Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar
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Câmara Técnica de Odontologia Hospitalar
ODONTOLOGIA
HOSPITALAR
CÂMARA TÉCNICA DE
ODONTOLOGIA HOSPITALAR
MANUAL DE
ODONTOLOGIA
HOSPITALAR
MANUAL DE
ODONTOLOGIA
HOSPITALAR
CÂMARA TÉCNICA DE
ODONTOLOGIA HOSPITALAR
4
COLABORADORES AUTORES:
Dr André Vieira
SUMÁRIO
MANUAL DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR
Introdução ......................................................................................................... 10
.
MANUAL DE ODONTOLOGIA HOSPITALAR 6
ODONTOLOGIA HOSPITALAR
JUSTIFICATIVAS
Existem diversas situações clínicas que exigem a presença de um Cirurgião-Dentista de
formação clínica nos Hospitais,tanto para pacientes adultos como para pediátricos.
O atendimento clínico dos pacientes pediátricos em hospital, principalmente nas fases iniciais de
vida, necessita de procedimentos diferenciados e os profissionais atuantes na odontologia hospitalar,
estão aptos a utilizarem técnicas e materiais que facilitem ou até mesmo,que viabilize o atendimento de
crianças, diminuindo o desconforto físico e mental. Além disso a prevenção, fundamento básico da
odontologia e medicina modernas, de uma forma geral é negligenciada na rotina hospitalar, muitas
vezes em virtude de políticas e modelos curativos adotados e vigentes em muitas cidades. Sendo que a
atuação da odontologia, deve começar desde o acompanhamento da gestante, melhorando sua
condição bucal e removendo fatores que podem ser de risco não somente à mãe,como para o feto.
· Ainda em 2005, o Ministério da Saúde estabeleceu diretrizes para a atenção aos doentes
com afecções das vias aéreas e digestivas superiores da face e do pescoço em alta complexidade,
mediante a implantação de rede estadual/regional de Atenção por meio de unidades de assistência e
centros de referência. Outra ação foi a necessidade da atenção odontológica no credenciamento dos
Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia ( CACON ).
CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA 7
As razões das necessidades especiais são inúmeras e vão desde doenças hereditárias,
defeitos congênitos,até as alterações que ocorrem durante a vida,como moléstias sistêmicas,alterações
comportamentais, envelhecimento, entre outras. É importante destacar que pacientes com
necessidades especiais têm conceito e classificação amplos,que abrangem situações as quais requerem
atenção odontológica diferenciada.Até a publicação da portaria,as Unidades Básicas e/ou os Centros de
Especialidades Odontológicas tinham muita dificuldade para encaminhar pacientes não colaboradores
ou com comprometimento severo para atendimento hospitalar sob anestesia geral, e os hospitais e
profissionais não tinham como registrar o procedimento e nem recebiam pela prestação do serviço.
Por meio da publicação da portaria, os hospitais e profissionais que prestam serviço para a
SUS passaram a receber repasse financeiro para realizar procedimentos odontológicos de atenção
primária e atenção secundária em ambiente hospitalar.Mediante o exposto,já se observa os indícios da
normatização da Odontologia Clínica em Ambiente Hospitalar.
O momento atual vivencia a construção de normativas que nos possibilitam vislumbrar a Odontologia
no meio hospitalar,como RDC 7,a portaria GM / MS nº 1.032 e a Nota Técnica Nº 1 de 2014,supracitados,
sendo normativas que abrem possibilidades para que se trabalhe a Odontologia em novo prisma dentro
das instituições com a liberação, no Código Brasileiro de Ocupações, dos procedimentos sob
responsabilidade do odontólogo.
De forma geral podemos contatar que nos hospitais, os cuidados com a saúde bucal dos
indivíduos hospitalizados,culturalmente são negligenciados em função do seu estado geral,sua grande
debilitação e principalmente, em função da carência educacional em relação às atitudes preventivas e
procedimentos básicos odontológicos,para manutenção da saúde,justamente quando estes sejam mais
necessários,e quando a pessoa mais precisa.
Muitas doenças sistêmicas e seus tratamentos podem reduzir a resistência, como também
pode afetar direta ou indiretamente esta condição de equilíbrio bucal, como os anticolinérgicos. Em
termos gerais, mas de 100 medicamentos atualmente registrados no Brasíndice e de uso comum aos
pacientes brasileiros, possuem como efeito colateral a redução do fluxo salivar. Levando em
consideração que a condição de internamento o priva de um convívio social, mais a debilitação física,
gerando nesta combinação um forte impacto em sua vida, o trabalho eficiente, e humanizado das
equipes multidisciplinares, tende a favorecer a superação destas dificuldades. Incluir efetivamente o
cirurgião-dentista como promotor de saúde em um programa protocolar,formal e estabelecido na rotina
hospitalar, com vistas a este favorecimento, é a maneira mais adequada, simples, acessível e efetiva na
manutenção das boas práticas assistências, mas como elemento considerado primordial na qualidade
de vida.
O cirurgião dentista para atuar neste cenário deverá estar capacitado para trabalhar nestas
equipes multiprofissionais, de forma interdisciplinar e transdisciplinar na promoção da saúde, na
prestação de assistência odontológica aos pacientes em regime de internação,ambulatorial,domiciliar,
urgência e emergência e pacientes críticos,atuando integrado aos diversos profissionais envolvidos no
cuidado ao paciente.Deve reconhecer as situações de emergência que colocam em risco a saúde e a vida
de seus pacientes, instituindo medidas de pronto atendimento, bem como, realizar e estimular
pesquisas que visem o desenvolvimento e uso de novas tecnologias, métodos e fármacos. Enfim, se
inserir e atuar dinâmica do trabalho institucional do hospital, quer seja na esfera administrativo-
gerencial ou da ordem do cuidado-curativo.
Em 2008, o deputado Neilton Mulim, apresentou na câmara dos deputados o Projeto de Lei
nº 2776, que torna obrigatória a presença de cirurgiões-dentistas nas UTI . Este PL foi posteriormente
substituído pelo PL da Câmara nº 34, de 2013, que por sua vez torna obrigatória a prestação de
assistência odontológica a pacientes em regime de internação hospitalar, aos portadores de doenças
crônicas e,ainda,aos atendidos em regime domiciliar na modalidade home care.Este encontra-se desde
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05 de maio de 2016,pronto para deliberação do plenário do Senado.
O Código de Ética Odontológico (Resolução CFO -118/2012), em seus artigos 26, 27 e 28,
regulamenta a atuação do cirurgião dentista em ambiente hospitalar, porém ainda precisa de
complementação.
O Ministério da Saúde reconhece essa importância, por meio da Resolução Normativa nº
7/2010 da ANVISA ,em vigor,desde o último dia 24 de fevereiro de 2013,que dispõe sobre os requisitos
mínimos para funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva ( UTI ). A resolução exige do Hospital
uma UTI moderna e com equipes multidisciplinares de saúde amparando o paciente à beira do leito e
prevê (Artigo 18) a presença do odontólogo, devidamente capacitado compondo equipes
multidisciplinares intensivas.
No Paraná,temos a Lei 18120 -25 de junho de 2014 -Diário Oficial nº.9238 de 2 de julho de
2014, que torna obrigatória a prestação de assistência odontológica aos pacientes em hospitais gerais
de médio e grande porte,porém esta norma carece de regulamentação para sua efetiva prática.
Referências Bibliográficas:
A Odontologia para pacientes especiais tem apresentado ao longo dos últimos 40 anos
significativos avanços quanto à promoção e manutenção da saúde bucal. Dentre estes pode-se citar a
mudança na tratativa dos mesmos, isto é, deixou-se de denominá-los como “excepcionais” para
considerá-los pacientes com necessidades especiais.
A terminologia “Paciente com Necessidades Especiais” substitui os termos “Portador de
deficiência e excepcionais” objetivando a desmitificação de que pessoas apresentam deficiência como
sinônimo de incapacidade de integração na sociedade. Hoje, suas limitações são respeitadas e na
Odontologia estes pacientes são aqueles que têm uma doença ou situação clínica que necessitam de
atendimento diferenciado.
Por paciente com necessidade especial compreendem-se “... aqueles indivíduos que
apresentam doenças e ou condições que requerem atendimento diferenciado por apresentarem
alterações mentais, físicas, orgânicas, sociais e ou comportamentais” ( SANTOS e SABBAGH -
HADDAD,2003).
Dados do IBGE ,no censo demográfico de 2010 revelam que 23,9 % da população brasileira
tem algum tipo de deficiência. A Pesquisa Nacional de Saúde ( PNS ) considerou quatro tipos de
deficiências: auditiva,visual,física/motora e intelectual.
Os estudos mostram que em 2010, 8,3% da população brasileira apresentava algum pelo
menos um tipo de deficiência severa e quase a metade deste total têm grau intenso ou muito intenso de
limitações.
Para fins de assistência odontológica, o Ministério da Saúde utiliza-se do conceito de
paciente com necessidades especiais que é:
“Todo usuário que apresenta uma ou mais limitações, temporárias ou permanentes, de
ordem mental, física, sensorial, emocional, de crescimento ou médica, que o impeça de ser submetido a
uma situação odontológica convencional. As razões das necessidades especiais são inúmeras e vão
desde doenças hereditárias, defeitos congênitos, até as alterações que ocorrem durante a vida, como
moléstias sistêmicas, alterações comportamentais, envelhecimento, etc. Esse conceito é amplo e
abrange,entre os diversos casos que requerem atenção diferenciada,as pessoas com deficiência visual,
auditiva, física ou múltipla (conforme definidas nos Decretos 3296/99 e 5296/04) que eventualmente
precisam ser submetidas à atenção odontológica especial”(Cadernos da Atenção Básica,2004).
Com a perspectiva da participação social das pessoas com deficiência na sociedade, o
modelo médico predominante na concepção da deficiência, até então, já não bastava para definir o
amplo espectro da deficiência. Esta passa a ser compreendida, sob uma perspectiva social, como um
problema criado e determinado socialmente que atribui as desvantagens individuais e coletivas das
pessoas com deficiência principalmente à discriminação institucional, sugerindo que a solução para a
incapacidade estaria na reestruturação da sociedade.
A classificação do paciente com necessidade especial em odontologia é dada segundo os
comprometimentos e/ou áreas comprometidas pela patologia, presentes no paciente, sendo, portanto,
classificados em: desvios de inteligência, defeitos físicos e congênitos, desvios comportamentais e
psíquicos, deficiências sensoriais e de áudio comunicação, doenças sistêmicas crônicas e endócrino-
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metabólicas,além de desvios sociais e estados fisiológicos especiais.
A atenção aos pacientes com necessidades especiais, portanto, deve ser realizado por um
odontólogo, inserido em uma equipe multidisciplinar, engajada em programas de saúde que observem
não só os aspectos ligados à deficiência em si, mas também os aspectos psicológicos que permeiam as
inter-relações profissional deficiente-família, as condições de vida e o contexto social no qual o
deficiente e seus familiares estão inseridos,prestando-lhes atendimento integral em todos os níveis de
complexidade.
Para tanto, é importante que o cirurgião dentista possa despertar a compreensão de um
trabalho multidisciplinar entre profissionais e cuidadores no controle de higiene bucal envolvendo
ações químicas e mecânicas, sem, contudo, eximir-se da própria responsabilidade como educador. Ser
educador é transformar uma determinada realidade, ainda que para isso as ferramentas sejam as mais
básicas e simples possíveis.
Referências Bibliográficas:
1 – SILVA , L.V. PV ; CRUZ , R.A. Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais;
protocolos para atendimentos clínicos.1ª edição,São Paulo; Santos; 2009 –190p.;
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Brasil.Uma visão Geral.Revista de odontologia da UNESP.2009; 38(2): 105-109;
5 – SILVA ,E.P.; GUIRADO,C.G.Atendimento Odontológico aos Pacientes Especiais Infantis.
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6 – BARNETT, M.L. et al. The prevalence of Periodontitis and Dental Caries in Down's
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7 – HOUSTON , S; et al. Effectiveness of 0,12% chlorhexidine gluconate oral rinse em
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2002; 11:567-70.
8 – GUEDES PINTO,A.C.Odontopediatria.7.Ed.,São Paulo: Santos,2009.
Condutas durante atendimento: - Sessões curtas, RX não precisa ser evitado (usando os
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meios de proteção), instrução quanto à higiene, anamnese criteriosa, utilizar anestésico Lidocaína 2%
com adrenalina na dose máxima de 2 tubetes,realizando sua administração lentamente.
1 -Gengivite gravídica,é uma complicação oral onde a gengiva se torna mais vascularizada,
edemaciada e sensível. A gengivite é uma resposta inflamatória à placa bacteriana. Para tratamento,
recomenda-se a remoção da placa (foco) e uso de clorexidina 0,12% diariamente durante a eliminação
do foco,adequando o meio.
Referências Bibliográficas:
PACIENTES ONCOLÓGICOS
A oncologia é um ramo da saúde que lida com tumores ou neoplasias (novas formações) que
podem ser malignos (câncer) ou benignos. Características diferenciais dos tumores: os tumores
benignos apresentam encapsulação frequente, crescimento lento, expansivo, bem delimitado, a sua
morfologia é semelhante à origem, mitose raras e típicas. Já os malignos a encapsulação é ausente, o
crescimento é rápido,infiltrativo,destrutivo,pouco delimitado podendo espalhar-se para outras regiões
do corpo (metástase),a sua morfologia é diferente à origem,mitoses frequentes e atípicas.O tratamento
pode ser cirúrgico (remoção do tumor), clínico (radioterapia, quimioterapia), ou uma combinação das
formas de tratamento. Podendo ter intenção curativa ou paliativa.
Referências Bibliograficas:
HEMATOLOGIA NA ODONTOLOGIA
ODONTOLOGIA NO DIABÉTICO
O CD enquanto promotor de saúde deve estar ciente que o alívio da dor e de outros
sintomas desagradáveis.Sendo o Diabetes uma doença que atinge,em média,8% da população adulta.É
uma doença silenciosa: 50% dos diabéticos desconhecem ser portadores.Mais de 600.000 novos casos
são diagnosticados por ano e, quanto mais cedo é feito o diagnóstico da doença, melhor a qualidade de
vida deste paciente. O paciente diabético apresenta falta de insulina ou incapacidade desta de exercer
suas funções, caracterizada por hiperglicemia crônica (altas taxas de açúcar no sangue) e distúrbios de
metabolismos dos carboidratos,lipídios e proteínas.
Alguns sinais e sintomas são menos perceptíveis,como formigamentos nas mãos e pés.
Os exames periódicos são fundamentais para diagnosticar a presença da doença, principalmente após
os 40 anos de idade.
Observações importantes:
Referências Bibliográficas:
Referências Bibliográficas:
ODONTOLOGIA E A NEFROLOGIA
A disseminação de bactérias pela corrente sanguínea pode afetar locais e órgãos distantes
da boca como os rins, podendo inclusive causar a impossibilidade de um transplante e/ou a rejeição do
mesmo.
Uma maior integração entre as áreas médica e odontológica garante saúde e melhor
qualidade de vida aos pacientes internados nos hospitais.
A grande quantidade de bactérias presentes nas doenças bucais pode cair na corrente
sanguínea e causando inflamações em outros órgãos como os rins. Tendo em vista que os rins são os
maiores responsáveis pelo controle do volume de água e sódio do corpo e é sabido que sódio age
diretamente nas paredes das artérias, causando constrição das mesmas , levando a um aumento da
resistência (pressão) à passagem do sangue e uma menor capacidade de vasodilatação,concluímos que
inflamações bucais podem levar doenças renais e hipertensão arterial (pressão alta).Ainda ressaltamos
que o inverso também é verdadeiro.
Referencias Bibliográficas:
1. Mana T.C.T, Queiroz L., Nunes, V., Fernandes G., Borges, L.C., Alves J., Machado, W., Santos
G.O., Sardenberg C. Conhecimento E Conduta Dos Nefrologistas Frente À Relação Bidirecional Entre A
Doença Periodontal E A Doença Renal Crônica. Braz J Periodontol - March 2013 - volume 23 - issue 01 -
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2.02-Almeida DC ,Machado WAS ,Tostes FRV,Santana RB .Inter-relação entre Insuficiência
renal crônica em hemodiálise e doença periodontal / Interrelation among chronic renal failure in
hemodialysis and periodontal disease. JBM 2009,96(6): 16-19.
ODONTOLOGIA E A NEUROLOGIA
Referências Bibliográficas:
ODONTOGIA E HEPATOLOGIA
Referências Bibliográficas:
O verbo paliar, do latim palliare, pallium, significa em seu modo mais abrangente, proteger,
cobrir com capa.No entanto,paliar é mais usado em nosso meio,como aliviar provisoriamente,remediar,
revestir de falsa aparência, dissimular, bem como adiar, protelar. O cuidado paliativo é mais que um
método, é uma filosofia do cuidar, que visa prevenir e aliviar o sofrimento humano em muitas de suas
dimensões. Em Odontologia, o Cuidado Paliativo pode ser definido como o manejo de pacientes com
doenças progressivas ou avançadas devido ao comprometimento da cavidade oral pela doença ou seu
tratamento,direta ou indiretamente.
A ANCP (Academia Nacional de Cuidados Paliativos) declara que para este trabalho ser
realizado é necessária uma equipe mínima, médico, enfermeira, psicóloga, assistente social e
profissional da área de reabilitação (Cirurgião Dentista) todos devidamente treinados na filosofia e
prática da paliação.
Cuidado Paliativo possui por único objetivo tentar aliviar o sofrimento, melhorar a
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qualidade de vida de pacientes e familiares até o óbito,mas não tem a intenção de curar a doença.
O cuidado com a saúde integral do paciente crítico se faz necessário para evitar que
infecções em outros órgãos e sistemas,que não são ligados ao problema inicial,prejudiquem seu quadro
clínico.Nesses cuidados não devem faltar o atendimento odontológico,pois,como já é de conhecimento,
a saúde bucal está integrada à saúde geral. Desta forma, infecções no sistema estomatognáticos,
principalmente as periodontais, podem agravar a condição sistêmica do paciente que já está com a
saúde comprometida ou favorecer o aparecimento de novas doenças. A deficiência de higiene oral em
pacientes graves colabora para a proliferação de bactérias e fungos criando na boca um reservatório
ideal para uma vasta microbiota que, além de prejudicar a saúde bucal e o bem-estar do paciente, pode
propiciar outras infecções e doenças sistêmicas. É importante ressaltar que na cavidade bucal
encontramos praticamente a metade da microbiota presente no corpo humano,representada por várias
espécies de fungos,bactérias e vírus.
Atualmente sabe-se da importância da introdução do cirurgião dentista nas equipes
multidisciplinares, atuando nos cuidados paliativos de pacientes internados, os quais devem receber
cuidados odontológicos durante o período de internamento.
A saúde bucal, como estado de harmonia, normalidade ou higidez da boca, só tem
significado quando acompanhada em grau razoável, de saúde geral do indivíduo. Em geral, pacientes
oncológicos apresentam necessidades odontológicas significativas que demandam atendimento prévio
à oncoterapia. Tendo como objetivo, o tratamento resume-se em eliminar ou estabilizar as condições
bucais para minimizar a infecção local e sistêmica, durante e após o tratamento do câncer, como
também, acompanhar o possível surgimento de sequelas resultantes do tratamento oncoterápico para
melhorar a qualidade de vida do paciente,focando nos Cuidados Paliativos.
Referências Bibliográficas:
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2. Fonseca RJ and Davis WH . Oral Reconstructive Procedures: Soft Tissue, Osseous and
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Philadelphia W B Saunders Company,1995.Section IV p 719-732.
3. Morais, Teresa Marcia de Nascimento e Silva, Antonio. Cuidados do Atendimento
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5. Zambito RF , Black HA , Tesch LB . The Medically Compromised Patient. In:Hospital
DentistryPractice and Education.St.Louis: Mosby,1997.Chapter 13 p 163-198
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http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322
Tudo isso nos faz concluir que a falta de higiene oral, expõem o paciente internado na UTI
cardíaca a uma variedade de eventos nocivos que podem aumentar tempo de internação com
complicações do quadro.
A recuperação e manutenção da saúde bucal se torna imprescindível para a recuperação de pacientes
internados nas UTI s uma vez que há uma interferência direta da higiene bucal com complicações
sistêmicas.
Isso comprova a importância do cirurgião dentista na equipe multidisciplinar das UTI s.
Referências Bibliográficas:
1 - Araújo RJG , Oliveira LCG , Hanna LMO, Corrêa AM , Carvalho LHV,Alvares NCF .Análise
de percepções e ações de cuidados bucais realizados por equipes de enfermagem em unidades de
terapia intensiva.Rev.bras.ter.Intensiva.2009;21(1):38-44.
2 - Sannapieco FA . Relação entre doença periodontal e doenças respiratórias. In: Rose LE ,
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Genco RJ ,Mealy BL et al.Medicina Periodontal. São Paulo: Ed.Santos,2002.p.83-97.
3 - Rabelo GD, Queiroz CI , Santos PSS .Atendimento odontológico ao paciente em unidade
de terapia intensiva.Arq méd.hosp.Fac.Ciênc.Méd.Santa Casa São Paulo,2010;55(2):67-70.
4 - REVISTA SAÚDE & CIÊNCIA ONLINE .V.5,N.2 (2016): ( MAIO - AGOSTO );
5 - Pasetti LA , Carneiro Leão MT,Araki LT,Albuquerque AMN , Ramos TMB , Santos SF et al.
Odontologia Hospitalar A Importância do Cirurgião Dentista na Unidade de Terapia Intensiva. Rev.
Odontologia ( ATO ).2013;13(4):211-226.
Referências Bibliográficas:
Pacientes internados nas UTI s na maioria das vezes não possuem uma higienização bucal
adequada,controle bucal eficiente,possivelmente pelo desconhecimento de técnicas já preconizadas e
conhecidas na Odontologia,ou ainda pela ausência do relacionamento interprofissional da Odontologia
com as demais equipes da UTI . Esta condição de higiene bucal em pacientes críticos desencadeia desde
problemas focais como gengivites, periodontites, cáries, até comprometimento sistêmico como otites,
faringites, sinusites e, xerostomia, aumentando o risco de infecções que promovem a pneumonia
nosocomial.
Os principais fatores de risco são aqueles que favorecem a colonização da orofaringe e/ou
estômago. A aspiração de secreções para o trato respiratório inferior, o refluxo gastrointestinal, além
dos fatores inerentes a cada hospedeiro, vai culminar em fator de risco importante para o paciente
crítico. O agente bacteriano dependerá de alguns fatores como tempo de internação, uso de
antimicrobianos,tipo de ventilação e nutrição,controle da higiene bucal,patologias bucais e sistêmicas
presentes,além da susceptibilidade da microbiota da UTI
Além disso, os pacientes das UTI s frequentemente permanecem de boca aberta, devido à
intubação traqueal, permitindo desidratação da mucosa bucal. A diminuição do fluxo salivar permite
aumento de saburra ou biofilme lingual, propiciando a produção de componentes voláteis de enxofre,
tais como mercaptanas e sulfidretos que causam um odor acentuado e desagradável, bem como os
aumentos das colônias bacterianas
Outros fatores que devem ser observados e, a utilização de alguns recursos para a
manutenção deste paciente como sondas e bombas infusoras e, a existência de distúrbios que podem
levar a um processo de disfagia, tendo estas causas de origem mecânica – distúrbios da faringe e
esôfago,distrofia muscular,câncer de cabeça e pescoço,trauma ou cirurgia na área buco-maxilo-facial e,
severas infecções de boca ou garganta – e neurológica – acidente vascular encefálico, trauma crânio-
encefálico, doenças de Parkinson e Alzheimer, esclerose múltipla, miastenia grave, paralisia cerebral,
tumor cerebral –gera um fator de risco à pneumonia. Por estar o paciente mesmo que temporariamente
imobilizado no leito e dependente de um alto grau de cuidados, pelo rebaixamento do nível de
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consciência,ou uso de sedativos,pode levá-lo à aspiração de saliva,alimentos e/ou líquidos. A disfagia
sem avaliação de um profissional qualificado pode ser fatal durante a deglutição de alimentos líquidos e
sólidos, por promover um alto risco de aspiração causando dispneia. Isso associado à ausência do
controle da microbiota e da manutenção da saúde das estruturas bucais leva como consequência à
bronco aspiração e infecções pulmonares como a pneumonia,e à sepse.
Referências Bibliográficas:
Presidente
Aguinaldo Coelho de Farias
Secretário
Claudenir Rossato
Tesoureiro
Dalton Luiz Bittencourt