da economia, dirigidas por trabalhadores ou por cooperativas de
trabalhadores que vêm construindo novas alternativas de inserção profissional que
precisam ser conhecidas e debatidas nos processos de formação para o trabalho,
capacitando os trabalhadores também nesse campo.
Essa é uma das oportunidades para se concretizar em sala de aula a
formação ética, um dos campos prioritários de qualquer processo de formação
profissional e humana. Trazer essas experiências e os valores que as orientam para
o debate em sala de aula, permitir a troca e a análise crítica das mesmas é uma das
maneiras de formar sujeitos críticos e éticos.
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Construir saberes: esse é o papel da escola. Vimos que esses saberes são
múltiplos. Eles também são históricos, são dinâmicos. Para os cientistas, que, como
nós, são profissionais do conhecimento, a principal virtude é a capacidade de
colocar todas as verdades em cheque, refazendo perguntas básicas. Perguntar,
perguntar, perguntar. Segundo Demo, "Aprender não é acabar com dúvidas, mas
conviver criativamente com elas. O conhecimento não deve gerar respostas
definitivas, e sim perguntas inteligentes".
Perguntar é colocar-se em posição de investigação. É reconhecer que o que
se sabe é sempre questionável e que em qualquer ponto que estejamos é possível
crescer. Mas só cresce quem carrega a humildade do aprendiz. Quem tem a
arrogância de tudo saber, não acrescenta mais nada ao seu arsenal de informações.
No entanto, a cultura escolar brasileira construiu, por algum motivo, um antivalor que
impesteia e domina nossas salas de aula: a ética anti-pergunta, o deboche da
dúvida e do desconhecimento. Fazer uma pergunta é motivo de ansiedade para o
aluno, de medo de exposição ao ridículo, quando deveria ser encarado como
habilidade, como sinal de inteligência, de capacidade de questionamento, de busca
ativa pela informação.
Como valorizar o saber e construir a capacidade de pesquisa e
aprendizagem entre alunos que se envergonham de perguntar? Que atitude
educativa deve tomar o professor quando, diante da pergunta de um colega, os
demais o ridicularizam? Como resgatar a valorização da capacidade de perguntar,
de indagar?
O primeiro passo é a construção, pelos professores, de sua própria
capacidade de investigação. O professor deve ser um perguntador de sua prática,
sempre com a ajuda dos colegas. O professor tem que ser também um investigador
permanente de sua área de conhecimento, de seu campo profissional.10 Para isso,
ele deve ter tempos remunerados e espaços especiais para pesquisa. Os contratos
de trabalho de professores devem prever, obrigatoriamente, tempo para pesquisa e
aprimoramento profissional: tempo para leitura, para freqüentar bibliotecas,
conselhos profissionais, órgãos governamentais especializados, universidades e,
obviamente, para visitas periódicas a empresas e profissionais. O educador deve
conhecer as principais fontes de conhecimento em sua área: congressos, revistas e
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mundo social, tudo e todos devem ser avaliados, construindo-se, nessa avaliação,
critérios e valores para o trabalho e a convivência humana.
A metodologia de projetos atinge assim a diversos pressupostos da
aprendizagem:
partir de uma visão sincrética do assunto, passar por uma etapa analítica e
fechar com uma visão sintética do problema estudado;
proporcionar experiências de contato, de uso e de análise das informações
acessadas;
partir de situações propostas pela prática, questioná-la e ampliá-la à luz da
teoria e retornar à prática a fim de intervir na realidade, transformando-a;
trabalhar objetivos relativos ao saber, ao saber fazer e ao saber ser.
Conforme deve ter ficado claro, essa metodologia, caracterizada por sua
flexibilidade e complexidade implica, segundo Louis Not, exigências elevadas em
relação aos educadores: passa a ser exigida deles uma grande cultura geral que vai
muito além de uma única área de formação. Também é necessário que os
educadores possuam uma grande disponibilidade de tempo e de envolvimento com
os alunos e seus projetos que serão diversificados, apresentando inúmeras e
diferentes demandas. O professor deverá ainda ser um observador vigilante e
constante das aquisições dos alunos, acompanhando se realmente se realizaram e
provendo atividades e recursos de ensino complementares, sempre que preciso, que
incentivem os desenvolvimentos necessários.
2.4 – MÉTODO
INDIRETOS
Quando o contato entre os elementos implicados no processo não é feito
diretamente, e sim através de dados subjetivos.
DIRETOS
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Os Objetivos
O Conteúdo Da Disciplina
As Características Dos Professores E Alunos
As Opções Didáticas
Sabemos, no entanto, que o método de ensino possibilitará maior confiança
naquele em que o aluno funcione ativamente pela observação, discussão, pesquisa,
interpretação, resolução de problemas, operações esta que implicam análise e
síntese, aspectos fundamentais do processo de investigação.
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técnicas produtivas similares à linha de montagem: salas de aula isoladas umas das
outras e limitadas em recursos; mesas e cadeiras dispostas em filas; o professor
desempenhando a função de dono e entregador principal do conhecimento; a
apresentação de informação limitada ao uso de livros-texto e do quadro-negro e
quase sempre de forma linear e sequencial. Neste cenário, o papel ativo era
exercido pelo professor; o aluno é um elemento passivo, um mero receptor dos
pacotes de informação preparados pelo sistema educacional.
Memorização de informação é a pedra fundamental neste paradigma;
respostas corretas às perguntas dos exames, isto é, conformidade a um
determinado modelo do mundo, é o esperado de cada aluno. Há poucas
oportunidades para a simulação de eventos naturais ou imaginários, tanto para
aumentar a compreensão de conceitos complexos quanto para estimular a
imaginação. O currículo educacional é visto através de uma filosofia de separação: o
conhecimento humano é dividido em classificações estanques (matemática,
geografia, história, literatura, português, língua estrangeira, biologia, física, química,
etc.) sem a mais remota possibilidade de ver possíveis interelacionamentos entre
elas. E, finalmente, o aluno que consegue terminar este tipo de estudo é
considerado "formado", pronto para o mercado de trabalho e sem necessidade de
estudos posteriores.
No entanto, o antigo paradigma educacional tornou-se incapaz de lidar com
as constantes mudanças ocorridas na sociedade nos últimos vinte ou trinta anos: o
aumento do volume de informações de todos os tipos disponíveis para o cidadão
comum, e em especial para profissionais que têm como parte do seu trabalho diário
a tarefa de tomar decisões; o aumento da complexidade em todos os setores da vida
profissional e pessoal; a dificuldade em lidar com sistemas com maior ou menor grau
de integração e a necessidade de fazer relacionamentos novos entre campos de
conhecimento antes isolados; o estabelecimento de novos padrões de
comportamento social, caracterizados por valores alternativos, com a promoção da
individualidade e conseqüente aceitação democrática de preferências individuais; a
migração, por parte de uma camada cada vez maior de trabalhadores e
profissionais, de empregos regulares para trabalhos realizados em casa, ou através
de contratos de curta duração como free lancer; o crescimento da necessidade de
reciclagem constante de trabalhadores e profissionais devido à quantidade de nova
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das contradições implícitas no discurso ou nas ações dos estudantes e de outro lado
a escolha de atividades que tornem tais conflitos explícitos para os próprios
estudantes (SCOTT ET AL., 1992; VILLANI e ORQUIZA, 1995).
f) Elaborar analogias, exemplos e imagens que facilitem a apropriação do
conhecimento científico por parte dos estudantes, e simultaneamente estabeleçam
uma ponte entre esse conhecimento e suas idéias espontâneas (BROWN e
CLEMENT, 1992). Tais pontes permitem de um lado diminuir a distância entre a
situação inicial dos estudantes e a meta a ser alcançada e de outro lado permitem
que o caminho dos estudantes possa ser articulado em etapas com conquistas
provisórias, controladas de perto pela observação contínua (avaliação).
No entanto, não podemos deixar de reconhecer que a grande familiaridade
com o conhecimento científico leva, às vezes, a posturas que prejudicam a eficiência
didática:
a) Subestimar as dificuldades que se apresentam aos estudantes que não possuem
a mesma estrutura conceitual e a mesma cultura do professor. Para este, as
relações abstratas e gerais da ciência aparecem quase evidentes, porém tal
evidência deriva do conjunto de informações, valores e métodos que sustentam a
utilização das mesmas relações.
b) Ser incapaz de abandonar, durante o processo de ensino, o rigor das formulações
e de trabalhar com conceituações provisórias e parciais, mais próximas do
conhecimento dos estudantes (DYKSTRA, 1992; LEMEIGNAN e WEIL-BARAIS,
1994). O privilégio atribuído pelo professor ao conteúdo em detrimento de sua
inteligibilidade parece derivar simultaneamente de uma concepção da aprendizagem
como recepção passiva e da indiferenciação entre o processo de produção do
conhecimento e seu resultado final. Facilmente quem trabalha quotidianamente com
a última versão do conhecimento esquece que anteriormente trabalhou-se com
material científico mais grosseiro e, às vezes, com sérias limitações e contradições,
que somente foram superadas com enorme esforço intelectual e que para isso
levou-se um grande período de tempo.
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pesquisadores está relacionada à busca por um real significado para o estudo dessa
Ciência na educação básica – ensino médio.
Não se quer aqui dizer que ela não seja importante para o processo de
formação dos estudantes, mas sim, que há uma polêmica em torno da diversidade
de enfoques dados ao ensino de Física nesse nível de escolaridade.
A presença dos livros didáticos nas escolas brasileiras, diferentemente do
que acontece em outros países, deve ser examinada como resultado de uma política
pública cujo objetivo é a universalização da distribuição de livros escolares para os
alunos de escolas públicas do ensino de 1ª. a 8ª. série, por meio do Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD) – que teve início na década de 1980 e se mantém
até hoje com essa denominação.
Na década de 1990, especialmente a partir da divulgação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, os livros passaram a ser avaliados dentro de um programa -
sem equivalente em outros países – que define critérios aos quais as Editoras
devem atender para incluir seus títulos nos Guias de orientação de escolha pelos
professores.
Nos primeiros anos do século XXI, o Governo Federal instituiu o Programa
Nacional do Livro para o Ensino Médio (PNLEM), realizando um projeto piloto que
adquiriu 1,3 milhão de livros de Matemática e Língua Portuguesa. Esse programa foi
estendido gradualmente a todos os Estados e a todas as disciplinas que compõem
tradicionalmente os currículos escolares - a Física foi incluída na última etapa - e
seguiu o mesmo modelo de avaliação, aquisição e distribuição já existente no
PNLD.1. Dessa forma, as escolas públicas brasileiras de Ensino Médio passaram a
utilizar os manuais escolares para o desenvolvimento nas aulas e para o ensino dos
conteúdos disciplinares.
Como consequência, a cópia de pontos, esquemas, definições e exercícios,
bastante frequente nas aulas de Física – uma prática escolar, fortemente
questionada nos documentos curriculares oficiais e nos manuais de orientação aos
professores, bem como, pelos pesquisadores do Ensino de Física - poderá ser
transformada pela presença dos livros nas aulas.
Considerando-se que os livros foram submetidos à avaliação feita por
equipes de especialistas, indicadas pelo Governo Federal, pode-se supor que seus
conteúdos e métodos foram produzidos de acordo com as exigências, que dizem
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1) o tratamento da informação;
Para Frota-Pessoa:
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Quando um aluno realiza uma avaliação, uma prova, ele pode responder a
todas as questões e acertar tudo, mas a aprendizagem não tem sentido se ele não
souber utilizar estes conhecimentos na vida. Em sendo, esse ensino renovado
sugere que a aprendizagem pode ser de melhor qualidade quando:
Nesse aspecto, diversos autores sugerem que a organização das aulas seja
na forma de projetos ou temas. Para eles, projetos são atividades que resultam
numa produção final feita pelos alunos, sua função é solucionar um problema; e
temas são assuntos que centralizam o estudo e a discussão sem a exigência de um
produto final.
O trabalho dos alunos utilizando projetos não precisa ser algo utópico, pode
ser um questionamento sobre alguma determinada situação do cotidiano que pode
gerar vários questionamentos e respostas sobre um certo assunto da disciplina. Um
questionamento pode ser transformado em um trabalho envolvedor, onde o aluno
conseguirá entender mais as situações de seu cotidiano, construindo assim uma
aprendizagem voltada para a cidadania. O ensino deixa de ser um amontoado de
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conteúdos abstratos sem relações uns com os outros e passa a ser algo
contextualizado e tudo começa a ter sentido para o aluno.
Assim, o trabalho com projetos poderá tornar o aluno um sujeito mais crítico,
dinâmico e atuante na sociedade em que vive, e acreditamos que este seja o
principal objetivo da educação.
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Após esta etapa inicial eles são convidados a selecionar, juntamente com a
professora ou professor, o material trazido por eles de acordo com os diferentes
assuntos, por exemplo: temperatura e calor; máquinas que poluem; o homem
atuando no meio ambiente, luz e som.
máquinas térmicas;
problemas ambientais causados pelo homem;
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dispositivos ópticos;
as cores no mundo em que vivemos;
uso de lentes para correção dos defeitos da visão;
fibra óptica e suas aplicações;
a matéria e suas interações;
a Física envolvida nos sons;
as diferentes formas de energias para geração de energia elétrica.
Em cada pasta montada deve haver uma coletânea de artigos, bem como
cópias de partes de alguns livros sobre os temas geradores propostos. Os artigos
devem ser bem diversificados e podem falar de vários assuntos referentes ao tema
gerador especificado.
Após a explanação oral dos alunos, deve ser feita uma análise dos conceitos
físicos envolvidos em cada um dos temas. Partindo de algumas palavras expressas
por eles durante as apresentações, o educador deve relacionar as palavras com os
conceitos de Física que podem ser abordados no decorrer do semestre.
Os alunos adultos são sujeitos muito diferentes dos alunos em idade regular
que freqüentam o ensino médio. Além de possuírem uma boa “bagagem cultural”,
eles sabem muitas aplicações, utilizadas em suas práticas do cotidiano que utilizam
conceitos de diferentes disciplinas, o que eles muitas vezes não sabem é relacionar
os conhecimentos que possuem com conteúdos destas áreas do conhecimento.
A seguir listamos alguns temas geradores, que podem ser escolhidos pelos
alunos, para serem abordados em cada projeto. Acreditamos que a organização dos
A exposição didática é uma técnica clássica que foi absorvida pela Escola
Moderna adequando-se aos atuais sistemas de ensino. A sua utilização deve
obedecer a determinados “cuidados” por parte do professor:
Consciência da validade e eficiência de exposição oral. Sua adequação a
determinados conteúdos e objetivos da matéria a ser dada.
“cuidado” em relação ao tempo de exposição, adequando-o segundo as
peculiaridades da turma, idade dos alunos, conteúdo a ser comunicado.
Planejamento da exposição preocupando-se em transmitir o conteúdo de
forma dinâmica, clara, estimulante e objetiva, evitando o “saber
enciclopédico”.
Esclarecimento sobre a relevância da matéria, aula. De foram a situar o aluno,
incentivando sua participação.
Estabelecimento de um contato afetivo com os alunos, o que possibilite a
percepção de certas reações (gestos, olhares, sorrisos...)
5.2 - O INTERROGATÓRIO
Procedimentos:
Efetuar uma leitura rápida, procurando, neste primeiro contato, obter uma
visão global do texto.
Realizar uma nova leitura, com maior atenção, reflexão e postura crítica,
sublinhando as idéias principais.
Reler o que foi sublinhado, fazendo anotações no texto ou à parte, visando
organizar a leitura.
Assinalar, com ponto de interrogação o que não entendeu, o que discorda, o
que não sabe dúvidas de vocabulário ou incoerências do texto.
Procurar respostas as questões assinaladas, anotando-as à margem, próxima
ao ponto de interrogação.
Reunir as anotações relacionando-as entre si.
Propor roteiros, esquemas, debates sobre o texto.
Todas essas etapas devem ser realizadas pelo aluno. A realização do plano
estabelecido e a sua testagem final também lhe cabem, pois com isso, é exigida do
aluno uma participação ativa que não se resume ao instante da descoberta, mas
abarca um conjunto de processos que levam à descoberta e suas conseqüências.
Quanto ao professor, seu papel é a de orientador. Poderá aproveitar um fato
do momento, um fracasso na prova, induzir um estado de dúvida. Deve incentivar o
aluno a não desistir diante de um fracasso e aprender a reconhecer que para um
problema sem sentido a consciência disto é a solução.
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5.5 - MÚSICA
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Escolher a música adequada, entre as: levadas pelo professor trazidas pelos
alunos escolhidas em sala com os alunos
5.6 - DRAMATIZAÇÃO
Teatral
Radiofônica
Cinematografada
Televisionada, etc.
Tecnicamente a dramatização é uma forma particular do estudo de casos. O
exemplo específico da teatralização, equivale a apresentação dos alunos um
problema, um caso de relações humanas. Pode ser planejada ou espontânea. No
primeiro caso, o professor escolhe o assunto e os papéis e o distribui entre os
alunos, instruindo-os como atuar. Também o planejamento pode ser deixado
inteiramente por conta dos alunos, o que dá mais autenticidade ao exercício.
A dramatização espontânea pode ser decidida a qualquer momento, a partir
de uma situação em sala de aula. Objetiva, além de desenvolver a empatia ou a
capacidade de desempenhar os papéis de outros e analisar situações de conflito; a
dramatização também proporciona:
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Formulação de objetivos
A dramatização em si: escolha de papéis pelos alunos e professor, instruindo
como atuar Seleção de participantes: voluntária, sorteio ou atendendo a
alguns objetivos específicos. Vestuário
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O estudo dirigido é uma técnica que tem por objetivo básico orientar e
estimular o aluno nos métodos de estudo e pensamento. Em suma, pretende fazer
com que o aluno aprenda a estudar.
O Estudo Dirigido pode ser realizado em plano individualizado ou em plano
socializado. Está técnica exige dos alunos comportamentos indispensáveis para
consecução dos objetivos estabelecidos.
São eles:
1. Concentrar atenção no trabalho propondo-se uma tarefa que seja significativa
para o aluno. 2. Estudar escrevendo, fazendo anotações, esquemas, etc.
3. Estudar sublinhando, marcando, assinalando as idéias, etc.
4. Prever o tempo de estudo, usar racionalmente o período de que se dispõe.
5. Selecionar o material necessário à realização do Estudo Dirigido, preparar antes
do estudo, todo material que será utilizado (caderno, bloco, lápis, mapa, etc).
6. Escolher local apropriado, que seja calmo e arejado.
7. Estudar procurando estabelecer relações, fazendo comparações e estabelecendo
diferenças.
8. Organizar ficha de resumo final do estudo que contenha os dados essenciais, as
idéias centrais do tema.
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Atribuições do professor:
Selecionar, adequadamente, os temas para o estudo dirigido, que devem ser
acessíveis à classe e oferecer boas fontes de informação.
Elaborar cuidadosamente os roteiros de estudo a fim de orientar
eficientemente o educando no estudo que ele vai realizar.
Observar todas as recomendações já citadas nas técnicas de estudo dirigido
individualizado e socializado.
Antes da projeção:
O filme, vídeo e slides são instrumentos, uma ferramenta de trabalho e, como
tal, só devem ser usados se trouxerem uma contribuição efetiva à aula. Não é
aconselhável que sejam encarados como uma atividade extraclasse, com
sabor de festa, ou como uma forma do professor preencher lacunas,
programar um dia fácil.
É importante sabermos o momento para a utilização do filme, vídeo e slides.
Eles devem estar intimamente relacionados à unidade que vai ser ou que foi
trabalhada.
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Durante a projeção:
O aspecto fundamental da utilização de qualquer recurso audiovisual é
impedir a passividade do aluno frente a ele. Interromper a projeção nos
pontos necessários, voltar ao filme, repetir algumas cenas, desligar o som,
são alguns recursos oferecidos pelos projetos de filme que os professores
devem aproveitar.
Um filme, um vídeo ou slides que estão desempenhando um papel educativo
não necessitam ser projetados à maneira dos filmes recreativos. Cabe ao
professor tirar a vantagem do material para levar o aluno a desenvolver sua
capacidade de observação, a descobrir as relações existentes entre os
fenômenos apresentados, adotar uma atitude crítica frente à imagem e apurar
o gosto pelo contato com o real.
Após a projeção:
Exibido o filme, vídeo ou slide, continua o aproveitamento do material
projetado. Desde o simples interrogatório até as técnicas mais dinâmicas de
ensino devem ser usadas.
Ensino individualizado, o fundamenta é que cada ficha não deve conter mais
que uma idéia principal ou um exercício. Desta forma, as fichas que contêm
conhecimentos já absorvidos podem ser substituídas por outras, preenchendo as
novas necessidades que surjam.
Atualmente encontram-se o uso de cinco tipos de fichas:
a de informação (que substitui a exposição do professor);
a de exercício (que apresenta sugestões de trabalho aos alunos e tem por
finalidade a fixação da aprendizagem, a formação de hábitos de estudo e o
desenvolvimento do pensamento reflexivo);
a de controle (contém questões objetivas que permitem que se verifique se
os objetivos de ensino foram alcançados);
a de recuperação (objetiva-se proporcionar novas formas de aprendizagem
ao aluno que não atingiu os objetivos no tempo limite. Assim, comtém as
mesmas idéias das de informação, porém apresentadas de forma diferente); e
finalmente,
a de desenvolvimento (destinadas ao aluno que atingiu os objetivos
propostos. Desta forma, estas fichas vão levantar questões que levam o aluno
a realizar operações mentais baseadas na análise, na síntese e na
avaliação).
Depende do nível da turma, pode-se pedir que os próprios alunos preparem
as fichas de informação. O papel do professor aí é de orientador e supervisor. O
aluno vai escolher todo o material disponível sobre o assunto, logo a seguir
seleciona o que vai ser utilizado (o professor tem o papel fundamental) e xeroca-se,
seguindo-se a distribuição.
Como todas as técnicas, não pode ser rígido querendo-se aplicá-las na sua
forma pura. Vai depender do professor a forma como a técnica vai ser aplicada
(pode-se, por exemplo, usar apenas três fichas: a de informação, a de exercícios e a
de recuperação). Deve porém, tomar cuidado de não mutilar a técnica, fugindo do
ela possui de essencial.
5.10 - JOGOS
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Etapas de aplicação:
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5.11 - SEMINÁRIO
Tipos de seminários:
a) Seminário liberado pelo professor
O professor previamente indica o tema, a bibliografia, ou trabalho de
pesquisa básica para acompanhamento do seminário dos alunos.
O fundamental do tema é exposto pelo professor e logo a seguir inicia-se o
debate com a contribuição dos alunos.
O professor esclarece dúvidas e pode marcar nova data para continuação do
tema com tempo para que os alunos continuem a sua pesquisa.
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b) Seminário relâmpago
A exposição é feita por um grupo de alunos. Segue-se uma discussão
informal liderada pelo professor.
c) Seminário Global
O professor reparte a apresentação de uma ou mais unidades entre os
grupos que são formados com a participação de toda a turma.
Nas datas marcadas os representantes dos grupos expõem respectivamente
suas partes, seguindo discussão e o debate, cabendo ao professor o papel de
moderador.
f) Seminário Painel
Consiste na apresentação de um determinado tema por dois ou três
expositores que analisem de ângulos diferentes.
Segue-se o debate com a participação dos alunos em busca de conclusões
consensuais.
g) Seminário Complexo
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Finalidade Didática:
A principal finalidade do Seminário é habituar o aluno à prática científica e o
principal raciocínio objetivo ao analisar um determinado assunto.
Quando o aluno identifica problemas examinando seus diversos aspectos, ele
está apto a construir com informações pertinentes e enriquecer o trabalho que é de
toda a turma.
A pesquisa que precede ao Seminário coloca o aluno diante da necessidade
de acompanhar o progresso científico dentro de assunto que quer conhecer.
5.12 - PAINEL
Definição:
Exposição dialogada entre dois ou mais oradores sobre apenas um tema.
Características:
Duração: mais ou menos uma hora
Horário: comum ao tempo de aula ou não
Conteúdo: o tema apresentado de diversos ângulos.
Tipos de Painéis:
Informal: interação espontânea entre os diversos oradores.
Simpósio: apresentações breves, mas formais.
Desenvolvimento
O desenvolvimento do painel se dá com a orientação do professor (ou
moderador) passo a passo e, com o auxílio de um coordenador. O moderador regerá
o debate desde sua constituição, passando pela apresentação do grupo, até seu
encerramento ou descobrimento em outros temas afins.
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Primeira fase: o professor orienta a escolha do tema para o painel com mais ou
menos duas semanas de antecedência, indicando bibliografia e outras fontes
de informação.
Segunda fase: escolha dos elementos pela classe e estes realizarão seu
estudos individualmente.
Terceira fase: escolha do coordenador
Quarta fase: exposição formal ou informal
Quinta fase: discussão, dividindo a turma em dois grupos: o do painel e o
restante da turma.
Sexta fase: retirada das conclusões e encerramento com síntese final do
coordenador.
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REFERÊNCIAS CONSULTADAS
ENGUITA, M.F. A face oculta da escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
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61
MORIN, E. A cabeça bem feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. p. 99.
PINTO, Á. V. Sete lições sobre educação de adultos. São Paulo: Cortez, 2003.
"
63
ANEXOS
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar alguns aspectos relacionados à interação entre professor-
aluno numa situação de sala de aula na qual foi utilizado um texto paradidático intitulado “Nosso
Universo” como recurso promotor da aprendizagem. Serão abordadas, no presente trabalho, algumas
contribuições proporcionadas pela aplicação do referido texto para o entendimento de alguns
conceitos por parte dos alunos, algumas dificuldades vivenciadas pelo professor na condução da
atividade, bem como as contribuições proporcionadas pela utilização do texto relacionadas à
interação professor-aluno-texto.
INTRODUÇÃO
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2000) apontam para a
necessidade de organizar o ensino de Física de modo a contribuir para a formação "de uma cultura
científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais,
situando e dimensionando a interação do ser humano com a natureza como parte da própria natureza
em transformação" (p.22). Para isso, é fator determinante a contextualização dos conhecimentos
físicos, a fim de permear a "compreensão do conjunto de equipamentos e procedimentos, técnicos ou
tecnológicos, do cotidiano doméstico, social e profissional" (p.22).
Desse modo, as "Competências em Física para a vida se constroem em um presente
contextualizado, em articulação com competências de outras áreas, impregnadas de outros
conhecimentos" (BRASIL, 2002, p.59).
Para tal, se faz necessário trabalhar informações atualizadas sobre ciência e tecnologia, a fim de
tornar os conteúdos mais significativos para os estudantes. Entretanto, além desses aspectos, é
fundamental salientar a importância da formação do aluno para a ação social responsável,
conscientizando-o sobre o seu papel enquanto cidadão ciente dos seus deveres na sociedade.
Para Fleming (1989) e Layton (1988) (apud SANTOS e MORTIMER, 2001), o "letramento científico"
pode ajudar a concretizar o "modelo democrático de sociedade ao levar os alunos a compreender a
dinâmica de funcionamento da prática tecnológica, nos seus aspectos organizacional, cultural e
técnico", de modo que eles se tornem "capazes de avaliar as suas implicações na sociedade" (p.
102).
Sendo assim,
Se desejarmos preparar os alunos para participar ativamente das decisões da sociedade, precisamos
ir além do ensino conceitual, em direção a uma educação voltada para a ação social responsável, em
que haja preocupação com a formação de atitudes e valores. (SANTOS e MORTIMER, 2001).
Para isso, é preciso que o professor supere o discurso autoritário, viabilizando discussões sobre os
problemas sociais vivenciados pelos alunos, articulados com os aspectos científicos, tecnológicos,
ambientais, políticos, econômicos, a fim de que os mesmos possam se envolver de modo a
assumirem uma postura socialmente comprometida.
Andrade e Carvalho (2002) afirmam que:
As possibilidades de considerarmos, em sala de aula, temas ou eventos polêmicos ou controversos,
vinculados de alguma forma, a experiências cotidianas da comunidade escolar, têm sido vistas como
excelentes oportunidades de responder a demanda premente de abranger a complexidade das
relações CTS no Ensino de Ciências. (p.183)
Desse modo, é fundamental que o professor, além de conhecer os conteúdos a serem ensinados,
utilize estratégias metodológicas que viabilizem a participação dos estudantes. Uma estratégia que
tem despertado grande interesse entre os pesquisadores é a utilização de textos alternativos em
aulas de Física, pois que, muitos desses textos tratam dos conteúdos científicos no contexto das
relações científicas, tecnológicas, sociais e ambientais. Muitos deles abordam a história da ciência,
"
64
A amostra
A atividade foi realizada no 2º bimestre do ano letivo, com alunos do Ensino Médio, do período da
manhã, de uma escola particular de Bauru. Desses alunos, sete eram da 2ª série, na faixa etária de
16 anos e 12 eram da 3ª série, na faixa etária de 17 anos. Trabalhou-se com essas séries em virtude
de que as mesmas eram as que o professor lecionava naquele ano (2002).
As aulas foram aplicadas no período da tarde com os alunos que se interessaram em participar, por
motivos de não haver possibilidades de interromper o andamento do conteúdo dado no período
matutino.
Trabalhou-se com os alunos da 2ª e 3ª séries em dias distintos, a fim de serem analisadas possíveis
diferenças entre as duas classes de alunos, uma vez que a 3ª série já havia estudado o conteúdo
Gravitação Universal no início do ano letivo.
Metodologia
Este trabalho corresponde a um estudo de caso, pois é delimitado à análise de um único e específico
objeto de estudo, que corresponde à utilização do texto "Nosso Universo" por um professor de física
do ensino médio, apresentando "seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo"
(LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p.17).
Realizado dentro de uma abordagem qualitativa, este trabalho apresenta algumas das seguintes
características dessa abordagem (BOGDAN e BIKLEN, 1982): A fonte de dados é o ambiente natural;
A investigação é descritiva; O interesse é maior pelo processo que pelo produto;
O significado é de importância vital nessa abordagem.
Segundo esses autores, um estudo de caso centrado numa sala de aula deve ter como objetivo a
"compreensão da dinâmica do comportamento da classe e a relação entre professor e alunos" (p.96).
Mediante essa perspectiva, a análise dos dados desta pesquisa enfoca a atividade discursiva relativa
às situações destacadas no presente trabalho.
Instrumentos de avaliação
Os instrumentos utilizados para a análise de dados foram os seguintes:
- Vídeo-gravações realizadas durante as atividades
- Avaliações escritas dos alunos sobre a atividade elaborada.
Procedimentos
Foi trabalhado um capítulo por semana. O tempo de atividade por dia não foi rígido, durando entre
uma e duas horas.
Cada capítulo foi apresentado aos alunos no momento da aula. Foi feita uma leitura dos mesmos,
deixando-se claro que a mesma poderia ser interrompida a qualquer momento, para comentários ou
perguntas que o aluno desejasse formular. Ressaltou-se ainda a liberdade total de expressão sobre
qualquer assunto que despertasse curiosidade, interesse, dúvida, ou mesmo vontade de expor algum
fato. Os alunos preferiram ler todo o texto para então começarem as discussões.
Procurou-se também deixar os alunos bem à vontade para que pudessem se expor sem medo de
“errar”.
No decorrer da atividade, o professor assumiu a postura de “aprendiz”, pesquisando, juntamente com
os alunos, assuntos que ficaram pendentes durante a discussão.
O professor, em princípio, deixou que os alunos se expusessem para verificar quais assuntos seriam
levantados pelos mesmos, estimulando a discussão desses assuntos, para então atuar como
elemento mediador no processo de interpretação do texto, criando situações de controle de modo a
direcionar as discussões a fim de trabalhar conceitos fundamentais, que, por ventura, não tenham
sido abordados no decorrer da discussão.
Ao final da aplicação dos cinco capítulos relativos ao texto “Nosso Universo”, o professor solicitou que
cada aluno realizasse, em casa, uma avaliação, colocando sua opinião com relação à
atividade, bem como sugestões para a melhoria da mesma.
Todas as aulas foram vídeo-gravadas, e, posteriormente, por intermédio da observação sistemática,
objetivou-se a investigação das falas dos alunos e do professor, bem como das idéias contidas no
material escrito.
ANÁLISE DOS DADOS
Nesta análise serão enfocadas algumas contribuições relacionadas ao entendimento dos conceitos
trabalhados mediante a utilização do texto, bem como algumas dificuldades vivenciadas pelo
professor na condução da atividade, relativas aos domínios conceituais. Destaca-se que os
conceitos trabalhados por meio do texto foram os seguintes: óptica, astronomia, energia, massa,
velocidade de escape, gravidade e relatividade. Serão abordadas ainda as contribuições
proporcionadas pelo texto relacionadas às interações entre professor-aluno, contribuições essas
centradas no esclarecimento de três questões: Como o professor pode superar o discurso autoritário
"
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em aulas de física? Pode o uso de textos paradidáticos contribuir para a criação do hábito de leitura
nos alunos? Como o professor procede mediante as dificuldades decorrentes da utilização do texto
com seus alunos? Para tal, serão destacados alguns episódios da atividade, como também alguns
recortes das avaliações escritas dos alunos sobre a mesma.
O primeiro aspecto a ser destacado refere-se à postura do professor enquanto mediador entre o texto
e o aluno, incentivando a participação dos mesmos. Esse fator foi destacado como um aspecto
positivo da atividade, o que pode ser evidenciado por meio dos seguintes recortes das avaliações
escritas dos discentes:
Gostei da forma que a classe estava, bem a vontade, participante. Estávamos dispostos a aprender
um com o outro.
As aulas são mais assunto-grupo-professor-aluno do que, somente, professor-livro-aluno. Há,
portanto, uma inovação e não a repetição.
Deveria ter mais aulas assim, onde o aluno possa interagir com o professor, com isso nós
aprendemos e nos interessamos muito mais.
Este trabalho é uma proposta de mudança, tanto para o aluno quanto para o professor. É uma nova
postura de ensino onde os dois trabalham juntos para o ensino. Seria maravilhoso se todos os
professores dissessem que não sabem de tudo e procurassem aprender, assim como o aluno no
aprender, tiraria esta mentalidade que “é serviço somente do professor ensinar”. Alunos pesquisando
e trazendo novidades todos aprenderiam melhor.
Também nos é passado o professor como um amigo, que você pode debater sobre esses assuntos
sem temer que ele te corrija caso esteja errado, mas sim te aconselhe.
Assim faz com que cada vez mais você goste da matéria, pois está aprendendo com um amigo e não
com uma figura autoritária.
Ainda com relação à postura do professor, é importante destacar que o mesmo se colocou como
aprendiz, buscando superar a visão que “supõe o professor como dono e os alunos como
receptáculos do conhecimento” (RICON e ALMEIDA, 1991).
Essa postura no decorrer da atividade foi imprescindível para que os alunos encarassem
normalmente o fato de o mesmo não saber responder algumas dúvidas que surgiram, o que ocorreu
em alguns momentos, tais como:
Aluno: “Por que a Lua fica dourada de vez em quando?”
Professor: “Eu não sei, mas... será que isso não está relacionado com a cor da luz que chega aos
nossos olhos?”
Professor: “Que tal a gente pesquisar? Quem achar alguma coisa traz na próxima aula, tudo bem?”
Alunos: “Tá professor”
Entretanto, ninguém trouxe a resposta na aula seguinte em virtude de dificuldades em encontrá-la. O
professor então comentou novamente sobre a possibilidade de o referido fenômeno estar relacionado
com a luz que chega à superfície da Terra dependendo das condições da atmosfera. No entanto,
deixou claro ser essa uma hipótese, que poderia ou não corresponder à referida resposta.
Em outro episódio, ocorreu a seguinte dúvida:
Aluno: “Quais planetas a gente vê a olho nu da Terra?”
Professor: “Não sei exatamente, alguém sabe?”
Alunos: “Vênus, Mercúrio, ...”
Professor: “Outra pesquisa prá próxima aula ta gente!”
Na aula seguinte o professor trouxe a resposta que encontrou em Gaspar (2000, p.260):
“Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno”
Em outro momento surgiu a pergunta: “Quantas vezes o Sol é maior do que a Terra?”
Professor: “Eu não sei, mas tenho um livro aqui que tem essa informação. Vamos ver.... “o diâmetro
do Sol é 110 vezes maior que o da Terra (MOURÃO, 2000)”.
Outras dificuldades são destacadas nos episódios a seguir:
Aluno: “O que acontece com uma estrela quando ela morre?”
Professor: “O que eu sei é que muitas estrelas se transformam num buraco negro, mas não sei se
todas se transformam num buraco negro”.
O professor então comentou a formação de um buraco negro e pediu para que os alunos
pesquisassem sobre a “morte” de uma estrela.
Aluno: “A energia também se transforma em massa, já que massa se transforma em energia?”
Professor: “Na prática eu não sei te dizer um exemplo de energia que se transforma em massa. Na
realidade, a equação E = m.c2, de Einstein, mostra a quantidade de energia liberada na conversão de
massa em energia, mas energia em massa! Agora você me pegou, não sei! Vamos ver se a gente
acha alguma coisa que fale sobre isso?”
"
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Nesse momento, o professor utilizou um exemplo numérico, considerando uma massa de 1kg, para
que os alunos pudessem perceber a quantidade extraordinária de energia que seria liberada caso
fosse possível fazer a transformação citada.
Mediante esses episódios é possível perceber que ao se utilizar de uma abordagem dialógica,
atribuindo-se aos alunos a condução da atividade, reduzindo-se em parte a diretividade do professor,
podem surgir questões inesperadas. Daí a importância de o aluno compreender, a priori, que o
professor não é o detentor do saber.
Em alguns episódios o professor demonstrou dificuldade em conduzir a atividade de forma a levantar
novas perguntas a partir das dúvidas dos alunos, assumindo uma postura mais diretiva mediante
algumas questões. O seguinte recorte demonstra essa postura do professor:
Professor: “Vocês acham que tem mais alguma dificuldade que Ícaro encontraria?”
Aluna: “Tem que ter uma velocidade para sair da Terra. Não é pegar uma asa e ir saindo na boa”
Aluno: “Se não me engano, é a velocidade de escape”
Professor: “É isso aí. E vocês se lembram como se calcula essa velocidade?”
Aluno: “V igual raiz de G....hum. Esqueci”
Professor: “Então vamos relembrar como se calcula essa velocidade”
Nos momentos em que o texto trabalhou assuntos mais abstratos, como, por exemplo, a teoria da
relatividade, o professor também assumiu essa postura diretiva.
Entretanto, ao ser questionado sobre a fusão nuclear, chegou-se a discutir os problemas ambientais
gerados em virtude do uso inadequado da energia, como é mostrado a seguir num recorte da 3ª
série:
Aluno: “Prá que seria usada a fusão nuclear?”
Professor: “O que é energia?”
Aluno: “É a capacidade de realizar trabalho”
Professor: “Cuidado com essa definição, pois ela é limitada ao campo da mecânica, não podendo ser
trabalhada na termodinâmica. Na realidade o que eu quero saber é qual é o conceito fundamental prá
se estudar energia, ou seja, qual é a palavra chave prá se estudar energia?”
Aluno: “Transformação?”
Professor: “Isso, a conservação e a transformação. Prá que ela se conserve ela deve se transformar
e é aí que entra a fusão nuclear. Atualmente como se obtém a energia elétrica?”
Alunos: “Através da usina hidrelétrica”
Professor: “E a construção dessas usinas causam algum problema?”
Aluno: “Sim, problemas no meio ambiente, nos rios”
Professor: “Isso, como a construção de hidrelétricas gera problemas ecológicos, o ideal seria a
obtenção de energia elétrica a partir de outras formas de energia denominadas energias limpas. Uma
dessas formas de energia pode-se conseguir por meio da fusão nuclear. Ou seja, o calor liberado na
reação de fusão seria transformado em energia elétrica”
Aluno: “E é utilizada a fusão em algum lugar?”
Professor: “Não, pois na realidade, o único problema é que para se conseguir a reação de fusão
nuclear é necessária uma temperatura tão elevada que só a fissão nuclear poderia fornecer. E vocês
saberiam me dizer por quê isso é problema?”
Aluno: “Não é a fissão que gera lixo atômico?”
Professor: “Exatamente. Até se conseguir fazer a fusão nuclear em baixas temperaturas, o homem
não deve mexer com a fusão nuclear. Mas existem outras fontes de energia que são limpas que
poderiam substituir as hidrelétricas, vocês saberiam citar alguma?”
Aluna: “Poderia ser a energia do Sol, ou o biodigestor, ou o uso de lixo prá gerar energia”
Aluno: “Com relação à reciclagem, usar pneu prá fazer asfalto também é uma boa”
Professor: “E por quê vocês acham que essas opções não são colocadas em prática?”
Aluno: “Deve ser porque no Brasil é tudo errado!”
Aluna: “É verdade. Professor, você sabia que o Brasil está importando garrafas pets para reciclar?”
Professor: “Isso é revoltante. Mas o importante é que vocês aprendam a ver as coisas de uma forma
mais abrangente, sem individualismo, desenvolvendo a consciência em relação aos problemas
ambientais e sociais que os rodeiam, e, com isso, adquirir uma postura crítica e consciente dos
deveres que cabem a cada cidadão. Se cada um pelo menos fizesse a sua parte, todos os
problemas, de ordem social, ambiental, ou de qualquer outra ordem, seriam resolvidos.”
Essa última discussão denota a importância da relação dialógica e interativa entre professor e alunos,
embora ainda o professor tenha sido um tanto diretivo em suas respostas.
No seguinte episódio, da 2ª série, verificou-se que o professor explorou o recurso de levantar
perguntas a partir dos questionamentos dos alunos, para chegar ao conceito de força gravitacional:
"
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física. Ela não é uma ciência totalmente estável, estando disposta a aceitar cada vez mais teorias
novas e teorias que melhorem ou até mudem as antigas.
Pudemos perceber que para chegarmos nesta formação do sistema solar, várias pessoas estudaram
e lançaram suas teorias, onde muitas pessoas eram rotuladas e condenadas pela inquisição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esses resultados denotam que o uso de texto, aliado à superação da postura autoritária por parte do
professor, dando margem para que os conteúdos sejam trabalhados a partir das colocações dos
alunos, pode despertar o interesse dos mesmos pela disciplina. A realização dessa atividade
mediante uma postura autoritária, sem a participação dos alunos talvez não produzisse os mesmos
resultados.
Por meio da análise dos aspectos conceituais trabalhados nas atividades realizadas com a 2ª e 3ª
séries, considera-se que a atividade produziu significados, interesse e compreensões dos conteúdos
para as duas classes de alunos. Entretanto notou-se que os alunos da 3ª série atuaram de forma
mais ativa, expondo suas idéias com maior desembaraço. Ocorreram também algumas discussões
mais profundas em termos conceituais, e conseqüentemente, foram trabalhados, com essa série,
alguns conteúdos que não emergiram nas discussões com os alunos da 2ª série.
Acredita-se que essa diferença possa ter ocorrido em virtude de alguns conteúdos trabalhados nessa
atividade serem muito complexos e os alunos da 3ª série apresentarem maior maturidade e bagagem
conceitual para estudá-los mais profundamente. Embora essa diferença, considera-se que essa
atividade possa ser trabalhada com qualquer uma das séries do Ensino Médio, de modo que, na 1ª
série, seria necessário um tempo maior, uma vez que, lhes faltariam muitos conceitos básicos que
seriam pré requisitos para os conteúdos trabalhados nessa atividade. Poder-se-ia, então, trabalhar
esses conceitos fundamentais no decorrer da atividade.
Outro fator a ser destacado consiste na familiarização dos alunos da 3ª série com o tema em questão
na medida em que haviam estudado conteúdos relacionados à Gravitação Universal no início do ano
letivo. Os alunos da 3ª série demonstraram não ter esquecido os conceitos relativos ao conteúdo
Gravitação, estudados no primeiro bimestre, contudo mostraram dificuldades em relembrar as
equações que envolvem esses conceitos. Embora já tivessem estudado esse conteúdo, mostraram-
se interessados em revê-los.
Com relação às dificuldades conceituais do professor no decorrer da atividade, é importante destacar
que, para amenizá-las, o mesmo deve estar bem fundamentado teoricamente para que se sinta
seguro e em condições de direcionar de forma adequada os alunos, sem perder de vista os seus
objetivos instrucionais. Entretanto, é fundamental a conscientização dos alunos de que podem surgir
questões que o professor não saiba responder e, nesse caso, se colocará como pesquisador,
juntamente com os alunos.
Embora em alguns momentos o professor tenha conduzido a atividade de forma diretiva, os
resultados foram considerados satisfatórios, pois foram trabalhados muitos conteúdos, com grande
interesse e participação dos alunos. Eles passaram a sentir prazer em aprender, uma vez que,
através da imaginação, foram levados a viajar juntamente com o personagem, o que pode colaborar
para a formação de um indivíduo criativo e reflexivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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com alunos adultos. Caderno Cedes, ano XVIII, n.41, p.62-68, julho/1997.
ANDRADE, E.C.P. e CARVALHO, L.M. O pro-álcool e algumas relações CTS concebidas por alunos
de 6ª série do ensino fundamental. Ciência e Educação, v.8, n.2, p.167-185, 2002.
ANGOTTI, J.A.P., BASTOS, F.P. e MION, R.A. Educação em física: discutindo ciência, tecnologia e
sociedade. Ciência e Educação, v.7, n.2, p.183-197, 2001.
ASTOLFI, J.P. & DEVELAY, M. A Didática das Ciências. Campinas, SP: Papirus, 2001.
BENJAMIN, A.A. Análise do uso de um Texto Paradidático sobre Energia e Meio Ambinete. 2000.
184 p. Dissertação (Mestrado em Educação para a Ciência, Área de Concentração: Ensino de
Ciências) – Faculdade de Ciências, Campus de Bauru, Universidade Estadual Paulista.
BOGDAN, R. e BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos
métodos. Porto Editora, 337 p., 1982.
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais + Ensino
Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais - ciências
da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002, 144 p.
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino
Médio. Parte III – ciências da natureza, matemática e suas tecnologias, Brasília: MEC/SEMT, 2000.
GASPAR, A. Física, vol. 1, ed. Ática, 2000, 384 p.
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"
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Resumo
Visando refletir sobre a inserção da Física Quântica no ensino médio, este trabalho apresenta uma
experiência educacional desenvolvida em uma escola da rede pública de ensino. A noção de Perfil
Epistemológico, de Gaston Bachelard, é utilizada como referencial filosófico. Diferentes formas de
expressão humana como a arte, a música e a pintura compõem uma estratégia de ensino que
permite apresentar a Física como cultura, procurando despertar o interesse de um número maior de
estudantes.
I. Introdução
Estamos nos aproximando do final do século XX e a Física nele desenvolvida está longe de
comparecer às aulas de nossas escolas. É preciso transformar o ensino de Física tradicionalmente
oferecido por nossas escolas em um ensino que contemple o desenvolvimento da Física Moderna,
não como uma mera curiosidade, mas como uma Física que surge para explicar fenômenos que a
Física Clássica não explica, constituindo uma nova visão de mundo. Uma Física que hoje é
responsável pelo atendimento de novas necessidades que surgem a cada dia, tornando-se cada vez
mais básicas para o homem contemporâneo, um conjunto de conhecimentos que extrapola os limites
da ciência e da tecnologia, influenciando outras formas do saber humano. Portanto, os vários campos
abertos pela física deste século devem ter sua
presença garantida nos currículos de nossas escolas médias, particularmente a Física Quântica e a
Física Relativística que abriram novos horizontes de exploração científica inimagináveis aos olhos
dos cientistas clássicos.
Esses novos conteúdos não podem ser simplesmente acrescentados aos temas tradicionalmente
presentes no ensino médio e no modo como estes são aí trabalhados. Diversos projetos de ensino de
Física no Brasil têm se preocupado com a inserção da Física Moderna e contemporânea no ensino.
Alguns parâmetros para o desenvolvimento de atividades dirigidas à inserção da Física Quântica no
Ensino médio são sugeridos por Terrazan (Terrazan, 1992): a especificação do currículo, a
necessidade de se privilegiar leis gerais e conceitos fundamentais exigindo pouca matematização,
a compatibilidade do estudo da Física Clássica e da Física Quântica dentro da mesma programação
e a falta de professores preparados para o ensino da Física Moderna são alguns dos aspectos mais
relevantes que devem ser considerados ao se discutir esta temática.
Grande parte dos projetos que vêm sendo desenvolvidos em nosso país com o intuito de inserir a
Física Moderna no ensino médio limitam-se basicamente à discussão dos aspectos apontados por
Terrazan. Uma outra tentativa concentra-se na elaboração de materiais de divulgação, didáticos e de
atividades experimentais. Um projeto interessante de construção de “softwares” educacionais na área
da Física
Moderna, para alunos do ensino médio, foi desenvolvido no departamento de Física da UFRGS,
explorando programas que simulam experiências relevantes para a compreensão da Física Moderna
como, por exemplo, o efeito fotoelétrico (Veit, 1987).
Uma idéia subjacente a este trabalho é a crítica ao modo atualmente dominante de ensino de física.
Assim, tanto no que se refere ao ensino da Física Clássica quanto ao da Física Quântica, partimos
do pressuposto de que os aspectos a serem considerados no ensino médio devem ser os mais
diversos possíveis, a Física a ser ensinada deve ter uma abordagem ampla. O formalismo
matemático, a observação, a experimentação, os conceitos, as leis, as teorias, a filosofia, a história,
a epistemologia, a tecnologia, são exemplos de formas do conhecimento físico que podem possuir
afinidades com diferentes alunos. Isto porque os alunos que chegam ao ensino médio já têm uma
longa história de vida, a vida escolar aí incluída, trazendo para a sala de aula diferentes aptidões e
vocações. O ensino de Física, ou de qualquer outra área do conhecimento, que seja oferecido
segundo uma única perspectiva, por exemplo, o formalismo (ou "formulismo"?) conceitual e a solução
de problemas, corre o risco de não conseguir estabelecer um diálogo profícuo com boa parte dos
alunos. O conhecimento físico deve ser considerado uma construção humana, pois a Física Também
é Cultura (Zanetic,1989).
"
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Destacamos várias dificuldades que devem ser enfrentadas na introdução da Física Quântica no
ensino médio. A primeira refere-se ao formalismo matemático inerente à descrição quântica; outra, diz
respeito às novidades conceituais que se distanciam da Física Clássica de forma ainda mais
acentuada do que esta da Física do senso comum; a terceira dificuldade está relacionada com o
tratamento experimental dos temas quânticos. Assim, temos que ir em busca de formas alternativas e
tentativas. Uma abordagem possível é a utilização de diferentes interpretações do formalismo
quântico (Pessoa Júnior,1997), permitindo que o aluno possa desenvolver sua própria interpretação
privada. Outra contribuição pode ser obtida com a utilização da História e da Filosofia da Ciência
como estratégia de ensino, rompendo com a estrutura curricular e metodológica das abordagens
tradicionais no ensino de Física (Fagundes,1997).
Neste trabalho apresentamos algumas reflexões sobre uma experiência educacional desenvolvida em
uma escola da rede pública de ensino do estado de São Paulo, com o intuito de investigar a
possibilidade de inserção de tópicos de Física Quântica no ensino médio, analisando a utilização de
diferentes interpretações e da História e Filosofia da ciência como estratégia de ensino.
Desta forma, procuramos, ao mesmo tempo, realizar uma experiência de introdução cultural e
conceitual do tema escolhido a alunos reais do ensino médio e esboçar uma análise preliminar de
investigação de perfis epistemológicos com base no estudo da filosofia da ciência de Gaston
Bachelard. A utilização recente da epistemologia de Gaston Bachelard em pesquisa sobre ensino de
Ciências comparece em alguns trabalhos brasileiros (Mortimer, 1995 e Barbosa Lima, 1996).
Desenvolvemos neste trabalho uma aplicação ao ensino de Física enfatizando aspectos da Física
Quântica.
II. O Perfil Epistemológico
Uma parte significativa da filosofia da ciência desenvolvida a partir da década de trinta foi diretamente
influenciada pela Física Contemporânea. Bachelard, Popper, Kuhn e Feyerabend, entre outros
menos citados na literatura, apresentaram diferentes análises e propostas visando compreender a
evolução das teorias Físicas.
Bachelard, provocado pelo advento da Relatividade e da Física Quântica, em todos os seus trabalhos
apresenta reflexões pedagógicas que se mostraram extremamente relevantes ao desafio de
introduzirmos esses temas no ensino médio, contemplando diferentes formas de pensar e de lidar
com os obstáculos epistemológicos enfrentados pelo estudante. Exemplificando, Bachelard assim se
referia aos professores de ciências do final da década de trinta:
“Acho surpreendente que os professores de Ciências, mais do que os outros se possível fosse, não
compreendam que alguém não compreenda. (...) Não levem em conta que o adolescente entra na
aula de Física com conhecimentos empíricos já constituídos; não se trata, portanto de adquirir uma
cultura experimental, mas sim de mudar de cultura experimental, de derrubar os obstáculos já
sedimentados pela vida quotidiana.” (Bachelard, 1996, pág. 23)
Parecem reflexões escritas para os dias de hoje! Assim, buscamos em Gaston Bachelard, em
particular no seu livro “A filosofia do não” (Bachelard, 1972), um referencial epistemológico/ filosófico
capaz de ajudar-nos em nossa empreitada.
Bachelard indica em sua obra que a intersecção entre os pensamentos científico e filosófico deve se
dar través de uma filosofia aberta (menos geral) e de uma ciência racional (menos imediata). Com
base neste procedimento, ele propõe um referencial que considera um caminho que vai do
pensamento mais primitivo, o animismo, ao pensamento mais sofisticado, o ultra-racionalismo, como
uma espécie de evolução.
É a possibilidade de considerar que uma pessoa pode usar diferentes formas de pensar em
diferentes domínios e que a compreensão de uma idéia pode impor obstáculo à compreensão de uma
outra que nos fornece a possibilidade de situar as idéias dos estudantes num contexto mais amplo,
admitindo a presença de diferentes formas do saber físico. A idéia da coexistência de diferentes
formas de pensar, não necessariamente ligadas por uma acomodação de estruturas conceituais,
consiste em uma crítica a alguns aspectos do construtivismo e das estratégias propostas nas teses
de mudança conceitual (como indica Mortimer,1997).
A concepção norteadora da Filosofia do Não consiste em uma síntese dialética que, segundo
Bachelard, permite negar uma visão de mundo e ascender a outra, por um caminho que contém
diversas explicações metafísicas: animismo, realismo e positivismo, racionalismo, racionalismo
completo e racionalismo dialético, ou seja “...a evolução filosófica de um conhecimento científico
particular é um movimento que atravessa todas estas doutrinas na ordem indicada.” (Bachelard,
1972, pág.26)
73
Como exemplo deste movimento, Bachelard analisa o conceito de massa e suas diferentes
interpretações, explicitando as teorias que explicam a massa e relacionado-as com cada visão
filosófica mencionada. O esquema na página seguinte resume este movimento:
Vejamos, sucintamente, como Bachelard descreve a transição de uma forma de pensar a outra. No
animismo a noção de massa está ligada a uma apreciação quantitativa grosseira que se concretiza
no desejo de comer. O fruto maior para uma criança é o melhor, e, portanto, tem mais massa.
O primeiro obstáculo é superado quando compreendemos a diferença entre o grande e o pesado.
Quando isto ocorre o conceito de massa se interioriza passando a significar uma riqueza íntima que
pode ser medida pela balança. Esta visão representa o espírito realista e constitui um obstáculo ao
racionalismo.
O terceiro aspecto torna-se claro com a mecânica de Newton, em que a massa é definida como o
quociente da força pela aceleração. O aspecto dinâmico substitui o estático, e a metafísica de Kant
instala-se na mecânica newtoniana “...é a necessidade de compreender o devir que racionaliza o
realismo do ser.”(Bachelard, 1972, pág.38)
Com a teoria da relatividade percebe-se que a noção de massa tida como absoluta possui uma
estrutura funcional interna. A noção de massa passa a depender da velocidade e associa-se com a
energia como função da matéria. O racionalismo se enriquece com esta abertura e complicação das
noções de base (racionalismo completo).
Um novo aspecto filosófico para o conceito de massa surge na interpretação de Bachelard da
mecânica de Dirac complicando ainda mais a estrutura interna da noção de massa, passando a
distinguir duas massas, uma “positiva” (relativa à matéria),e outra “negativa” (relativa à anti-matéria)
chegando assim à dialetização do conceito (racionalismo discursivo).
Alguns autores criticavam a interpretação dada por Bachelard à mecânica de Dirac e à descoberta do
posítron (anti-elétron) que é semelhante ao elétron, exceto na sua carga, que tem sinal contrário, mas
não representa uma partícula com energia negativa. Bachelard foi influenciado pelo livro „L‟électron
magnétique‟, de Louis de Broglie, publicado alguns anos antes (1934) de seu livro „A Filosofia do
Não‟. Uma discussão desta história é apresentada por Olival Freire Júnior na revista “Reflexão”, [
Depto. Filosofia - PUCCAMP], 62,38-57,1995.
Estes dois últimos aspectos filosóficos do conhecimento físico, racionalismo completo e discursivo,
constituem a essência do novo espírito cientifico e podem ser reunidos compondo o que Bachelard
chama de ultra-racionalismo. O estudo do ultra-racionalismo permite “captar o pensamento científico
contemporâneo e mostrar a novidade essencial que lhe é própria.” (Bachelard, 1978, pág.158).
Para medir a ação psicológica das filosofias na obra do conhecimento, Bachelard desenvolve a noção
de perfil epistemólogico que, segundo ele, é “uma escala polêmica suficiente para localizar os
diversos debates da filosofia da Ciência, para impedir a confusão dos argumentos.” (Bachelard, 1972,
pág.55)
Bachelard elabora, como exemplo, uma construção gráfica permitindo obter seu perfil epistemológico
para o conceito de massa.
Na abcissa são indicadas as filosofias sucessivas e na ordenada um valor que corresponde à
importância relativa das visões de mundo ou a freqüência de utilização efetiva da noção de massa. A
visão racional da mecânica clássica é destacada por Bachelard por constituir um forte obstáculo ao
ultra-racionalismo. “O nosso racionalismo simples entrava o nosso racionalismo completo e sobretudo
o nosso racionalismo dialético. Eis uma prova de como as filosofias mais sãs como o racionalismo
newtoniano e kanteano podem, em determinadas circunstâncias, constituir um obstáculo ao
progresso da cultura.” (Bachelard, 1972, pág.59)
A construção de gráficos, como o mostrado acima, pode fornecer um modelo de análise filosófica
espectral que permite determinar a forma como as diversas filosofias (explícita ou implicitamente)
relacionam-se com um conceito particular.
É preciso perceber que não se pode fixar um conceito a uma filosofia, mas sim numa diversidade de
aspectos filosóficos que definem uma evolução temporal do conceito.
Para decompor a luz de um determinado conceito é preciso realizar saltos que vão além do
conhecimento unicamente científico, necessitando de um prisma que apresenta uma dispersão
filosófica. Nas palavras de Bachelard: “Cada filosofia fornece apenas uma banda do espectro
nocional, e é necessário agrupar todas as filosofias para termos o espectro nocional completo de um
conhecimento particular.” (Bachelard, 1972, pág.66)
II 1. À Luz das Naturezas da Luz
Através do estudo da evolução histórica da noção de luz procuramos criar um primeiro esquema que
relaciona teorias da Física da luz e visões filosóficas: Embora no contexto da Física, os físicos em
geral utilizem os termos dualismo e dualidade como sinônimos, no contexto de nosso trabalho
74
seguimos a sugestão de Fagundes (1997) distinguindo esses termos, o dualismo: referindo-se a dois
opostos separados, entre os quais há resistência; e a dualidade: referindo-se a dois opostos que se
complementam.
Como animista consideramos as noções primitivas da natureza da luz, aquelas que estão
relacionadas ingenuamente com o sentido da visão, que definem a luz segundo uma propriedade dos
olhos, como a que foi proposta pelos pitagóricos e, mais tarde, defendida por Euclides em que “ a luz
seria algo emanado pelos olhos, o „quid‟ proveniente do fogo interior dos seres vivos...” (Franco,
1997) ou qualquer outra forma não empírica, ou teórica, de entender a natureza da luz.
Para a visão realista tomamos qualquer explicação apoiada em fatos empíricos, que faça uso da
noção de feixe de luz, por exemplo, baseada na observação da luz passando pelas frestas de uma
janela, ou explicações como as emanações de eidola (simulacros) dos atomistas gregos, que
atribuíam à luz propriedades corpusculares realistas: “assim como a fumaça se desprende da lenha
queimando, supunha-se haver outras emanações de partículas mais sutis. Tais partículas poderiam
desprender-se dos corpos e se introduzir em nosso organismo produzindo sensações, como o odor,
por exemplo. Tais partículas se desprenderiam da superfície dos corpos preservando suas formas e
penetrariam nos olhos reproduzindo os objetos exteriores em proporções reduzidas.” ( Franco,1997)
Para a visão racional tomaremos os modelos com fundamentação teórico-matemática, como o
modelo corpuscular de Newton, ou o modelo ondulatório de Huygens.
E, para o ultra-racionalismo consideramos qualquer explicação que refira-se às modernas
interpretações da Física Quântica para a natureza da luz, tanto para a dualidade nas interpretações
ondulatória de Schrödinger e causal de De Broglie e Einstein (racionalismo completo), como para a
dualidade na interpretação da complementaridade de Bohr (racionalismo discursivo).
II 2. Esboçando o Perfil Epistemológico
Bachelard, ao apresentar o gráfico para seu perfil epistemológico do conceito de massa, não explica
como obteve os valores para a freqüência de utilização pessoal de cada noção. Aponta a dificuldade
de estabelecer estes valores: “tentaremos então pôr grosseiramente em evidência a sua importância
relativa colocando em abcissas as filosofias sucessivas e em ordenadas um valor que - se pudesse
ser exato - mediria a freqüência de utilização efetiva da noção, a importância relativa de nossas
convicções. Com uma certa reserva relativamente a esta medida muito grosseira, obtemos então o
nosso perfil epistemológico...” (Bachelard, 1972, pág.57).
Elaboramos um teste (apresentado no Apêndice A) para tentar esboçar o perfil epistemológico dos
alunos com o objetivo de levantar suas tendências filosóficas. É importante percebermos que não
esperamos com isto encontrar alunos do ensino médio que saibam Física moderna intuitivamente,
mas verificar algumas pré tendências para certas formas de ver a natureza da luz, em particular, e o
mundo físico como um todo5.
5 Sugerimos que os leitores leiam e respondam o teste (Apêndice A) deste artigo antes de prosseguir
a leitura, uma vez que o estudo do perfil, como indica o próprio Bachelard, deve “ser válido apenas
para um espírito particular que se examina num estágio particular da sua cultura” Bachelard, 1972.
O teste é composto de 12 questões alternativas conforme distribuição abaixo:
As questões foram elaboradas a partir da inspiração histórica. A primeira questão busca verificar se o
aluno relaciona a luz com o sentido da visão, definindo-a como uma propriedade dos olhos. As cinco
alternativas de “a” a “e” consistem em uma escala gradual com diferentes relações entre a noção de
luz e o sentido da visão:
A segunda questão busca verificar se o aluno prende-se a uma noção empírica, atribuindo à luz
propriedades realistas:
Alternativa Noção
realista
a) o experimento é impossível valor nulo 00
b) o experimento cria uma ilusão valor baixo 01
c) o experimento mostra o real valor extremo 16
d) o experimento muda o real valor alto 09
e) os sentidos mudam o real valor médio 04
relações semelhantes constituem as questões 06 e
10.
A terceira questão busca verificar se o aluno utiliza a representação racional da luz através de sua
descrição pela noção de feixe de luz ou por suas relações matemáticas:
A quarta questão busca verificar se o aluno aceita o comportamento dialético da luz, seja na
interferência ou na dualidade onda-partícula:
Atribuímos valores para cada item (de “a” a “e”) para cada questão do teste, considerando uma
escala em que as respostas estão mais ou menos próximas da visão filosófica daquele grupo de
questões. Efetuamos um longo processo de reflexão e calibração destes valores, aplicamos o teste a
jovens e velhos, a instruídos e leigos, e a nossos familiares dos quais conhecemos as filosofias com
as quais enxergam o mundo. Para cada questão não existe uma resposta absolutamente correta,
nem uma resposta absolutamente errada, existem diferentes formas de ver o problema. Optamos por
uma escala quadrática para ressaltar a diferença entre as diversas posições.
A tabela a seguir indica o valor de cada alternativa em cada questão:
Questão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A 16 0 4 4 4 1 4 0 4 16 4 1
B 9 1 16 1 1 16 9 1 0 4 0 9
C 4 16 9 0 16 9 1 4 9 9 9 16
76
D 1 9 0 16 0 4 0 9 1 1 16 4
77
E 0 4 1 9 9 0 16 16 16 0 1 0
O gráfico do perfil epistemológico de cada aluno foi construído somando-se os pontos obtidos para
cada filosofia.
Esboçamos, então, para cada aluno o seu perfil epistemológico, de caráter bem tentativo, conforme a
sugestão de Bachelard, indicando na abscissa as filosofias sucessivas e na ordenada o valor obtido
com a soma dos pontos do teste.
Estes gráficos foram utilizados pelos alunos no decorrer das aulas e acreditamos fornecerem um
referencial filosófico que permite a cada aluno, frente a uma nova concepção, trabalhar o conflito
conceitual e reconhecer os diferentes aspectos de um conceito, aplicando cada faceta do conceito no
contexto apropriado.
Neste sentido, o perfil epistemológico foi usado muito mais como um recurso didático do que como
um instrumento de pesquisa educacional, por isto, optamos por omitir resultados individuais que
poderíamos considerar representativos, porque a análise do perfil epistemólogico, como destacamos
anteriormente, destina-se apenas para o auto exame.
III. O Curso
Para a intervenção em sala de aula preparamos um mini curso que teve sua realização nas aulas
regulares de Física de duas classes do segundo ano colegial, no período noturno, da escola E. E. P.
S. G. “Prof. Roberto Alves dos Santos”, na cidade de Guarulhos - SP, e foi ministrado por um dos
autores (ACP) deste artigo, professor regular dessas duas classes no ano de 1997.
As notas de aulas foram elaboradas ao longo do primeiro semestre de 1997 e são produto de uma
longa pesquisa bibliográfica da qual ressaltamos o trabalho de Osvaldo Pessoa Júnior com
professores de Física na Estação Ciência e a dissertação de mestrado de Maria Beatriz Fagundes.
As notas de aula foram escritas exclusivamente para as aulas e a participação dos alunos nas demais
atividades propostas foi indispensável.
O mini curso foi desenvolvido em doze aulas e após cada aula foi elaborado um breve relatório (diário
do professor ACP, do qual algumas observações são relatadas no Apêndice B).
As aulas abordaram diversas formas do conhecimento físico, entre elas destacamos a descrição
histórica da luz, o aspecto filosófico (Perfil Epistemológico), as atividades experimentais e as
atividades lúdicas.
Apesar do diário das aulas estar situado num apêndice deste artigo, chamamos a atenção para sua
leitura, pois ele registra algumas situações de sala de aula que podem ser do interesse de diferentes
tipos de leitores. Estão registrados nesses relatos momentos de alegria, de tristeza e desânimo, o
surgimento de conceitos espontâneos e de obstáculos epistemológicos (3ª aula), a dificuldade de
aceitar que cientistas tenham diferentes concepções (10ª aula) e o incômodo com situações e
explicações aparentemente contraditórias (7ª aula).
6 Algumas considerações individuais sobre o resultado do perfil epistemológico foram realizadas
pelos próprios alunos e são relatadas no Apêndice B - Diário da Aulas.
III 1. A avaliação
Considerando a ampla diversidade de atividades e aspectos metodológicos envolvidos nas aulas do
mini-curso de Física Quântica, optamos por um sistema de avaliação mais aberto, constituindo-se de
três momentos:
1. O Perfil Epistemológico
Na primeira aula os alunos responderam o teste que foi devolvido e comentado juntamente com o
gráfico do Perfil Epistemológico na penúltima aula, possibilitando aos alunos uma auto-avaliação, não
só da sua aprendizagem da Física como sobre um esboço de sua possível estrutura filosófica de
observação do mundo.
2. Trabalhos Culturais
A segunda forma de avaliação consistiu na elaboração de trabalhos de divulgação, sobre Física
Quântica, para a comunidade, que seriam apresentados pelos alunos em uma feira de Ciência
(Semana Cultural). Estes trabalhos foram desenvolvidos no decorrer do mini-curso e contaram com a
orientação e supervisão do professor (ACP). A originalidade foi estimulada buscando formas de
expressar os conceitos físicos estudados diferentes das formas tradicionais. Durante a elaboração
dos trabalhos os alunos apresentaram dúvidas que deram à atividade um aspecto de avaliação do
aprendizado, possibilitando também uma nova oportunidade de aprendizagem, além de proporcionar
a interação entre as diversas formas de expressão utilizadas pelos alunos.
Dentre os trabalhos apresentados encontramos músicas, histórias em quadrinhos, poesias,
seminários, maquetes, bordados, painéis e cartazes, explicando, segundo as diferentes
interpretações dos alunos, a sua compreensão sobre a natureza da luz. Era a oportunidade de
78
e portanto, da natureza dual da luz. Já as questões 08 e 12 não definem claramente uma situação
experimental. Ressaltamos que este trabalho refere-se a uma primeira tentativa e corresponde a uma
proposta a ser aperfeiçoada no futuro. A elaboração de problemas mais abertos, dissertativos, que
78
permitam identificar na mesma questão características das diferentes visões filosóficas, e a utilização
de entrevistas podem tornar mais significativa a construção do perfil epistemológico dos alunos.
Pensamos
também na possibilidade de traçar tais perfis antes e depois da ocorrência do curso, o que permitiria
ampliar as contribuições dessa estratégia de ensino com a possibilidade de análise do processo de
evolução conceitual e filosófica em sala de aula.
Embora sem a mesma profundidade empírica, este trabalho reforça conclusão de pesquisa recente
que mostrou o importante papel desempenhado pelos originais da história da Física no diálogo entre
diferentes concepções (Dion, 1998).
A história e a filosofia da ciência, indo muito além da mera ilustração ou motivação para o estudo,
podem facilitar a construção conceitual e cultural da Física a ser trabalhada no ensino médio. Os
obstáculos epistemológicos, que separam as diversas colunas que constituem o perfil epistemológico,
podem ser melhor trabalhados em sala de aula com o uso desse conteúdo e estratégia educacional.
A experiência educacional descrita neste trabalho buscou principalmente aproximar o conhecimento
da Física Moderna dos alunos do ensino médio. A produção de trabalhos culturais para a divulgação
da Física Quântica por estes alunos mostrou-se, apesar das dificuldades, uma forma de resgatar o
interesse do estudo da Física para um grande número de alunos, rompendo com o modo atualmente
dominante de ensino de Física.
Acreditamos que a maioria dos alunos aprendeu pouca Física Quântica, mas eles não terminaram o
século sem terem pelo menos sido apresentados à Física nele desenvolvida. Alias, quantos alunos
que passam por um curso de “Mecânica Clássica” entendem realmente as leis de Newton? Nossa
experiência mostrou que temos ainda muitas questões a responder, mas agora acreditamos ainda
mais que é possível levar a Física Quântica para o ensino médio.
A ampliação desse estudo a outros conceitos e em outros domínios pode mostrar a significativa
contribuição da História e da Filosofia da ciência para a constituição de um moderno ensino de
Física para o Ensino médio e para mostrar que “a Física Quântica também é Cultura”.
V. Referências Bibliográficas
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portuguesa); Editorial Presença, Lisboa.
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Caderno de Resumos do V EPEF: 7, Águas de Lindóia, São Paulo.
DION, S. N. (1998) O diálogo com documentos originais da ciência em sala de aula: uma
proposta, tese de doutoramento em ensino de Física, Faculdade de Educação, USP, São Paulo.
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79
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ZANETIC, J. (1995) Textos de evolução, da disciplina Evolução dos Conceitos da Física, Instituto
de Física ,USP, São Paulo.
Observação: os alunos que faltaram receberam na aula seguinte o teste para responderem em casa
e na outra aula receberam o texto assim que entregaram o teste respondido.
2ª Aula: Introdução ao mini curso
Na segunda aula realizamos a apresentação do projeto “É Possível Levar a Física Quântica para o
Ensino Médio?”, com maiores detalhes para os alunos, procurando ressaltar a importância da
inserção da Física Moderna no ensino médio.
Indicamos em linhas gerais quais seriam as atividades a serem desenvolvidas nas aulas até o final do
ano letivo.
Explicamos exaustivamente que os alunos deveriam produzir um “trabalho cultural” e que este
trabalho seria a atividade mais importante a ser realizada por eles. Detalhamos o que se pretendia
com o trabalho: promover diversas formas de expressão humana sobre um mesmo conceito.
Indicamos que o objeto de estudo principal seria a natureza da luz e enfatizamos a busca de
diferentes formas de interpretação desse fenômeno.
A maior parte da aula foi gasta com exemplos de como poderia ser o trabalho cultural, explorando as
diversas dimensões culturais: pintura, grafite, música, história em quadrinhos, maquete, experimento,
poesia, peça de teatro, dança, pesquisa teórica, estudo tecnológico, atividade lúdica, enfim qualquer
forma de expressão humana que pudesse ajudar a divulgar o que estávamos abordando nas aulas.
3ª Aula: Introdução às ondas; experiência com molas
Na terceira aula realizamos a experiência de introdução às ondas. Os alunos sentaram-se em duas
filas de cadeiras formando um “corredor” onde esticamos duas molas de densidades diferentes.
Foram realizadas demonstrações seguindo, mais ou menos, o projeto de ensino de Física PSSC.
Antes de cada demonstração foram formuladas perguntas para que os alunos tentassem prever o
comportamento das molas.
As previsões dos diferentes alunos para o comportamento das molas eram diversas, isto enriqueceu
bastante as demonstrações. Alguns “conceitos espontâneos esperados” foram observados, como
pensar que um pedaço da mola caminha de uma extremidade à outra da mola. Isto foi resolvido
enrolando uma parte da mola com papel alumínio e mostrando que o papel não é levado pela
passagem da onda.
Foi necessário prender o papel alumínio de diversas formas para convencer alguns alunos. Outra
previsão contestada pela demonstração se refere à superposição. Os alunos se dividiram em dois
grupos: os que pensavam que ao se encontrarem dois pulsos vindos de sentidos opostos sempre se
destruíam e os que pensavam que se “refletiam” mutuamente. As observações dos alunos pareciam
associar aos pulsos
propriedades corpusculares (se destróem = colisão inelástica, são refletidos = colisão elástica). As
demonstrações de superposição e interferências construtiva e destrutiva surpreenderam a todos.
A reflexão, a divisão do pulso em duas componentes, refletida e transmitida (na mudança de meio,
com duas molas de densidades diferentes) e a interferência foram os conceitos mais enfatizados,
pois mais tarde seriam fundamentais para a compreensão do interferômetro de Mach-Zehnder.
Ao final da aula pedimos para que um aluno fizesse um resumo dos conceitos aprendidos.
Conseguimos um voluntário que, felizmente, deixou vários intervalos em sua fala, permitindo que os
próprios colegas completassem com os pensamentos necessários.
4ª Aula: O nascimento da Física Quântica
Na quarta aula estudamos o nascimento da Física Quântica. A aula foi essencialmente expositiva
abordando os conceitos de matéria, campo, radiação do corpo negro e quanta elementar,
procurando identificar a ruptura entre o pensamento clássico e o quântico. A importância do estudo
da história da ciência foi mostrada aos alunos através do estudo dos trabalhos de Planck e Einstein.
Deixamos como atividade para casa a leitura das notas de aula, e entregamos um guia de leitura com
algumas questões. Indicamos ainda para os alunos que quisessem se aprofundar no tema a leitura
do livro “A Evolução da Física”, de Einstein e Infeld.
Guia de Leitura: O nascimento da Física Quântica.
1) Issac Newton e James Clerk Maxwell elaboraram as duas grandes sínteses teóricas da Física
Clássica. Quais foram estas sínteses e em que entidades físicas elas se baseavam?
2) Como o trabalho de Planck contraria as leis da Física Clássica?
3) Planck, ao explicar a radiação do corpo negro, estava consciente do caráter revolucionário de sua
obra?
4) Em seu livro “A Evolução da Física” Einstein e Infeld indicam vários exemplos que permitem
explicar a noção de quantum. Indique um exemplo diferente daqueles dados no livro e identifique os
aspectos contínuos e quânticos.
5ª Aula: Newton x Huygens
"
82
Na quinta aula, após uma breve exposição histórica sobre a busca humana da compreensão da
natureza da luz, desde as teorias gregas até os trabalhos de Newton e Huygens, dois alunos,
previamente determinados na aula anterior, apresentaram um “jogral” através da encenação da
discussão fictícia entre Newton e Huygens em que aparece o duelo entre as visões das teorias
corpuscular e ondulatória. Esta discussão termina em uma experiência capaz de por fim ao duelo,
permitindo mostrar que a luz pode se curvar ao passar por um obstáculo muito pequeno. Ao final do
jogral voltamos a falar do significado, em cada uma das teorias (ondulatória e corpuscular), da
velocidade da luz, do éter, das gotas de luz, das sombras e da trajetória retilínea da luz, ressaltando a
importância da experiência na decisão entre uma teoria e outra.
6ª Aula: Experiência com Laser: a luz é uma onda?
Na sexta aula realizamos a experiência com o Laser para verificar se a luz ao passar por obstáculos
pequenos se curva demonstrando caráter ondulatório. Antes da experiência apresentamos uma breve
descrição do Laser e das propriedades do seu feixe. Indicamos as utilizações do Laser em miras de
armas, cirurgias médicas, entre outras. Para mostrar que não vemos a luz em sua trajetória, como é
comum aparecer em filmes de ficção científica, mas através de reflexões, jogamos giz em pó entre a
fonte Laser e o anteparo (parede do fundo da sala de aula) produzindo a “visualização” do feixe em
sua trajetória.
A experiência consistiu em colocar entre a fonte Laser e o anteparo diferentes objetos, observando a
sombra obtida. Sempre antes da observação os alunos procuravam fazer hipóteses tentando prever o
resultado da experiência. Após a colocação de cada objeto dávamos uma explicação baseada na
teoria corpuscular da Luz.
O feixe de Luz foi visualizado como uma chuva de corpúsculos e os objetos representavam “guarda-
chuvas” que impediam a luz de “molhar” a parede.
Começamos com um apagador, depois um giz. Um aluno sugeriu a colocação de uma folha de papel,
obtivemos uma situação curiosa, com o feixe incidindo no papel: era possível ver a luz do outro lado
do papel, porém o ponto luminoso da parede no fundo da sala desapareceu. Uma aluna disse que
isto significava a prova definitiva para a teoria corpuscular, pois, assim como os pingos da chuva
molham
uma folha de papel mas perdem sua trajetória retilínea, também a luz “molha” o papel e é absorvida
por ele.
Utilizamos também como obstáculo uma régua plástica, obtendo a divisão do feixe em duas
componentes, uma refletida e outra transmitida. Uma questão interessante que surgiu é a de como a
luz é capaz de atravessar o vidro. Explicamos de improviso o vidro como uma estrutura com
“buracos”, visando manter o modelo corpuscular. Muitos alunos não compreendiam como uma
partícula pode atravessar o vidro. Para trabalhar a situação utilizamos uma idéia parecida com a
minhoca atravessando a terra (uma investigação mais cuidadosa da obra de Newton poderia
fornecer-nos uma resposta mais conveniente de como a teoria corpuscular resolve este problema).
Assim, parte da luz passa através do vidro abrindo pequenos furos, como uma pedra caindo na água
e parte é refletida pelas moléculas do vidro.
Por fim colocamos no caminho do feixe um fio de cabelo gentilmente cedido por uma aluna. Antes da
realização do experimento todos os alunos concordavam que a imagem obtida seria a de um
pequeno círculo (projeção resultado da abertura do feixe Laser: ) com a sombra do cabelo dividindo
duas regiões de luz. A observação do padrão de difração foi emocionante e entre muitas
exclamações os alunos diziam um após o outro que a luz estava fazendo curva, saindo do seu
caminho reto, que a luz é uma onda. Utilizamos ainda como obstáculo para o feixe laser um C.D.,
emprestado por um aluno, do qual obtivemos também padrões de difração.
7ª Aula: O efeito fotoelétrico: A luz é uma partícula?
Na sétima aula mencionamos aos alunos os três temas fundamentais abordados por Einstein em
três artigos publicados em 1905: a teoria da relatividade, que abalou nossa concepção do espaço e
do tempo; o movimento browniano, uma observação fundamental para resolver a discussão da
existência real dos átomos; e, o efeito fotoelétrico, que faz renascer a discussão sobre a natureza da
luz. A explicação do efeito fotoelétrico foi feita seguindo basicamente o texto apresentado nas notas
de aula, em que Einstein, usando a hipótese de Planck, conseguiu explicar como a energia dos
elétrons arrancados independe da luz incidente, dependendo contudo da freqüência.
A grande maioria dos alunos não entendeu claramente a explicação do efeito fotoelétrico, porém
enfatizamos a utilização da hipótese quântica por Einstein e a conseqüente volta à questão sobre
qual é a natureza da luz.
Ao se dar conta do significado do efeito fotoelétrico uma aluna começou a gritar e acusar o professor
de estar confundindo profundamente “sua cabeça”, disse mais ou menos o seguinte:
"
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“professor não entendo mais nada, um dia você me convence de que a luz é uma partícula, depois
que é uma onda, e agora, que é uma partícula de novo. Estou ficando louca, fala logo o final”.
ao que respondemos que isto era apenas o começo do princípio da incerteza (nos dois sentidos).
Terminamos a aula comentando o trabalho de De Broglie sobre a natureza ondulatória da matéria e a
aparente concretização do sonho grego em explicar todo o mundo como uma só substância.
8ª Aula: Dualidade onda-partícula
Na oitava aula fizemos uma revisão dos conceitos apresentados com as molas e as diferentes
teorias para explicar a natureza da luz: Newton (corpuscular), Huygens (ondulatória) e Einstein
(Quântica). Indicamos a importância de estudar arranjos experimentais em que coexistissem os
aspectos ondulatório e de partícula da luz. Pensamos em como se dá a formação ponto a ponto do
padrão de interferência na experiência de Young se considerarmos a luz constituída de fótons
(experiência de Taylor - 1909).
Começamos a explicar o experimento a ser montado na próxima aula, o interferômetro de Mach-
Zehnder, sempre fazendo menção à experiência com molas.
Esta aula parece ter sido difícil, um aluno dormiu durante a aula, outros ficaram olhando para a
janela, poucos mostraram interesse pela explicação do interferômetro.
Ao final desta aula ficamos bastante tristes, parecia que tínhamos fracassado, a maioria dos alunos
apresentava uma expressão de dor e insatisfação. Apesar da importância de um bom planejamento
das aulas, percebemos que o ato de ensinar possui algumas variáveis, ligadas a aspectos subjetivos,
que não podemos e não devemos tentar controlar.
9ª Aula: O experimento com o interferômetro de Mach-Zehnder
Para esta aula chegamos antes do inicio da aula, preparamos o arranjo experimental do
interferômetro de Mach-Zehnder (veja Pessoa,1997 ou Fagundes, 1997) e após calibrar o sistema
mantivemos o laser desligado.
No inicio da aula usamos a lousa para explicar o arranjo experimental, identificamos os componentes
materiais (Laser, espelhos, anteparos, etc.) com suas representações desenhadas na lousa e
representadas nas notas de aula. É interessante notar que a mesma explicação que havia sido dada
na aula anterior causou uma reação totalmente diferente, mesmo com o laser ainda desligado, os
alunos fizeram perguntas e procuraram entender cada trecho da explicação.
Durante a explicação clássica do interferômetro buscamos referir-nos aos conceitos de semi
reflexão, onda, interferências construtiva e destrutiva, sempre lembrando o estudo das molas.
Após ligado o laser os alunos em pequenos grupos, uns após outros, dirigiram-se até os anteparos
(detetores D1 e D2) para observar o padrão de interferência obtido. Na verdade há uma diferença
entre a descrição teórica e a experimental, para o caso de um interferômetro didático, associada à
calibração dos ângulos e das distâncias, ao invés de obtermos a interferência construtiva em D1 e
destrutiva em D2 (veja Pessoa, 1997) obtemos um padrão de interferência em ambos os anteparos
D1 e D2.
Ao final das observações desmontamos o equipamento, ressaltamos o aspecto ondulatório da luz e
passamos a expor as dificuldades da montagem experimental de forma a obter a geometria desejada.
Durante uma exposição rápida dos cuidados para montar o interferômetro usando frases como
“deveríamos medir esta distância, deveríamos calibrar este ângulo, esta altura”, incidentalmente
obtivemos um padrão de interferência magnífico, estando muito próximo da condição limite, em que
há interferência construtiva somente em D1 e destrutiva somente em D2 (veja Pessoa, 1997). Alguns
alunos então puderam rever a figura de interferência bem mais nítida.
10ª Aula: Interpretações quânticas
Na décima aula discutimos o interferômetro para um único fóton de forma a conseguir a condição
quântica. Quando perguntamos aos alunos qual o caminho que deveria ser seguido pelo fóton,
esperávamos que todos os alunos concordassem com a idéia de que a interferência deixaria de
existir, mas alguns alunos parece que não “caíam” mais nas induções do professor e olhavam cada
resposta com desconfiança de que poderiam estar sendo enganados. Acreditamos que isto se deu
pelas situações anteriores (com a difração, por exemplo) em que as previsões dos alunos foram
desconfirmadas pela experiência. Não podemos esquecer contudo que alguns deles leram as notas
de aula antes da aula. Ficamos assim com a classe dividida em dois grupos, os que concordaram
com o professor e os que pensavam (ou sabiam) que o padrão de interferência deveria ser mantido,
com cada fóton interferindo consigo mesmo.
Infelizmente para a definição do impasse não dispomos de uma experiência que possa ser realizada
em sala de aula. Havíamos preparado um programa em Visual Basic para mostrar a trajetória do
fóton, porém a sala com os computadores da escola estava sendo utilizada pela delegacia de ensino
"
84
para ministrar cursos de introdução à informática aos professores da escola e de escolas vizinhas,
ocupando a sala o ano todo.
Tivemos que ler as notas de aulas e pedir para os alunos confiarem no que elas diziam. Para explicar
por qual caminho rumou o fóton utilizamos as três interpretações, de Schrödinger, de De Broglie e de
Bohr. Cada aluno parece ter gostado mais dessa do que daquela interpretação, a maioria demostrou
interesse maior pela interpretação da Dupla Solução de De Broglie (preferida do professor) que talvez
tenha sido mais enfatizada inconscientemente, apesar do esforço de mantermos uma neutralidade
subjetiva e enfatizarmos que todas eram equivalentes para este experimento.
Um grupo de alunos parece não ter aceito a possibilidade de existirem diferentes interpretações para
um mesmo fenômeno, principalmente por possuírem aspectos contrários. Com ar de desconfiança,
um aluno perguntou: “como duas pessoas podem dizer coisas contrárias e as duas estarem certas?”
11ª Aula: Analisando o perfil epistemológico
Na décima primeira aula foram entregues para os alunos os gráficos dos Perfis Epistemológicos de
cada um. Desenhamos um modelo na lousa explicando o significado de cada uma das filosofias:
animismo, realismo, racionalismo e ultraracionalismo. Ressaltamos que não há superioridade, nem
qualquer “vantagem” em possuir um perfil específico, mas que cada pessoa possui uma tendência a
pensar à luz de determinada maneira.
Os alunos receberam de volta o teste que realizaram antes das aulas de física Quântica e puderam
rever suas respostas e o resultado do teste. Mostramos que nosso estudo possui diferentes formas
de ver a luz e que a própria Física Quântica possui diferentes interpretações como havíamos
estudado com o interferômetro.
Enquanto os alunos reviam suas respostas para o teste, andamos pela classe e perguntamos para
alguns dos alunos se concordavam com o resultado do Perfil Epistemológico.
Alguns alunos parecem ter ficado alegres olhando para seus gráficos como que para um espelho.
Outros reclamaram dizendo que o teste estava errado, que não concordavam. Para uma aluna que
obteve o máximo no animismo, por exemplo, perguntamos se gostava de desenhos animados, contos
de fada ou algo deste tipo, ao que ela respondeu afirmativamente, mas disse que o que ela gosta de
fazer não deve estar associado à escola. Parece que alguns alunos acreditavam numa diferença
entre o conhecimento escolar e o não escolar como se eles fossem separáveis. Esperamos que este
teste tenha contribuído para começar a romper esta diferença. Outro aluno que obteve o máximo no
racionalismo perguntou como um teste sem contas poderia estar indicando que ele é bom em
matemática.
Um fato interessante foi um aluno perguntar como seria o Perfil Epistemológico de Einstein e do
poeta Tagore. Devolvemos a pergunta, ao que ele respondeu que Einstein deveria ser mais ultra-
racionalista enquanto Tagore seria mais realista.
Disse a ele que era uma boa interpretação, mas que talvez Einstein fosse mais realista e Tagore
ultra-racionalista.
Alguns cientistas mais famosos, como Albert Einstein, são associados a gênios, à perfeição.
Acreditamos que por isto a maioria dos alunos atribuiria a Einstein uma visão mais moderna, apesar
de sabermos, e ter sido dito também em aula, que ele não aceitava algumas interpretações da
mecânica quântica como as ligadas a descrições estatísticas.
Ao final da aula solicitamos como tarefa que os alunos escrevessem um relatório final com suas
impressões sobre o curso como um todo, ressaltando o que gostaram e o que não gostaram das
aulas de Física Quântica.
12ª Aula: Apresentação dos trabalhos culturais
Nesta aula realizamos a apresentação dos trabalhos culturais. Como não teríamos outras aulas, os
trabalhos não puderam ser apresentados um a um e optamos por uma “exposição anárquica”. Os
alunos mostraram seus trabalhos aos outros, todos ao mesmo tempo. Andamos pela sala e visitamos
cada um dos trabalhos. Ninguém permaneceu sentado, as carteiras e cadeiras foram desarrumadas.
Quem olhasse de fora veria uma aparente “bagunça”, uns cantando, outros lendo, outros mostrando
maquetes, peças de um computador, cartazes. Parecia uma feira livre, uma verdadeira bagunça. Um
bom “carnaval quântico”.
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Durante a apresentação eles devem comentar sobre a aplicação destes conceitos ao funcionamento
de um refrigerador, o processo de troca de calor que ocorre no interior do refrigerador, a convecção,
explicando, ainda, como ocorre o congelamento no interior da geladeira.
Para este tema gerador, (máquinas térmicas), os assuntos que podem ser abordados no projeto são:
� Conceitos de Temperatura e Calor;
� Processos de Troca de Calor;
� Dilatação Térmica;
� História das Máquinas Térmicas;
� Lei dos Gases Ideais;
� 1ª Lei da Termodinâmica;
� 2ª Lei da Termodinâmica.
As competências e habilidades que os alunos devem ter ao final da etapa são as listadas a seguir:
� identificar e avaliar elementos importantes para as variações de temperatura;
� identificar fontes de energia térmica;
� descrever como as substâncias trocam calor entre si e o meio externo;
� explicar o processo de transformação da energia;
� descrever o funcionamento das máquinas térmicas identificando elementos que proporcionam
trocas de calor;
� identificar fenômenos, fontes e sistemas que proporcionam troca de calor;
� relacionar e identificar a variação de energia térmica e temperatura para avaliar mudanças na
temperatura em fenômenos que envolvam aplicações tecnológicas.
Após a apresentação sobre o refrigerador, os alunos devem receber orientações de como concluir o
projeto e como preparar a apresentação final juntamente com a construção de um experimento
simples que possa ilustrar os conceitos tratados no respectivo projeto. Além disso, devem responder
às questões a seguir relacionadas em uma pesquisa feita durante as aulas nas pastas que eles
mesmos deverão montar.
Esta etapa do projeto dura, em média, dois meses.
Questões para responder no decorrer do projeto:
1. Fazer um breve desenvolvimento histórico das máquinas térmicas.
2. Como se dá a troca de calor nos corpos?
3. O que é calor? E do que depende?
4. Definir os conceitos de calor e trabalho.
5. Definir:
a) transformação isobárica;
b) transformação isotérmica;
c) transformação isovolumétrica.
6. Quais as variáveis fundamentais no estudo dos gases?
7. Explicar o modelo microscópico das moléculas de um gás.
8. Como funciona um motor a vapor?
9. Como funciona um motor à explosão?
10. Quais os conceitos físicos que podemos estudar num motor à explosão?
11. O que é uma máquina térmica?
12. Como funciona um refrigerador?
13. Como se determina o rendimento de uma máquina térmica?
14. Enunciar a primeira lei da Termodinâmica.
15. Enunciar a segunda lei da Termodinâmica.
16. Como funciona uma usina termelétrica?
17. O que as máquinas térmicas fazem com o meio ambiente?
18. O que as indústrias podem fazer para evitar a poluição?
19. Quais os gases emitidos pelas máquinas térmicas que poluem o meio ambiente?
a) No motor de automóveis.
b) No refrigerador.
Produto Final deste projeto
O grupo deverá, ao final do projeto, responder às questões propostas, mas na forma de um seminário
que deverá ser apresentado aos colegas. Neste seminário deverão explicar o funcionamento das
máquinas térmicas, levando em conta os fatos históricos e um desenvolvimento tecnológico. Explicar,
utilizando esquemas e figuras que demonstrassem as máquinas térmicas e funcionamento.
Deverão ainda construir um pôster procurando mostrar aos colegas a Física existente nas máquinas
térmicas, destacando as relações e diferenças entre o motor e o refrigerador.
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No exemplo acima, o grupo escolheu construir uma mini usina termelétrica. Eles utilizaram a sugestão
de Valadares (2000) e adaptaram ao contexto da escola.
Experimento: mini-usina termelétrica
Material utilizado: uma lata de refrigerante fechada, mas vazia; arame para fazer de suporte, uma lata
com algodão embebido no álcool, um catavento preso à lata.
Montagem: o grupo montou o experimento antes da aula; na aula anterior eles trouxeram para
verificar se estava bom e se iria funcionar.
Procedimento: o experimento mostrava que a água dentro da lata de refrigerante, quando aquecida,
fazia girar um catavento construído com material também de lata de refrigerante.
O grupo montou o catavento procurando diminuir o atrito entre a haste e o catavento durante o
movimento.
Eles explicaram que o funcionamento do experimento mostra que a energia térmica pode gerar
energia de movimento. Falaram da importância do conceito de calor, e ainda fizeram uma relação da
usina com o motor de carro e o refrigerador.
Após esta apresentação, os alunos devem receber orientações para prosseguir na pesquisa com os
conteúdos estudados no respectivo projeto.
Assuntos que podem ser abordados neste projeto:
� movimento oscilatório;
� amplitude, período, freqüência, velocidade e comprimento de onda;
� ondas e propagação;
� ondas transversais e longitudinais;
� fenômenos ondulatórios;
� som, infra-som e ultra-som;
� meios de propagação e velocidade;
� qualidades fisiológicas do som - altura, timbre e intensidade;
� relação entre som e pressão;
� efeito Doppler;
� instrumentos musicais - corda e sopro;
� fala humana e audição.
As competências e habilidades que devem adquirir ao final da etapa são as seguintes:
� descrever fenômenos ondulatórios e relacioná-los com a produção do som;
� identificar fenômenos que produzam diferentes sons e reconhecer suas características;
� associar o conceito de som com as diferentes qualidades e grandezas físicas envolvidas neste
assunto;
� explicar o funcionamento do ouvido humano e identificar situações de desconforto para a audição;
� identificar instrumentos musicais e suas características quanto à produção de som.
As questões que devem responder nas aulas, utilizando o material das pastas do projeto, as quais
devem ser respondidas na apresentação final, são as seguintes:
1. Explicar o movimento oscilatório de um corpo.
2. Como uma onda se propaga numa corda?
3. Quais as características principais de uma onda?
4. O que é amplitude de uma onda?
5. O que é freqüência e período de uma onda?
6. Do que depende a velocidade de uma onda?
7. Que tipo de onda o som é?
8. Qual a velocidade do som no ar?
9. A velocidade do som mudará se mudar o meio de propagação?
10. Quais as qualidades fisiológicas do som?
11. Definir:
a) altura do som;
b) intensidade do som;
c) timbre do som.
12. O que distingue o som grave do som agudo?
13. Como identificamos que o ambiente tem poluição sonora?
14. Como você pode distinguir um tom puro, um som complexo e um ruído?
15. De que forma o som é produzido pelo ser humano?
16. De que forma percebemos o som? Como isto acontece?
17. Explicar o Efeito Doppler:
18. Como um som é produzido num instrumento de corda, como um violão?
19. Como o som é produzido num instrumento de sopro, como uma flauta?
20. Definir:
a) infra-som;
b) ultra-som.
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A idéia da atividade experimental será mostrar como o som é produzido através das cordas, ou
melhor, os elásticos amarrados nos pregos da ripa.
Eles demonstraram e explicaram novamente que a freqüência do som muda de acordo com a
espessura da corda.
OUTRAS SUGESTÕES DE PROJETOS QUE PODEM SER DESENVOLVIDOS.
b) granizo;
c) a geada.
12. O efeito estufa é necessário ou não para a vida?
13. O que causa a poluição nas grandes cidades?
14. Como podemos contribuir para preservar a camada de ozônio?
15. Você deixaria de usar um produto só porque ele emprega CFC?
16. Citar os meios de transporte que não poluem ou poluem pouco?
17. O que a poluição pode causar à saúde dos indivíduos?
18. Qual a relação entre temperatura, pressão e volume de um gás?
Produto Final deste projeto
O grupo deverá ao final do projeto responder às questões propostas, mas na forma de um seminário
que deverá ser apresentado aos colegas.
Neste seminário deverão explicar o que as máquinas térmicas e os avanços tecnológicos podem
causar ao meio ambiente e o que a população deve fazer para evitar problemas ambientais.
Explicar utilizando esquemas, maquetes ou figuras os efeitos das tecnologias no ambiente em que
vivemos.
Deverão ainda construir um pôster procurando mostrar aos colegas a Física existente nas variações
climáticas no planeta e os principais fatores que fazem ocorrer fenômenos como el niño, efeito estufa,
“furo” na camada de ozônio. No pôster deverá ter dicas de como evitarmos estes fenômenos que
causam grandes variações climáticas no planeta.
Ao final do projeto, deverão apresentar um experimento que demonstre a relação entre avanços
tecnológicos e a poluição atmosférica.
c) Microscópio;
d) Projetor de slides ou filmes;
e) Retroprojetor.
16. Quais as duas naturezas da luz?
17. Explicar a teoria ondulatória para a luz?
18. Explicar a teoria corpuscular para a luz?
19. Qual a velocidade da luz no vácuo? Esta velocidade aumenta ou diminui em outros meios?
Produto Final deste projeto
O grupo deverá ao final do projeto responder às questões propostas, mas na forma de um seminário
que deverá ser apresentado aos colegas.
Neste seminário deverão explicar o funcionamento de dispositivos ópticos e determinadas funções
suas na sociedade. O grupo deverá utilizar os recursos ópticos e demonstrar aos colegas o seu
funcionamento e suas partes. A Física envolvida nos dispositivos é muito interessante e isto o grupo
deverá demonstrar na apresentação.
Deverão também construir alguns dispositivos com material reciclado para demonstração aos
colegas, como por exemplo: uma máquina fotográfica, um projetor de slides ou uma luneta.
Deverão ainda construir um pôster procurando mostrar aos colegas a Física existente nos
dispositivos ópticos.
A cada final de mês deverão responder questões ou entregar um relatório das atividades que
desenvolveram no período, são avaliações que dependem do comprometimento nas atividades
desenvolvidas.
a) lente convergente;
b) lente divergente.
11. Qual a distância máxima que um objeto pode estar para que a visão seja clara e bem definida?
12. Por que a pessoa que tem miopia deve utilizar uma lente divergente para corrigir o defeito?
13. Por que uma pessoa que tem hipermetropia deve utilizar uma lente convergente para corrigir o
defeito?
14. O que é presbiopia e qual a correção que pode ser feita?
15. O que é astigmatismo e qual a correção que pode ser feita?
16. O que é estrabismo e qual a correção que pode ser feita?
17. O que é o daltonismo e como pode ser corrigido?
18. Quais os tipos de células fotossensíveis existentes na retina?
19. Qual a função das células fotossensíveis?
20. De que forma a informação lida pelas células fotossensíveis é transmitida ao cérebro?
Produto Final deste projeto
O grupo deverá ao final do projeto responder às questões propostas, mas na forma de um seminário
que deverá ser apresentado aos colegas.
Neste seminário deverão explicar como o olho humano capta as imagens e transmite ao cérebro;
explicar como os defeitos da visão podem ser corrigidos utilizando as lentes.
Explicar utilizando esquemas e figuras que demonstrem como as lentes podem ser utilizadas para a
correção dos defeitos da visão.
Deverão ainda construir um pôster procurando mostrar aos colegas a Física existente na formação da
imagem no olho humano e como é possível corrigir alguns problemas de visão.
Deverão construir experimentos para demonstrar aos colegas como a imagem é formada na retina,
como um altônico enxerga, e algumas atividades que demonstrem a acomodação óptica das cores.
A cada final de mês deverão responder questões e entregar um relatório das atividades que
desenvolveram no período, são avaliações que dependem do comprometimento nas atividades
DESENVOLVIDAS.
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Deverão ainda construir um pôster procurando mostrar aos colegas como é formado o espectro
eletromagnético e as principais características das ondas eletromagnéticas, identificando as
diferentes aplicações que utilizam este tipo de onda.
Construir experimentos para demonstrar como as ondas eletromagnéticas se propagam e
experimentos que demonstrem as diferentes formas de ondas e suas aplicações. Por exemplo, ondas
de rádio, de TV, ondas da luz visível.
A cada final de mês deverão responder questões e entregar um relatório das atividades que
desenvolveram no período; são avaliações que dependem do comprometimento nas atividades
desenvolvidas.
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Os problemas ambientais que elas podem causar ao meio. Explicar utilizando esquemas, maquetes
ou figuras os efeitos das tecnologias no ambiente em que vivemos.
Deverão ainda construir um pôster procurando mostrar aos colegas a Física implicada na
transformação da energia e suas principais características.
Ao final do projeto deverão apresentar um experimento que demonstre a relação entre avanços
tecnológicos utilização da diferentes formas de energias no mundo de hoje. Por exemplo a utilização
da energia solar, eólica, termelétrica para geração de outras formas de energia.
A cada final de mês deverão responder questões e entregar um relatório das atividades que
desenvolveram no período, são avaliações que dependem do comprometimento nas atividades
desenvolvidas.