Algebra II UEPA PDF
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ALGEBRA
Rubens Vilhena Fonseca
ELABORAO DO CONTEDO
Rubens Vilhena Fonseca
EDITORAO ELETRONICA
Odivaldo Teixeira Lopes
REALIZAO
SUMRIO
APRESENTAO ............................................................................................................................ 9
INTRODUO ................................................................................................................................11
UNIDADE I - RELAES .........................................................................................................................13
1.1. RELAES BINRIAS E SUAS PROPRIEDADES ..................................................................................................13
1.2. RELAO DE EQUIVALNCIA .......................................................................................................................18
1.3. RELAO DE ORDEM.................................................................................................................................19
I IDENTIFICAO:
DISCIPLINA: LGEBRA
Unidade I Relaes
1.1. Relaes binrias e suas propriedades
1.2. Relaes de equivalncia
1.3. Relaes de ordem
1.4. Limites superiores e inferiores, supremo e nfimo, mximo e mnimo, maximal e
minimal.
O sculo dezenove, mais do que qualquer perodo precedente, mereceu ser conhecido
como Idade urea da matemtica. O que se acrescentou ao assunto durante esses cem anos
supera de longe, tanto em quantidade quanto em qualidade , a produtividade total combinada
de todas as pocas precedentes.
Em 1892 um novo mundo na geometria foi descoberto por Lobachevsky, um russo que
tivera um professor alemo, e em 1874 o campo da anlise fora assombrado pela matemtica
do infinito introduzido por Cantor, um alemo nascido na Rssia. A Frana j no era mais o
centro reconhecido do mundo matemtico, embora fornecesse a carreira meterica de variste
Galois (1811 1832). O carter internacional do assunto se percebe no fato de as duas
contribuies mais revolucionrias na lgebra terem sido feitas, em 1843 e 1847, por
matemticos que ensinavam na Irlanda, embora, os contribuidores mais prolficos lgebra
do sculo dezenove tenham sido os ingleses que passaram algum tempo na Amrica, - Arthur
Caley (1821 1895) e J. J. Sylvester (1814 1897) e foi principalmente na universidade de
onde esses provinham, Camdridge, que se deu o aparecimento da lgebra moderna.
O ponto de virada na matemtica inglesa veio em 1815, o algebrista George Peacock
(1791 1858) no produziu resultados novos notveis em matemtica, mas teve grande
importncia na reforma do assunto na Inglaterra, especialmente no que diz respeito lgebra.
Num esforo para justificar as idias mais amplas na lgebra, Peacock em 1830 publicou seu
Treatise on Algebra, em que procurou dar lgebra uma estrutura lgica comparvel de Os
elementos de Euclides. A lgebra de Peacock tinha sugerido que os smbolos para objetos na
lgebra no precisam indicar nmeros, e Augustus De Morgan (1806 1971) arga que as
interpretaes dos smbolos para as operaes eram tambm arbitrrias; George Boole
(1815 1864) levou o formalismo sua concluso. A matemtica j no estava limitada a
questes de nmero e grandeza contnua. Aqui pela primeira vez est claramente expressa a
idia de que a caracterstica essencial da matemtica no tanto seu contedo quanto sua
forma. Se qualquer tpico apresentado de tal modo que consiste de smbolos e regras
precisas de operao sobre smbolos, sujeitas apenas exigncia de consistncia interna, tal
tpico parte da matemtica.
A multiplicidade de lgebra inventadas no sculo dezenove poderia ter dado
matemtica uma tendncia centrfuga se no tivessem sido desenvolvidas certos conceitos
estruturais. Um dois mais importantes desses foi a noo de grupo, cujo papel unificador na
geometria j foi indicado. Na lgebra o conceito de grupo foi sem dvida a fora mais
importante par a coeso , e foi um fator essencial no surgimento das idias abstratas. No
houve uma pessoa responsvel pelo surgimento da idia grupo, mas a figura que mais se
sobressai neste contexto foi o homem que deu o nome a esse conceito, o jovem variste
Galois, morto tragicamente antes de completar vinte anos. A obra de Galois foi importante
no s por tornar a noo abstrata de grupo fundamental na teoria das equaes, mas tambm
por levar, atravs das contribuies de J. W. R. Dedekind (1831 1916), Leopold Kronecker
(1823 1891) e Ernst Eduard Kummer (1810 1893), ao que se pode chamar tratamento
aritmtico da lgebra, algo parecido com a aritmetizao da anlise, isto significa o
desenvolvimento de um cuidadoso tratamento postulacional da estrutura algbrica em termos
de vrios corpos de nmeros.
A Itlia tinha parte um tanto menos ativa no desenvolvimento da lgebra que a Frana,
a Alemanha e a Inglaterra, mas durante os ltimos anos do sculo dezenove houve
matemticos italianos que se interessaram profundamente pela lgica matemtica. O mais
conhecido desses foi Giuseppe Peano (1858 1932) cujo nome lembrado hoje em conexo
com os axiomas de Peano dos quais dependem tantas construes rigorosas da lgebra e da
anlise.
O alto grau de abstrao formal que se introduziu na anlise, geometria e topologia no
comeo do sculo vinte no podia deixar de invadir a lgebra. O resultado de um novo tipo
de lgebra, s vezes inadequadamente descrito como "lgebra moderna", produto em grande
parte do segundo tero do sculo. de fato verdade que um processo gradual de
generalizao na lgebra tinha sido desenvolvido no sculo dezenove, mas no sculo vinte o
grau de abstrao deu uma virada brusca, pois x e y j no representavam mais
necessariamente nmeros desconhecidos (reais ou complexos) ou segmentos, como na obra
de Descartes; agora podiam designar elementos de qualquer tipo substituies, figuras
geomtricas, matrizes, polinmios, funes, etc.
A notvel expanso da matemtica aplicada no sculo vinte de modo algum diminuiu
o ritmo do desenvolvimento da matemtica pura, nem o surgimento de novos ramos diminuiu
o vigor dos antigo.
Os conceitos fundamentais da lgebra moderna (ou abstrata), topologia e espaos
vetoriais foram estabelecidos entre 1920 e 1940, mas a vintena de anos seguinte viu uma
verdadeira revoluo nos mtodos da topologia algbrica que se estendeu lgebra e
anlise, resultando uma nova disciplina chamada lgebra homolgica. A lgebra homolgica
um desenvolvimento da lgebra abstrata que trata de resultados vlidos para muitas espcies
diferentes de espaos uma invaso do domnio da lgebra pura pela topologia algbrica.
Nunca antes a matemtica esteve to unificada quanto hoje, pois os resultados desse ramo
tm aplicao to ampla que as etiquetas antigas, lgebra, , anlise, geometria, j no se
ajustam aos resultados de pesquisas recentes.
A maior parte do enorme desenvolvimento durante os vinte anos seguintes Segunda
Grande Guerra Mundial teve pouco que ver com as cincias naturais, sendo estimulada por
problemas dentro da prpria matemtica pura; no entanto durante o mesmo perodo as
aplicaes da matemtica cincia se multiplicaram incrivelmente. A explicao dessa
anomalia parece clara : a abstrao e percepo de estruturas tem tido papel cada vez mais
importante no estudo da natureza, como na matemtica. Por isso mesmo em nossos dias de
pensamento superabstrato, a matemtica continua a ser a linguagem da cincia, tal como era
na antigidade. No entanto, loucura e sabedoria esto to misturadas na sociedade humana
que h agora uma possibilidade muito real de que a matemtica do homem se torne um dia o
instrumento de sua prpria destruio.
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UNIDADE I - RELAES
1.1. RELAES BINRIAS E SUAS PROPRIEDADES
PRODUTO CARTESIANO
Definio:
Sejam A e B dois conjuntos no vazios. Chama-se produto cartesiano de A por B o conjunto formado
por todos os pares ordenados (x , y) tais que o primeiro elemento x pertence ao conjunto A e o segundo elemento
y pertence ao conjunto B .
Este conjunto produto representa-se por AxB, que se l "A por B" , "A vezes B" ou "A cartesiano
B". Simbolicamente, temos:
AxB = { (x , y) x A e y B }
n(AxB) = n(A).n(B)
Exemplos:
01. Sejam os conjuntos: A = {1, 2, 3} e B = { 1, 2}. Temos:
AxB = {(1,1); (1,2); (2,1); (2,2); (3,1); (3,2)} e BxA = {(1,1); (1,2); (1,3); (2,1); (2,2); (2,3)}
O produto cartesiano de dois conjuntos pode ser representado por um diagrama cartesiano, por uma tabela de
dupla entrada ou por um diagrama sagital.
Diagrama Cartesiano
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AxB 1 2 BxA 1 2 3
3 (3,1) (3,2)
Diagrama Sagital
RELAO
Definio:
Sejam A e B dois conjuntos no vazios. Chama-se de relao binria de A em B ou apenas relao de
A em B todo subconjunto R de A x B , isto :
R relao de A em B R AxB
A definio deixa claro que toda relao um conjunto de pares ordenados. Para indicar que (a,b) R
usaremos algumas vezes a notao a R b (l-se "a erre b" ou "a est relacionado com b segundo R"). Se
(a,b) R , escrevemos
Os conjuntos A e B so denominados, respectivamente, conjunto de partida e conjunto de chegada da
relao R .
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Exemplos:
01. Sejam os conjuntos A = { 1, 2, 3, 4 } e B = { 1, 3, 5, 7, 9 }. Qualquer subconjunto de A x B uma
relao de A em B, assim, as relaes abaixo so relaes de A em B :
a) R1 = {(1,1); (1,3); (1,5); (1,7); (1,9)}
b) R2 = {(1,1); (2,3); (3,5); (4,7)}
c) R3 = {(2,1); (1,3)}
d) R4 = AxB
e) R5 =
f) R6 = {(x,y) AxB x + 5 < y } = {(1,7); (1,9); (2,9); (3;9)}
03. A relao R10 = {(x,y) 2 (x 4)2 + (y 3)2 < 4 }possui a seguinte representao :
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Chama-se de imagem de R o subconjunto de B constitudo pelos elementos y para cada um dos quais
existe algum x em A tal que (x,y) R e denota-se por Im(R).
Im(R) = { y B x A ; (x,y) R}
Em outras palavras, D(R) o conjunto formado pelos primeiros termos dos pares ordenados que
constituem R e Im(R) formado pelos segundos termos dos pares de R .
Exemplos:
01. Aproveitando os exemplos anteriores de relao, temos que :
a) D(R1) = {1} e Im(R1) = B
b) D(R2) = A e Im(R2) = {1, 3, 5, 7}
c) D(R5) = e Im(R1) =
d) D(R6) = {1, 2, 3 } e Im(R6) = {7, 9}
e) D(R8) = e Im(R8) =
f) D(R10) = ]2 , 6[ e Im(R10) = ]1 , 5[
02. A relao R10 = {(x,y) 2 (x 4)2 + (y 3)2 > 4 }possui a seguinte representao:
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R1 = { (y,x) B x A (x,y) R }
Exemplos :
01. Aproveitando os exemplos anteriores de relao, temos que :
a) R11 = {(1,1); (3,1); (5,1); (7,1); (9,1)}
b) R21 = {(1,1); (3,2); (5,3); (7,4)}
c) R31 = {(1,2); (3,1)}
d) R41 = BxA
e) R51 =
f) R61 = {(x,y) BxA y + 5 < x } = {(y,x) BxA x + 5 < y }
g) R71 = {(x,y) 2 x = y }
h) R81 = {(x,y) 2 2y + 4x 8 = 0 }
i) R91 = {(x,y) 2 y x + 2 < 0 }
j) R101 = {(x,y) 2 (y 4)2 + (x 3)2 < 4 }
Sugerimos ao aluno que represente as relaes inversas no plano cartesiano e faa uma analogia com a
respctivarelao definida anteriormente.
Qual a concluso que podemos tirar quando representamos a relao R e sua inversa R1 ?
Propriedades
Seja R uma relao em A. Ento podemos verificar as seguintes propriedades:
REFLEXIVA
Diz-se que R reflexiva quando a condio abaixo est satisfeita :
( x A ; tem-se xRx )
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SIMTRICA
Diz-se que a R simtrica quando a condio abaixo est satisfeita :
(x, y A; xRy yRx )
TRANSITIVA
Diz-se que R transitiva quando a condio abaixo est satisfeita :
( x, y e z A; xRy e yRz xRz )
ANTI-SIMTRICA
Diz que R e anti-simtrica quando a condio abaixo est satisfeita :
( x, y A; xRy e yRx x = y )
Exemplos:
01. Seja A = {1, 2, 3, 4}. Ento podemos classificar as relaes abaixo em :
a) R1 = {(1,1); (1,2); (2,1); (2,2)} Simtrica e Trantsitiva
b) R2 = {(1,1); (2,2); (3,3); (4,4)} Reflexiva, Simtrica, Transitiva e Anti-simtrica
c) R3 = {(1,2); (2,3); (1,3)} Anti-simtrica e Transitiva
d) R5 = AxA Reflexiva, Simtrica e Transitiva
e) R5 = Simtrica, Transitiva e Anti-simtrica
02. A relao R definida por xRy x y , sobre o conjunto dos nmeros reais uma relao reflexiva, anti-
simtrica e transitiva.
03. A relao R definida por xRy xy (x divide y) ,sobre o conjunto dos inteiros positivos e uma relao
reflexiva, anti-simtrica e transitiva.
04. Sendo A o conjunto das retas do espao, a relao R definida por xRy x // y , uma relao reflexiva,
simtrica e transitiva.
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Exemplos:
01. Sendo A o conjunto das retas do espao, a relao R definida por xRy x // y , uma relao de
equivalncia.
02. A relao R definida por xRy x y , sobre o conjunto dos nmeros reais uma relao de ordem.
03. A relao R definida por xRy xy (x divide y) ,sobre o conjunto dos inteiros positivos e uma relao de
ordem.
04. A relao R definida por xRy x y = 3k (onde k um inteiro), sobre o conjunto dos inteiros positivos e
uma relao de equivalncia.
Observao : Se R uma relao de ordem em A e todos os elementos de A esto relacionados, ento diz-se
que R uma relao de ordem total, caso contrrio, diz-se que R uma relao de ordem parcial.
CLASSES DE EQUIVALNCIA
Definio:
Sejam R uma relao sobre o conjunto A e o elemento a A. Chama-se de classe de equivalncia
determinada por a, mdulo R, o subconjunto de A, definido por :
a = { x A xRa } ou a = { x A aRx }
CONJUNTO QUOCIENTE
Definio:
Sejam R uma relao de equivalncia sobre o conjunto A. O conjunto formado por todas as classes de
equivalncia gerada pelos elementos de A denominado de conjunto quociente e denotado por A/R.
Exemplos
01. As relaes abaixo definidas so relaes de equivalncia em A = {1, 2, 3, 4}:
a) R1 = {(1,1); (1,2); (2,1); (2,2); (3,3); (4,4)}
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1 = 2 = { 1, 2} ; 3 = 4 = {3, 4}
A/R = { (1, 2}; {3,4}}
a = { a, b, c} = b = c
d = {d, e} = e
f = {f }
A/R = { {a, b, c}; {d, e}; {f } }
Teorema
Sejam R uma relao de equivalncia sobre A e os elementos a, b A. As seguintes proposies so
equivalentes :
aRb a a
ab b a
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DIAGRAMA SIMPLIFICADO
Exemplo:
A relao R definida por xRy xy (x divide y), sobre o conjunto A = {1, 2, 3, 4, 6, 8} uma relao de ordem,
isto , R = {(1,1); (1,2); (1,3); (1,4); (1,6); (1,8); (2,2); (2,4); (2,6); (2,8); (3,3); (3,6); (4,4); (4,8); (6,6); (8,8)}.
Para fazermos o diagrama simplificado vale as seguintes regras para construo do diagrama:
* Se (1,2) R, ento 1 2;
* Se (1,2), (2,4) e (2,4) R, ento 1 2 4, isto , no h necessidade de indicar 1 4;
* Considerando que toda relao de ordem uma relao reflexiva, fica subtendido a existncia de um lao em
torno de todo par (x,x) R;
Deixamos ao aluno apresentar outras relaes de ordem com seus respectivos diagramas simplificados.
Definies:
Seja R uma relao de ordem em A e B um subconjunto de A.
Dizse que L A um limite superior de B quando todo x B precede L.
Dizse que l A um limite inferior de B quando todo x B precedido por l.
Chamase de supremo do conjunto B ao menor dos limites superiores, caso exista.
Chamase de nfimo do conjunto B ao maior dos limites inferiores, caso exista.
Um elemento M B um mximo de B, quando ele for um limite superior de B.
Um elemento m B um mnimo de B, quando ele for um limite inferior de B.
Dizse que M0 B maximal de B, se o nico elemento de B precedido por M0 o prprio.
Dizse que m0 B minimal de B, se o nico elemento de B que precede m0 o prprio.
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Exemplos:
01. Sejam a relao R definida por xRy x y sobre o conjunto A = e o subconjunto B = [ 0 , 1] de A.
B
0 1
B
0 1
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Simbolicamente:
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02. A diviso de racionais no nulos uma operao interna no conjunto dos nmeros
racionais no nulos, porque:
x
(x,y) Q x Q Q
y
03. Observe que a diferena de nmeros naturais no uma operao interna em N, porm, a
mesma operao definida no conjunto dos nmeros inteiros uma operao interna em Z.
05. Justifique porque a operao xy no uma operao interna no conjunto dos nmeros
racionais.
Uma operao num conjunto finito A pode ser definida por meio de uma tabela de
dupla entrada que indique o composto x y correspondente a cada par ordenado (x,y) de
elementos de A, denominada de tbua da operao em A.
Exemplos:
01. A operao definida por x y = mdc(x,y) em A = {1, 2, 3, 4} pode ser representada pela
seguinte tbua :
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* 1 2 3
1 1 1 1
2 1 2 1
3 1 1 3
02. A operao definida por x y = x y em A = ({1, 2}) pode ser representada pela
seguinte tbua :
{1} {2} { 1, 2}
{1} {1} {1}
{2} {2} {2}
{ 1, 2} {1} {2} { 1, 2 }
Sugerimos ao leitor que faa a construo da tbua utilizando a operao de reunio.
IDEMPOTNCIA
Diz-se que a operao em A idempotente se, e somente se, para todo elemento x de
A tem-se xx = x .
ASSOCIATIVA
Diz-se que a operao em A associativa quando, quaisquer que sejam os elementos
x, y e z de A, tem-se x ( y z ) = ( x y ) z .
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COMUTATIVA
Diz-se que a operao em A comutativa quando, quaisquer que sejam os
elementos x e y de A, tem-se x y = y x .
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Proposio
Seja uma operao interna em A, associativa e admite elemento neutro e, ento
podemos concluir que:
a) Todo elemento x A admite um nico simtrico.
b) O simtrico do simtrico, de um elemento x A, o prprio x .
c) Se x e y so elementos simetrizveis em A e seus respectivos simtricos so x' e y',
ento x y simetrizvel e seu simtrico y' x' .
ELEMENTO REGULAR
Diz-se que um elemento a A regular ou simplificvel em relao a operao se,
e somente se, quaisquer que sejam os elementos x e y de A, as relaes :
(I) xa=ya x=y
(II) ax=ay x=y
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Proposio
Se uma operao interna em A associativa, admite o elemento neutro e e
a A simetrizvel, ento a regular.
Definio:
Sejam G um conjunto no vazio munido de uma operao e H um subconjunto no
vazio de G. Diz-se que H uma parte fechada em relao operao em G, quando o
composto xy de dois elementos quaisquer x e y de H, tambm for um elemento de H.
Exemplo:
01. Sejam G = C , H = { i, 1, i, 1} e a operao Z1 Z2 = Z1 . Z2 . Observando a tbua
abaixo, conclumos que H uma parte fechada de G.
i 1 i 1
i 1 i 1 i
1 i 1 i 1
i 1 i 1 i
1 i 1 i 1
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SEMIGRUPO
Definio:
Semigrupo um par ordenado ( G , ) formado por um conjunto no vazio G e uma
operao associativa em G, isto , todo grupide cuja operao associativa.
MONIDE
Definio:
Chama-se de monide a todo grupide ( G, ) cuja operao associativa e
admite elemento neutro, ou todo semigrupo cuja operao tem admite elemento neutro.
GRUPO
Definio:
Seja G um conjunto no vazio munido de uma operao . Dizse que a operao
define uma estrutura de grupo sobre o conjunto G ou que o conjunto G um grupo em
relao operao quando as seguintes propriedades so vlidas:
(G1) Associativa
Quaisquer que sejam x, y e z G, temse x(yz) = (xy)z.
(G2) Elemento Neutro
Existe em G um elemento e tal que xe = ex qualquer que seja x G.
(G3) Elementos Simetrizveis
Para todo x em G, existe um elemento x' em G tal que xx' = x'x = e.
Por outro lado, G um grupo se o par ( G, ) um monide que satisfaz a condio
suplementar de que todo elemento de G simetrizvel para a operao .
GRUPO COMUTATIVO
Definio:
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Exemplos:
01. O grupide ( Q , ) um grupo abeliano, onde xy = x + y. De fato :
(G1) x, y, z Q temse (x + y) + z = x + (y + z)
(G2) e = 0 Q, tal que x Q temse 0 + x = x + 0 = x
(G3) x Q, x Q tal que x + ( x) = ( x) + x = 0
(G4) x, y Q, temos x + y = y + x
Comutativa
xy = x + y 10 = y + x 10 = yx
Elemento Neutro
xe = x ex =x
x + e 10 = x e + x 10 = x
e = 10 e = 10
Elementos Simetrizveis
xx' = e x'x = e
x + x' 10 = 0 x' + x 10 = 0 U (Z) = Z
x' = 20 x x' = 20 x
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04. Deixamos ao encargo do leito provar que os grupides abaixo so grupos abelianos :
a) G = e xy= 3
x3 y3
b) G = Q e xy=x+y+3
Notao
Para simplificar, indicaremos pela notao aditiva ( G, + ) quando a operao
for a adio usual e pela notao multiplicativa ( G, . ) se a operao for a
multiplicao usual. No primeiro caso diz-se que o grupo ( G, + ) um grupo aditivo e no
segundo, o grupo ( G, . ) um grupo multiplicativo .
Exemplos :
01. Seja G = { i, 1, i, 1} e a operao Z1 Z2 = Z1 . Z2 . Observando a tbua abaixo,
conclumos que G um grupo finito e que sua ordem o(G) = 4.
i 1 i 1
i 1 i 1 i
1 i 1 i 1
i 1 i 1 i
1 i 1 i 1
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Corolrio
Para todo elemento do grupo ( G, ) cujo simtrico x', temse (x')' = x.
Demonstrao:
Pela definio de simtrico, temos:
(x')' x' = e e x' (x')' = e
[(x')' x' ] x = e x x [x' (x')' ] = xe
(x')' [x' x ] = x [x x' ] (x')' = x
(x')' e = x e (x')' = x
(x')' = x (x')' = x
SIMTRICO DE UM COMPOSTO
Teorema
Quaisquer que sejam x e y em G, temse ( x y )' = y' x'.
Demonstrao:
Aplicando a propriedade associativa, temos:
(xy)(y'x') = x(yy')x' = xex' = xx' = e
e, de modo anlogo :
(y'x')(xy) = y'(x'x)y = y'ey = y'y = e
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ELEMENTOS REGULARES
Teorema
Todos os elementos do grupo G so regulares.
importante notar que num grupo valem as regras de simplificao esquerda e
direita para a operao do grupo.
Demonstrao:
De fato, xx = x (xx)x' = xx' x(xx') = e xe = e x = e
Por outro lado, supondo que x0 G tambm soluo da equao xx = x, temse:
x0 = x0e = x0 (x0x0 ' ) = (x0x0)x0 ' = x0 x0 ' = e
Deste modo, o nico elemento idempotente num grupo o elemento neutro.
Teorema
Quaisquer que sejam os elementos a e b de G, as equaes ax = b e ya = b
admitem soluo nica em G .
Demonstrao;
De fato,
ax = b ya = b
a'(ax) = a'b (ya)a' = ba'
(a'a)x = a'b y(aa' ) = ba'
ex = a'b ye = ba'
x = a'b y = ba'
Por outro lado, supondo que x0 e y0 G so, respectivamente, solues das equaes
ax = b e ya = b , temse :
x0 = ex0 e y0 = y0e
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x0 = (a'a)x0 y0 = y0(aa' )
x0 = a'(ax0) y0 = (y0a)a'
x0 = a'b y0 = ba'
Exemplos:
01. A tbua ao lado representa todas as possveis operaes do grupo G = { a, b, c, d, e, f}
levandose em conta que :
a) G abeliano
b) O neutro e
c) af = bd = e
d) ad = bc = f
e) ac = bb = d
f) cd = a
a b c d e f
a b c d f a e
b c d f e b a
c d f e a c b
d f e a b d c
e a b c d e f
f e a b c f d
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2.5. SUBGRUPOS
Definio:
Sejam ( G, ) um grupo e H uma parte no vazia do conjunto G. O par ( H, ) dizse
um subgrupo do grupo ( G, ), quando H fechado operao do grupo G e ( H, )
tambm um grupo, isto , quando as seguintes condies forem satisfeitas:
(S1) Quaisquer que sejam os elementos x e y de H, temse xy H
(S2) O par ( H, ) tambm um grupo.
A associatividade da operao em G garante a associatividade desta operao em
H, porque H uma parte no vazia de G ( H G ).
Todo grupo ( G, ) em que o(G) 1, admite pelo menos dois subgrupos : ( {e}, ) e
( G, ), denominados de subgrupos triviais ou subgrupos imprprios. Os demais subgrupos
de ( G, ), se existem, so chamados de subgrupos prprios .
Exemplos:
01. Sobre o grupo multiplicativo dos reais ( , . ), podemos afirmar que :
a) Os subgrupos triviais so : ( , . ) e ( {1}, . ) ;
b) Os conjuntos H1 = { 1, 1} e H2 = {x x > 0} so subgrupos prprios de ( , . )
02. O grupo de Klein (Felix Klein 1849 1925), de ordem 4, K = { a, b, c, e} representado na
tbua abaixo :
e a b c
e e a b c
a a e c b
b b c e a
c c b a e
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ELEMENTO NEUTRO
Teorema
O elemento do neutro do grupo coincide com o elemento neutro de cada um dos seus
subgrupos.
Demonstrao:
Sejam eG e eH os respectivos elementos neutros do grupo G e do subgrupo H.
Como H G, temos que eH G e que eH eG = eG eH = eH .
Por hiptese eH o elemento neutro de H, logo eH eH = eH.
Aplicando a propriedade de elementos simplificveis em eH eG = eH eH , obtemos
eG = eH . Portanto, o elemento neutro do grupo o mesmo elemento neutro de cada um dos
seus subgrupos.
SIMTRICO DE UM ELEMENTO
Teorema
O simtrico de qualquer elemento do subgrupo coincide com o seu simtrico no grupo.
Demonstrao:
Sejam x H e e o elemento neutro do grupo e do subgrupo.
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Exemplos:
01. Mostraremos que o par ( H = { 3n n Z }, . ) um subgrupo do grupo multiplicativo
dos racionais positivos ( G = Q+, . ).
a) O neutro do grupo e = 1 que pode ser interpretado como e = 30 = 1, onde 0 Z ;
b) Dados h1 = 3p e h2 = 3q elementos de H, com p e q inteiros, temos :
i. h1h2 = 3p.3q = 3p + q H, pois p + q inteiro
c) Seja h = 3m , com m inteiro. Assim,
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h' = z = z= 1. h' H.
Portanto, H um subgrupo de G = C .
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Simbolicamente:
Note que o primeiro membro desta relao, isto , no termo f(x y) o composto x y computado em
G ao passo que no segundo membro desta relao, isto , no termo f(x) f(y), o composto de elementos de J.
Com isto, entendese uma aplicao de um sistema algbrico (grupo), em outro sistema algbrico semelhante
(grupo), que conserva a estrutura.
Exemplos :
01. Sejam os grupos ( , + ) e ( +, . ). A aplicao f : + , definida por f(x) = 2x um homomorfismo.
De fato :
f(a b) = 2a + b = 2a . 2b = f(a) f(b)
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04. A aplicao f: (ZxZ, +) (ZxZ, +), definida por f(x,y) = (x y, 0) um homomorfismo. De fato :
f[(a,b) (c,d)] = f[(a,b) + (c,d)] = f[(a + c, b + d)] = ((a + c) (b + d), 0)
f[(a,b) (c,d)] = ((a b) + (c d), 0 + 0) = (a b, 0) + (c d, 0) = f(a,b) f(c,d)
05. Sejam os grupos multiplicativos G = M2() tal que det(A) 0; A M2() e J = . A aplicao f :
M2() + , definida por f(X) = det(X) um homomorfismo. De fato :
f(A B) = det(A.B) = det(A) . det(B) = f(A) f(B)
Teorema
A imagem f(eG) do elemento neutro eG do grupo G o elemento neutro eJ do grupo J, isto , f(eG) = eJ.
Demonstrao :
Para todo x elemento de G, temos :
x eG = x
f(x eG) = f(x)
f(x) f(eG) = f(x)
f(x) f(eG) = f(x) eJ
f(eG) = eJ
c.q.d.
Teorema
A imagem do simtrico de qualquer elemento x do grupo G igual ao simtrico da imagem de x, isto ,
f(x') = [f(x)]' , x G .
Demonstrao :
Para todo x elemento de G, temos :
f(eG) = eJ
f(x x') = eJ
f(x) f(x') = eJ
f(x) f(x') = f(x) [f(x)]'
f(x') = [f(x)]'
c.q.d.
Teorema
O homomorfismo transforma subgrupos de G em subgrupos de J .
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Demonstrao:
Seja ( H, ) um subgrupo de ( G, ) .
Afirmamos que ( f(H), ) um subgrupo de ( J, ). De fato :
a) bvio que f(H) , pois eG H f(eG) = eJ eJ f(H);
b) y1, y2 f(H), por definio, existem x1, x2 H tais que f(x1) = y1 e f(x2) = y2 . Assim, y1 y2 = f(x1)
f(x2) = f(x1) f(x2) = f(x1 x2 )
Como x1 x2 H, temse y1 y2 f(H).
d) y f(H), por definio, existe x H tais que f(x) = . Assim, y' = f(x)' = f(x')
Como x' H, temse y' f(H).
Portanto, ( f(H), ) um subgrupo de ( J, ) .
Em smbolos :
Exemplos :
01. Sejam os grupos ( , + ) e ( + , . ) e o homomorfismo f : + , definido por f(x) = 2x .
Aplicando a condio para que um elemento x de G pertena ao ncleo de f, temos: f(x) = eJ 2x = 1
x=0
Assim, N(f) = {0}
02. Sejam os grupos (+, . ) e ( , + ) e o homomorfismo f : + , definido por f(x) = log(x). Ento,
f(x) = eJ log(x) = 0 x=1
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Geometricamente :
04. Consideremos o homomorfismo de grupos f: (ZxZ, +) (ZxZ, +), definido por f(x,y) = (x y, 0). O
Kernel de f :
f(x,y) = eJ (x y, 0 ) = (0,0) x=y
Assim, Ker(f) = {(x,y) ZxZ x = y}
Sugerimos que o leitor faa uma interpretao geomtrica do caso acima.
05. Seja o homomorfismo de grupos f : ( M2(), .) ( + , .), definido por f(X) = det(X). Ento, f(X) = eJ
det(X) = 1.
Assim, Ker(f) = {X M2() det(X) = 1}
Teorema
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Sugerimos ao leitor que procure recordar quando uma aplicao injetora, sobrejetora ou bijetora antes
de dar continuidade neste texto.
MONOMORFISMO
Definio:
EPIMORFISMO
Definio:
ISOMORFISMO
Definio:
Isomorfismo ou homomorfismo bijetor todo homomorfismo cuja aplicao f bijetora .
ENDOMORFISMO
Definio :
Chamase de endomorfismo a todo homomorfismo de (G, ) em si prprio .
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AUTOMORFISMO
Definio:
Chamase de automorfismo a todo endomorfismo cuja aplicao f seja bijetora .
Exemplos:
01. Sejam os grupos ( , + ) e ( + , . ). A aplicao f : + , definida por f(x) = 2x um isomorfismo.
02. Sejam os grupos (+, . ) e ( , + ). A aplicao f : + , definida por f(x) = log(x) um isomorfismo.
06. A aplicao f: (Z, +) (Q, +), definida por f(x,y) = 2.x um monomorfismo.
Deixamos ao encargo do leitor mostrar que as aplicaes so injetora, sobrejetora ou bijetora, conforme o
caso.
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Exemplos:
01. Sejam o grupo multiplicativo G = { i, 1, i, 1} e o subgrupo H = { 1, 1}.
Todas as possveis operaes do grupo figuram na tbua abaixo:
i 1 i 1
i 1 i 1 i
1 i 1 i 1
i 1 i 1 i
1 i 1 i 1
H i = { x G x = h i ; h H } = { i, i }
H i = { x G x = h i ; h H } = { i, i }
H 1 = { x G x = h 1 ; h H } = { 1, 1 }
H 1 = { x G x = h 1 ; h H } = { 1, 1 }
Observe que :
As classes laterais so coincidentes ou disjuntas
Se o elemento gerador da classe pertence ao subgrupo, ento est classe igual ao prprio
subgrupo.
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a a e c b
b b c e a
c c B a e
As classes laterais de H = { a, e } em G, so :
a H = { x G x = a h ; h H } = { a, b, c, e }
b H = { x G x = b h ; h H } = { a, b, c, e }
c H = { x G x = c h ; h H } = { a, b, c, e }
e H = { x G x = e h ; h H } = { a, b, c, e }
H a = { x G x = h a ; h H } = { a, b, c, e }
H b = { x G x = h b ; h H } = { a, b, c, e }
H c = { x G x = h c ; h H } = { a, b, c, e }
H e = { x G x = h e ; h H } = { a, b, c, e }
Demonstrao:
Considere as classes laterais a H = {a h h H} e H a = {h a h H }.
Assim, H a = { h a h H } = { a h h H } = a H, pois G um grupo
abeliano.
Teorema
Sejam ( H, ) um subgrupo do grupo ( G, ), ento todo elemento a de G pertence
sua classe lateral.
Demonstrao:
Consideremos a classe lateral direita H a de H em G, determinada por a G .
Sabemos que o elemento neutro e do grupo G pertence ao subgrupo H.
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Teorema
Sejam ( H, ) um subgrupo do grupo ( G, ), e a, b elementos quaisquer de G, ento
as classes laterais direita H a e H b (ou as classes laterais esquerda a H e a H )
de H em G, geradas por a e b, respectivamente, coincidem se, e somente se a b' H
( ou a' b H ).
Demonstrao:
Consideremos que as classes laterais direita sejam coincidentes, isto , H a e
H b. Deste modo, existem h1, h2 H tais que h1 a = h2 b, o que implica em
a b' = h'1 h2 . Como h'1 h2 H, temse a b' H.
Por outra parte, suponha que a b' H. Assim, a classe lateral direita determinada
por a b' de H em G coincide com o subgrupo H. Deste modo, existem h3, h4 H tais que
h3 ( a b') = h4, ou ainda h3 a = h4 b . Logo, todo elemento h3 a H a igual a um
elemento h4 b H b, e vice-versa.
Portanto, H a = H b.
Por analogia, provase que a H = b H, se e somente se a' b H .
Teorema
Sejam ( H, ) um subgrupo do grupo ( G, ), e a, b elementos quaisquer de G, ento
as classes laterais direita (ou as classes laterais esquerda ) de H em G, determinadas por a
e b so disjuntas ou coincidentes.
Demonstrao:
Consideremos as classes laterais direita H a e H b de H em G, determinadas por
a e b, respectivamente.
Suponha que exista um elemento x de G tal que x H a e x H b .
Logo existem h1, h2 H tais que :
h1 a = x = h2 b ou ainda
h1 a = h2 b
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Lema
Sejam ( G, ) um grupo e H um subgrupo de G e a, b G, com a b. Ento
existe uma correspondncia biunvoca entre H a e H b ( ou a H e b H ) .
Demonstrao:
Definamos a seguinte aplicao :
f:Ha Hb
ha hb
f( h a ) = h b
Teorema de Lagrange
A ordem de qualquer subgrupo ( H, ) de um grupo finito ( G, ) divide a ordem do
grupo ( G, ).
Demonstrao:
Pelo teorema sobre parties em um conjunto, temse que as classes laterais direita
(ou esquerda) de H em G, decompem G em classes laterais mutuamente disjuntas. Por
outro lado, sabemos que entre duas classes laterais existe sempre uma correspondncia
bijetora, isto , H a H b, a, b G, e mais ainda H a H b H e = H. Logo,
como G finito, o nmero de classes laterais multiplicado pela quantidade de elementos em
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Exemplos:
01. As ternas ( Z, +, . ); ( Q, +, . ); ( , +, . ) e ( C, +, . ) so anis, pois, para cada uma delas,
so vlidas as trs seguintes condies:
(A1) Os pares ( Z, +); ( Q, +); ( , +) e ( C, +) so grupos abelianos;
(A2) Os pares ( Z, . ); ( Q, . ); ( , . ) e ( C, . ) so semigrupos;
(A3) A multiplicao (.) em Z, Q, e C distributiva em relao a adio (+).
02. A terna ( 2.Z, +, . ), onde 2.Z denota o conjunto dos nmeros inteiros pares, um anel,
pois, so vlidas as trs seguintes condies:
(A1) O par ( 2.Z, +) um grupo abeliano;
(A2) O par ( 2.Z, . ) um semigrupo;
(A3) A multiplicao (.) em 2.Z distributiva em relao a adio (+).
03. Seja M2() o conjunto de todas as matrizes quadradas de ordem 2. A terna ( M 2(), +, .)
um anel, pois, temos :
(A1) O par (M2(), +) um grupo abeliano;
(A2) O par (M2(), . ) um semigrupo;
(A3) A multiplicao (.) em M2() distributiva em relao a adio (+) .
04. A terna ( {0}, +, . ) um anel, porque ( {0}, + ) um grupo abeliano; ( {0}, . ) um semi
grupo e a multiplicao (.) distributiva em relao adio (+).
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ANE L COMUTATIVO
Definio:
Dizse que o anel ( A, , ) um anel comutativo, quando a operao
comutativa, isto , a, b A, temse a b = b a.
ANEL DE INTEGRIDADE
Definio:
Dizse que o anel comutativo com unidade ( A, , ) um anel de integridade,
quando a, b A, temse a b = 0A a = 0A ou b = 0A , isto , vale a lei do anulamento
do produto.
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Exemplos :
01. Os anis ( Z, +, . ); ( Q, +, . ); ( , +, . ) e ( C, +, . ) so exemplos clssicos de anis de
integridade.
5.4. SUBANIS
Definio:
Sejam ( A, , ) um anel e L um subconjunto no vazio de A. Diz-se que L um
subanel quando:
a) L fechado para as operaes que dotam o conjunto A da estrutura de anel;
b) ( L, , ) tambm um anel.
Exemplo:
Considerando-se as operaes usuais sobre os conjuntos numricos temos que:
a) Z subanel de Q, R e C;
b) Q subanel de R e C;
c) R subanel de C.
Proposio:
Sejam ( A, , ) um anel e L um subconjunto no vazio de A. Ento L um
subanel de A se, e somente se, a b e a b L, sempre que a,b L.
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5.5. CORPO
Definio:
Chamase corpo todo anel comutativo ( C, , ) com elemento unidade e tal que
todo elemento no nulo de C inversvel para a operao .
Em outras palavras, corpo toda terna ordenada ( C, , ) que satisfaz as seguintes
condies :
(C1) ( C, ) um grupo abeliano;
(C2) ( C, ) um grupo abeliano;
(C3) A operao distributiva em relao operao .
Exemplos :
01. Os anis ( Q, +, . ); ( , +, . ) e ( C, +, . ) so corpos, denominados, respectivamente,
corpo dos nmeros racionais, corpo dos nmeros reais e corpo dos nmeros complexos,
pois, so vlidas as condies:
(A1) Os pares ( Q, +); ( , +) e ( C, +) so grupos abelianos;
(A2) Os pares ( Q, . ); ( , . ) e ( C, . ) so grupos abelianos;
(A3) A multiplicao (.) em Q, e C distributiva em relao a adio (+).
a b c a b c
a a b c a a a a
b b c a b a b c
c c a b c a c b
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Teorema
Todo corpo ( C, , ) no possui divisores de zero.
Demonstrao:
Devemos provar que da igualdade a.b = 0 implica em a = 0 ou b = 0, quaisquer que
sejam os elementos a, b C.
Se a = 0, no h o que demonstrar.
Se a 0, ento pela definio de corpo, o elemento a C inversvel, isto , possui
inverso a 1 C.
Assim, a.b = 0 a 1.a.b = a 1.0 1A.b = 0 b=0.
Teorema
Todo corpo ( C, , ) um anel de integridade.
Demonstrao:
De fato, de acordo com a definio de corpo e teorema acima, ( C, , ) um anel
comutativo com elemento unidade e sem divisores de zero, portanto, ( C, , ) um anel de
integridade.
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EXERCCIOS
01. Dados os conjuntos A = {a, b} ; B = {2, 3} e e) R5 =
C = {3, 4} . Calcule:
a) A x ( B C ) 07. D um exemplo de uma relao sobre o
b) ( A x B ) ( A x C ) conjunto A { a, b, c, d, e} que :
c) A x ( B C ) a) Seja apenas reflexiva
d) ( A x B ) ( A x C ) b) Seja apenas simtrica
e) A x ( B C ) c) Seja apenas simtrica e anti-simtrica
f) A x ( C B ) d) No seja nem simtrica e nem anti-
simtrica
02. Represente A x B e B x A nos seguintes
casos : 08. Sejam R e S relaes sobre o mesmo conjunto
a) A = {x 2 < x < 5} e A. Prove que:
B = { y 1 y 6 }. a) Se R e S so simtricas, ento R S e R
b) A = {x 1 x < 5} e S so simtricas.
B = { y 1 < y 5 }. b) Se R e S so transitivas, ento R S
c) A = {x 2 x < 5} e transitiva.
B = { y 1 y < 6 }. c) R1 S1 = (R S)1
d) A = {x 3 < x < 3} e d) R1 S1 = (R S)1
B = { y 1 < y < 1 }. e) Se R transitiva, ento R1 tambm
transitiva.
03. Sejam os conjuntos A = { 0, 2, 4, 6, 8} e B = f) Qualquer que seja R, tem-se R R1
{ 1, 3, 5, 9}. Enumerar os elementos das simtrica
relaes abaixo definidas, determinando seu
domnio, a imagem e a relao inversa: 09. Quais das relaes abaixo so de equivalncia
a) R1 = {(x,y) AxB y = x + 1} sobre o conjuntos dos inteiros positivos?
b) R2 = {(x,y) AxB x y } a) xRy x + y = 12
c) R3 = {(x,y) AxB y = x2 + 1} b) xRy mdc(x, y)
d) R4 = {(x,y) AxB y (x + 1)} " y (x + c) xRy x y
1) y divide (x + 1)" d) xRy inteiro k tal que x y = 4k
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BIBLIOGRAFIA:
ALENCAR FILHO, Edgard de. Teoria Elementar dos Conjuntos. Nobel. So Paulo, 1990.
ALENCAR FILHO, Edgard de. Elementos de lgebra Abstrata. Nobel. So Paulo, 1979.
AZEVEDO, Alberto PICCININI, Renzo. Introduo teoria dos grupos. IMPA, Rio de
Janeiro, 1969.
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