Da Guerra CLAUSEWITZ
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Profa. Dra. Daniela Fink Hassan Prof. Me. Marcos Freitas
Profa. Dra. Fabiana Ortiz Tanoue de Mello Prof. Dr. Wanderli Aparecido Bastos
Prof. Me. Luiz Antonio Albertti
ISBN: 97885-93683-31-2
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Editora FUNEPE
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Sumário
Apresentação da Coleção, 7
Introdução, 9
O desenvolvimento da teoria, 25
Referências, 69
Apresentação da Coleção
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Coleção Clássicos & Contemporâneos
Thiago Mazucato
Organizador da Coleção Clássicos & Contemporâneos
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Introdução
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Coleção Clássicos & Contemporâneos
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Trajetória profissional e intelectual:
o contexto de criação da teoria clausewitziana
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Coleção Clássicos & Contemporâneos
1 Uma hipótese é que a alteração da data de nascimento se deu para que Clausewitz
pudesse ter a idade suficiente para ser aceito no processo de alistamento no exército
nas vésperas de uma grande campanha (BELLINGER, 2016, p. 28).
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centrais para que fosse possível acessar o meio militar prussiano, foi a
tese, sustentada por Friedrich Gabriel, de que a família provinha da
nobreza da Silésia, mas que após a Guerra dos 30 anos (1618-1648),
os títulos haviam sido arquivados. Nesse ponto é necessário destacar
que mesmo com as políticas de maior abertura aos não-nobres, a par-
ticipação era ainda muito pequena, de modo que sem essa ligação,
Clausewitz não poderia entrar com facilidade no exército. Em 1764, a
avó viúva de Carl casou-se com Gustav Detlof von Hundt, comandante
do 34º Regimento de Infantaria e de origem nobre, podendo dessa
forma estabelecer (ou restabelecer, como provavelmente pensava
Friedrich Gabriel) vínculos da família Clausewitz com a nobreza. Assim,
quando o rei morreu e o novo rei foi coroado, os três filhos mais novos
de Friedrich Gabriel foram então comissionados (BELLINGER, 2016;
STOKER, 2014).
Naquela época, não era nada incomum que na Prússia e em
outras nações, os homens iniciassem suas carreiras militares muito jo-
vens, com casos de soldados aos nove anos de idade. Dois dos cinco
irmãos de Clausewitz entraram logo cedo no exército, já Carl, diferen-
temente de outros aspirantes que ingressavam como oficiais, ingres-
sou no exército, aos doze anos de idade, como cadete, Fahnenjunker,
no 34º Regimento de Infantaria do Príncipe Ferdinand. Um ano depois,
aos treze anos, em 1793, vivenciou seu primeiro combate, contra a Fran-
ça, em trincheiras sitiando Mainz. Presenciou ali não apenas o embate
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passo que a guerra se manifestava agora não mais limitada por con-
tenções tradicionais, sem uma perspectiva limitadora da violência, as
táticas e doutrinas militares também se transformaram. Afinal, os
exércitos franceses tinham uma proporção muito maior do que já se
havia tido, de modo que a própria manutenção de si, no sentido orga-
nizacional das forças, não seria possível se fosse mantido o sistema an-
terior (STOKER, 2014).
Logo na sua primeira experiência, Clausewitz pode sentir a
força e a disposição francesa. Foi em janeiro de 1793, quando as forças
prussianas partiram para o encontro das forças francesas no Reno. O
regimento de Clausewitz bombardeou a cidade de Ginsheim, locali-
zada no entorno de Mainz, onde ele, ainda muito jovem, vivenciou a
intensidade da batalha. Com os tratados de Basiléia (1795), a Prússia
se retirou da guerra, o que fez com que Clausewitz passasse a se dedi-
car à sua educação. O seu autodidatismo e interesse pelo conheci-
mento fez com que passasse longos períodos na biblioteca do Príncipe
Heinrich para estudar além de temas militares, ciências, filosofia e ar-
tes (HOWARD, 1983).
Com as guerras revolucionárias ficou evidente a necessidade
de que o exército prussiano passasse por uma reforma, levando à cria-
ção da Escola Geral de Guerra de Berlim, a Berliner Allgemeine Kriegschule,
por Gerhard von Scharnhorst. Em 1801, Clausewitz foi admitido na re-
cém-inaugurada escola, onde conheceu Scharnhorst, quem seria seu
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grande mentor e amigo. Pelo seu bom desempenho, tendo sido o pri-
meiro de sua turma em 1803, Clausewitz foi designado como tutor do
príncipe August von Preußen, ainda na primavera de 1803. O príncipe
tinha 24 anos e era filho do chefe do regimento de Clausewitz, Ferdi-
nand, e primo do rei. Com esta nova função, Clausewitz pode se apro-
ximar cada vez mais da alta sociedade prussiana (BASSFORD, 1994;
STRACHAN, 2008).
Foi nestes círculos aristocráticos que Clausewitz conheceu Ma-
rie von Brühl, sua futura esposa e a figura mais importante na publica-
ção das suas obras. A família de Marie, ainda que não fosse rica, era
de origem nobre, de modo que a relação com um capitão do exército
sem títulos contasse com certa resistência. Somente sete anos depois,
no dia 17 de dezembro de 1810, Clausewitz e Marie se casaram na
Igreja de Santa Maria, tendo vivido longos períodos separados devido
as atribuições militares de Clausewitz (BELLINGER, 2016). As cartas tro-
cadas entre o casal dão uma visão muito importante não só sobre as-
pectos da vida privada de Clausewitz – por exemplo, seus dilemas com
o “ser nobre” –, mas também constatam o desenvolvimento progres-
sivo de suas ideias sobre a guerra (ARON, 1986a; STOCKER, 2014).
De volta a trajetória profissional, entre os anos de 1803 a 1805,
Clausewitz passou a refletir sobre a guerra e sobre o que vivera, de-
senvolvendo ideias que seriam muito importantes para a produção fu-
tura do livro Da Guerra. Em 1806, ainda como seu tutor, Clausewitz
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O desenvolvimento da teoria:
a produção intelectual de Clausewitz
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Leituras sobre Clausewitz
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3 Nos anos de 1849 a 1852, o comandante belga Jean N. Neuens realizou a primeira
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extensa e pode ser vista sob distintas perspectivas em: Aron (1986b), Rapoport (1979),
Howard (1983), Strachan (2008), Passos (2014b) e Passos (2015).
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6 No ano de 1873, o coronel James J. Graham traduziu Vom Kriege pela primeira vez
para a língua inglesa. Reeditada em 1908 pelo coronel F. N. Maude, recebeu críticas
por suas imprecisões e pouca atenção, como sugeriu Paret em “Bibliographical Sur-
vey” (1965). Contudo, a tradução de Howard e Paret também não é unânime entre os
pesquisadores de Clausewitz. Strachan (2008) criticou a tradução de Paret e Howard
por interpretarem as palavras de Clausewitz consoante as aspirações da época. Na
percepção de Strachan (2008), tal processo lhes proporcionou clareza sobre Da
Guerra, mas “ocasionalmente gerou imprecisão e mesmo erros de interpretação”
(STRACHAN, 2008, p.131). Bassford (1994) também fez críticas à tradução de Howard
e Paret e indicou como a melhor versão de Vom Kriege para a língua inglesa a tradução
realizada por Jolles no ano de 1943.
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mação dos exércitos (FARIAS, 2019). Nessa linha, citamos dois impor-
tantes representantes da tese de que a guerra moderna estaria pas-
sando por uma intensa transformação de sua configuração associada
a lógica de guerra entre Estados e, assim, Clausewitz não teria mais
utilidade: Mary Kaldor com a obra New and Old Wars (1999) e Martin
van Creveld, The Transformation of War (1991). Em linhas gerais, o
conceito fundamental de Kaldor (1999) e Creveld (1991) é que a teoria
de Clausewitz foi superada, pelo menos em dois pontos: (1) a guerra
não seria mais um fenômeno da política interestatal e cada vez mais
há a possibilidade de que aconteça sem o controle do Estado; (2) as
guerras do século XXI não mais conjecturariam, em sua dinâmica in-
terna, a trindade clausewitziana, seja pela inserção de novas tecnolo-
gias bélicas, ou, em virtude das novas guerras não serem mais empre-
endidas por um Povo, um Exército e um Governo, que estes pensado-
res também designaram como a trindade de Clausewitz (STRACHAN,
2008; SILVA, 2003).
Do lado oposto, sustentando a importância de Clausewitz para
pensar as guerras no século XX e XXI temos: Christopher Bassford,
Clausewitz in English: The Reception of Clausewitz in Britain and Ame-
rican (1994) e Hew Strachan, Sobre a Guerra de Clausewitz [uma bio-
grafia] (2008). Sintetizando, a ideia central de Bassford (1994) e Stra-
chan (2008) é que Clausewitz foi lido, muitas vezes, de forma seletiva,
o que impediu que vários leitores alcançassem a compreensão exata
da teoria clausewitziana. Cada geração se predispôs a ler Clausewitz
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Referências
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STOCKER, Donald. Clausewitz: his life and work. New York: Oxford Uni-
versity Press, 2014.
STRACHAN, Hew. Sobre a guerra de Clausewitz, Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2008.
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