Direito Eleitoral Aula 09

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Direito Eleitoral p/ TRE-SP - Todos os cargos


Professor: Ricardo Torques
Direito Eleitoral TRE-SP
Analistas e Técnico
Aula 09 - Prof. Ricardo Torques

AULA 09
LEI DAS ELEIÇÕES (PARTE 02)

Sumário
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................. 2
2 - Arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais: vedações inerentes e sanções
..................................................................................................................................... 2
2.1 - Introdução .......................................................................................................... 2
2.2 - Financiamento das Campanhas Eleitorais ................................................................ 2
2.3 - Arrecadação ........................................................................................................ 4
2.4 - Administração Financeira da Campanha e Responsabilidade ...................................... 5
2.5 - Doações ............................................................................................................ 10
2.6 - Fontes Vedadas ................................................................................................. 14
2.7 - Gastos Eleitorais ................................................................................................ 17
3 - Prestação de Contas ................................................................................................. 20
4 - Abuso de Poder ........................................................................................................ 30
4.1 - Introdução ........................................................................................................ 30
4.2 - Abuso de Poder no Direito Eleitoral ....................................................................... 31
5 - Pesquisas e testes pré-eleitorais ................................................................................ 44
5.1 - Introdução ........................................................................................................ 44
5.2 - Registro perante a Justiça Eleitoral ....................................................................... 45
5.3 - Pesquisas Eleitorais versus Sondagens ou Enquetes ............................................... 46
5.4 - Registro da Pesquisa .......................................................................................... 46
5.5 - Penalidades ....................................................................................................... 47
6 - Questões ................................................................................................................. 49
6.1 – Questões sem Comentários ................................................................................. 50
6.2 – Gabarito ........................................................................................................... 57
6.3 – Questões com Comentários ................................................................................. 58
7 - Resumo da Aula ....................................................................................................... 76
8 - Considerações Finais ................................................................................................ 95

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LEI DAS ELEIÇÕES (PARTE 02)


1 - Considerações Iniciais
Na aula de hoje veremos a segunda parte da Lei das Eleições. Serão analisados
os seguintes assuntos:

Arrecadação e
Aplicação nas Prestação de Pesquisas e Testes
Abuso de Poder
campanhas Contas Pré-eleitorais
eleitorais

Teremos, ainda, mais uma aula sobre essa legislação, na qual abordaremos a
Propaganda Eleitoral.
Boa aula.

2 - Arrecadação e aplicação de recursos nas


campanhas eleitorais: vedações inerentes e sanções
2.1 - Introdução
Para o estudo desse capítulo devemos, primeiramente, compreender o conceito
de campanha eleitoral. Segundo José Jairo Gomes1:
Compreende-se por campanha eleitoral o complexo de atos e procedimentos técnicos
empregados por candidato e agremiação política com vistas a obter o voto dos eleitores e
lograr êxito na disputa de cargo público-eletivo.

A campanha eleitoral é voltada para a captação de votos. Para tanto, o


candidato necessita despender quantidade significativa de recursos humanos e
financeiros para a propaganda eleitoral.
Em razão disso e com vistas a conferir legitimidade e lisura às eleições, são
disciplinadas regras para o controle e a transparência da arrecadação e dos
gastos expendidos nas campanhas eleitorais. É isso que passaremos a estudar
entre os arts. 17 e 31 da Lei das Eleições.

2.2 - Financiamento das Campanhas Eleitorais


A Lei das Eleições determina, no art. 79, que o assunto “financiamento das
campanhas eleitorais” seja disciplinado por lei específica. Tal legislação, contudo,
não existe.
Art. 79. O financiamento das campanhas eleitorais com recursos públicos será disciplinada
em lei específica.

1
GOMES, José Jairo Gomes. Direito Eleitoral, 10ª edição, rev., ampl. e atual, São Paulo: Editora
Atlas S/A, 2014, p. 335.

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Dessa forma, a condução da matéria é orientada pela Lei das Eleições, pela
jurisprudência e, notadamente, pelos princípios que informam o direito eleitoral.
Em nosso sistema eleitoral, o financiamento é classificado como misto, pois
agrega recursos tanto do Poder Público como de pessoas físicas que podem
contribuir com o financiamento dos gastos de campanha.
Devemos, desde já, ter em mente que O RECURSO PRIVADO DE CAMPANHA
ELEITORAL POR PESSOAS JURÍDICAS É VEDADO! Esse assunto será melhor
desenvolvido adiante, mas o STF declarou inconstitucional qualquer norma,
ou interpretação, que conclua pela possibilidade de financiamento de
campanha por empresas.

Financiamento Público
De forma sintética, podemos elencar as fontes públicas de financiamento de
campanhas eleitorais:
 Fundo Partidário, disciplinado pela Lei dos Partidos Políticos no art. 38
e seguintes.
 Propaganda partidária e eleitoral gratuita no rádio e na televisão,
conforme disciplina a Lei dos Partidos Políticos e a Lei das Eleições.
É bom ressaltar que a gratuidade ocorre apenas sob o ponto de vista do partido
político e dos candidatos beneficiados, dado que o Poder Público arca com os
custos de tais propagandas por intermédio de compensação fiscal. Vale dizer,
os custos com tais campanhas são abatidos dos valores a serem recolhidos aos
cofres públicos, a título de tributos, pelas empresas que trabalham com mídia.
Antes de analisarmos a terceira hipótese, façamos uma
observação. Os recursos do Fundo Partidário e da
propaganda partidária possuem, como objetivo central a
manutenção e a divulgação dos partidos políticos. Contudo, indiretamente, tais
recursos subsidiam a campanha eleitoral, na medida em que se divulga a
agremiação.
 Imunidade tributária conferida aos partidos políticos. A CF, no art.
150, VI, c, veda a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda ou
serviços dos partidos políticos e respectivas fundações.
Vejamos esse último dispositivo:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...).
VI - instituir impostos sobre: (...).
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das
entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

Para a prova...

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Para a nossa prova:

FINANCIAMENTO PÚBLICO

•Fundo Partidário;
•Compensação Fiscal para custear a propaganda partidária e eleitoral gratuita no
rádio e na televisão;
•Imunidade tributária conferida aos partidos políticos.

Financiamento Privado
As fontes de recursos privados para as campanhas eleitorais são múltiplas,
conforme veremos no desenvolver desta aula. Devemos saber que a utilização
desses recursos deve ser pautada pela transparência.
Apenas para que tenhamos uma rápida noção, vejamos as diversas fontes de
recursos privados que partidos e candidatos poderão se valer.

FINANCIAMENTO PRIVADO

•Recursos próprios do candidato;


•Doações de pessoas físicas;
•Doações de outros candidatos;
•Aplicação ou distribuição de recursos de partido político;
•Receita decorrente da venda de bens ou de serviços e realização de eventos;
•Receita decorrente de aplicação financeira.

2.3 - Arrecadação
Neste tópico vamos tratar das regras relativas à arrecadação dos recursos, que
serão realizados sob responsabilidade dos partidos e dos candidatos, nos termos
do art. 17, da Lei 9.504/1997:
Art. 17. As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos
partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma desta Lei.

Limites
Antes da Lei nº 13.165/2015 fixavam-se diversos limites para os gastos de
campanha. Hoje, com a nova redação conferida aos dispositivos da Lei
9.504/1997, atribuiu-se ao TSE o dever de fixar, por intermédio de Resoluções,
os limites de gastos.
Art. 18. Os limites de gastos de campanha, em cada eleição, são os definidos pelo
Tribunal Superior Eleitoral com base nos parâmetros definidos em lei.

ALei 9.504/1997apenas definirá alguns parâmetros que devem ser observados


pelo órgão eleitoral máximo.
A fim de viabilizar o controle, pelo poder Judiciário, dos gastos de campanha e
com o objetivo de evitar abusos, haverá prestação de contas. Veremos essas
regras adiante. Por ora, devemos conhecer a redação do art. 18-A, da Lei

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9.504/1997, que estabelece que devem ser incluídos, como gastos de campanha
não apenas as despesas efetuadas pelos candidatos, mas também os recursos
que o partido utilizou para a campanha de seus candidatos que puderem ser
individualizadas. Vejamos:
Art. 18-A. Serão contabilizadas nos limites de gastos de cada campanha as despesas
efetuadas pelos candidatos e as efetuadas pelos partidos que puderem ser
individualizadas.

Assim...

despesas efetuadas pelos


candidatos
DEVEM SER
CONTABILIZADOS COMO
GASTOS DE CAMPANHA despesas efetuadas pelo partidos
políticos para a campanha dos seus
candidatos que puderem ser
individualizadas

Outro parâmetro estabelecido pela Lei 9.504/1997 – com redação dada pela Lei
nº 13.165/2015 – é o art. 18-B, que estabelece multa pelo descumprimento
das normas que limitam os gastos de campanha.
Caso o partido, ou o candidato, utilize de recursos para além dos limites
estabelecidos será aplicada multa no importe de 100% do valor que ultrapassar.
Além disso, o candidato envolvido poderá sofrer investigação judicial eleitoral
(AIJE) conforme regras próprias da Lei de Inelegibilidade.
Art. 18-B. O descumprimento dos limites de gastos fixados para cada campanha
acarretará o pagamento de multa em valor equivalente a 100% (cem por cento) da
quantia que ultrapassar o limite estabelecido, sem prejuízo da apuração da ocorrência
de abuso do poder econômico.

Assim...

DESCUMPRIMENTO
DOS LIMITES

multa em 100% do valor possibilidade de


ultrapassado condenação em AIJE

2.4 - Administração Financeira da Campanha e


Responsabilidade
Cuidar dos gastos efetuados em campanha é responsabilidade direta do
candidato. Ele é quem determinará qual o destino dos valores recebidos.

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Com a nova sistemática adotada pela Lei nº 13.165/2015, os recursos


repassados pelo partido político, pelo Fundo Partidário ou por doações de pessoas
físicas serão efetuados pelo candidato de forma direta ou com o auxílio de uma
pessoa, a qual atuará como um gestor financeiro de campanha.
Vejamos:
Art. 20. O candidato a cargo eletivo fará, diretamente ou por intermédio de pessoa por
ele designada, a administração financeira de sua campanha usando recursos repassados
pelo partido, inclusive os relativos à cota do Fundo Partidário, recursos próprios ou doações
de pessoas físicas, na forma estabelecida nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de
2015)

Quando houver a constituição do gestor financeiro, tanto o candidato como a


pessoa por ele indicada serão solidariamente responsáveis pela veracidade das
informações financeiras e contábeis.

RESPONSÁVEIS SOLIDARIAMENTE PELA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES


FINANCEIRAS E CONTÁBEIS

pessoa escolhida pelo candidato para a


candidato
administração financeira da campanha

Naturalmente, se o candidato não indicar alguém para lhe auxiliar na


administração dos gastos, ele será direta e unicamente responsável pelas
informações financeiras e contábeis da campanha.
Vejamos a literalidade do art. 21:
Art. 21. O candidato é SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEL com a pessoa indicada na
forma do art. 20 desta Lei pela veracidade das informações financeiras e contábeis
de sua campanha, devendo ambos assinar a respectiva prestação de contas.

Conta de Campanha
Para administrar a campanha, seja quando o próprio candidato efetuar a
administração, seja quando ele constituir uma pessoa para tal atribuição, deverá
abrir uma conta bancária específica. Essa regra vem expressa no art. 22, da
Lei 9.504/1997:
Art. 22. É OBRIGATÓRIO para o partido e para os candidatos abrir conta bancária
específica para registrar todo o movimento financeiro da campanha.

Toda a movimentação financeira da campanha deve transitar pela conta bancária


específica, com a exceção de recursos que sejam aplicados diretamente pelos
partidos políticos. Inclusive os recursos do próprio candidato na campanha
eleitoral devem ser depositados na conta específica. A conta específica é
fundamental, pois permite à Justiça Eleitoral analisar a entrada e a saída de
recursos ao julgar as contas dos candidatos.
É importante registrar alguns entendimentos do TSE relativos à abertura da
conta:

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 A conta deverá ser aberta mesmo quando o candidato não efetuar


gastos2. Esse entendimento foi fixado em substituição à Súmula TSE nº
163, atualmente cancelada.
A revogação dessa súmula justifica a importância que se confere à abertura
da conta de campanha. Tanto é que, dessa forma, o TSE já entendeu que:
 Constitui irregularidade insanável a arrecadação de recursos e a
realização de despesas antes da abertura de conta específica4.
 O movimento financeiro de campanha abrange, inclusive, os recursos
próprios do candidato, sob pena de desaprovação das contas5.
Em vista da obrigatoriedade de constituição de conta bancária específica, o §1º
traz algumas obrigações aos bancos. Essas obrigações referem-se à abertura
de contas, sem tarifamento. Os bancos devem proceder à abertura de contas
específicas para a campanha sem a cobrança de taxas e de despesas bancárias.
Além disso, os extratos fornecidos pelo banco deverão indicar o CPF do
depositante. Fala-se em indicação do CNPJ, mas em relação a isso a legislação
está prejudicada em razão da impossibilidade de doação por pessoas jurídicas.
Por fim, os bancos comprometem-se a encerrar as contas com o término das
eleições. Eventuais saldos existentes na conta devem ser transferidos para a
conta bancária do órgão de direção do partido, conforme regras que serão
estudadas adiante.
Vejamos:
§ 1º Os bancos são obrigados a:
I - acatar, EM ATÉ TRÊS DIAS, o pedido de abertura de conta de qualquer candidato
escolhido em convenção, sendo-lhes VEDADO condicioná-la a depósito mínimo e à
cobrança de taxas ou de outras despesas de manutenção;
II – identificar, nos extratos bancários das contas correntes a que se refere o caput, o CPF
ou o CNPJ do doador [a parte relativa ao CNPJ não faz muito sentido em razão da vedação
à doação de recursos por pessoas jurídica].
III - encerrar a conta bancária no final do ano da eleição, transferindo a totalidade
do saldo existente para a conta bancária do órgão de direção indicado pelo partido,
na forma prevista no art. 31, e informar o fato à Justiça Eleitoral.

Vamos sintetizar as informações para a prova?!

2
AgR-AI nº 139.912/2011.
3
Segundo o antigo teor da Sumula TSE nº 16, ATUALMENTE CANCELADA, “a falta de abertura de
conta bancária específica não é fundamento suficiente para a rejeição de contas de campanha
eleitoral, desde que, por outros meios, se possa demonstrar sua regularidade (art. 34 da Lei nº
9.096, de 19.9.95)”.
4
AgR-AI nº 149.794/2011.
5
AgR-AI nº 126.633/2011.

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DEVER ATRIBUÍDO AOS BANCOS

•Abrir conta específica no prazo de 3 dias, sem tarifamento;


•Identificar depósitos com CPF do doador;
•Encerrar a conta com o término das eleições transferindo os saldos para o
órgão de direção do partido.

A exigência de abertura de conta será excepcionada em uma única hipótese.


Antes da Lei nº 13.165/2015 não seria necessário abrir contas específicas para
as eleições municipais em cidades com menos de 20.000 eleitores. Essa regra,
contudo, FOI REVOGADA pela reforma eleitoral. Agora, temos uma única
exceção.

SOMENTE NÃO SERÁ NECESSÁRIO ABRIR CONTA ESPECÍFICA PARA A


COMPANHA, NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS, QUANDO NÃO HOUVER
AGÊNCIA BANCÁRIA NO MUNICÍPIO.
Atualmente, a inexistência de agência bancária é rara, contudo, se não houver
agência, entendeu o legislador que os candidatos terão uma dificuldade extra em
administrar os gastos de campanha por contas específicas, de forma que os
dispensou da obrigação.
Agora que você compreendeu a única exceção, vejamos o dispositivo:
§ 2º O disposto neste artigo NÃO SE APLICA aos casos de candidatura para Prefeito e
Vereador em Municípios onde não haja agência bancária ou posto de atendimento
bancário.

As consequências da movimentação de recursos fora da conta de campanha,


sujeita o candidato à desaprovação das contas e, caso haja demonstração de
abuso de poder econômico pela movimentação de valores fora das regras
estabelecidas, o registro do candidato será cancelado e, se outorgado o diploma,
ele será cassado.
Vejamos:
§ 3º O uso de recursos financeiros para pagamentos de gastos eleitorais que não
provenham da conta específica de que trata o caput deste artigo implicará a
desaprovação da prestação de contas do partido ou candidato; comprovado abuso de
poder econômico, será cancelado o registro da candidatura ou cassado o diploma, se
já houver sido outorgado.
§ 4º Rejeitadas as contas, a Justiça Eleitoral remeterá cópia de todo o processo ao
Ministério Público Eleitoral para os fins previstos no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de
18 de maio de 1990.

Notem que a legislação eleitoral atribui diversas consequências a quem


descumprir as regras quanto à utilização dos recursos nas campanhas eleitorais.
Isso ocorre porque é vedado qualquer forma de abuso de poder nas eleições,
especialmente o econômico.

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Sistematizando algumas consequências já estudadas até então, temos:

MOVIMENTAÇÃO DE VALORES
GASTOS ACIMA DO LIMITE
FORA DA CONTA ESPECÍFICA

desaprovação das contas de


multa no valor de 100% campanha (tanto do partido como
do candidato)

cancelamento do registro ou
AIJE
cassação do diploma

CNPJ
O art. 22-A, da Lei 9.504/1997, introduzido por intermédio da Lei nº 12.034/2009
e alterado pela Lei nº 13.165/2015, determinou que candidatos inscrevam um
CNPJ.
Vejamos o dispositivo:
Art. 22-A. Os candidatos estão obrigados à inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica - CNPJ.
§ 1º APÓS o recebimento do pedido de registro da candidatura, a Justiça Eleitoral
deverá fornecer EM ATÉ 3 (TRÊS) DIAS ÚTEIS, o número de registro de CNPJ.
§ 2º Cumprido o disposto no § 1o deste artigo e no § 1o do art. 22, ficam os candidatos
autorizados a promover a arrecadação de recursos financeiros e a realizar as despesas
necessárias à campanha eleitoral.

Embora seja pessoa natural, haverá um controle extra sobre os atos do candidato
nas eleições. Além disso, com a criação de um cadastro específico é possível
diferenciar bem o patrimônio e os ganhos da pessoa do candidato, dos gastos e
dos recursos utilizados na campanha.
Em razão disso, exige a Lei 9.504/1997 a criação de um CNPJ para cada
candidato. Ao contrário do que poderíamos imaginar, esse CNPJ não será
fornecido diretamente pelo Ministério da Fazenda, mas pela Justiça Eleitoral. A
Justiça Eleitoral manterá um convênio com a Receita Federal para registro dos
CNPJs dos candidatos.
Para fins de prova é fundamental memorizar o prazo que a Justiça Eleitoral tem
para fornecer o número do cadastro.

PRAZO PARA A JUSTIÇA


ELEITORAL FORNECER O CNPJ AO 3 dias
CANDIDATO

Após a obtenção do cadastro, os candidatos poderão promover a arrecadação e


as despesas.

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2.5 - Doações
O controle dos gastos é a tônica da arrecadação dos recursos em campanhas
eleitorais. Todos os valores arrecadados devem ser contabilizados por intermédio
de recibos eleitorais, considerados documentos oficiais e obrigatórios.
Sobre os recebidos eleitorais, vejamos os ensinamentos da doutrina6:
Os recebidos eleitorais viabilizam e legitimam a coleta de recursos para a campanha. Devem
apresentar numeração seriada ou sequencial. Sua expedição se faz necessária ainda que o
candidato faça doação para sua própria campanha, porquanto, mesmo aí, é previsto que o
negócio seja documentado e devidamente contabilizado.

Vimos no início desta aula que existem recursos privados que podem ser
disponibilizados para o financiamento da campanha eleitoral. Vamos iniciar com
a análise dos dispositivos.

Doações de Pessoas Físicas e do próprio Candidato


Vejamos o art. 23, da Lei 9.504/1997:
Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro
para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei.
§ 1º As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas a 10% (dez por
cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano anterior à eleição.
(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
I - Revogado;
II - Revogado.
§ 1º-A O candidato poderá usar recursos próprios em sua campanha até o limite de
gastos estabelecido nesta Lei para o cargo ao qual concorre.

Nesse primeiro caso incluem-se os valores recebidos por pessoas naturais e


recursos destinados pelos próprios candidatos. Para a nossa prova é fundamental
memorizarmos o percentual limite de 10%. Assim, os recursos doados por
pessoas naturais quaisquer se limitam ao percentual de 10% sobre o valor
BRUTO auferido no ano anterior. Cuidem que o valor base para o cálculo do
percentual incide sobre o valor bruto, o que engloba, por exemplo, valores a título
de previdência, imposto de renda retido na fonte etc.
O mesmo ocorre em relação a recursos próprios, a Lei 9.504/1997 limite o valor
expendido a até, no máximo, 10% dos rendimentos brutos dos candidatos,
auferidos no ano anterior.
Esse montante de 10% será fixado pelo próprio TSE juntamente com a Receita
Federal, conforme disciplina o caput do art. 24-C da Lei 9.504/1997:
Art. 24-C. O limite de doação previsto no § 1º do art. 23 será apurado anualmente pelo
Tribunal Superior Eleitoral e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.

6
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, p. 343.

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LIMITE DE 10% SOBRE O


RENDIMENTO BRUTO NO ANO Às pessoas físicas quaisquer.
ANTERIOR APLICA-SE

LIMITE DE APURADO
Aos gastos efetuados pelo próprio
ANUALMENTE PELO TSE E PELA
candidato.
RECEITA FEDERAL

Por exemplo, caso determinado cidadão receba R$ 100.000,00 ao longo do ano


anterior às eleições, sem contar eventuais descontos legais como tributos e
gastos, por exemplo, poderá doar R$ 10.000,00 ao candidato.
Essas doações serão feitas por intermédio de recibo, com exceção de alguns
gastos que são dispensados de comprovação e que se encontram disciplinados
no art. 28, §6º, o qual será estudado adiante. Essa é a regra contida no §2º, do
art. 23, da Lei 9.504/1997:
§ 2º As doações estimáveis em dinheiro a candidato específico, comitê ou partido deverão
ser feitas mediante recibo, assinado pelo doador, exceto na hipótese prevista no § 6º
do art. 28.

Para que vocês procurem memorizar, lembre-se que as doações devem ser
efetuadas mediante recibo, exceto nas hipóteses abaixo:

AS DOAÇÕES DEVE SER FEITAS MEDIANTE


APRESENTAÇÃO DE RECIBO, EXCETO:

•Cessão de bens móveis com valor limitado a R$ 4.000,00.


•Doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do
uso comum de sedes e de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da
despesa.

Não se preocupem tanto com essas regras agora. Voltaremos a elas mais adiante.
É importante que saibamos que a ausência de recibo eleitoral quando
exigível, constitui irregularidade insanável, segundo entendimento do TSE7.
Se o limite de doação for ultrapassado?
APLICA-SE A PENALIDADE DE MULTA em valor entre cinco e 10 vezes a
quantia excedida.

7
REspe nº 26.125/2006.

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§ 3º A doação de quantia acima dos limites fixados neste artigo sujeita o infrator ao
pagamento de multa no valor de CINCO A DEZ VEZES A QUANTIA EM EXCESSO.

Por exemplo, se o sujeito teve rendimento bruto equivalente a R$ 100.000,00 do


ano anterior às eleições poderá destinar R$ 10.000,00 à campanha eleitoral do
candidato de sua preferência. Se ele fizer doação no valor de R$ 12.000,00,
sofrerá pena entre cinco a 10 vezes o valor de R$ 2.000,00 excedidos. Logo, a
multa mínima será de R$ 10.000,00 (5 X R$ 2.000,00) e a máxima será de R$
20.000,00 (10 X R$ 10.000,00).
Para a prova...

DOAÇÃO POR PESSOA


FÍSICA ACIMA DO 5 a 10 vezes a quantia em
MULTA
LIMITE (10% da renda excesso
bruta)

O §4º, do art. 23, prevê a forma como devem ser realizadas as doações.
§ 4º As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas na conta
mencionada no art. 22 desta Lei por meio de:
I – cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósitos;
II – depósitos em espécie devidamente identificados até o limite fixado no inciso I do
§ 1º deste artigo;
III – mecanismo disponível em sítio do candidato, partido ou coligação na Internet,
permitindo INCLUSIVE O USO DE CARTÃO DE CRÉDITO, e que deverá atender aos
seguintes requisitos:
a) identificação do doador;
b) emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realizada.

Para a prova, é suficiente memorizar o esquema abaixo:


QUANTO À FORMA DA DOAÇÃO

cheques cruzados e nominais


POR PESSOA FÍSICA

transferência eletrônica

depósitos devidamente identificados

mecanismos disponíveis no site no candidato, desde que haja


a identificação do doador e a emissão de recibo

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O que é importante constatar é que todas as formas permitidas em lei de doações


de recursos possuem a qualidade de permitir o controle e o registro dos gastos,
a fim de garantir a lisura do processo eleitoral.
Lembre-se: cheques devem ser CRUZADOS e
NOMINAIS.
Sigamos!

em espécie

VEDAM-SE de troféus
DOAÇÕES (do
registro da
candidatura às
eleições) em prêmios

em ajudas

O quadro acima é sintetizado §5º:


§ 5º Ficam vedadas quaisquer doações em dinheiro, bem como de troféus, prêmios,
ajudas de qualquer espécie feitas por candidato, entre o registro e a eleição, a
pessoas físicas ou jurídicas.

Vejamos, ainda, o §6º:


§ 6º Na hipótese de doações realizadas por meio da Internet, as fraudes ou erros
cometidos pelo doador sem conhecimento dos candidatos, partidos ou coligações não
ensejarão a responsabilidade destes nem a rejeição de suas contas eleitorais.

Para finalizarmos o dispositivo é necessário saber da regra contida no §7º,


segundo o qual é possível, as pessoas físicas, em geral, franquear a utilização de
bens móveis ou de imóveis, cujo valor não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00.
§ 7º O limite previsto no § 1º não se aplica a doações estimáveis em dinheiro relativas à
utilização de bens móveis ou imóveis de propriedade do doador, desde que o valor estimado
não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

ACEITA-SE QUE PESSOAS FÍSICAS PERMITAM A


UTILIZAÇÃO, PARA FINS DE CAMPANHA, DE BENS
MÓVEIS E IMÓVEIS CUJO VALOR NÃO ULTRAPASSE
R$ 80.000,00

Muita atenção a esse quadro acima porque antes da Lei nº 13.165/2015 o


limite era de R$ 50.000,00. AGORA É DE R$ 80.000,00.

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Doações de outros candidatos


Segundo a doutrina de José Jairo Gomes8, é lícita a doação de recursos de
um candidato para outro, desde que sejam observados os limites
constantes do art. 23, §1º, da Lei 9.504/1997.
Ou seja, o candidato poderá doar, a outro candidato, valores desde que não
exceda a 10% dos rendimentos brutos do ano anterior em relação ao candidato
doador.

Aplicação ou distribuição de recursos de partido político


O partido político tem diversas fontes de receitas. Estuda-se na Lei dos Partidos
Políticos que as agremiações podem receber recursos do Fundo Partidário,
doações e promoção de eventos e venda de bens e de produtos decorrentes de
investimentos e de aplicações financeiras.
Esses recursos poderão ser distribuídos, em ano eleitoral, para as campanhas nos
termos do art. 39, §5º, da Lei 9.096/1995:
§ 5º Em ano eleitoral, os partidos políticos poderão aplicar ou distribuir pelas diversas
eleições os recursos financeiros recebidos de pessoas físicas e jurídicas, observando-se o
disposto no § 1º do art. 23, no art. 24 e no § 1º do art. 81 da Lei nº 9.504, de 30 de
setembro de 1997, e os critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas
normas estatutárias.

Em que pese as discussões doutrinárias acerca desse dispositivo, para fins da


nossa prova devemos memorizar o posicionamento do TSE, segundo o qual as
doações feitas por particulares a partidos devem limitar-se a 10% do
rendimento bruto.
Para recebimento desses valores, os partidos políticos devem abrir contas
específicas de campanha para conferir transferências e frear o abuso de poder
econômico nas eleições.

2.6 - Fontes Vedadas


O art. 24, da Lei 9.504/1997, traz inúmeras hipóteses de recursos que não podem
ser recebidos pelos candidatos ou pelo partido político. Para a nossa prova não
há outra alternativa a não ser procurar memorizar as hipóteses trazidas no
dispositivo.
Art. 24. É VEDADO, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação
em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer
espécie, procedente de:
I – entidade ou governo estrangeiro;
II – órgão da Administração Pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos
provenientes do Poder Público;
III – concessionário ou permissionário de serviço público;

8
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, p. 345.

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IV – entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária, contribuição


compulsória em virtude de disposição legal;
V – entidade de utilidade pública;
VI – entidade de classe ou sindical;
VII – pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior;
VIII – entidades beneficentes e religiosas;
IX – entidades esportivas;
X – organizações não-governamentais que recebam recursos públicos;
XI – organizações da sociedade civil de interesse público.
XII – vetado.
§ 1º NÃO se incluem nas vedações de que trata este artigo as cooperativas cujos
cooperados não sejam concessionários ou permissionários de serviços públicos, desde que
não estejam sendo beneficiadas com recursos públicos, observado o disposto no art.
81 [limites estabelecidos para as pessoas jurídicas – 2% do faturamento bruto]. (Redação
dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
§ 4º O partido ou candidato que receber recursos provenientes de fontes vedadas ou
de origem não identificada deverá proceder à devolução dos valores recebidos ou, não
sendo possível a identificação da fonte, transferi-los para a conta única do Tesouro Nacional.
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

Para auxiliar na memorização, vejamos o esquema abaixo:

ARRECADAÇÃO VEDADA

entidade ou governo estrangeiro

órgão da Administração Pública

concessionário ou permissionário de serviço público

entidade de direito privado beneficiária de contribuição compulsória

entidade de utilidade pública

entidade de classe ou sindical

pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior

entidades beneficentes e religiosas

entidades esportivas

organizações não-governamentais que recebam recursos públicos

organizações da sociedade civil de interesse público

Devemos nos atentar, também, para a exceção prevista no §1º do dispositivo


acima:

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NÃO SE INCLUEM OS RECURSOS DE COOPERATIVAS


CUJO COOPERADOS NÃO SEJAM CONCESSIONÁRIOS OU
PERMISSIONÁRIOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, DESDE QUE
NÃO ESTEJAM SENDO BENEFICIÁRIOS COM RECURSOS
PÚBLICOS.

Os §§ 2º e 3º foram acrescentados pela Lei nº 13.165/2015, mas vetados pela


Presidente. Já o §4º, também com redação dada pela Lei nº 13.165/2015,
prevê que o partido político ou o candidato não poderá ficar com valores das
fontes vedadas (como vimos acima) ou de origem não identificada. Em tais
situações, os valores deverão ser devolvidos ou transferidos para o Tesouro
Nacional, caso não seja possível a devolução.
Os arts. 24-A e 24-B acrescentados pela Lei nº 13.165/2015 também foram
vetados. O art. 24-C, como anunciamos acima, fixa o limite de gastos que os
candidatos poderão empenhar na realização das campanhas:
Art. 24-C. O limite de doação previsto no § 1º do art. 23 [pelo próprio candidatos a
sua campanha] será apurado anualmente pelo Tribunal Superior Eleitoral e pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil.

Para fins da definição desses valores, o TSE deverá consolidar uma série de
informações que serão encaminhadas à Receita Federal nos termos dos §§
abaixo, cuja leitura é suficiente:
§ 1º O Tribunal Superior Eleitoral deverá consolidar as informações sobre as doações
registradas até 31 de dezembro do exercício financeiro a ser apurado, considerando:
I - as prestações de contas anuais dos partidos políticos, entregues à Justiça Eleitoral até
30 de abril do ano subsequente ao da apuração, nos termos do art. 32 da Lei no 9.096, de
19 de setembro de 1995;
II - as prestações de contas dos candidatos às eleições ordinárias ou suplementares que
tenham ocorrido no exercício financeiro a ser apurado.
§ 2º O Tribunal Superior Eleitoral, após a consolidação das informações sobre os valores
doados e apurados, encaminhá-las-á à Secretaria da Receita Federal do Brasil até 30 de
maio do ano seguinte ao da apuração.
§ 3º A Secretaria da Receita Federal do Brasil fará o cruzamento dos valores doados com
os rendimentos da pessoa física e, apurando indício de excesso, comunicará o fato, até 30
de julho do ano seguinte ao da apuração, ao Ministério Público Eleitoral, que poderá, até o
final do exercício financeiro, apresentar representação com vistas à aplicação da penalidade
prevista no art. 23 e de outras sanções que julgar cabíveis.

Os parágrafos acima delineiam os instrumentos para a investigação do candidato


que tiver destinado recursos para a campanha acima da sua capacidade
patrimonial. Para tanto, o TSE após consolidar os valores apurados nas eleições,
encaminhará à Receita Federal que, se identificar indícios de excessos informará
o Ministério Público Eleitoral para que proponha a medida eleitoral cabida.

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Na sequência vejamos o art. 25 da Lei 9.504/1997 que trata da consequência


aos partidos em razão do descumprimento das normas relativas à aplicação dos
recursos financeiros.
Eventuais violações implicam a perda ou a suspensão do direito ao
recebimento das quotas do fundo partidário, além da possibilidade de
condenação por abuso de poder econômico, que veremos adiante.
Art. 25. O partido que descumprir as normas referentes à arrecadação e aplicação
de recursos fixadas nesta Lei perderá o direito ao recebimento da quota do Fundo
Partidário do ano seguinte, sem prejuízo de responderem os candidatos beneficiados por
abuso do poder econômico.
Parágrafo único. A sanção de suspensão do repasse de novas quotas do Fundo Partidário,
por desaprovação total ou parcial da prestação de contas do candidato, deverá ser
aplicada de forma proporcional e razoável, pelo período de 1 (um) mês a 12 (doze)
meses, ou por meio do desconto, do valor a ser repassado, na importância
apontada como irregular, não podendo ser aplicada a sanção de suspensão, caso a
prestação de contas não seja julgada, pelo juízo ou tribunal competente, após 5 (cinco)
anos de sua apresentação.

Não precisamos nos preocupar com este dispositivo, agora. Ele será retomado no
próximo capítulo.

2.7 - Gastos Eleitorais


Os gastos lícitos realizados em campanha são todos aqueles realizados de acordo
com a legislação eleitoral. O art. 26 e o art. 100-A exemplificam gastos lícitos
que podem ser realizados durante as campanhas eleitorais. Tudo que estiver fora
dos limites estabelecidos serão gastos eleitorais ilícitos sujeitos às penalidades
previstas.
Para fins da nossa prova, não há outra alternativa a não ser a leitura e a
memorização, na medida do possível, das hipóteses trazidas em lei.
Vejamos:
Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta
Lei:
I – confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho, observado o
disposto no § 3º do art. 38 desta Lei [nas dimensões estabelecidas na Lei 9.504/1997];
II – propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer meio de divulgação,
destinada a conquistar votos;
III – aluguel de locais para a promoção de atos de campanha eleitoral;
IV – despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço
das candidaturas;
V – correspondência e despesas postais;
VI – despesas de instalação, organização e funcionamento de comitês e serviços
necessários às eleições;
VII – remuneração ou gratificação de qualquer espécie a pessoal que preste serviços
às candidaturas ou aos comitês eleitorais;
VIII – montagem e operação de carros de som, de propaganda e assemelhados;
IX – a realização de comícios ou eventos destinados à promoção de candidatura;

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X – produção de programas de rádio, televisão ou vídeo, inclusive os destinados à


propaganda gratuita;
XI – (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 11.300/2006.);
XII – realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais;
XIII – (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 11.300/2006.);
XIV – (Revogado pelo art. 3º da Lei nº 12.891/2013);
XV – custos com a criação e inclusão de sítios na Internet;
XVI – multas aplicadas aos partidos ou candidatos por infração do disposto na
legislação eleitoral;
XVII – produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral.
Parágrafo único. São estabelecidos os seguintes LIMITES com relação ao total do gasto
da campanha:
I – alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais:
10% (DEZ POR CENTO);
II – aluguel de veículos automotores: 20% (VINTE POR CENTO).

Do dispositivo acima, em razão de o § único ter sido recentemente incluído na


Lei nº 12.891/2013, há grandes chances de que possa ser exigido em prova,
juntamente com os dispositivos da Lei nº 13.165/2015. Portanto:

LIMITE DE GASTO COM ALIMENTAÇÃO DE


10%
PESSOAL

LIMITE DE GASTO COM ALUGUEL DE


20%
VEÍCULOS

O art. 27 estabelece a possibilidade de o eleitor realizar gastos de campanha


os quais nem sequer necessitarão ser contabilizados, desde que não
ultrapassem a 1000 UFIRs.
Art. 27. Qualquer eleitor poderá realizar gastos, em apoio a candidato de sua preferência,
até a quantia equivalente a um mil UFIR, não sujeitos a contabilização, desde que não
reembolsados.

Para finalizarmos a parte relativa aos gastos eleitorais, cumpre trazermos, ainda,
o art. 100-A da Lei 9.504/1997, que foi acrescido à legislação pela Lei nº
12.891/2013. Esse dispositivo traz a possibilidade de contratação direta ou
terceirizada de pessoas para a prestação de atividades relativas à
militância e à mobilização nas campanhas eleitorais, que observam uma
série de parâmetros. Vejamos, inicialmente, o dispositivo e, em seguida, um
esquema. Notem que são estabelecidos um número limite de contratados em
função do cargo eletivo e, no caso do município, do número de eleitores.

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Art. 100-A. A contratação direta ou terceirizada de pessoal para prestação de serviços


referentes a atividades de militância e mobilização de rua nas campanhas eleitorais
observará os seguintes limites, impostos a cada candidato:
I – em Municípios com até 30.000 (trinta mil) eleitores, não excederá a 1% (um por cento)
do eleitorado;
II – nos demais Municípios e no Distrito Federal, corresponderá ao número máximo apurado
no inciso I, acrescido de 1 (uma) contratação para cada 1.000 (mil) eleitores que exceder
o número de 30.000 (trinta mil).
§ 1º As contratações observarão ainda os seguintes limites nas candidaturas aos cargos a:
I – Presidente da República e Senador: em cada Estado, o número estabelecido para o
Município com o maior número de eleitores;
II – Governador de Estado e do Distrito Federal: no Estado, o dobro do limite estabelecido
para o Município com o maior número de eleitores, e, no Distrito Federal, o dobro do número
alcançado no inciso II do caput;
III – Deputado Federal: na circunscrição, 70% (setenta por cento) do limite estabelecido
para o Município com o maior número de eleitores, e, no Distrito Federal, esse mesmo
percentual aplicado sobre o limite calculado na forma do inciso II do caput, considerado o
eleitorado da maior região administrativa;
IV – Deputado Estadual ou Distrital: na circunscrição, 50% (cinquenta por cento) do limite
estabelecido para Deputados Federais;
V – Prefeito: nos limites previstos nos incisos I e II do caput;
VI – Vereador: 50% (cinquenta por cento) dos limites previstos nos incisos I e II do caput,
até o máximo de 80% (oitenta por cento) do limite estabelecido para Deputados Estaduais.

Pessoal, o dispositivo é realmente confuso. Acredito que não haja necessidade de


memorizar o cálculo. De todo modo, a fim de facilitar, montamos o esquema
abaixo:
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS E AO SENADO
 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000 do município
com o maior número de eleitores
GOVERNADOR DE ESTADO-MEMBRO
 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000 do município
com o maior número de eleitores
GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
 duas vezes de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000
do município com o maior número de eleitores
DEPUTADO FEDERAL
 70% de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000 do
município com o maior número de eleitores
DEPUTADO DISTRITAL
 70% de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000,
considerando o eleitorado da maior região administrativa
PREFEITO
 Municípios com até 30.000 eleitores - não mais que 1% dos eleitores
 Municípios com mais de 30.000 eleitores - 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000
eleitores que exceder 30.000

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VEREADOR
 50% de: não mais que 1% dos eleitores, em municípios com menos de 30.000 eleitores
 50% de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000, para
municípios com mais de 30.000 eleitores até o máximo de 80% do limite estabelecido para
deputados estaduais.

Vejamos os §§ finais do dispositivo, cuja leitura é suficiente:


§ 2º Nos cálculos previstos nos incisos I e II do caput e no § 1º, a fração será desprezada,
se inferior a 0,5 (meio), e igualada a 1 (um), se igual ou superior.
§ 3º A contratação de pessoal por candidatos a Vice-Presidente, Vice-Governador, Suplente
de Senador e Vice-Prefeito é, para todos os efeitos, contabilizada como contratação pelo
titular, e a contratação por partidos fica vinculada aos limites impostos aos seus candidatos.
§ 4º Na prestação de contas a que estão sujeitos na forma desta Lei, os candidatos são
obrigados a discriminar nominalmente as pessoas contratadas, com indicação de seus
respectivos números de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).
§ 5º O descumprimento dos limites previstos nesta Lei sujeitará o candidato às penas
previstas no art. 299 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965.
§ 6º São excluídos dos limites fixados por esta Lei a militância não remunerada,
pessoal contratado para apoio administrativo e operacional, fiscais e delegados
credenciados para trabalhar nas eleições e os advogados dos candidatos ou dos
partidos e coligações.

3 - Prestação de Contas
Com o encerramento das eleições, os candidatos, os partidos políticos e as
coligações deverão prestar contas à Justiça Eleitoral dos recursos
arrecadados e dos gastos efetuados ao longo da campanha eleitoral,
conforme disciplinam os arts. 28 a 32 da Lei das Eleições.

a contabilização dos
recursos arrecadados
A PRESTAÇÃO DE
CONTAS ENVOLVE...
a contabilização dos
gastos efetuados ao
longo da campanha

Notem que a obrigação acima não se restringe ao candidato eleito. Ela abrange
todos aqueles que concorrem ao pleito eleitoral. Além disso, tanto os partidos
como as coligações devem apresentar suas contas à Justiça Eleitoral.
Segundo José Jairo Gomes:
O instituto da prestação de contas constitui o instrumento oficial que permite a realização
de contratos e avaliações, bem como o controle financeiro dos candidatos. Esse controle
tem o sentido de perscrutar e cercear o abuso de poder, notadamente o de caráter
econômico, conferindo-se mais transparência e legitimidade às eleições.

Notaram do conceito acima a relação entre a prestação contas e o abuso


de poder econômico?

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Instrumento para controlar e evitar o


PRESTAÇÃO DE CONTAS abuso de poder econômico nas
campanhas eleitorais.

Portanto, com a prestação de contas é possível averiguar a correção na


arrecadação e nos gastos despendidos pelos candidatos, pelos partidos e pelas
coligações durante o pleito eleitoral.
Vejamos, inicialmente, a redação do art. 28:
Art. 28. A prestação de contas será feita:
I – no caso dos candidatos às eleições majoritárias, na forma disciplinada pela Justiça
Eleitoral;
II – no caso dos candidatos às eleições proporcionais, de acordo com os modelos constantes
do Anexo desta Lei.

Em que pese a redação do dispositivo acima, as contas eleitorais são prestadas


atualmente por intermédio de sistema próprio, denominado de Sistema de
Prestação de Contas Eleitorais (SPCE).
Em regra, os gastos efetuados devem constar da prestação de contas. Há,
contudo, duas exceções, disciplinadas expressamente no §6º do art. 28 da Lei
9.504/1997. Nós já estudamos essas regras, agora vejamos a literalidade do
dispositivo:
§ 6º Ficam também dispensadas de comprovação na prestação de contas:
I – a cessão de bens móveis, limitada ao valor de R$4.000,00 (quatro mil reais) por
pessoa cedente;
II - doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do
uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa.

Assim, não precisa haver comprovação na prestação de contas na cessão de bens


móveis, desde limitada ao valor de R$ 4.000,00.
Além disso, tanto doações de bens de uso comum quanto de materiais de
propaganda entre candidatos são dispensados da comprovação na prestação de
contas. De todo modo, tais gastos devem ser registrados na prestação de contas
do responsável pelo pagamento da despesa.
Para fins de prova...

AS DOAÇÕES DEVEM SER FEITAS MEDIANTE A APRESENTAÇÃO DE


RECIBO, EXCETO:

•Cessão de bens móveis com valor limitado a R$ 4.000,00;


•Doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do
uso comum de sedes e de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da
despesa.

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Os §§1º e 2º disciplinam como será feita a prestação de contas. Há duas regras


diferentes, uma para eleições majoritárias e outra para eleições proporcionais.
 ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS
Em eleições majoritárias, a prestação de contas será feita pelo próprio candidato.
Com a Lei nº 13.165/2015, não há mais necessidade de constituição de
comitês financeiros. Vejamos:
§ 1o As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão feitas pelo
próprio candidato, devendo ser acompanhadas dos extratos das contas bancárias
referentes à movimentação dos recursos financeiros usados na campanha e da relação dos
cheques recebidos, com a indicação dos respectivos números, valores e emitentes.

Ainda em relação ao dispositivo acima, duas informações devem constar da


prestação de contas:
 extrato das contas bancárias; e
 relação dos cheques recebidos.
 ELEIÇÕES PROPORCIONAIS
O §2º apenas informa que a prestação de contas será feita – tal como ocorre em
relação às eleições majoritárias – pelo próprio candidato.
§ 2o As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão feitas pelo
próprio candidato.

Em síntese...

PRESTAÇÃO DE
CONTAS PELO eleições eleições
PRÓPRIO majoritárias proporcionais
CANDIDATO

Vejamos, na sequência, o §3º da Lei 9.504/1997:


§ 3º As contribuições, doações e as receitas de que trata esta Lei serão convertidas
em UFIR, pelo valor desta no mês em que ocorrerem.

Além da prestação de contas, a ser efetuada pelos candidatos, a Lei das Eleições
obriga os partidos políticos, as coligações e os candidatos a divulgarem as
informações financeiras da campanha na internet.
São duas regras:
1ª REGRA: os recursos recebidos, em dinheiro, recebidos pelos
partidos/coligações e candidatos serão divulgados na internet no prazo de
72 HORAS. Nessas informações devem conter:
 a indicação dos nomes dos doadores com CPF e CNPJ
 a valores doados
2ª REGRA: no DIA 15.09 do ano eleitoral deverá ser divulgado um relatório
discriminado:
 das transferências do Fundo Partidário;

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 dos recursos em dinheiro;


 dos valores estimáveis em dinheiro; e
 dos gastos realizados.
Essas regras constam dos §§ 4º e 7º:
§ 4o Os partidos políticos, as coligações e os candidatos são OBRIGADOS, durante as
campanhas eleitorais, a divulgar em sítio criado pela Justiça Eleitoral para esse fim na
rede mundial de computadores (internet)
I - os recursos em dinheiro recebidos para financiamento de sua campanha eleitoral,
EM ATÉ 72 (SETENTA E DUAS) HORAS DE SEU RECEBIMENTO;
II - NO DIA 15 DE SETEMBRO, relatório discriminando as transferências do Fundo
Partidário, os recursos em dinheiro e os estimáveis em dinheiro recebidos, bem como os
gastos realizados.
§ 7o As informações sobre os recursos recebidos a que se refere o § 4o deverão ser
divulgadas com a indicação dos nomes, do CPF ou CNPJ dos doadores e dos respectivos
valores doados.

Registre-se que o §5º foi vetado e o §6º já analisamos acima.


O §8º traz uma regra específica relativa à comprovação de gastos com passagens
aéreas. Vejamos:
§ 8o Os gastos com passagens aéreas efetuados nas campanhas eleitorais serão
comprovados mediante a apresentação de fatura ou duplicata emitida por agência de
viagem, quando for o caso, desde que informados os beneficiários, as datas e os itinerários,
vedada a exigência de apresentação de qualquer outro documento para esse fim.

Para finalizar o extenso art. 28 da Lei 9.504/1997, vamos estudar o sistema


simplificado de prestação de contas. Esse sistema simplificado é adotado em
duas situações:
 gastos não superiores a R$ 20.000,00.
Para candidatos que movimentarem, no máximo, R$ 20.000,00. Essa regra
específica, visa a facilitar a prestação de contas para eleições menores, pois
geram grandes consequências se forem irregulares.
 eleições municipais com menos de 50.000,00 eleitores.
Essa regra abrange tanto a prestação de contas para cargos de Prefeitos e
de vice-Prefeito como cargos de vereadores de cidades pequenas, bem
como o e tempo objetivando facilitar a apresentação das contas.
Vejamos:
§ 9o A Justiça Eleitoral adotará sistema simplificado de prestação de contas para
candidatos que apresentarem movimentação financeira correspondente a, NO MÁXIMO,
R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS), atualizados monetariamente, a cada eleição, pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE ou por índice que o substituir.
§ 10. O sistema simplificado referido no § 9o deverá conter, pelo menos:
I - identificação das doações recebidas, com os nomes, o CPF ou CNPJ dos doadores e
os respectivos valores recebidos;
II - identificação das despesas realizadas, com os nomes e o CPF ou CNPJ dos
fornecedores de material e dos prestadores dos serviços realizados;

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III - registro das eventuais sobras ou dívidas de campanha.

É fundamental memorizar o dispositivo acima, assim...

a identificação das doações recebidas e


das despesas realizadas (com nome e
A PRESTAÇÃO DE CONTAS PELO indicação do CPF/CNPJ e valores)
SISTEMA SIMPLIFICADO DEVERÁ
CONTER
o registro de eventuais sobras ou
dívidas

Vejamos o §11 que trata do sistema simplificado de prestação de contas para as


eleições municipais em cidades com menos de 50.000,00 eleitores.
§ 11. Nas eleições para Prefeito e Vereador de Municípios com menos de cinquenta mil
eleitores, a prestação de contas será feita sempre pelo sistema simplificado a que se referem
os §§ 9o e 10.

Por fim, a regra contida no §12 explica que as transferências efetuadas pelos
partidos políticos aos seus candidatos deverão ser duplamente registradas.
Vejamos:
§ 12. Os valores transferidos pelos partidos políticos oriundos de doações serão
registrados na prestação de contas dos candidatos como transferência dos partidos e, na
prestação de contas dos partidos, como transferência aos candidatos, sem individualização
dos doadores.

Assim...

o partido deverá
registrar como
pagamento ao
TRANSFERÊNCIAS candidato
DOS PARTIDOS
PARA OS
CANDIDATOS o candidato deverá
registrar como
recebimento do
partido

O art. 29 traz regras a serem aplicáveis à prestação de contas pelo comitê. Como
estudamos acima, a prestação de contas se dá DIRETAMENTE PELO
CANDIDATO sem a existência do comitê para tal finalidade. Dessa forma, a
fim de compatibilizar o dispositivo abaixo com a recente reforma eleitoral,
conclui-se que os deveres estabelecidos no art. 29 competem aos próprios
candidatos.
Vejamos:
Art. 29. Ao receber as prestações de contas e demais informações dos candidatos às
eleições majoritárias e dos candidatos às eleições proporcionais que optarem por prestar
contas por seu intermédio, os comitês deverão:

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I – Revogado;
II - resumir as informações contidas na prestação de contas, de forma a apresentar
demonstrativo consolidado das campanhas;
III - encaminhar à Justiça Eleitoral, até o trigésimo dia posterior à realização das
eleições, o conjunto das prestações de contas dos candidatos e do próprio comitê, na
forma do artigo anterior, ressalvada a hipótese do inciso seguinte;
IV - havendo segundo turno, encaminhar a prestação de contas, referente aos 2
(dois) turnos, até o vigésimo dia posterior à sua realização.

Da leitura desse dispositivo, devemos focar no cerne da regra, que é a


consolidação da prestação de contas a ser enviada às eleições com o término do
pleito. Há, portanto, dois prazos importantes: um a ser aplicado na hipótese de
as eleições ocorrerem em único turno; e outro que se aplica às eleições que
ocorrerem em dois turnos.
Assim...

SE AS ELEIÇÕES
a consolidação das contas deverá ser
TERMINAREM
encaminhada à Justiça Eleitoral até o 30º
NUM ÚNICO
dia após o pleito
TURNO

SE AS ELEIÇÕES
a consolidação das contas deverá ser
TERMINAREM
encaminhada à Justiça Eleitoral até o 20º
EM SEGUNDO
dia após o pleito
TURNO

É o que temos que memorizar para fins de prova objetiva.


Esse mesmo prazo deverá ser observado pelo candidato nas eleições
proporcionais que optar por enviar as contas diretamente à Justiça Eleitoral, nos
termos do §1º abaixo transcrito.
§ 1º Os candidatos às eleições proporcionais que optarem pela prestação de contas
diretamente à Justiça Eleitoral observarão o mesmo prazo do inciso III do caput.

Na sequência, a LE passa a discorrer sobre o procedimento de apuração das


contas perante a Justiça Eleitoral. A fim de facilitar a absorção dos assuntos,
vejamos, inicialmente, uma linha da evolução do procedimento.

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Havendo indícios de
irregularidade, poderão Poderão ser
Recebidas as contas, a ser determinadas determinadas diligências
Justiça Eletoral autuará e informações adicionais junto aos doadores e aos
distribuirá o processo. de ofício tanto ao fornecedores com prazo
candidato, quanto ao de 72 horas.
partido ou ao comitê.

Em caso de
desaprovação ou de
O órgão técnico poderá
Parecer pelo órgão aprovação com ressalvas
retificar as conclusões
técnico sobre as contas. haverá vista dos autos
iniciais
ao candidato pelo prazo
de 72 horas

Os autos são Recurso no prazo de 3


encaminhados ao A Justiça decidirá dias ao TRE e,
Ministério Público pelo definitivamente a posteriormente, ao TSE,
prazo de 48 horas para respeito das contas também no prazo de 3
parecer dias

Assim, ao receber a prestação de contas, a Justiça Eleitoral procederá à


verificação da regularidade das contas de campanha. Nessa análise, podemos ter
três desfechos (que estão no inc. I a III), bem como o candidato poderá não
apresentar as contas (que está no inc. IV). Vejamos:
Art. 30. A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas de campanha, decidindo:
I – pela aprovação, quando estiverem regulares;
II – pela aprovação com ressalvas, quando verificadas falhas que não lhes comprometam
a regularidade;
III – pela desaprovação, quando verificadas falhas que lhes comprometam a
regularidade;
IV – pela não prestação, quando não apresentadas as contas após a notificação emitida
pela Justiça Eleitoral, na qual constará a obrigação expressa de prestar as suas contas, no
prazo de setenta e duas horas.

Destaca-se do inc. IV que, em caso de não prestação, a Justiça Eleitoral “dará


uma segunda chance” para a notificação do candidato, do partido ou da
coligação para que apresentem as contas no PRAZO DE 72 HORAS.
Em forma de esquema...

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Aprovação

PRESTAÇÃO DE Aprovação com


Não prestação
CONTAS ressalvas

Desaprovação

Quanto à possibilidade no julgamento das contas devemos tecer algumas


observações.
 No que atine à aprovação de contas com ressalvas, destaca a doutrina que ela
será aplicada nos casos em que houver faltas materiais, contudo, dada a
gravidade reduzida da irregularidade cometida, as contas serão aprovadas.
Segundo a doutrina de José Jairo Gomes9, o efeito da aprovação das contas
com ressalva é moral.
Na aprovação integral ou com ressalvas, é inegável o efeito ético do julgamento. No primeiro
caso, é como se o candidato fosse laureado pelo agir dentro das regras do jogo, angariando
com seu comportamento legitimidade e autoridade para exercer com dignidade o mandato
conquistado. No segundo, houve irregularidades, mas a situação não apresenta caráter
predominantemente moral. Não obstante, a só aprovação das contas, com ou sem ressaltas,
não afasta a discussão acerca da ocorrência de abuso de poder, mormente se novos
elementos probatórios forem descortinados, bem como o eventual ajuizamento de ação
eleitoral com essa finalidade.

 A desaprovação, por sua vez, é contaminada pela ilicitude, podendo ensejar a


perda do partido dos recursos do Fundo Partidário, a perda do diploma ou
inelegibilidade do candidato, a condenação por abuso do poder econômico e,
inclusive, a condenação por arrecadação ou gasto ilícito de recursos na campanha
eleitoral.
Dispõe o §1º que a decisão que julgar as contas será publicada em sessão até 3
dias antes da diplomação.
Sempre que lermos um prazo devemos redobrar a atenção, pois as provas
buscam tais informações. Aqui, a importância de memorizá-lo é qualificada, pois,

9 9
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, 10ª edição, rev. e atual., São Paulo: Editora Atlas S/A,
2014, p. 363

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antes da Lei nº 13.165/2015, esse prazo era de 8 dias, AGORÁ É DE 3 dias.


Portanto, até três dias antes da sessão solene de diplomação dos candidatos
eleitos deverá ser publicada a decisão que julgar as contas.
§ 1º A decisão que julgar as contas dos candidatos eleitos será publicada em sessão ATÉ
TRÊS DIAS ANTES DA DIPLOMAÇÃO.

O § 2ª minimiza a ocorrência de erros formais, ou de erros materiais, e formais,


corrigidos a tempo, de modo que não justificam a desaprovação das contas.
§ 2º Erros formais e materiais corrigidos não autorizam a rejeição das contas e a cominação
de sanção a candidato ou partido.
§ 2º-A Erros formais ou materiais irrelevantes no conjunto da prestação de contas, que não
comprometam o seu resultado, não acarretarão a rejeição das contas.

Para aferir as contas é possível, inclusive, à Justiça Eleitoral requisitar servidores


que trabalham junto ao TCU, ao TCE e ao TCM.
§ 3º Para efetuar os exames de que trata este artigo, a Justiça Eleitoral poderá requisitar
técnicos do Tribunal de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios,
pelo tempo que for necessário.

Vejamos, ainda, os §§ restantes desse dispositivo, que estão esquematizados na


linha do tempo acima mencionada:
§ 4º Havendo indício de irregularidade na prestação de contas, a Justiça Eleitoral poderá
requisitar diretamente do candidato ou do comitê financeiro as informações adicionais
necessárias, bem como determinar diligências para a complementação dos dados ou o
saneamento das falhas.
§ 5º Da decisão que julgar as contas prestadas pelos candidatos caberá recurso ao órgão
superior da Justiça Eleitoral, no prazo de 3 (três) dias, a contar da publicação no Diário
Oficial.
§ 6º No mesmo prazo previsto no § 5º, caberá recurso especial para o Tribunal Superior
Eleitoral, nas hipóteses previstas nos incisos I e II do § 4º do art. 121 da Constituição
Federal.
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se aos processos judiciais pendentes.

Das regras acima, memorize que o Recurso Especial ao TSE poderá ser interposto
em duas situações específicas:
 Quando a decisão for proferida em contrariedade à CF ou à lei; ou
 Quando, na decisão, ocorrer divergência na interpretação de lei entre
dois ou mais tribunais eleitorais.
Na sequência, a Lei 9.504/1997 passa a tratar, no art. 30-A, da AIJE cujas linhas
gerais serão analisadas no capítulo relativo ao abuso de poder econômico nas
eleições e em recursos eleitorais. Esse dispositivo será analisado em tópico
específico, quando tratarmos da ação de investigação judicial eleitoral.
Quanto ao art. 31, da Lei 9.504/1997, devemos ter máxima atenção. O
dispositivo trata das sobras de valores após as prestações de contas.
Primeiramente, devemos ter em mente que somente será possível falar em
"sobras de campanha" após o julgamento dos eventuais recursos em razão do
processo eleitoral.

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De todo modo, havendo tais sobras, disciplina o art. 31 que os valores


serão transferidos ao partido político, observando-se alguns critérios a
depender do candidato a que se refere.
 Assim, no caso de candidatos a eleições municipais (Prefeito, vice e
vereadores) os recursos serão transferidos para o órgão diretivo
municipal respectivo.
 No caso de candidatos a Governador, a vice, a Senador da
República, a Deputado Federal e Estadual os recursos serão
transferidos ao órgão regional respectivo.
 Finalmente, no caso de eleições Presidenciais os recursos ficarão com
órgão diretivo nacional do partido.
Vejamos o dispositivo e, em seguida, um esquema para ajudar na memorização
da matéria:
Art. 31. Se, ao final da campanha, ocorrer sobra de recursos financeiros, esta deve ser
declarada na prestação de contas e, após julgados todos os recursos, transferida ao partido,
obedecendo aos seguintes critérios:
I – no caso de candidato a Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador, esses recursos deverão
ser transferidos para o órgão diretivo municipal do partido na cidade onde ocorreu a
eleição, o qual será responsável exclusivo pela identificação desses recursos, sua utilização,
contabilização e respectiva prestação de contas perante o juízo eleitoral correspondente;
II – no caso de candidato a Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado Federal
e Deputado Estadual ou Distrital, esses recursos deverão ser transferidos para o órgão
diretivo regional do partido no Estado onde ocorreu a eleição ou no Distrito Federal, se for
o caso, o qual será responsável exclusivo pela identificação desses recursos, sua utilização,
contabilização e respectiva prestação de contas perante o Tribunal Regional Eleitoral
correspondente;
III – no caso de candidato a Presidente e Vice-Presidente da República, esses recursos
deverão ser transferidos para o órgão diretivo nacional do partido, o qual será
responsável exclusivo pela identificação desses recursos, sua utilização, contabilização e
respectiva prestação de contas perante o Tribunal Superior Eleitoral;
IV – o órgão diretivo nacional do partido não poderá ser responsabilizado nem penalizado
pelo descumprimento do disposto neste artigo por parte dos órgãos diretivos municipais e
regionais.
Parágrafo único. As sobras de recursos financeiros de campanha serão utilizadas pelos
partidos políticos, devendo tais valores ser declarados em suas prestações de contas
perante a Justiça Eleitoral, com a identificação dos candidatos.

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CANDIDATURA A
CANDIDATURA A GOVERNADOR (VICE),
CANDIDATURA A
PREFEITO (VICE) E A A SENADOR, A
PRESIDENTE (VICE)
VEREADOR DEPUTADO FEDERAL E
ESTADUAL

Recursos ficarão Recursos ficarão


Recursos ficarão
com órgão com o órgão
com o órgão
diretivo municipal diretivo estadual
diretivo nacional.
respectivo. respectivo.

Para finalizarmos o capítulo, vejamos o que disciplina o art. 32, da LE:


Art. 32. Até cento e oitenta dias após a diplomação, os candidatos ou partidos
conservarão a documentação concernente a suas contas.
Parágrafo único. Estando pendente de julgamento qualquer processo judicial relativo às
contas, a documentação a elas concernente deverá ser conservada até a decisão final.

O art. 32 trata da manutenção dos documentos relativos às contas. Esses


documentos, em regra, deverão ser conservados até 180 dias após a diplomação,
exceto no caso de pendência judicial, quando os documentos deverão ser
conservados até o final da ação caso ultrapasse os 180 dias.

regra 180 dias


CONSERVAÇÃO
PELOS PARTIDOS
DOS DOCUMENTOS
CONCERNENTES ÀS até o final do
CONTAS julgamento da ação,
em caso de pendência
caso o trânsito em
judicial
julgado seja superior
a 180 dias.

Finalizamos, assim, a matéria relativa à prestação de contas na Justiça Eleitoral.

4 - Abuso de Poder
4.1 - Introdução
As primeiras teorizações acerca do abuso de poder e de direito foram
desenvolvidas na seara privada, a partir do estudo da responsabilidade civil
por abuso de direito. Com o tempo os conceitos desenvolvidos no Direito Civil
foram levados para as demais disciplinas jurídicas e, inclusive, para o Direito
Público.
O abuso de direito e de poder não envolve apenas uma questão de
responsabilidade civil, mas efetivamente uma questão de moralidade no
exercício dos direitos e dos poderes concernentes a esses direitos.
Desse modo, haverá abuso de direito ou de poder quando o titular do direito, ou
da prerrogativa, o exerce fora dos limites legais delimitados pelo

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ordenamento. Podemos compreender o instituto, portanto, como uma cláusula


utilizável para fundamentar a responsabilidade daquele que abusar do seu direito,
ou poder, de forma tal que cause lesão a um bem jurídico de outrem.
Esse conceito tem importância destacada no contexto jurídico atual devido à
importância que se confere à observância da função social do direito.
Determina-se que os direitos não podem ser exercidos de forma abusiva, ou seja,
fora da função legítima, relevante e digna prevista para aquele direito ou
conferida àquele poder. Não é tolerável, assim, o manejo das prerrogativas legais
de forma egoísta, capaz de prejudicar uma pessoa ou, inclusive, a coletividade.
É nesse sentido que ensina José Jairo Gomes10:
Nesse diapasão, nenhum direito deve ser exercido de modo abusivo, senão de maneira a
atingir o escopo visado pelas partes, pela sociedade e, pois, pelo ordenamento jurídico.

ABUSO DE DIREITO E DE PODER

•Origem na responsabilidade civil;


•A ilicitude decorre da imoralidade da conduta, que é abusiva;
•Exercício do direito ou das prerrogativas para além dos limites legais;
•Fundamentada na função social.

Segundo a legislação civil, o uso abusivo do direito pode gerar a responsabilidade


civil, nos termos do art. 187, do CC:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes.

Esse dispositivo acima é considerado norma geral aplicável a todo o ordenamento


jurídico, constituindo hipótese de responsabilidade civil objetiva, ou seja, que
independe da discussão em torno da culpa do agente. Ademais, tal cláusula geral
é aplicável no ordenamento como um todo. Desse modo, serve de fundamento
para a aplicação do instituto no Direito Administrativo, no Direito Penal, no Direito
Processual e, também, no Direito Eleitoral.

4.2 - Abuso de Poder no Direito Eleitoral


Destaca-se, na esfera política, a influência corrosiva do poder. Assim, o detentor
de mandato político encontra-se potencialmente suscetível a agir com abuso
de poder. Essa é uma realidade que exige tratamento adequado e igualmente
capaz de inibi-lo e de reprimi-lo.
Por abuso devemos compreender a ação ou omissão irrazoável ou anormal
do agente, de modo que a violação ao ordenamento jurídico não se dá pelo
direito em si, mas pelos meios empregados para exercer ou usufruir desse direito.

10
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, p. 254.

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Poder, por outro lado, revela-se na capacidade que o agente tem de


influenciar, de condicionar ou de determinar o comportamento de
terceiros em razão de sua vontade.
Nesse contexto, José Jairo Gomes11 conceitua abuso de poder do seguinte modo:
A expressão abuso de poder deve ser interpretada como a concretização de ações – ou
omissões – com vistas a influenciar ou determinar opções e comportamentos alheios; tais
ações denotam mau uso de recursos detidos, controlados pelo beneficiário ou a ele
disponibilizados. As condutas levadas a cabo não são razoáveis nem normais à vista do
contexto em que ocorrem, revelando existir exorbitância, desbordamento ou excesso por
parte do agente.

O conceito acima é complexo. Para a nossa prova devemos


ter em mente que o abuso de poder constitui a ação,
ou a omissão, com vistas a influenciar o
comportamento de outras pessoas, utilizando-se de meios excessivos
para além do uso regular do direito e, em razão disso, violadores da norma
jurídica.

Cláusula Geral ou Conceito Jurídico Indeterminado?


Discute-se na doutrina se o abuso de poder constitui, dessa forma, uma cláusula
geral ou um conceito jurídico indeterminado.
As cláusulas gerais são normas com diretrizes indeterminadas, que não
trazem expressamente uma solução jurídica (consequência). A norma é
inteiramente aberta. Uma cláusula geral, noutras palavras, é um texto normativo
que não estabelece, a priori, o significado do termo (pressuposto), tampouco as
consequências jurídicas da norma (consequente). Sua ideia é estabelecer uma
pauta de valores a ser preenchida de acordo com as contingências históricas.
De outro lado, denomina-se conceito jurídico indeterminado quando
palavras, ou expressões, contidas numa norma, são vagas/imprecisas,
de modo que a dúvida se encontra no seu significado, e não nas
consequências legais de seu descumprimento.
Desse modo:

a dúvida está no
e no consequente
CLÁUSULA GERAL pressuposto
(solução legal).
(conteúdo)

e não no
a dúvida consequente
CONCEITO
somente está no (solução legal),
JURÍDICO
pressuposto pois essa já está
INDETERMINADO
(conteúdo) predefinida em
lei.

11
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, p. 256.

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Em vista dos conceitos acima, é possível afirmar que o abuso de poder é um


conceito jurídico indeterminado. As consequências para aquele que incorrer
em abuso de poder no Direito Eleitoral estão estritamente delimitadas pelo nosso
ordenamento. A abertura, por sua vez, reside no conteúdo desse direito, ou seja,
em seu pressuposto.

conceito jurídico
ABUSO DE PODER
indeterminado

Em razão da indeterminação do conteúdo é possível delimitar espécies de


abuso de poder. Conforme ensina a doutrina, a ofensa ao processo eleitoral
poderá decorrer, por exemplo, do comprometimento da normalidade ou da
legitimidade do pleito eleitoral, da subversão da vontade genuína do eleitor ou,
até mesmo, do comprometimento da igualdade entre candidatos e partidos na
disputa eleitoral.
Devido à gravidade para a processo democrático, o abuso de poder deve ser
severamente reprimido em qualquer uma das suas formas, seja o abuso de
natureza econômica, política, ideológica, social, dos meios de comunicação etc.
A nós interessa, especificamente, o abuso de poder econômico e político.

Abuso de Poder Econômico


O abuso de poder econômico relaciona-se ao dinheiro, ou seja, aos valores
patrimoniais utilizados no processo eleitoral, seja antes ou durante a campanha
eleitoral.
Assim, o abuso de poder econômico remete à prática de condutas voltadas para
o uso de valores que o agente detém, controla ou recebe para influenciar no
resultado das eleições, por intermédio de uma conduta exorbitante,
desarrazoada, capaz de abalar a legitimidade do pleito eleitoral.
Segundo José Jairo Gomes12:
O intuito do legislador é prestigiar valores como liberdade, virtude, igualdade e legitimidade
no jogo democrático. Pretende-se que a representação popular seja genuína, autêntica e,
sobretudo, originada de procedimento legítimo. Não basta, pois, que haja mero
cumprimento de fórmulas procedimentais, pois a legitimidade exsurge sobretudo de
respeito àqueles valores.

Desse modo, o abuso de poder econômico nas eleições decorre da utilização


desarrazoada e anormal de dinheiro com vistas a influenciar o resultado
do processo eleitoral. É importante estar atento para o fato de que para a
ocorrência dessa modalidade de abuso não importa efetivamente a quantidade
de valores despendidos, mas o destino conferido aos valores.

12
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, p. 258.

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PARA O ABUSO DE
PODER ECONÔMICO

não importa o mas o destino


montante utilizado conferido aos valores

Para além do emprego abusivo de recursos patrimoniais nas campanhas


eleitorais, o abuso de poder econômico pode se manifestar na utilização dos
meios de comunicação social ou do descumprimento de regras atinentes à
arrecadação e ao uso de fundos de campanha.
Nesse contexto, vejamos o art. 25, da Lei 9.504/1997:
Art. 25. O partido que descumprir as normas referentes à arrecadação e aplicação de
recursos fixadas nesta Lei perderá o direito ao recebimento da quota do Fundo
Partidário do ano seguinte, sem prejuízo de responderem os candidatos beneficiados por
abuso do poder econômico.
Parágrafo único. A sanção de suspensão do repasse de novas quotas do Fundo Partidário,
por desaprovação total ou parcial da prestação de contas do candidato, deverá ser
aplicada de forma proporcional e razoável, pelo período de 1 (um) mês a 12 (doze)
meses, OU por meio do desconto, do valor a ser repassado, na importância apontada
como irregular, não podendo ser aplicada a sanção de suspensão, caso a prestação de
contas não seja julgada, pelo juízo ou tribunal competente, após 5 (cinco) anos de sua
apresentação.

O dispositivo acima traz punição específica destinada aos partidos políticos,


prevendo a perda dos recursos do Fundo Partidário para o ano seguinte
em que incorrem em utilização irregular de recursos em campanha.
Ademais, é importante notar que tal penalidade não elide a possibilidade de
condenação do candidato beneficiário por abuso de poder econômico que, como
veremos adiante, poderá implicar a inelegibilidade.
 art. 30-A, da Lei 9.504/1997:
Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral,
no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir
a abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas
desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos.
§ 1º Na apuração de que trata este artigo, aplicar-se-á o procedimento previsto no art. 22
da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, no que couber.
§ 2º Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado
diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado.
§ 3º O prazo de recurso contra decisões proferidas em representações propostas com base
neste artigo será de 3 (três) dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário
Oficial.

O art. 30-A, da Lei 9.504/1997, trata da representação eleitoral para a


investigação judicial eleitoral (AIJE), que deverá ser ajuizada no prazo de 15 dias
a contar da diplomação do candidato.

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A finalidade da AIJE é declarar a inelegibilidade por abuso do poder econômico,


político e abuso de autoridade. É julgada pelo Juiz Eleitoral, se a eleição for
municipal, e pelo TRE, se eleição for estadual e geral. Quanto às eleições
presidenciais, a AIJE será julgada pelo TSE.

JUIZ ELEITORAL eleições municipais

TRE eleições estaduais e gerais

TSE eleição presidencial

Caso seja comprovado o abuso de poder econômico, o candidato será condenado


por inelegibilidade e seu diploma será negado, caso já tenha sido expedido, será
cassado.
Também é consequência de condutas que geram abuso de poder econômico, a
captação ilícita de sufrágio.
 art. 41-A, da Lei 9.504/1997:
Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio,
vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o
fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego
ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena
de multa de mil a cinqüenta mil UFIR, e cassação do registro ou do diploma, observado o
procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
§ 1º Para a caracterização da conduta ilícita, é desnecessário o pedido explícito de votos,
bastando a evidência do dolo, consistente no especial fim de agir.
§ 2º As sanções previstas no caput aplicam-se contra quem praticar atos de violência ou
grave ameaça a pessoa, com o fim de obter-lhe o voto.
§ 3º A representação contra as condutas vedadas no caput poderá ser ajuizada até a data
da diplomação.
§ 4º O prazo de recurso contra decisões proferidas com base neste artigo será de 3 (três)
dias, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial.

A captação ilícita de votos constitui conduta abusiva em razão do uso irregular


de recursos em campanhas eleitorais em decorrência de doação, de oferecimento
e de promessa de valores com a finalidade de obter o voto.
Segundo nossa legislação eleitoral, a incursão nesse dispositivo poderá implicar,
além da multa, a cassação do registro ou da candidatura do pretendente ao
mandato eletivo.

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CONDUTAS QUE IMPLICAM ABUSO DE PODER


ECONÔMICO

•Gasto de recursos para além dos valores declarados;


•Descumprimento das regras relativas à aplicação de recursos em campanhas
eleitorais;
•Arrecadação e gastos irregulares de recursos na campanha eleitoral;
•Captação ilícita de sufrágio.

Vimos, assim, os principais aspectos relacionados ao abuso do poder econômico.

Abuso de Poder Político


O abuso do poder político pressupõe conceituar agentes públicos. Segundo a
doutrina de Direito Administrativo, os agentes públicos são os sujeitos que
servem ao Poder Público, ainda que façam isso de modo ocasional.
O art 72, §1º, da Lei 9.504/1997, conceitua agentes públicos:
§ 1º Reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos
órgãos ou entidades da Administração Pública direta, indireta, ou fundacional.

Notem que o conceito é bastante amplo.

Toda e qualquer pessoa que possua algum


AGENTES
vínculo, ainda que transitório, em algumas das
PÚBLICOS
entidades da Administração Pública.

Mas qual a razão de conceituarmos agentes públicos?


O abuso de poder político aplica-se a todos os agentes públicos, conforme o
conceito acima, que se utilizarem da máquina pública para fins eleitorais, em
discrepância com os princípios que informam a Administração Pública e, em
especial, sem atender ao interesse público.
A atenção estatal às hipóteses de abuso de poder político é relevante, uma vez
que, no Brasil, é comum a utilização da máquina administrativa colocada a serviço
de candidaturas no processo eleitoral. Entre os exemplos mais corriqueiros,
destacam-se:
 Propagandas institucionais, cujo objetivo real é a promoção de determinada
figura pública;
 Inauguração de obras públicas nos meses que antecedem os pleitos
eleitorais, justamente com o fito de influenciar o poder de decisão dos
eleitores;
 Acordos e trocas de favores valendo-se do aparelho estatal para conferir
benefícios pessoais.

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Num esforço de enumerar diversas possibilidades de condutas que podem


implicar abuso de poder político, leciona José Jairo Gomes13:
Ante sua elasticidade, o conceito em foco pode ser preenchido por fatos ou situações tão
variados quanto os seguintes: uso, doação ou disponibilização de bens e serviços públicos,
desvirtuamento de propaganda institucional, manipulação de programas sociais,
contratação ilícita de pessoas ou serviços, ameaça de demissão ou transferência de servidor
público, convênios urdidos entre entes federativos estipulando transferência de recursos às
vésperas das eleições.

A fim de evitar tais distorções nas eleições com a utilização da máquina estatal,
a Lei das Eleições fixa uma série de condutas vedadas aos agentes públicos
cujo conhecimento é imprescindível. Antes de analisarmos as hipóteses da
legislação, devemos fazer uma importante distinção.
Vejamos, incialmente, o art. 73, §7º, da Lei 9.504/1997:
§ 7º As condutas enumeradas no caput caracterizam, ainda, atos de improbidade
administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,
e sujeitam-se às disposições daquele diploma legal, em especial às cominações do art. 12,
inciso III.

O que nos quer dizer o dispositivo acima é que as condutas vedadas aos
agentes públicos constituem, todas elas, hipóteses de improbidade
administrativa por violação aos princípios da Administração Pública
capazes de gerar a suspensão dos direitos políticos do agente público.
Desse modo, podemos distinguir:

IMPROBIDADE
CONDUTAS VEDADAS AOS ADMINISTRATIVA PELA
AGENTES PÚBLICOS PRÁTICA DE UMA DAS
CONDUTAS VEDADAS

é uma condição de elegibilidade,


é uma hipótese de inelegibilidade uma vez que causa a suspensão
dos direitos políticos

implica a perda da capacidade


implicam a inelegibilidade do
eleitoral passiva e ativa do
agente público
cidadão

Como podermos observar, a incidência em uma das condutas, que veremos


adiante, traz severas consequências à pessoa, constituindo importante alerta
àqueles que almejam uma carreira pública. E nem poderia ser diferente! Além de
praticar um ato atentatório à legitimidade e à normalidade do pleito eleitoral, o
indivíduo vale-se da máquina administrativa para lograr êxito em seus desígnios
pessoais.

13
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral, p. 260.

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Vamos iniciar, portanto, com o art. 73 da Lei 9.504/1997:


Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
I – ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens
móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de
Convenção partidária;
II – usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que
excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram;
III – ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal,
estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de
campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário
de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;
IV – fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou
coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou
subvencionados pelo Poder Público;
V – nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa,
suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o
exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor
público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse
dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções
de confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou
Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele
prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de
serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder
Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes
penitenciários;
VI – nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e
dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os
recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra
ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender
situações de emergência e de calamidade pública;
b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no
mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas
entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade
pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral
gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente,
relevante e característica das funções de governo;
VII – realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade
dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da

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administração indireta, que excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três
últimos anos que antecedem o pleito;
VIII – fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores
públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do
ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse
dos eleitos.

O art. 73 arrola condutas que podem ser praticadas pelos agentes públicos e que
são capazes de afetar a igualdade entre candidatos e partidos no pleito eleitoral.
Em síntese, devemos memorizar as HIPÓTESES DE CONDUTAS VEDADAS
AOS AGENTES PÚBLICOS:
 Utilização de bens públicos em benefício de candidato, de partido ou
de coligação, com exceção da convenção partidária que poderá ser
realizada em imóvel público.
Registre-se que a vedação não abrange bem público de
uso comum, conforme jurisprudência do TSE.
Ademais, como se trata de uma conduta específica, ela
somente será configurável no período que antecede os três meses antes
do pleito, quando é possível, juridicamente, falar em candidatos, conforme
conclusão do TSE no julgamento do REspe nº 98.924/2011.
Conforme o art. 73, §2º, não está abarcada pela vedação a utilização dos meios
de transporte oficiais disponíveis durante o período eleitoral para fins de
campanha, pela Presidência da República. De todo modo, os valores gastos em
campanha serão ressarcidos na forma do art. 76, da Lei 9.504/1997.
Ademais, em caso de concorrer à reeleição o Presidente, o Governador, o Prefeito
e os respectivos vices poderão utilizar as residências oficiais para realização de
contatos, de encontros e de reuniões pertinentes à própria campanha, desde que
não tenham caráter de ato público.
 Utilização de materiais ou de serviço público em benefício de
candidatos, de partidos e de coligações.
 Cessão de servidores para comitês de campanha eleitoral de candidato,
de partido político ou de coligação, exceto se o servidor se licenciar, estiver
fora do horário de trabalho ou em férias (Resolução TSE nº 21.854/2004).
Portanto, a hipóteses acima não se aplica em caso de:

NÃO IMPLICA
CESSÃO IRREGULAR
DE SERVIDOR

fora do horário de
servidor licenciar-se em férias
trabalho

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 Usar ou permitir o uso, em favor de candidatos ou partido, de


distribuição gratuita de bens e de serviços sociais.
Em razão disso, nos anos eleitorais veda-se a distribuição de bens, de valores ou
de benefícios pela Administração Pública, conforme o art. 73, §10, da Lei
9.504/1997. A ideia aqui é reduzir ao máximo a possibilidade do uso de serviços
públicos gratuitos com fins eleitoreiros.
Contudo, o dispositivo apresenta algumas exceções, as quais possuem
relevância para a nossa prova.

PODERÃO, EXCEPCIONALMENTE SEREM, FORNECIDOS


OS SEGUINTES SERVIÇOS PÚBLICOS GRATUITOS
AINDA QUE EM ANO ELEITORAL:

•calamidade pública;
•estado de emergência ;
•programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no
exercício anterior.

De todo modo, o § 11 do mesmo dispositivo, prevê que esses serviços sociais


não poderão ser realizados em entidades nominalmente vinculadas aos
candidatos ou sejam, por esses, mantidas.
Ademais, conforme entendimento do TSE, a Lei Eleitoral não
proíbe a prestação de serviço social custeado, ou
subvencionado, pelo poder público nos três meses que
antecedem à eleição, mas sim o seu uso para fins promocionais de candidato, de
partido ou de coligação (Acórdão nº 5.283/2004).
Não se encaixam nesses dispositivos os bens de natureza cultural, posto à
disposição de toda a coletividade (Acórdão TSE nº 25.795/2004) e não incide
também quando houver contraprestação por parte do beneficiado.
 Veda-se a nomeação, a exoneração, a remoção ou a substituição de
servidores nos três meses que antecedem o pleito até a posse dos
eleitos, sob pena de nulidade.
A vedação aqui não é para a realização de concurso, procura-se evitar o
condicionamento da nomeação, as ameaças de exoneração ou a transferência de
servidores com finalidades políticas.
Essa regra, contudo, gera uma série de exceções, ou seja, hipóteses em que
será possível a nomeação, por exemplo, de servidor dentro do período de 3 meses
antes das eleições. Vejamos essas exceções:
1. nomeação ou exoneração de cargos em comissão ou de funções de
confiança;
2. nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos
Tribunais ou dos Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da
República;
3. nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados;

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4. nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento


inadiável de serviços públicos essenciais;
5. transferência ou remoção ex officio de militares, de policiais civis e de
agentes penitenciários.
 Veda-se, nos três meses que antecedem o pleito, a transferência de
recursos entre os entes federativos, a não ser para:
 cumprir obrigação formal preexistente;
 obra ou serviço público em andamento e com cronograma prefixado; e
 atender a situações emergenciais e de calamidade pública.
 Veda-se, nos três meses que antecedem o pleito, a autorização de
publicidade institucional.
Existem, do mesmo modo, duas exceções:

propaganda de produtos e de
serviços que tenham
concorrência no mercado
PERMITE-SE A
PUBLICIDADE
INSTITUICONAL AINDA
QUE NOS TRÊS MESES
QUE ANTECEDEM O
PLEITO:
grave e urgente necessidade
pública

 Veda-se, nos três meses que antecedem as eleições, fazer


pronunciamento em rede nacional, salvo definida em horário político gratuito
e em casos de matérias urgentes, relevantes e característica das funções de
governo.
É importante destacar que a vedação à publicidade institucional e aos
pronunciamentos em rádio e em televisão aplicam-se apenas aos agentes
públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam em disputa na eleição,
conforme prevê o art. 73, §4º da Lei 9.504/1997.
 Veda-se, no primeiro semestre do ano eleitoral, realizar despesas com
publicidade dos órgãos públicos superior à média do primeiro semestre
dos últimos três anos anteriores ao ano eleitoral.
 Veda-se, desde as convenções para escolha dos candidatos até a posse
dos eleitos, efetuar a revisão geral da remuneração dos servidores
públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo.
De acordo com o §4º, do art. 73, da Lei 9.504/1997, quem descumprir alguma
das vedações acima, além das demais sanções cabíveis, ficará sujeito à
penalidade de multa (duplicada em caso de reincidência), podendo, inclusive,
sofrer a cassação do registro ou do diploma.

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Embora o edital não haja mencionado expressamente a matéria relativa ao abuso


de autoridades no processo eleitoral, dada a importância da matéria e da
correlação com o assunto ora tratado, vamos trazer os dispositivos para leitura.
Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da Lei
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência do disposto no § 1º do art.
37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se candidato, sujeito ao cancelamento
do registro ou do diploma.

Configura abuso de autoridade a realização de publicidade pelo agente público


em violação ao caráter educativo, informativo ou de orientação social, nos termos
previstos no art. 37, §1º, da CF:
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos.

Ademais, de acordo com o art. 75, da Lei 9.504/1997, nos três meses que
antecedem o pleito eleitoral é vedada a contratação de shows artísticos
com recursos públicos, justamente para evitar a quebra do equilíbrio do pleito
eleitoral, pelo uso da máquina pública.
A infringência dessa regra implica a suspensão imediata da conduta e a cassação
do registro ou do diploma.
Art. 75. Nos três meses que antecederem as eleições, na realização de inaugurações é
vedada a contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento do disposto neste artigo, sem prejuízo da
suspensão imediata da conduta, o candidato beneficiado, agente público ou não, ficará
sujeito à cassação do registro ou do diploma.

O art. 76 da LE trata do ressarcimento das despesas com transporte oficial pelo


Presidente da República e pela sua comitiva em campanha eleitoral, que não
possui relevância para a nossa prova, uma vez que é um assunto específico, razão
pela qual deixamos de mencionar.
Finalmente, o art. 77 define o que é vedado ao candidato comparecer nos três
meses que antecedem o pleito, a obras públicas.
Art. 77. É proibido a qualquer candidato comparecer, nos 3 (três) meses que precedem o
pleito, a inaugurações de obras públicas.
Parágrafo único. A inobservância do disposto neste artigo sujeita o infrator à cassação do
registro ou do diploma.

Com isso, finalizamos as principais regras relativas ao abuso do poder político


nas eleições.

Registre-se, a título de curiosidade, que as hipóteses que vimos de


abuso do poder econômico não se confundem com as hipóteses de
abuso de poder político. Ambas são independentes entre si e podem
figurar conjuntamente, pelo que se denomina de abuso de poder
político-econômico.

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Responsabilização por Abuso de Poder


Em qualquer de suas hipóteses ocorre o ato ilícito eleitoral, o qual é estruturado
do seguinte modo:

ESTRUTURA DO ATO
ILÍCITO ELEITORAL

conduta abusiva

resultado

relação causal

ilicitude ou antijuridicidade

 CONDUTA ABUSIVA: comportamento ativo ou passivo individualizado.


 RESULTADO: constitui a violação ao bem jurídico relevante para o Direito
Eleitoral.
 NEXO CAUSAL: liame existente entre a conduta e o resultado, esse traduzido
na lesão ao bem ou no interesse juridicamente tutelado.
 ILICITUDE: não conformação ao sistema jurídico.
Segundo José Jairo Gomes:
No Direito Eleitoral a responsabilidade visa ao controle das eleições e da investidura político-
eleitoral, a fim de que o voto seja autêntico e sincero e a representatividade, real,
verdadeira.

No Direito Eleitoral, o fundamento da responsabilização poderá ser tanto objetivo


como subjetivo. Entretanto, a responsabilidade objetiva, aquela que independe
da culpa, predomina no Direito Eleitoral, assemelhando-se à noção
contemporânea do risco.
Afirma-se que a ideia é de prevenção de um mal, ou dano, futuro a um bem
jurídico eleitoral relevante. Desse modo, a responsabilização objetiva funda-se:
 no sentido de prevenção geral;
 na defesa da ordem jurídico-eleitoral; e
 na intimidação sociais, para desestimular a prática de condutas ilícitas.
Com isso, finalizamos as observações pertinentes à responsabilização e a matéria
relativa ao abuso de poder no Direito Eleitoral.

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5 - Pesquisas e testes pré-eleitorais


5.1 - Introdução
As pesquisas eleitorais, denominadas de “pesquisas e testes pré-eleitorais”,
surgiram nos EUA em 1824, com a denominação de “voto de palha” (straw vote),
cuja finalidade era antecipar o resultado do pleito eleitoral.
Em que pese as críticas, as pesquisas são consideradas como um instrumento
importante para os candidatos avaliarem as respectivas campanhas eleitorais e
também para o eleitor avaliar os possíveis rumo do cenário político pós eleições.
A maior crítica, entretanto, às pesquisas eleitorais é o que se denominada de
“bandwagon effect”, que constitui a tendência dos eleitores em apoiar candidatos
que estejam em vantagem nas pesquisas eleitorais.
Em razão desse efeito, o nosso CE vedou a divulgação de prévias ou testes pré-
eleitorais na forma do art. 255, do CE:
Art. 255. Nos 15 (quinze) dias anteriores ao pleito é proibida a divulgação, por
qualquer forma, de resultados de prévias ou testes pré-eleitorais.

No mesmo sentido, a Lei nº 9.504/1997, no art. 35-A, tratou de proibir a


divulgação de pesquisas eleitorais do décimo quinto dia anterior até as dezoito
horas do dia da eleição.
Art. 35-A. É vedada a divulgação de pesquisas eleitorais por qualquer meio de
comunicação, a partir do décimo quinto dia anterior até as 18 (dezoito) horas do
dia do pleito.

Contudo, os dispositivos do CE e da Lei 9.504/1997 foram


declarados incompatíveis com a CF, ou seja,
inconstitucionais. Vejamos o teor da ementa da ADI nº
3.741/200614:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 11.300/2006 (MINI-REFORMA
ELEITORAL). ALEGADA OFENSA AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI ELEITORAL (CF,
ART. 16). INOCORRÊNCIA. MERO APERFEIÇOAMENTO DOS PROCEDIMENTOS ELEITORAIS.
INEXISTÊNCIA DE ALTERAÇÃO DO PROCESSO ELEITORAL. PROIBIÇÃO DE DIVULGAÇÃO DE
PESQUISAS ELEITORAIS QUINZE DIAS ANTES DO PLEITO. INCONSTITUCIONALIDADE.
GARANTIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DO DIREITO À INFORMAÇÃO LIVRE E PLURAL
NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA AÇÃO DIRETA. I -
Inocorrência de rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e dos
respectivos candidatos no processo eleitoral. II - Legislação que não introduz deformação
de modo a afetar a normalidade das eleições. III - Dispositivos que não constituem fator de
perturbação do pleito. IV - Inexistência de alteração motivada por propósito casuístico. V -
Inaplicabilidade do postulado da anterioridade da lei eleitoral. VI - Direto à informação livre
e plural como valor indissociável da idéia de democracia. VII - Ação direta julgada
parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 35-A da Lei
introduzido pela Lei 11.300/2006 na Lei 9.504/1997.

14
ADI 3741, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 06/08/2006,
DJ 23-02-2007 PP-00016 EMENT VOL-02265-01 PP-00171.

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Segundo o julgado acima, é inconstitucional a restrição à divulgação de pesquisas


e testes pré-eleitorais por violação ao princípio da liberdade de expressão e do
direito à informação.

5.2 - Registro perante a Justiça Eleitoral


Desse modo, as pesquisas e testes pré-eleitorais são entendidos como
instrumentos legais e válidos do processo eleitoral brasileiro. Em razão disso,
vejamos a disciplina constante do art. 33, da Lei 9.504/1997, que disciplina o
assunto:
Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às
eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa,
a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes
informações:
I – quem contratou a pesquisa;
II – valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III – metodologia e período de realização da pesquisa;
IV – plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível
econômico e área física de realização do trabalho a ser executado, intervalo de confiança e
margem de erro;
V – sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta
de dados e do trabalho de campo;
VI – questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII – nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.

Para a nossa prova:

quem contratou

valor e origem dos recursos


despendidos
registro perante a Justiça
Eleitoral com antecedência 5
dias antes da divulgação das
informações metodologia e período
PESQUISAS E
TESTES PRÉ-
ELEITORAIS plano amostral e ponderação
deve conter as seguintes (sexo, idade, grau de
informações: instrução, nível econômico
etc.)
sistema interno de controle e
verificação, de conferência e
de fiscalização

questionário completo

nome de quem pagou

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5.3 - Pesquisas Eleitorais versus Sondagens ou


Enquetes
Aprofundando um pouco mais, extraímos da jurisprudência do TSE que as
pesquisas eleitorais não se confundem com enquetes ou com sondagens.
A sondagem, ou enquete, constitui o processo de estudo de opinião pública,
que consiste em informar a totalidade da população sobre os resultados obtidos
por intermédio de um pequeno número de pessoas, contatadas diretamente como
representativas do conjunto dessa população.
Quanto às enquetes, há uma regra específica que não podemos desconsiderar
para fins da nossa prova: SÃO VEDADAS DURANTE O PERÍODO DA
CAMPANHA ELEITORAL. Nesse sentido, vejamos o art. 33, §5º:
§ 5º É VEDADA, no período de campanha eleitoral, a realização de enquetes
relacionadas ao processo eleitoral.

O que realmente importa para a nossa prova é:


PESQUISA ELEITORAL ≠ ENQUETE ou SONDAGEM
Dessa forma, atente-se!
É VEDADO NO PERÍODO DE CAMPANHA ELEITORAL, A REALIZAÇÃO DE
ENQUETES RELACIONADAS ÀS ELEIÇÕES

5.4 - Registro da Pesquisa


Sigamos com os §§ do art. 35:
§ 1º As informações relativas às pesquisas serão registradas nos órgãos da Justiça
Eleitoral aos quais compete fazer o registro dos candidatos.

Esse dispositivo é bastante relevante. O registro de candidato poderá ser


efetuado perante o Juiz Eleitoral, o TRE ou o TSE a depender do cargo envolvido.
Dessa forma, observando a mesma regra, as pesquisas para cada um dos cargos
devem ser registradas nas respectivas instâncias do Poder Judiciário eleitoral,
conforme o quadro abaixo:

Pesquisa ou Testes Pré-eleitorais Competência

Eleição Municipal
Juiz Eleitoral
Prefeito, vice-Prefeito e Vereador

Eleição Estadual/Federal
Governador, vice-Governador, Deputado Federal, Deputado Estadual e TRE
Senador da República

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Eleições Presidenciais
TSE
Presidente e vice-Presidente

Após o recebimento do registro, o órgão da Justiça Eleitoral procederá, no prazo


de 24 horas, a afixação da pesquisa, divulgando-a na internet, nos termos do
dispositivo abaixo:
§ 2º A Justiça Eleitoral afixará no PRAZO DE VINTE E QUATRO HORAS, no local de
costume, bem como divulgará em seu sítio na Internet, aviso comunicando o registro das
informações a que se refere este artigo, colocando-as à disposição dos partidos ou
coligações com candidatos ao pleito, os quais a elas terão livre acesso pelo prazo de
30 (trinta) dias.

5.5 - Penalidades
Os §§ 3º e 4º estabelecem duas sanções, em caso de descumprimento das regras
relativas às pesquisas eleitorais.

DIVULGAÇÃO DE PENALIDADE
PESQUISA SEM CIVIL: multa de
PRÉVIO REGISTRO 50.000 a 100.000
DAS INFORMAÇÕES UFIR

PENALIDADE PENALIDADE
DIVULGAÇÃO DE
CRIMINAL: CIVIL: multa de
PESQUISA
detenção de 6 50.000 a 100.000
FRAUDULENTA
meses a 1 ano UFIR

Vejamos os dispositivos:
§ 3º A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este
artigo sujeita os responsáveis a multa no valor de CINQÜENTA MIL A CEM MIL UFIR.
§ 4º A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com DETENÇÃO
DE SEIS MESES A UM ANO e multa no valor de CINQÜENTA MIL A CEM MIL UFIR.

Embora os dados da pesquisa fiquem disponíveis pelo prazo de 30 dias, os dados


específicos relativos à pesquisa, que foram informados no termo dos incisos do
art. 33, os quais vimos acima, poderão ser acessados mediante requerimento
pela Justiça Eleitoral, conforme §1º do art. 34.
Art. 34. (Vetado.)
§ 1º Mediante requerimento à Justiça Eleitoral, os partidos poderão ter acesso ao
sistema interno de controle, verificação e fiscalização da coleta de dados das entidades que
divulgaram pesquisas de opinião relativas às eleições, incluídos os referentes à identificação
dos entrevistadores e, por meio de escolha livre e aleatória de planilhas individuais, mapas
ou equivalentes, confrontar e conferir os dados publicados, preservada a identidade dos
respondentes.

O não franqueio das informações sujeita o responsável por retardar, por


impedir ou por dificultar a ação dos partidos a crime, punível com detenção

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de 6 meses a 1 ano OU com pena de prestação de serviços à comunidade,


cumuladas com multa no valor de 10.000 a 20.000 UFIRs.
§ 2º O não-cumprimento do disposto neste artigo ou qualquer ato que vise a retardar,
impedir ou dificultar a ação fiscalizadora dos partidos constitui crime, punível com
DETENÇÃO, DE SEIS MESES A UM ANO, com a alternativa de PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS À COMUNIDADE PELO MESMO PRAZO, e MULTA NO VALOR DE DEZ MIL
A VINTE MIL UFIR.

detenção (6 meses
a 1 ano) ou
RETARDAR, prestação de
é crime!
IMPEDIR OU serviços à
DIFICULTAR A comunidade
pena
FISCALIZAÇÃO
DAS PESQUISAS
PELOS PARTIDOS
multa (10 a 20 mil
UFIR)

Nos termos do §3º, se comprovada a irregularidade dos dados publicados, o


responsável ficará sujeito às penas do quadro acima, além do dever de
republicar os dados corretamente.
§ 3º A comprovação de irregularidade nos dados publicados sujeita os responsáveis às
penas mencionadas no parágrafo anterior, sem prejuízo da obrigatoriedade da veiculação
dos dados corretos no mesmo espaço, local, horário, página, caracteres e outros elementos
de destaque, de acordo com o veículo usado.

detenção (6 meses
a 1 ano) ou
prestação de
serviços à
pena comunidade

é crime!
IRREGULARMENTE
NOS DADOS DE multa (10 a 20 mil
PESQUISA UFIRs)
ELEITORAL

republicar os dados
obrigação
corretamente

O art. 35 da Lei 9.504/1997, reforça que os crimes relativos às pesquisas


eleitorais podem ser aplicados aos representantes legais das entidades de
pesquisa ou do órgão veiculador das informações.

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Art. 35. Pelos crimes definidos nos arts. 33, § 4º e 34, §§ 2º e 3º, podem ser
responsabilizados penalmente os representantes legais da empresa ou entidade de pesquisa
e do órgão veiculador.

APLICAM-SE OS CRIMES ABAIXO AOS


RESPONSÁVEIS PELA ENTIDADE DE
PESQUISA OU PELO ÓRGÃO QUE
VEICULAR AS INFORMAÇÕES

Divulgação de Divulgação de Divulgação


pesquisa sem pesquisa irregular de
prévio registro fraudulenta pesquisa eleitoral

Uma pergunta:
Qual a diferença entre a divulgação de pesquisa fraudulenta e a
divulgação irregular de pesquisa eleitoral?
Embora não esteja bem clara a distinção, a primeira hipótese refere-se à pesquisa
que contêm dados incorretos ou inverídicos. Nessa hipótese, dificulta-se a
identificação do crime. Na segunda hipótese, a pesquisa é por inteiro mentirosa,
fraudulenta. De todo modo, para fins da nossa prova, devemos registrar ambas
as hipóteses como corretas, caso sejam cobradas. Dificilmente uma questão de
prova distinguiria uma hipótese da outra.
Para finalizar, registre-se que, como já vimos acima, o art. 35-A, da Lei
9.504/1997, foi declarado inconstitucional pelo STF, na decisão da ADI nº
3.741/2006.

6 - Questões
Temos a seguinte distribuição de questões, que denota a importância dos
assuntos para fins de prova:

Distribuição das Questões


12

10

0
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Arrecadação e aplicação de recursos Prestação de Contas Abuso de Poder Testes e Pesquisas Eleitorais

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Serão, portanto, 21 questões de provas anteriores das mais diversas bancas. As


questões foram separadas de acordo com a importância da matéria para a prova.

Em relação aos assuntos estudados na aula de hoje, destacam-se os seguintes


assuntos:
 Arrecadação e Aplicação de Recursos em campanha eleitoral.

6.1 – Questões sem Comentários


Questão 01 – FCC/TRE-SP – Analista Judiciário – 2012 -
adaptada
O candidato Zé do partido Alpha, tendo cumprido as exigências eleitorais e
recebido seu número de registro de CNPJ, iniciou a arrecadação de recursos
financeiros à campanha eleitoral. Pretendem fazer doações:
I. cooperativa não beneficiada com recursos públicos, composta por
cooperados que não são concessionários ou permissionários de serviço
público.
II. entidade esportiva privada, sem participação em campeonatos das
divisões principais.
III. sindicato representativo de categoria profissional patronal de âmbito
estadual.
IV. pessoa jurídica sem fins lucrativos que não recebe recurso do exterior.
Dentre os pretendentes, o candidato NÃO poderá receber doações das
entidades indicadas em
a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) II e IV.

Questão 02 – FCC/TRE-AP – Analista Judiciário – 2011 –


questão adaptada - adaptada
A respeito da arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais,
é correto afirmar:
a) As pessoas físicas poderão fazer, livremente e sem qualquer limitação,
doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para as campanhas
eleitorais.

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b) Se o candidato a cargo eletivo designar pessoa para a administração


financeira de sua campanha, somente esta será responsável pela veracidade
das informações financeiras e contábeis de sua campanha.
c) As doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro recebidas de entidade
de classe ou sindical estão sujeitas ao limite de R$ 50.000,00.
d) A abertura de conta bancária específica para registrar todo o movimento
financeiro da campanha não é obrigatória para os candidatos.
e) Os candidatos estão obrigados à inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica - CNPJ.

Questão 03 – FCC/TRE-RR – 2015 – Técnico Judiciário – Área


Administrativa
O eleitor Jusoé promoveu um almoço com três empresários, em apoio ao
candidato de sua preferência, com gasto de seiscentos reais. Esse gasto
(A) só poderia ser realizado pelo partido, sendo obrigatório o reembolso.
(B) deve ser obrigatoriamente reembolsado pelo candidato e devidamente
contabilizado.
(C) não está sujeito a contabilização, desde que não reembolsado.
(D) não poderia ter sido efetivado sem autorização da Justiça Eleitoral.
(E) deve ser contabilizado pelo partido, ainda que não reembolsado.

Questão 04 – CESPE/TRE-RS - Analista Judiciário – Judiciária


- 2015
A respeito dessa situação hipotética, e considerando que as eleições
ocorreram em 2014, assinale a opção que relaciona apenas fontes legítimas
de recursos de campanha conforme a legislação então vigente.
a) empresas até o limite de 2% do faturamento de 2013, recursos próprios
e entidades esportivas.
b) pessoas físicas até o limite de 10% dos rendimentos brutos do doador no
ano de 2013, entidades de utilidade pública e recursos do partido.
c) recursos próprios, entidades beneficentes e religiosas e recursos do
partido.
d) OSCIPs, pessoas físicas até o limite de 10% dos rendimentos brutos do
doador em 2013 e recursos próprios.
e) pessoas físicas até o limite de 10% dos rendimentos brutos do doador no
ano de 2013, empresas até o limite de 2% do faturamento bruto de 2013 e
recursos do partido.

Questão 05 – CESPE/TRE-RS - Técnico Judiciário –


Administrativa - 2015

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Ainda a respeito do processo brasileiro de eleição, assinale a opção correta.


Nesse sentido, considere que a sigla TSE, sempre que utilizada, se refere ao
Tribunal Superior Eleitoral.
a) Os partidos políticos e os candidatos devem abrir conta bancária específica
para demonstrar toda a movimentação financeira dos procedimentos
adotados durante a campanha, estando as entidades bancárias obrigadas a
acatar, em determinado prazo, pedido de abertura de conta, podendo fixar
limite de depósito inicial.
b) É condicionante aos candidatos, no tocante à percepção de recursos
financeiros para fazer face às despesas destinadas à sua campanha eleitoral,
a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica fornecida pela justiça
eleitoral.
c) Se for indeferido o recurso especial interposto contra sentença do TSE, o
recorrente poderá, no prazo de cinco dias, impetrar agravo de instrumento
ao próprio TSE, a contar da juntada da intimação das partes nos autos,
podendo o relator indeferi-lo, em decisão monocrática, se ele for proposto
fora do prazo legal.
d) É competência dos tribunais regionais julgar recursos contra quaisquer
demandas de suas circunscrições, sendo suas decisões terminativas, salvo
no caso de eleições presidenciais, em que se pode recorrer ao TSE.
e) É livre a criação de partidos políticos, os quais se constituem de
personalidade jurídica de direito privado, podendo, inclusive, fazer constar
de seu estatuto a possibilidade de expulsão sumária de seus filiados.

Questão 06 – CESPE/TRE-PI - Técnico Judiciário –


Administrativa - 2016
Poderá ser considerada facultativa a apresentação à justiça eleitoral das
despesas de campanha relativas a
a) pagamento de multas por infração de candidato ou de partido político.
b) montante percebido pelo candidato, em razão de sua atividade
trabalhista, para fazer face às despesas familiares.
c) aluguel de locais para comícios.
d) programas e ações que visem promover propagandas em rádio e
televisão.
e) pesquisas efetuadas antes do pleito eleitoral para a verificação das
intenções de voto.

Questão 07 – IADES/TRE-PA - Técnico Judiciário - Área


Administrativa – 2014 - adaptada
Considerando a arrecadação e a aplicação de recursos nas campanhas
eleitorais, assinale a alternativa correta.

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a) As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a


responsabilidade dos partidos, candidatos ou entidades estrangeiras.
b) As despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal
a serviço da candidatura não são consideradas gasto eleitoral.
c) O aluguel de bens particulares para veiculação por qualquer meio de
propaganda eleitoral não configura despesa eleitoral sujeita a limite.
d) É vedado a partido político e a candidato receber direta ou indiretamente
doação em dinheiro procedente de entidades beneficentes e religiosas.
e) Não é obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária
específica com o objetivo de registrar o movimento financeiro da campanha
política.

Questã0 08 – PONTUA/TRE-SC - Técnico Judiciário - Área


Administrativa - 2011
No que diz respeito à arrecadação e à prestação de contas, assinale a
alternativa INCORRETA:
a) A responsabilidade pelas despesas de campanha é autônoma em relação
a candidatos e partidos.
b) Nos documentos integrantes da prestação de contas, são obrigatórias as
assinaturas do candidato e do seu administrador financeiro, caso exista.
c) Quanto à veracidade das informações financeiras e contábeis da
campanha, a responsabilidade é autônoma entre o candidato e o seu
administrador financeiro.
d) É obrigatória a abertura de conta específica para registrar o movimento
financeira da campanha.

Questão 09 – IESES/TRE-MA – Analista Judiciário – Área


Judiciária – 2015 – adaptada
Em relação a arrecadação e aplicação de recursos para campanha assinale a
alternativa correta:
a) Os limites de gastos de campanha, em cada eleição, são os definidos pelo
partido político respectivo com base nos parâmetros definidos em lei.
b) O candidato a cargo eletivo poderá abrir conta bancária específica para
registrar todo o movimento financeiro da campanha ou utilizar sua conta
pessoal, sendo que a escolha de qual conta será utilizada deve ser
previamente informada a justiça eleitoral.
c) O descumprimento dos limites de gastos fixados para cada campanha
acarretará o pagamento de multa em valor equivalente a 100% da quantia
que ultrapassar o limite estabelecido, sem prejuízo da apuração da
ocorrência de abuso do poder econômico.

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d) As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a


responsabilidade dos partidos, de seus candidatos ou particulares
autorizados por instrumento de delegação, e financiadas de acordo com as
vedações da Lei de Inelegibilidades.

Questão 10 – AOCP/TRE-AC - Analista Judiciário - Área


Judiciária - 2015
A Lei n° 9.504/97 (e alterações posteriores), que regula a arrecadação e a
aplicação de recursos nas campanhas eleitorais, define que
a) o limite para gastos com aluguei de veículos automotores é de 20% (vinte
por cento) do total gasto na campanha.
b) Após o recebimento do pedido de registro da candidatura, a Justiça
Eleitoral deverá fornecer em até cinco dias úteis, o número de registro de
CNPJ.
c) as doações e contribuições de pessoas físicas ficam limitadas em 5%
(cinco por cento) dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição.
d) a realização de pesquisas pré-eleitorais não é considerada um gasto
eleitoral.
e) é vedada a realização de gastos não reembolsados por eleitores.

Questão 11 – AOCP/TRE-AC - Técnico Judiciário - Área


Administrativa – 2015 - adaptada
Em relação à prestação de contas de campanha, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Estão dispensados de prestar contas aqueles que tiveram o seu registro
de candidatura indeferido ou que tenham desistido da candidatura até o
período de 45 dias anteriormente à data da eleição.
b) As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão
feitas pelo próprio candidato.
c) As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão
feitas pelo próprio candidato.
d) Erros formais e materiais corrigidos não autorizam a rejeição das contas
e a cominação de sanção a candidato ou partido.
e) Da decisão que julgar as contas de campanha, caberá recurso no prazo
de 3 dias.

Questão 12 - NC-UFPR - TJ-PR – Juiz - 2012


A prestação de contas perante a Justiça Eleitoral é devida:
a) apenas pela coligação partidária formada em qualquer pleito eleitoral para
os cargos que demandam eleição proporcional.

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b) apenas pelos candidatos que tiveram seus registros deferidos para o pleito
eleitoral.
c) pelas coligações partidárias, pelos partidos políticos e pelos candidatos,
ainda que estes últimos não tenham sido eleitos.
d) pelas coligações partidárias e pelos partidos políticos, quando ao menos
um de seus candidatos tenha sido eleito.

Questão 13 – CONSULPLAN/TRE-MG - Técnico Judiciário –


Contabilidade - 2015
A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas de campanha,
decidindo: pela aprovação, quando estiverem regulares; pela aprovação
com ressalvas, quando verificadas falhas que não lhes comprometam
a regularidade; pela desaprovação, quando verificadas falhas que
lhes comprometam a regularidade; pela não prestação, quando não
apresentadas as contas após a notificação emitida pela Justiça Eleitoral. Caso
a decisão seja pela não prestação, constará obrigação expressa de prestar
as suas contas, contas de campanha, no prazo de
a) sete dias úteis.
b) vinte e quatro horas.
c) setenta e duas horas.
d) oito dias antes da diplomação.

Questão 14 – Inédita – 2015


Quanto à prestação de contas dos candidatos, julgue o item a seguir.
As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão feitas
por intermédio do comitê financeiro, devendo ser acompanhadas dos
extratos das contas bancárias referentes à movimentação dos recursos
financeiros usados na campanha e da relação dos cheques recebidos, com a
indicação dos respectivos números, valores e emitentes.

Questão 15 – Inédita – 2015


Quanto à prestação de contas dos candidatos, julgue o item a seguir.
No caso dos candidatos que concorrer a eleições proporcionais, a prestação
de contas pode ser feita pelo próprio candidato ou pelo partido político.

Questão 16 – Inédita – 2015


Quanto à prestação de contas dos candidatos, julgue o item a seguir.
A lei dispensa a comprovação na prestação de contas da cessão de bens
móveis, limitada ao valor de R$4.000,00 por pessoa cedente, bem como as
doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes
do uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral,

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cujo gasto deverá ser registrado na prestação de contas do responsável pelo


pagamento da despesa.

Questão 17 – Inédita – 2015


Julgue o item a seguir.
A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das campanhas e poderá optar
pela aprovação, pela aprovação com ressalvas, pela desaprovação e pela
não prestação de contas.

Questão 18 – FCC/AL-PB – Procurador – 2014


É conduta vedada pela lei eleitoral:
a) realizar transferência voluntária de recursos do Estado ao Município, nos
três meses que antecedem o pleito, para construção de ginásio esportivo,
cuja obra ainda não foi iniciada.
b) promover a remoção de servidor público por união de cônjuges, na
circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem, até a posse dos
eleitos.
c) realizar, nos três meses que antecedem eleição municipal, publicidade
institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos do Estado.
d) divulgar, no site da Assembleia Legislativa, as atividades desenvolvidas
por deputado durante o seu mandato parlamentar, como as presidências e
relatorias por ele assumidas, as proposituras de lei e os discursos proferidos
em plenário.
e) o uso, pelo Governador do Estado, da residência oficial para realização de
contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha.

Questão 19 – FCC/AL-PE – Analista Administrativo – 2014


A respeito das pesquisas eleitorais, considere:
I. Nome de quem contratou a pesquisa.
II. Nome de quem pagou pela realização do trabalho.
III. Questionário completo aplicado ou a ser aplicado.
IV. Nome dos entrevistados.
V. Sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da
coleta de dados e do trabalho de campo.
As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública
relativa às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são
obrigadas, para cada pesquisa, a registrar junto a Justiça Eleitoral, até cinco
dias antes da divulgação, dentre outras, as informações constantes em
a) III, IV e V, apenas.

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b) II, III e IV, apenas.


c) I, III e IV, apenas.
d) I, II, III e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.

Questão 20 - FUNDEP/TJ-MG – Juiz – 2014 – questão adaptada


Sobre a propaganda política e suas modalidades, julgue o item que se segue.
A divulgação fraudulenta de pesquisa não é crime eleitoral, caracterizando,
apenas, infração administrativa.

Questão 21 – IESES/TRE-MA – Analista Judiciário – Área


Judiciária - 2015
O instituto Previsões Certeiras, por pedido do Partido Nacional, realizada
uma pesquisa eleitoral para medir as intenções de voto do eleitorado na
eleição para Presidente da República, sendo o que o partido Nacional, ao
registrar a pesquisa, não declarou o montante pago ao instituto pela
pesquisa e nem a origem dos recursos. Neste caso é correto afirmar que:
a) A pesquisa não poderá ser divulgada, pois é requisito fundamental, fixado
na legislação a declaração do valor pago a empresa que realizada a
sondagem junto ao eleitorado.
b) A divulgação de pesquisa sem a informação da origem dos recursos e do
valor pago a empresa sujeita os responsáveis a multa no valor fixado pela
lei das eleições.
c) A divulgação da pesquisa, sem declaração do valor pago, sujeita o partido
politico a sofrer a sanção de que seus candidatos venham a ser declarados
inelegíveis por desrespeito a lei eleitoral.
d) A divulgação de pesquisa eleitoral sem declaração do valor pago constitui
crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor fixado
pela lei eleitoral.

6.2 – Gabarito
Questão 01 – D Questão 02 – E

Questão 03 – C Questão 04 – E

Questão 05 – B Questão 06 – B

Questão 07 – D Questão 08 – C

Questão 09 – C Questão 10 – A

Questão 11 – A Questão 12 – C

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Questão 13 – C Questão 14 – INCORRETA

Questão 15 – INCORRETA Questão 16 – CORRETA

Questão 17 – CORRETA Questão 18 – A

Questão 19 – D Questão 20 – INCORRETA

Questão 21 – B

6.3 – Questões com Comentários


Arrecadação e aplicação dos recursos de campanha

Questão 01 – FCC/TRE-SP – Analista Judiciário – 2012 -


adaptada
O candidato Zé do partido Alpha, tendo cumprido as exigências eleitorais e
recebido seu número de registro de CNPJ, iniciou a arrecadação de recursos
financeiros à campanha eleitoral. Pretendem fazer doações:
I. cooperativa não beneficiada com recursos públicos, composta por
cooperados que não são concessionários ou permissionários de serviço
público.
II. entidade esportiva privada, sem participação em campeonatos das
divisões principais.
III. sindicato representativo de categoria profissional patronal de âmbito
estadual.
IV. pessoa jurídica sem fins lucrativos que não recebe recurso do exterior.
Dentre os pretendentes, o candidato NÃO poderá receber doações das
entidades indicadas em
a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) II e IV.

Comentários
O item I está incorreto, com base no art. 24, §1º da Lei 9.504/1997. Não se
incluem nas vedações de doação as cooperativas se seus cooperados não forem
concessionários ou permissionários de serviço público e não estejam recebendo
recursos públicos.

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§ 1º Não se incluem nas vedações de que trata este artigo as cooperativas cujos cooperados
não sejam concessionários ou permissionários de serviços públicos, desde que não estejam
sendo beneficiadas com recursos públicos, observado o disposto no art. 81.

O item II está correto, pois traz o que prescreve o art. 24, em seu inciso IX da
Lei 9.504/1997.
Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em
dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie,
procedente de:
IX – entidades esportivas;

O item III está correto, pois traz a proibição do art. 24, inciso VI da Lei
9.504/1997.
VI – entidade de classe ou sindical;

O item IV está incorreto, pois a vedação ocorre para quem recebe recurso do
exterior e não para quem não recebe. Vejamos o inciso VII, do art. 24 Lei
9.504/1997.
VII – pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior;

Portanto, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

Questão 02 – FCC/TRE-AP – Analista Judiciário – 2011 –


questão adaptada - adaptada
A respeito da arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais,
é correto afirmar:
a) As pessoas físicas poderão fazer, livremente e sem qualquer limitação,
doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para as campanhas
eleitorais.
b) Se o candidato a cargo eletivo designar pessoa para a administração
financeira de sua campanha, somente esta será responsável pela veracidade
das informações financeiras e contábeis de sua campanha.
c) As doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro recebidas de entidade
de classe ou sindical estão sujeitas ao limite de R$ 50.000,00.
d) A abertura de conta bancária específica para registrar todo o movimento
financeiro da campanha não é obrigatória para os candidatos.
e) Os candidatos estão obrigados à inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica - CNPJ.

Comentários
A alternativa A está incorreta. A Lei 9.504/1997 estabelece percentuais no caso
de doação por pessoa física. Aliás, somente por mencionar “sem qualquer
limitação” vocês já devem ficar atentos, pois raramente isso é correto.
Em relação às pessoas físicas, vejamos:
Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro
para campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei.

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§ 1º As doações e contribuições de que trata este artigo ficam limitadas a 10% (dez por
cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano anterior à eleição.
(Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

A alternativa B está incorreta, conforme art. 21 da Lei 9.504/1997. Há


responsabilidade solidária entre o candidato e a pessoa indicada para administrar
a campanha.
Art. 21. O candidato é SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEL com a pessoa indicada na
forma do art. 20 desta Lei pela veracidade das informações financeiras e contábeis
de sua campanha, devendo ambos assinar a respectiva prestação de contas.

A alternativa C está incorreta, com base no § 7º, do art. 23 da Lei 9.504/1997.


O limite é de R$ 80.000,00.
§ 7º O limite previsto no § 1º não se aplica a doações estimáveis em dinheiro relativas à
utilização de bens móveis ou imóveis de propriedade do doador, desde que o valor estimado
não ultrapasse R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

A alternativa D está incorreta, pois a abertura de conta é obrigatória sim,


conforme dispositivo acima citado.
A alternativa E está correta, na verdade é cópia perfeita do art. 22-A, da Lei
9.504/1997.
Art. 22-A. Os candidatos estão obrigados à inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica - CNPJ. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)

Questão 03 – FCC/TRE-RR – 2015 – Técnico Judiciário – Área


Administrativa
O eleitor Jusoé promoveu um almoço com três empresários, em apoio ao
candidato de sua preferência, com gasto de seiscentos reais. Esse gasto
(A) só poderia ser realizado pelo partido, sendo obrigatório o reembolso.
(B) deve ser obrigatoriamente reembolsado pelo candidato e devidamente
contabilizado.
(C) não está sujeito a contabilização, desde que não reembolsado.
(D) não poderia ter sido efetivado sem autorização da Justiça Eleitoral.
(E) deve ser contabilizado pelo partido, ainda que não reembolsado.

Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão.
Para responder à presente questão devemos conhecer o art. 27 da Lei
9.504/1997, vejamos:
Art. 27. Qualquer eleitor poderá realizar gastos, em apoio a candidato de sua preferência,
até a quantia equivalente a um mil UFIR, não sujeitos a contabilização, desde que não
reembolsados.

Dessa forma, o eleitor poderá gastar o valor de até 1.000 UFIRs em apoio a
determinado candidato sem necessidade de contabilização como gasto de
campanha, desde que esses valores não sejam reembolsados pelo partido político
ou pelo candidato.

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E quanto vale o UFIR?


Por UFIR compreender a Unidade Fiscal de Referência, instituída pela Lei
8.383/1991. Em 2000, entretanto, por intermédio da MP 1.973-67/2000 o UFIR
foi extinto. Posteriormente essa medida provisória foi convertida na Lei
10.522/2002, sacramentando a não utilização do UFIR.
De todo modo, de acordo com a jurisprudência do TSE, enquanto não for alterada
a forma do cálculo da multa, será considerado o último valor fixado para o UFIR,
que R$1,0641. Logo é esse o valor a ser aplicado no art. 27 da Lei 9.504/1997,
acima citado. Portanto:
GASTOS FEITOS PELO ELEITOR EM APOIO A CANDIDATO NÃO
SUPERIORES A R$ 1064,10, DESDE QUE NÃO REEMBOLSADOS NÃO
ESTÃO SUJEITOS À CONTABILIZAÇÃO COMO GASTO DE CAMPANHA.

Questão 04 – CESPE/TRE-RS - Analista Judiciário – Judiciária


- 2015
A respeito dessa situação hipotética, e considerando que as eleições
ocorreram em 2014, assinale a opção que relaciona apenas fontes legítimas
de recursos de campanha conforme a legislação então vigente.
a) empresas até o limite de 2% do faturamento de 2013, recursos próprios
e entidades esportivas.
b) pessoas físicas até o limite de 10% dos rendimentos brutos do doador no
ano de 2013, entidades de utilidade pública e recursos do partido.
c) recursos próprios, entidades beneficentes e religiosas e recursos do
partido.
d) OSCIPs, pessoas físicas até o limite de 10% dos rendimentos brutos do
doador em 2013 e recursos próprios.
e) pessoas físicas até o limite de 10% dos rendimentos brutos do doador no
ano de 2013, empresas até o limite de 2% do faturamento bruto de 2013 e
recursos do partido.

Comentários
Na Lei das Eleições temos:
Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em
dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie,
procedente de:
I - entidade ou governo estrangeiro;
II - órgão da administração pública direta e indireta ou fundação mantida com recursos
provenientes do Poder Público;
III - concessionário ou permissionário de serviço público;
IV - entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária,
contribuição compulsória em virtude de disposição legal;
V - entidade de utilidade pública;

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VI - entidade de classe ou sindical;


VII - pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior.
VIII - entidades beneficentes e religiosas;
IX - entidades esportivas;
X - organizações não-governamentais que recebam recursos públicos;
XI - organizações da sociedade civil de interesse público.

Portanto, a alternativa E é a correta e gabarito da questão. É importante notar


que, desde de 2015 (e não de 2014) tornou-se vedada a doação de pessoa
jurídica. Nas eleições de 2014 havia possibilidade de doação por pessoas
jurídicas.

Questão 05 – CESPE/TRE-RS - Técnico Judiciário –


Administrativa - 2015
Ainda a respeito do processo brasileiro de eleição, assinale a opção correta.
Nesse sentido, considere que a sigla TSE, sempre que utilizada, se refere ao
Tribunal Superior Eleitoral.
a) Os partidos políticos e os candidatos devem abrir conta bancária específica
para demonstrar toda a movimentação financeira dos procedimentos
adotados durante a campanha, estando as entidades bancárias obrigadas a
acatar, em determinado prazo, pedido de abertura de conta, podendo fixar
limite de depósito inicial.
b) É condicionante aos candidatos, no tocante à percepção de recursos
financeiros para fazer face às despesas destinadas à sua campanha eleitoral,
a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica fornecida pela justiça
eleitoral.
c) Se for indeferido o recurso especial interposto contra sentença do TSE, o
recorrente poderá, no prazo de cinco dias, impetrar agravo de instrumento
ao próprio TSE, a contar da juntada da intimação das partes nos autos,
podendo o relator indeferi-lo, em decisão monocrática, se ele for proposto
fora do prazo legal.
d) É competência dos tribunais regionais julgar recursos contra quaisquer
demandas de suas circunscrições, sendo suas decisões terminativas, salvo
no caso de eleições presidenciais, em que se pode recorrer ao TSE.
e) É livre a criação de partidos políticos, os quais se constituem de
personalidade jurídica de direito privado, podendo, inclusive, fazer constar
de seu estatuto a possibilidade de expulsão sumária de seus filiados.

Comentários
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está incorreta, pois é vedado aos bens exigir depósito inicial,
conforme explicita o art. 22, §1º, I, da Lei 9.504/1997.

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Aula 09 - Prof. Ricardo Torques

Justamente! A alternativa B está correta, pois a inscrição no CNPJ é obrigatório,


conforme determina o art. 22-A da lei 9.504/1997.
A alternativa C está incorreta, pois o prazo para apresentar agravo de
instrumento é de 3 dias, conforme prevê o art. 282 do CE.
A alternativa D está totalmente incorreta, pois não há competência de Tribunal
Regional para tratar de eleições presidenciais.
Por fim, a alternativa E está incorreta, pois será necessário garantir o direito de
defesa na forma do art. 15, V da Lei 9.096/1995.

Questão 06 – CESPE/TRE-PI - Técnico Judiciário –


Administrativa - 2016
Poderá ser considerada facultativa a apresentação à justiça eleitoral das
despesas de campanha relativas a
a) pagamento de multas por infração de candidato ou de partido político.
b) montante percebido pelo candidato, em razão de sua atividade
trabalhista, para fazer face às despesas familiares.
c) aluguel de locais para comícios.
d) programas e ações que visem promover propagandas em rádio e
televisão.
e) pesquisas efetuadas antes do pleito eleitoral para a verificação das
intenções de voto.

Comentários
Para responder a questão devemos conhecer o art. 26 da Lei 9.504/1997, que
prevê:
Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta
Lei:
I – confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho, observado o
disposto no § 3º do art. 38 desta Lei [nas dimensões estabelecidas na Lei 9.504/1997];
II – propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer meio de divulgação,
destinada a conquistar votos;
III – aluguel de locais para a promoção de atos de campanha eleitoral;
IV – despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço
das candidaturas;
V – correspondência e despesas postais;
VI – despesas de instalação, organização e funcionamento de comitês e serviços
necessários às eleições;
VII – remuneração ou gratificação de qualquer espécie a pessoal que preste serviços
às candidaturas ou aos comitês eleitorais;
VIII – montagem e operação de carros de som, de propaganda e assemelhados;
IX – a realização de comícios ou eventos destinados à promoção de candidatura;

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X – produção de programas de rádio, televisão ou vídeo, inclusive os destinados à


propaganda gratuita;
XI – (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 11.300/2006.);
XII – realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais;
XIII – (Revogado pelo art. 4º da Lei nº 11.300/2006.);
XIV – (Revogado pelo art. 3º da Lei nº 12.891/2013);
XV – custos com a criação e inclusão de sítios na Internet;
XVI – multas aplicadas aos partidos ou candidatos por infração do disposto na
legislação eleitoral;
XVII – produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral.

A alternativa A está correta em face do inc. XVI.


A alternativa C está correta em face do inc. III.
A alternativa D está correta em face do inc. X.
Por fim, a alternativa E está correta em face do inc. XII.
A única que não consta do dispositivo é a alternativa B, que é o gabarito da
questão.

Questão 07 – IADES/TRE-PA - Técnico Judiciário - Área


Administrativa – 2014 - adaptada
Considerando a arrecadação e a aplicação de recursos nas campanhas
eleitorais, assinale a alternativa correta.
a) As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a
responsabilidade dos partidos, candidatos ou entidades estrangeiras.
b) As despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal
a serviço da candidatura não são consideradas gasto eleitoral.
c) O aluguel de bens particulares para veiculação por qualquer meio de
propaganda eleitoral não configura despesa eleitoral sujeita a limite.
d) É vedado a partido político e a candidato receber direta ou indiretamente
doação em dinheiro procedente de entidades beneficentes e religiosas.
e) Não é obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária
específica com o objetivo de registrar o movimento financeiro da campanha
política.

Comentários
A alternativa A está incorreta. Lembrem-se que é proibido o financiamento por
entidades estrangeiras.
Art. 17. As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos
partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma desta Lei.

A alternativa B está incorreta, de acordo com o art. 26, inciso IV, da Lei das
Eleições. As despesas de transporte e deslocamento de candidatos são sim
consideradas como gasto eleitoral.

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Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta
Lei:
IV - despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço das
candidaturas;

A alternativa C está incorreta. Conforme § único, inc. II, do art. 26 da Lei


9.504/1997, prescreve que o limite com gastos de automóveis é limitado a 20%.
Parágrafo único. São estabelecidos os seguintes limites com relação ao total do gasto da
campanha:
I - alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais:
10% (dez por cento);
II - aluguel de veículos automotores: 20% (vinte por cento).

A alternativa D está correta, de acordo com o inciso VIII, doa art. 24 da Lei
9.504/1997.
Art. 24. É vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em
dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie,
procedente de:
VIII - entidades beneficentes e religiosas;

A alternativa E está incorreta, pois vai de encontro ao que prevê o art. 22, da
Lei 9.504, uma vez que é obrigatória a abertura de conta bancária especifica por
parte do partido político.
Art. 22. É obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária específica
para registrar todo o movimento financeiro da campanha.

Questã0 08 – PONTUA/TRE-SC - Técnico Judiciário - Área


Administrativa - 2011
No que diz respeito à arrecadação e à prestação de contas, assinale a
alternativa INCORRETA:
a) A responsabilidade pelas despesas de campanha é autônoma em relação
a candidatos e partidos.
b) Nos documentos integrantes da prestação de contas, são obrigatórias as
assinaturas do candidato e do seu administrador financeiro, caso exista.
c) Quanto à veracidade das informações financeiras e contábeis da
campanha, a responsabilidade é autônoma entre o candidato e o seu
administrador financeiro.
d) É obrigatória a abertura de conta específica para registrar o movimento
financeira da campanha.

Comentários
A alternativa A está correta, com base no art. 17, da Lei das Eleições:
Art. 17. As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos
partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma desta Lei.

A alternativa B está correta, tendo em vista o art. 21 da Lei 9.504/1997.

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Art. 21. O candidato é solidariamente responsável com a pessoa indicada na forma do art.
20 desta Lei pela veracidade das informações financeiras e contábeis de sua campanha,
devendo ambos assinar a respectiva prestação de contas.

A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. Conforme artigo acima,


a responsabilidade será solidária e não autônoma.
A alternativa D está correta, pelo que prescreve o art. 22 da Lei 9.504/1997.
Art. 22. É obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária específica
para registrar todo o movimento financeiro da campanha.

Questão 09 – IESES/TRE-MA – Analista Judiciário – Área


Judiciária – 2015 – adaptada
Em relação a arrecadação e aplicação de recursos para campanha assinale a
alternativa correta:
a) Os limites de gastos de campanha, em cada eleição, são os definidos pelo
partido político respectivo com base nos parâmetros definidos em lei.
b) O candidato a cargo eletivo poderá abrir conta bancária específica para
registrar todo o movimento financeiro da campanha ou utilizar sua conta
pessoal, sendo que a escolha de qual conta será utilizada deve ser
previamente informada a justiça eleitoral.
c) O descumprimento dos limites de gastos fixados para cada campanha
acarretará o pagamento de multa em valor equivalente a 100% da quantia
que ultrapassar o limite estabelecido, sem prejuízo da apuração da
ocorrência de abuso do poder econômico.
d) As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a
responsabilidade dos partidos, de seus candidatos ou particulares
autorizados por instrumento de delegação, e financiadas de acordo com as
vedações da Lei de Inelegibilidades.

Comentários
A alternativa A está incorreta, pois os limites de gastos são definidos pelo TSE
e não pelos partidos políticos, nos termos do art. 18, caput, da Lei 9.504/1997:
Art. 18. Os limites de gastos de campanha, em cada eleição, são os definidos pelo Tribunal
Superior Eleitoral com base nos parâmetros definidos em lei.

A alternativa B está incorreta. A abertura de conta bancária específica é


obrigatória, como determina o art. 22, caput, da Lei 9.504/1997:
Art. 22. É obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária específica
para registrar todo o movimento financeiro da campanha.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão porque coaduna com o


art. 18-B, da Lei 9.504/1997:
Art. 18-B. O descumprimento dos limites de gastos fixados para cada campanha acarretará
o pagamento de multa em valor equivalente a 100% (cem por cento) da quantia que
ultrapassar o limite estabelecido, sem prejuízo da apuração da ocorrência de abuso do poder
econômico. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)

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Por fim, a alternativa D está incorreta. As despesas da campanha eleitoral serão


realizadas sob a responsabilidade dos partidos, de seus candidatos. Não há no
art. 17, da Lei 9.504/1997, que disciplina a matéria, referência aos “particulares
autorizados por instrumento de delegação”. Ademais, as regras de financiamento
são estabelecidas na “Lei das Eleições” e não na “Lei de Inelegibilidades”.
Vejamos:
Art. 17. As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos
partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma desta Lei.

Questão 10 – AOCP/TRE-AC - Analista Judiciário - Área


Judiciária - 2015
A Lei n° 9.504/97 (e alterações posteriores), que regula a arrecadação e a
aplicação de recursos nas campanhas eleitorais, define que
a) o limite para gastos com aluguei de veículos automotores é de 20% (vinte
por cento) do total gasto na campanha.
b) Após o recebimento do pedido de registro da candidatura, a Justiça
Eleitoral deverá fornecer em até cinco dias úteis, o número de registro de
CNPJ.
c) as doações e contribuições de pessoas físicas ficam limitadas em 5%
(cinco por cento) dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior à eleição.
d) a realização de pesquisas pré-eleitorais não é considerada um gasto
eleitoral.
e) é vedada a realização de gastos não reembolsados por eleitores.

Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, com base no art. 26,
parágrafo único, inc. II, da Lei 9.504/1997.
Parágrafo único. São estabelecidos os seguintes limites com relação ao total do gasto da
campanha:
II - aluguel de veículos automotores: 20% (vinte por cento).

A alternativa B está incorreta, pois o prazo é de três dias.


Art. 22-A. Os candidatos estão obrigados à inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa
Jurídica - CNPJ.
§ 1º Após o recebimento do pedido de registro da candidatura, a Justiça Eleitoral deverá
fornecer em até 3 (três) dias úteis, o número de registro de CNPJ.

A alternativa C está incorreta, tendo em vista que o percentual correto é 10%,


de acordo com o art. 23, § 1º, da Lei 9.504/1997.
A alternativa D está incorreta, pois os gastos com pesquisas são sim gastos
eleitorais.
Art 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta
Lei, dentre outros:
XII - realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais;

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A alternativa E está incorreta, com base no art. 27 da Lei 9.504/1997.


Art. 27. Qualquer eleitor poderá realizar gastos, em apoio a candidato de sua preferência,
até a quantia equivalente a um mil UFIR, não sujeitos a contabilização, desde que não
reembolsados.

Se você teve dificuldades nas questões 01 e 10 acima retome o estudo do


Capítulo 2 desta aula.

Prestação de Contas

Questão 11 – AOCP/TRE-AC - Técnico Judiciário - Área


Administrativa – 2015 - adaptada
Em relação à prestação de contas de campanha, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Estão dispensados de prestar contas aqueles que tiveram o seu registro
de candidatura indeferido ou que tenham desistido da candidatura até o
período de 45 dias anteriormente à data da eleição.
b) As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão
feitas pelo próprio candidato.
c) As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão
feitas pelo próprio candidato.
d) Erros formais e materiais corrigidos não autorizam a rejeição das contas
e a cominação de sanção a candidato ou partido.
e) Da decisão que julgar as contas de campanha, caberá recurso no prazo
de 3 dias.

Comentários
A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. Não há qualquer
previsão nesse sentido. Temos na legislação eleitoral regras que simplificam a
prestação de contas, porém não existem regras que dispensam a prestação de
contas.
A alternativa B está correta, com base no art. 28, § 1º, da Lei 9.504/1997.
§ 1o As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão feitas pelo
próprio candidato, devendo ser acompanhadas dos extratos das contas bancárias
referentes à movimentação dos recursos financeiros usados na campanha e da relação dos
cheques recebidos, com a indicação dos respectivos números, valores e emitentes.

A alternativa C está correta pelo que prescreve o § 2º do mesmo art. 28, da Lei
9.504/1997.
§ 2o As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão feitas pelo
próprio candidato.

A alternativa D acompanha o que dispõe o art. 30, § 2º, da Lei 9.504/1997.

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§ 2º Erros formais e materiais corrigidos não autorizam a rejeição das contas e a cominação
de sanção a candidato ou partido.

A alternativa E está correta, tendo em vista o art. 30, § 5º, da Lei 9.504/1997.
§ 5º Da decisão que julgar as contas prestadas pelos candidatos caberá recurso ao órgão
superior da Justiça Eleitoral, no prazo de 3 (três) dias, a contar da publicação no Diário
Oficial.

Questão 12 - NC-UFPR - TJ-PR – Juiz - 2012


A prestação de contas perante a Justiça Eleitoral é devida:
a) apenas pela coligação partidária formada em qualquer pleito eleitoral para
os cargos que demandam eleição proporcional.
b) apenas pelos candidatos que tiveram seus registros deferidos para o pleito
eleitoral.
c) pelas coligações partidárias, pelos partidos políticos e pelos candidatos,
ainda que estes últimos não tenham sido eleitos.
d) pelas coligações partidárias e pelos partidos políticos, quando ao menos
um de seus candidatos tenha sido eleito.

Comentários
Trata-se de uma questão bastante simples, que aborda as pessoas que devem
prestar perante a Justiça Eleitoral. Sabemos que tanto os partidos como as
coligações, bem como os candidatos devem apresentar contas à Justiça Eleitoral,
independentemente de terem sido eleitos ou não.
Logo, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.

Questão 13 – CONSULPLAN/TRE-MG - Técnico Judiciário –


Contabilidade - 2015
A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas de campanha,
decidindo: pela aprovação, quando estiverem regulares; pela aprovação
com ressalvas, quando verificadas falhas que não lhes comprometam
a regularidade; pela desaprovação, quando verificadas falhas que
lhes comprometam a regularidade; pela não prestação, quando não
apresentadas as contas após a notificação emitida pela Justiça Eleitoral. Caso
a decisão seja pela não prestação, constará obrigação expressa de prestar
as suas contas, contas de campanha, no prazo de
a) sete dias úteis.
b) vinte e quatro horas.
c) setenta e duas horas.
d) oito dias antes da diplomação.

Comentários
A questão exige tão somente um prazo, o qual vem previsto no art. 30, inciso IV.

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Art. 30. A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das contas de campanha, decidindo
IV - pela não prestação, quando não apresentadas as contas após a notificação emitida pela
Justiça Eleitoral, na qual constará a obrigação expressa de prestar as suas contas, no prazo
de setenta e duas horas.

Notem que o prazo é de 72 horas. Assim, a alternativa C está correta e é o


gabarito da questão.

Questão 14 – Inédita – 2015


Quanto à prestação de contas dos candidatos, julgue o item a seguir.
As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão feitas
por intermédio do comitê financeiro, devendo ser acompanhadas dos
extratos das contas bancárias referentes à movimentação dos recursos
financeiros usados na campanha e da relação dos cheques recebidos, com a
indicação dos respectivos números, valores e emitentes.

Comentários
A assertiva está incorreta. Antes da Lei nº 13.165/2015 havia prestação de
contas por comitê para as eleições majoritárias. Em relação às eleições
proporcionais a prestação de contas ocorria pelo comitê. A reforma eleitoral
extinguiu a prestação de contas por comitê, e todas elas serão prestadas – seja
para as eleições majoritárias, seja para as eleições proporcionais – pelo próprio
candidato.
Vejamos os §§ 1º e 2º, do art. 28, da Lei das Eleições.
§ 1o As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão feitas pelo
próprio candidato, devendo ser acompanhadas dos extratos das contas bancárias
referentes à movimentação dos recursos financeiros usados na campanha e da relação dos
cheques recebidos, com a indicação dos respectivos números, valores e emitentes.
§ 2o As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão feitas pelo
próprio candidato.

Questão 15 – Inédita – 2015


Quanto à prestação de contas dos candidatos, julgue o item a seguir.
No caso dos candidatos que concorrer a eleições proporcionais, a prestação
de contas pode ser feita pelo próprio candidato ou pelo partido político.

Comentários
A assertiva está incorreta. Não existe prestação de contas pelo partido político.
A prestação de contas ocorrerá sempre pelo candidato, conforme esquema
abaixo, extraído do art. 28, §§1º e 2º, da Lei 9.504/1997:

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PRESTAÇÃO DE
CONTAS PELO eleições eleições
PRÓPRIO majoritárias proporcionais
CANDIDATO

Questão 16 – Inédita – 2015


Quanto à prestação de contas dos candidatos, julgue o item a seguir.
A lei dispensa a comprovação na prestação de contas da cessão de bens
móveis, limitada ao valor de R$4.000,00 por pessoa cedente, bem como as
doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes
do uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral,
cujo gasto deverá ser registrado na prestação de contas do responsável pelo
pagamento da despesa.

Comentários
A assertiva está correta, com base no § 6º, do artigo 28 da Lei 9.504/1997.
§ 6º Ficam também dispensadas de comprovação na prestação de contas:
I – a cessão de bens móveis, limitada ao valor de R$4.000,00 (quatro mil reais) por
pessoa cedente;
II - doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do
uso comum tanto de sedes quanto de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da despesa.

Questão 17 – Inédita – 2015


Julgue o item a seguir.
A Justiça Eleitoral verificará a regularidade das campanhas e poderá optar
pela aprovação, pela aprovação com ressalvas, pela desaprovação e pela
não prestação de contas.

Comentários
A assertiva está correta, pois menciona as atitudes que a Justiça Eleitoral poderá
tomar em cada situação, nos termos do art. 30 da Lei 9.504/1997. Lembre-se:

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Aprovação

PRESTAÇÃO DE Aprovação com


Não prestação
CONTAS ressalvas

Desaprovação

Se você teve dificuldades nas questões 11 e 17 acima retome o estudo do


Capítulo 3 desta aula.

Abuso de Poder

Questão 18 – FCC/AL-PB – Procurador – 2014


É conduta vedada pela lei eleitoral:
a) realizar transferência voluntária de recursos do Estado ao Município, nos
três meses que antecedem o pleito, para construção de ginásio esportivo,
cuja obra ainda não foi iniciada.
b) promover a remoção de servidor público por união de cônjuges, na
circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem, até a posse dos
eleitos.
c) realizar, nos três meses que antecedem eleição municipal, publicidade
institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos do Estado.
d) divulgar, no site da Assembleia Legislativa, as atividades desenvolvidas
por deputado durante o seu mandato parlamentar, como as presidências e
relatorias por ele assumidas, as proposituras de lei e os discursos proferidos
em plenário.
e) o uso, pelo Governador do Estado, da residência oficial para realização de
contatos, encontros e reuniões pertinentes à própria campanha.

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Comentários
A alternativa A está correta, tendo em vista que apresenta uma conduta
vedada, prevista no art. 73 da Lei das Eleições.
Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
VI – nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos
Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos
destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em
andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de
emergência e de calamidade pública;

Todas as demais alternativas não estão previstas no art. 73.

Se você teve dificuldades na questão 18 acima retome o estudo do Capítulo


4 desta aula.

Pesquisas e Testes pré-eleitorais

Questão 19 – FCC/AL-PE – Analista Administrativo – 2014


A respeito das pesquisas eleitorais, considere:
I. Nome de quem contratou a pesquisa.
II. Nome de quem pagou pela realização do trabalho.
III. Questionário completo aplicado ou a ser aplicado.
IV. Nome dos entrevistados.
V. Sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da
coleta de dados e do trabalho de campo.
As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública
relativa às eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são
obrigadas, para cada pesquisa, a registrar junto a Justiça Eleitoral, até cinco
dias antes da divulgação, dentre outras, as informações constantes em
a) III, IV e V, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) I, II, III e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.

Comentários
A questão exige o conhecimento do art. 33 da Lei 9.504/1997, vejamos seu teor:

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Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às
eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa,
a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes
informações:
I – quem contratou a pesquisa;
II – valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III – metodologia e período de realização da pesquisa;
IV – plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico
e área física de realização do trabalho, intervalo de confiança e margem de erro;
V – sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta
de dados e do trabalho de campo;
VI – questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII – o nome de quem pagou pela realização do trabalho.

Desta forma, a alternativa D está correta e é o gabarito da questão.

Questão 20 - FUNDEP/TJ-MG – Juiz – 2014 – questão adaptada


Sobre a propaganda política e suas modalidades, julgue o item que se segue.
A divulgação fraudulenta de pesquisa não é crime eleitoral, caracterizando,
apenas, infração administrativa.

Comentários
A assertiva está incorreta, pois a divulgação fraudulenta de pesquisa é crime
eleitoral com base no art. 33, § 4º da Lei 9.504/1997.
§ 4º A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis
meses a um ano e multa no valor de cinquenta mil a cem mil UFIR.

Questão 21 – IESES/TRE-MA – Analista Judiciário – Área


Judiciária - 2015
O instituto Previsões Certeiras, por pedido do Partido Nacional, realizada
uma pesquisa eleitoral para medir as intenções de voto do eleitorado na
eleição para Presidente da República, sendo o que o partido Nacional, ao
registrar a pesquisa, não declarou o montante pago ao instituto pela
pesquisa e nem a origem dos recursos. Neste caso é correto afirmar que:
a) A pesquisa não poderá ser divulgada, pois é requisito fundamental, fixado
na legislação a declaração do valor pago a empresa que realizada a
sondagem junto ao eleitorado.
b) A divulgação de pesquisa sem a informação da origem dos recursos e do
valor pago a empresa sujeita os responsáveis a multa no valor fixado pela
lei das eleições.
c) A divulgação da pesquisa, sem declaração do valor pago, sujeita o partido
politico a sofrer a sanção de que seus candidatos venham a ser declarados
inelegíveis por desrespeito a lei eleitoral.

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d) A divulgação de pesquisa eleitoral sem declaração do valor pago constitui


crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor fixado
pela lei eleitoral.

Comentários
A disciplina das pesquisas e teste pré-eleitorais consta dos arts. 33 a 35 da Lei
9.504/1997. O primeiro desses dispositivos estabelece uma série de informações
que deverão ser disponibilizadas pela empresa à Justiça Eleitoral com
antecedência de cinco dias.
Vejamos:
Art. 33. As entidades e empresas que realizarem pesquisas de opinião pública relativas às
eleições ou aos candidatos, para conhecimento público, são obrigadas, para cada pesquisa,
a registrar, junto à Justiça Eleitoral, até cinco dias antes da divulgação, as seguintes
informações:
I – quem contratou a pesquisa;
II – valor e origem dos recursos despendidos no trabalho;
III – metodologia e período de realização da pesquisa;
IV - plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução, nível econômico
e área física de realização do trabalho a ser executado, intervalo de confiança e margem de
erro;
V – sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados
e do trabalho de campo;
VI – questionário completo aplicado ou a ser aplicado;
VII - nome de quem pagou pela realização do trabalho e cópia da respectiva nota fiscal.

Na hipótese da questão o Instituto Previsões Certas não declarou o montante e


a origem dos recursos pelo Partido Nacional. Estabelece o §3º que o
descumprimento das regras acima sujeitam os responsáveis à penalidade de
multa.
§ 3º A divulgação de pesquisa sem o prévio registro das informações de que trata este
artigo sujeita os responsáveis a multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR.

Logo, a alternativa B é a correta e gabarito da questão.

Se você teve dificuldades nas questões 19 e 21 acima retome o estudo do


Capítulo 5 desta aula.

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7 - Resumo da Aula
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos
principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa
sugestão é a de que esse resumo seja estudado sempre
previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização
de estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é fundamental
retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em
compreender alguma informação, não deixem de retornar à
aula.

Arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas


eleitorais: vedações inerentes e sanções
 O RECURSO PRIVADO DE CAMPANHA ELEITORAL POR PESSOAS
JURÍDICAS É VEDADO! O STF declarou inconstitucional qualquer norma ou
interpretação que conclua pela possibilidade de financiamento de campanha por
empresas.
 FONTES PÚBLICAS DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHAS ELEITORAIS:

FINANCIAMENTO PÚBLICO

•Fundo Partidário;
•Compensação Fiscal para custear a propaganda partidária e eleitoral gratuita no
rádio e na televisão;
•Imunidade tributária conferida aos partidos políticos.

 FINANCIAMENTO PRIVADO

FINANCIAMENTO PRIVADO

•Recursos próprios do candidato;


•Doações de pessoas físicas;
•Doações de outros candidatos;
•Aplicação ou distribuição de recursos de partido político;
•Receita decorrente da venda de bens ou de serviços e realização de eventos;
•Receita decorrente de aplicação financeira.

 LIMITES: atribuiu-se ao TSE o dever de fixar, por intermédio de Resoluções,


os limites de gastos.
 CONTABILIZAÇAÕ DOS GASTOS DE CAMAPANHA:

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despesas efetuadas pelos


candidatos
DEVEM SER
CONTABILIZADOS COMO
GASTOS DE CAMPANHA despesas efetuadas pelo partidos
políticos para a campanha dos seus
candidatos que puderem ser
individualizadas

 DESCUMPRIMETNO DOS LIMITES DE GASTOS

DESCUMPRIMENTO
DOS LIMITES

multa em 100% do valor possibilidade de


ultrapassado condenação em AIJE

 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DA CAMPANHA E RESPONSABILIDADE


 Os gastos serão efetuados pelo candidato de forma direta ou com o auxílio de
uma pessoa, que atuará como um gestor financeiro de campanha.
 Quando houver a constituição do gestor financeiro, tanto o candidato como
a pessoa por ele indicada serão solidariamente responsáveis
responsabilizadas pela veracidade das informações financeiras e contábeis.

RESPONSÁVEIS SOLIDARIAMENTE PELA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES


FINANCEIRAS E CONTÁBEIS

pessoa escolhida pelo candidato para a administração


candidato
financeira da campanha

 Se o candidato não indicar alguém para lhe auxiliar na administração dos


gastos, ele será direta e unicamente responsável pelas informações
financeiras e contábeis da campanha.
 CONTA DE CAMPANHA: conta bancária específica.
 entendimentos do TSE
 A conta deverá ser aberta mesmo quando o candidato não efetuar gastos.
Esse entendimento foi fixado em substituição à Súmula TSE nº 16,
atualmente cancelada.
 Constitui irregularidade insanável a arrecadação de recursos e a
realização de despesas antes da abertura de conta específica.

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 O movimento financeiro de campanha abrange, inclusive, os recursos


próprios do candidato, sob pena de desaprovação das contas.
 obrigações aos bancos

DEVER ATRIBUÍDO AOS BANCOS

•Abrir conta específica no prazo de 3 dias, sem tarifamento;


•Identificar depósitos com CPF do doador.;
•Encerrar a conta com o término das eleições transferindo os saldos para o
órgão de direção do partido.

 exceção:
SOMENTE NÃO SERÁ NECESSÁRIO ABRIR CONTA ESPECÍFICA PARA A
COMPANHA PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS QUANDO NÃO HOUVER NO
MUNICÍPIO AGÊNCIA BANCÁRIA.
 consequência caso sejam efetuados gastos acima do limite versus
consequências em face da movimentação fora de conta específica.

MOVIMENTAÇÃO DE VALORES
GASTOS ACIMA DO LIMITE
FORA DA CONTA ESPECÍFICA

desaprovação das contas de


multa no valor de 100% campanha (tanto do partido como
do candidato)

cancelamento do registro ou
AIJE
cassação do diploma

 CNPJ
 Exige a LE a criação de um CNPJ para cada candidato.
 Prazo:

PRAZO PARA A JUSTIÇA ELEITORAL


3 dias
FORNECER O CNPJ AO CANDIDATO

DOAÇÕES
 Todos os valores arrecadados devem ser contabilizados por intermédio de
recibos eleitorais, considerados documentos oficiais e obrigatórios.
 DOAÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E DO PRÓPRIO CANDIDATO - LIMITES

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LIMITE DE 10% SOBRE O


RENDIMENTO BRUTO NO ANO Às pessoas físicas quaisquer.
ANTERIOR APLICA-SE

LIMITE DE APURADO
Aos gastos efetuados pelo próprio
ANUALMENTE PELO TSE E PELA
candidato.
RECEITA FEDERAL

Essas doações serão feitas por intermédio de recibo, com exceção de alguns
gastos que são dispensados de comprovação e que se encontram disciplinados
no art. 28, §6º, que adiante será estudado. Essa é a regra contida no §2º do
art. 23, da LE:
§ 2º As doações estimáveis em dinheiro a candidato específico, comitê ou partido deverão
ser feitas mediante recibo, assinado pelo doador, exceto na hipótese prevista no § 6º
do art. 28.

Para que vocês procurem memorizar, lembre-se as doações devem ser efetuadas
mediante recibo, exceto nas hipóteses abaixo:

AS DOAÇÕES DEVE SER FEITAS MEDIANTE


APRESENTAÇÃO DE RECIBO, EXCETO:

•Cessão de bens móveis com valor limitado a R$ 4.000,00.


•Doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do
uso comum de sedes e de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da
despesa.

 Se o limite de doação for ultrapassado:

DOAÇÃO POR PESSOA


FÍSICA ACIMA DO 5 a 10 vezes a quantia em
MULTA
LIMITE (10% da renda excesso
bruta)

 Forma como devem ser realizadas as doações:

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QUANTO À FORMA DA DOAÇÃO


cheques cruzados e nominais

POR PESSOA FÍSICA


transferência eletrônica

depósitos devidamente identificados

mecanismos disponíveis no site no candidato, desde que haja


a identificação do doador e a emissão de recibo

 vedam-se doações

em espécie

VEDAM-SE de troféus
DOAÇÕES (do
registro da
candidatura às
eleições) em prêmios

em ajudas

 É possível às pessoas físicas em geral franquear a utilização de bens móveis


ou imóveis, cujo valor não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00.
 DOAÇÕES DE OUTROS CANDIDATOS: É lícita a doação de recursos de
um candidato para outro, desde que sejam observados os limites
constantes do art. 23, §1º, da LE. Ou seja, candidato poderá doar a outro
candidato valores desde não exceda 10% dos rendimentos brutos do ano anterior
em relação candidato doador.
 APLICAÇÃO OU DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS DE PARTIDO POLÍTICO
O partido político tem diversas fontes de receitas. Estuda-se na Lei dos Partidos
político que as agremiações podem receber recursos do Fundo Partidário, doações
e promoção de eventos e venda de bens e produtos, decorrentes de
investimentos e aplicações financeiras.
 FONTES VEDADAS

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ARRECADAÇÃO VEDADA

entidade ou governo estrangeiro

órgão da Administração Pública

concessionário ou permissionário de serviço público

entidade de direito privado beneficiária de contribuição compulsória

entidade de utilidade pública

entidade de classe ou sindical

pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior

entidades beneficentes e religiosas

entidades esportivas

organizações não-governamentais que recebam recursos públicos

organizações da sociedade civil de interesse público

 exceção:

NÃO SE INCLUEM OS RECURSOS DE COOPERATIVAS CUJO


COOPERADOS NÃO SEJAM CONCESSIONÁRIOS OU
PERMISSIONÁRIOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS, DESDE QUE
NÃO ESTEJAM SENDO BENEFICIÁRIOS COM RECURSOS
PÚBLICOS.

 O partido político ou o candidato não poderá ficar com valores das fontes
vedadas (como vimos acima) ou de origem não identificada. Em tais situações, o
partido político os valores deverão ser devolvidos ou transferidos para o Tesouro
Nacional, caso não seja possível a devolução.
 consequência aos partidos em razão do descumprimento das normas
relativas a aplicação dos recursos financeiros. Eventuais violações implicam na
perda ou suspensão do direito ao recebimento das quotas do fundo
partidário, além da possibilidade de condenação por abuso de por
econômico.
 GASTOS ELEITORAIS
Art. 26. São considerados gastos eleitorais, sujeitos a registro e aos limites fixados nesta
Lei:
I – confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho, observado o
disposto no § 3º do art. 38 desta Lei [nas dimensões estabelecidas na LE];
II – propaganda e publicidade direta ou indireta, por qualquer meio de divulgação,
destinada a conquistar votos;
III – aluguel de locais para a promoção de atos de campanha eleitoral;
IV – despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a serviço
das candidaturas;

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V – correspondência e despesas postais;


VI – despesas de instalação, organização e funcionamento de comitês e serviços
necessários às eleições;
VII – remuneração ou gratificação de qualquer espécie a pessoal que preste serviços
às candidaturas ou aos comitês eleitorais;
VIII – montagem e operação de carros de som, de propaganda e assemelhados;
IX – a realização de comícios ou eventos destinados à promoção de candidatura;
X – produção de programas de rádio, televisão ou vídeo, inclusive os destinados à
propaganda gratuita;
XI – Revogado;
XII – realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais;
XIII – Revogado;
XIV – Revogado;
XV – custos com a criação e inclusão de sítios na Internet;
XVI – multas aplicadas aos partidos ou candidatos por infração do disposto na
legislação eleitoral;
XVII – produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral.
Parágrafo único. São estabelecidos os seguintes LIMITES com relação ao total do gasto
da campanha:
I – alimentação do pessoal que presta serviços às candidaturas ou aos comitês eleitorais:
10% (DEZ POR CENTO);
II – aluguel de veículos automotores: 20% (VINTE POR CENTO).

 Há possibilidade de o eleitor realizar gastos de campanha os quais nem


sequer necessitarão ser contabilizados, desde que não ultrapasse 1000
UFIRs.
 Há possibilidade de contratação direta ou terceirizada de pessoas para a
prestação de atividades relativas à militância e mobilização nas
campanhas eleitorais, que observam os parâmetros abaixo:

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ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS E AO SENADO


 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000 do município
com o maior número de eleitores
GOVERNADOR DE ESTADO-MEMBRO
 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000 do município
com o maior número de eleitores
GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
 duas vezes de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder
30.000 do município com o maior número de eleitores
DEPUTADO FEDERAL
 70% de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000 do
município com o maior número de eleitores
DEPUTADO DISTRITAL
 70% de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000,
considerando o eleitorado da maior região administrativa
PREFEITO
 Municípios com até 30.000 eleitores - não mais que 1% dos eleitores
 Municípios com mais de 30.000 eleitores - 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000
eleitores que exceder 30.000
VEREADOR
 50% de: não mais que 1% dos eleitores, em municípios com menos de 30.000 eleitores
 50% de: 1% dos eleitores + 1 contratado para cada 1.000 eleitores que exceder 30.000,
para municípios com mais de 30.000 eleitores até o máximo de 80% do limite estabelecido
para deputados estaduais

Prestação de Contas
 ABRANGÊNCIA

a contabilização dos
recursos arrecadados

A PRESTAÇÃO DE
CONTAS ENVOLVE...
a contabilização dos
gastos efetuados ao
longo da campanha

 AS DOAÇÕES DEVEM SER FEITAS MEIDANTE APRESENTAÇAO DE


RECIBO. HÁ EXCEÇÕES:

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AS DOAÇÕES DEVEM SER FEITAS MEDIANTE A APRESENTAÇÃO DE


RECIBO, EXCETO:

•Cessão de bens móveis com valor limitado a R$ 4.000,00;


•Doações estimáveis em dinheiro entre candidatos ou partidos, decorrentes do
uso comum de sedes e de materiais de propaganda eleitoral, cujo gasto deverá
ser registrado na prestação de contas do responsável pelo pagamento da
despesa.

 FORMA DE APRESENTAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

PRESTAÇÃO DE
CONTAS PELO eleições eleições
PRÓPRIO majoritárias proporcionais
CANDIDATO

 DIVULGAÇÃO NA INTERNET DAS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS:


APLICÁVEL AOS PARTIDOS/COLIGAÇÕES E CANDIDATOS
1ª REGRA: os recursos recebidos em dinheiro recebidos pelos
partidos/coligações e candidatos serão divulgados na internet no prazo de
72 HORAS. Essas informações devem conter:
 indicação dos nomes dos doadores com CPF e CNPJ
 valores doados
2ª REGRA: no DIA 15.09 do ano eleitoral deverá ser divulgado um relatório
discriminado:
 das transferências do Fundo Partidário;
 dos recursos em dinheiro;
 dos valores estimáveis em dinheiro; e
 dos gastos realizados.
 SISTEMA SIMPLIFICADO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS.
 É adotado em duas situações:
 gastos não superiores a R$ 20.000,00.
 eleições municipais com menos de 50.000,00 eleitores.
 informações que devem conter do sistema simplificado

a identificação das doações


recebidas e das despesas realizadas
(com nome e indicação do
A PRESTAÇÃO DE CONTAS PELO CPF/CNPJ e valores)
SISTEMA SIMPLIFICADO
DEVERÁ CONTER
o registro de eventuais sobras ou
dívidas

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 TRANSFERÊNCIA DOS PARTIDOS PARA OS CANDIDATOS – REGRA DE


APRESENTAÇÃO DAS CONTAS

o partido deverá
registrar como
pagamento ao
TRANSFERÊNCIAS candidato
DOS PARTIDOS
PARA OS
CANDIDATOS o candidato deverá
registrar como
recebimento do
partido

 CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS

SE AS ELEIÇÕES
a consolidação das contas deverá ser
TERMINAREM
encaminhada à Justiça Eleitoral até o 30º
NUM ÚNICO
dia após o pleito
TURNO

SE AS ELEIÇÕES
a consolidação das contas deverá ser
TERMINAREM EM
encaminhada à Justiça Eleitoral até o 20º
SEGUNDO
dia após o pleito
TURNO

 PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DAS CONTAS PERANTE A JUSTIÇA


ELEITORAL

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Havendo indícios de
Poderão ser
irregularidade poderão
determinadas
Recebidas as contas, a ser determinadas
diligências junto aos
Justiça Eletoral autuará informações adicionais
doadores e aos
e distribuirá o processo. de ofício tanto ao
fornecedores com prazo
candidato, quanto ao
de 72 horas.
partido ou ao comitê.

Em caso de
desaprovação ou de
aprovação com O órgão técnico poderá
Parecer pelo órgão
ressalvas haverá vista retificar as conclusões
técnico sobre as contas.
dos autos ao candidato iniciais
ou comitê pelo prazo de
72 horas

Os autos são Recurso no prazo de 3


encaminhados ao A Justiça decidirá dias ao TRE e,
Ministério Público pelo definitivamente a posteriormente, ao TSE,
prazo de 48 horas para respeito das contas também no prazo de 3
parecer dias

 RESULTADO

Aprovação

Aprovação
Não PRESTAÇÃO com
prestação DE CONTAS ressalvas

Desaprovação

 Quanto à possibilidade no julgamento das contas devemos tecer algumas


observações.
 No que atine à aprovação de contas com ressalvas, destaca a doutrina que
ela será aplicada nos casos em que houverem faltas materiais, contudo,
dada a gravidade reduzida da irregularidade cometida, as contas serão
aprovadas.

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 A desaprovação, por sua vez, é contaminada pela ilicitude, podendo ensejar


a perda do partido dos recursos do Fundo Partidário, perda do diploma ou
inelegibilidade do candidato, condenação por abuso do poder econômico e,
inclusive, condenação por arrecadação ou gasto ilícito de recursos na
campanha eleitoral.
 A decisão que julgar as contas será publicada em sessão até 3 dias antes da
diplomação.
 O Recurso Especial ao TSE poderá ser interposto em duas situações específicas:
 Quando a decisão for proferida em contrariedade à CF ou à lei; ou
 Quando na decisão ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois
ou mais tribunais eleitorais.
 SOBRAS: havendo sobras, os valores serão transferidos ao partido
político, observando-se alguns critérios a depender do candidato a que
se refere.

CANDIDATURA A
CANDIDATURA A GOVERNADOR (VICE),
CANDIDATURA A
PREFEITO (VICE) E A A SENADOR, A
PRESIDENTE (VICE)
VEREADOR DEPUTADO FEDERAL E
ESTADUAL

Recursos ficarão Recursos ficarão


Recursos ficarão
com órgão com o órgão
com o órgão
diretivo municipal diretivo estadual
diretivo nacional.
respectivo. respectivo.

 MANUTENÇÃO DOS DOCUMENTOS RELATIVOS ÀS CONTAS

regra 180 dias


CONSERVAÇÃO
PELOS PARTIDOS
DOS DOCUMENTOS
CONCERNENTES ÀS até o final do
CONTAS julgamento da ação,
em caso de pendência
caso o trânsito em
judicial
julgado seja superior a
180 dias.

Abuso de Poder
 INTRODUÇÃO

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ABUSO DE DIREITO E DE PODER

•Origem na responsabilidade civil;


•A ilicitude decorre da imoralidade da conduta, que é abusiva;
•Exercício do direito ou das prerrogativas para além dos limites legais;
•Fundamentada na função social.

 ABUSO DE PODER NO DIREITO ELEITORAL


 Por abuso devemos compreender a ação ou omissão irrazoável ou
anormal do agente, de modo que a violação ao ordenamento jurídico não se dá
pelo direito em si, mas pelos meios empregados para exercer ou usufruir desse
direito.
 Poder, por outro lado, revela-se na capacidade que o agente tem de
influenciar, condicionar ou determinar o comportamento de terceiros em
razão de sua vontade.
 Cláusula Geral ou Conceito Jurídico Indeterminado?

a dúvida está no
e no consequente
CLÁUSULA GERAL pressuposto
(solução legal).
(conteúdo)

e não no
a dúvida somente consequente
CONCEITO
está no (solução legal),
JURÍDICO
pressuposto pois essa já está
INDETERMINADO
(conteúdo) predefinida em
lei.

 Em vista dos conceitos acima, é possível afirmar que a o abuso de poder é


um conceito jurídico indeterminado. As consequências para aquele que
incorrer em abuso de poder no Direito Eleitoral estão estritamente delimitadas
pelo nosso ordenamento, a abertura, por sua vez reside no conteúdo desse
direito, ou seja, em seu pressuposto.

ABUSO DE PODER conceito jurídico indeterminado

 Em razão da indeterminação do conteúdo é possível delimitar espécies de


abuso de poder. A nós interessa especificamente o abuso de poder econômico
e político.
 ABUSO DE PODER ECONÔMICO

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 O abuso de poder econômico relaciona-se com dinheiro, ou seja, com os


valores patrimoniais utilizados no processo eleitoral, seja antes ou durante a
campanha eleitoral.

PARA O ABUSO DE
PODER ECONÔMICO

não importa o mas o destino


montante utilizado conferido aos valores

 Para além do emprego abusivo de recursos patrimoniais nas campanhas


eleitorais, o abuso de poder econômico pode ser manifestar na utilização
dos meios de comunicação social ou do descumprimento de regras atinentes à
arrecadação e ao uso de fundos de campanha.
 Há punição específica destinada aos partidos políticos, prevendo a perda dos
recursos do Fundo Partidário para o ano seguinte em que incorrem em
utilização irregular de recursos em campanha.
 A LE trata da representação eleitoral para a investigação judicial eleitoral
(AIJE), que deverá ser ajuizada no prazo de 15 dias a contar da diplomação do
candidato. A finalidade da AIJE é declarar a inelegibilidade por abuso do poder
econômico, político e abuso de autoridade. É julgada pelo Juiz Eleitoral, se a
eleição for municipal e pelo TRE, se eleição for estadual e geral. Quanto às
eleições presidenciais a AIJE será julgada pelo TSE.

JUIZ ELEITORAL eleições municipais

TRE eleições estaduais e gerais

TSE eleição presidencial

 Caso seja comprovado o abuso de poder econômico, o candidato será


condenado por inelegibilidade e seu diploma será negado ou se já expedido será
cassado.

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CONDUTAS QUE IMPLICAM ABUSO DE PODER


ECONÔMICO

•Gasto de recursos para além dos valores declarados;


•Descumprimento das regras relativas à aplicação de recursos em campanhas
eleitorais;
•Arrecadação e gastos irregulares de recursos na campanha eleitoral;
•Captação ilícita de sufrágio.

 ABUSO DE PODER POLÍTICO


 O abuso do poder político pressupõe conceituar agentes públicos. Segundo a
doutrina de Direito Administrativo, os agentes públicos são os sujeitos que
servem ao Poder Público, ainda que façam isso de modo ocasional.

Toda e qualquer pessoa que possua algum


AGENTES
vínculo, ainda que transitório, em algumas das
PÚBLICOS
entidades da Administração Pública.

 A fim de evitar tais distorções nas eleições com a utilização da máquina estatal,
a Lei das Eleições fixa uma série de condutas vedadas aos agentes públicos
cujo conhecimento é imprescindível. Antes de analisarmos as hipóteses da
legislação, devemos fazer uma importante distinção.
 O que nos quer dizer o dispositivo acima é que as condutas vedadas aos
agentes públicos constituem todas elas hipóteses de improbidade
administrativa por violação aos princípios da Administração Pública
capazes de gerar a suspensão dos direitos políticos do agente público.
IMPROBIDADE
CONDUTAS VEDADAS AOS ADMINISTRATIVA PELA
AGENTES PÚBLICOS PRÁTICA DE UMA DAS
CONDUTAS VEDADAS

é uma condição de elegibilidade,


é uma hipótese de inelegibilidade uma vez que causa a suspensão
dos direitos políticos

implicam a inelegibilidade do implica a perda da capacidade


agente público eleitoral passiva e ativa do cidadão

 Em síntese, devemos memorizar as HIPÓTESES DE CONDUTAS VEDADAS


AOS AGENTES PÚBLICOS:

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 Utilização de bens públicos em benefício de candidato, partido ou coligação,


com exceção da convenção partidária que poderá ser realizada em imóvel
público.
 Utilização de materiais ou serviço público em benefício de candidatos,
partidos e coligações.
 Cessão de servidores para comitês de campanha eleitoral de candidato,
partido político ou coligação, exceto se o servidor licenciar-se, estiver fora
do horário de trabalho ou em férias (Resolução TSE nº 21.854/2004).
Portanto, a hipóteses acima não se aplica em caso de:

NÃO IMPLICA
CESSÃO IRREGULAR
DE SERVIDOR

fora do horário de
servidor licenciar-se em férias
trabalho

 Usar ou permitir o uso, em favor de candidatos ou partido, de


distribuição gratuita de bens e serviços sociais.

PODERÃO, EXCEPCIONALMENTE SEREM FORNECIDOS


OS SEGUINTES SERVIÇOS PÚBLICOS GRATUITOS
AINDA QUE EM ANO ELEITORAL:

•calamidade pública;
•estado de emergência ;
•programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no
exercício anterior.

 Veda-se a nomeação, exoneração, remoção ou substituição de servidores


nos três meses que antecedem o pleito até a posse dos eleito, sob pena de
nulidade.
 Veda-se, nos três meses que antecedem o pleito, a transferência de
recursos entre os entes federativos, a não ser para:
 cumprir obrigação formal preexistente;
 obra ou serviço público em andamento e com cronograma prefixado;
e
 atender situações emergenciais e de calamidade pública.
 Veda-se, nos três meses que antecedem o pleito, a autorização de
publicidade institucional.
Existem, do mesmo modo, duas exceções:

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propaganda de produtos e
de serviços que tenham
PERMITE-SE A concorrência no mercado
PUBLICIDADE
INSTITUICONAL AINDA
QUE NOS TRÊS MESES
QUE ANTECEDEM O
PLEITO:
grave e urgente
necessidade pública

 Veda-se, nos três meses que antecedem as eleições, fazer pronunciamento


em rede nacional, salvo definida em horário político gratuito e em casos
de matérias urgentes, relevantes e característica das funções de governo.
 Veda-se, no primeiro semestre do ano eleitoral, realizar despesas com
publicidade dos órgãos públicos superior à média do primeiro semestre dos
últimos três anos anteriores ao ano eleitoral.
 Veda-se, desde as convenções para escolha dos candidatos até a posse dos
eleitos, efetuar a revisão geral da remuneração dos servidores públicos que
exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo.
 RESPONSABILIZAÇÃO POR ABUSO DE PODER
 Em qualquer de suas hipóteses ocorre o ato ilícito eleitoral, que é estruturado
do seguinte modo:

ESTRUTURA DO ATO
ILÍCITO ELEITORAL

conduta abusiva

resultado

relação causal

ilicitude ou antijuridicidade

 CONDUTA ABUSIVA: comportamento ativo ou passivo individualizado.


 RESULTADO: constitui a violação ao bem jurídico relevante para o Direito
Eleitoral.

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 NEXO CAUSAL: liame existente entre a conduta e o resultado, este traduzido


na lesão ao bem ou interesse juridicamente tutelado.
 ILICITUDE: não conformação ao sistema jurídico.

Pesquisas e testes pré-eleitorais


 INTRODUÇÃO: são consideradas como um instrumento importante para os
candidatos para avaliarem as respectivas campanhas eleitorais e também para o
eleitor para avaliar os possíveis rumo do cenário político, pós eleições.
 REGISTRO PERANTE A JUSTIÇA ELEITORAL: as pesquisas e testes pré-
eleitorais são entendidos como instrumentos legais e válidos do processo eleitoral
brasileiro.

quem contratou

valor e origem dos recursos


despendidos
registro perante a Justiça
Eleitoral com antecedência 5
dias antes da divulgação das
informações metodologia e período
PESQUISAS E
TESTES PRÉ-
ELEITORAIS plano amostral e ponderação
deve conter as seguintes (sexo, idade, grau de
informações: instrução, nível econômico
etc.)
sistema interno de controle e
verificação, de conferência e
de fiscalização

questionário completo

nome de quem pagou

 PESQUISAS ELEITORAIS VERSUS SONDAGENS OU ENQUETES


 A sondagem ou enquete constitui o processo de estudo de opinião pública,
que consiste em informar a totalidade da população dos resultados obtidos por
intermédio de um pequeno número de pessoas contatadas diretamente, como
representativas do conjunto dessa população.
 É VEDADO NO PERÍODO DE CAMPANHA ELEITORAL A REALIZAÇÃO DE
ENQUETES RELACIONADAS ÀS ELEIÇÕES
 REGISTRO DA PESQUISA
 O registro de candidato poderá ser efetuado perante o Juiz Eleitoral, TRE ou
TSE a depender do cargo envolvido. Dessa forma, observando a mesma regra,
as pesquisas para cada um dos cargos devem ser registradas nas respectivas
instâncias do Poder Judiciário eleitoral, conforme o quadro abaixo:

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Pesquisa ou Testes Pré-eleitorais Competência

Eleição Municipal
Juiz Eleitoral
Prefeito, vice-Prefeito e Vereador

Eleição Estadual/Federal
Governador, vice-Governador, Deputado Federal, Deputado Estadual e TRE
Senador da República

Eleições Presidenciais
TSE
Presidente e vice-Presidente

 Após o recebimento do registro, o órgão da Justiça Eleitoral procederá, no


prazo de 24 horas, a afixação da pesquisa, divulgando-a na internet.
 PENALIDADES
 A LE estabelece duas sanções em caso de descumprimento das regras relativas
às pesquisas eleitorais.

DIVULGAÇÃO DE PENALIDADE
PESQUISA SEM CIVIL: multa de
PRÉVIO REGISTRO 50.000 a 100.000
DAS INFORMAÇÕES UFIR

PENALIDADE PENALIDADE
DIVULGAÇÃO DE
CRIMINAL: CIVIL: multa de
PESQUISA
detenção de 6 50.000 a 100.000
FRAUDULENTA
meses a 1 ano UFIR

 O não franqueio das informações, sujeita o responsável por retardar,


impedir ou dificultar a ação dos partidos a crime, punível com detenção de
6 meses a 1 ano OU pena de prestação de serviços à comunidade, cumuladas
com multa, no valor de 10.000 a 20.000 UFIRs.

detenção (6 meses
a 1 ano) ou
RETARDAR, é crime! prestação de
IMPEDIR OU serviços à
DIFICULTAR A comunidade
pena
FISCALIZAÇÃO
DAS PESQUISAS
PELOS PARTIDOS
multa (10 a 20 mil
UFIR)

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detenção (6 meses
a 1 ano) ou
prestação de
serviços à
pena comunidade

é crime!
IRREGULARMENTE
NOS DADOS DE multa (10 a 20 mil
PESQUISA UFIR)
ELEITORAL

republicar os dados
obrigação
corretamente

 os crimes relativos às pesquisas eleitorais podem ser aplicados aos


representantes legais das entidades de pesquisa ou do órgão veiculador das
informações.

APLICAM-SE OS CRIMES ABAIXO AOS


RESPONSÁVEIS PELA ENTIDADE DE
PESQUISA OU PELO ÓRGÃO QUE
VEICULAR AS INFORMAÇÕES

Divulgação de Divulgação de Divulgação


pesquisa sem pesquisa irregular de
prévio registro fraudulenta pesquisa eleitoral

8 - Considerações Finais
Chegamos ao final da nossa décima aula.
Na próxima aula veremos um dos assuntos mais cobrados nos últimos concursos
de TRE, a Propaganda Eleitoral.
Bons estudos!
Ricardo Torques

[email protected]

bit.ly/eleitoralparaconcursos

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