Aula VI - Sistemas Alternativos de Produção de Hortaliças

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Sistemas Alternativos de

Produção de Hortaliças

Prof. Dr. Guilherme Henrique Martins Rodrigues Ribeiro


Professor Adjunto – UFSCar Campus Lagoa do Sino
Introdução
• Opções de sistemas de produção

• Diversos sistemas alternativos

• Vantagens
Sistema “convencional”
• Depende da cultura
- Tamanho de área
- Nível de tecnologia
- Tipo de insumos utilizados
- Mão de obra
- Mercado
Sistema “convencional”
• Cultivo em solo

• Utilização de insumos químicos

• Venda direta ao consumidor ou CEASA


Sistemas alternativos
• Cultivo Hidropônico

• Cultivo Orgânico e Agroecológico

• Hortas Urbanas
Cultivo Hidropônico
• Técnica de cultivo sem solo, utilizando apenas
água ou substratos

• Vantagens

• Desvantagens
Antecedentes
• “Revolução Verde”

• Uso abusivo de defensivos e fertilizantes

• Impactos ambientais e sociais


Cultivo Orgânico e Agroecológico
Lei 10.831/2003 e o Decreto 6.323/2007 - início à
regulamentação da agricultura orgânica. Nesses
instrumentos, o termo institucionalizado foi o
“orgânico”, que engloba todos os outros:
biodinâmico, natural, biológico, agroecológico, da
permacultura.
Cultivo Orgânico e Agroecológico
• A base da agricultura orgânica é o manejo do
solo com o uso da compostagem em pilhas, de
plantas de raízes profundas, capazes de explorar
as reservas minerais do subsolo, e da atuação
de micorrizas na produtividade e “saúde das
culturas”.
Histórico
• 1920 - movimentos contrários à adubação
química.

• 1925 e 1930 - Albert Howard, que ressaltam a


importância da matéria orgânica para os
processos produtivos e mostram que o solo
deve ser entendido como um organismo vivo.
Histórico
• 1924, na Alemanha, teve origem a agricultura
biodinâmica.

• 1935, no Japão, aflorou a filosofia da


agricultura natural.

• 1971, na Austrália, permacultura.


Histórico
• Década de 70 – primeiros estudos com
agricultura orgânica

• Década de 80 – surgimento do mercado para


produtos orgânicos

• Grande expansão – mercado considerável


Conceitos
• Agricultura ecológica: conjunto de técnicas e
princípios com objetivo de manter a renda do
produtor rural e ao mesmo tempo visa a
conservação dos solos e ao equilíbrio do meio
ambiente. O enfoque da propriedade deve ser
integrado e completo, visando a diversificação
das atividades produtivas e da integração
entre elas.
Conceitos
• Agricultura biodinâmica: visa uma reciclagem
perfeita de modo que, da terra saia a planta
que colha o produto e a parte vegetal não
utilizada vire o adubo, reciclando a matéria.
Conceitos
• Agricultura biológica: Seria aquela que usa
quaisquer produtos na agricultura, desde que
não sejam químicos (sintéticos).

• Agricultura natural: busca o equilíbrio


dinâmico e, portanto interfere-se o menos
possível no ecossistema, já que a agricultura
em si é considerada uma violência ao meio-
ambiente.
Conceitos
• Permacultura: trabalha fundamentalmente
com culturas perenes, utilizando também as
anuais, em rotação, para preencher os
espaços das culturas perenes em crescimento,
utilizando também a criação de animais. Busca
criar um ecossistema estável, para uma
produção de alimentos especificamente
adequada às condições locais.
Conceitos
• Agricultura racional: transformação lenta da
agricultura convencional à agricultura
alternativa, até chegar ao ponto em que, o
solo estará recuperado, descompactado,
isento de pragas, ou seja, bioestabilizado.
Conceitos
• No Brasil Lei 10.831/2003.
Agricultura orgânica compreende todos os
sistemas agrícolas que promovem a produção
sustentável de alimentos, fibras e outros
produtos não alimentos (cosméticos, óleos
essenciais, etc.) de modo ambiental, social e
economicamente responsável.
Princípios da Agricultura Orgânica
• Socialmente justa - A tecnologia deve ser
benéfica e adequada a cada um, satisfazendo
as necessidades dos agricultores.

• Tecnologicamente adequada - O solo e o clima


são diferentes até em uma microregião e para
cada situação é necessário o desenvolvimento
de uma tecnologia apropriada.
Princípios da Agricultura Orgânica
• Economicamente viável - É preciso produzir e
obter um retorno econômico que torne
compensador o investimento.

• Culturalmente aceito - Cada região possui


diferentes formas de expressão cultural, que
facilitam ou dificultam a adoção de novidades
Plano de Manejo Orgânico
• I - histórico de utilização da área;
• II - manutenção ou incremento da
biodiversidade;
• III - manejo dos resíduos;
• IV - conservação do solo e da água;
• V - manejo da produção vegetal (fitossanitário,
material de propagação, instalações e nutrição);
Plano de Manejo Orgânico
• VI - manejo da produção animal (manejo geral,
manejo sanitário, manejo nutricional, material
de multiplicação, bem-estar animal);
• VII - procedimentos para pós-produção, envase,
armazenamento, processamento, transporte e
comercialização;
• VIII - medidas para prevenção e mitigação de
riscos de contaminação externa, inclusive OGM
e derivados;
Plano de Manejo Orgânico
• IX - procedimentos que contemplem a aplicação
das boas práticas de produção;
• X - as interrelações ambientais, econômicas e
sociais;
• XI - a ocupação da unidade de produção
considerando os aspectos ambientais,
geomorfológicos, de eficiência energética e
bioclimatológicos;
• XII - ações que visem evitar contaminações internas
e externas.
Olericultura Orgânica
• Produção de hortaliças utilizando sistema
orgânico de produção.

• Utilização de técnicas que favorecem o


desenvolvimento e sanidade das culturas

• Atividade complexa
Olericultura Orgânica
Olericultura Orgânica
Produção orgânica de hortaliças deve ser feita
seguindo um conjunto de orientações :
1- Trabalhar a terra como um organismo vivo.

2- Promover a diversificação de plantas.

3- Conviver com os pragas e doenças.


Olericultura Orgânica
• Na implantação de uma horta orgânica a
escolha da área deve ser ainda mais criteriosa.
- Luz
- Água
- Histórico
- Tipo de solo
- etc
Implantação
• Conversão da mentalidade do produtor é o
primeiro passo

• Desafio: trabalhar com técnicas mais complexas,


sob o incentivo de maior remuneração

• Processo lento e gradual


Complexidade de produção.
1- folhosas, brássicas,
2- raízes tropicais (taro, mandioquinha,
gengibre e cará),
3- cenoura e beterraba,
4- curcubitaceas, cebola, alho, berinjela, jiló,
couve-flor,
5- pimentão, tomate, batata e morango.
Implantação
• Incorporação de novas culturas depende:
- da experiência do produtor,
- da melhoria das características do solo,
- da organização e do fluxo dos componentes
do sistema,
- domínio de técnicas como compostagem,
rotação de culturas, adubação verde, uso de
caldas e extratos.
Implantação
• Cordões de contorno - isolamento das áreas de
cultivo convencional circunvizinhas, e utilizados
também para divisão dos talhões de cultivo.
- barreiras fitossanitárias, dificultando a livre
circulação de pragas e doenças entre propriedades
vizinhas e entre os talhões de cultivo;
- a criação de microclimas mais propícios ao cultivo
de hortaliças;
- formação de áreas de refúgio e abrigo para
inimigos naturais de pragas e outros pequenos
animais úteis.
Implantação
• Áreas de refugio - são áreas de vegetação para
preservação e atração de inimigos naturais de
pragas e pequenos predadores que auxiliam
no controle de pragas.

• Áreas de pousio - garantem o ‘descanso’ do


solo, para reconstituir e conservar suas
propriedades químicas, físicas e biológicas.
Componentes do Sistema Orgânico
• Diversificação do ambiente

• Adubação Verde

• Adubação orgânica

• Manejo de Pragas, Patógenos e Ervas


Diversificação do ambiente
• Quanto maior a diversidade do sistema, maior
será a estabilidade de produção,
• Menores perdas com pragas e doenças,
• Melhor aproveitamento dos recursos do
ambiente
• Redução dos riscos econômicos
Diversificação do ambiente
• Consórcio entre duas culturas
- Cultivo “lado a lado”
- Diferentes lotes com culturas isoladas
• Rotação de culturas
• Manutenção de áreas de refugio dentro do
sistema.
Adubação
• Adubação verde – cultivo de plantas com a
finalidade de melhorar as condições físicas,
químicas e biológicas do solo.

• Adubação orgânica - uso de resíduos orgânicos


de origem animal, vegetal, agroindustrial e
outros.
Manejo de Pragas, Patógenos e Ervas
• Controle complexo, utilização de diferentes
estratégias.

• Impedir ou evitar a entrada de patógenos e


pragas no sistema.

• Controle pode exigir a utilização de mais de


uma técnica.
Manejo de Pragas, Patógenos e Ervas
• Fundamental implantar práticas e técnicas
mais básicas e conhecidas:
- plantio em época menos favorável a pragas e
doenças,
- utilização de mudas e sementes sadias,
- controle da umidade,
- alteração do espaçamento.
Manejo de Pragas, Patógenos e Ervas
• Técnicas aplicadas no manejo também
auxiliam no controle:
Consorcio de culturas
Rotação de culturas
Adubação verde
Manejo de Pragas, Patógenos e Ervas
• Controle direto:
• Diferentes extratos vegetais,
• Caldas,
• Produtos recomendados para agricultura
orgânica.
Calda Bordalesa
• 0, 3 a 1 parte de cal virgem

• 0,3 a 1 parte de sulfato de cobre

• 100 partes de água


Calda Sulfocálcica
• 2 kg de enxofre em pó, pecuário ou ventilado,

• 1 kg de cal virgem

• 10 L de água.
Outros produtos
• Leite de 5 a 10%

• Urina de vaca 1 a 2,5%

• Extratos de plantas recomendados:


alho, cavalinha, cebola, pimenta vermelha, pimenta-
do-reino, eucalipto, fumo, cravo-de-defunto,
mamoeiro, menta, nim, “Santa Bárbara” (Melia
azedarach) e primavera (Bougainvillea).
Certificação
• Certificação é uma exigência legal para este
tipo de produto.

• A legislação determina padrões mínimos,


porém a podem ser estabelecidos critérios
adicionais.
Certificação
• Avaliação da conformidade orgânica é o
procedimento que inspeciona, avalia, garante e
informa se um produto ou processo está
adequado às exigências específicas da
produção orgânica.
mecanismos de organização com controle social
certificação por auditoria
Certificação Social
- Próprios produtores - organizados localmente,
garantindo e informando diretamente aos
consumidores a qualidade orgânica de seus
produtos.
- Sistemas participativos de avaliação da
conformidade orgânica
Certificação por Auditoria
• Avaliação de conformidade orgânica é dada
por uma empresa certificadora.
- inspeciona as condições técnicas, sociais e
ambientais
- verifica se estão de acordo com as exigências
dos regulamentos
Certificação (Etapas da certificação)
- Adotar as práticas de manejo exigidas pelos
regulamentos da produção orgânica
- Visita pré-certificação
- Solicitação de adequações
- Elaboração do plano de manejo
- Definição do período de conversão
Certificação (Etapas da certificação)
Após período de conversão
- visita para verificar as conformidades
- elaboração do relatório de inspeção

• Vantagens da certificação:
- produto com selo orgânico
- atingir mercados mais distantes
Período de conversão
• Período de conversão é o período de transição
do manejo convencional para o manejo
orgânico.

• A duração do período de conversão depende


da cultura e das condições do solo, bem como
do uso anterior de substâncias não permitidas
na agricultura orgânica do conhecimento do
produtor.
Início do período de conversão
I - declarações de órgãos oficiais relacionados às
atividades agropecuárias;
II - declarações de órgãos ambientais oficiais;
III - declarações de vizinhos, associações e
outras organizações envolvidas com a rede de
produção orgânica;
IV - análises laboratoriais;
Início do período de conversão
• V - fotos aéreas e imagens de satélite;
• VI - inspeção in loco na área;
• VII - documentos de aquisição de animais,
sementes e mudas;
• VIII - o conhecimento dos produtores e
trabalhadores dos princípios, práticas e da
regulamentação da produção orgânica.
Produção Paralela
• Possibilidade de atividades paralelas de
agropecuária orgânica e convencional
• Desde que:
- produtos sejam distintos
- por período determinado

• Cumprimento de um plano de conversão


Produção Paralela
• Separação física ou espacial mínima entre as
áreas
• Observar a topografia local, a origem, a
qualidade e o curso das águas, assim como a
manutenção de barreiras vivas
Hortas Urbanas
• Hortas localizadas na zona urbana das cidades,
dentro das residências, terrenos baldios ou
mesmo em espaços comuns como praças e
canteiros.
Objetivos
• Produzir hortaliças de qualidade para suprir a
demanda diária de uma alimentação
balanceada e rica.

• Recreação, educação e lazer.

• Promover o contato entre a natureza e as


pessoas.
Implantação de uma Horta Urbana
• Local:
- Doméstica
- Coletiva

• Definição de grupo de trabalho


Grupo de Trabalho
• Considera-se como mão-de-obra todas as
pessoas envolvidas no cultivo das hortaliças,
disponíveis tanto para a realização das
práticas culturais como para a vigilância da
área.
Escolha da área
1) Estar próxima à moradia da família ou da comunidade.
- Facilita a presença das pessoas que conduzirão os trabalhos
2) Fácil acesso
- Facilitar o trânsito de pessoas
3) Composição da área produtiva
- canteiros
- Sementeira
- Composteira
- Minhocário
4) Área não produtiva
- depósito, caminhos e reservatório d’água
Escolha da área
5) Recomenda-se que a área seja cercada
- evitar a entrada de animais e a depredação
6) Áreas com declive acentuado, recomenda-se a
construção
dos canteiros em nível.
- Se necessário, construir curvas de nível e/ou valas para a
contenção da erosão;
7) Local totalmente ensolarado, com o comprimento dos
canteiros voltados para o sentido norte-sul
- Se possível, com a vegetação mais próxima a mais ou
menos 10 m de distância;
Escolha da área
8) Protegida do vento pela utilização de “quebra
ventos”
9) Tamanho da área da horta
- Capacidade produtiva
- Número de espécies
- Quantidade
- Áreas não produtivas.
Escolha da área
• Planejamento

• Potenciais culturas
Condução
• Opção pelo sistema orgânico preferencialmente

• Utilizar recursos disponíveis

• Monitoramento constante de pragas e doenças


Condução
• Semeadura

• Plantio

• Tratos culturais

• Colheita

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