Resumo Teologia Contemporânea - Teologia Feminista

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FAESP – FACULDADE EVANGÉLICA DE SÃO PAULO

RESUMO TEOLOGIA DA EXPERIÊNCIA FEMININA

São Paulo
2021
FELIPE ALEXANDRE MARTINS SARAIVA

RESUMO TEOLOGIA DA EXPERIÊNCIA FEMININA

Pesquisa apresentada em
cumprimento das exigências da
disciplina de Introdução à Teologia 4º
Ano, 7º Semestre, do curso de Bacharel
em Teologia, da FAESP – Faculdade
Evangélica de São Paulo, sob
orientação do Profº Carlos Vailatti.

São Paulo
2021
RESUMO TEOLOGIA DA EXPERIÊNCIA FEMININA

Referência: MILLER, Ed.L. GRENZ, Stanley J. Teologia Contemporâneas. Trad.


Antivan G. Mendes.. São Paulo: Vida Nova, 2011. p.181-199

A observação que resume o sentimento, e a aflição, de muitas mulheres é


“quanto mais feminista alguém se torna, mais difícil se torna ir a igreja”. Devido a
ideologia patriarcal, a teóloga em questão traz uma alternativa com a “igreja das
mulheres". Um culto onde as mulheres compartilham experiências opressoras, a
linguagem Deus Pai, é substituída por Deus mãe, e ao lerem textos quem na visão
do movimento são textos machistas um grupo responde “Fora, demônios, fora!”.
Com a intenção de perderem a opressão dos textos em suas vidas. Esse ímpeto da
igreja das mulheres deve-se à teóloga Rosemary Radford Ruether.
Rosemary Radford Ruether traz um legado de uma família de mulheres
fortes, independentes e intelectualizadas, como sua mãe que foi uma católica
feministas dedicada. Ruether em seus estudos, se interessou pela história social e
intelectual da antiguidade, e como um movimento messiânico discutível conquistou
o mundo greco-romano. A teóloga estava em uma sociedade e igreja em
transformação. Foi ativista de movimentos de sing-ins e pray-ins, protestos
cantando e orando, fazendo assim a questão da justiça social sua preocupação. Foi
então que o machismo patriarcal chamou sua atenção em relação à presença na
história social e do cristianismo. No Seminário Teólogico Garret, lançou a sorte nos
artigos e tornou-se a articuladora mais influente sobre o tema feminista. Seu
feminismo era compromotedido também com a libertação de todas formas de
escravidão.
Logo, desenvolveu-se uma teologia de mulheres para mulheres, onde os
fundamentos estavam em criticar a teologia tradicional por ser feita por homens para
homens de maneira patriarcal, que caracterizou falsamente a mulher e a experiência
feminina. A força motora dessa teologia feminista é a experiência das mulheres,
conforme definida pelas feministas, que é a experiência de opressão do sistema
patriarcal e machista. A teologia feminista tem semelhança com teologia da
libertação de Gutiérrez, ambas trazendo reflexão a práxis cristã, e temas como
salvação e pecado levados em termos sociopolíticos. No entanto, Reuther afirma
ser o patriarcalismo a opressão de dominação da mulher pelo homem.
Certamente influenciada por Tillich, a teóloga feminista correlaciona as
questões culturais contemporâneas como forma de resposta da revelação bíblica.
Agora seu princípio crítico é a promoção total da mulher à humanidade. Quando
questionada sobre buscar o que é humanamente universal ao invés de sexo
específico, Reuther responde que não existe teologia universal e objetiva, que a
neutralidade dos sexosm levará a opressão do homem a mulher. Três passos fazem
o método feminista, sendo o primero a crítica ao sistema patriarcal que é encontrado
na sociedade e também na igreja dominado por homens, no segundo passo
recupera leituras bíblicas e extrabíblicas sob um prisma positivo as mulheres como
pessoa e imagem de Deus, por fim a teologia feminista reformula símbolos e
doutrinas para conferir pessoalidade feminina.
A crítica ao patriarcado é realizada sobre a cultura judaica-cristã, e passa por
textos como a impureza da mulher no parto e no ciclo menstrual, e também as
censuras litúrgicas, de ensino e subordinação da mulher ao homem. Sua crítica
chega até teólogos como Agostinho e Tomás de Aquino que respectivamente não
aceitavam a mulher como imagem de Deus e como machos bastardos. Para
Ruether esse androcentrismo que eleva o homem ao padrão de criatura transpira
nesses escritos bíblicos. Entendo que, por ser o macho o modelo primário da
pessoa humana, na imagem normativa divina e da cristologia, o macho torna-se a
figura central e a fêmea subordinada, menos humana e auxiliares inferiores.
Esse despertar da consciência feminina será uma revolução total contra o
patriarcado, com isso a recuperação da memória feminina perdida das mulheres. Ao
mesmo tempo que busca as Escrituras como apelo, claramente não se apoia
totalmente na Bíblia, conceituando o que chama de tradição profética libertação, que
é um redirecionamento de localização social da religião, uma visão da sociedade
não hierárquica com a substituição de padrões de dominação pela solidariedade
compassiva, tornando-se essa tradição profética da libertação o princípio crítico
feminino. Logo, as Escrituras que são permeadas por patriarcado, não é então a
autoridade para teologia da experiência feminina, mas usariam as Escrituras contra
Escrituras em suas críticas aos textos, elevando a experiência feminina como
pressuposto principal da revelação.
O próximo passo é reconstruir a visão feminista a partir da revisão dos
símbolos tradicionais do cristianismo. A recontextualização e reformulação passa
por um exegese à maneira do Midrash. Com isso elas têm autonomia para reafirmar
a visão dada sob novas dimensões não imaginadas. Para tanto critica a visão
dualista da realidade masculino vs. feminino, subjugando assim a ideia que o
homem é superior e a mulher inferior. Nesse ponto a doutrina de Deus foi o lugar
escolhido para começar, pois para Ruether “Deus é homem e mulher, mas também
não é homem e nem mulher”, e que toda imagem de Deus foi criada através do
Deus Pai. Essa nova visão estaria em Jesus Cristo. Uma vez que Jesus era
diferente do Cristo, que Cristo é a pessoa redentora de Deus encapsulada no Jesus
homem histórico.
Quanto a cruz, salvação é obra expiatória, Ruether abandona a ideia de auto
sacrifício pelos pecados individuais, sendo o pecado a distorção das relações e a
expiação como a libertação para o nascimento de um novo Deus em nossos
corações que ensinaria em última análise criar um novo mundo sem mestres e sem
escravos, sem soberanos e vassalos. A cruz seria um assassinato político de um
apostasia coletiva nas intituições política e religiosas, e que agora é necessário
renovar a nós mesmo e nossos relacionamentos uns com os outros. Toda essa
visão da cristologia está embasada em um Midrash feminina com Maria Madalena
recebendo essa descoberta revelacional.
O movimento teológico feminista recebeu duras crísticas como uma revisão
extremamente radical aos simbolos do cristianismtemeo e a perda da transcedência
divina com a ideia de Deus/a, ou Mãe Deusa. Elizabeth Achtemeier receia que essa
visão teológica esteja longe do cristianismo, uma vez que no final, a Mãe Deus
poderia ser uma adoração a criação e a si mesmas, e não ao criador. A reflexão,
fica para analisar se o evangelho tem ferramentas ideológicas para servir a
sociedade, ou seria o cristianismo a criação de uma nova sociedade dentro do
aspecto mais abrangente?

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