Direito Bancário Material Hiris
Direito Bancário Material Hiris
Direito Bancário Material Hiris
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2022
Folha de abreviaturas
Art. - Artigo
Ed. - Edição
P. – Página
PP. – Páginas
Vol. – Volume
III
Índice
Introdução...................................................................................................................................1
1. ASPECTOS GERAIS......................................................................................................2
2. ACTO NUCLEAR...........................................................................................................2
5. CONVENÇÃO DE CHEQUE.......................................................................................10
6. MÚTUO BANCÁRIO...................................................................................................12
7. LOCAÇÃO FINANCEIRA...........................................................................................13
8. CESSÃO FINANCEIRA...............................................................................................14
9. GARANTIAS BANCÁRIAS........................................................................................18
CONCLUSÃO......................................................................................................................21
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................22
Introdução
O presente trabalho, tem como tema Direito Bancário Material que faz
referência a uma das áreas do Direito Bancário, que é da actividade das instituições de crédito.
Antes de mais é necessário contextualizar o tema em questão de modo que tenhamos uma
visão geral do que seja o Direito Bancário Material.
Este ramo do Direito Bancário é visto como a parte privado do mesmo, isto
porque, é nele que encontramos a actividade bancária propriamente dita, a relação da banca-
cliente, desde a sua abertura da conta bancária como o término da relação jurídica bancária.
Para elaboração do trabalho, usamos o método dedutivo que nos ajudou para a
descoberta aspectos importantes atinentes ao Direito Bancário Material.
1
CAPITULO I: DIREITO BANCÁRIO MATERIAL
1. ASPECTOS GERAIS
2. ACTO NUCLEAR
4
Lançamentos de débito.
5
Lançamentos de crédito.
6
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 158
7
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 500
8
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 510
3
Mas além disso, a abertura de conta tem efeitos jurídicos imediatos: a conta-
corrente bancária, o serviço de caixa por parte do banqueiro, o dever, deste, de receber
depósitos, de prestar informações e de efectuar comunicações e toda uma série de traços,
resultantes das cláusulas contratuais gerais. A abertura de conta deve ser tomada como um
negócio materialmente bancário, por excelência.
Conta solidária : qualquer dos titulares pode movimentar sozinho livremente a conta;
o banqueiro exonera-se, no limite, entregando a totalidade do depósito a um único dos
titulares;
Designa-se de solidária aquela conta, à ordem, com pré-aviso ou aviso a prazo, que, para sua
movimentação a débito, é suficiente a assinatura de qualquer dos titulares, indistinta e
isoladamente.
Este tipo de conta permite uma maior maleabilidade e facilidade no depósito, levantamento de
fundos e na consulta dos saldos, devido à solidariedade em que assenta, pois o cumprimento
efectuado pelo banco a qualquer co-titular liberta-o perante os restantes co-titulares.
A solidariedade deste tipo de conta assenta no regime estabelecido nas obrigações solidárias,
nos termos do art.º 512 do C.C.11
9
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 155
10
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 503
11
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 166
4
Conta conjunta: só pode ser movimentada por todos os seus titulares em simultâneo.
É aquela conta em que são necessárias as assinaturas de todos os titulares, ou é aquela
para cuja movimentação a débito se exige a actuação unitária de todos os seus titulares
mediante a recolha de todas as assinaturas.
Conta mista: alguns dos titulares só podem movimentar a conta em conjunto com
outros, designada de mista aquela conta que para a sua movimentação valem as
assinaturas de uma parte dos titulares podendo-se dizer que exige uma participação
solidária de grupos de assinaturas atuando conjuntamente.12
2.5. CONDIÇÕES DE ABERTURA DE CONTA BANCÁRIA
Antes de estabelecer uma relação de negócios com um cliente, o banqueiro
deve solicitar todas as informações mais recentes relativas ao cliente para constituir o
processo do cliente contendo pormenores pessoais e financeiros. 13
Para abertura de uma conta bancária para uma sociedade comercial, o cliente
deve apresentar os seguintes documentos:
a) Carta solicitando a abertura da conta, onde constem os nomes das pessoas autorizadas
a movimentar a conta, e especificando as respectivas condições de movimentação, os
nomes das pessoas que irão movimentar a conta bem como a moeda de denominação
da conta;
b) Fotocópia autenticada dos Estatutos da sociedade publicados no Boletim da República,
incluindo as alterações verificadas na sociedade desde a sua constituição até a data;
c) Fotocópia autenticada da certidão de registo junto da conservatória de registo das
entidades legais;
d) Documento comprovativo do NUIT;
e) Alvará ou Documento equivalente;
f) Fotocópia autenticada da acta da reunião da assembleia geral da sociedade de eleição
dos órgãos sociais da sociedade;
g) Carta de autorização de execução de instruções do cliente transmitidas por fax caso
este pretenda enviar as instruções por fax Banco.16
Idem, p. 160
15
16
Idem, p. 161
6
A conta bancária pode, ainda, ser bloqueada, numa situação que, por vezes,
prenuncia a cessação do contrato de abertura de conta, mas que não se confunde com ela. O
bloqueio é decidido pelo banqueiro, podendo advir de múltiplas razões:
O desaparecimento duma pessoa colectiva não bloqueia nem extingue, por si,
a conta; esta será movimentada pelos liquidatários, nos termos gerais, até a liquidação
definitiva: a cessação da conta e, com ela, da relação bancária complexa, ficará, então,
consumada.17
O depósito irregular, trata, destarte, de coisa fungível, art.º 217 do C.C, que na
substituibilidade aplica-se ao depósito bancário stricto sensu, pois, quando se deposita
dinheiro no banco, este dá um valor equivalente e, não exactamente, na forma das notas
depositadas.
19
Idem, p. 168
20
Idem, p. 171
21
CAMANHO, Paula Ponces, Do Contrato De Deposito Bancário, Almedina, Coimbra, 1998, pp. 69-72.
8
Para os juristas, o depósito de fundos em banco é o contrato pelo qual uma
pessoa entrega certa soma de dinheiro a seu banqueiro, que se obriga a lhe restituir, a seu
pedido, nas condições previstas.22
Considerada a forma do depósito bancário, tem-se que ele pode ser simples,
quando representado por uma única operação de ingresso e retirada, cabível somente no
prazo, ou de movimento, que permite o fluxo contínuo de ingresso e retirada mediante ordens
de pagamento emitidas ou cheques.
5. CONVENÇÃO DE CHEQUE
5.1. CONCEITO
A convenção de cheque é o contrato que permite a movimentação da conta de
depósitos através de cheque.26
6. MÚTUO BANCÁRIO
6.1. O MÚTUO CIVIL
O artigo 1142º do C.C, define mútuo como o contrato pelo qual uma das partes
empresta à outra dinheiro ou outra coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro
tanto do mesmo género e qualidade.
29
Idem, p. 424
30
Idem, p. 318
31
CARDOSO, J. Pires, Noções de Direito Comercial, 13ª ed., Coimbra, 1999, pp. 353-354
32
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina, Coimbra, 2011, p. 573
11
Alguns autores designam o contrato de mútuo bancário por empréstimo
bancário.33A diferença é em termos práticos pouco relevante, contudo em termos teóricos
parece-nos chamar à colação uma divergência doutrinária interessante.
Começamos por dizer que a designação nos parece igualmente aceitável, uma
vez que quando se fala de matéria de direito bancário ele está, conforme já demonstrámos
supra, estreitamente ligado e tem inclusivamente por fonte o direito comercial. Ora, como se
sabe, o contrato de mútuo é na terminologia do C.Com. designado por empréstimo mercantil.
6.3. MODALIDADES
Finalmente, no que ao mútuo bancário diz respeito, importa ainda referir que
este pode assumir diversas modalidades, sendo normalmente, em abstracto, classificado em
função do seu objecto ou finalidade e em particular em função da duração, do critério das suas
garantias e do número de sujeitos.35
No que diz respeito à duração contratual, o mútuo bancário pode ser de curto,
médio ou longo prazo.
Assim, será de curto prazo quando não exceda um ano de duração; será de
médio prazo quando for superior a um ano e inferior a cinco anos de duração; e será de longo
33
ANTUNES, José A. Engrácia, Direito dos Contratos Comerciais, Almedina, 2009, p. 497
34
Idem, p. 498
35
ANTUNES, José A. Engrácia, Direito dos Contratos Comerciais, Almedina, 2009, pp. 498-499
12
prazo quando se mantenha por mais de cinco anos (DL n.º 344/78, de 17 de novembro, artigos
1.º e 2.º).
7. LOCAÇÃO FINANCEIRA
7.1. CONCEITO
A locação financeira é mais conhecida por leasing, é um contrato oneroso,
temporário e originador de relações duradouras, pelo qual uma entidade, o locador financeiro,
as sociedades de leasing concede a outra, o locatário financeiro, o gozo temporário de uma
coisa corpórea adquirida pelo próprio locador a terceiro, o fornecedor, por um contrato de
compra e venda, por indicação do locatário.
Como também pode ser entendida, como o contrato pelo qual o locador,
mediante remuneração, cede a um locatário o gozo temporário de coisa, móvel ou imóvel,
disponibilizada por fornecedor, por este indicado, com promessa de compra ou devolução,
decorrido o período acordado, por preço determinado ou determinável.36
7.2. FORMAS
A operação de locação financeira pode ter a forma de leasing operacional ou
de leasing financeiro.
36
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 228
13
O locatário é obrigado a restituir os bens locados, findo o prazo, salvo a
celebração de novo contrato, sendo, por isso, o seu fim específico ou essencial a protecção do
serviço de locação de bens.
8. CESSÃO FINANCEIRA
8.1. CONCEITO
Apresenta-se como um contrato-quadro, organizatório, que conduz a uma
colaboração duradoura entre as partes, através de um contrato oneroso, consensual, de
conteúdo atípico e misto, isto é, um contrato promessa de venda de créditos futuros, com
assunção de risco e prestação de serviços.38
37
Idem, p. 229
38
Idem, p. 230
39
VASCONCELOS, L. M., Dos Contratos de Cessão Financeira, Coimbra, Coimbra, 1999, p. 18
14
O Código Civil estipula, no seu art. 219.º, que, para uma declaração negocial
ser eficaz, não tem necessariamente que ter uma forma especial. Trata-se do designado
princípio da liberdade de forma ou da consensualidade.
O contrato de factoring é um contrato nominado, uma vez que este negócio tem o seu
nomen iuris.
Neste mesmo sentido, esta modalidade contratual “é essencialmente atípica, de tal
modo que, sem uma prévia fixação da realidade relevante, nem seria possível proceder
a estudos do regime”.40
Não obstante, até poderemos avançar que este contrato é um contrato misto, pois, além
dos parâmetros contratuais legalmente estipulados, as partes podem celebrar ou incluir
nos seus contratos cláusulas diversas, com o objetivo de satisfazer outras necessidades
económicas e sociais, tal como permite o art. 405.º do CC que consagra o princípio da
liberdade contratual, mormente no que tange à sua vertente da liberdade de estipulação
ou de modelação do conteúdo contratual.
Uma outra característica do contrato de factoring é a onerosidade. Um contrato
oneroso significa que ambas as partes retiram do mesmo acordo uma vantagem
patrimonial. É clara a vantagem patrimonial usufruída por ambas as partes num
contrato de factoring.
Ademais, podemos também caracterizar o contrato de factoring como sendo um
contrato sinalagmático e de execução continuada 41. Efectivamente, o contrato de
factoring é um contrato sinalagmático, na medida em que gera obrigações recíprocas
para ambos os contraentes.
Uma outra característica relevante do contrato de factoring é o facto de este contrato
se aproximar do contrato de adesão. Podemos encontrar no contrato de factoring as
principais características do contrato de adesão, tal como a superioridade de uma das
40
CORDEIRO, António M., Cessão Financeira (Factoring), Lex, Lisboa, 1994, p. 82
41
SANTANA, João C., O Contrato de Factoring, Cosmos, Lisboa, 1993, p. 36
15
partes, criação unilateral das cláusulas e a impossibilidade de modelação do texto
negocial.42
8.3. MODALIDADES DO CONTRATO DE FACTORING
Antes de entrarmos no estudo das modalidades do contrato de factoring,
iremos fazer uma breve alusão às funções deste contrato.
Por outro lado, poderemos acrescentar que a segunda função deste contrato é a
cobertura do risco do crédito.
42
Idem, p. 34
43
Idem, p. 45
44
VASCONCELOS, L. M., Dos Contratos de Cessão Financeira, Coimbra, Coimbra, 1999, p. 387
16
De acordo com o critério da prestação de serviços, o factoring pode ser de
serviços ou sem serviços. No factoring de serviços ou incompleto, está implícito o serviço de
financiamento, ou seja, não há antecipação de fundos. O factor dedica-se apenas a prestar ao
aderente os serviços de contabilidade e consultadoria. No factoring sem serviços, o factor
limita-se apenas a antecipar fundos. Tem um papel exclusivamente financeiro. No factoring
completo, existe antecipação de fundos, bem como prestação de serviços de gestão de créditos
e cobrança.
9. GARANTIAS BANCÁRIAS
9.1. CONCEITO
As garantias bancárias ou garantia autónoma, serão aquelas emitidas pelos
próprios bancos que, normalmente, são destinadas a garantir obrigações de seus próprios
clientes com terceiros, diferenciando-se, por isso, da garantia geral.46
45
Monteiro, Munes O., O Contrato de Factoring em Portugal, Elcla, Porto, 1996, p. 63
46
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 238
17
A indemnização também opera nesta mesma linha filosófica, embora o
contrato não seja uma condição primordial como é no caso da garantia bancária.
As garantias exigidas pelo banco, para conceder créditos aos seus clientes, são
prestadas por outras entidades, que não o próprio banco beneficiário, enquanto na garantia
bancária, em sentido estrito, o banco intervém como emitente.51
49
Idem
50
Idem, p. 245
51
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011, p. 246
19
CONCLUSÃO
Após minucioso estudo sobre o tema acima citado, o grupo atingiu os
objectivos, e ressalta que o contrato de abertura de conta é primordial para relação entre
banca-cliente.
É possível ver lacunas nas vicissitudes desse contrato sendo que o cliente só
adere e as cláusulas se negociáveis são e estarão sempre a dar vantagens a banca, facto que
dificulta o gozo dos direitos dos consumidores e não só a exigibilidade dos mesmos quando
deparados com cláusulas abusivas.
Mas além disso, a abertura de conta tem efeitos jurídicos imediatos: a conta-
corrente bancária, o serviço de caixa por parte do banqueiro, o dever, deste, de receber
depósitos, de prestar informações e de efectuar comunicações e toda uma série de traços,
resultantes das cláusulas contratuais gerais. A abertura de conta deve ser tomada como um
negócio materialmente bancário, por excelência.
20
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação
Doutrina:
ABRÃO, Nelson, Direito Bancário, 13ª ed., Saraiva, São Paulo, 2010
ABUDO, José Ibraimo, Direito Comercial, Maputo, 2009
ANTUNES, José A. Engrácia, Direito dos Contratos Comerciais, Almedina, 2009
CORDEIRO, António Menezes, Manual De Direito Bancário, 2ª ed., Almedina,
Coimbra, 2011
CAMANHO, Paula Ponces, Do Contrato De Deposito Bancário, Almedina, Coimbra,
1998
COELHO, Fábio Ulhoa, Curso de Direito Comercial, vol. I, 16ª ed., Editora Saraiva,
São Paulo, 2012
CORDEIRO, António M., Cessão Financeira (Factoring), Lex, Lisboa, 1994
CARDOSO, J. Pires, Noções de Direito Comercial, 13ª ed., Coimbra, 1999
PIRES, José Maria, Direito Bancário, vol. II, Lisboa, 1995
VASCONCELOS, L. M., Dos Contratos de Cessão Financeira, Coimbra, Coimbra,
1999
SANTANA, João C., O Contrato de Factoring, Cosmos, Lisboa, 1993
Monteiro, Munes O., O Contrato de Factoring em Portugal, Elcla, Porto, 1996
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W, Maputo, 2011
KOHLE, Etiane Barbi, Direito Bancário, Unijui, Brasil, 2012
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