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1

OS RELATOS DE PERPÉTUA E FELICIDADE:


UMA NOVA PERSPECTIVA A PARTIR DA TEOLOGIA FEMINISTA
Gabriela Santos Fernandes1

Resumo
No presente artigo, a partir da primeira parte serão levantadas questões referentes aos Relatos
de Perpétua e Felicidade, como o relato mártir e a sua relevância na tradição cristã, assim
também, as construções tradicionais de poder através do pater familias, conceito que está
submetido na cultura social, educacional e política grega. Na segunda parte será revisitada as
construções de poder patriarcais, que parte tanto das interpretações bíblicas, quanto nas
relações de tradição grega elitista e dominação de classes, afim de utilizar a hermenêutica
feminista contextual para reinterpretar e desconstruir o elitismo patriarcal. Por fim na terceira
parte será analisado a relevância dos relatos através da teologia feminista.
Palavras-chave: Perpétua; Felicidade; Martírio; Patriarcado e Teologia Feminista.

INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo analisar os relatos de Perpétua e Felicidade a partir do
mártir, que “propõe pensar no mártir como um “discurso”, isto é, prática de morrer por Deus e
falar acerca disso, um discurso que muda e se desenvolve ao longo do tempo e que sofre
transformações entre os judeus, gregos e cristãos.2 Nisso é importante localizar o tempo em
que é narrado o martírio de Perpétua e Felicidade, que relata a prisão e execução de um grupo
de cristãos em Cartago, norte da África, entre o segundo e o terceiro século. Dessa maneira o
objetivo deste artigo é destacar este relato, apresentando suas personagens principais,
observando na narrativa indícios das ideologias construídas nas primeiras décadas da igreja
primitiva.
De acordo com essas descrições é possível destacar a Teologia Feminista, que tem
como papel analisar (interpretar) o relato, a partir da mulher cristã, sobre os preconceitos
existentes na sociedade primitiva, na idade média até os dias atuais, mostrando e conceituando
temas como: machismo estrutural, patriarcado, elitismo e consequentemente as várias
violências contra a mulher, independentemente de vertentes cristãs, etnia e/ou classe social.
Esse tema tem a principal finalidade, através de uma análise acadêmica, retratar o que
as mulheres cristãs e seus companheiros mártires passaram e mesmo assim se sustentaram
firmes até a consumação do martírio por amor a Cristo. Por isso, contextualizando estes textos
é possível, identificar questões que permeiam a sociedade atual como o silenciamento de duas
1
Graduanda em Teologia. Faculdade Unida de Vitória. [email protected]
2
MATOS, Denilson S. A Construção Discursiva do Mártir: Um Olhar a partir da Passio Sanctorum Perpetuae
et Felicitatis. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Faculdade de Comunicação, Educação e
Humanidades, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo dos Campos, p. 39, 2016. Disponível em:
http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/1604. Acesso em: 12 dez. 2020.
2

mulheres, perspectiva de uma mãe solteira,3 liderança feminina entre outros, isto para propor
um novo horizonte sobre o papel da mulher cristã, este que não está vinculado aos rótulos
machistas sociais, religiosos ou culturais.
Já esclarecido o artigo, também é importante delimitar os temas que serão expostos
diante dos relatos mártires, cujo os temas pressupõe: Descrição, analise, implicações no texto
e a partir destes textos iniciais, a segunda parte que se inicia no machismo empregado a partir
da hermenêutica bíblica à sociedade grega, conceitos de patriarcado, até a luta feminista da
atualidade e finalmente na terceira parte a interpretação pela teologia feminista nos relatos
mostrando a representatividade das figuras de Perpétua e Felicidade os tipos de violência nos
texto e sua relevância social.
Por fim, as perguntas principais que serão levantadas e respondidas ao decorrer deste
artigo são: “Como resolver problemas dentro do cristianismo como as formas de violência
contra a mulher?”. Essa pergunta não é restringida somente a para os cristãos, mas também a
sociedade. Neste ponto é possível observar grandes variantes, que entram no tema em
questão, como “Quais os problemas dentro do cristianismo que podem causar a violência
contra a mulher?” ou “A bíblia é legitimadora desta violência?” ou “A religião é má e grande
causadora da violência contra a mulher?”.

1 OS RELATOS DE PERPÉTUA E FELICIDADE: UMA COMPREENSÃO ATRAVÉS DA


TEOLOGIA
O martírio é uma prática que marca a verdade religiosa do cristianismo, mas em
contrapartida, Candida Moss adiciona exemplos pré-cristãos deste conceito. Destacando que
os temas amor e morte foram muito importantes na era greco-romana. Segundo Moss a
conhecida “tradição da morte nobre” era regada por banquetes promovidos pela nobreza
intelectual, perpassando discussões sobre honra, masculinidade e patriotismo.4
Alguns exemplos de Candida ao passar pelas literaturas clássicas greco-romanas, é
possível observar a inextricável relação entre a morte e a masculinidade. Uma morte honrosa
traria fama, glória e imortalidade para os que aceitassem com coragem seu destino. Mesmo
que a tradição da morte seja associada à figura masculina, Moss indica exemplos femininos
que entraram para esta lista de coragem frente a morte, heroínas romanas como Porcia e
Arraia. Porcia engoliu brasas vivas ao saber da morte do esposo. Já Arraia que viu o marido
condenado a morte, supostamente, partiu em suicidar-se, destemida, tomou o punhal e dirigiu

3
MATOS, 2016, p. 78.
4
MATOS, 2016, p. 22.
3

as suas entranhas alegando não sentir dor. Moss destaca também exemplos cristão de
Perpétua, Felicidade e Blandina que liderou os mártires em Lyon.5 Diante os exemplos é
possível concluir que:

O martírio é uma postura de resistência, assumida em face de um edito e, em


seguida, a tortura que obrigava à rejeição das crenças religiosas por parte de seus
fiéis, condenando à morte aqueles que se negaram a fazê-lo. Acrescente-se a isso um
apreço pela boa morte, que na cultura grega estava intrinsecamente relacionada com
a virilidade. 6

Portanto esse fenômeno discursivo é desenvolvido e potencializado no cristianismo


primitivo, que primeiramente perde o sentido de “testemunho” de alguém ou algo, para se
transformar em um termo técnico que designa o indivíduo que sofreu a morte como resultado
de seu confronto com o império Romano e a fidelidade às crenças religiosas cristãs.
A partir disso é possível analisar os motivos que levam a perseguição dos cristãos
primitivos, ao entender a partir da ótica do indivíduo perseguido. Já que desde os tempos do
imperador Trajano os cristãos não deveriam ser perseguidos, mas, se fosse delatado poderia
ser posto a tortura e morte. A partir do terceiro século houveram grandes mudanças em
relação à perseguição aos cristãos e judeus.
No tempo do imperador Séptimo Severo (193-211) foi postergado o edito do ano 202
proibindo os cristãos e judeus a doutrinação, impedindo os pagãos de se converterem as
religiões, sob punição de sofrer graves castigos. No entanto os cristãos negaram prestar culto
ao imperador, voltando assim, a perseguição por parte das autoridades locais, nas regiões da
Ásia, no norte da África e na Itália. Dentre os cristãos que sofreram martírio há duas
mulheres, uma Perpétua e a outra a escrava Felicidade que marcaram as narrativas cristãs,
cujo as imagens do mártir foram experienciadas, vividas e sofridas poderosamente.
O martírio de Perpétua e Felicidade narra a prisão e execução de cristãos em Cartago
na África entre o segundo e o terceiro século. Esses relatos tratam-se de uma narrativa da
questão feminina da execução judiciária, ocorrida em Cartago, sendo uma das primeiras obras
da literatura hagiográfica, um modelo da literatura cristã da África, denominada passiones. 7
Ao contextualizar a Passio Sanctorum Perpetuae et Felicitatis (os relatos de Perpétua
e Felicidade). Denilson Souza Matos parte do pressuposto especulativo de Thomas Heffernan
indicando que o manuscrito (Acta minora) grego é de uma origem antiga, derivado da

5
MATOS, 2016, p. 23
6
MATOS, 2016, p. 31.
7
SIQUEIRA, Silva M. A. Memória das Mulheres Mártires: modelos de resistência e liberdade. Horizonte. Belo
Horizonte, v.4, n.8, p. 65, 2006. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/horizonte/article/view/503. Acesso em: 12 dez. 2020
4

tradução de uma versão latina não mais existente, assim, situando a composição final da obra
entre 206 e 209 a.C.
Heffernan afirma que a mais antiga menção a Passio se encontra na obra “De anima”
de Tertuliano. Nisso Heffernan destaca que Tertuliano não faria menção a Perpétua caso o
público não fosse familiar com as situações envolvendo sua morte. Mas em contrapartida, por
não haver um consenso para a datação e autoria final da obra, Cândida Moss sugere que o
manuscrito dos sermões de Agostinho (Sermão 292), aponta que ele teve acesso a duas
versões, uma Acta minora e Passio.8
Dentre as vozes presentes no relato em que ocorrem as narrativas, é possível observar
que os acontecimentos são narrados na prisão, registrado no “diário de prisão” escrito por
Perpétua, que é apresentada como protagonista do relato. Ela com as próprias mãos descreve e
escreve os acontecimentos que marcaram sua prisão e a de seus companheiros de fé.
No relato é possível observar que no prólogo, onde é falado sobre a origem do texto e
o desejo de Perpétua para que chegasse ao conhecimento de todos. Após o prólogo que foi
escrito por um Redator, que segundo Moss deixa transparecer que havia um conflito dentro da
Igreja de Cartago, sendo que alguns eram favoráveis a eficácia das visões e dons de profecia,
apoiado constantemente no Espírito Santo, outros diziam que os eventos passados eram mais
importantes. Nisso o Redator segure que os mártires, descritos no relato são dignos de serem
seguidos, na qual a presença do Espírito Santo age de forma central na Igreja (de Cartago) e
na experiência de seus membros.9

1.1 Os relatos e as analises teológicas


No capítulo II ainda escrita por um suposto Redator, é possível analisar a descrição
dos jovens mártires e o status social deles, como Revocatus e Felicidade que são escravos, e
Perpétua que é uma jovem de vinte e dois anos de “boa família, boa educação, casamento de
prestígio 10 ”, na qual tinha pai, mãe e dois irmãos, a fim de que um deles era catecúmeno, era
casada com um nobre e tinha um filho que ainda amamentava. Sobre o marido de Perpétua,
não há referências no diário, Herffernan supõe que talvez eles não mais estivessem juntos ou
que ela fosse viúva.
No capítulo III que parte diretamente de Perpétua, ou seja, escrita por suas próprias
mãos, a evidência disso é o diálogo de Perpétua com seu pai. Ele pede para que a filha

8
MATOS, 2016, p. 80-81.
9
MATOS, 2016, p. 84.
10
MATOS, 2016, p. 85.
5

abandone sua opção religiosa na qual responde: “Meu pai, vês no chão esse vaso ou jarro ou
como queira chamar?”. Ele respondeu: “Vejo”. Então eu lhe disse: “Acaso é possível chamá-
lo de outro modo?”. Ele me respondeu: “Não”. “Da mesma maneira, eu não posso me chamar
outra coisa que “cristã”11. Mediante esta confissão é possível observar a certeza de Perpétua
acerca de seu destino a prisão e posteriormente o julgamento e a morte por ser cristã.
Ela confronta seu pai o deixando possesso de raiva, interpretando como se ele
estivesse possuído pelo diabo: “Depois ele foi embora, arrasado, e as artimanhas de Satanás
com ele”12. E mesmo que a autoridade de seu pai seja legitimada pelo império romano sobre
ela, ou seja, o pater famílias que é legalmente reconhecido, era determinante sobre todo chefe
da casa, poder este que se aplicava sobre os filhos, filhas, esposos, esposas e os filhos destes,
além das propriedades e dos escravos que eram sobre total controle. Eram isentos deste
absoluto domínio somente com a morte ou o ato espontâneo de liberar os filhos antes da idade
adequada. O pater famílias tem variados significados, sendo eles social, político e religioso
dentro do contexto tradicional da família romana.13
Perpétua nega a legislação e seu pai, ela desafia o império e a família que são
conceitos essenciais do mundo romano, legitimados pelo poder religioso em que o pai busca
exigir que a filha cumpra seus deveres sociais e de prestígio. Ela reivindica sua
independência, mediante ao domínio de seu pai, decisão esta que era inaceitável para as
mulheres de seu tempo, também como sua escolha religiosa.
Logo após o confronto com seu pai, Perpétua segue para seu batismo, guiada pelo
Espírito para que pedisse apenas uma quantidade de água. Não se sabe especificamente qual o
tipo de batismo realizado por ela e seus companheiros, mas é suposto que improvavelmente
poderia ter sido por imersão. A este passo tomado por Perpétua na realização de seu batismo e
de seus companheiros, faz surgir com este ato a comunidade religiosa de Cartago, na África.
Ao serem transferidos para uma cela escura, Perpétua se vê, ali fragilizada, apavorada e aflita.
A decisão de Perpétua em ser cristã, faz com que sua família sofra por ela. Mesmo assim, ela
se faz necessária passar pelo sofrimento, a fim de cumprir seu destino.
No capítulo VI, é revelado a Perpétua visões apocalípticas, vindas direto do trono de
Deus, ditas somente aos que foram até os céus. E recebendo a graça de Deus, ela vê uma
grande escada de bronze que ascende aos céus, e havendo diversos tipos de armas ao redor da

11
SIQUEIRA, 2006, p. 66
12
MATOS, 2016, p. 87.
13
SIQUEIRA, 2006, p. 66 -67.
6

escada como: dardos, adagas, lanças e espadas, sendo que, para alguns pesquisadores, o fato
de terem armas na visão de Perpétua demonstra seu propósito como mártir.14
Perkins ao interpretar a visão de Perpétua, demonstra que Perpétua estava aflita quanto
ao processo de tortura e morte. As armas da visão revelam medo por ter seu corpo exposto a
armas brutais. Mas essa angústia é superada após perceber que pela dor seria alcançado o
jardim, ou seja, Perpétua percebe que é necessário passar por sofrimento, percebendo que o
martírio se fazia presente entre seus companheiros de prisão, já sem esperança do mundo
vigente, conclui que a dor é necessária para alcançar o paraíso, se tornando assim, uma
mulher de coragem frente a morte.15
Nos capítulos seguintes V e VI, Perpétua se vê em duas situações distintas
respectivamente, uma recebendo a visita de seu pai novamente, e assim, o total desespero e
aflição por saber que a filha sofreria. Mas Perpétua demonstra sua autonomia, superando os
sentimentos pela família através da fé, não estando mais sobre o domínio do império, mas sim
o domínio de Deus.16 A outra situação distinta é o julgamento de Perpétua e seus
companheiros catecúmenos seguindo levados para a audiência em plena praça pública, sendo
então todos ali confessaram sua fé e foram condenados. Perpetua se ver novamente tentada
pelo seu pai, ao trazer seu filho recém-nascido para que ela abandonasse sua crença então
posteriormente o procurador Hilarianus exige que ela faça oferendas para o imperador, ela
então consequentemente negando essa prática afirma: “Eu sou cristã”17. Portanto mesmo
assistindo seu pai ser espancado e intimada constantemente a negar Cristo, Perpétua decide se
manter firme em sua escolha, isto é, provoca valentemente “a autoridade patriarcal
representada pelo seu pai, quanto à autoridade estatal representada pelo procurador romano”18,
assim sendo condenada a ser espancada na arena, junto com seus companheiros de martírio.
No capítulo VII consiste na segunda visão de Perpétua, na qual se lembra de seu irmão
Dinocrates, e o sofrimento que tal passou antes da morte. Ela é feita divinamente digna de
interceder pelos mortos, assim sendo, após orar por seu irmão, novamente recebe uma visão
que consistia estar em um lugar escuro, seco e sujo, logo, Perpétua ver seu irmão desfigurado
devido a doença que o fez falecer, então ela ver “uma bacia cheia de água. A borda da bacia
era mais alta que o menino e ele ficava na pontinha dos pés, tentando conseguir a bebida”19.

14
MATOS, 2016, p. 91.
15
MATOS, 2016, p. 92-94.
16
MATOS, 2016, p. 96
17
MATOS, 2016, p. 97
18
MATOS, 2016, p. 98
19
MATOS, 2016, p. 99
7

Candida Moss conjectura que Dinocrates possa ter morrido antes do batismo,
representado pela bacia de água. Já Heffernan mostra que a piscina presenciada por Perpétua,
tem relação com a tradição bíblica do tanque de Betesda e sua cura milagrosa. Portanto é
difícil identificar a causa do sofrimento de Dinocrates, antes não havendo precisamente
relatos no texto. Entretanto é perceptível a dor que o irmão de Perpétua passava, mas também,
sua vocação em ajudá-lo em sua dramática situação.20 No fim deste capítulo Perpétua relata a
sua mudança e de seus companheiros para uma prisão militar, na qual lutariam contra feras
durante os jogos militares, que aconteceria no dia comemorativo de Geta, que era filho do
imperador Septimus Severus.
No capítulo VIII, ao receber a terceira visão que completaria a anterior, Perpétua vê
seu irmão ser transformado de um estado enfermo para um sadio, ou seja, através da oração
intercessora de sua irmã, Dinocrates foi alcançado pela cura mediante a graça de Deus. Logo
após, Perpétua se encontra na prisão escura, acorrentada, sem suporte, assim lembrando da
mesma situação de seu irmão, que da mesma forma depende de Deus para que seja liberta,
esperando então o martírio e a redenção final.21
No penúltimo capítulo ao manter esforços para se manter fiel, bem como suas ações
proféticas, Perpétua e seus companheiros atraem o respeito do oficial Pudens, que os deixam
receber visitas. E mais uma vez ela recebe seu pai, totalmente desfigurado, enfraquecido e
com grande frustração diante da sentença de morte de sua filha, ele não dirige palavras e
somente lamenta.22
No último capítulo Perpétua tem uma última visão na qual se depara no anfiteatro
frente ao opositor com quem travaria uma batalha entre a vida e a morte, um egípcio seguido
por seus auxiliares. Assim que as regras são estabelecidas através de um lanista a luta através
de chutes, golpes e reações as quais, Perpétua consegue render seu adversário e vencer a
batalha. Após ganhar um ramo o lanista a beija e diz: “Filha a paz esteja contigo”, saindo dali
vitoriosa e triunfante.23
Antes de sua morte, Perpétua parece se satisfazer do poder por meio de sua devoção
cristã, ao desafiar seu pai e sua família, além de enfrentar um adversário e vencer mostrando
que a sua fé e a de seus companheiros produziu a identidade mártir sobre a perseverança e o
conforto de herdar o paraíso.

20
MATOS, 2016, p. 101.
21
MATOS, 2016, p. 102-103.
22
MATOS, 2016, p. 104.
23
SIQUEIRA, 2006, p. 69.
8

Nessa primeira parte é possível observar nos relatos de Perpétua e Felicidade,


múltiplas interpretações teológicas acerca da sua imposição perante o império, na atitude
rejeitar a legitimação e patriarcado de seu pai e as intimações do estado através da figura do
procurador Hilarianus. Perpétua se torna uma mulher resistente, persistente e objetiva em
cumprir o seu martírio, a fim de negar a sua família e morrer por amor à sua fé. Portanto na
segunda parte deste artigo estará em pauta a construção deste sistema patriarcal que se
infiltrou por detrás da construção do martírio de Perpétua e Felicidade.

2 AS CONSTRUÇÕES PATRIARCAIS: ORIGENS DE VIOLÊNCIA CONTRA A


MULHER.
Nessa segunda parte, será analisado resumidamente os processos da construção
patriarcal, que por sua vez silencia a mulher, desde interpretações, análises e construções
bíblicas, passando pela história grega e a construção de poder até chegar nos dias atuais.
Processo esses que influenciarão na construção da hermenêutica feminista, na qual buscará
resolver as questões de violência que giram entorno da mulher.
De acordo com as pesquisas bíblicas feministas, o processo de constituição do cânon
bíblico é marcado pela tradição oral e posteriormente de torna Escritura, empregada por
intenções patriarcais que marginalizaram e excluíram as mulheres da memória bíblica. Já a
tradição escrita foi apresentada de maneira distorcida e controlada pelas elites masculinas. No
processo de escrita e canonização é possível perceber ideologias, silenciamentos e exclusões
pelas quais os textos bíblicos foram submetidos.24
A partir de um olhar amplo é possível observar ações predominantemente patriarcais,
em (Êxodo 20:17) que mostra as mulheres como mera propriedade ou (Números 5:11-31,
Levíticos 12 e 15:19-24) que exclui as mulheres dos espaços sagrados do culto e do templo,
fazendo com que seus corpos sofram gradativamente a expulsão legitimada por leis
sacerdotais. Por estes e outros vários exemplos é possível analisar a linha narrativa patriarcal
dominante no Antigo Testamento.25
Conforme as abordagens feministas, é possível observar o Novo testamento ser
apresentado a partir de uma mentalidade patriarcal como resultado de disputas interpretativas.
A partir da perspectiva de homens representantes das elites com poder necessário para a
realização destes registros. Indivíduos que estavam marcados por processos ideológicos, a

24
SANTOS, Odja B.; MUSSKOFP, André S. Interpretação Bíblica: raízes patriarcais e leituras feministas.
Interações. Belo Horizonte, v.13, n. 24, p. 342, 2018. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/interacoes/article/view/18446. Acesso em: 12 dez. 2020.
25
SANTOS; MUSSKOFP, 2018, p. 343.
9

partir do contexto cultural, androcêntrico e patriarcal que foram identificados nos vestígios
produzidos em seus documentos.26
Semelhantemente Judith Perkins indica que o império romano, ao passa por uma
transformação e uma reorganização social e política nas províncias de língua grega, inicia
esse processo aderindo literaturas de romance grego, mais conhecido como Romance do
Herói que cria uma mudança na compreensão da elite masculina grega. A elite grega
conhecida por melhores, nobres e mais ricos na qual eram subalternos de Roma,
compartilhava seus interesses em conjunto, a fim de serem recrutados para governar o império
em prol dos benefícios que lhes eram concedidos, posição essa que era reforçada por escritos
políticos e Romance de Herói na qual fortalecia o status elitista.27
Para Perkins ao observar que a não agressividade e compromisso em adquirir os
objetivos do Romance do Herói, isso não contem a renúncia ao patriarcado, porque a
passividade empregada na construção da paixão sexual, baseada na erótica dos amantes é
mais um discurso político social sobre poder. O romance promove o patriarcado, uma vez que
seu propósito é a união do casal em um casamento, que é mantido no modelo de casamento
patriarcal.28
O casamento e a harmonia familiar que tem papéis ao qual devem ser cumpridos,
reconhecendo suas funções para o melhor funcionamento da sociedade cívica. Os escritos
políticos influenciaram as cidades a mediar seus conflitos e acatar as propostas ditadas pela
elite, para que seja mantida a harmonia sem possíveis intervenções Romanas, conduta essa
que se encontra presente também dentro da própria elite, devido a sua subordinação a Roma.
Desta maneira o Romance Herói é visto, com o herói incorporando os valores sociais e
morais, tido como reflexão cultural e social, isto é, o casal jovem de família rica e bem
sucedida, são separados, mas estão perdidamente apaixonados, e após este reencontro eles
recuperam suas vidas privilegiadas e status elitista. O romance oferece uma meditação a
respeito da perda de posição privilegiada e a falta de autonomia sem privilégios.29
Desta maneira é possível observar que o Romance de Herói conta sobre o anseio dos
amantes separados estarem juntos e a ameaça ao status. No herói é construída uma figura para
a boa vida na qual atua como a expressão dos privilégios sociais. A partir disso os gregos
perpetuavam estes escritos a fim de mostrar a real importância e significado do status,
26
SANTOS; MUSSKOFP, 2018, p. 346-347.
27
MATOS, Denilson S.; SILVA, Carlos A. Bem aventurados os castos: os atos de Paulo e Tecla e a
desconstrução do sistema patriarcal. Oracula. São Paulo. p. 34, 2015. Disponível em:
https://doi.org/10.15603/1807-8222/oracula.v11n16p29-39. Acesso em: 12 dez. 2020.
28
MATOS; SILVA, 2015, p. 35.
29
Idem.
10

evidenciando que sem ele, era como perder a própria identidade. Que mesmo sendo
necessário se submeter a Roma, o império demandava este privilégio desfrutado pela elite, a
fim de manter a harmonia cívica.30
Os estudos feministas também contribuem para a busca pelas raízes que levam a
justificativa do domínio das elites, como “o conceito de “kiriarquia” ou “kirocentrismo”,
desenvolvidos por Elisabeth S. Fiorenza e entendido como um sistema correlacionado de
dominações”31. Conforme Fiorenza, as sociedades Kiriarcas necessitam de uma classe serva
de pessoas, isto é, essa classe serva é mantida sobre leis de sistema político, educacional e
religioso, a fim de que esse sistema seja sustentado na crença dessa classe, do qual são
subordinadas por natureza e por ordenança divina para se submeter a grupos que estão
destinados a servir.
Esse conceito mostra a justificativa para as elites dominarem na pirâmide social sobre
todos/todas as pessoas. Para a lente feminista, o patriarcado é visto como um conceito
analítico que faz perceber as estruturas e relações a partir das interações de elementos como:
genero, raça, classe e religião.32
Segundo Valeria Vilhena nos dias de hoje, a história na constituição de poderes
políticos as mulheres sempre foram excluídas desses processos, os diferentes interesses na
construção política nos negócios humanos, mostra interesses definidos dos homens em
dominar as mulheres, no qual são inegáveis na construção de poder e violência do cotidiano
em diferentes formas, ordens e conhecimento, incluindo na família e na religião.33

2.1 A contribuição da hermenêutica teológica feminista


Inicialmente é importante entender que fazer hermenêutica de um texto envolve
reconhecer o excesso de significado ao significante, o restante de pensamentos e linguagens,
intencionais ou não deixadas à sombra. Isso quer dizer que nenhuma interpretação é absoluta,
sendo que o significado nunca dissipa seu significante original.34

30
MATOS; SILVA, 2015, p. 36.
31
SANTOS; MUSSKOFP, 2018, p. 341.
32
Idem.
33
VILHENA, Valéria Cristina. Pela Voz das Mulheres: uma análise da violência doméstica entre mulheres
evangélicas atendida no Núcleo de Defesa e Convivência da Mulher- Casa Sofia. Dissertação (Mestrado em
Ciências Sociais e Religião) - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, p. 21, 2009.
Disponível em: http//tede.metodista.br/jspui/bitstream/tede/529/1/Valeria%20Mestrado.pdf. Acesso em: 12 dez.
2020.
34
CANDIOTTO, Jaci de F. S. A Teologia Feminista e Seus Giros Hermenêuticos: Reinterpretações de Deus, do
ser humano e da criação. Atualidade Teológica, Rio de Janeiro, p. 87, 2014. Disponível em:
http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesaberta/0812684_2012_cap_3.pdf. Acesso em: 12 dez. 2020.
11

Já na hermenêutica teológica procura não só situar o texto bíblico em seu significado


original, mas também partindo de seu contexto na qual foi escrito, com a intenção de
recuperar o sentido anterior do texto, afim de compreendê-lo pela renovação de sentido
interpretativo que a comunidade atribui, buscando criar o sentido para depois do texto.35
A mediação hermenêutica guia o sentido da qual se torna mediadora da relação entre
teologia feminista e suas fontes cristãs, identificada peculiarmente. De acordo com Graham
Gerald McGEOCH, ao propor a libertação da teologia como ponto de partida a “mediação
sócio analítica que se tornou peça fundamental para o diálogo da teologia da libertação com
outros saberes e pratica”.36 Nisso é possível perceber que a teologia por si só guia caminhos e
trilhas para o desenvolvimento de teologias contextuais, ou seja, compreendendo as origens
da tradição histórica cristã sendo possível desenvolver hermenêuticas que parte de dentro do
contexto na qual se está inserido.
A iniciativa de tomar a palavra, partindo do “lugar” do qual se origina o discurso
teológico, não produz somente vozes, mas também cria a possibilidade de interpretar as
diferentes vozes, que extraem e retiram as palavras de contextos que antes não foram
experienciados para transformar em uma palavra re-situada.37
Na América Latina a hermenêutica procura mostrar a herança das mulheres, em
desmistificar o discurso de submissão e passividade, da dominação imposta em suas matrizes.
Isso indica que a teologia feminista busca entender as relações de poder e que dizem a
respeito da sociedade e instituições também religiosas, para revelar a resistência das mulheres
e resgatar a preciosa herança em fazer da opressão antes vivida, um incentivo para lutar.38
Portanto é adequado a expressão teologia feminista, pois revela uma nova perspectiva
de relação entre a comunidade de vida e a escritura, entre o passado e o presente. Isso
significa que partindo da origem de fala feminina é possível uma nova forma de enxergar a
hermenêutica de toda a tradição cristã primitiva, medieval e contemporânea.39

3 AS FIGURAS DE PERPÉTUA E FELICIDADE UMA ANÁLISE DA TEOLOGIA


FEMINISTA
35
CANDIOTTO, 2014, p. 88.
36
MCGEOCH, Graham G. Uma hermenêutica africana: Tertuliano e a teologia. Caminhando, São Paulo, v. 25,
n.1, p. 218, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.15603/2176-3828/caminhando.v25n1p213-227. Acesso em:
12 dez 2020.
37
MACHADO, Marta Magda A. Para uma Hermenêutica dos Poderes: sobre discursos da teologia feminista e
escritura. Âncora. São Paulo, v.2, p. 4, 2007. Disponível em: <http://revistaancora.com.br/revista_2/02.pdf>.
Acesso em: 27 jun. 2021.
38
MACHADO, 2007, p. 6.
39
CANDIOTTO, 2014, p. 91.
12

Ao analisar os relatos de Perpétua e Felicidade é possível observar interpretações que


partem da teologia feminista. Judith Perkins vê que os relatos mártir foram usados para
subverter as estruturas sociais que dominavam no império romano. Perkins relata:

As primeiras Atas dos Mártires não apenas narram eventos, mas elas trabalham para
criar e projetar um novo “estado mental para o mundo”, um novo sistema para
entender a existência humana ao mesmo tempo em que elas trabalham para desafiar
a ideologia em torno do primitivo Império Romano. 40

Deste modo é possível observar sinais de resistência ao império romano. Perpétua é


descrita como uma mulher que provoca admiração ao público através de sua postura, que
permite visualizar uma personagem em relação ao gênero, status e identidade, de maneira que
ao mudar para uma nova opção religiosa, permanece como resultado da sua educação social,
ou seja, os traços culturais e sociais na qual estava inserida, eram marcados pela cultura
romana, que ela renega, colocando em xeque a própria vida.
Mas por outro lado, há um grande discursão que perpassam os estudos de genero,
estudos feministas e estudos sobre dominação simbólica sobre a expressão usada por Perpétua
“facta sum musculus”. Nisso é preciso aprofundar estudos históricos para analisar o discurso e
as praticas para que seja garantido a aceitação e apropriação pelas mulheres nas
representações de dominação entre masculino e feminino, isto é, a incorporação da dominação
masculinas nas mulheres, pode prever a construção de recursos que promovem a subversão na
relação de domínio.41
Deste modo, a figura de Perpétua ao se destacar e protagonizar um episódio, não
consegue se desvencilhar do modelo masculino e se vê como um homem. Há de fato uma
mudança de valores na representação feminina, que por sua vez definida pela cultura
dominante como frágil, doentia e incapaz. Questões como essa, são fundamentais para
compreender a construção da identidade feminina. Perpétua mostra que ainda estava presa ao
conceito de feminilidade de seu tempo, da qual foi preciso ter uma aparência masculina para
alcançar seus objetivos.42
Felicidade de é apresentada como uma mulher escrava, que está gravida. Se
encontrando aprisionada e em seu oitavo mês de gravidez. Com a proximidade dos jogos,
Felicidade se encontra aflita e com medo de que a sua execução seja postergada mediante seu
estado, porque a legislação romana não permitia executar mulheres gravidas. Mas três dias
depois, após seus companheiros fazerem suas orações, ela entra em trabalho de parto.

40
MATOS, 2016, p. 86.
41
SIQUEIRA, 2006, p. 70
42
SIQUEIRA, 2006, p. 71.
13

Felicidade dá a luz a uma menina, que é entregue a uma mulher na comunidade. Presa
ao lado do marido, da qual também era escravo, na qual esteve ao seu lado quando trouxe sua
filha ao mundo. Prevalece então a relação das dores do parto com a escolha religiosa, isto é,
conexão entre o sangue vertido no parto e o sangue que seria derramado por meio de seu
sacrifício mártir. Um elo dualista entre sangue/vida e sangue/morte força, coragem e
bravura.43
A Teologia feminista é a experiencia entre Deus e as mulheres, nas suas vidas,
sofrimentos e esperanças, que possibilitam expressões de resistência e praticas de
transformação. A teologia feminista não parte somente da experiencia, mas da experiencia
vivida por mulheres. Como toda teologia é ato segundo: nasce da experiencia da fé, que
sempre procede a reflexão teológica.
Dito isso, é possível observar que a fidelidade e persistência de Perpétua, Felicidade e
seus companheiros de martírio, se afirma na convicção em serem cristão. Perpetua por sua
vez, que é tida como figura principal é levada a prisão condenada e executada. Entretanto é
manifestada sua coragem, não só diante da morte, mas também ao rejeitar a legitimação
patriarcal de seu pai, bem como o sistema social elitista machista romano. Perpétua demonstra
liderança, coragem, êxito e resistência diante de seu martírio.44
Por fim, segundo Ivone Gebara, as mulheres teólogas constroem um caminho para que
sejam reinterpretadas outras tradições e a partir disso um apresentar um novo conceito para o
cotidiano expressado nas conquistas, descobertas, reconhecimento, força, conhecimento afim
de mostrar a superação constante dos sistemas que as oprimem.45

CONCLUSÃO
Os relatos de Perpétua mostram que suas figuras foram importantes para demostrar a
desconstrução patriarcal social e elitista. Nisso é possível perceber que Perpétua como
personagem principal, recusa o império romano, as leis e seu próprio status, afim de resistir a
sua opção religiosa. A violência sofrida por ela, estava empregada na figura que seu pai.
Os problemas que geram a violência na tradição cristã, se iniciam nas interpretações
patriarcais bíblicas, justificadas posteriormente por sistemas de governo dominantes que
causam escravidão e serventia. E para combater este patriarcado estrutural a hermenêutica

43
Idem.
44
MATOS, 2016, p. 86.
45
GEBARA, Ivone. A Teologia da Libertação e as Mulheres. Sociedade e Cultura, Goiás, v. 23, p.33, 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.5216/sec.v23i.61023. Acesso em 12 dez.2020
14

feminista surge, com o papel de mostrar que a experiencia das mulheres sempre fez parte da
história da humanidade.
A hermenêutica feminista, também mostra que os relatos mártir foram usados como
formas de resistência ao propor uma nova interpretação sobre o mundo e a humanidade, e ao
mesmo tempo cria uma nova ideologia sustentada pela experiencia, mostrando que as
mulheres reinterpretam as relações vividas, em combate com as tradições que antes
escravizavam.
Os relatos de Perpétua e Felicidade são importantes para a sociedade feminina em
demonstrar que a mulher e a sua experiencia podem influenciar e resistir aso sistemas
opressores. Por isso é discutido sobre o patriarcado principalmente nas áreas religiosas,
culturais e sociais. Tais relatos mostram a persistência de duas mulheres, que em suas figuras
fogem dos padrões sociais, demonstrando sua compaixão uns pelos outros e a fé por Cristo, a
fim de resistir às influências negativas exteriores.

REFERÊNCIAS:

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