12 Registo Comercial
12 Registo Comercial
12 Registo Comercial
SuMáRIO:
I. INTRODUÇÃO. 1. Noção. 2. História. 3. Fontes. 4. Sentido
Atual. II. ÂMBITO DE APLICAÇÃO. 1. Aspetos Gerais.
2. Empresários em Nome Individual. 3. Empresários em Nome Cole-
tivo. 4. Outros Sujeitos e Factos. III. REGIME JURÍDICO.
1. Organização. 2. Modalidades. 3. Processo. 4. Atos de Registo.
5. Vicissitudes. 5.1. Publicidade e Prova. 5.2. Vícios. 5.3. Caducidade
e Cancelamento. 5.4. Justificação, Retificação e Reconstituição.
5.5. Impugnação. 6. Efeitos. 6.1. Publicidade Formal e Material.
6.2. Publicidade Positiva e Negativa. 6.3. Publicidade Declarativa,
Constitutiva e Aquisitiva. IV. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
1. Princípio da Instância. 2. Princípio da Legalidade. 3. Princípio da
Tipicidade. 4. Princípio da Presunção da Verdade. 5. Princípio da Ino-
ponibilidade. 6. Outros Princípios. V. OUTROS INSTITUTOS
REGISTAIS. 1. Registo Nacional de Pessoas Coletivas. 2. Registos
Especiais. 3. Registo Central do Beneficiário Efetivo. 4. Registo
Europeu e Internacional das Empresas.
I. INTRODUÇÃO
1. Noção
(1) Sobre o instituto, vide ALMEIDA, C. FERREIRA, Publicidade e Teoria dos Regis-
tos, Almedina, Coimbra, 1966; GuERRA, M. BACELAR, Código do Registo Comercial Ano-
tado, 4.ª ed., Ediforum, Lisboa, 2007; GuERREIRO, J. MOuTEIRA, Noções de Direito Regis-
tral (Predial e Comercial), 2.ª ed., Coimbra Editora, 1994; LEITãO, A. MENEzES, Tópicos
Fundamentais do Registo Comercial, in: 2 “Revista de Direito das Sociedades” (2010),
557-574; LOPES, J. SEABRA, Dos Registos e Notariado, 7.ª ed., Almedina, Coimbra, 2015.
Noutros ordenamentos estrangeiros, podem ver-se: na Alemanha, FLEISCHHAuER, JENS/
/PREuSS, NICOLA, Handelsregisterrecht, 3. Aufl., Erich Schmidt, Berlin, 2014; SCHMIDT,
kARSTEN, Sein — Schein — Handelsregister, in: “Juristische Schulung” (1977), 209-217;
na Espanha, BuRBANO, P. CASADO, Derecho Mercantil Registral, Ed. de Derecho Reuni-
das, Madrid, 1992; NAVARRO, P. áVILA, El Registro Mercantil, 2 vols., Bosch, Barcelona,
1997; na França, BARREAu-SALIOu, CATHERINE-THèRESE, Les Publicités Légales, LGDJ,
Paris, 1991; SAyAG, ALAIN (dir.), Publicités Légales et Information dans la Vie des Affaires,
Litec, Paris, 1992; na Itália, AA.VV., Il Registro delle Imprese — Problemi e Prospettive di
Attuazione, Giuffrè, Milano, 1979; IBBA, CARLO, La Pubblicità delle Imprese, Giuffrè,
Milano, 2006; numa perspetiva comparatística, RESCIO, GIuSEPPE/ TASSINARI, FEDERICO,
La Publicità Commerciale nei Paesi dell’unione Europea, Giuffrè, Milano, 2000.
(2) Sobre estas funções ou efeitos primaciais do registo, vide infra III — 6.1.
O REGISTO COMERCIAL 305
(3) Por registo público entende-se o assento efetuado por um oficial público e
constante de livros públicos, de livre acesso pelos interessados, no qual se atestam factos
jurídicos conformes com a lei e relativos a pessoas ou coisas, do qual a lei faz derivar
determinados efeitos jurídicos mínimos (“maxime”, presunção de conhecimento e verdade
e força probatória). Cf. ALMEIDA, C. FERREIRA, Publicidade e Teoria dos Registos, 96,
Almedina, Coimbra, 1966.
(4) Sobre estes registos especiais, vide infra V.
306 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
2. História
3. Fontes
(8) Sobre este direito registal pretérito, pode ver-se CAMPOS, J. MOTA, Registo
Comercial — Código Comercial/Regulamento do Registo Comercial, Esposende, 1955;
OLAVO, FERNANDO, Direito Comercial, Vol. I, 369 e ss., Coimbra Editora, Coimbra, 1978.
(9) SOARES, CARLA, Contra-Reforma do Notariado e dos Registos: um Erro Concep-
tual, Almedina, Coimbra, 2009. Entre algumas vozes críticas, vide AA. VV., Cessão de Quo-
tas — “Desformalização” e Registo por Depósito, Almedina, Coimbra, 2009; GuERREIRO,
J. MOuTEIRA, Ensaio sobre a Problemática da Titulação e do Registo à Luz do Direito Portu-
guês, 392 e ss., Coimbra Editora, Coimbra, 2014; GuERREIRO, J. MOuTEIRA, Que Simplifica-
ção: O Registo Comercial Ainda Existe?, in: 57 “Scientia Iuridica” SI (2008), 257-284.
(10) Sobre este Código, vide CuNHA, PAuLO, Código do Registo Comercial Ano-
tado, Coimbra Editora, Coimbra, 1987; FONTINHA, F. RODRIGuES, Código do Registo
Comercial Anotado e Comentado, Elcla Editora, Porto, 1991; GERALDES, I. quELHAS,
Código do Registo Comercial Anotado, Almedina, Coimbra, 2005; GONzáLEz, J. ALBERTO/
/JANuáRIO, RuI, Código do Registo Comercial Anotado, quid Juris, Lisboa, 2005; GuERRA,
M. BACELAR, Código do Registo Comercial Anotado, 4.ª ed., Ediforum, Lisboa, 2007.
308 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
4. Sentido Atual
(13) LOPES, J. SEABRA, Dos Registos e Notariado, 157, 7.ª ed., Almedina, Coimbra,
2015.
(14) Sublinhe-se que a “Direção Geral dos Registos e do Notariado” (DGRN) deu
lugar ao “Instituto dos Registos e Notariado” (IRN) em 2006, tendo o então Conselho Téc-
nico sido substituído pelo Conselho Consultivo em 2012 (art. 6.º do Decreto-Lei n.º 148/
/2012, de 7 de agosto).
(15) RINTELEN, MAX, untersuchung über die Entwicklung des Handelsregister,
F. Enke, Stuttgart, 1914; entre nós, COELHO, J. PINTO, Lições de Direito Comercial, Vol. I,
568, 2.ª ed., Ed. Martins Souto, Lisboa, 1945. Relembre-se que o Código Comercial de
1888 consagra a inscrição no registo comercial como uma das obrigações especiais dos
comerciantes (art. 18.º): sobre esta obrigação, vide ANTuNES, J. ENGRáCIA, O Estatuto
Jurídico do Comerciante: Alguns Problemas de Qualificação, in: “Estudos Comemorati-
vos dos 20 Anos da Abreu Advogados”, 413-442, Almedina, Coimbra, 2015.
310 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
1. Aspetos Gerais
e atos de natureza empresarial: o que afirmamos é que, ao ter alargado o seu âmbito subje-
tivo e objetivo a uma pluralidade de entidades e factos que encontram usualmente o seu
denominador comum no universo empresarial, o instituto do registo comercial testemunha
hoje, a par e passo com a evolução do sistema juscomercialista in toto, uma inequívoca
tendência para se recentrar paulatinamente, também ele, em torno da atividade empresarial
e dos seus titulares. De “registo das empresas” falam também hoje muitos outros autores
nacionais e estrangeiros a propósito do registo comercial: assim, entre nós, GuERREIRO,
J. MOuTEIRA, Noções de Direito Registral (Predial e Comercial), 373, 2.ª ed., Coimbra
Editora, Coimbra, 1994; noutros países, AA.VV., Il Registro delle Imprese — Problemi e
Prospettive di Attuazione, Giuffrè, Milano, 1979; MERkT, HANNO, unternehmenspublizi-
tät: Offenlegung von unternehmensdaten als Korrelat der Marktteilnahme, esp. 229 e ss.,
Mohr, Tübingen, 2001.
(18) Cf. também GuERREIRO, J. MOuTEIRA, Noções de Direito Registral (Predial e
Comercial), 316, 2.ª ed., Coimbra Editora, Coimbra, 1994.
312 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
(19) Sobre o princípio da tipicidade registal, vide infra III — 3. Summo rigore,
todos os factos registais são obrigatórios, havendo uns cujo incumprimento sujeita os
infratores a sanção contraordenacional e outros que não, dando origem a consequências de
outra natureza: assim, por exemplo, a inscrição dos comerciantes individuais no registo
comercial, não sendo um facto registal cujo incumprimento sujeite o comerciante inadim-
plente a coima, não deixa de ser obrigatória nos termos gerais do art. 18.º do Código
Comercial e a sua falta não deixa de acarretar para aquele a inoponibilidade a terceiros
desse estatuto (art. 14.º, n.º 1 do CRC).
O REGISTO COMERCIAL 313
(20) Sobre a problemática dos factos que não são suscetíveis de registo, vide
CANARIS, CLAuS-wILHELM, Handelsrecht, 69 e s., 24. Aufl., Beck, München, 2006;
SCHMNIDT, kARSTEN, Handelsrecht, 468 e s., 6. Aufl., C. Heymanns, köln, 2013.
(21) Sobre o registo dos empresários individuais, vide BuRBANO, P. CASADO, Sobre
la Inmatriculación del Empresario Individual en el Registo Mercantil, in: “Homenage en
Memoria de Joaquín Lanzas”, Tomo II, 1273-1309, Madrid, 1998; TORRE, I. LOPEz,
Empresario Individual y Registro Mercantil, in: AA.VV., “Casos y Cuestiones de Derecho
Mercantil”, 7-10, Sevilla, 2015.
(22) ANTuNES, J. ENGRáCIA, O Âmbito Subjetivo do Incidente de Qualificação da
Insolvência, in: I “Revista de Direito da Insolvência” (2017), 77-105.
314 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
(24) Com efeito, o titular do EIRL, que deve necessariamente ser uma pessoa sin-
gular (art. 1.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 248/86), tanto poderá ser um indivíduo que já é
comerciante como um mero particular: neste último caso, porém, deverá possuir capaci-
dade para o exercício profissional do comércio (art. 7.º do Código Comercial), adquirindo
necessariamente tal estatuto na sequência da exploração efetiva desse estabelecimento e
ficando assim doravante subordinado aos efeitos jurídicos que lhe são próprios. Sobre o
EIRL, vide ANTuNES, J. ENGRáCIA, O Estabelecimento Individual de Responsabilidade
Limitada: Crónica de uma Morte Anunciada, in: III “Revista da Faculdade de Direito da
universidade do Porto” (2006), 401-442.
316 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
(25) Para uma análise exaustiva e detalhada destes diferentes factos, vide GuERRA, M.
BACELAR, Código do Registo Comercial Anotado, 53 e ss., 2.ª ed., Ediforum, Lisboa, 1997;
GuERREIRO, J. MOuTEIRA, Noções de Direito Registral (Predial e Comercial), 327 e ss., 2.ª ed.,
Coimbra Editora, 1994; LOPES, J. SEABRA, Dos Registos e Notariado, 168 e ss., 7.ª ed., Alme-
dina, Coimbra, 2015.
(26) Para alguns casos de espécie, vide os Pareceres do Conselho Técnico da
DGRN n.º 89/2003, de 25 de março, in: 4 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2004),
O REGISTO COMERCIAL 317
40-44 (registo de cisão societária), n.º 25/2004, de 6 de outubro, in: 9 “Boletim dos Registos
e do Notariado” (2004), 14-22 (registo de transformação societária), n.º 7/2003, de 30 de
abril, in: 5 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2003), 8-10 (registo de fusão societária),
n.º 158/2002, de 19 de dezembro, in: 1 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2003), 12-
-15 (registo de destituição de gerente), n.º 82/91, de 30 de janeiro, in: 2 “Boletim dos Regis-
tos e do Notariado” (2003), 43-47 (registo de aumento de capital), e n.º 46/89, de 1 de abril,
in: 8 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2003), 24-26 (registo de objeto social).
(27) Sobre estes tipos societários de direito uniforme, vide ANTuNES, J. ENGRáCIA,
Direito das Sociedades, 157 e ss., 7.ª ed., edição de Autor, Porto, 2017.
(28) Sobre o conteúdo e regime jurídico destes factos registais relativos a sociedades,
vide MARTINS, J. FAzENDA, Os Efeitos do Registo e das Publicações Obrigatórias na Constitui-
ção das Sociedades Comerciais, Lex, Lisboa, 1994; PITA, M. ANTóNIO, Os Efeitos do Registo
Comercial e a Integridade do Capital Social, in: “Estudos em Homenagem ao Prof. Doutor
Carlos Ferreira de Almeida”, Vol. IV, 247-279, Almedina, Coimbra, 2011; REIS, ALCINDO, As
Publicações e o Registo no Novo Código das Sociedades Comerciais, Elcla, Porto, 1990.
(29) O Código Cooperativo de 1980 chegou a prever um “registo cooperativo”
(arts. 84.º e segs.), que viria a ser abandonado nos posteriores Códigos de 1986 e de 2015:
318 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
vale isto por dizer, portanto, que todas as cooperativas se encontram hoje abrangidas pelo
regime comum fixado pelo CRC, tenham elas por objeto o exercício de atividades económi-
cas ou de outra natureza (art. 2.º, n.º 1 do Código Cooperativo) e qualquer que seja o ramo
do setor cooperativo em que se integrem (art. 4.º do Código Cooperativo). Cf. ainda VASSE-
ROT, C. VARGAS, El Sistema de Publicidad Legal de las Cooperativas, in: 33 “Revista de
Derecho de Sociedades” (2009), 129-140.
(30) Apesar de o legislador do CRC não ter revogado expressamente os registos
especiais das empresas públicas previstos nos Decretos-Lei n.º 77/79, de 7 de abril e
n.º 163/80, de 28 de maio, deve hoje considerar-se inequívoca a sujeição das empresas
públicas ao regime jurídico-registal comum instituído pelo CRC, independentemente da sua
forma jurídica, do setor em que se integram ou da atividade económica respetiva. Sublinhe-
-se, todavia, que o art. 5.º do CRC é aplicável apenas às entidades públicas empresariais
(arts. 13.º, n.º 1, al. b) e 61.º do RSPE), ficando os demais tipos de empresas públicas,
enquanto sociedades comerciais de direito privado, subordinadas ao regime do art. 3.º do
CRC, pertençam elas ao setor empresarial estadual (arts. 13.º, n.º 1, al. a) e 14.º, n.os 1 e 5 do
“Regime Jurídico do Setor Público Empresarial”) ou ao setor empresarial local (arts. 21.º
e 22.º, n.º 3 do “Regime Jurídico da Atividade Empresarial Local e das Participações
Locais”). Cf. Parecer do Conselho Técnico da DGRN n.º 82/2003, de 30 de janeiro, in: 2
“Boletim dos Registos e do Notariado” (2004), 31-33 (registo de dissolução de cooperativa).
(31) Tal como nos casos anteriormente analisados no texto, também esta forma jurí-
dico-empresarial já se encontrava abrangida pelo registo comercial nos termos da sua própria
regulação (Base IV, n.º 3 da Lei n.º 4/73, de 4 de junho, art. 4.º do Decreto-Lei n.º 430/73,
de 25 de agosto). Cf. Parecer do Conselho Técnico da DGRN n.º 8/2001, de 24 de abril, in: 5
“Boletim dos Registos e do Notariado” (2001), 1-9 (registo de constituição de ACE).
(32) A sujeição ao registo comercial destes agrupamentos era já imposta pelos
O REGISTO COMERCIAL 319
arts. 6.º, 7.º e 29.º do Regulamento CEE/2137/85, de 25 de julho, tendo sido acolhida pos-
teriormente nas normas nacionais da sua execução (art. 1.º do Decreto-Lei n.º 148/90,
de 9 de maio). Cf. Parecer do Conselho Técnico da DGRN n.º 18/2005, de 5 de julho, in:
4 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2005), 68-75 (registo de constituição de AEIE).
(33) As ações previstas no art. 9.º do CRC podem ter por fim declarar factos respei-
tantes a sociedades comerciais (art. 3.º), onde não se inclui a ação emergente do contrato
individual de trabalho através da qual é pedida à sociedade, pelo trabalhador despedido,
uma indemnização por incumprimento do contrato onde se previa a aquisição de quotas da
ré pelo autor (cf. Parecer do Conselho Técnico da DGRN n.º 63/93, de 2 de fevereiro,
in: 9 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2001), 39-41).
320 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
1. Organização
2. Modalidades
(43) Sobre o alcance do princípio da legalidade nos registos por transcrição e por
depósito, vide infra IV — 2.
(44) Sobre o princípio da prioridade, vide infra IV — 5 (II).
O REGISTO COMERCIAL 327
3. Processo
(46) Para uma análise crítica da reforma, vide mais desenvolvimentos AA. VV.,
Cessão de Quotas — “Desformalização” e Registo por Depósito, Almedina, Coimbra,
2009; GuERREIRO, J. MOuTEIRA, Ensaio sobre a Problemática da Titulação e do Registo à
Luz do Direito Português, 392 e ss., Coimbra Editora, Coimbra, 2014.
(47) O processo registal está assim dominado pelo princípio da instância: sobre tal
princípio, vide infra IV — 1. Sublinhe-se que a instância nada tem que ver necessaria-
mente com a natureza obrigatória ou facultativa do registo: trate-se de factos registais cujo
incumprimento faz ou não incorrer o sujeito infrator em responsabilidade contraordenacio-
nal, é sempre necessária a iniciativa do interessado para que aquele se realize (cf. assim
também, para o registo predial, FERNANDES, L. CARVALHO, Lições de Direitos Reais, 113,
6.ª ed., quid Juris, Lisboa, 2009).
O REGISTO COMERCIAL 329
vativo do pedido), ou, nos demais casos, deve ser apresentado sob
forma escrita (em impresso próprio, denominado “requisição de
registo”), por via postal (mediante carta registada) ou por via ele-
trónica (através do endereço ˂www.empresaonline.pt˃) (art. 113.º
do CRC, arts. 4.º e segs. do RRC, Portaria n.º 1146-A/2016,
de 19 de dezembro).
4. Atos de Registo
meros atos de participação), e n.º 89/91, de 8 de janeiro, in: 3 “Boletim dos Registos e do
Notariado” (2004), 43-47 (registo de administrador-delegado em sociedade por quotas).
(52) Cf. Pareceres do Conselho Técnico da DGRN n.º 64/92, de 28 de setembro,
in: 6 “Boletim dos Registos e do Notariado” (2002), 47-50 (registo de partilha social na
subsistência de passivo comum) e n.º 51/2004, de 3 de maio, in: 4 “Boletim dos Registos e
do Notariado” (2005), 12-18 (doação de quota em sociedade a constituir).
(53) Parecer do Conselho Técnico da DGRN n.º 88/93, de 2 de fevereiro, in: 11
“Boletim dos Registos e do Notariado” (2001), 58-64 (registo de penhora de navio quando,
por falta de elementos, a matrícula nem como provisória puder ser aberta).
(54) Sobre a recusa de registo, vide o Acórdão da RP de 12-VII-1994 (PELAyO
GONçALVES), in: XIX “Coletânea de Jurisprudência” (1994), III, 184-187. Não se pode
confundir a recusa do registo com a recusa do pedido ou da apresentação do registo: o
pedido de registo deverá ser recusado sempre que não seja apresentado na forma exigida,
não forem pagas as quantias devidas, a entidade objeto de registo não tiver número de
identificação de pessoa coletiva atribuído (no caso dos registos por transcrição) e ainda,
para além destas, sempre que o requerente não tiver legitimidade para requerer o registo,
não se mostre efetuado o primeiro registo da entidade, nos termos previstos no art. 61.º, ou
quando o facto não estiver sujeito a registo (art. 46.º, n.os 1 e 2 do CRC).
(55) Acórdão da RL de 20-IX-2016 (M. CONCEIçãO SAAVEDRA), in: ˂www.dgsi.pt˃.
332 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
(56) Aspetos aqui relevantes são os de que a abertura da matrícula decorre oficio-
samente do primeiro registo a efetuar pela entidade singular (registo de início de atividade)
ou coletiva (registo do ato constitutivo) em apreço (art. 61.º, n.º 4 do CRC), e de que o can-
celamento da matrícula ocorre também oficiosamente através de inscrição realizada com o
registo definitivo de factos que tenham por efeito a extinção da entidade registada, com o
registo definitivo de transferência de sede para o estrangeiro ou a falta de conversão tem-
pestiva dos registos provisórios (art. 62.º-A do CRC).
O REGISTO COMERCIAL 333
bém lavradas por extrato nas fichas respetivas (arts. 58.º, n.º 2, 68.º
e 69.º do CRC, arts. 11.º e 12.º do RCC.
(57) Na sequência da Lei n.º 89/2017, de 21 de agosto (cf. infra V — 3), em caso
de alteração dos estatutos de uma sociedade, passou a ser obrigatória a apresentação para
arquivo, para além de uma versão atualizada desses estatutos, uma lista dos sócios e respe-
tiva identificação (art. 59.º, n.º 2 do CRC). Trata-se de uma exigência redundante para as
sociedades em nome coletivo, em comandita e por quotas (em face do registo obrigatório
previsto no art. 3.º, n.º 1, c) e e) do CRC) e de uma exigência previsivelmente ineficaz,
conquanto inovadora, para as sociedades anónimas (dado que não lhe vai associado qual-
quer sistema de controlo, tratamento ou sequer fiscalização da autenticidade da informação
entregue, além de se mostrar inexequível no caso de sociedades anónimas abertas ou com
grande dispersão de capital).
334 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
5. Vicissitudes
5.2. Vícios
(60) Sobre esta certidão, vide D’EçA, F. ALMEIDA, Registos Online, 211 e ss., Alme-
dina, Coimbra, 2009.
(61) O legislador limitou a nulidade aos registos por transcrição (art. 22.º, n.º 1 do
CRC), pelo que a invalidade dos registos por depósito apenas poderá ser obtida, a sê-lo,
por aplicação do regime geral da nulidade dos atos jurídicos.
O REGISTO COMERCIAL 337
(62) Sobre este efeito de publicidade aquisitiva, vide infra III — 6.3.
(63) Cf. SANz, F. LéON, El Cierre del Registro Mercantil, in: 10 “Revista de Dere-
cho de Sociedades” (1998), 282-288.
338 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
(64) Sobre tais eventos dissolutivos imediatos, vide ANTuNES, J. ENGRáCIA, Direito
das Sociedades, 479 e ss., 7.ª ed., edição de Autor, Porto, 2017.
O REGISTO COMERCIAL 339
oneroso por terceiros de boa fé sempre que o registo dos factos cor-
respondentes for anterior ao registo da retificação ou da pendência
do respetivo processo (art. 83.º do CRC).
5.5. Impugnação
6. Efeitos
6.1. Publicidade Formal e Material
(66) Sobre a publicidade registal formal e material, vide MENOLD, DIETER, Das
materielle Prüfungsrecht des Handelsregisterrichters, Diss., Tübingen, 1966; POzO,
L. FERNANDEz, Publicidade Material y Fe Pública en el Registro Mercantil, Marcial Pons,
Madrid, 2013; TRöLLER, ELkE, Die Publizität des Handelsregisters, in: 32 “Juristische
Arbeitsblätter” (2000), 27-31.
O REGISTO COMERCIAL 341
(67) Como atrás se referiu, assume especial relevância neste contexto a certidão
permanente do registo comercial, certidão eletrónica e bilingue relativa aos registos em
vigor e pendentes respeitantes a determinada pessoa singular ou coletiva registada
(cf. supra III — 5.1).
(68) Sobre a questão, vide LOPES, J. SEABRA, Dos Registos e Notariado, 260 e ss.,
7.ª ed., Almedina, Coimbra, 2015; noutros quadrantes, vide SCHMIDT, kARSTEN, Handels-
recht, 476, 6. Aufl., C. Heymanns, köln, 2013.
342 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
(69) BäR, ROLF, Der öffentliche Glaube des Handelsregisters, in: “Berner Festgabe
zum Schweizerischen Juristentag”, 131-167, Bern/Stuttgart, 1979; CAñAS, A. GORDILLO,
El Princípio de Fe Pública Registral, in: 59 “Anuario de Derecho Civil” (2006), 509-656
e 61 “Anuario de Derecho Civil” (2008), 1057-1216; MENéNDEz, AuRELIO, La Buena Fe y
el Registro Mercantil, in: “Curso sobre Registro Mercantil”, 169-187, Ilustre Colegio
Nacional de Registradores, Madrid, 1972.
(70) Considera-se terceiro toda a pessoa singular ou coletiva não seja parte no facto
sujeito a registo, seu herdeiro ou representante: assim sendo, o conceito de terceiros para
efeitos de registo comercial não se confunde com o seu sentido técnico-registral tradicio-
nal (titulares de direitos opostos ou interesses incompatíveis entre si e recebidos de autor
comum) (cf. também Acórdão do STJ de 15-III-2012 (MARquES PEREIRA), in: XX “Cole-
tânea de Jurisprudência — Acórdãos do STJ” (2012), I, 136-141). Sobre a noção de ter-
ceiro para efeitos de registo, vide em geral ALMEIDA, C. FERREIRA, Publicidade e Teoria
dos Registos, 260 e ss., Almedina, Coimbra, 1966; FERNANDES, L. CARVALHO, Terceiros
Para Efeitos de Registo Predial, in: 57 “Revista da Ordem dos Advogados” (1997), 1303-
-1320; SOTTOMAyOR, M. CLARA, Invalidade e Registo: A Proteção do Terceiro Adquirente
de Boa Fé, 327 e ss., Almedina, Coimbra, 2010.
(71) Sobre a publicidade registal positiva, vide BARREAu-SALIOu, CATHERINE-THè-
O REGISTO COMERCIAL 343
RESE, Les Publicités Légales, 29 e ss., LGDJ, Paris, 1991; HOFMANN, PAuL, Das Handels-
register und seine Publizität, in: 12 “Juristische Arbeitsblätter” (1980), 264-273.
(72) No caso de se tratar de direitos, o registo pode ter assim como efeito a aquisi-
ção de direitos em desconformidade com a própria realidade substantiva subjacente — é a
chamada “aquisição tabular”, ou seja, por mero efeito do registo. Cf. infra III — 6.3.
344 JOSé ENGRáCIA ANTuNES
ceiros de boa fé, que tenham tido por base direitos substantivamente
inválidos e indevidamente inscritos no registo comercial, não são
prejudicados pela nulidade do registo que venha a ser declarada ou
pela retificação do registo que venha ser promovida posteriormente
ao registo dessa aquisição, configurando assim uma situação de
aquisição por mero efeito do registo (publicidade aquisitiva)(78).
1. Princípio da Instância
2. Princípio da Legalidade
determinados factos terem sido nele inscritos, mas vai mais longe,
assegurando a conformidade jurídico-formal e material dos factos
registados: como sublinha kARSTEN SCHMIDT, “o registo comercial
não se limita a publicitar a informação prestada pelo requerente
registal, mas assume ele próprio a responsabilidade de fornecedor
da informação”(85).
3. Princípio da Tipicidade
5. Princípio da Inoponibilidade
6. Outros Princípios
2017. uma vez mais, a ressalva feita pelo legislador no art. 14.º, n.º 4 do CRC não foi com-
pleta: com efeito, apesar de o ato de constituição dos estabelecimentos individuais de res-
ponsabilidade limitada estar sujeito a registo e publicação obrigatórios (arts. 8.º, a), 15.º,
n.º 1, 70.º, n.º 1, b) do CRC), o art. 6.º do Decreto-Lei n.º 248/86, de 25 de agosto, refere
que a falta de publicação do mesmo não impede a sua oponibilidade a terceiros que dele
tivessem conhecimento ao tempo do nascimento dos respetivos direitos.
(103) Embora alguma doutrina aceite a sua extensão a outras situações: cf. ASCEN-
SãO, J. OLIVEIRA, Direito Comercial, Vol. I, 599, AAFDL, Lisboa, 1988; CORREIA,
L. BRITO, Direito Comercial, vol. I, 330, AAFDL, Lisboa, 1987/88. Sobre tal princípio,
vide RIVERO, D. CRuz, El Principio de Prioridad en el Registro Mercantil, in: 290
“Revista de Derecho Mercantil” (2013), 693-706.
(104) LOPES, J. SEABRA, Dos Registos e Notariado, 164 e s., 7.ª ed., Almedina,
Coimbra, 2015.
O REGISTO COMERCIAL 359
2. Registos Especiais
(113) Recorde-se ainda que a informação constante do FCPC pode ser obtida atra-
vés de certidões, cópias certificadas de registo informático, informações dadas por escrito
ou através da celebração de protocolo com o IRN, nos termos dos arts. 21.º e 22.º do
RRNPC, sendo ainda que a informação constante do SICAE é de acesso público e gratuito
através de sítio da Internet com o endereço ˂www.sicae.pt˃ (Portaria n.º 311/2009,
de 30 de março).
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