Medicina de Mamiferos
Medicina de Mamiferos
Medicina de Mamiferos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
MARSUPIAIS ............................................................................................................................ 19
CAPÍTULO 2
CANÍDEOS.............................................................................................................................. 28
CAPÍTULO 3
FELÍDEO1................................................................................................................................ 34
UNIDADE III
CAPÍTULO 1
ROEDORES ............................................................................................................................ 47
CAPÍTULO 2
CLÍNICA.................................................................................................................................. 51
CAPÍTULO 3
LAGOMORPHOS .................................................................................................................... 68
UNIDADE IV
MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS...................................................................................................... 81
CAPÍTULO 1
BIOLOGIA E MANEJO.............................................................................................................. 81
CAPÍTULO 2
CLÍNICA E CIRURGIA .............................................................................................................. 86
UNIDADE V
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES.............. 91
CAPÍTULO 1
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES................................................................................. 91
CAPÍTULO 2
CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES............................................................... 104
UNIDADE VI
MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS...................................................................................... 123
CAPÍTULO1
ELEFANTES ........................................................................................................................... 123
CAPÍTULO 2
GIRAFAS............................................................................................................................... 129
CAPÍTULO 3
MEDICINA DE RINOCERONTES E HIPOPÓTAMOS.................................................................... 133
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Os animais silvestres vêm ganhando espaço nas residências como pets e, por essa razão,
a disciplina de animais silvestres vem crescendo nos cursos de medicina veterinária
pelo país.
Neste módulo, algumas espécies serão tratadas como animais de zoológicos, dada a
impossibilidade de criação fora desses ambientes.
No presente trabalho, vamos nos ater aos mamíferos silvestres ou exóticos e suas
particularidades: manejo, semiologia, clínica e cirurgia.
Bons estudos!
Objetivos
Esta apostila tem o objetivo de:
8
» Atualizar o clínico veterinário em uma disciplina que teve, nos últimos
anos, uma demanda expressiva nas clinicas veterinárias.
9
10
ANATOMIA E
SEMIOLOGIA DE UNIDADE I
MAMÍFEROS
CAPÍTULO 1
Exame geral e curiosidades
Biologia
Os mamíferos são estimados em 6000 spp. O que os difere das outras classes são
algumas características como presença de pelos e glândulas mamárias. Estão presentes
em todo o planeta. São sociáveis e apresentam a endotermia, assim como as aves, ou
seja, mantêm sua temperatura corporal independentemente de pequenas oscilações
térmicas do ambiente. Habitam regiões terrestres, aquáticas e aéreas.
Anamnese
Na anamnese, o ideal é realizar:
Ainda em relação aos coelhos, é normal eles produzirem acidose lática pós-captura. Na
experiência deste autor que lhes fala, é comum relatos de animais da casa como cães
perseguirem esses herbívoros, o que lhes causas essa síndrome que lhes praticamente
fatal, cujo sintomas são torcicolo, olhar perdido, estado semicomatoso. Por isso, a
própria contenção deve ser rápida com pouco e estresse; caso contrário, produzirá os
mesmos efeitos da perseguição comentada.
12
ANATOMIA E SEMIOLOGIA DE MAMÍFEROS │ UNIDADE I
Assim como nas aves, o ideal é realizar várias contenções, se for preciso, em vez de uma
contenção prolongada. Isso é válido para as aves, coelhos e animais de zoológico, como
cervídeos.
1o A indústria não produz vacinas para esse grupo de mamíferos, com raras exceções,
como para o coelho (seu calendário profilático com vacinas contra hemorragia viral e
mixomatose não é encontrado facilmente no Brasil). Mesmo a vacina para a raiva, que
pode afetar qualquer mamífero, não se aplica em outros animais senão os domésticos.
2o Vacinas como cinomose para canídeos e tríplice felina para felídeos silvestres ainda
são polêmicas por causa da possível não produção de anticorpos, ou pior, por poder
induzir a doença no animal que se pretende proteger, ou mesmo lhes causar a morte!
Poderíamos pensar que, perante esse cenário, teríamos uma epidemia, o que não é
verdade. Embora doenças infectocontagiosas circulem entre animais domésticos e
silvestres, não se encontram com facilidade nesses últimos. Isso pode ser confirmado
em Centros de Triagem de Animais Silvestres e Zoológicos que atendem animais de
vida livre.
Inspeção local
Em casos de populações, realizar visita ao recinto dos animais é fundamental para
esclarecer e complementar a anamnese que possa ter sido incompleta pelo relato do
proprietário.
13
UNIDADE I │ ANATOMIA E SEMIOLOGIA DE MAMÍFEROS
Esses são animais de baixa expectativa de vida e com metabolismo acelerado. O futuro
especialista de silvestres se espantará com a questão da farmacodinâmica e os cálculos
dos fármacos especificamente quanto às altas doses aplicadas a esse grupo de animais.
Acompanham essa dinâmica as aves de pequeno e médio porte.
A indústria de rações, que cresceu muito nos últimos anos, tem buscado captar o
mercado de pets exóticos e silvestres. Portanto, já temos ração para todos os roedores e
lagomorphos herbívoros (como a chinchila, coelho e hamster); onívoros, como os ratos
e camundongo. Também já se encontram ração para primatas, como macaco prego e
mico-estrela, que estão sendo comercializados de forma legal (e ilegal!).
Legislação
Mencionamos somente os animais legalizado... e os ilegais? Estes aumentam a variedade
de espécies atendidas nas clínicas. Os clientes ficam temerosos pela denúncia. E qual o
papel do médico veterinário neste caso?
Atender!
Porém, para o tutor do animal ilegal, é diferente: ele responde por posse ilegal e outros
artigos, segundo a Lei no 9605/1998 sobre Crimes Ambientais.
14
CAPÍTULO 2
Contenção física e estresse
Objetivos
Os métodos de contenção física são os mais variados e têm a finalidade não só de
proteger a equipe envolvida, mas também o paciente de injúrias que o animal se
inflige ao tentar livrar-se da condição de captura, evento que desencadeia o estresse e
a miopatia de captura, fatal para muitos animais. O evento estressor pode ocorrer em
situações agudas e perdurar de forma crônica até o desfecho letal.
Orsini e Bondan (2006) citam em seus estudos três formas com as quais o organismo
animal pode responder aos agentes estressores: pelo sistema motor voluntário, no qual
o agente estressor causa impulsos nervosos que são transmitidos ao sistema nervoso
central e serão assimilados, gerando uma resposta por parte do animal que as expressa
com postura de fuga, defesa ou proteção. Pelo sistema nervoso autônomo, em que o
agente estressor age de modo a causar impulsos no sistema nervoso autônomo simpático
e este libera catecolaminas no sangue que atingirão órgãos alvo levando os animais a
um estado de alerta e os preparando para possíveis danos físicos.
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UNIDADE I │ ANATOMIA E SEMIOLOGIA DE MAMÍFEROS
As luvas de raspa de couro são ideais para pequenos mamíferos e, em alguns casos,
amenizam a injúria.
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ANATOMIA E SEMIOLOGIA DE MAMÍFEROS │ UNIDADE I
As redes são usadas para cervídeos e outros animais que não permitem aproximação.
Cuidado! Não usar pau de couro/cambão para felídeos, pois podem fraturar a
cervical do animal!
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UNIDADE I │ ANATOMIA E SEMIOLOGIA DE MAMÍFEROS
O padrão das caixas de transporte e a entrada de cambeamento são feitos com portas
em guilhotina.
Figura 7. Gaiola com grade móvel, ideal para mamífeosferais de porte médio a grande. O sistema de manivela
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MEDICINA DE
MARSUPIAIS,CANÍDEOS UNIDADE II
E FELÍDEOS
CAPÍTULO 1
Marsupiais
Biologia
Os marsupiais neotropicais ocupam os mais diversos nichos e estão bem distribuídos,
desempenhando um papel importante no ecossistema. Ocupam biomas de florestas,
cerrado e a caatinga brasileira. Os representantes desse grupo, além do conhecido
canguru australiano: é a cuíca-de-quatro-olhos, as catitas e os saruês, estes últimos
bastante comuns nas cidades brasileiras. (EMMONS, 1997).
Em relação aos mamíferos, há algumas poucas diferenças, como os ossos epibúbicos, que
se projetam anteriormente à articulação do púbis e à musculatura ventral abdominal,
sendo os músculos oblíquos internos e externos aderidos a ele (DAWSON, 1989).
19
UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
20
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Figura 11. Cauda longa, preênsil e desnuda de cuíca lanosa (Calluromys philander).
Reprodução
Uma das curiosidades nesse grupo que destoa dos mamíferos clássicos está na sua
reprodução. A gestação é dividida em 2 fases; a primeira etapa ocorre no útero do
animal; a final, no marsúpio, onde o feto termina seu desenvolvimento. Nos machos, o
pênis é bifurcado e a bolsa escrotal está localizada na frente do pênis. (GONÇALVES,
2009).
Figura 12. Pênis duplo de gambá de orelha preta (Didelphis aurita) posicionado caudalmente à bolsa escrotal.
Gestação: +/- 14 dias, maturidade sexual: 6-8 meses, poliestrais, 7 ciclos/ano em média
(HURLEY, 2000).
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UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Após o parto, ainda imaturos, os fetos deslocam-se para a bolsa onde se grudam aos
mamilos. Aos 50 dias saem da bolsa e com 80 dias alimentam-se de sólidos e andam
nas costas da mãe. Longevidade de 3- 5 anos.
Figura 13. Filhotes no marsúpio de uma fêmea de Gambá de orelha preta (Didelphis aurita). Prole numerosa.
Nutrição
Sistema digestório
O sistema digestório dos marsupiais varia de acordo com a dieta. Nos carnívoros, não há
ceco; o trato gastrintestinal é curto e simples, o que proporciona um trânsito alimentar
rápido pelo intestino. Já os animais com hábitos onívoros apresentam glândulas
salivares proeminentes, o ceco e cólon bastante desenvolvidos, com grande lubrificação
e microbiota bacteriana exuberante. (DAWSON, 1989).
Dieta
Sua dieta é bastante variada: desde frutos, flores, néctar até carniça e predação. Além
do cativeiro, deve levar-se em consideração a taxa metabólica basal baixa nessas
espécies, razão por que se evita a alimentação hipercalórica. O gasto ocorre para as
necessidades reprodutivas e termorregulação. Essa adaptação torna possível ao animal
reservar energia para sobreviver em condições adversas; desse modo, como exigem
uma baixa demanda alimentar, consequentemente exibem uma tolerância ambiental
maior. Algumas espécies podem entrar em estado de torpor para preservar energia
(DAWSON, 1989).
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MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Instalações
Segundo Ibama, IN 3/2002 e IN 169/2008, as instalações para o Didelphis devem ser
pelo menos 4 m2, com altura de 2 m e piso de terra. Deve conter tanques de água e
uma toca para o animal esconder-se, repousar e procriar. Esta deve estar em local alto.
Para as espécies com hábito semiaquático, deve haver espelho d´água. Para as espécies
terrestres, a toca deve estar no substrato e ter no recinto troncos e galhos.
Com filhotes recém-nascidos, utiliza-se uma fórmula 1 gema de ovo crua, 100 ml de
leite (sucedâneo comercial de cães e gatos) e 1 colher (café) de mel. Para os filhotes
mais velhos, acrescenta-se ração de filhotes de gatos. Quanto aos filhotes pouco
desenvolvidos, é necessário amamentá-los com uma frequência inicial a cada hora,
aumentando o intervalo à medida que o animal cresce. Quando o filhote apresenta a
dentição, podem ser oferecidos os itens da dieta de um indivíduo adulto, intercalados
com a amamentação.
Figura 14. Filhote de gambá de orelha preta (Didelphis aurita) mamando em uma seringa com scalp adaptado.
Clínica de marsupiais
A maioria dos marsupiais pode ser contida manualmente, embora também se utilizem
luvas e toalhas. Conter os animais pela cauda não é indicado, pois eles conseguem
flexionar seu corpo, alcançando a mão de quem os segura.
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UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Anestesiologia
Semiologia e anamnese
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MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Diagnóstico
Para a colheita de sangue, a veia de predileção é a veia lateral caudal. Outros locais
de acesso: artéria coccígea ventral, veia e artéria femorais, veia metatársica medial
(safena), veia cefálica, veia jugular, sendo essas pouco frequentes.
Figura 16. Acesso venoso pela veia lateral coccígea em gambá da orelha preta (Didelphis aurita).
Quadro 1. Valores de referência hematológica e bioquímica de gambá de orelha branca (Didelphis albiventris).
Hematologia
Eritrócitos (x 10 / mm3)
6
4,16 (+/-1)
Hematócrito 24,35 (+/-7,8)
Hemoglobina 10,3(+/-2,35)
Leucócitos (x 10 / mm )
3 3
9,48( +/- 2,2)
Bastonetes (%) 4,6 (+/-3,1)
Segmentados (%) 47,4(+/-14,8)
Linfócitos (%) 41,5 (+/-5,5)
Eosinófilos (%) 3,5 (+/- 0,8)
Monócitos (%) 3,2 (+/- 2,8)
Basófilos (%) 1 (+/- 0,56)
Bioquímicos
Albumina (g/dl) 2,75 (+/- 0,2)
AST (U/l) 83 (+/- 26,5)
Colesterol (mg/ dl) 213 (+/- 55,9)
Creatinina (mg/ dl) 0,5 (+/- 0,1)
Fosfatase alcalina (U/l) 11,9 (+/-4,2)
Glicose (mg/dl) 57,6
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UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Clínica
Terapêutica
A manutenção de um acesso para fluidoterapia não é fácil; pode-se usar a veia coccígea,
outro acesso muito utilizado em aves e que funciona em todas as espécies é o intraósseo,
tão eficiente quanto o venoso. Praticamente todos os fármacos de uso venoso, exceto
os mielotóxicos, podem ser introduzidos por essa via. E em caso de choque, uma
abordagem interessante é a fluidoterapia morna glicosada que ajuda a restabelecer a
temperatura.
Enfermidades
Entre as doenças metabólicas mais comuns está a obesidade. Esses animais costumam
aceitar guloseimas dos seus tutores, quando criados como animais pets, assim como
síndromes de stress de cativeiro.
Osteodistrofias fibrosas também são patologias comuns a essas e outras várias espécies
carnívoras, principalmente quando a alimentação é prioritariamente a base de carne
muscular ou visceral, o que pode levar ao desbalanceamento de Ca: P. Essa patologia
leva a deficiências hormonais e renais, fazendo o tecido ósseo ser substituído por
material fibroso, o que pode ser presenciado em animais com “mandíbula de borracha”,
ossos valgos, entortamento de coluna e estreitamento de pelve dificultando a evacuação
(LONG, 1975).
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MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Uma gama de doenças parasitárias ecto e endoparasitas são atribuídas a essas espécies
diversas protozooses, como a toxoplasmose e muitos nematódeos.
Vias de administração
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CAPÍTULO 2
Canídeos
Biologia
Há no Brasil seis espécies de canídeos silvestres, que serão chamados neste capítulo
de canídeos silvestres brasileiros, apesar de algumas delas viverem também em outros
países da América do Sul (BRASIL, 2003).
Por estarem na mesma família do cão doméstico, apresentam muitas semelhanças, não
só físicas mas também em relação a doenças infecciosas que se intercambiam, valores
de referência hematológicas e bioquímicas e dosagens equivalentes de medicamentos.
Por isso, a conduta no tratamento de enfermidades é equivalente à que é realizada nos
cães domésticos, assim como as agentes infecciosos: cinomose, leptospirose, hepatite e
leishmaniose podem ocorrer com alto grau de morbidade e letalidade.
Fonte: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/lobo-guara-e-destaque-em-tividades-do-zoologico-de-curitiba/53057.
Em sua maioria, são onívoros e têm uma alimentação variada de insetos, frutas e
pequenos vertebrados.
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MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
torácicos e quatro dedos nas patas dos membros pélvicos. As unhas não são retráteis.
Alguns estão em florestas como o cachorro-do-mato-de-orelha-curta (Atelocynus
microtis) e outros também no cerrado brasileiro como o cachorro-do mato (Cerdocyon
thous) (CUBAS, 2014).
Algumas outras características da ordem carnívora são: corpo longo, orelhas retas, o
que lhes confere uma excelente audição, e osso peniano. Hábitos crepusculares, em sua
maioria, e furtivos. Com expectativa de vida superior aos 10 anos são muito comuns em
zoológicos brasileiros, cuja intenção é estudá-los. Sua manutenção em cativeiro tem o
objetivo evitar a extinção de uma determinada espécie em seu meio, ou se ocorrer uma
drástica diminuição populacional. Por isso, há programas de reintrodução de indivíduos
criados em cativeiro com o objetivo de restabelecer populações viáveis in situ.
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UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Dieta e nutrição
Segundo Lima (2009), os canídeos silvestres brasileiros têm hábitos onívoros, com
exceção do cachorro-vinagre, classificado como exclusivamente carnívoro. A dieta do
lobo guará tem maior predominância de itens vegetais, além de frutas com os da lobeira
(ALLEN, 1995). Em cativeiro, alguns canídeos silvestres podem adquirir cistinúria,
devido a uma dieta com elevado teor de proteína animal, principalmente em lobos-
guarás, o que lhes compromete o sistema urinário com cálculos vesicais e uretrais,
causando obstrução nos machos em sua uretra peniana. Por isso, a dieta dessa espécie
é de moderada proteína animal, em torno de 20/25%, sendo as rações caninas cada vez
mais frequente no cardápio, além de uma boa oferta de frutas (MUSSART, 1999).
Contenção e anestesia
Na maioria das vezes, em recintos fechados, é suficiente o uso de cambão ou pau de
couro visto que o animal não costuma atacar o ser humano ao sentir-se acuado. Já
a contenção química, eventualmente é necessária em casos de animais que estejam
em espaço aberto em distâncias que não permitem a aproximação. Os dardos podem
ser disparados com armas adaptadas, rifles, pistolas ou zarabatanas, sendo os dois
últimos os mais indicados por causarem menos traumas nos animais. Os equipamentos
utilizados e os fármacos serão abordados no capítulo VIII, sobre contenção química.
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MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Clínica
Cinomose
Lembre! O vírus da cinomose é transmitido pela via oronasal por meio de aerossóis ou
pelo contato com secreção ocular, respiratória ou genital. Os sinais, assim como ocorre
nos cães domésticos, são: depressão, secreção mucopurulenta oculonasal, dermatites
e hiperqueratose dos coxins, febre, anorexia, vômitos e diarreia. Como o vírus tem
neurotropismo, rapidamente pode evoluir para encefalite, convulsões, ataxia, paralisia,
mioclonias, trismo mandibular e outros sinais neurológicos (nota do autor).
31
UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Pela circulação de cães errantes associada à proximidade das matas, alguns zoológicos
têm relatado canídeos soropositivos à doença, os quais desenvolveram sintomas
clínicos, o que os levou a óbito.
Assim como nos animais domésticos, o protocolo é feito com milteforan, alopurinol e
cetoconazol, com resultados variáveis.
Doenças parasitárias
Profilaxia
Quarentena de pelo menos 30 dias para animais recém-chegados, exames clínicos,
sorologia para leishmaniose, vermifugação, exame dentário e de sangue como
hemograma e bioquímicos.
32
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
33
CAPÍTULO 3
Felídeo1
Biologia
Na Taxomomia, a família Felidae compreende 2 subfamílias (felinae e pantherinae), 13
gêneros e 36 espécies.
OBS.: No Gênero Panthera, estão incluídos os exóticos: leão (Panthera leo) e tigre
Panthera tigris).
Esses animais têm pesagens que variam desde 1,5 até 300 Kg.
34
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Jaguatirica
Esse animal, que pode pesar entre 7 a 16 Kg, tem pelagem em rosetas que se unem na
lateral do corpo, formando listras horizontais, correndo em cadeias paralelas. Animal
solitário e noturno, são escaladores. Expectativa de vida de 21 anos em cativeiro.
Gato-maracajá
Suçuarana
Segunda maior espécie de felídeo no Brasil. Peso entre 34 a 72 Kg, coloração marrom
acinzentado claro ao marrom avermelhado. Adaptadas em vários ambientes e climas,
diurnas e noturnas, vivem acima dos 20 anos em cativeiro. Presentes em toda a América.
Fonte: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/sussuarana.htm.
35
UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Gato-do-mato-pequeno
Onça-pintada
Fonte: https://jornaldebrasilia.com.br/nahorah/cenas-fortes-peao-e-atacado-por-onca-pintada/.
36
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Maior felídeo neotropical; a característica marcante dessa espécie é ela não miar como os
felinos. Emite uma série de roncos muito fortes que são chamados esturro. Suas presas
naturais consistem de animais silvestres como catetos, capivaras, peixes, queixadas,
jacarés, veados, tatus. (OLIVEIRA, 2005).
A fêmea pode ter de dois a quatro filhotes, que nascem cegos e só abrem os olhos depois
de 13 dias. Filhotes permanecem com a mãe até 2,5 anos de idade e a maturidade sexual
é alcançada mais cedo pelas fêmeas (2 a 2,5 anos). Machos estão sexualmente maduros
entre três e quatro anos. Esses animais têm hábitos noturnos. Na onça-pintada, ocorre
também o fenômeno do melanismo, comum aos leopardos asiáticos (pantera-negra) e
outros felinos.
A coloração amarela, nesse caso, é substituída por uma pelagem preta ou quase preta.
Dependendo da incidência da luz, percebe-se o mesmo tipo de manchas oceladas
encontradas nas onças comuns.
Pela sua raridade, a onça-preta é animal que desperta grande procura por parte dos
zoológicos de todo o mundo (OLIVEIRA, 2005).
Figura 23. melanismo em onça pintada. São a mesma espécie, muda a quantidade de melanina.
37
UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
de pelos mais longos que vai da cabeça à base da cauda, que se eriça quando o animal
se sente ameaçado.
É usualmente associado a habitats com vegetação aberta, mas também pode ser
encontrado em ambientes florestados. Tem hábitos crepusculares e noturnos.
OBS: Carne: muito P e pouco Ca: osteodistrofia e fraturas espontâneas, oferecer cálcio
extra. Ainda oferecer algum tipo de capimevita a liberação de bolas de pelo, a êmese.
Vivem longos anos em cativeiro, muitos chegam da natureza e abarrotam os zoos
(CUBAS, 2014).
Resumindo:
38
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Em cativeiro: carne de gado, pintos, pescoço de frango. Ideal oferecer ração de gatos
(com melhores valores nutricionais), acostumar desde filhote. Animais de vida livre
inseridos ou não em cativeiro, não aceitam a ração. Misturar a ração – 30 a 40 % com
carne moída e suplemento de cálcio. As carnes devem ser congeladas em pequenos
pedaços por pelo menos 5 dias a 12° C negativos. Optar pela variedade: material vegetal,
evitar osteodistrofia e fraturas espontâneas (NOTA DO AUTOR).
Exames sorológicos
Coleta de sangue: Toxoplasmose, Retrovirus (FIV e FELV), hemograma, ureia,
creatinina e perfil hepático.
Instalações
1. Animais grandes: fosso com cambeamento de grade móvel individual,
árvores de porte médio no centro do recinto, vegetação, tocas, cocho
de alimentação, piscinas com peixes para enriquecimento. Piso pouco
abrasivo, areia, troncos área de sombra e ponto de fuga.
39
UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
40
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
A grade móvel de restrição com portas tipo guilhotina localizam-se embaixo do fosso,
longe do público. Com isso, alguns exames clínicos podem ser feitos sem a necessidade
de anestesia, como também a coleta de sangue pela veia lateral da cauda.
.
Fonte: Arquivo pessoal.
Medicina preventiva
Quarentena: 30 dias para adaptação, vermifugação, vacinação, aclimatação, biometria,
marcação, (microchip ou tatuagem). Coleta de material biológico. Exames sorológicos
FIV/ FELV.
41
UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Programa de vacinação:
Gestação ( dias) 70-85 81-84 73-78 72-76 80-85 72-75 84-98 90-111
Ninhada 1-2(1,5) 1-2 1-4(1,1) 1-3 1-3 1-4 1-6 1-4
42
MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
Fonte: http://www.animalltag.com.br/includes/exibeProduto.php?item=8&language=pt-br.
Puçá: Enrolar o animal. Usado para animais com o porte limite de uma jaguatirica.
Obs.: Não se usam puçás para animais maiores, e sim a anestesia em gaiolas de restrição
ou dardo à distância.
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UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
Clínica
Locais de punção de sangue jugular, safena, cefálica, cauda. Esta última é usada em
grandes felídeos quando contidos em gaiolas de restrição.
Temperatura retal, em média de 38-39 ºC, sendo maior em felídeos menores e maior
em felídeos menores.
Patofisiologia:
» gengivite;
» exfoliação dentária.
Virais
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MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS │ UNIDADE II
» Panleucopenia
Osteometabólica
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UNIDADE II │ MEDICINA DE MARSUPIAIS,CANÍDEOS E FELÍDEOS
intussuscepção
Piometra e insuficiência renal também ocorrem com certa frequência em razão da idade
avançada que esses animais atingem.
46
MEDICINA E
MANEJO DE
ROEDORES DE UNIDADE III
COMPANHIA E
LAGOMORPHOS
CAPÍTULO 1
Roedores
Características
São os mamíferos de pequeno porte como as cobaias (porquinho da Índia), chinchilas,
ambos cavimorfos e os mimimorfos: os ratos (mercol), camundongos, gerbil e hamster
de várias espécies. Esses roedores exóticos foram utilizados há muito tempo como
animais em laboratório ou em criações comerciais, tendo sido consequência natural
deste vínculo o surgimento de laços de afetividade entre pessoas e animais. Essa
popularização dos roedores exóticos de companhia trouxe demanda para as clínicas
veterinárias.
Anatomia e fisiologia
A capacidade de abertura da boca é restrita na maioria dos pequenos roedores de
estimação, particularmente na chinchila e no porquinho da índia. Esta capacidade é
limitada devido às pregas grossas de mucosa que invadem a cavidade oral e que são a
continuação dos lábios inferior e superior: por isso a entubação traqueal para anestesia
ou emergências torna-se muito difícil.
47
UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Fisiologia digestiva
Os caviomorfos são herbívoros estritos que praticam cecotrofagia; isso é comum nas
espécies exóticas e possibilita a absorção de vitaminas do complexo B e aumenta a
digestibilidade da dieta. Apresentam trato digestivo muito longo, comparado ao de
outros roedores (cerca de 2,5m, na cobaia!). O trânsito digestivo é lento (de 13h a 30h,
em média; eventualmente pode demorar até uma semana). É adaptado à digestão de
alimentos pouco energéticos e ricos em celulose. Um aporte insuficiente de celulose na
alimentação desses animais causa, rapidamente, estase intestinal (QUINTON, 2005).
Essa flora cecal faz toda a diferença na decisão de ministrar antibióticos orais que
possam comprometer essa flora e provocar enterites. O mesmo acontece nos
coelhos, que serão estudados na próxima unidade.
48
MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Quadro 4. Em anexo, dados biomédicos mais importantes das espécies de roedores exóticos.
Idade limite p/ F: 18 m
3 anos 10 anos 12 a 18 meses 12 a 16 meses 10 a 18 meses
reproduzir M; 24 m
Sírio:15/17 24 a 26 42(cio
Gestação (d) 63 a 68 105 a 111 19 a 21 21 a 24
C:21 pós-parto)
49
UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Figura 32. Espécies de roedores exóticos mantidos como animais de estimação. O Camundongo (Mus musculus).
B. Rato (Rattus rattus). C.Hamste rsírio(Mesocricetus auratus). D. Hamster chinês (Cricetulus griseus). E. Gerbilo
*Obs.: Nota-se claramente uma elasticidade muito grande entre os valores mínimos
máximos de muitas enzimas. É provável que o número de amostras analisadas tenha
sido pequeno, o que comprometeu o valor final. Esse quadro serve apenas de referência
para o clínico (NOTA DO AUTOR).
50
CAPÍTULO 2
Clínica
Valores biológicos
Bioquímica sanguínea
Na cobaia, há discreta atividade de ALT nos hepatócitos. Portanto, essa enzima não é
considerada um indicador de lesão hepática nessa espécie. Como nos outros roedores,
os constituintes do sangue dos caviomorfos diferem daqueles de carnívoros pela
predominância da população de linfócitos. Quanto à urina, essa se apresenta com
pH alto entre 8,5 a 9 nos roedores herbívoros e mais neutro nos roedores onívoros
(QUINTON, 2005).
*Obs.: Nota-se claramente uma elasticidade muito grande entre os valores mínimos
máximos de muitas enzimas. É provável que o número de amostras analisadas tenha
51
UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
sido pequeno, o que comprometeu o valor final. Esse quadro serve apenas de referência
para o clínico (NOTA DO AUTOR).
Alimentação
Cobaia/porquinho-da-índia
As cobaias não têm enzima necessária para a síntese de vitamina C.A carência dessa
vitamina é responsável por afecções dentárias, musculares e cutâneas. Mesmo nas
rações destes animais, a vit C é volátil no processo de produção e armazenamento do
pacote de ração, por isso a necessidade de suplementar com vit, pode ser ofertada em
gotas na água de beber ou direto na boca do animal. Também pode-se colocar de 50 a
100 mg/kg na água de bebida (GIRLING, 2003).
Dieta: 3 a 4 colheres de sopa de ração para cobaia (20% de proteínas e 16% de fibras),
Quantidade generosa de verduras e legumes, feno de boa qualidade, à vontade, pois é o
alimento que mais ingere e água fresca em bebedouro adaptado (tipo niple).
O vegetal grosseiro (feno) faz gastar o dente, mantém a flora mutualística gastro/
intestinal viva e funcional e é a base da alimentação de roedores herbívoros. Outros
verdes ofertados, (inclusive para outros roedores herbívoros) como o coelho e hamster
são: espinafre, salsinha, cebolinha, cenoura, chicória e outros verdes escuros.
Chinchila
Ratos e camundongos
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Contenção física
Toalhas e luvas como materiais para contenção são desejados, pois diminuem o estresse,
amplia a área de captura e evita mordidas indesejadas. Camundongos e ratos podem
morder quando não familiarizados. Os camundongos devem ser inicialmente seguros
pela cauda, próximo à sua inserção, e então são posicionados em uma superfície não
escorregadia. Enquanto se segura a cauda, a prega do pescoço é contida firmemente
entre o polegar e o indicador da mesma mão.
Figura 33. Contenção física de camundongo (Mus musculus). Após suspender o animal pela base da cauda, ele
Sob nenhuma circunstância ratos e camundongos devem ser contidos pela ponta da
cauda, pois lesão e avulsão podem ocorrer.
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Se o hamster for relativamente dócil, pode-se formar uma concha com a mão e colocá-
lo na palma da mão. Alguns animais são mais agressivos e, neste caso, recomenda-se
colocar o animal em superfície lisa e firme e com pressão gentil, mas firme, segurar a
prega do pescoço com o polegar e o indicador. Deve-se ter cuidado ao segurar apenas a
prega da pele, pois hamsters podem ter os globos oculares prolapsados. Outra maneira
é conter o animal com uma das mãos, pondo os dedos indicador e médio atrás de cada
lado da cabeça e apoiando o dorso do animal na palma da mesma mão.
Figura 34. Contenção física de hamster sírio (Mesocricetus auratus). O animal é suspenso pela prega do pescoço
Observações:
55
UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Contenção química
A contenção química pode ser necessária para colheita de amostras (citologia, biopsia,
sangue e urina), realização de procedimentos (diagnóstico por imagem e cirurgias) e
exame clínico (até mesmo da cavidade oral).
A indução pode ser realizada por fármacos injetáveis ou em câmaras anestésicas com
anestesia inalatória, usando-se principalmente o isoflurano.
Alguns cuidados devem-se ter em relação à anestesia, pois os gases anestésicos esfriam
o paciente rapidamente pelas mucosas orais e respiratórias, efeito que é agravado
em procedimentos prolongados, aumentando assim, a hipotermia, por isso algumas
sugestões a serem tomadas:
56
MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
2. depilar apenas a área da cirurgia e não usar álcool, que causa rápido
esfriamento da pele;
Equipamentos mais sofisticados, como oxímetros de pulso, podem ser usados para
monitorar a frequência cardíaca e a saturação da hemoglobina. Sondas lineares
podem ser usadas no aspecto ventral da cauda, quando possível. Outras maneiras
incluem eletrocardiograma, adaptado para minimizar o traumatismo com pinças, que
são substituídas por agulhas. Um aparelho de monitoramento extremamente útil é o
doppler, que pode detectar o fluxo de sangue em vasos menores.
57
UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Exame físico
Temperatura retal em torno de 37-38 ºC para a maioria das espécies, estetoscópio
neonatal, de preferência, sendo para essas espécies a FR entre 60/70 movimentos
respiratórios e FC entre 180/250 BPM. Alguns animais utiliza-se uma caixa para
pesagem.
Examina-se a cavidade oral, pois, em muitas vezes, a inapetência tem como causa dentes
quebrados. O uso de otoscópio auxilia a visualizar os molares dos animais. Abscessos
são comuns na cavidade oral devido à cama e ao alimento que pode ter inoculado
alguma bactéria. Qualidade da pelagem é muito importante e suas falhas têm como
causas distúrbios nutricionais ou doenças sistêmicas quando essas vêm acompanhada
de outras sintomatologias.
Coleta de sangue
A coleta de sangue em pequenos roedores é um pouco trabalhosa, sendo o local mais
indicado as veias laterais da cauda. Em ratos, pode ser tentado a veia femural. Para
acesso da veia jugular, em função do pequeno espaço e profundidade da veia, o animal
deve ser sedado, para evitar o estresse de uma contenção demorada. A veia safena lateral
pode ser usada em porquinhos da índia e chinchilas. O volume de retirada sanguínea
é calculado de acordo com o peso do animal, podendo retirar-se de 1 a 2 % de volume
deste peso (LYON, 2010; HUDSON, 2010).
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Figura 39. Coleta de sangue pela veia safena lateral em chinchila (Chinchilla lanígera).
Fluidoterapia
A perda de líquidos pelo suor é pouco evidente porque os roedores têm poucas ou
nenhuma glândula sudorípara e não conseguem ofegar. O equilíbrio hidroeletrolítico
está relacionado com as altas taxas metabólicas e, consequentemente, com a alta taxa
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Obs.: Para pesquisa de outros fármacos, consultar o Guia Bretas, disponível em: https://
www.vetarq.com.br/2017/05/pdf-guia-terapeutico-veterinario.html.
Enfermidades
Em cobaias, um motivo de consulta comum é a anorexia, sintoma com frequência
relacionado à má oclusão bucal ou à estase digestiva. A vida do animal corre risco a
partir do momento em que ele para de alimentar-se, pois, nessa condição, a lipidose
hepática instala-se rapidamente. As infecções pulmonares requerem tratamento de
longa duração e, no caso de cobaias, o prognóstico é sempre reservado.
Hipovitaminose C
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Patologias respiratórias
São comuns e têm como fatores predisponentes: épocas de seca, quedas na temperatura,
superpopulação, má ventilação uso de maravalha ou serragem e excesso de amônia no
substrato. As bactérias mais comumente descritas são: Streptococcus spp., Mycoplasma,
Pseudomonas e Pasteurella. Os sinais respiratórios são espirros, rinite e conjuntivite
que pode evoluir para pneumonia quando apresenta dispneia, sibilos, corrimento muco
purulento, letargia e inapetência (QUINTON, 2014).
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Dermatologia
Dermatite
Uma das lesões mais comuns em roedores é pododermatite, que não costuma ser uma
doença bacteriana primária de pele. Aumentos de volume ocorrem nos calcanhares
de animais mais velhos, comprometendo o suprimento sanguíneo para os locais de
pressão e possibilitando infecção bacteriana secundária. As causas incluem osteoartrite,
obesidade e substrato inadequado, particularmente em ambientes com higiene precária,
além de deficiência de vitamina C. Gaiolas com grades podem lesionar os calcanhares de
porquinhos da índia; Um ou mais membros podem estar afetados, sendo mais comum
nos membros pélvicos. As superfícies palmares e plantares tornam-se inicialmente
eritematosas, podendo evoluir para edema, ulceração, sangramento e necrose dos
tecidos moles das extremidades dos membros. Se o processo evoluir pela persistência
dos fatores predisponentes, aliados à infecção bacteriana, haverá a complicação óssea e
articular (GIRLING, 2003).
A patologia não fica restrita à pele, podendo tornar-se crônica responsável por amiloidose
e falência de múltiplos órgãos, tais como fígado: rins, adrenais e pâncreas. As bactérias
mais comuns são: E. coli, Staphylococcus aureus e Streptococcus spp. O tratamento
consiste em mudar o substrato das gaiolas com fundo macio, sólido, sem grades, sem
substrato abrasivo e com boa higienização (TEIXEIRA, 2014).
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Figura 40. Lesões na superfície palmar de um porquinho da índia (Cavia porcellus) com pododermatite,
Lembre! Uma das causas mais comuns de pododermatite é o piso gradeado ou sujo.
Alopecia
» Comportamental:
» Hormonal:
Dermatofitose
São muito frequentes as causas que produzem afecções digestórias. As doenças dentárias
são mais comuns em chinchilas e raras nos outros roedores. Nas chinchilas, o problema
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
está relacionado com a má oclusão dos dentes posteriores, que ocorre principalmente
pela falta de alimentos abrasivos na dieta e possivelmente combinado com a falta de
cálcio e vitamina D3 durante o crescimento. Esse quadro é conhecido como síndrome
da doença dentária progressiva adquirida - SDDPA (RIGGS, 2009).
O alongamento das coroas dos dentes maxilares ocorre lateralmente e eles penetram
na mucosa das bochechas, com as coroas dos dentes mandibulares se alongando
medialmente formando uma ponte sobre a língua.
O diagnóstico desses problemas pode ser realizado pelos sinais clínicos e radiografia.
Clinicamente, a chinchila é vista com salivação e pode apresentar anorexia, perda de
peso e preferência por alimentos mais macios. É necessário alterar a dieta para verduras
abrasivas e desgastar os molares a cada 6 a 8 semanas, sob anestesia.
Tratar as infecções orais com base na sensibilidade da cultura. Analgesia com meloxicam
(0,1 mg/kg, por via oral, 1 vez/dia durante no máximo 3 dias) ou tramadol (7,5 mg/kg
por via oral ou injetável, 3 vezes/dia) (TEIXEIRA, 2014).
Figura 41. Ponte sobre a língua de um porquinho da índia (Cavia porcellus) causada pelo alongamento coronal
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Figura 42. Vista ventral da cavidade abdominal de rato aberta. 1. fígado, 2. estômago, 3. ceco, 4. baço, 5.
pâncreas, 6. Jejuno.
Fonte: https://pt.slideshare.net/gustavofarias562114/atlas-de-anatomiadorato.
Figura 43. Radiografia lateral do crânio de uma chinchila (Chinchilla lanigera) com SDDPA. Alongamento dos
ápices dos dentes posteriores mandibulares e maxilares, ultrapassando a linha da tábua óssea da mandíbula e
dos seios nasais; contato entre os ápices dos dentes posteriores com os tecidos oculares; perda da linha oclusal
entre os dentes posteriores; afastamento entre a mandíbula e maxila pelo alongamento das coroas de reserva e
Por isso, o ideal para uso oral são os antibióticos de amplo espectro como enrofloxacino,
tetraciclina, metronidazol e neomicina. Quando se usa antibióticos, recomenda-se a
administração de probióticos e vitamina B. Nesses casos, fluidoterapia e carvão ativado
(HEATLEY, 2009).
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Neuropatias
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CAPÍTULO 3
Lagomorphos
Características
Coelhos, lebres, tapitis e lebres assobiadoras pertencem à família Leporidade, ordem
Lagomorpha. O coelho doméstico (Oryctolagus cuniculus) teve seus ancestrais
provenientes do oeste da Europa e nordeste da África. Existem mais de 50 raças de
coelho (ALVES, 2008).
Diferentemente dos roedores, que contam com um par superior de incisivos e outro
par inferior, os lagomorfos têm dois pares de incisivos superiores (PESSOA, 2008). Os
leporídeos têm 28 dentes (2× I 2/1, C 0/0, P 3/2, M 3/3).
Além da função óbvia das orelhas na captação de sons emitidos por predadores,
desempenham função importante no controle térmico corpóreo, graças à vasodilatação
e vasoconstrição periférica. Portanto, o animal não deve ser segurado pelas orelhas, que
não devem ser obstruídas durante a contenção física.
Figura 44. Toca natural (a). Gaiola inadequada o piso gradeado - Provoca pododermatite severa (b).
a b
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Fisiologia
A expectativa de vida dos coelhos, em média, é de 6 a 8 anos. Os recordes de longevidade
não ultrapassam 12 anos.
Um adulto de raça anã pesa de 1 a 2kg, sendo a variedade anã do coelho Belier
ligeiramente mais pesada (2 a 3kg). As raças gigantes (Belier, Gigante de Flandres)
podem facilmente atingir 6kg.
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
70
MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Fonte: http://coelhomaniajlle.blogspot.com/2012/08/cecotrofia_16.html.
Nutrição
Verduras escuras devem compor o cardápio principal, grande quantidade de grama
(capim elefante, pangola etc.), ração peletizada de excelente qualidade (1% a 2% do
peso vivo/dia). Frutas devem ser fornecidas apenas como petiscos, pois a frutose pode
causar disbiose.
Lembre! A ração em excesso pode ser prejudicial a flora cecal e provocar diarreias
Instalações
Podem ser criados em ambiente interno ou externo. Utiliza-se como recintos caixas
plásticas grandes; os aquários grandes têm o inconveniente de ter ventilação inadequada.
As gaiolas com piso telado podem causar pododermatites, por isso usar cama de feno
ou chapa metálica como fundo.
Substrato para cama: feno, palha, jornal grama sintética, evitar serragem e maravalha
pelo risco de problemas respiratórios e ingestão causando obstrução.
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Figura 48. Sistema de criação interno com gaiolas (D) e a coelheira (A),
Figura 50. Outras formas de contenção A. Por “hipnose”, mantendo a cabeça fora da mesa B. Contenção
pela região lombar. D. Apoiando os membros pélvicos, torácicos e cabeça no antebraço do manipulador. E.
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Deve-se ter cuidado, pois os coelhos são extremamente sensíveis ao estresse, sendo
relatado problemas até em animais que são banhados em pet shops. Nessa situação,
inicialmente há liberação de catecolaminas, com reações fisiológicas que podem ser
deletérias ao paciente, em que os animais se mostram em estado de estupor, tomam a
posição de decúbito lateral, olhos “vidrados” e torcicolo evidenciando um prognóstico
desfavorável apesar da terapêutica instituída (NOTA DO AUTOR).
Clínica
Imunoprofilaxia
Anestesia
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Intubação
Pela comissura labial ser estreita, a intubação é difícil, devendo ser utilizados em alguns
casos, um videoendoscópio para acessar a traqueia. Em alguns casos, pode se proceder
a aplicação de anestésico intranasal. Pelo porte pequeno, é possível utilizar o sistema de
baraka para anestesia volátil (PESSOA, 2014).
Coleita de sangue
Acesso pelas veias: marginal da orelha (a mais utilizada), jugular – difícil; o animal
deve ser sedado. A cefálica tem calibre pequeno e a safena lateral. O mesmo não se
procede para fluidoterapia, visto que não se consegue manter um cateter nesses locais,
com exceção da veia auricular.
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Exame clínico
Particularidades
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Clínica e Terapêutica
Para reidratação, usa-se o ringer lactato na dose de 75 a 150mL/kg. A medicação oral
usa-se por suspenção, bem aceita pelos coelhos. Se precisar de alimentação forçada:
papinhas de legumes para bebês e purê de abobrinha cozida no forno de micro-ondas
10mL, três vezes ao dia.
A antibioticoterapia em coelhos deve ser feita com cautela, pois os coelhos têm ceco
e uma flora bacteriana presente e importante; assim como em alguns roedores, o uso
de determinados antibióticos pode levar a enterotoxemia fatal pela morte bacteriana,
como os betalactâmicos que são absorvidos pelo ceco. Os fármacos orais tolerados
são os mesmos usados para roedores: fluorquinolonas, sulfas, metronidazol. Não há
restrição para o uso de qualquer antibiótico injetável.
Abscessos
Má oclusão
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Figura 51. Exame de cavidade oral, mostrando dentes incisivos disformes e não gastos.
Figura 52. Lesões crostosas, floculentas. O ácaro é visível a olho nu treinado - Psoroptes Cuniculi.
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UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
Enfermidades virais
Mixomatose
Os sinais clínicos incluem nódulos cutâneos, sem edema palpebral. Tais pacientes
respondem bem ao tratamento de suporte e à antibioticoterapia, podendo levar até 10
semanas para a completa recuperação.
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MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS │ UNIDADE III
Obs.: Para pesquisa de outros fármacos, consultar o Guia Bretas, disponível em: https://
www.vetarq.com.br/2017/05/pdf-guia-terapeutico-veterinario.html.
Procedimentos cirúrgicos
Orquiectomia e histerectomia
O acesso aos testículos pode ser pela bolsa escrotal caudal, medial ou cranial e por
acesso abdominal. A técnica pode ser aberta ou fechada; a síntese pode ser com fio não
absorvível monofilamentar, absorvível ou com grampo vascular (hemoclip); e a sutura
79
UNIDADE III │ MEDICINA E MANEJO DE ROEDORES DE COMPANHIA E LAGOMORPHOS
de pele é feita em um, dois ou mais planos, com pontos simples interrompidos, sutura
contínua ou intradérmica (PESSOA, 2014).
Outros procedimentos
Outra possibilidade cirúrgica é a produção de urólitos pela não metabolização adequada
do cálcio que podem ser renais ou vesicais.
Obs.: Coelhos não costumam permitir roupas cirúrgica, o mesmo acontece com
implantes ortopédicos externos como fixadores, o que torna o tratamento muitas vezes
um desafio (NOTA DO AUTOR).
80
MANEJO E
MEDICINA DE UNIDADE IV
PRIMATAS
CAPÍTULO 1
Biologia e manejo
Características
Existem 2 grupos principais de primatas: os platirrinos, ou primatas neotropicais, e
os catarrinos, ou velho mundo. Os primeiros são animais de porte pequeno a médio,
apresentam as narinas voltadas para baixo em um focinho longo e cauda preênsil,
ou não; os platirrinos apresentam as narinas voltadas para os lados, em um focinho
mais curto, sem cauda como os: babuínos, gorilas, chipanzés, mandris, orangotangos
(LOOMIS, 2003).
Os platirrinos, que serão estudados neste capítulo, são animais em que há interesse
pelos programas de conservação in situ e ex situ visto a sua vulnerabilidade e status no
meio ambiente; como o exemplo, a conservação do mico-leão-dourado. Atualmente, é
permitido o comércio legal em alguns locais, mas é necessário consultar a secretaria do
meio ambiente estadual e conferir quais são os estabelecimentos e espécies autorizados.
Esses animais são separados, entre outras, em 2 famílias, segundo alguns autores:
os cebidae e os callitrichidae. Nos primeiros, temos p macaco-prego e o saimiris; nos
segundos, os micos, o callimico, o aotus e outros (BECK, 1972).
Aspectos biológicos
81
UNIDADE IV │ MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS
Assim como peso altura entre as famílias cebidae e caliitriquidae podem variar os
parâmetros biológicos também o podem.
Callithrix
Leontopithecus Sp Saguinus sp Cebus Sp Allouatta Sp Ateles Sp
jacchus
1200 5800 a
Peso Médio (g) 261/323 600 a 800 510 a 450 3500 a 11100
a 4500 8000
TRº 35,4 a 39,7 37.2 a 39.6 39.3 a 40.1 37 a 38.5 37 a 38 36 a 39.4
F.C 240 a 350 180 a 260 __ 165 a 225 __ 160 a 210
F.R 20 a 50 20 a 50 __ 30 a 50 __ 18 a 30
Estimativa de vida(anos) 12 17 13 46 15 20
82
MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS │ UNIDADE IV
Nutrição
A alimentação em cativeiro de primatas ainda deixa a desejar, em razão do
desconhecimento e da variedade alimentar de cada espécie. Enquanto os calitrichideos
necessitam de uma dieta rica em proteína, os cebídeos e atelideos alimentam-de de
uma variedade de formas vegetais maduras. Já os bugios (Alouatta sp.) são animais
folívoros e frugívoros. Os pequenos primatas como os Sanguinus, Leontopithecus,
Callithrix e Cebuella tendem à predação além de buscar vários tipos de alimentos como
gomas e exsudatos como alimento (LOWENSTINE, 1992).
Instalações
Para os primatas, devido a seu alto grau de complexidade, o recinto deve mimetizar
o ambiente, com: troncos, folhagens, arbustos, casinhas, cordas giral, árvores etc. O
risco do estresse de cativeiro deve ser minimizado com enriquecimento ambiental seja
com garrafas de plástico com alimento escondido, brinquedos dos mais diversos que
despertam a curiosidade dos animais. O estresse ou o tédio de cativeiro podem ser
notados por brigas, apatia, falta de interesse em interagir, inapetência, automutilação,
coprofagia e muitas outras formas. Essas manifestações podem ter como consequências:
gastrite, úlceras e óbito de forma crônica (NOTA DO AUTOR).
Lembrando que a própria visitação é um fator estressante, que pode ser atenuado com
algumas recomendações:
83
UNIDADE IV │ MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS
Figura 56. Recinto para pequenos primatas (micário): cordas, mangueira, casinhas, rede, troncos.
Deve-se evitar colocar animais sozinhos porque os primatas são muito sociais, embora
eventualmente haja o isolamento de algum membro do bando. Também se deve instalar
cordas, galhos, giral para a escalada dos animais.
84
MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS │ UNIDADE IV
85
CAPÍTULO 2
Clínica e cirurgia
Lembrar que o local de aplicação do dardo só poderá ser feito na musculatura da coxa
e escápula; visto que os primatas são muito ágeis e rápidos, isso se torna uma tarefa
às vezes difícil e perigosa para esses animais. Não são incomuns aplicações erradas
no tórax e abdome causando lesões severas e até a morte. Há relatos de primatas que
conseguem retirar o dardo de sua musculatura antes do medicamento ser inoculado
(NOTA DO AUTOR).
86
MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS │ UNIDADE IV
estar sedado. É conveniente lembrar da regra do 1% do peso vivo para coleta de sangue,
ou seja, em um animal de 150 g, pode-se retirar tranquilamente, sem risco de choque,
1,5 ml de sangue.
Quarentena
A quarentena para animais recém-chegados é fundamental. Entre outros exames,
como os de sangue para hemograma e bioquímicos, o exame de cavidade oral pode ser
revelador. Primatas padecem com doenças periodontais, cáries, fraturas e má oclusão.
Outra patologia oral, relevante zoonótica e fatal, é a herpes.
Teste de tuberculina também deve ser realizado na chegada dos animais ao novo
cativeiro, visto ela ser, assim como a herpes, fatal ao primata, além de zoonótica. O
teste é feito com aplicação de tuberculina ppd (aviária e bovina) intradermopalpebral
com resultados entre 24/72 horas. O resultado positivo revela edemaciamento e rubor
de pálpebras, além de necrose, corrimento purulento e febre. Não há vacinação, pois a
vacina humana confere poucos meses de imunidade, além de anular a tuberculinização.
Os animais podem ser tratados com isoniaziada por até 2 anos, ou eutanasiados,
o que normalmente acontece. As lesões podem atingir: pulmão, fígado, baço, rins e
mesentério.
87
UNIDADE IV │ MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS
Figura 61. (A) Bugio após aplicação intradermopalpebral e chipanzé no momento da aplicação (B).
A B
Figura 62. Animal positivo à tuberculização: edema palpebral (A), intestinais mesentéricas (B), lesões esplênicas(C)
E intestinais (D).
A B
D
C
88
MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS │ UNIDADE IV
utilizado, visto que pode ser usada por qualquer via, assim como a tiletamina-zolazepan
(VERONA, 2014).
Obs.: Para pesquisa de outros fármacos, consultar o Guia Bretas, disponível em:
https://www.vetarq.com.br/2017/05/pdf-guia-terapeutico-veterinario.html.
Enfermidades
As mais frequentes enfermidades em primatas de pequeno porte de cativeiro são as
orais: cáries, cálculos, fraturas dentais, má oclusão, entre outras, algo que não costuma
ocorrer com animais de vida livre. Isso ocorre justamente pela oferta de alimentação
errada, doces e outras guloseimas que são aceitas pelos animais e acabam funcionando
como uma premiação.
89
UNIDADE IV │ MANEJO E MEDICINA DE PRIMATAS
pelo aedes aegypti. Os gêneros Alouatta, Callithrix e Ateles são muito sensíveis ao vírus
e apresentam taxa de letalidade elevada, porém o gênero Cebus, apesar de infectar-
se facilmente, apresenta baixa taxa de letalidade e geralmente desenvolve imunidade.
Para humanos, existe a vacinação obrigatório, para os primatas não. Netes, ocorre CID,
icterícia, esteatose hepática e hepatite necrótica. Não há tratamento. As medidas são
preventivas com o uso de tela nos recintos e de forma empírica; alguns veterinários
estão usando os repelentes top spot como vectra®. sob a pele. A vacinação de antígenos
utilizados em seres humanos não confere imunidade aos primatas (KALTER, 1971).
Em zoológicos, alguns desses animais tiveram morte súbita sem sinais clínicos.
Os achados post-mortem mais comuns foram congestão e edema pulmonares,
esplenomegalia e linfadenite mesentérica. Os achados histopatológicos mais comuns
foram hepatite necrótica multifocal, linfadenite, pneumonia intersticial e esplenite
necrótica (CATÃO DIAS, 2013).
Os ectoparasitas são raros nessas espécies por conta de os animais terem o hábito da
catação.
90
RADIOLOGIA
DE MAMÍFEROS
SILVESTRES E
CONTENÇÃO UNIDADE V
QUÍMICA DE
MAMÍFEROS
SILVESTRES
CAPÍTULO 1
Radiologia de mamíferos silvestres
Particularidades
Diferente de répteis e aves de porte não muito grandes, na maioria das vezes, as tomadas
radiológicas em mamíferos são restritas a algumas partes dos animais, havendo a
possibilidade de realizar imagens radiológicas em todo o seu corpo, o que só é possível
em animais de porte médio/pequeno. Projeções em grandes animais se restringem aos
dedos, como no caso dos elefantes.
91
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Lembre! Em espécies como coelhos e outros animais que têm ceco, haverá uma produção
de gás maior do que o normalmente conhecido.
Figura 64. Radiografias em projeções laterolateral (A) e dorsoventral (B) de um coelho (Oryctolagus cuniculus),
verificando-sereação osteolítica e osteo proliferativa expansiva com aumento de volume de tecidos moles em
93
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Figura 66. Radiografia em projeção laterolateral da coluna torácica de um porquinho-da-índia (Cavia porcellus),
na qual se observa fratura/luxação entre T8T9, com deslocamento dorsal de T8 em relação à T9.
94
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Autores propõem, por meio das projeções laterolateral e dorsoventral, o uso de linhas
de referência anatômica para a determinação da extensão de más oclusões em pequenos
mamíferos. (BOEHMER, 2009, pp. 250/260).
95
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Figura 68. Radiografias em projeção laterolateral (A e B) do crânio de chinchilas (Chinchilla laniger). Nota-se
Figura 69. Radiografia de ferret sadio; notar coração globoso e deitado Tórax estreito. Animal sem alteração
radiológica.
96
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
97
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Patologias radiológicas
Doença osteometabólica
Figura 73. Doença osteometabólica em mustelídeo, entortamento de ossos longos; nota-se ossos valgos.
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Artrites
Nas artrites, que podem ocorrer em qualquer animal, principalmente com o avançar da
idade, o exame se revela:
» fase aguda; pouca evidência radiográfica de artrite: Efusão articular;
» fase crônica: diminuição da interlinha articular, osteólise e reação do
periósteo nas regiões epifisária e metafisária, esclerose subcondral e
aumento de volume de tecidos moles.
Osteomielite
» Pode atingir diversos ossos do sistema esquelético, sendo mais frequente
nas extremidades dos membros.
» Ossos do crânio: resultado infecções crônicas localizadas no trato
respiratório superior, como rinite e sinusite.
» Rx: Aumento de radiopacidade nas cavidades nasais e seios infraorbitários
estágio avançado: reação osteolítica nos ossos adjacentes.
99
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Diferente dos cães, em que se mensura as dimensões cardíacas pelo exame radiológico,
com as dimensões das cervicais, nos mamíferos silvestres, essa avaliação é muito
subjetiva, uma vez que existem animais de diferentes ordens com diferentes tamanhos
e particularidades. Porém, para canídeos e felídeos silvestres, pode-se extrapolar essa
avaliação, pelo o que se conhece da radiologia de cães e gatos domésticos.
Lembre-se de que, assim como em cães e gatos, os cálculos da vesícula urinária, também
presentes em porquinhos-da-índia, têm sua radiopacidade observada por imagem
radiológica. (FARROW, 2009).
100
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Indicações
Figura 77. Aparelho de radiografia odontológica fixado à parede sendo usado em chimpanzé (Pan troglodytes).
Fonte: Cubas, 2014. Laboratório de Odontologia Comparada da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo.
101
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Figura 78. Imagem radiográfica de pré-molares e molares mandibulares de bugio (Alouatta caraya). Note as
Lise Óssea.
Ângulo da bissetriz
Devido à forma do crânio nos carnívoros, não é possível, para a maioria dos dentes,
o posicionamento do filme em paralelo ao seu eixo longitudinal. Recorre-se, então, à
imagem que se forma no eixo da bissetriz do ângulo entre o longo eixo do dente e o
plano do filme. A fonte de raios X deve ser posicionada perpendicularmente à linha da
102
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
bissetriz (ângulo médio entre o longo eixo do dente e o plano do filme odontológico)
para obter-se uma imagem isométrica do dente. (NIEMIEC, 2004).
Figura 79. Técnica radiográfica da bissetriz. Plano do dente (a), plano do filme (b) e a bissetriz (c), ilustrados em
crânio de cão (Canis familiaris). Note que o feixe de raios X é perpendicular (90°) à bissetriz.
103
CAPÍTULO 2
Contenção química de mamíferos
silvestres
Analgésicos em silvestres
Alguns sinais clínicos são associados à dor são universais em quaisquer animais, tais
como: alterações de temperamento (tanto agressivo como passivo), agitação, redução
da mobilidade ou relutância em ficar de pé, letargia, posicionamento arqueado,
constipação intestinal/redução na defecação, estase gastrintestinal, aumento da
frequência respiratória e claudicação. Redução no consumo de alimentos e/ou de água
pode ocorrer em animais com dor.
Coelhos, furões e alguns roedores muitas vezes rangem os dentes quando apresentam
dor abdominal. Como acontece com outras espécies, animais exóticos podem apresentar
tensão abdominal, ficando em posição curvada ou arqueada quando apresentam dor
abdominal (HAWKIN, 2014). Ainda naqueles que costumam se assear arrumando os
pelos, diminuem essa atividade o que provoca uma pelagem sem brilho e gordurosa.
Analgésicos
Opioides
Esses fármacos são mais utilizados nos animais para dor moderada a grave e nas
situações ortopédicas. São usados para todos os animais levando-se em consideração
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
dosagens maiores para pequenos animais. Efeitos adversos foram relatados como
depressão cardiorrespiratória, constipação ou diminuição da motilidade intestinal, o
que pode ser evidenciado pela produção exacerbada de gás principalmente em espécies
com ceco como o coelho e o porquinho-da-índia, que produzem timpanismo pela
diminuição de trânsito (HAWKIN, 2014).
Os efeitos dos opioides podem variar entre as espécies; efeitos melhores ocorrem quando
ministrados parenteralmente, pois, por via oral, para esses medicamentos ainda não se
tem conhecimento dos efeitos para espécies silvestres.
Fentanil
Esse fármaco tem ação curta quando aplicado de forma intravenosa, por isso seu uso é
melhor em infusão contínua durante o transoperatório e, nesse caso, é preciso manter
acesso seguro das vias respiratórias pela possibilidade de depressão respiratória que
pode ocorrer na aplicação deste fármaco. O uso de fentanila transdérmica por adesivos
também foi testada mantendo animais sedados (FOLEY, 2001).
Tramadol
Recentes estudos apontam doses acima de 4 mg/kg para cães para um melhor efeito
analgésico a depender da intensidade da dor. Seguindo essa linha raciocínio, os
pequenos silvestres exigem doses maiores para suprimir suas dores. Houve relatos em
que dose de 10 mg/kg de tramadol VO não proporcionou analgesia suficiente para ratos
após incisão cirúrgica (MCKEON, 2011). Em ratos, o tramadol promoveu analgesia em
casos de osteoartrite, o que, porém, não ocorreu em casos de dor aguda.
105
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
0,025 a 0,2 0,1 a 0,2 0,2 a 0,5 0,2 a 0,5 0,2 a 0,5 0,2 a 0,5
Hidromorfona
6a8h 6a8h 6a8h 6a8h 6a8h 6a8h
0,2 a 2 2a5 2a5 2a5 2 a 10 Usada como dose
Morfina 0,2 a 2 4 h
2h 2a4h 4h 4h 4h única
1a2 0,5 a 1,5 1a2 1a2 2a4
Nalbufina - -
2a4h 2a4h 2a4h 2a4h 2a4h
0,001 a
Naloxona 0,001 a 0,1 0,001 a 0,1 0,001 a 0,1 0,001 a 0,1 0,001 a 0,1
0,1
0,05 a 0,2 0,05 a 0,2 0,2 a 0,5 0,2 a 0,5
Oximorfona 1,2 a 1,5 0,2 a 4
6 a 8h 6 a 8h 6 a 8h 6 a 8h
2a5
Tramadol - - - 5 a 20 5 a 40
4a8h
Buprenorfina
Butorfanol
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Analgesia epidural
Muito comum para mamíferos de grande porte, diminui a dose de anestésicos gerais e
assim aumenta a segurança e custo dos procedimentos anestésicos gerais. Atualmente,
popularizou-se em mamíferos pequenos, embora com um certo grau de dificuldade
como também de experiência (MORIMOTO, 2001).
A morfina é o opioide mais utilizado, pois apresenta elevado potencial de ação e efeito
de longa duração analgésica (18 a 24 h); no entanto, a oximorfona e a buprenorfina
apresentam efeitos e durações semelhantes. Bupivacaína epidural em ratos promoveu
potentes efeitos antinociceptivos por apenas 20 a 30 min. Bupivacaína epidural em
ratos promoveu potentes efeitos antinociceptivos por apenas 20 a 30 min (MORIMOTO,
2001). Há um sinergismo do espaço epidural entre analgésicos locais e opioides: a
combinação dos medicamentos reduz as doses e minimiza os efeitos adversos potenciais
de cada medicamento.
Infusão contínua
Microdoses de cetamina já foram usadas produzindo uma boa analgesia, além de
opioides como a fentanila, que pode ser usada em associação com a cetamina. Alguns
veterinários usam o butorfanol, embora não haja relatos científicos, e o propofol, muito
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UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Farmacodinâmica
Anestésicos dissociativos, como cetamina e tiletamina, devem ser usados com cautela,
pois são eliminados por via renal de forma inalterada; portanto, em pacientes nefropatas,
poderá provocar períodos longos de recuperação anestésica, ou mesmo a morte deste.
Os anestésicos podem ser aplicados sem associações, o que não é o mais indicado, ou vir
acompanhado por fármacos que promovam tranquilização ou sedação, possibilitando
uma série de procedimentos médicos e de manejo, principalmente em animais pequenos.
Quando associados a anestésicos, incrementam a qualidade da contenção química ou
anestesia (VILANI, 2014).
Benzodiazepínicos
Pouco indicados para nefropatas, aumentando o tempo de anestesia, porém são raros
os efeitos adversos. No universo veterinário, temos: diazepam, midazolam e zolazepam.
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Curiosidades!
Fenotiazínicos e butirofenonas
Em doses terapêuticas, promovem tranquilização, efeito ansiolítico e relaxamento
muscular, observando-se também efeitos antiarrítmicos cardíacos e anti-histamínicos.
Pode promover hipotensão e hipotermia pela perda do controle termorregulatório.
Também podem facilitar convulsão em animais predispostos (REDMAN, 1973).
α - 2 agonistas adrenérgicos
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UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Esses fármacos, por terem afinidade por receptores α1, podendo promover excitação,
hipertensão, aumento da atividade motora e convulsão.
Uma vantagem do uso dos α - 2 agonistas é a possibilidade de reversão dos seus efeitos
com a tolazolina e a ioimbina já o atipamezol é indicado para a medetomidina. O único
comercializado no Brasil por manipulação é a ioimbina.
Opioides
Alguns opioides, como morfina, podem ainda ter efeito emético e induzir liberação de
histamina.
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
A morfina, entre os outros opioides, tem grande potência analgésica e duração, atuando
por 4 -6 h, diferente da meperidina, que atua por 2 horas e tem potência menor, porém
produz melhor sedação e diminuição dos vômitos, comum no uso da morfina.
A metadona é cada vez mais utilizada em animais selvagens devido à sua longa duração,
potência analgésica e capacidade de sedação adequada, porém, como a maioria dos
opioides, produz bradicardia e hipotensão (VILANI, 2014).
O butorfanol é uma alternativa para aves, além de produzir pouca alteração respiratória,
obtém pequeno efeito analgésico, e com curta duração, porém boa sedação
A anestesia dissociativa
São as mais empregadas para contenção de animais selvagens e muitas vezes usadas
na manutenção anestésicas em bolus ou em infusão quando não se disponibiliza de
anestésicos inalatórios.
Tanto cetamina quanto tiletamina nunca podem ser usadas sozinhas, em razão da
possibilidade de não produzir uma boa sedação e relaxamento.
Curiosidades!
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UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Anestesia inalatória
Normalmente usada como manutenção após a indução anestésica por fármacos
dissociativos. Promovem a inconsciência, analgesia e relaxamento muscular sendo
dose-dependente. Como os anestésicos inalatórios, necessitam ser administrados de
forma contínua, conferem maior praticidade na manutenção do plano anestésico,
podendo ser superficializado ou aprofundado rapidamente conforme necessário, sendo,
portanto, agentes seguros e objetivos.
Várias espécies podem usar dos agentes voláteis inalatórios como indução anestésica,
sendo por máscara ou caixas transparentes (câmaras anestésicas) em pequenos
roedores, por exemplo.
As vantagens da anestesia inalatória na rápida recuperação anestésica devem-se às
características farmacocinéticas. O anestésico, após ser inspirado, alcança concentrações
alveolares, é absorvido por vasos sanguíneos e atinge o SNC, promovendo seu início de
ação. Após a interrupção da administração, o anestésico atinge novamente os alvéolos
e é eliminado pela expiração.
Os fármacos mais utilizados são: halotano, isoflurano, sevoflurano e óxido nitroso. Esse
último não promove inconsciência e devem ser usados sempre associado com outro
fármaco halogenado. Quanto a esses, o isoflurano, tem substituído o halotano, por esse
fármaco ser potencialmente hepatotóxico, promotor de arritmias cardíacas e redutor
de pressão arterial (STEFFEY, 2007).
O sevoflurano é mais caro do que o isoflurano e confere maior consumo pela baixa
potência anestésica.
Em face desses fatos, o isoflurano popularizou-se pelo custo benefício e pela experiência
de vários anestesistas. Tem menor capacidade de propiciar arritmias quando comparado
ao halotano e boa estabilidade cardiovascular em concentrações adequadas, sendo um
fármaco relativamente seguro (REILLY, 1985).
Técnicas de bloqueio de membros, anestesia local ou quando associados a uso de opioides
diminuem em muito o uso de anestésicos voláteis/dissociativos o que interessante pela
diminuição de custo e do risco.
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Em particular aos mamíferos, animais como a roedores, ou outro animal muito pequeno,
a via intraóssea é uma opção de manutenção de fluido e aplicação de fármaco.
Propofol
Pode-se usar pela via intraóssea o propofol, embora sua indicação inicial seja por
uso venoso. Sua natureza lipofílica confere rápido início de ação. A duração de seu
efeito é curta após uma única aplicação em bolus e a recuperação é rápida e suave. O
retorno anestésico, que na maioria dos mamíferos acontece entre 12 e 15 min após sua
administração, ocorre pela redistribuição do medicamento para outros tecidos. Pode
ser observado apneia transitória e diminuição da pressão arterial por vasodilatação
periférica (MURPHY, 1992).
Anestesia em mamíferos
Felídeos
A anestesia nesse grupo pode ser administrada tendo como base o gato doméstico com
os mesmos resultados. Há de se considerar os diferentes tamanhos (1.5 kg-300kg) e por
isso é fundamental que se aumente as doses nos pequenos e se diminua nos grandes.
Leva-se em consideração, por questões óbvias, que pelo risco de segurança, os animais
grandes devem estar profundamente anestesiados.
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UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Associações mais usadas: grandes: cetamina 6- 8 mg/kg + xilazina 1-1.5 mg/kg, cetamina
6- 8 mg/kg + midazolan 1mg/kg ou detomidina a 0,5 mg/kg.
Alguns autores, por experiência própria, usam uma associação de cetamina 10 mg/kg +
midazolan 1 mg/kg por via oral para animais irascíveis, produzindo uma leve sedação,
o que facilita uma captura, porém não indicado para grandes animais, preferindo para
estes a aplicação parenteral.
Figura 80. Captura de leão (Panthera leo) com anestesia dissociativa por meio de dardo anestésico artesanal.
Associações farmacológicas
Cetamina + α - 2 agonistas
A cetamina isolada não é uma boa alternativa, pois promove efeito cataléptico com
rigidez muscular, além de excessiva salivação, possibilidade de convulsão e recuperação
traumática, ela deve ser sempre associada a benzodiazepínicos, α2 agonistas
adrenérgicos ou opioides (VILANI, 2014).
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Lembre! Animais mais tranquilos recebem doses menores, o que lhes confere
uma boa profundidade anestésica e analgesia.
Figura 81. Dardo caseiro: há uma câmara de ar/ gás pressurizado (G) e uma câmara com medicamento (H).
Legenda:
A – êmbolo fixo;
B – estabilizador de voo;
C – êmbolo móvel;
G – câmara de ar;
H – câmara de medicamentos.
Como se observa na figura 3, o bisel da agulha é lacrado (F), ex: cola epóxi abre-se
com uma lima pequena e triangular, um orifício lateral (D), coloca-se uma borracha,
apertada na agulha (E). No corpo da seringa de 3/ 5 ml, usam-se duas borrachas do
êmbolo (C e A). Fixa-se a borracha (A) com agulhas atravessadas em cruz
para fixá-la, enquanto a borracha (C) está livre. Coloca-se o anestésico/fármaco na
câmara (H). Acopla a agulha com a borracha (E) sobre o orifício (D). instila-se ar ou
gás comprimido de isqueiro na câmara (G). Com isso, o fármaco estará sobre pressão.
Penachos em fio de lã serão colocados na parte posterior do dardo (NOTA DO AUTOR).
115
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Flumazenil pode ser utilizado na dose de 0,01 a 0,2 mg/kg para reverter benzodiazepínicos
e para opioides a naloxona (0,002 a 0,04 mg/kg), porém reverte os efeitos desejáveis
da analgesia.
Tiletamina/zolazepan
Canídeos
Segue a mesma regra dos cães domésticos; nesse caso, a oscilação de dose é menor
se comparado aos felídeos, dada a diferença entre os portes não serem tão grandes.
Contudo, o uso de dardos é restrito quando se quer capturar à distância, sendo que, na
maioria das vezes, a contenção é realizada por puçás ou pau-de-couro.
116
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
As associações também são as mesmas, porém com um aumento das doses de xilazina,
(pode chegar a 3 mg/kg), lembrando de seus efeitos deletérios cardiorrespiratórios.
Tiletamia-zolazepan nas doses que variam de 4 a 8 mg/Kg. Cetamina (3 /10mg/ kg) +
xilazina (0,5 /1 mg/ kg) propiciam um bom efeito anestésico-relaxante (experiência do
autor).
Primatas
Considerações anestésicas
Primatas de médio e pequeno porte podem ser capturados fisicamente com rede ou
puçá para administração intramuscular direta. Anestesia dissociativa aplicada por via
intramuscular é uma opção para a contenção (VILANI, 2009).
Medicação pré-anestésica
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UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Dissociativos
Importante! Ao levar o animal para viveiro para retorno anestésico, retirar cordas
e outros objetos altos que possa estimular o animal escalar e manter o animal
afastado dos outros e deixá-los em ambiente quieto.
Figura 82. Anestesia intravenosa total com infusão contínua de propofol em exemplares de macaco verde
africano (Chlorocebus aethiops) (A) e mico de cheiro (Saimiri sciureus) (B) e com uso de máscara facial.
A B
Para animais menores que 2 kg, a capnometria para avaliação do estado ventilatório
pode ser dificultada assim como a possibilidade de hipotermia, por isso o uso de bolsa
de água quente, colchões térmicos e fluido aquecido.
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RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Roedores e lagomorphos
Considerações
Animais com alta taxa metabólica e grande consumo de oxigênio. Jejum máximo de 30
minutos. Lembrar de retirar os alimentos que permanecem na cavidade oral em suas
bochechas para evitar aspiração na anestesia. Procedimentos longos podem promover
hipoglicemia, por isso o controle transoperatório (aplicações durante a anestesia/
cirurgia são recomendáveis). Essa aplicação pode ser por via endovenosa ou mucosa
oral (HEARD, 2007).
Obs. 1: A hipotermia também é relatada nesse grupo e deve ser monitorada, mantendo
a sala aquecida ou uso de colchões aquecidos.
Anestesia dissociativa
Em roedores, Cetamina (50 mg/kg) + xilazina (5 mg/kg) são razoáveis para indução
anestésica – embora alguns autores prefiram doses maiores!
Em coelhos essas doses são menores, em torno de 20/40 mg/kg de cetamina e 3/5 mg/
kg xilazina. Podem ser associados também o midazolan – 2 mg/kg e o butorfanol (0.5
a 2 mg/kg).
A tiletamina zolazepan também pode ser usada nesse grupo, com doses que variam de
10 mg/ kg para os ratos, cobaias e hamster - a 50/80 mg/kg, chinchila 20/40 mg/kg
(Bretas, 2007).
Anestesia inalatória
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UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Marsupiais
Gambá e cuíca são os mais comuns. Esses animais apresentam temperatura corporal
mais baixa e menor habilidade termorregulatória. Eles não têm capacidade de produzir
calor pela gordura, mas tremendo o corpo. Podem perder temperatura com respiração
ofegante e lambendo o corpo. Assim, deve-se dar atenção especial para a manutenção
da temperatura corporal e o controle da temperatura ambiente. Hipotermia pode
prolongar desastrosamente a duração da anestesia. Associação de cetamina (10 a
40 mg/kg) e xilazina (5 a 10 mg/kg) ou medetomidina (0,1 mg/kg) (NUNES, 2007).
Assim como tiletamina/ zolazepan na dose de 15 mg/kg. A anestesia inalatória, nessas
espécies, também com bons resultados (HOLZ, 2007).
Equipamentos
Para aplicação a uma certa distância, pode-se utilizar de zarabatanas, pistolas ou rifles
anestésicos. As zarabatanas produzem menor potência, maior segurança e alcançam
curtas distâncias (5 a 8 m). No mercado (zoottech®), já existem zarabatanas pneumáticas
com manômetros e acopladas a uma bomba de bicicleta, o que aumentam o alcance
do dardo. Indicado para animais menores, porém o disparo pode ser impreciso, daí a
sugestão que seja realizado de perto do animal.
Pistolas e rifles são fabricados no mercado com intuito de projetar os dardos; eles
alcançam distâncias mais longas, com maior pressão e precisão de disparo, porém têm
menor segurança e são normalmente usados para animais maiores, devido à força de
penetração do dardo. Dependendo da pressão calculada no dardo – pela possibilidade
de regular o manômetro, pode-se infligir danos teciduais e ósseos, além de necrose,
principalmente quando o dardo não foi autoclavável, uma vez que eles são reutilizados.
120
RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES │ UNIDADE V
Figura 83. Zarabatana pneumática, manômetro Bomba de pedal, dardo, líquido de isqueiro e gatilho.
121
UNIDADE V │ RADIOLOGIA DE MAMÍFEROS SILVESTRES E CONTENÇÃO QUÍMICA DE MAMÍFEROS SILVESTRES
Lembrando!
Reversores
Atropina
Antagonistas
122
MANEJO E
MEDICINA DE UNIDADE VI
MEGAMAMÍFEROS
CAPÍTULO1
Elefantes
Introdução
Ao falar de megamíferos, incluímos os elefantes (asiáticos e africanos), rinocerontes,
girafas e hipopótamos. Todos os animais, de particular interesse em alguns
zoológicos que os mantém. É uma clínica muito peculiar e de pouco conhecimento
entre os veterinários de silvestres/exóticos pela dificuldade de acesso, assim como os
desafios de se realizar um exame clínico adequado. Muitos zoos não têm um sistema
de contenção/bretes adequados a essas espécies, o que torna o exame arriscado.
Anatomia e fisiologia
Os elefantes são proboscídeos, ou seja, o músculo da narina estende-se e assim se torna
um meio de sucção e apreensão de objetos. A ponta da tromba do elefante asiático
tem uma única projeção (funciona como um dedo). Já o elefante africano tem
duas projeções na tromba, o que lhes permite apreender objetos muito pequenos
(FOWLER, 1993).
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
Têm pés com dígitos e com base solar cornificada, flexível e macia (coxim), o que
faz amortecer seu grande peso. Problemas relacionados a seus pés são relevantes,
devido à possibilidade de pododermatites.
Com gestação que pode durar 22 meses, o elefante macho pode produzir o musth,
que é uma modificação de comportamento quando manifesta agressividade e
hipersecreção de glândulas nas têmporas, gotejamento de urina, e vocalização
intensa. Mesmo em animais de cativeiro, quando os animais estão sob esse efeito,
há relatos de ataques aos tratadores com os quais estão acostumados (LENHARD,
2006).
Para um adulto, a alimentação desse animal fermentador é composta por 50kg feno,
tubérculos, frutas e ração de equinos em pequena quantidade. Cuidar com a ração,
pois é comum episódios de cólica, assim como vegetais que possam produzir gases.
Esse fenômeno também está presente em animais que ficam estabulados por muito
tempo (FOWLER, 2014).
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
Exame clínico
Pulso arterial em artéria de orelha, tr 36/37ºC. Essa mensuração pode ser feita por
intermédio da inserção do termômetro em bolo fecal recém-eliminado. A colheita
sanguínea é feita pela orelha ou veia safena, bem pronunciada nos membros pélvicos.
Física
Ainda como forma de contenção, temos o comando de voz, útil quando o animal já se
acostumou ao treinamento/condicionamento e também a corrente presa a membros
superiores. Outra forma de contenção é a ERD, (elephant restraint device), este é um
tronco de imobilização que mantém o animal suspenso por um elevador hidráulico
apresenta várias janelas de acesso ao animal (OLSON, 2005).
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
Contenção química
Grandes animais sempre são mais arriscados de anestesiar. O tempo de anestesia,
associado ao decúbito, faz com que o animal produza isquemia do órgão pressionado. Por
isso, a decisão de ministrar anestésicos gerais em megamamíferos deve ser consensual
entre todos os envolvidos.
Algumas particularidades devem ser observadas, como: pele grossa (6 a 8 cm), necessita
de dardos compridos. Esses serão aplicados nos membros pélvicos e toráxicos. Abaixo a
tabela de doses anestésicas:
Fármacos Dose/via
Acepromazina 30 mg em adultos 10/20 mg em jovens (total)
Azaperone 0,017/0,09 mg /kg
Haloperidol Asiático 40/100 mg (dose total)
Africano 40/120mg
Butorfanol 0,01 a 0,12 mg/kg
Xilazina 0,04 a 0,08 mg/ kg
Medetomidina 0,005 mg/kg
Detomidina 0,0055mg/kg
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
Cirurgia
Procedimentos cirúrgicos são raramente descritos em elefantes. Os poucos relatos
mencionam a necessidade de instrumental em equinos, assim como um padrão de
sutura similar como as suturas de tensão como as de colchoeiro vertical e horizontal
para aproximar as margens da grossa epiderme (FOWLER, 2006).
Terapêutica
Medicamentos orais são facilmente aceitos por meio de frutas como melão e mamão e
calculados por alometria. O enriquecimento facilita manejo e procedimentos clínicos e
indolores.
Patologia
Doenças por bactérias gram, como pasteurelose, salmonelose e colibacilose já forma
relatadas em filhotes de elefantes. Além de outras como o botulismo, leptospirose e
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
tuberculose. Observa-se que patologias comuns aos equinos e aos ruminantes também
grassam nos paquidermes, como o tétano, aftosa, raiva, carbúnculo hemático, e outras
que afetam muitos animais de sangue quente como a encefalomiocardite, sendo essa
uma doença viral que pode causar morte súbita em várias espécies de animais de
zoológico (FOWLER, 2006).
Tuberculose
Assim como em outros animais (ex., primatas), o tratamento pode levar de meses a
anos. Com isoniazida 4/5 mg/kg e rifampicina 10 mg/kg. Não há um protocolo de
vacinação para essa espécie (FOWLER, 2014).
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CAPÍTULO 2
Girafas
Introdução
Os quatro grandes: hipopótamos, girafas, rinocerontes e elefantes. Para qualquer um
desses, o desafio cirúrgico – anestésico ainda requer cuidados, em face da dificuldade
de conseguir os fármacos (proibido no Brasil), seja pelo risco em manter-se animais
desse porte deitados por mais de 40 minutos sem comprometimento de sua saúde.
Biologia
Mamíferos artiodáctilos (dedos pares, pisam no 3o e 4o dedos), as girafas pertencem
à subordem ruminantia; é de vital importância conhecer sua alimentação, fisiologia e
patologias muito similares aos dos ruminantes domésticos.
Embora altos, os machos não passam dos 1000 KG; quanto as fêmeas, 700 kg. A
frequência cardíaca varia de 40 a 50 bpm, a frequência respiratória de 12 a 20 rpm, e
a temperatura retal de 38 a 38,8°C. A longevidade em zoológicos alcança os 30 anos.
As girafas, como a maioria dos mamíferos, apresentam sete vértebras cervicais, porém
muito longas, compondo o longo pescoço do animal. Em função do comprimento do
pescoço, as girafas têm pressão sanguínea carotídea elevada, na faixa de 300 mm/Hg.
A ocorrência de isquemia cerebral é evitada por valvas localizadas na veia jugular, da
mesma forma que valvas na artéria carótida evitam hipertensão cerebral quando o
animal baixa a cabeça.
As manchas pardas têm um padrão único para cada indivíduo e o auxilia a se mimetizar
por entre as sombras das árvores onde habita. Essas manchas também concentram,
debaixo da pele, vasos sanguíneos e são responsáveis pela manutenção da temperatura
corporal adequada das girafas (PACHALY; LANGE, 2014).
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
Figura 86. Projeção corneana óssea, dentição semelhante às dos ruminantes domésticos.
Nutrição
Contenção e anestesia
O condicionamento desses animais em bretes costuma ser fácil, desde que iniciados
na infância, o que facilita para procedimentos simples como exame clínico, coleta de
sangue, apara de casco e pequenas intervenções sem necessidade de anestesia geral.
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
As associações anestésicas usadas são as mesmas dos elefantes, com doses um pouco
maiores, visto o seu menor peso. Dada a frequência de óbitos dos grandes animais pelo
uso de anestesia, é sempre recomendado usar aqueles que tenham o reversor como os
opioides, α 2 agonistas e benzodiazepínicos (Pachaly, 2000).
Patologias
Transtornos podais, fraturas de ossos longos e distocias. Relatos de morte súbita em
zoológicos brasileiros. A tuberculose, assim como nos elefantes, afeta as girafas e o
exame realizado é o de tuberculinização. Pestivírus e aftosa já foram isolados (PACHALY;
LANGE, 2014).
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Figura 89. Lesão traumática na articulação metatársica falangeana e tratamento com unguento.
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CAPÍTULO 3
Medicina de rinocerontes e
hipopótamos
Rinocerontes
São perissodáctilos, que têm 1 dígito (equídeos) ou 3 (rinocerontes e antas). A família
Rhinocerothidae tem cinco espécies, sendo duas africanas e três asiáticas. As africanas
são rinocerontes pretos (Diceros bicornis) e brancos (Ceratotherium simum). As
asiáticas são rinocerontes indianos (Rhinoceros unicornis), de Java (Rhinoceros
sondaicus) e de Sumatra (Dicerorhinus sumatrensis) (NOWAK, 1999).
As populações estão ameaçadas pela pressão de caça, pouca proteção e área inadequada,
o que fez diminuir drasticamente suas populações. Estima-se que haja 25.000 destes
animais e 1250 em cativeiro. (I.R.F, 2019). Sendo 18.000 para os rinocerontes-branco,
preto :4240, para os indianos: 2800, os de Sumatra:200 e de 40 a 50 indivíduos de
Java.
Anatomia e fisiologia
Animais com corno atípico e ausência de núcleo córneo na região frontal, derivado de
base epidérmica composta por células queratinizadas embebidas em matriz amorfa.
Essas células crescem a partir de uma camada germinativa, o stratum germinativum; e
após a queratinização completa, as células morrem, portanto todo o crescimento ocorre
na direção da base para o ápice (HIERONYMUS, 2006). Essa estrutura justaposta
queratinizada e com presença de pelos, dá uma aparência óssea e dura.
Embora pertença ao mesmo grupo dos equídeos, os rinocerontes têm ceco reduzido
praticamente afuncional, ou seja, sem funcionalidade fermentativa (ENDO, 1999).
Reprodução
O ciclo reprodutivo das fêmeas dura em média 25 dias, podendo variar em alguns
indivíduos. De maneira geral, o estro dura 24 h. O filhote recém-nascido pesa em média
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
35kg, desmama por volta dos 2 anos de idade e pode permanecer com a mãe até os 3 ou
4 anos de idade, quando normalmente nasce outro filhote (MALTA, 2014).
Nutrição
Em vida livre, esses animais consomem uma grande quantidade de material vegetal,
o que muitas vezes é difícil oferecer em cativeiro. Os rinocerontes são herbívoros
monogástricos, com intestino grosso, especialmente cólon, bem desenvolvido,
portanto, sua digestão baseia-se em fermentação posterior (MILLER, 2003). O modelo
baseado para equinos domésticos é válido para os rinocerontes que se alimentam de
gramíneas, como os rinocerontes brancos e indianos. Entretanto, as demais espécies de
rinocerontes alimentam-se exclusivamente de arbustos, folhas e ramos, e por isso, são
chamados de browsers (MALTA, 2014).
Instalações
Segundo o IBAMA, o recinto deve ter no mínimo 600 m2 com tanque e lamaçal para o
animal proteger-se de ectoparasitos e controle de temperatura. Área de cambeamento.
Piso de terra e grama e outra vegetação que mimetize o ambiente savânico. Vegetação
arbórea para sombra e como ponto de fuga do animal.
Figura 90. Recinto amplo e adequado para rinocerontes, no Zooparque Itatiba/SP. Note a existência de tanque
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
Figura 91. Área de abrigo e cambiamento para rinocerontes no Zooparque Itatiba/SP. Note que as estruturas de
construção devem ser sólidas para suportar a força e o peso dos animais.
Contenção e anestesia
Contenção
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
Fármacos
Como já mencionado, fármacos como etorfina são proibidos no Brasil, porém associações
como tartarato de butorfanol (52 a 80 mg/kg) e o azaperone (70 a 107 mg/kg), foram
bem razoáveis. O butorfanol é um opioide 3 a 5 vezes mais potente que a morfina, com
efeitos cardiorrespiratórios colaterais menos pronunciados que outros opioides. Para
a manutenção dessa sedação, infusão contínua intravenosa de tartarato de butorfanol
(0,6 a 18 mg/min) pode ser utilizada de acordo com a reposta do animal. O tartarato
de butorfanol (120 mg) com detomidina (80 mg) é amplamente utilizado quando se
almeja sedação em estação (RADCLIFFE, 2000).
Clínica
Nos rinocerontes, a colheita de sangue pode ser feita pela punção das veias auricular,
coccígea, cefálica, radial ou metatársica dorsal. A colheita deve ser feita de preferência
realizada em brete.
Doenças virais como cowpox, que causam lesões pustulares em zoológicos fora do
Brasil. Entre as bacterianas: salmonela, leptospira e tuberculose.
Entre as doenças não infecciosas nesses animais, já foi observado dermatopatia vesicular
e ulcerativa, além de pododermatite.
Vacinação
Lembrar que a vacina usada em animais silvestres tem efeitos variados nos silvestres!
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
Figura 92. Punção da veia metatársica dorsal esquerda em rinoceronte branco. A. Evidenciação dos vasos (seta).
B. Punção venosa com agulha hipodérmica 40 × 12 (18G 1 1/2), com o animal no brete de contenção. C.
Cirurgia
Medicina de hipopótamos
Introdução
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
Anatomia e Fisiologia
Animais que nascem entre 27 e 50 kg e atingem até 2 toneladas para machos e 1700 Kg
nas fêmeas. Sua longevidade atinge os 40 anos. Fórmula dentária: 2 × (I 2/2, C 1/1, PM
3 a 4/3 a 4, M 3/3) = 36 a 40. Os dentes incisivos e caninos têm crescimento contínuo o
que torna um problema em zoológicos porque obriga a serem cortados periodicamente,
quando os animais não conseguem desgastá-los naturalmente.
A Temperatura retal é baixa e varia entre 35 a 35.8°C. Sua epiderme é composta de uma
espessa camada de gordura que atua como isolante térmico. Os animais têm hábito
semiaquáticos e precisam ficar boa parte do dia dentro da água para evitar a dessecação.
Figura 93. (A) Extremidade do membro torácico e (B) Extremidade do membro pélvico.
Os hipopótamos não têm glândulas sebáceas como outros mamíferos, mas têm glândulas
profundas que liberam uma secreção viscosa de tonalidade marrom avermelhada, com
propriedade bactericida e fungicida, e atua na termorregulação e na proteção da pele
contra os efeitos do sol.
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
Instalações
O tanque deve ser grande e o bastante para o animal submergir. Se possível de uma
fonte corrente, uma vez que os animais os usam para evacuar e urinar. Uma rampa deve
dar acesso a água.
Contenção e anestesia
Hipopótamos podem ser sedados em estação pelo uso isolado de xilazina ou detomidina,
azaperone ou butorfanol, pela associação de dois desses fármacos ou de todos. Uma
indicação bastante comum na literatura para a sedação suave em estação é o uso isolado
de azaperone, em doses totais de 400 a 800mg para um animal adulto. Assim como
associação de cetamina e xilazina (ou midazolan), sempre por alometria.
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UNIDADE VI │ MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS
Figura 95. Hipopótamo adulto apresentando três dardos metálicos cravados na face externa do membro
Clínica e cirurgia
Os mesmos pontos de colheita de sangue dos rinocerontes, servem para os hipopótamos,
sendo as veias da cauda, face caudal do carpo e femural direita as mais utilizadas.
Figura 96. Colheita de sangue em hipopótamo adulto na linha média ventral da cauda.
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MANEJO E MEDICINA DE MEGAMAMÍFEROS │ UNIDADE VI
Figura 97. (A) animal com dentição normal (B) canino inferior esquerdo. Nota-se o crescimento excessivo do dente
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