Algebra 1
Algebra 1
Algebra 1
1 Conceitos Básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1 Princípio da não contradição e do terceiro excluído 7
3 Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Relações de equivalência 17
4 Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5 Anéis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.1 Conceitos Básicos 31
5.2 Anéis de Integridade e Subanéis 35
5.3 Homomorfismo de Anéis 35
5.4 Ideais 37
6 Grupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
6.1 Primeiras Propriedades 41
6.2 Grupo Simétrico 43
6.3 Subgrupos 45
6.4 Grupos Cíclicos 48
6.5 Homomorfismo de Grupos 54
6.6 Isomorfimos de grupos 57
6.7 Subgrupo Normal 59
6.8 Teorema de Lagrange 68
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5
Prefácio
Essas notas de Aula são referentes à matéria Álgebra 1, ministrada na UnB - Universidade de
Brasília - durante o 2o Semestre de 2010 pelo professor José Antônio O. de Freitas, Departamento
de Matemática. Tais notas foram transcritas e editadas pelo graduando em Ciências Econômicas
Luiz Eduardo Sol R. da Silva1 .
É livre a reprodução, distribuição e edição deste material, desde que citadas as suas fontes e
autores. Críticas e sugestões são bem vindas.
1 [email protected]
1. Conceitos Básicos
Definição 1.0.1 Uma proposição é todo conjunto de palavras ou símbolos ao qual podemos
atribuir um valor lógico.
Definição 1.0.2 Diz-se que o valor lógico de uma proposição é “verdade” (V) se a proposição
é verdadeira ou “falsidade” (F) se a proposição é falsa.
Se H, então T.
x ∈ A.
x∈
/ A.
Um conjunto sem elementos é chamado de conjunto vazio. Tal conjunto é denotado por 0.
/
Dado um conjunto A e x um elemento, ocorre sempre uma das seguintes situações:
x ∈ A ou x ∈
/ A.
Além disso, para dois elementos x, y ∈ A, ocorre exatamente uma das seguinte situações:
x = y ou x 6= y.
A = {1, 2, 3, 4, 5}
B = {verdade, f also}.
Um conjunto também pode ser dado pela descrição das propriedades dos seus elementos, como
por exemplo:
■ Exemplo 2.1 Sejam A = {1, 1, 2, 3, 4, 4}, B = {3, 2, 1, 4}, C = {1, 2, 3} e D = {2, 3}. Então de
acordo com a Definição 2.4.1 temos A = B pois todo elemento de A está em B e todo elemento de
B também está em A. Agora como 1 ∈ C e 1 ∈
/ D então C 6= D.
■ Observaçao 2.2 Dados conjuntos A e B, de acordo com a Definição 2.4.1 para que A 6= B basta
A ⊊ B.
Além disso,
se A ⊆ B e B ⊆ A, então A = B.
Neste caso, 2 ∈ A e 2 ∈
/ B, logo A ⊈ B. Por outro lado, 3 ∈ B e 3 ∈
/ A e com isso B ⊈ A. Portanto,
dados dois conjuntos A e B, nem sempre temos A ⊆ B ou B ⊆ A.
Proposição 2.4.2 Seja A um conjunto. Então 0/ ⊆ A.
Prova: Suponha que 0/ ⊈ A. Logo existe x ∈ 0/ tal que x ∈
/ A. Mas por definição, o conjunto vazio
não contém elementos. Logo a existência de x ∈ 0/ é uma contradição. Tal contradição surgiu por
termos suposto que 0/ ⊈ A. Portanto, 0/ ⊆ A, como queríamos demonstrar. ■
A ∩ B = {x | x ∈ A e x ∈ B}.
A ∩ B = {2, 3}
A ∩C = 0.
/
Definição 2.5.2 Sejam A e B dois conjuntos. Definimos a união de A com B como sendo o
conjunto A ∪ B, cujos elementos pertencem ao conjunto A ou ao conjunto B. Assim,
A ∪ B = {x | x ∈ A ou x ∈ B}.
A ∪ B = {1, 2, 3, 4}
A ∪C = {1, 2, 3, r, s,t}.
[
n
A1 ∪ A2 ∪ · · · ∪ An = Ak
k=1
é o conjunto dos elementos x tais que x pertence a pelo menos um dos conjuntos A1 , . . . , An .
Agora,
\
n
A1 ∩ · · · ∩ An = Ak
k=1
C = A t B.
A ∩ (B ∪C) ⊆ (A ∩ B) ∪ (A ∩C).
Agora para provar (2), seja x ∈ (A ∩ B) ∪ (A ∩C). Daí, x ∈ A ∩ B ou x ∈ A ∩C. Suponha que
x ∈ A ∩ B. Assim, x ∈ A e x ∈ B. Como x ∈ B, segue que x ∈ B ∪C e então x ∈ A ∩ (B ∪C),
ou seja, (A ∩ B) ∪ (A ∩C) ⊆ A ∩ (B ∪C). Agora, suponha que x ∈ A ∩C. Com isso x ∈ A e
x ∈ C. Desse modo, x ∈ B ∪C e então x ∈ A ∩ (B ∪C) e daí
(A ∩ B) ∪ (A ∩C) ⊆ A ∩ (B ∪C).
2.5 Relações entre conjuntos 13
Portanto
A ∩ (B ∪C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩C),
como queríamos.
ii) Análoga ao caso anterior.
■
Definição 2.5.5 Dados dois conjuntos A e B, definimos a diferença dos conjuntos A e B,
denotada por A − B ou A\B como sendo o conjunto
A − B = {x | x ∈ A e x ∈
/ B}.
A − B = {1, 4, 5}
B − A = {6, 8}.
(A ∪ B) −C = (A −C) ∪ (B −C).
CE (A) = {x ∈ E | x ∈
/ A}.
(A ∪ B)C ⊆ AC ∩ BC . (2.1)
AC ∩ BC ⊆ (A ∪ B)C . (2.2)
(A ∪ B)C = AC ∩ BC .
(A ∩ B)C ⊆ AC ∪ BC . (2.3)
AC ∪ BC ⊆ (A ∩ B)C . (2.4)
(A ∩ B)C = AC ∪ BC .
■
Definição 2.5.7 Dados dois conjuntos A e B, definimos o produto cartesiano de A por B
como sendo o conjunto
A × B = {(x, y) | x ∈ A, y ∈ B}.
A × A = A2 = {(x, y) | x, y ∈ A}.
De modo geral:
| ×A×
{z· · · × A} = A = {(x1 , x2 , . . . , xn ) | x1 , x2 , . . . , xn ∈ A}
n
A
n vezes
para n ≥ 2.
P(A) = {X | X ⊆ A}
Os elementos desse conjunto são todos os subconjuntos de A. Dizer que Y ∈ P(A) significa
que Y ⊆ A. Particularmente, temos 0/ ∈ P(A) e A ∈ P(A).
■ Exemplos 2.3 / P(A) = {0};
1) A = 0, /
2) B = {x}, P(B) = {0, / {x}};
3) C = {a, b, c}, P(C) = {0,/ {a}, {b}, {c}, {a, b}, {a, c}, {b, c},C};
4) D = R, P(D) = {X | X ⊆ R}, por exemplo Q ∈ P(D).
3. Relações
Quando R ⊆ A×A é uma relação de equivalência, dizemos que R é uma relação de equivalência
em A. Quando dois elementos x, y ∈ A são tais que (x, y) ∈ R, dizemos que x e y são relacionados
ou que x e y estão relacionados.
■ Exemplos 3.1 1) Seja A={1,2,3,4}. Temos
A × A ={(1, 1); (1, 2); (1, 3); (1, 4); (2, 1); (2, 2); (2, 3); (2, 4);
(3, 1); (3, 2); (3, 3); (3, 4); (4, 1); (4, 2); (4, 3); (4, 4)}.
■ Solução: De fato,
18 Capítulo 3. Relações
Definição 3.1.3 Seja R uma relação de equivalência sobre um conjunto A. Dado b ∈ A, cha-
mamos de classe de equivalência determinada por b módulo R, denotada por b ou C(b), o
subconjunto de A dado por
1 = {x ∈ A | (x, 1) ∈ R3 } = {1, 2}
2 = {x ∈ A | (x, 2) ∈ R3 } = {1, 2}
3 = {x ∈ A | (x, 3) ∈ R3 } = {3}
4 = {x ∈ A | (x, 4) ∈ R3 } = {4}
1 = {x ∈ A | (x, 1) ∈ R4 } = {1}
2 = {x ∈ A | (x, 2) ∈ R4 } = {2}
3 = {x ∈ A | (x, 3) ∈ R4 } = {3}
4 = {x ∈ A | (x, 4) ∈ R4 } = {4}
0 = {x ∈ Z | xR0} = {x ∈ Z | x − 0 = 2k, k ∈ Z}
0 = {x ∈ Z | x = 2k, k ∈ Z} = {0, ±2, ±4, ±6, . . . }
1 = {x ∈ Z | xR1} = {x ∈ Z | x − 1 = 2k, k ∈ Z}
1 = {x ∈ Z | x = 2k + 1, k ∈ Z} = {±1, ±3, ±4, ±7, . . . }
Definição 3.1.5 Seja C uma classe de equivalência de uma relação de equivalência R. Qual-
quer elemento y ∈ C é chamado representante de C.
Proposição 3.1.3 Seja A um conjunto não vazio e R uma relação de equivalência em A. Então A
é a união disjunta das classes b, b ∈ A, ou seja,
[
A= b.
b∈A
S
Prova: Para todo b ∈ A temos, pela definição de classe de equivalência, que b ⊆ A. Logo b∈A b ⊆
S S S
A. Agora seja x ∈ A. Logo x ∈ x e daí x ∈ b∈A b. Assim A ⊆ b∈A b. Portanto, A = b∈A b. ■
Definição 3.1.6 Sejam a, b ∈ Z, b 6= 0. Dizemos que b divide a quando existe um inteiro k
tal que a = bk. Nesse caso escrevemos b | a. Quando b não divide a, escrevemos b 6 |a.
Prova:
i) Para todo a ∈ Z, a ≡ a (mod m) pois m | (a − a).
ii) Se a ≡ b (mod m), então m | (a − b). Daí existe k ∈ Z, tal que (a − b) = km. Agora,
(b − a) = −(a − b) = −(km) = (−k)m, ou seja, m | (b − a). Daí b ≡ a (mod m).
iii) Se a ≡ b (mod m) e b ≡ c (mod m), então m | (a − b) e m | (b − c). Assim, m | [(a − b) +
(b − c)]. Logo, m | (a − c), isto é, a ≡ c (mod m).
Portanto a congruência módulo m é uma relação de equivalência. ■
a1 − b1 = km
a2 − b2 = lm,
isto é,
a1 = b1 + km
a2 = b2 + lm,
Assim
Proposição 3.1.7 As classes de equivalência definidas pela congruência módulo m são determi-
nadas pelos restos da divisão inteira por m. Em outras palavras, Rm (n) é o conjunto dos números
inteiros cujo resto na divisão inteira por m é n.
22 Capítulo 3. Relações
■ Exemplos 3.6 1) Se m = 2, então os possíveis restos na divisão inteira por 2 são 0 e 1. Logo,
existem duas classes de equivalência, a saber
Rm (0) = 0
Rm (1) = 1
..
.
Rm (m − 1) = m − 1
Z
O conjunto quociente desta relação será denotado por ou Zm . Assim
mZ
Z
Zm = = {0, 1, ..., m − 1}.
mZ
Queremos definir um meio de somar e multiplicar os elementos de Zm . Por exemplo, em
Z2 = {0, 1} temos que a soma de pares é par, soma de par com ímpar é ímpar e a soma de ímpares
é par. Assim podemos escrever
⊕ 0 1
0 0 1
1 1 0
⊗ 0 1
0 0 0
1 0 1
Proposição 3.1.10 As operações de soma e produto definidas em (3.1) e (3.2) são independentes
dos representantes das classes.
Prova: Dadas duas classes em Zm com representantes diferentes, a1 = a2 e b1 = b2 , com a1 6= a2
e b1 6= b2 , temos:
a1 ≡ a2 (mod m)
b1 ≡ b2 (mod m).
Daí,
a1 + b1 ≡ a2 + b2 (mod m)
a1 b1 ≡ a2 b2 (mod m)
a1 ⊕ b1 = a1 + b1 = a2 + b2 = a2 ⊕ b2 .
a1 ⊗ b1 = a1 b1 = a2 b2 = a2 ⊗ b2 .
Portanto a soma e a multiplicação não dependem dos representantes que escolhemos para as
classes de equivalência, como queríamos. ■
■ Exemplo 3.1 A soma e a multiplicação em Z4 = {0, 1, 2, 3} são dadas nas tabelas abaixo:
vi) (x ⊗ y) ⊗ z = x · y ⊗ z = (x · y) · z = x · (y · z) = x ⊗ y · z = x ⊗ (y ⊗ z).
vii) x ⊗ 1 = x · 1 = x.
■
Definição 3.1.9 Um elemento a ∈ Zm é inversível se, e somente se, existe b ∈ Zm tal que
a ⊗ b = 1. Neste caso, b é chamado inverso de a e denotaremos b = (a)−1 .
b = b ⊗ 1 = b ⊗ (a ⊗ d)
= (b ⊗ a) ⊗ d = 1 ⊗ d = d
■
Proposição 3.1.13 Um elemento a ∈ Zm é inversível se, e somente se, mdc(a, m) = 1.
■ Exemplos 3.7 1) Em Z4 existem dois elementos inversíveis que são 1, cujo inverso é 1, e o
3, cujo inverso é 3.
2) Em Z11 , todos elementos, exceto 0, possuem inverso:
Im ( f ) = { f (x) | x ∈ A} ⊆ B
é chamado imagem de f .
■ Exemplos 4.1 1) Sejam A = {0, 1, 2, 3} e B = {4, 5, 6, 7, 8}. Quais das seguintes relações
são funções?
a) R1 = {(0, 5), (1, 6), (2, 7)}
b) R2 = {(0, 4), (1, 5), (1, 6), (2, 7), (3, 8)}
c) R3 = {(0, 4), (1, 5), (2, 7), (3, 8)}
d) R4 = {(0, 5), (1, 5), (2, 6), (3, 7)}
2) R5 = {(x, y) ∈ R × R | y2 = x2 }
3) R6 = {(x, y) ∈ R × R | x2 + y2 = 1}.
4) R7 = {(x, y) ∈ R × R | y = x2 }
■ Solução: É uma função.
f (x1 ) = f (x2 )
3x1 + 1 = 3x2 + 1
3x1 = 3x2
3(x1 − x2 ) = 0.
Assim x1 − x2 = 0, isto é, x1 = x2 . Logo f é injetora.
Para determinar se f é sobrejetora seja y ∈ Z. Precisamos determinar se é possível encon-
trar algum x ∈ Z tal que f (x) = y. Ou seja, precisamos saber se a equação 3x + 1 = y tem
solução em Z para qualquer valor de y.
Se tomarmos y = 2 temos
3x + 1 = 2
3x = 1
e essa última equação não possui solução em Z. Logo para y = 2 não existe x ∈ Z de modo
que f (x) = 2. Logo f não é sobrejetora.
2) g : Q → Q dada por f (x) = 3x + 1
■ Solução: A prova que g é injetora é idêntica ao caso anterior.
A função h não é sobrejetora pois, por exemplo, para y = −1 não existe x ∈ R tal que
h(x) = −1.
27
Definição 4.0.3 Sejam f : A → B e g : B → C funções. Definimos a função composta de g
com f como sendo a função denotada por g ◦ f : A → C tal que (g ◦ f )(x) = g( f (x)) para todo
x ∈ A.
■ Exemplos 4.3 1) Sejam f : R → R e g : R → R dadas por f (x) = x2 e g(x) = x + 1. Assim
podemos definir g ◦ f e f ◦ g e
Assim em geral f ◦ g 6= g ◦ f .
2) f : R− → R∗+ e g : R∗+ → R dadas por f (x) = x2 + 1 e g(x) = ln x. Nesse caso só podemos
definir g ◦ f : R− → R e
(g ◦ f )(x1 ) = (g ◦ f )(x2 )
g( f (x1 )) = g( f (x2 )).
Como por hipótese g é injetora, dessa última igualdade segue que f (x1 ) = f (x2 ). Mas f também
é injetora, por hipótese, daí x1 = x2 , como queríamos. Portanto g ◦ f é injetora. ■
Proposição 4.0.2 Se f : A → B e g : B → C são funções sobrejetoras, então g ◦ f : A → C é
sobrejetora.
Prova: Para mostrar que g ◦ f : A → C é sobrejetora, precisamos mostrar que para todo y ∈ C,
existe x ∈ A tal que (g ◦ f )(x) = y.
Assim seja y ∈ C. Como g : B → C é sobrejetora, existe z ∈ B tal que g(z) = y. Mas z ∈ B e
f : A → B é sobrejetora e assim existe x ∈ A tal que f (x) = z. Logo
Portanto g ◦ f é sobrejetora. ■
Definição 4.0.4 Seja f : A → B uma função.
i) Dado P ⊆ A, chama-se imagem direta de P segundo f e indica-se por f (P) o subcon-
junto de B dado por
g( f (x)) = x
para todo x ∈ A. Mas f (x) = y com y ∈ B. Assim podemos tentar definir g como
Com essa definição g é uma função? Vejamos um exemplo: definida f : {0, 1, 2, 3} → {4, 5, 6, 7, 8}
por:
f (0) = 5
f (1) = 5
f (2) = 6
f (3) = 7.
g(5) = 0
g(5) = 1
g(6) = 2
g(7) = 3.
Assim g definida pela condição (4.1) não é uma função pois g atribui ao número 5 dois possí-
veis valores: 0 e 1. Isso ocorre pois f não é injetora. Vamos então redefinir f de modo a torná-la
29
injetora:
f (0) = 5
f (1) = 4
f (2) = 6
f (3) = 7.
Agora g torna-se:
g(5) = 0
g(4) = 1
g(6) = 2
g(7) = 3.
Ainda assim g não é função pois g não associa 8 ∈ B com nenhum elemento em A. Isso ocorre
pois f não é sobrejetora.
Portanto para que a condição (4.1) defina uma função é necessário que f seja bijetora. Temos
então o seguinte teorema:
∆ : A×A → A
(a, b) 7−→ a∆b
Definição 5.1.2 Seja A um conjunto não vazio no qual estão definidas duas operações binárias
⊕ e ⊗, chamadas soma e produto. Dizemos que (A, ⊕, ⊗) é um anel quando as seguintes
condições são verdadeiras:
i) Associatividade: para todos x, y, z ∈ A vale que
(x ⊕ y) ⊕ z = x ⊕ (y ⊕ z).
x ⊕ y = y ⊕ x.
iii) Elemento Neutro: Existe em A um elemento denotado por 0 (zero) ou 0A tal que para
32 Capítulo 5. Anéis
x ⊕ 0A = x = 0A ⊕ x.
x ⊕ y = 0A = y ⊕ x.
(x ⊗ y) ⊗ z = x ⊗ (y ⊗ z).
(x ⊕ y) ⊗ z = x ⊗ z ⊕ y ⊗ z.
x ⊗ (y ⊕ z) = x ⊗ y ⊕ x ⊗ z.
x ⊗ y = y ⊗ x.
x ⊗ 1 = x = 1 ⊗ x,
para todo x ∈ A, então dizemos que (A, ⊕, ⊗) é um anel com unidade ou um anel unitário.
O elemento 1A é chamado de unidade de A ou elemento neutro da multiplicação de A.
3) Se um anel (A, ⊕, ⊗) satisfaz as duas propriedades anteriores dizemos que (A, ⊕, ⊗) é um
anel comutativo com unidade ou um anel comutativo unitário.
4) Seja (A, ⊕, ⊗) um anel. Quando não houver chance de confusão com relação às operações
envolvidas diremos simplesmente que A é uma anel.
■ Exemplos 5.2 1) (Z, +, .), (Q, +, .), (R, +, .), (C, +, .), (Zm , ⊕, ⊗) são anéis comutativos e
com unidade.
2) Seja A = Z = { f : Z → Z | f é uma função}. Dadas duas funções quaisquer f , g ∈ A, defi-
nimos f ⊕ g : Z → Z e f ⊗ g : Z → Z como:
i) Para todo x ∈ Z
[( f ⊕ g) ⊕ h](x) = ( f ⊕ g)(x) + h(x) = ( f (x) + g(x)) + h(x)
= f (x) + (g(x) + h(x)) = f (x) + (g ⊕ h)(x)
= [ f ⊕ (g ⊕ h)](x)
para todos f , g e h ∈ A.
ii) Para todo x ∈ Z
( f ⊕ g)(x) = f (x) + g(x) = g(x) + f (x) = (g ⊕ f )(x),
portanto f ⊕ g = g ⊕ f para todos f , g ∈ A.
iii) 0A : Z → Z dada por 0A (x) = 0 para todo x ∈ Z. Daí para todo x ∈ Z
( f ⊕ 0A )(x) = f (x) + 0A (x) = f (x) + 0 = f (x)
para todo f ∈ A. Logo f + 0A = f para todo f ∈ A. Logo 0A é o elemento neutro da
soma em A.
iv) Dada f ∈ A, defina g : Z → Z por g(x) = − f (x) para todo x ∈ Z. Daí para todo x ∈ Z
temos
( f ⊕ g)(x) = f (x) + g(x) = f (x) + (− f (x)) = 0.
Logo g(x) = − f (x) é o oposto de f ∈ A.
v) Para todo x ∈ Z
[( f ⊗ g) ⊗ h](x) = ( f ⊗ g)(x)h(x) = ( f (x)g(x))h(x)
= f (x)(g(x)h(x)) = f (x)(g ⊗ h)(x)
= [ f ⊗ (g ⊗ h)](x)
para todos f , g e h ∈ Z.
vi) Para todo x ∈ Z
[( f ⊕ g) ⊗ h](x) = ( f ⊕ g)(x)h(x) = ( f (x) + g(x))h(x)
= f (x)h(x) + g(x)h(x) = ( f ⊗ g)(x) + (g ⊗ h)(x)
= [( f ⊗ g) ⊕ (g ⊗ h)](x)
para todos f , g e h ∈ A.
vii) Para todo x ∈ Z
[ f ⊗ (g ⊕ h)](x) = f (x)(g ⊕ h)(x) = f (x)(g(x) + h(x))
= f (x)g(x) + f (x)h(x) = ( f ⊗ g)(x) + ( f ⊗ h)(x)
= [( f ⊗ g) ⊕ ( f ⊗ h)](x)
para todos f , g e h ∈ A.
Assim (A, ⊕, ⊗) é um anel. Além disso, para todo x ∈ Z
( f ⊗ g)(x) = f (x)g(x) = g(x) f (x) = (g ⊗ f )(x)
para todos f , g ∈ A. Assim a operação ⊗ é comutativa.
Mais ainda, definindo 1A : Z → Z como 1A (x) = 1 para todo x ∈ Z temos
( f ⊗ 1A )(x) = f (x)1A (x) = f (x) · 1 = f (x)
para todo f ∈ A. Logo 1A é a unidade de A.
Portanto (A, ⊕, ⊗) é um anel comutativo com unidade.
34 Capítulo 5. Anéis
■ Observaçao 5.1 Seja (A, ⊕, ·) um anel. Para simplificar a notação vamos denotar a operação
⊕ por + e a operação ⊗ por · e assim escrever simplesmente que (A, +, ·) é um anel.
Proposição 5.1.1 Seja (A, +, ·) um anel. Então:
i) O elemento neutro é único.
ii) Para cada x ∈ A existe um único oposto.
iii) Para todo x ∈ A, −(−x) = x.
iv) Dados x1 , x2 , . . . , xn ∈ A, n ⩾ 2, então
−(x1 + x2 + · · · + xn ) = (−x1 ) + (−x2 ) + · · · + (−xn ).
v) Para todos α , x, y ∈ A, se α + x = α + y, então x = y.
vi) Para todo x ∈ A, x · 0A = 0A = 0A · x.
vii) Para todos x, y ∈ A, temos x(−y) = (−x)y = −(xy).
viii) Para todos x, y ∈ A, xy = (−x)(−y).
Prova:
i) Suponha que existam 01 , 02 ∈ A elementos neutros de A. Assim
x + 01 = x e x + 02 = x
para todo x ∈ A. Assim
01 = 01 + 02 = 02
e portanto o elemento neutro é único.
ii) De fato, dado x ∈ A suponha que existam y1 , y2 ∈ A tais que
x + y1 = 0A e x + y2 = 0A .
Daí
y1 = y2 + 0A = y1 + (x + y2 ) = (y1 + x) + y2 = 0A + y2 = y2 .
Logo o oposto de x é único e daí será denotado por −x.
iii) Dado x ∈ A, então −x é oposto de x, isto é, x + (−x) = 0A . Logo o oposto de (−x) é x, ou
seja, −(−x) = x.
iv) Segue usando indução sobre n.
v) Suponha que α + x = α + y. Seja −α o oposto de α daí
x = 0A + x
= [(−α ) + α ] + x
= (−α ) + (α + x)
= (−α ) + (α + y)
= [(−α ) + α ] + y
= 0A + y = y
como queríamos.
vi) Temos x · 0A + 0A = x · 0A = x · (0A + 0A ) = x · 0A + x · 0A . Assim do item anterior segue que
x · 0A = 0A .
vii) Provemos que x(−y) = −(xy):
x(−y) + xy = x((−y) + y) = x · 0A = 0A ,
portanto −xy = x(−y).
viii) Basta usar o caso anterior.
■
5.2 Anéis de Integridade e Subanéis 35
■ Observaçao 5.2 Se x e y são elementos não nulos de um anel A tais que xy = 0A , então x e y
são chamados de divisores próprios de zero.
■ Exemplos 5.3 1) Os anéis Z, Q, R, C são anéis de integridade.
2) Em geral Zm não é anel de integridade, por exemplo, em Z4 , 2 6= 0, no entanto 2 ⊗ 2 = 4 = 0.
3) Mn (R) não é um anel de integridade, por exemplo, em M2 (R)
1 0 0 0 0 0 0 0
A= 6= , B= 6=
0 0 0 0 1 0 0 0
0 0
AB = .
0 0
4) Suponha que m = nk, m > n > 1 e m > k > 1. Logo, em Zm , n 6= 0 e k 6= 0 e no entanto
n ⊗ k = m = 0. Logo, se m não é primo, então Zm não é um anel de integridade. Agora,
suponha que m = p primo. Sejam x, y ∈ Zm tais que x ⊗ y = 0, ou seja, xy ≡ 0 (mod p).
Daí p | xy. Logo p | x ou p | y. Portanto, x = 0 ou y = 0̄. Assim, Zm é anel de integridade se,
e somente se, m é primo.
Definição 5.2.2 Seja (A, +, ·) um anel. Dizemos que um subconjunto não vazio B ⊆ A é um
subanel de A quando (B, +, ·) é um anel.
■ Exemplos 5.4 1) Todo anel A sempre tem dois subanéis: {0A } e A, que são chamados de
subanéis triviais.
2) Em (Z4 , ⊕, ⊗) o conjunto B = {0, 2} é um subanel.
3) No anel Z, o conjunto mZ, m > 1 é um subanel de Z.
Proposição 5.2.1 Seja (A, +, ·) um anel. Um subconjunto não vazio B ⊆ A é um subanel de A se,
e somente se, x − y ∈ B e x · y ∈ B para todos x, y ∈ B.
ii) Temos 0B = f (0A ) = f (x + (−x)) = f (x) ⊕ f (−x). Assim somando − f (x) em ambos os
lados obtemos
0B ⊕ (− f (x)) = [ f (x) ⊕ f (−x)] + (− f (x))
− f (x) = f (−x) ⊕ ( f (x) ⊕ (− f (x)))
f (−x) = − f (x)
como queríamos.
■
Definição 5.3.2 Seja f : A → B um homomorfismo, onde A e B são anéis. Dizemos que
i) f é um epimorfismo se f for sobrejetora.
ii) f é um monomorfismo se f for injetora.
iii) f é um isomorfismo se f for bijetora.
iv) Quando A = B e f é um isomorfismo, então f é um automorfismo.
ker( f ) = {x ∈ A | f (x) = 0B }
f (1A ) = 1B .
ii) Se A tem unidade e x ∈ A possui inverso multiplicativo, então f (x) tem inverso e
[ f (x)]−1 = f (x−1 ).
Prova:
i) Incialmente como num anel a unidade é única, para mostrar que B possui unidade basta
mostrar que
y ⊗ f (1A ) = y = f (1A ) ⊗ y
para todo y ∈ B. Sendo assim, seja y ∈ B. Como f é sobrejetor então existe x ∈ A tal que
f (x) = y. Assim
desde que x ∈ A possua inverso multiplicativo. Sendo assim suponha que x ∈ A possui
inverso multiplicativo. Seja x−1 o inverso multiplicativo de x em A. Temos
5.4 Ideais
Definição 5.4.1 Seja (A, +, ·) um anel comutativo. Um subconjunto não-vazio I ⊆ A é cha-
mado de ideal de A se:
i) para todos x, y ∈ I, temos x − y ∈ I.
ii) Para todo α ∈ A e todo x ∈ I, temos α · x ∈ I.
I1 = {0, 2, 4, 6}
I2 = {0, 4}
Definição 5.4.2 Seja I um ideal de um anel (A, +, ·). Dados x, y ∈ A dizemos que x é congru-
ente a y módulo I quando x − y ∈ I. Neste caso, escrevemos x ≡ y (mod I).
C(y) = {y + t | t ∈ I} = y + I.
C(x) = x + I1 = {x + 0} = {x}.
A
Assim = {x + I | x ∈ A}, logo existem tantas classes de equivalência quantos forem
I1
os elementos de A.
5.4 Ideais 39
Teorema 5.4.3 Seja (A, +, ·) um anel comutativo e com unidade. Então, se I é um ideal de A, o
A
quociente com as operações ⊕ e ⊗ é um anel comutativo e com unidade. O elemento neutro
I
da soma é a classe 0A + I e a unidade do produto é 1A + I.
6. Grupos
Nas considerações que faremos a seguir uma operação binária f sobre A que associa a cada
par ordenado (x, y) ∈ A × A um elemento f (x, y) ∈ A será denotada simplesmente por ∗. Assim
escreveremos f (x, y) = x ∗ y. Por exemplo a operação ∗ : N × N → N tal que x ∗ y = xy está bem
definida pois xy ∈ N sempre que x, y ∈ N. Observe que esta operação não pode ser definida em Z
pois por exemplo 2−1 ∈ / Z. Também não pode ser definida em Q pois 21/2 ∈ / Q.
Definição 6.1.2 Seja G um conjunto não vazio no qual está definida uma operação binária ∗
tal que:
i) Para todos x, y, z ∈ G:
(x ∗ y) ∗ z = x ∗ (y ∗ z)
x∗e = x = e∗x
x∗y = e = y∗x
■ Observaçao 6.1 Quando ∗ é uma soma, dizemos que (G, ∗) é um grupo aditivo. Se ∗ é uma
multiplicação, dizemos que (G, ∗) é um grupo multiplicativo.
Além disso, quando não houver chance de confusão com relação à operação do grupo (G, ∗)
42 Capítulo 6. Grupos
x∗y = y∗x
para todos x, y ∈ G.
S = { f : A → A | f é bijetora}
com a composição de funções ◦. Como Id : A → A tal que Id(x) = x para todo x ∈ A é uma função
bijetora então S 6= 0.
/ Agora sejam f , g e h ∈ S . Para todo x ∈ A temos
Logo ( f ◦ g) ◦ h = f ◦ (g ◦ h).
Agora da Proposição 4.0.6 sabemos que para toda f ∈ S
f ◦ Id = f = Id ◦ f ,
logo Id é o elemento neutro da composição. Além disso, para toda f ∈ S existe g ∈ S tal que
f ◦ g = Id = g ◦ f
Id : A → A f :A→A
Id(1) = 1 f (1) = 2
Id(2) = 2 f (2) = 1
◦ Id f
Id Id f
f f Id
Id : A → A f1 : A → A
Id(1) = 1 f1 (1) = 2
Id(2) = 2 f1 (2) = 1
Id(3) = 3 f1 (3) = 3
44 Capítulo 6. Grupos
f2 : A → A f4 : A → A
f2 (1) = 3 f4 (1) = 2
f2 (2) = 2 f4 (2) = 3
f2 (3) = 1 f4 (3) = 1
f3 : A → A f5 : A → A
f3 (1) = 1 f5 (1) = 3
f3 (2) = 3 f5 (2) = 1
f3 (3) = 2 f5 (3) = 2
Definição 6.2.2 Seja (G, ∗) um grupo. Se G é um conjunto com uma quantidade finita de
elementos, dizemos que G é um grupo finito. Denotamos por |G| o número de elementos de G
e que será chamado de ordem de G ou cardinalidade de G. Quando o conjunto G não é finito,
dizemos que G é um grupo infinito.
6.3 Subgrupos
Definição 6.3.1 Seja (G, ∗) um grupo. Um subconjunto não vazio H ⊆ G é chamado de
subgrupo de G se, e somente se, (H, ∗) é um grupo.
H1 = {1, 3}
H2 = {1, 5}
H3 = {1, 7}
são subgrupos de G.
4) Considere o grupo aditivo M2 (R). Então o conjunto
a b
H= ∈ M2 (R) | a + d = 0
c d
é um subgrupo de M2 (R).
Seja (G, ∗) um grupo. Para simplificar a escrita vamos adotar uma notação multiplicativa e
escrever (G, ∗) = (G, ·). Assim, dados x, y ∈ G vamos denotar
x ∗ y = x · y = xy.
para todos x, y ∈ G.
i) A relação definida em (6.1) é uma relação de equivalência.
ii) Se a ∈ G, então a classe de equivalência determinada por a é o conjunto
aH = {al | l ∈ H}.
Prova:
46 Capítulo 6. Grupos
e = x−1 x
x−1 y ∈ H.
Isto é,
x−1 y = l
x−1 y ∈ H
y−1 z ∈ H
(x1 y)(y−1 z) ∈ H
x−1 (yy−1 )z ∈ H
x−1 z ∈ H.
Ou seja, x ∼ z.
Portanto, ∼ é uma relação de equivalência sobre G.
ii) Seja a ∈ G. Agora, por definição a classe de equivalência de a é dada por
a = {x ∈ G | x ∼ a}.
aH = {al | l ∈ H}.
x−1 a = l.
y = at.
Então
ya−1 = t ∈ H.
Logo a ∈ y, ou seja, yx ∈ a.
Portanto a = aH, como queríamos.
6.3 Subgrupos 47
■
Proposição 6.3.3 Seja H um subgrupo de um grupo G. Então duas classes laterais quaisquer
módulo H são subconjuntos de G que possuem a mesma cardinalidade, isto é, a mesma quantidade
de elementos.
Prova: Seja H um subgrupo de um grupo G. Dados a, b ∈ G para mostrar que aH e bH possuem a
mesma cardinalidade vamos mostrar que sempre é possível definir uma função bijetora entre esses
conjuntos, quaisquer que forem a e b ∈ G.
Para isso, defina f : aH → bH por f (al) = bl, para l ∈ H. Mostremos que f é bijetora, isto é,
que f é injetora e sobrejetora.
Para mostrar que f é injetora, sejam al1 , al2 ∈ aH tais que
f (al1 ) = f (al2 ).
Daí
bl1 = bl2
b (bl1 ) = b−1 (bl2 )
−1
l1 = l2 ,
f (at) = bt,
isto é, f é sobrejetora.
Portanto f é bijetora e com isso aH e bH têm a mesma cardinalidade, como queríamos. ■
■ Observaçao 6.2 Da proposição anterior, sabemos que duas classes de equivalência posssuem
eH = {el | l ∈ H} = H.
Definição 6.3.2 Para cada a ∈ G, a classe de equivalência aH definida pela relação de equiva-
lência (6.1) é chamada de classe lateral à direita, módulo H, determinada por a.
■ Exemplos 6.4 1) No grupo multiplicativo G = {1, −1, i, −i}, onde i2 = −1. Considere o
conjunto H = {1, −1}. Então H é um sugbrupo de G e as classes laterais serão:
1H = H = {1, −1}
iH = {il | l ∈ H} = {i, −i}.
1H = H = {x ∈ R∗ | x > 0}
aH = {al | l ∈ H}.
aH = H
48 Capítulo 6. Grupos
aH = {x ∈ R∗ | x < 0}.
Com isso existem somente duas classes laterais que são: H e aH, para a < 0.
3) Considere agora o grupo simétrico G = S3 . Denote por
1 2 3 1 2 3
a= , b= .
2 3 1 1 3 2
Fica como exercício verificar que {e, a, a2 , b, ba, ba2 } = S3 . Aqui e é a função identidade,
a2 = a ◦ a, ba = b ◦ a e ba2 = b ◦ (a ◦ a). Seja H = {e, a, a2 }. Então H é subgrupo de S3 e as
classes laterais serão:
eH = H
bH = {bl | l ∈ H} = {b, ba, ba2 }.
x ∗ y = x · y = xy.
xm
e definido por:
e, se m = 0,
m
x = xm−1 x, se m ≥ 1,
−m −1
(x ) , se m < 0.
1 1
A= .
2 3
6.4 Grupos Cíclicos 49
Então:
0 1 0
A =
0 1
A1 = A
1 1 1 1 3 4
A = A·A =
2
· =
2 3 2 3 8 11
3 −1
A−1 =
−2 1
−2 2 −1 11 −4
A = (A )
−8 3
m·x
e definido por:
e, se m = 0,
m · x = (m − 1) · x + x, se m ≥ 1,
−[(−m) · x], se m < 0.
Definição 6.4.3 Seja G um grupo multiplicativo e x ∈ G. Denote por [x] o seguinte conjunto
[x] = {xm | m ∈ Z} ⊆ G.
Então
xm = xm−1 x
= x| · x{z· · · }x
m vezes
G = [x].
[ f ] = { f m | m ∈ Z} = {e, f , f 2 }.
xα = b.
H = [b].
52 Capítulo 6. Grupos
t = qα + r
y = xt = xqα +r = (xα )q xr .
xr = b−q y ∈ H
pois b−q , y ∈ H. Ou seja, xr ∈ H. Mas α é o menor inteiro positivo tal que xα ∈ H e r < α . Logo
r = 0 e com isso
H = [b]
como queríamos. ■
Definição 6.4.5 Seja G um grupo com elemento neutro e. Dado x ∈ G se existir um inteiro
h > 0 tal que
i) xh = e
ii) xr 6= e qualquer que seja o inteiro r tal que 0 < r < h
diremos que a ordem ou período de x é h. Nesse caso escreveremos |x| = o(x) = h.
Se para qualquer inteiro r 6= 0, xr 6= e, diremos que a ordem de x é zero.
i1 = i
i2 = −1
i3 = −i
i4 = 1
• o(−i) = 4
• o(2i) = 0 pois para todo r > 0 temos (2i)r = 2r ir e 2r 6= 1 para todo r > 0.
2) Em S3 temos, por exemplo, para
1 2 3
a=
2 1 3
que
a 6= e
1 2 3 1 2 3 1 2 3
2
a = ◦ =
2 1 3 2 1 3 1 2 3
6.4 Grupos Cíclicos 53
e então o(a) = 2.
Agora para
1 2 3
b=
3 1 2
temos
b 6= e
1 2 3 1 2 3 1 2 3
2
b = ◦ =
3 1 2 3 1 2 2 3 1
1 2 3 1 2 3 1 2 3
b3 = b2 ◦ b = ◦ =
2 3 1 3 1 2 1 2 3
e assim o(b) = 3.
3) Em Z5 com a soma temos
• o(0) = 1
• o(1) = 5 pois
1 6= 0
1 + 1 6= 0
1 + 1 + 1 6= 0
1 + 1 + 1 + 1 6= 0
1+1+1+1+1 = 0
De modo semelhante chega-se à conclusão que
o(2) = o(3) = o(4) = 5.
4) Em Z o único elemento de ordem diferente de zero é o elemento neutro.
Proposição 6.4.5 Seja x um elemento de ordem h > 0 de um grupo G. Então xm = e se, e somente
se, h | m.
Prova: Precisamos mostrar que
i) Se xm = e, então h | m.
ii) Se h | m, então am = e.
Para provar ii) suponha que o(x) = h e que h | m. Daí existe l ∈ Z tal que m = hl. Logo
xm = xhl = (xh )l = el = e
pois h(x) = h.
Agora para provar i) suponha que o(x) = h e que am = e. Como h > 0, podemos efetuar a
divisão inteira de m por h. Assim
m = hq + r
com 0 ≤ r < h.
Daí
e = xm = xhq+r = xh qxr = (xh )q xr = eq xr = xr .
Assim xr = e. Mas o(x) = h e 0 ≤ r < r. Logo r = 0 e então
m = hq,
ou seja, h | m, como queríamos. ■
54 Capítulo 6. Grupos
f (x ∗ y) = f (x)4 f (y)
para todos x, y ∈ G.
para todos x, y ∈ Z.
2) A função f : R∗+ → R dada por f (x) = ln(x) é um homomorfismo de (R∗+ , ·) em (R, +). De
fato,
para todos x, y ∈ R∗+ . Além disso, como ln(x) é uma função bijetora, então f é um isomor-
fismo de grupos.
3) Sejam m um inteiro positivo fixo. A função f : Z → Zm definida por f (x) = x é um homo-
morfimos de (Z, +) em (Zm , ⊕). De fato,
f (x + y) = x + y = x + y = f (x) + f (y).
Seja f (1G )−1 o inverso de f (1G ) em H, assim operando nessa última igualdade, pela es-
querda, com f (1G )−1 obtemos
f (1G ) = 1H ,
como queríamos.
6.5 Homomorfismo de Grupos 55
ii) Seja x ∈ G. Como num grupo o inverso de um elemento é único, basta mostrar que
f (x)4 f (x−1 ) = 1H
f (x−1 )4 f (x) = 1H .
De fato,
Logo
[ f (x)]−1 = f (x−1 )
como queríamos.
■
Proposição 6.5.2 Sejam I é um subgrupo de G e f : G → H um homomorfismo de grupos. Então
f (I) é um subgrupo de H.
Prova: Como I é um subgrupo de G, então 1G ∈ G. Agora f é um homomorfismo, logo f (1G ) =
1H ∈ f (I) e assim f (I) 6= 0.
/
Agora, dado y ∈ f (I) precisamos mostrar que y−1 ∈ f (I). Mas se y ∈ f (I), então y = f (x) com
x ∈ I. Daí
ker( f ) = {x ∈ G | f (x) = 1H }.
Proposição 6.5.3 Sejam (G, ∗), (H, 4) grupos e f : G → H um homomorfismo de grupos. Então:
56 Capítulo 6. Grupos
i) ker( f ) é um subgrupo de G.
ii) f é um monomorfismo se, e somente se, ker( f ) = {1G }.
Prova:
/ Se x ∈ ker( f ), então f (x−1 ) =
i) Como f (1G ) = 1H , então 1G ∈ ker( f ) e com isso ker( f ) 6= 0.
−1 −1 −1
[ f (x)] = 1H = 1H e daí x ∈ ker( f ). Finalmente se x, y ∈ ker( f ), então f (x ∗ y) =
f (x)4 f (y) = 1H 41H = 1H , ou seja, x ∗ y ∈ ker( f ).
Portanto ker( f ) é um subgrupo de G.
ii) Suponha que f é um monomorfismo de grupos. Tome x ∈ ker( f ). Temos f (x) = 1H = f (1G )
e como f é injetora x = 1G . Logo ker( f ) = {1G }.
Agora suponha que ker( f ) = {1G }. Sejam x, y ∈ G tais que
f (x) = f (y)
f (x)4 f (y)−1 = 1H
f (x)4 f (y−1 ) = 1H
f (x ∗ y−1 ) = 1H
f −1 (y1 ) = x1
f −1 (y2 ) = x2 .
Com isso
Temos
Defina σ : G → S2 por
σ (1) = id
σ (−1) = f .
Seja H = [ f ]. Então H ∼
= Z6 , onde ϕ : H → Z6 dada por ϕ ( f k ) = k é um isomorfimo de
grupos.
Proposição 6.6.2 Sejam G e H grupos multiplicativos. Seja f : G → H é um isomorfimos de
grupos. Então x ∈ G é tal que o(x) = h se, e somente se, o( f (x)) = h.
Seja G = [a] um grupo cíclico. Dois casos podem ocorrer:
Caso 1: ar 6= as sempre que r 6= s.
58 Capítulo 6. Grupos
Um exemplo desse caso é o grupo cíclico G = [3] no grupo multiplicativo (Q∗ , ·). Aqui, para
todos r 6= s temos 3r 6= 3s . Além disso, é imediato verificar que a função
f :Z→G
f (x) = 3x
G = [2] = {k · 2 | k ∈ Z}.
Aqui temos
6 · 2 = 12 · 2.
Proposição 6.6.4 Seja G = [a] um grupo cíclico que cumpre a condição do Caso 2. Então existe
um inteiro m > 0 tal que
i) am = e
ii) al 6= e, sempre que 0 < l < m.
Nesse caso, a ordem do grupo G é m e
Prova: Como ar = as para r e s distintos podemos supor sem nenhum prejuízo que r > s. Então
r−s > 0 e
am = e. (6.2)
am = e
am+1 = a
am+2 a2
..
.
am+m = e
6.7 Subgrupo Normal 59
a0 , a1 , a2 , . . . , am−1
não há repetições de elementos. Assim al 6= e para todo 0 < l < m, o que prova (ii).
Agora seja x ∈ G = [a]. Então x = at para algum t ∈ Z. Efetuando a divisão inteira de t por m
obtemos
t = qm + r
Corolário 6.6.5 Seja G = [a] um grupo cíclico de ordem finita igual a m. Então a função
f : Zm → G dada por f (x) = ax é um isomorfimo de grupos.
Prova: Basta mostrar que a função f : Zm → G dada por f (x) = ax é um isomorfimo de grupos.
■
S3 = {Id, f , f 2 , g, g f , g f 2 }.
IdH = H
f H = { f , f g} = { f , g f 2 } = (g f 2 )H
f 2 H = { f 2 , f 2 g} = { f 2 , g f } = (g f )H.
Logo
S3 /H = {H, f H, f 2 H}.
Defina em S3 /H a operação
(xH)(yH) = (xy)H,
60 Capítulo 6. Grupos
f H = (g f 2 )H
f 2 H = (g f )H.
Temos
( f H)( f 2 H) = ( f f 2 )H = f 2 H = H
[(g f 2 )H][(g f )H] = [(g f 2 )(g f )]H = [g( f 2 g) f ]H = [g(g f ) f ]H = [(gg)( f f )]H = f 2 H.
Com isso
ou seja essa operação não está bem definida em S3 /H. Isto ocorre pois
f H = { f , g f 2 } 6= { f , g f } = H f .
Portanto nem sempre é possível transformar o conjunto S3 /H em um grupo. Para tal é preciso
introduzir um novo conceito.
Sejam (G, ·) um grupo, denotado multiplicamente para fins de simplificação, e A e B subcon-
juntos de G. Vamos indicar por
AB
AB = 0,
/ se A = 0/ ou B = 0/
AB = {xy | x ∈ A e y ∈ B}, se A 6= 0/ e B 6= 0.
/
Assim o produto de A por B é uma operação sobre o subconjuntos das partes de G, P(G),
chamada de multiplicação de subconjuntos de G.
Como G é associativo, então a multiplicação de subconjuntos também será associativa. Além
disso, caso o grupo G seja comutativo, então multiplicação de subconjuntos também será comu-
tativa.
■ Exemplos 6.11 1) Seja G = {e, a, b, c} o grupo tal que
”
6.7 Subgrupo Normal 61
xN = Nx.
IdH = H = HId
f H = { f , f 2 , Id} = H f
f 2 H = { f 2 , Id, f } = H f 2
gH = {g, g f , g f 2 } = Hg
(g f )H = {g f , g f 2 , g} = H(g f )
(g f 2 )H = {g f 2 , g, g f } = H(g f 2 ).
Portanto
xH = Hx
para todo x ∈ S3 . Logo H é um subgrupo normal de S3 .
2) Se G é um grupo abeliano, então todo subgrupo de G é normal.
■ Solução: De fato, como G é abeliano então
xy = yx
para todos x, y ∈ G. Daí se N é um sugrupo de G, então para todo x ∈ G temos
xN = {xt | t ∈ N} = {tx | t ∈ N} = Nx.
Portanto N é um subgrupo normal de G.
62 Capítulo 6. Grupos
3) Seja H um subgrupo de G tal que H possui somente duas classes laterais. Então H é um
subgrupo normal de G.
■Solução: De fato, como as classes laterais à direita são duas: H e xH, onde x ∈
/ H. Então
xH = CG (H) pois G = H ∪ xH e H ∩ xH = 0. /
Agora as classes laterais à esquerda também são somente duas: H e Hx, onde x ∈ / H. Então
Hx = CG (H) pois G = H ∪ Hx e H ∩ Hx = 0. /
Portanto xH = Hx para todo x ∈ G, isto é, H é um subgrupo normal de G.
Proposição 6.7.1 Seja G um grupo. Se H e L são subgrupos normais de G, então H ∩ L é um
subgrupo normal de G.
Prova: Precisamos mostrar que
x(H ∩ L) = (H ∩ L)x
y = xt
y = h1 x
y = l1 x.
Donde segue que h1 = l1 . Assim y = kx com k ∈ H ∩ L, isto é, y ∈ x(H ∩ L). Com isso obtemos
que x(H ∩ L) ⊆ (H ∩ L)x.
Agora seja z ∈ (H ∩ L)x. Então z = rx com r ∈ H ∩ L. Ou seja, z ∈ xH e ∈ Lx. Novamente,
usando a hipótese que H e L são subgrupos normais, obtemos que z ∈ xH e z ∈ xL. Com isso
z = xh2
z = xl2
com h2 ∈ H e l2 ∈ L. Assim devemos ter h2 = l2 o que nos leva à conclusão que z = xu com
u ∈ H ∩ L. Daí z ∈ x(H ∩ L) e com isso (H ∩ L)x ⊆ x(H ∩ L).
Portanto
x(H ∩ L) = (H ∩ L)x
(aN)(bN) = (ab)N.
α = an1
β = bn2 .
Então
Mas por hipótese, N é um subgrupo normal de G e então bN = Nb. Assim como n1 b ∈ Nb = bN,
existe n3 ∈ N tal que
n1 b = bn3 .
Com isso
(aN)(bN) = (ab)N,
como queríamos. ■
Seja N um subgrupo normal de um grupo G, onde e denota o elemento neutro de G. Denote
por
G/N = {aN | a ∈ G}
(aN)(bN) = (ab)N
aN = xN
bN = yN.
(aN)(bN) = (xN)(yN).
Mas
(aN)(bN) = (ab)N
(xN)(yN) = (xy)N
z = (ab)n = a(bn), n ∈ N.
Mas, por hipótse bN = yN, então yN = Ny assim bn = yn1 . Além disso, N é um subgrupo normal
de G então yN = Ny e daí yn1 = n2 y. Então
Mas N é um subgrupo normal, com isso yN = Ny e então podemos escrever n3 y = yn4 . Logo
essa última igualdade nos diz que z ∈ (xy)N e então (ab)N ⊆ (xy)N.
Agora seja v ∈ (xy)N. Daí existe r ∈ N tal que v = (xy)r. Aqui repetindo os passos do caso
anterior, usando que N é um subgrupo normal e que aN = xN e que bN = yN podemos escrever
(ab)N = (xy)N,
ou seja,
■ Exemplos 6.13 1) Seja G = {1, −1, i, −i} um grupo e N = {1, −1}. Como G é um grupo
abeliano então N é um subgrupo normal de G. Assim podemos definir o grupo quociente
G/N. As classes laterais de N são
1N = N
iN = {it | t ∈ N} = {i, −i}.
Assim
0+H = H
1 + H = {1 + t | t ∈ H} = {1, 4}
2 + H = {2 + t | t ∈ H} = {2, 5}.
Daí
Z6 /H = {H, 1 + H, 2 + H}
Tabela 6.5: Z6 /H
⊕ H 1+H 2+H
H H 1+H 2+H
1+H 1+H 2+H H
2+H 2+H H 1+H
então
S3 = {Id, f , f 2 , g, g f , g f 2 }.
IdH = H
gH = {g, g f , g f 2 }
então H é um subgrupo normal de S3 . Assim podemos definir o grupo quociente S3 /H, onde
S3 /H = {H, gH}.
Temos
Tabela 6.6: S3 /H
◦ H gN
H H gN
gN gN H
66 Capítulo 6. Grupos
Z/N ∼
= Zm
onde
N = ker(ρm ).
Mas
Agora ρm (x) = 0 se, e só se, x ≡ 0 (mod m). O que ocorre se, e só se, x = mk com k ∈ Z. Assim
temos
Logo
Z/N = Z/mZ ∼
= Zm .
G/H = {aH | a ∈ G}
é finito.
O número de elementos de G/H é chamado de índice de H em G e será denotado por
[G : H] = |G/H|.
Teorema 6.8.1 Seja G um grupo finito. Se H ⊆ G é um subgrupo, então |H| divide |G|.
[G : H] = r.
Assim
G/H = {a1 H, a2 H, · · · , ar H}
com
ai H ∩ a j H = 0/
G = a1 H ∪ a2 H ∪ · · · ∪ ar H
6.8 Teorema de Lagrange 69
que n||G|. Diz apenas que se H é subgrupo de G, então |H| divide |G|. Por exemplo, no grupo S4
considere o seguinte subconjunto:
1 2 3 4 1 2 3 4
L= , .
1 2 3 4 1 3 4 2
Observe que o número de elementos de L divide |S4 | = 4! = 24 mas L não é um subgrupo de S4
pois
−1
1 2 3 4 1 2 3 4
= ∈/ L.
1 3 4 2 1 4 2 3
Corolário 6.8.2 Seja G um grupo finito. Então a ordem de um elemento x ∈ G divide a ordem
de G e o quociente é [G : H], onde H = [x].
Prova: A ordem de x ∈ G é igual à ordem do subgrupo H = [x]. Assim, pelo Teorema de Lagrange
(6.8.1), o(H)|o(G) e
o(G) = [G : H]o(H),
ou seja,
o(x)|o(G)
como queríamos. ■
xo(G) = e,
Corolário 6.8.4 Seja G um grupo finito cuja ordem é um número primo. Então G é um grupo
cíclico e os únicos subgrupos de G são os triviais, ou seja, {e} e G.
Prova: Seja o(G) = p, com p primo. Assim p > 1 e daí existe x ∈ G com x 6= e. Seja H = [x]. Do
Teorema de Lagrange (6.8.1) segue que
o(H)|p.
G = H = [x]
e assim G é cíclico.
Agora seja J um subgrupo de G. Daí Teorema de Lagrange (6.8.1) segue que
o(J)|o(G) = p.
[4] G. Birkhoff, S. MacLane: Álgebra Moderna Básica, 4ł Ed., Guanabara Dois, 1980