Apost 04
Apost 04
Apost 04
Logística de Distribuição
O conceito é, na verdade, bem mais amplo que isso, pois estabelece a necessidade
de se adaptar produtos, logística e estratégias de marketing, de modo a conquistar o
consumidor nos pontos de venda, com um modelo de parceria entre fabricantes e
seus canais de distribuição, tendo como foco indústrias de consumo de massa.
Arbache et ali (2004), apresentam modelos de relação entre fabricantes e pontos de
venda, segundo o prisma que os fabricantes percebem os distribuidores:
• Aqueles que acreditam que o ponto de venda precisa deles e suas marcas;
• Aqueles que reclamas da dificuldade da negociação com o ponto de venda;
• Muitas empresas reconhecem a importância do papel desempenhado pelos pontos
de venda para os negócios e que a resposta neste caso é adaptar a organização e o
modelo de trabalho concentrando recursos e esforços no desenvolvimento de
negócios com os pontos de venda = trade marketing.
Canais de Distribuição
VAREJO
O varejo é o grande canal onde o consumidor tem acesso aos produtos ou
serviços. Tipos mais comuns de varejo:
- Especializado;
- Lojas de conveniência;
- Super e hipermercados;
- Lojas de departamentos;
- Shopping centers e outros.
Cada tipo de varejo possui sua especificidade e características próprias, cada qual
deve estar focado em seu publico alvo, pois públicos distintos se repelem.
Categorias de varejo:
Varejo Com Loja: as categorias acima descritas, portanto exigem um ponto de venda
no qual os consumidores buscam os produtos que desejam ou necessitam.
Varejo Sem Loja: São novas formas de varejo nas quais se encontra produtos sem a
necessidade de deslocamento, como catálogos, malas diretas, telemarketing,
internet (sites, e-mails), mídia direta e outros.
Gestão por Categorias
É um processo colaborativo entre o Varejista e o Fornecedor para gerir categorias
como Unidades Estratégicas de Negócio, gerando melhores resultados ao focar-se a
entregar um Valor Superior para o Consumidor.
Categoria
Uma Categoria é um grupo definido de produtos / serviços, em que o
consumidor percebe este relacionamento para satisfazer as suas necessidades.
Desta forma, para implementar o gerenciamento por categorias é necessário
observar: Sortimento, Preços, Promoção e Apresentação na Gôndola. Para efetivar
o processo de Gerenciamento por Categorias é necessário que varejo e
fornecedores trabalhem juntos, visualizando as categorias da mesma forma que o
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
Canais de Distribuição
Fabricante Cliente
Logística de Pós-Venda
Logística Reversa
ESTUDO DE CASO
A ESTRATÉGIA DE GUERRA DO CARREFOUR
A receita francesa: rede varejista elimina estoques, reduz perdas em 50% e tenta ajustar sua política
de preços ao bolso dos clientes para recuperar a liderança do setor
Leonardo Attuch
O francês Eric Uzan, 43 anos, está há seis meses no Brasil, mas conhece o País como
poucos. Desde que assumiu o comando da filial brasileira do Carrefour, Uzan já percorreu mais de
100 lojas da rede
francesa, em várias regiões do território nacional. A peregrinação aos pontos-de-venda lhe deu a
inspiração para lançar uma estratégia de guerra para o Carrefour, que fatura R$ 10 bilhões por ano
no Brasil e briga pela liderança do varejo com o Pão de Açúcar. No contato com a economia real,
Uzan verificou que, em tempos recessivos, os clientes dão prioridade absoluta ao critério “preço
baixo” na hora da compra. Além disso, Uzan constatou que havia um estoque além do necessário nas
lojas, que representava um custo adicional ao Carrefour. Resultado: Uzan rapidamente desenhou um
plano com dois pilares. O primeiro foi tornar a política comercial ainda mais agressiva, ampliando a
oferta de produtos baratos. O segundo foi cortar o estoque das lojas, tornando mais eficiente a
logística de distribuição.
Ambos deram certo. Nos primeiros seis meses do ano, as vendas do Carrefour cresceram
10%, o que representou um ganho real, descontada a inflação, de 3% – no mesmo período, o IBGE
apurou que o faturamento do varejo despencou 5,5%. Além disso, ao eliminar grande parte do
estoque das lojas, o Carrefour cortou o desperdício em 50%. “Deixar de perder dinheiro é uma forma
alternativa de ganhar dinheiro”, disse Uzan à DINHEIRO.
A estratégia de baratear produtos conta com duas ações paralelas. Uma delas é a expansão
dos itens classificados internamente como “Primeiro Preço”. São comprados de novos fornecedores,
em geral empresas médias, que concorrem com os oligopólios industriais. Nesses casos, os preços
caem entre 30% e 50% em relação às marcas líderes. A outra iniciativa é a expansão da venda de
produtos com a marca própria Carrefour. Neste caso, a qualidade é a mesma dos líderes e os preços
são 15% menores. Somados, os produtos de primeiro preço e marca própria já representam quase
12% dos alimentos à venda nas lojas. “Todas as reduções de custos são repassadas aos preços”,
garante Uzan. Foi para isso que se desenhou a
política de eliminação de estoques, com uma cadeia logística mais enxuta. Hoje, os supermercados e
hipermercados têm apenas o mínimo necessário para um ou dois dias de venda e o restante está nas
plataformas de distribuição regionais. Para reduzir custos, Uzan também reformulou o modo de gerir
o Carrefour. Todos os seis diretores executivos da empresa trabalham juntos, numa mesma sala,
sem qualquer divisão. É uma forma de agilizar e compartilhar decisões.
Um dos diretores executivos mais ligados ao programa de redução de custos é Eric Reiss, 35
anos, responsável pela área financeira. Reiss veio ao Brasil depois de gerir as finanças do grupo na
Argentina, durante a crise recente. Portanto, já chegou escaldado para períodos de vacas magras.
Foi ele também quem conduziu a aquisição da rede Norte, uma das maiores da Argentina. “Estamos
tendo sucesso porque conseguimos envolver todos os nossos funcionários, desde os executivos até
os que estão no chão da loja”, conta Reiss. Visto de fora, o ajuste interno do Carrefour também vem
colhendo elogios. “A estratégia de buscar produtividade e ajustar os preços ao bolso do consumidor é
a mais correta”, aponta Sílvia Magalhães, diretora da consultoria Roland Berger, especializada na
área de varejo. Com uma cara mais popular, o Carrefour vem crescendo acima da média e não
descarta participar de novas aquisições. A mais esperada é a do Bompreço, que será vendido pela
Ahold.
Especula-se que a rede será disputada pelo grupo francês, pelo Pão de Açúcar, pelo Wal-
Mart e ainda pela inglesa Tesco, que estuda entrar no Brasil. “Mas não pagaremos qualquer preço”,
adianta Uzan.
Mesma que perca a disputa, assim como perdeu a do Sé para o Pão de Açúcar, o Carrefour aposta
no crescimento orgânico. Neste ano, serão investidos R$ 600 milhões em oito novos hipermercados e
cinco supermercados, que se somarão às 199 lojas hoje existentes no País.
Os números do Carrefour
Faturamento em 2002 R$ 10 bilhões
Receita no primeiro semestre de 2003 R$ 5,5 bilhões
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
De uma década para cá, o mercado de consumo brasileiro vem passando por
uma profunda transformação provocada pelas marcas alicerçadas basicamente em
preço, as chamadas talibãs. Ano após ano, desde o Plano Real, essas guerrilheiras
vêm invadindo o espaço de marcas tradicionais nas mais diversas prateleiras -- de
alimentos e bebidas a produtos de limpeza. Um dos resultados desse fenômeno é a
diversificação da cesta de compras do consumidor popular. Um estudo recente da
Latin Panel/Ibope com 33 000 lares brasileiros mostrou que o número de categorias
consumidas pelas classes D e E aumentou 75% entre outubro de 2004 e março de
2005. Na classe C, o aumento foi de 40%.
A verdade é que para os grandes fabricantes o avanço das talibãs se
transformou numa enorme dor de cabeça. Assustadas com o crescimento de
pequenas e médias empresas nacionais donas dessas marcas, as grandes
companhias de bens de consumo tiveram de reagir. A nova ofensiva se dá no
campo das embalagens e da quantidade de produto oferecida ao consumidor. Para
atender a uma lógica singela -- a de que o consumidor de baixa renda não pode
pagar por grandes volumes --, as empresas tradicionais estão optando pelo óbvio:
embalagens mais compactas, com preços me nores. A estratégia, basicamente, é
trocar margens de lucro mais altas por participação de mercado. "Estamos falando
de um consumidor que, muitas vezes, recebe o salário por dia ou por semana e que
prioriza o pequeno varejo", diz o economista Nelson Barrizzelli, professor de
marketing da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São
Paulo. "Para ele, compras fracionadas fazem todo o sentido."
Entre as companhias que buscam adequar seus produtos ao tamanho do
bolso do consumidor popular estão multinacionais como Danone, Unilever, Coca-
Cola e PepsiCo. A Danone acaba de lançar a versão míni do Danoninho. A nova
embala gem tem apenas duas unidades e sugestão de preço no rótulo -- 79
centavos. A tradicional tem oito unidades e custa 3,60 reais. "Estamos em busca
daquele comprador que reconhece nossa marca, mas que opta por outra mais
barata quando o dinheiro é curto", diz o argentino Gustavo Valle, presidente da
subsidiária brasileira da Danone. O Danoninho míni será distribuído em todo o país,
especialmente em mercearias, lanchonetes e padarias. O pequeno varejo -- no qual
a classe baixa desembolsa 49% de seus rendimentos, segundo a Latin Panel --
também é a opção da Coca-Cola para sua embalagem de vidro de 200 mililitros.
Como ela é retornável, o consumidor paga apenas pelo conteúdo. O preço: 50
centavos. A embalagem, até recentemente restrita à Baixada Fluminense e à
Grande Belo Horizonte, agora é vendida em outros cantos do país. Há cerca de dois
meses a Coca-Cola lançou mais uma versão míni, uma latinha de 250 mililitros
vendida por 1 real em bares e lanchonetes. "O desejo de consumir alimentos e
bebidas de marcas líderes é latente no público de baixa renda", diz o indiano C.K.
Prahalad, professor da Universidade de Michigan e estudioso do consumo na base
da pirâmide de renda. "Por isso essas pessoas se dispõem a adquirir volumes
pequenos e a aumentar a freqüência de visitas aos pontos-devenda."
No livro A Riqueza na Base da Pirâmide, Prahalad afirma que se trata de uma
tendência internacional nos países emergentes. Ele descreve a experiência da
LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIAS DE SUPRIMENTOS
Prof. Dr. Edelvino Razzolini Filho
Danoninho
Em vez das oito unidades daembalagem tradicional, a novaversão tem duas
unidades
Óleo Maria
O primeiro óleo de mesa emembalagem Tetra Pak do mercado tem 100 ml
Coca-Cola
A embalagem retornável de vidrotem 200 ml e é vendida somenteem mercadinhos e
padarias
porque nossa estratégia é fazer crescer o top de linha num segmento de enorme
potencial", diz Alberto Bendicho, gerente de comunicação e marketing da Danone.
Foi de 75% o aumento do número de categorias na cesta de compras das
classes d e e entre outubro de 2004 e março de 2005
Fonte: Latin Panel/Ibope