Metodologia de Investigação Científica
Metodologia de Investigação Científica
Metodologia de Investigação Científica
ª versão
Patrício Batsîkama
DEFINIÇÃO
Visto que a ciência é o conhecimento lógico das coisas bem determinadas que se
constrói através de métodos científico, entendemos por pesquisa científica um conjunto
de procedimentos para alcançar resultados verificáveis sobre um determinado tema, na
base de dados rigorosamente obtidos e analisados em função de pressupostos lógicos.
PESQUISA CIENTÍFICA
1. Conceitos
Define-se a pesquisa científica consoante duas perspetivas: objectivos e
procedimentos técnicos. Partindo dos objectivos, existem: (a) pesquisa exploratória; (b)
pesquisa descriptiva; (c) pesquisa explicativa. Partindo dos procedimentos, conta-se: (a)
pesquisa bibliográfica; (b) pesquisa documental; (c) pesquisa experimental; (d) pesquisa
por levantamento; (e) estudo de campo; (f) estudo de caso; (g) pesquisa-acção.
De forma sucinta, podemos definir cada uma dessas pesquisas:
Pesquisa exploratória: permite a familiarização sobre o assunto/tema e leva
o pesquisador a conhecer diferentes autores e diversas abordagens sobre um
determinado tema e, a partir daí, construir a sua percepção sobre o caso.
Pesquisa descriptiva: oferece as características e idiossincrasias sobre os
fenómenos ou populações.
Pesquisa explicativa: procura explicar, com maior relevância lógia e razão, a
realidade.
Pesquisa bibliográfica: é uma busca de compreensão sobre determinado tema
na base das publicações existentes, com realce as peculiaridade de cada autor
assim como uma tabela de convergências e divergências.
Pesquisa documental: trata-se de uma investigação de documento da
“primeira mão”, nomeadamente: espolio arquivístico, documentos de uma
instituição que é preciso dar o devido tratamento.
Pesquisa experimental: parte da seleção de variáveis capazes de influenciar
o objecto da pesquisa e define-se modos de controlo e formas de observação
dos efeitos a variável produz no objecto.
Pesquisa por levantamento: trata-se de ir junto da população fazer perguntas
para se conhecer o comportamento que se pretende conhecer. As respostas
obtidas devem ser analisada (análise quantitativa, por exemplo).
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Estudo de campo: procura aprimorar informação sobre uma realidade
específica. Delimita-se um grupo dentro do geral, faz-se observações directas
e procede as entrevistas que devem ser analisadas (análise qualitativa).
Estudo de caso: limita-se a um ou dois objectivos com propósito de
aprofundar conhecimento, de forma detalhada, numa determinada realidade
Pesquisa-Acção: experiência empírica envolve pesquisador e participantes
que cooperam na construção de um saber, em busca de resolução de um
problema.
Pesquisa de laboratório: é uma pesquisa caracterizada pelo seu espaço –
laboratório – com maior relevância a deontologia, tecnicidade, ambiente e
(alta) expertise no manuseamento. Realçar que pode ou não ser experimental,
mas passa-se em situações controladas.
Exercício n.º 1:
a. Cita 3 textos (artigos científicos ou alguma dissertação de mestrado) cujos temas
correlacionam-se com o seu tema do Trabalho de Fim de Curso (TFC);
b. Cita 4 textos relacionados com o seu TFC e estabelece as convergências e
divergências que apresentam em três aspectos: (i) objectivos; (ii) métodos
utilizados; (iii) resultados obetidos;
c. Pode partilhar connosco as principais etapas da sua pesquisa que poderão auxilia-
lo no levantamento e no estudo de campo?
d. Quais são as etapas que pensa fundamentais para o seu tema no que diz respeito
ao estudo de caso e Pesquisa-Acção?
O tema é o começo de tudo e deve ser definido sem equivoco, de forma objectivo,
visto que indica o cerne da pesquisa em si. O problema é, grosso modo, a questão ainda
não resolvida que passa a ser objecto da pesquisa. O problema implica a relevância teórica
e prática, por um lado. Por outro, a aquisição de novos conhecimentos. Por essa razão, o
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problema é formulado como uma pergunta, por isso, deve ser definido e delimitado para
ser específico possível (uma dimensão- viável). Aconselha-se que o problema seja
definido com maior clareza possível, para evitar as indefinições que possam comprometer
a pesquisa no seu todo. Por fim, o problema não pode ser valorativo (ser certo, melhor,
bom, etc.).
A hipótese é a possibilidade de resposta ao problema formulado. Em tese, consiste ao
conjunto de averiguações que serão verificadas na sua pesquisa. Dai, assume-se como
uma verdade provisória para entender um determinado problema. Por essa razão, a
hipótese deve ser específica e formulada com conceitos inequívocos, deve evitar basear-
se em valores morais e deverá seguir rigorosamente uma teoria que a sustenta.
A justificativa indica, entre outros, a relevância da pesquisa prática e intelectual,
assim como as possíveis contribuições relacionadas ao tema. Por esse motivo, impõe-se
que se faça o “estado da arte”: mostrar o estágio da pesquisa do tema que se propõe. Quais
são pesquisadores que já abordaram o tema e quais foram os resultados obtidos e onde
encontrar os seus relatórios. Com isso, faz-se um quando panorâmico que explique como
o tema tem sido tratado.
O objectivo geral anuncia a dimensão global que a pesquisa científica pretende, ao
passo que o objectivo específico (podem ser mais de dois, mas aconselha não exceder
muito) define as metas específicas que viabilizam o objectivo geral.
Temos dois entendimentos sobre a metodologia. Uma consiste ao pesquisador
anunciar quais serão as técnicas e procedimentos a ser utilizados na leitura operacional
que fez o quadro teórico. Deverá manter o espírito lógico entre a amostragem, a forma
como conseguido (coleta), a organização de dados e a sua análise. O pesquisador deverá
abster-se as suas intenções pessoas, juízes de valor e conduzir a sua pesquisa de forma
objectiva com maior isenção possível. O outro entendimento é, academismo na
elaboração do artigo ou trabalho de fim do curso. As normas das instituições de Ensino
Superior variam consideravelmente.
A amostragem implica definir «quem» e «onde». Isto é, a escolha de espaço e do
grupo deverá ser fundamentado e deverá interessa o estágio científico deste tema: ser
novo, útil na sociedade ou ajudar a reflectir sobre a mesma realidade com uma perspectiva
diferente. A amostra é a parte representativa de um grupo maior escolhida para estudo.
Quando é maior, a análise é quantitativa; quando é selectiva, a análise é qualitativa. O
pesquisador deverá observar rigorosamente as operações destas análises.
A organização dos dados obedece a categorização, codificação e tabulação. Com
isso, o pesquisador deixa claro a interpretação dos discursos, os sentidos expressos para
expor a realidade e, sobretudo, a compreensão das informações tratadas.
A estrutura de uma pesquisa é a seguinte:
Introdução: apresente o tema e explica como constrói a problemática.
Justificativa: diga quais são as razões e a relevância do tema
Fundamentos teóricos: alicerça sua pesquisa numa teórica que verificará ao
longo do trabalho.
Objectivos: quais metas a pesquisa apresenta no seu geral e, de forma
específica, quais serão as particularidades que o tema irá trazer à comunidade
científica.
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Hipótese e Metodologia: se por um lado, podemos avançar com as verdades
primeiras, estas últimas devem ser verificadas com rigor a partir de método.
Isso permitirá outros pesquisadores testar, confirmar ou contraria.
Bibliografia: conjunto de textos utilizados. Todo utilizado deve constar na
Bibliografia, ao risco do pesquisador de ser “acusado” de plágio. No corpo do
texto, as referências bibliográficas podem obedecer a uma norma apenas
(ABNT, APA, etc.).
Cronograma: descripção das etapas – com os devidos prazos – devem ser
previamente definida para servir de bússola ao pesquisador.
Orçamento (opcional): toda pesquisa requer despesas: compra de livro, fazer
fotocópias, fotografar, transporte para deslocações, correcção do texto
(relatório), etc.
Exercício n.º2:
a. Apresenta o 1.º Draft (rascunho) do seu Projecto (ante-projecto) para o Trabalho
de Fim de Curso;
b. Quais são as principais dificuldades objectivas e como pretende ultrapassá-las?
c. Como poderá constituir a bibliografia além das sugestões do seu tutor e qual
estratégia dispõe para identificar os autores que já abordaram o mesmo tema?
d. Quais são as razões quem podem obrigar um pesquisador a abandonar o seu tema?
Explica cada uma delas, de forma prática.
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perceber o texto lido, fora de juízos de valor. Em caso de Trabalho de Fim do Curso,
aconselha-se construir consultar vários autores que abordam o mesmo tema, compará-los
e identificar as idiossincrasias de cada um. Isso faculta ao pesquisador-leitor assegurar
domínio na matéria, sobretudo quando ele faz constantemente as resenhas.
A resenha é uma síntese que descreve os pontos estruturantes ou estruturais de um
texto, que assume-se ao mesmo tempo como uma análise minuciosa de um texto (artigo
ou livro) expressando a opinião do leitor. A resenha difere-se de um resumo e ajuda o
pesquisador-leitor a construir as suas próprias ideias. Ela é técnica e argumenta na base
de comparação e ilações que a discussão suscita: a resenha de texto científico é descrptiva
– embora com as palavras de quem escreve –, menos opinativa e sucinta.
A comparação de textos abordando o mesmo tema é profícua quando o pesquisador-
leitor escreve resenhas, faz críticas às suas próprias resenhas e discute com demais
colegas para colher deles outras observações.
Exercício n.º 3:
a. Leia três dos textos que o Professor forneceu para o seu Trabalho de Fim do Curso
e faça três resenhas de 2 páginas cada, ao mínimo.
b. A partir das resenhas, identifica discussões relacionadas e estabelece um quadro
de convergências/divergências para comentar consoante o seu entendimento.
c. Escreve um artigo de 5 páginas na base de anotações, resenhas e outras reflexões
em volta do seu tema do Trabalho de Fim do Curso.
BIBLIOGRAFIA
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