Introdução À Algebra Linear 2 - Hamilton UFMG EAD
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8 de agosto de 2018
Sumário
2 Espaços Vetoriais 32
2.1 O espaço ℝ𝑛 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.2 O espaço ℂ𝑛 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.3 Espaços Vetoriais Abstratos . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.4 Subespaços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.5 Base e Dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.6 Obtenção de Bases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.7 Representação de um Vetor em uma Base . . . . . . . . . 57
2.8 Somas Diretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.9 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3 Produto Interno 66
3.1 Propriedades Básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.2 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.3 Bases Ortonormais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.4 Ortogonalização de Gram-Schmidt . . . . . . . . . . . . . 76
3.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4 Aplicações Lineares 84
4.1 Teorema do Núcleo e da Imagem . . . . . . . . . . . . . . 84
4.2 Aplicações Lineares e Matrizes . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.3 Composição e Multiplicação . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.4 Espaço Linha e Espaço Coluna . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.5 Sistemas Lineares, Pivôs e Variáveis Livres . . . . . . . . 107
4.6 Bases Ortogonais e Aplicações Lineares . . . . . . . . . . 109
4.7 O Teorema de Representação de Riesz . . . . . . . . . . . 111
4.8 A Adjunta de uma Aplicação Linear . . . . . . . . . . . . 112
4.9 Decomposições Ortogonais de Espaços . . . . . . . . . . 114
4.10 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
iii
5 Diagonalização 121
5.1 Subespaços Invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
5.2 Autovalores e Autovetores . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
5.3 Autovetores e Diagonalização . . . . . . . . . . . . . . . 126
5.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
1
2 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
(𝑧1 )𝑚 = 𝑧𝑚
1 = (𝑧 1 𝑧1 … 𝑧 1 )
⏟⏟⏟⏟⏟⏟⏟⏟⏟
m vezes
É fácil verificar que, se 𝑚, 𝑛 ∈ ℕ, então (𝑧𝑚 𝑛 𝑚𝑛 𝑚 𝑚 𝑚
1 ) = 𝑧1 e (𝑧1 𝑧2 ) = 𝑧1 𝑧2 .
Uma vez que 𝑧𝑚1 = 0 implica 𝑧1 = 0, podemos definir, para 𝑧1 ≠ 0
𝑧−𝑚 𝑚
1 = 1/𝑧1 .
ℜ𝔢 𝑧 = 𝑎 ∈ ℝ e ℑ𝔪 𝑧 = 𝑏 ∈ ℝ,
𝑧 ̄ = 𝑎 + 𝑏𝑖 = 𝑎 − 𝑏𝑖 = ℜ𝔢 𝑧 − (ℑ𝔪 𝑧)𝑖
𝑧1̄ = 1 − 𝑖
|𝑧2 | = √12 + (−2)2 = √5
𝑧1 1+𝑖 (1 + 𝑖)(1 + 2𝑖) −1 − 𝑖
= = =
𝑧2 1 − 2𝑖 √5 √5 ⊲
Exercício 1.1 Mostre que as seguintes propriedades são verdadeiras para quaisquer números com-
plexos:
(a) 𝑧 + 𝑧 ̄ = 2ℜ𝔢 𝑧;
(b) 𝑧 − 𝑧 ̄ = 2(ℑ𝔪 𝑧)𝑖;
(c) 𝑧1 + 𝑧2 = 𝑧1̄ + 𝑧2̄ ;
(d) 𝑧1 𝑧2 = 𝑧1̄ 𝑧2̄ ;
(e) 𝑧 ̄ = 𝑧;
(f) |ℜ𝔢 𝑧| ≤ |𝑧|;
(g) |ℑ𝔪 𝑧| ≤ |𝑧|;
(h) |𝑧| = |𝑧|;
̄
(i) |𝑧1 𝑧2 | = |𝑧1 | |𝑧2 |
4 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
De fato,
Exercício 1.2 Utilizando as propriedades enunciadas no Exercício 1.1, justifique cada passagem
feita no Exemplo anterior.
1.2 Matrizes
Uma matriz 𝑚×𝑛 (com 𝑚, 𝑛 ∈ ℕ = {1, 2, …}) é uma tabela de escalares
(reais ou complexos), dispostos em 𝑚 linhas e 𝑛 colunas:
⎛2⎞
𝐶 = (1 2 3 5 7 ) e 𝐷 = ⎜4⎟
⎜ ⎟
⎝8⎠
são, respectivamente, uma matriz linha 1 × 5 e uma matriz coluna 3 × 1.
Matrizes 1 × 1 podem ser identificadas com números em 𝕂.
A transposta de uma matriz 𝐴, que será denotada por 𝐴𝒕 , é obtida de
𝐴 ao trocar sua linha por suas colunas. Sendo mais preciso, se 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ),
então
𝐴𝒕 = (𝑎𝑗𝑖 ).
Assim, a transposta da matriz 𝐵 (definida anteriormente) é a matriz
⎛2 7 17⎞
𝐵 = ⎜3 11 19⎟ ,
𝒕
⎜ ⎟
⎝5 13 23⎠
enquanto a transposta da matriz coluna 𝐷 (também definida anteriormente)
é a matriz linha
𝐷 𝒕 = (2 4 8 ) .
A conjugada 𝐴̄ de uma matriz 𝐴 é obtida ao se tomar o conjugado de
cada entrada da matriz 𝐴. Por exemplo, se
⎛ 5 𝑖 1 − 𝑖⎞
𝐴 = ⎜ −𝑖 3 3𝑖 ⎟
⎜ ⎟
⎝1 + 𝑖 −3𝑖 2 ⎠
então
⎛ 5 −𝑖 1 + 𝑖⎞
𝐴̄ = ⎜ 𝑖 3 −3𝑖 ⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 − 𝑖 3𝑖 2 ⎠
É claro, se 𝐴 for uma matriz real, então 𝐴̄ = 𝐴.
Denotaremos por 𝐴∗ a matriz transposta conjugada da matriz 𝐴: 𝐴∗ =
𝒕̄
𝐴 . No caso da matriz 𝐴 dada acima, temos
⎛ 5 𝑖 1 − 𝑖⎞
𝐴∗ = ⎜ −𝑖 3 3𝑖 ⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 + 𝑖 −3𝑖 2 ⎠
6 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
2 3 5 ⎛3 5⎞
𝐸= 𝐹 = ⎜11 13⎟ e 𝐺 = (2)
(7 11 13) ⎜ ⎟
⎝19 23⎠
Mas uma matriz pode ser concebida de duas outras maneiras: como uma
linha de matrizes coluna ou como uma coluna de matrizes linha. Assim, a
matriz 𝐴 que antes definimos pode ser entendida nas formas
⎛ ℓ1 ⎞
𝐴 = (𝒄1 𝒄2 … 𝒄𝑛 ) = ⎜ ⋮ ⎟ , (1.2)
⎜ ⎟
⎝ℓ𝑚 ⎠
em que
⎛ 𝑎1𝑗 ⎞
𝒄𝑗 = ⎜ ⋮ ⎟ e ℓ𝑖 = (𝑎𝑖1 𝑎𝑖2 ⋯ 𝑎𝑖𝑛 ).
⎜ ⎟
⎝𝑎𝑚𝑗 ⎠
(Outra maneira de interpretar uma matriz será apresentada no Capítulo 4.)
1 𝜋 𝑒3 √5 1 3
𝐴= e 𝐵= .
(2 √2 1 ) ( 1 √2 𝑖 )
Então
1 + √5 1 + 𝜋 3 + 𝑒 3 𝜋 𝜋 2 𝜋𝑒3
𝐴+𝐵 = e 𝜋𝐴 = .
( 3 2 √2 1 + 𝑖 ) (2𝜋 √2𝜋 𝜋 )
⊲
que é lida como somatório com 𝑘 variando de 1 até 𝑛 de 𝑎𝑖𝑘 𝑏𝑘𝑗 . O símbolo
∑𝑛𝑘=1 indica uma soma de 𝑛 parcelas, obtidas ao variar o índice 𝑘 de 1 até
𝑛.
⎛ 𝑎11 𝑎12 … 𝑎1𝑛 ⎞ 𝑏11 … 𝑏1𝑗 … 𝑏1𝑝
⎜ ⋮ ⋮ ⋮ ⎟⎛ ⎞
⎜ 𝑎𝑖1 𝑎12 … 𝑎𝑖𝑛 ⎟ ⎜ ⎜𝑏21 … 𝑏2𝑗 … 𝑏 2𝑝 ⎟
.
⎜ ⎟⎜ ⋮ ⋮ ⋮⎟
⎟
⎜ ⋮ ⋮ ⋮ ⎟
⎝𝑏𝑛1 … 𝑏𝑛𝑗 … 𝑏𝑛𝑝 ⎠
𝑎 𝑎
⎝ 𝑚1 𝑚2 … 𝑎 𝑚𝑛 ⎠
Entradas correspondentes da linha 𝑖 de 𝐴 e coluna 𝑗 de 𝐵 são multiplicadas
e todos esses produtos então somados.
⎛1 2 3 4 ⎞
−1 2 √2
𝐴= e 𝐵 = ⎜2 2 2 2 ⎟ .
( 𝜋 1 2 ) ⎜ ⎟
⎝4 3 2 1 ⎠
Como o número de colunas de 𝐴 é igual ao número de linhas de 𝐵, o produto
𝐴𝐵 está definido e resulta em uma matriz 2 × 4:
1 1 1 1
𝐴= e 𝐵= .
(1 1) (−1 −1)
Então temos
0 0 2 2
𝐴𝐵 = e 𝐵𝐴 = ,
(0 0) (−2 −2)
Exercício 1.6 Seja 𝐴 uma matriz 𝑛 × 𝑛. Suponha que estejam definidos os produtos 𝐴𝐵 e 𝐵𝐴.
Justifique: 𝐵 também é uma matriz 𝑛 × 𝑛.
⎛1 0 ⋯ 0⎞
⎜0 1 ⋯ 0⎟
I𝑛 = ⎜
⋮ ⋮ ⋱ ⋮⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 ⋯ 1⎠
Exercício 1.7 Explicite condições para que cada um dos itens da Proposição 1.12 esteja bem de-
finido.
Exercício 1.8 Escreva por extenso (tal qual feito na prova da primeira afirmação da Proposição
1.12) os somatórios envolvidos na demonstração da associatividade da multiplicação de matrizes.
Exercício 1.9 Demonstre a propriedade (𝑣) da Proposição 1.12.
𝐵 = 𝐵I = 𝐵(𝐴𝐶) = (𝐵𝐴)𝐶 = I𝐶 = 𝐶,
⎧ 𝑎11 𝑥1 + … + 𝑎1𝑛 𝑥𝑛 = 𝑏1
⎪ 𝑎21 𝑥1 + … + 𝑎2𝑛 𝑥𝑛 = 𝑏2
⎨ (1.6)
⋮ ⋮ ⋮
⎪
⎩ 𝑎𝑚1 𝑥1 + … + 𝑎𝑚𝑛 𝑥𝑛 = 𝑏𝑚 .
𝑥 + 𝑦 = 1
{ 𝑥 − 𝑦 = 1
tem duas equações e duas incógnitas. Esse sistema está na forma (1.6) com
𝑎11 = 1, 𝑥1 = 𝑥, 𝑎12 = 1, 𝑥2 = 𝑦, 𝑏1 = 1, 𝑎21 = 1, 𝑎22 = −1 e 𝑏2 = 1.
Como as incógnitas 𝑥 e 𝑦 aparecem apenas multiplicadas por constantes, o
sistema é linear. (Esse não seria o caso se o sistema tivesse termos como
sen 𝑦 ou 𝑥2 , por exemplo.) ⊲
𝐴𝒙 = 𝒃,
12 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
em que
𝐴𝒙 = 𝒃,
com
⎛𝑥1 ⎞
3 2 −1 4 ⎜𝑥 ⎟ 2
𝐴= , 𝒙 = ⎜ 2⎟ e 𝒃= .
(1 −4 2 −1) 𝑥 (5)
⎜ 3⎟
⎝𝑥4 ⎠ ⊲
3 2 −1 4 2
.
(1 −4 2 −15 | 5 ) ⊲
⎛1 2 3⎞
𝑥 ⎛0⎞
⎜3 2 1⎟ ⎛⎜ 1 ⎞⎟ ⎜0⎟
⎜1 𝑥 =
1 1⎟ ⎜ 2 ⎟ ⎜0⎟
⎜ ⎟ ⎝𝑥3 ⎠ ⎜ ⎟
⎝0 1 2⎠ ⎝0⎠
será representado simplesmente por
⎛1 2 3⎞
⎜3 2 1⎟
⎜1 .
1 1⎟
⎜ ⎟
⎝0 1 2⎠ ⊲
⎛1 0 2 1 | 2⎞
⎜𝜋 −4 cos 1 −1 | −5⎟ .
⎜ | ⎟
⎝3 1 2 1 | 3⎠
Observação 1.19 Dada uma matriz 𝐶 com mais de duas colunas, podemos
associar a ela dois sistemas distintos: um sistema homogêneo e também
aquele em que o termo independente é dado pela última coluna de 𝐶. Por
exemplo, a matriz
1 2 1
(2 1 1)
pode ser associada ao sistema homogêneo
𝑥
1 2 1 ⎛⎜ 1 ⎞⎟ 0
𝑥 =
(2 1 1) ⎜ 2 ⎟ (0)
⎝𝑥3 ⎠
ou ao sistema não homogêneo
1 2 𝑥1 1
= .
(2 1) (𝑥2 ) (1)
3𝑥1 − 2𝑥2 + 𝑥3 = 5
. (1.9)
{ 𝑥1 + 𝑥 2 − 𝑥 3 = 2
(𝑏) Multiplicar a linha 𝑖 por um escalar 𝑐 não nulo, operação que indica-
remos por ℓ𝑖 → 𝑐ℓ𝑖 ;
(𝑐) Substituir a linha 𝑗 por sua soma com um múltiplo 𝑐 da linha 𝑖, ope-
ração que indicaremos por ℓ𝑗 → ℓ𝑗 + 𝑐ℓ𝑖 .
As operações (𝑎), (𝑏) e (𝑐) são as operações elementares sobre as linhas
de uma matriz.
Observação 1.22 Consideremos a operação elementar (𝑐) aplicada à ma-
triz aumentada (1.8). Note que (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) satisfaz
𝑎𝑖1 𝑥1 + … + 𝑎𝑖𝑛 𝑥𝑛 = 𝑏𝑖
𝑎𝑗1 𝑥1 + … + 𝑎𝑗𝑛 𝑥𝑛 = 𝑏𝑗
Exemplo 1.23 Vamos ilustrar o uso das operações elementares sobre as li-
nhas de uma matriz para resolver um sistema linear. Consideremos o sis-
tema não homogêneo
⎛ 3 1 2 | 1⎞
⎜ 1 1 1 | 2⎟ . (1.11)
⎜ | ⎟
⎝−2 −1 0 | 0 ⎠
1.4. SISTEMAS LINEARES E O MÉTODO DE GAUSS-JORDAN 15
⎛ 3 1 2 | 1⎞ ⎛ 1 1 1 | 2 ⎞ (ℓ1 ↔ ℓ2 )
⎜ 1 1 1 | 2⎟ → ⎜ 3 1 2 | 1⎟ .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝−2 −1 0 | 0 ⎠ ⎝−2 −1 0 | 0 ⎠
Como vimos, os sistemas representados por essas duas matrizes aumentadas
possuem as mesmas soluções. Partindo da segunda matriz, substituímos
sua segunda linha pela soma dessa linha com (-3) vezes a primeira linha,
operação indicada por ℓ2 − 3ℓ1 :
⎛ 1 1 1 | 2⎞ ⎛ 1 1 1 | 2⎞
⎜ 3 1 2 | 1⎟ → ⎜ 0 −2 −1 | −5 ⎟ (ℓ2 → ℓ2 − 3ℓ1 ) .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝−2 −1 0 | 0 ⎠ ⎝−2 −1 0 | 0⎠
⎛ 1 1 1 | 2⎞ ⎛1 1 1 | 2⎞
⎜ 0 −2 −1 | −5 ⎟ → ⎜0 −2 −1 | −5 ⎟ .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝−2 −1 0 | 0⎠ ⎝0 1 2 | 4 ⎠ (ℓ3 → ℓ3 + 2ℓ1 )
⎛1 1 1 | 2⎞ ⎛1 1 1 | 2⎞
⎜0 −2 −1 | −5 ⎟ → ⎜0 1 2 | 4 ⎟ (ℓ ↔ ℓ ) .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟ 2 3
⎝0 1 2 | 4⎠ ⎝0 −2 −1 | −5 ⎠
⎛1 1 1 | 2⎞ ⎛1 1 1 | 2 ⎞
⎜0 1 2 | 4⎟ → ⎜0 1 2 | 4 ⎟ .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝0 −2 −1 | −5 ⎠ ⎝0 0 3 | 3 (ℓ
⎠ 3 → ℓ 3 + 2ℓ 2 )
⎛1 1 1 | 2 ⎞ ⎛1 1 1 | 2 ⎞
⎜0 1 2 | 4 ⎟ → ⎜0 1 2 | 4 ⎟ .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝0 0 3 | 3 ⎠ ⎝0 0 1 | 1 (ℓ
⎠ 3 → ℓ 3 /3)
𝑥1 = −1 𝑥2 = 2 e 𝑥3 = 1.
Exercício 1.12 Escreva, para cada matriz aumentada do Exemplo 1.23, a forma completa do sis-
tema linear, isto é, o sistema na forma (1.6).
Passemos à definição formal:
Definição 1.24 Dizemos que uma matriz 𝐵 está na forma escalonada se:
(𝑖) o primeiro elemento não nulo de cada linha (chamado pivô) for igual
a 1;
(𝑖𝑖) se o pivô da linha 𝑖 ocorre na coluna 𝑗 então, se existir o pivô da linha
𝑖 + ℓ, com ℓ ∈ ℕ, esse ocorre numa coluna 𝑘, com 𝑘 > 𝑗;
(𝑖𝑖𝑖) linhas nulas (isto é, cujas entradas são iguais a zero) ocorrem abaixo
de linhas não nulas.
Uma sucessão de operações elementares utilizadas para levar uma matriz
𝐵 até uma matriz na forma escalonada é um escalonamento da matriz 𝐵.
A rigor, exigirmos que o pivô de cada linha seja igual a 1 não é ne-
cessário para obtermos a solução de um sistema. Observe que a condição
(𝑖𝑖) garante que, na coluna do pivô da linha 𝑖, são nulos todos os elementos
abaixo do pivô.
Exemplo 1.25 A matriz
⎛1 4 7 3⎞
⎜0 0 1 5⎟
𝐵=⎜
0 0 0 1⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 0 0⎠
está na forma escalonada: o pivô de uma linha ocorre à esquerda dos pivôs
da linhas seguintes, linhas nulas (se existentes) são as últimas, são nulas as
entradas que estão abaixo de cada pivô, na mesma coluna.
Por outro lado, as matrizes
⎛1 4 7 3⎞
⎜0 1 1 5⎟ 0 1 0
⎜0 e
1 0 1⎟ (1 0 0)
⎜ ⎟
⎝0 0 0 0⎠
não estão na forma escalonada: na primeira delas, existe um elemento não
nulo abaixo do pivô da segunda linha; na segunda, o pivô da segunda linha
ocorre à esquerda do pivô da primeira linha. ⊲
2
Em homenagem a Johann Carl Friedrich Gauss, que nasceu na cidade alemã de Braun-
schweig, em 30 de abril de 1777, e morreu na cidade alemã de Göttingen, em 23 de fevereiro
de 1855, é conhecido como princeps mathematicorum: o príncipe da matemática, em latim.
1.4. SISTEMAS LINEARES E O MÉTODO DE GAUSS-JORDAN 17
1 2 3
.
(1 1 1)
1 2 3
.
(0 1 2) (ℓ2 → (ℓ2 − ℓ1 )/(−1))
Por outro lado, trocando as duas linhas da matriz original e então sub-
traindo a primeira linha da segunda linha, chegamos a
1 1 1 (ℓ1 ↔ ℓ2 ) 1 1 1
→ ,
(1 2 3) (0 1 2) (ℓ2 → ℓ2 − ℓ1 )
𝑥1 + 0𝑥2 + 0𝑥3 = 32
.
0𝑥1 + 𝑥2 + 23 𝑥3 = 2
Essa forma escalonada reduzida por linhas nos dá diretamente a solução do
sistema e, em particular, a expressão de 𝑥1 e 𝑥2 . Vamos explicitar 𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3
escrevendo essa solução na forma de uma matriz coluna:
3
⎛𝑥1 ⎞ ⎛ 2 ⎞
⎜𝑥2 ⎟ = ⎜2 − 2 𝑥 ⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ 3 3⎟
⎝𝑥3 ⎠ ⎝ 𝑥3 ⎠
Note que expressamos os pivôs em função das variáveis livres e termo
independente. (Nesse caso, o pivô 𝑥1 independe da variável livre 𝑥3 .) Po-
demos escrever essa resposta de uma maneira que se mostrará bastante útil,
ao isolarmos o termo independente e a variável livre:
3
⎛𝑥1 ⎞ ⎛ 2 ⎞ ⎛ 0⎞
⎜𝑥2 ⎟ = ⎜ 2 ⎟ + 𝑥3 ⎜− 2 ⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ 3⎟
⎝𝑥3 ⎠ ⎝ 0 ⎠ ⎝ 1⎠
Essa maneira de escrever a solução nos mostra que todas as soluções do
𝒕
sistema são obtidas somando-se à matriz coluna ( 32 2 0) um múltiplo
𝒕
(dado pela variável livre 𝑥3 ) da matriz coluna (0 − 23 1) . Assim, o sis-
tema tem infinitas soluções, obtidas ao escolhermos diferentes valores para
a variável livre 𝑥3 . C
A solução de um sistema linear levando sua matriz aumentada à forma
escalonada reduzida por linhas é conhecida como método de Gauss-Jordan.3
3
Wilhelm Jordan foi um geodesista e matemático, que nasceu na pequena cidade alemã
de Ellwangen, em 1 de março de 1842, e faleceu na cidade alemã de Hannover, em 17 de
abril de 1899. Não deve ser confundido com Camille Jordan.
1.4. SISTEMAS LINEARES E O MÉTODO DE GAUSS-JORDAN 19
Definição 1.28 Seja 𝑅 uma matriz na forma escalonada reduzida por li-
nhas. No sistema (𝑅, 𝒄) são chamadas variáveis livres todas aquelas variá-
veis que não correspondam a pivôs.
Exercício 1.13 Escreva a solução do sistema como no Exemplo 1.27, sabendo que sua forma es-
calonada reduzida por linhas é dada por
⎛1 0 0 2 | 8⎞
⎜0 1 0 3 | 2⎟ .
⎜ | ⎟
⎝0 0 1 0 | 0⎠
⎛−3 6 8 | −5 ⎞ ⎛ 1 −3 −2 | 6 ⎞ (ℓ1 ↔ ℓ2 )
⎜ 1 −3 −2 | 6 ⎟ → ⎜−3 6 8 | −5 ⎟ .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝ 2 −4 −3 | 8 ⎠ ⎝ 2 −4 −3 | 8⎠
⎛ 1 −3 −2 | 6 ⎞ ⎛ 1 −3 −2 | 6 ⎞
⎜−3 6 8 | −5 ⎟ → ⎜ 0 −3 2 | 13 ⎟ (3ℓ1 + ℓ2 ) .
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝ 2 −4 −3 | 8⎠ ⎝ 0 2 1 | −4 ⎠ (−2ℓ1 + ℓ3 )
|
⎛ 1 −3 −2 | 6 ⎞ ⎛ 1 −3 −2 | 6⎞
⎜ 0 −3 |
2 13 ⎟ → ⎜ 0 1 − 3 | − 13
2 ⎟ (− 1 ℓ2 ) .
⎜ | ⎟ ⎜ 3 ⎟ 3
⎝ 0 2 1 | −4 ⎠ ⎝ 0 2 1 || −4 ⎠
| | 6
⎛ 1 −3 −2 | 13
6 ⎞ ⎛ 1 −3 −22 | 13 ⎞⎟
⎜ 0 1 − 23 | −3 ⎟→⎜ 0 1 −3 | −3 .
⎜ || −4 ⎟ ⎜ 7 || 14 ⎟ (−2ℓ2 + ℓ3 )
⎝ 0 2 1 ⎠ ⎝ 0 0 3 3 ⎠
⎛ 1 −3 −2 | 6 ⎞ ⎛ 1 −3 −2 || 6⎞
| 13
⎜ 0 1 − 23 | −3 ⎟→⎜ 0 1 − 23 | − 13 ⎟ .
⎜ 7 || 14 ⎟ ⎜ |
3 ⎟ 3
⎝ 0 0 3 3 ⎠ ⎝ 0 0 1 | 2 ⎠ ( 7 ℓ3 )
20 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
|
⎛ 1 −3 −2 6
| 13 ⎞ ⎛
1 −3 0 | 10 ⎞ (2ℓ3 + ℓ1 )
⎜ 0 1 − 23 | − 3 ⎟⎟ → ⎜⎜ 0 1 0 | −3 ⎟ ( 23 ℓ3 + ℓ2 ) .
⎜ | ⎟
⎝ 0 0 1 || 2⎠ ⎝ 0 0 1 | 2⎠
⎛ 1 −3 0 | 10 ⎞ ⎛ 1 0 0 | 1 ⎞ (3ℓ2 + ℓ1 )
⎜ 0 1 0 | −3 ⎟ → ⎜ 0 1 0 | −3 ⎟ ,
⎜ | ⎟ ⎜ | ⎟
⎝ 0 0 1 | 2⎠ ⎝ 0 0 1 | 2⎠
que nos informa que todas as variáveis correspondem a pivôs e que a única
solução do sistema é dada por 𝑥1 = 1, 𝑥2 = −3 e 𝑥3 = 2:
⎛𝑥1 ⎞ ⎛ 1 ⎞
⎜𝑥2 ⎟ = ⎜−3 ⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝑥3 ⎠ ⎝ 2 ⎠ C
⎛1 0 0 0 0 0 | 𝑏1 ⎞
⎜0 1 0 0 0 0 | 𝑏3 ⎟
⎜0 |
0 1 1 0 0 | 𝑏4 − 𝑏1 − 𝑏3 ⎟ . (1.12)
⎜ ⎟
⎜0 0 0 0 1 −3 | 𝑏5 ⎟
|
⎝0 0 0 0 0 0 | 𝑏1 + 𝑏 2 ⎠
𝑥1 = 𝑏1
𝑥2 = 𝑏3
𝑥3 = (𝑏4 − 𝑏1 − 𝑏3 ) − 𝑥4
𝑥4 = 𝑥4
𝑥5 = 𝑏5 + 3𝑥6
𝑥6 = 𝑥6
4
Sendo mais incisivo, estou dizendo que a denominação “sistema indeterminado”, utili-
zada no ensino médio, é inadequada.
1.4. SISTEMAS LINEARES E O MÉTODO DE GAUSS-JORDAN 21
⎛ 𝑥1 ⎞ ⎛ 𝑏1 ⎞ ⎛ 0⎞ ⎛0⎞
⎜ 𝑥2 ⎟ ⎜ 𝑏3 ⎟ ⎜ 0⎟ ⎜0⎟
⎜ 𝑥 ⎟ ⎜𝑏 − 𝑏 − 𝑏 ⎟ ⎜−1 ⎟ ⎜0⎟
⎜ 3⎟ = ⎜ 4 1 3⎟ + 𝑥 ⎜
4
⎟ + 𝑥 ⎜ ⎟
6 0 . (1.13)
⎜ 𝑥4 ⎟ ⎜ 0 ⎟ ⎜ 1⎟ ⎜ ⎟
⎜𝑥 ⎟ ⎜ 𝑏 ⎟ ⎜ 0⎟ ⎜3⎟
⎜ 5⎟ ⎜ 5 ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 𝑥6 ⎠ ⎝ 0 ⎠ ⎝ 0⎠ ⎝1⎠
Teorema 1.32 Qualquer que seja a matriz 𝐴, ela possui uma única forma
escalonada reduzida por linhas.
⎛1⎞ ⎛0⎞
⎜0⎟ ⎜0⎟
⎜⋮⎟ ou ⎜⋮⎟,
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝0⎠ ⎝0⎠
⎧ 3𝑥 + 2𝑥2 = 5
⎪ 1
⎨ 1𝑥 + 𝑥 2 + 𝑥 3 = 3
⎪ 2𝑥
⎩ 1 + 𝑥 2 − 𝑥 3 = 2.
(𝑎) Resolva o sistema, levando sua matriz aumentada à forma escalonada reduzida por linhas;
(𝑏) Resolva o sistema homogêneo associado;
(𝑐) Sabendo que (1, 1, 1) é solução do sistema não homogêneo, encontre todas as suas soluções
aplicando o Teorema 1.35;
(𝑑) Compare as soluções encontradas em (𝑎) e (𝑐).
Exercício 1.20 Considere o sistema
⎧ 3𝑥 + 2𝑥2 + 3𝑥3 = 8
⎪ 1
⎨ 𝑥1 + 𝑥 2 + 𝑥 3 = 3
⎪
⎩ 2𝑥1 + 𝑥2 − 𝑥3 = 2.
Sabendo que (1, 1, 1) é uma de suas soluções, ache todas as soluções do sistema aplicando o
Teorema 1.35.
1 0
𝐼= ,
(0 1)
e
1 0
𝐸3 = 𝑒3 (𝐼) = . ⊲
(1 1)
⎛1 0 … 0⎞
⎜⋮ ⋮⎟
𝐸 = ⎜0 … 𝜆 … 1 … 0⎟ ← linha 𝑗
⎜ ⎟
⎜⋮ ⋮⎟
⎝0 0 … 1⎠
↑
coluna 𝑗
1.5. MATRIZES ELEMENTARES 25
Então
O Lema 1.40 nos mostra como é importante saber se uma matriz é inver-
tível. Os próximos resultados simplificam a verificação de que uma matriz
é a inversa da outra e nos ensinam como obter a inversa de uma matriz in-
vertível.
𝑒𝑗 𝑒𝑗−1 … 𝑒1 𝐴 = 𝑅.
26 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
𝐸𝑗 𝐸𝑗−1 … 𝐸1 𝐴 = 𝑅
Como cada matriz elementar 𝐸𝑖 possui inversa (de acordo com o Exercício
1.22), decorre do Lema 1.39 que o lado esquerdo dessa igualdade possui
inversa. Como 𝑅 é uma matriz quadrada, se tivéssemos 𝑅 ≠ 𝐼, então a úl-
tima linha de 𝑅 seria identicamente nula. Em consequência, a última linha
de 𝑅𝐵 seria nula. Isso implica que 𝑅𝐵 não possuiria inversa, uma contra-
dição. Logo, 𝑅 = I e (𝑖) implica (𝑖𝑖).
Se (𝑖𝑖) for válido, temos que 𝐸𝑗 𝐸𝑗−1 … 𝐸1 𝐴 = I e, portanto, 𝐴 =
−1 −1 −1
𝐸1 … 𝐸𝑗−1 𝐸𝑗 , de acordo com o Lema 1.39. Assim, 𝐴 é um produto
de matrizes elementares, pelo Exercício 1.22. Isso mostra que (𝑖𝑖) implica
(𝑖𝑖𝑖).
Como cada matriz elementar possui inversa e o produto de matrizes
invertíveis é invertível (pelo Lema 1.39), temos que (𝑖𝑖𝑖) implica (𝑖𝑣).
É claro que (𝑖𝑣) implica (𝑖).
⎛ 1 1 1 0 ⎞
⎜ 2 1 4 0 ⎟
𝐴=⎜ ⎟,
2 3 5 0
⎜ ⎟
⎝ 0 0 0 1 ⎠
⎛1 1 1 0 | 1 0 0 0 ⎞ ⎛ 1 1 1 0 | 1 0 0 0⎞
⎜2 1 4 0 | 0 1 0 0 ⎟ ⎜ 0 1 −2 0 | 2 −1 0 0⎟
⎜2 3 5 0 0 0 1 0 ⎟ → ⎜ 0 1 3 0 1 0 ⎟⎟
→
⎜ | ⎟ ⎜ | −2 0
⎝0 0 0 1 | 0 0 0 1 ⎠ ⎝ 0 0 0 1 | 0 0 0 1⎠
⎛1 0 3 0 | −1 1 0 0⎞ ⎛1 0 3 0 | −1 1 0 0⎞
⎜0 1 −2 0 | 2 −1 0 0 ⎟ ⎜0 1 −2 0 | 2 −1 0 0⎟
⎜0 ⎟ → ⎜ →
0 5 0 | −4 1 1 0⎟ 0 0 1 0 | −5
4 1 1
0⎟
⎜ ⎜ 5 5 ⎟
⎝0 0 0 1 | 0 0 0 1⎠ ⎝0 0 0 1 | 0 0 0 1⎠
7 2
⎛1 0 0 0 | 5 5
− 35 0⎞
⎜ 2
⎟
⎜0 1 0 0 | − 35 2
0⎟
→⎜ 5 5 ⎟
⎜0 0 1 0 − 45 1 1
0⎟
⎜ | 5 5 ⎟
⎜0 0 0 1 0 0 0 1 ⎟⎠
⎝ |
1.6 Exercícios
1. Sejam 𝑧1 = 2 + 3𝑖 e 𝑧2 = 5 − 4𝑖. Calcule 𝑧1 + 𝑧2 , 𝑧1 − 𝑧2 , 𝑧1 𝑧2 e 𝑧1 /𝑧2 .
2. Simplifique as expressões: 𝑖25 , 𝑖26 , 𝑖27 e 𝑖28 .
2+5𝑖
3. Simplifique 5+3𝑖
.
4. Considere as matrizes
1 5 𝜋 𝜋 7 11
𝐴= e 𝐵= .
(2 4 6) (8 10 12)
𝑎 𝑏 3𝑎 2 2 𝑎 + 3𝑏
= + .
( 𝑐 𝑑) ( 2 2𝑑) (𝑑 − 𝑐 2𝑑 + 1)
28 CAPÍTULO 1. MATRIZES E SISTEMAS LINEARES
1 𝜋 2 ⎛𝜋 1 2⎞
𝐴= e 𝐵 = ⎜1 3 4⎟ .
(2 3 𝜋) ⎜ ⎟
⎝ 2 4 𝜋⎠
7. Calcule, se possível, os produtos
⎛𝜋⎞ 1 2 3 ⎛⎜
2 1 0 5⎞
(1 3 5) ⎜2⎟ e 1 3 5 7⎟ .
⎜ ⎟ (1 𝜋 5) ⎜ ⎟
⎝1⎠ ⎝4 8 2 6⎠
8. Considere as matrizes
2+𝑖 1 2−𝑖 ⎛2 1 0 2⎞
𝐴= e 𝐵 = ⎜3 4 5 1⎟ .
(4 − 2𝑖 2 − 𝑖 3 + 𝑖) ⎜ ⎟
⎝1 2 2 3⎠
Calcule a matriz 𝐴𝐵.
9. Para as matrizes
⎛2 0 0⎞ ⎛1 0 0⎞
𝐴 = ⎜0 3 0⎟ e 𝐵 = ⎜0 7 0⎟ ,
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝0 0 5⎠ ⎝0 0 1⎠
calcule as matrizes 𝐴𝐵, 𝐵𝐴, 𝐴2 e 𝐵 2 .
10. Dê exemplo de duas matrizes 𝐴, 𝐵, ambas 2×2, com todas as entradas não nulas, mas 𝐴𝐵 = 0.
11. Suponha que o produto 𝐴𝐵 das matrizes 𝐴 e 𝐵 esteja definido. Mostre que (𝐴𝐵)𝒕 = 𝐵 𝒕 𝐴𝒕 .
12. Ache a matriz 𝐴∗ , se
3 − 5𝑖 2 + 4𝑖
𝐴= .
(2 − 2𝑖 1 + 2𝑖)
13. Seja 𝐴 ∈ 𝕄𝑚×𝑛 e 0 a matrix 𝑛 × 𝑝 com todas as entradas iguais a zero. Verifique que 𝐴0 = 0.
14. Considere números 𝑎1 , … , 𝑎𝑛 ∈ ℝ. Expandindo os dois lados da igualdade, verifique que
𝑛 𝑛
∑ 𝑎𝑖 = ∑ 𝑎𝑗 .
𝑖=1 𝑗=1
∑(𝑎𝑖 + 𝑏𝑖 ) = ∑ 𝑎𝑖 + ∑ 𝑏𝑖 ,
𝑖=1 𝑖=1 𝑖=1
em que 𝑎𝑖 , 𝑏𝑖 ∈ ℝ para 𝑖 ∈ {1, … , 𝑛}.
16. Seja 𝑏𝑘 ∈ ℝ arbitrário e 𝑎1 … , 𝑎𝑛 ∈ ℝ. Mostre que
𝑛 𝑛
∑ 𝑎𝑖 𝑏𝑘 = 𝑏𝑘 ∑ 𝑎𝑖 .
𝑖=1 𝑖=1
17. Considere números 𝑎𝑖𝑗 ∈ ℝ, com 𝑖 ∈ {1, … , 𝑚} e 𝑗 ∈ {1, … , 𝑛}. Verifique que
𝑚 𝑛 𝑛 𝑚
∑ ∑ 𝑎𝑖𝑗 = ∑ ∑ 𝑎𝑖𝑗 .
𝑖=1 𝑗=1 𝑗=1 𝑖=1
1.6. EXERCÍCIOS 29
𝑥1 + 5𝑥2 + 7𝑥1 𝑥3 = 2
{ 2𝑥1 − 𝑥2 + 𝑥3 = 0
⎛0 0 0 3 −9 | 6⎞
⎜ 0 5 15 −10 40 | − 45⎟ .
⎜ ⎟
⎝ 0 1 3 −1 5 | − 7⎠
Determine todas soluções desse sistema.
26. Encontre condições sobre o termo independente 𝒃 de modo que o sistema 𝐴𝒙 = 𝒃 tenha
solução, se sua matriz aumentada for
⎛ 1 −2 5 | 𝑏1 ⎞
⎜ 4 −5 8 | 𝑏 ⎟.
⎜ | 2⎟
⎝−3 3 −3 | 𝑏3 ⎠
Satisfeita essa condição, escreva as soluções do sistema utilizando a forma utilizada no Exem-
plo 1.27.
27. Determine os valores de 𝑎 de modo que o sistema
⎧ 𝑥 + 𝑦 − 𝑧 = 1
⎪
⎨ 2𝑥 + 3𝑦 + 𝑎𝑧 = 3
⎪
⎩ 𝑥 + 𝑎𝑦 + 3𝑧 = 2
possua:
(a) solução única;
(b) infinitas soluções;
(c) nenhuma solução.
Determine, quando existirem, as soluções deste sistema.
28. Dizemos que a matriz 𝐴 é equivalente por linhas à matriz 𝐵 se existirem operações elementa-
res sobre linhas 𝑒1 , 𝑒2 , … , 𝑒𝑗 de modo que 𝑒𝑗 … 𝑒2 𝑒1 (𝐴) = 𝐵. Mostre que essa é uma relação
de equivalência, isto é, que as seguintes propriedades são satisfeitas:
(a) a matriz 𝐴 é equivalente por linhas à matriz 𝐴 (reflexividade);
(b) se a matriz 𝐴 for equivalente por linhas à matriz 𝐵, então 𝐵 é equivalente por linhas à
matriz 𝐴 (simetria);
(c) se a matriz 𝐴 for equivalente por linhas à matriz 𝐵 e a matriz 𝐵 for equivalente por linhas
à matriz 𝐶, então 𝐴 é equivalente por linhas à matriz 𝐶.
29. Sejam 𝒙0 e 𝒙1 soluções do sistema homogêneo 𝐴𝒙 = 0. Mostre que, para qualquer 𝑐 ∈ ℝ,
𝒚 =0 +𝑐𝒙1 também é solução desse sistema.
30. Seja 𝐴 uma matriz 𝑚 × 𝑛, com 𝑚 ≠ 𝑛. Mostre que não pode existir uma matriz 𝐵, 𝑛 × 𝑚, tal
que 𝐵𝐴 = I𝑛 e 𝐴𝐵 = I𝑚 .
31. Sejam 𝐴1 , 𝐴2 , 𝐴3 ∈ 𝕄𝑛×𝑛 matrizes invertíveis. Mostre que
(𝐴1 𝐴2 𝐴3 )−1 = 𝐴−1 −1 −1
3 𝐴2 𝐴1 .
⎛1 0 2⎞ ⎛ 1 −1 2⎞
𝐴 = ⎜2 −1 3⎟ e 𝐵 = ⎜ 2 −1 7⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝4 1 8⎠ ⎝−4 5 −3⎠
⎛ 1 1 0 ⎞
𝐴=⎜ 1 0 0 ⎟
⎜ ⎟
⎝ 1 2 𝑎 ⎠
possui inversa.
Capítulo 2
Espaços Vetoriais
2.1 O espaço ℝ𝑛
Fixe 𝑛 ∈ ℕ = {1, 2, …}. Definimos o conjunto ℝ𝑛 por
ℝ𝑛 = {𝒙 = (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) ∶ 𝑥𝑖 ∈ ℝ} .
32
2.1. O ESPAÇO ℝ𝑁 33
(𝑖) 𝒙 + 𝒚 ∈ ℝ𝑛 (fechamento);
(𝑖𝑖) (𝒙 + 𝒚) + 𝒛 = 𝒙 + (𝒚 + 𝒛) (associatividade);
(𝑖𝑖𝑖) 𝒙 + 𝒚 = 𝒚 + 𝒙 (comutatividade);
(𝑣𝑖) 𝛼𝒙 ∈ ℝ𝑛 (fechamento);
Observação 2.3 Note que a identificação (2.4) está de acordo com a nota-
ção utilizada no Capítulo 1: em um sistema linear 𝐴𝒙 = 𝒃, tanto 𝒙 como 𝒃
estão sendo interpretados como vetores. ⊲
Exemplo 2.4 Considere o sistema de 3 equações nas 4 incógnitas 𝛼, 𝛽, 𝛾 e
𝛿:
3𝛼 + 2𝛽 + 3𝛾 + 𝛿 = 8
𝛼 + 𝛽 + 𝛾 − 𝛿 = 3
2𝛼 + 𝛽 − 𝛾 + 3𝛿 = 2.
Esse sistema pode ser escrito utilizando matrizes:
𝛼
⎛3 2 3 1 ⎞ ⎛ ⎞ ⎛8⎞
⎜1 1 ⎜𝛽⎟
1 −1 ⎟ ⎜ ⎟ = ⎜3⎟ ,
⎜ ⎟ ⎜𝛾⎟ ⎜ ⎟
⎝ 2 1 −1 3⎠
⎝𝛿⎠ ⎝ ⎠
2
Exercício 2.1 Encontre todas as soluções do Exemplo 2.4. Interprete geometricamente sua res-
posta.
2.2 O espaço ℂ𝑛
De maneira semelhante à definição do espaço ℝ𝑛 , definimos o conjunto
ℂ𝑛 por
ℂ𝑛 = {𝒛 = (𝑧1 , 𝑧2 , … , 𝑧𝑛 ) ∶ 𝑧𝑖 ∈ ℂ} .
Exercício 2.2 Mostre que tomando vetores em ℂ𝑛 e escalares em ℂ, todas as propriedades listadas
no Teorema 2.1 continuam válidas.
Sintetizando, um vetor no ℝ𝑛 ou no ℂ𝑛 é uma 𝑛-upla 𝒖 = (𝑢1 , 𝑢2 , … , 𝑢𝑛 ),
com 𝑢𝑖 ∈ ℝ ou 𝑢𝑖 ∈ ℂ, respectivamente. Como antes, o escalar 𝑢𝑖 é a 𝑖-
ésima coordenada do vetor 𝒖; a adição de vetores é feita somando-se as
coordenadas correspondentes; a multiplicação de um vetor por escalar (isto
é, um elemento do corpo 𝕂) é feita multiplicando-se o escalar por cada
coordenada do vetor.
Para nos referirmos indistintamente aos espaços vetoriais ℝ𝑛 e ℂ𝑛 , de-
notaremos esses espaços por 𝕂𝑛 , conforme os escalares considerados este-
jam em 𝕂 = ℝ ou 𝕂 = ℂ, respectivamente. A nossa ênfase sempre será o
espaço ℝ𝑛 , mas algumas propriedades importantes dependerão de lidarmos
com escalares no corpo ℂ. Resultados mostrados para o 𝕂𝑛 serão válidos
tanto para o ℝ𝑛 quanto para o ℂ𝑛 .
Como no caso do ℝ𝑛 , identificaremos vetores 𝒙 ∈ ℂ𝑛 com matrizes
coluna 𝕄𝑛×1 (ℂ).
Exercício 2.4 Você consegue sugerir outra forma de associar polinômios em 𝒫𝑛 (𝑡) a pontos do
𝕂𝑛 ?
O mesmo procedimento também pode ser usado no Exemplo 2.8, para
matrizes com entradas no corpo 𝕂:
Exercício 2.5 Seja 𝒫 (𝑡) o conjunto de todos os polinômios na variável 𝑡 com coeficientes no corpo
𝕂. (Esse conjunto possui polinômios de qualquer grau, enquanto 𝒫𝑛 (𝑡) possui apenas os polinô-
mios de grau menor do que 𝑛, para 𝑛 ∈ ℕ fixo.) Considere, nesse conjunto, as operações usuais de
adição de polinômios e multiplicação de um polinômio por um escalar real. Verifique que 𝒫 (𝑡) é
um espaço vetorial.
Exercício 2.6 Considere o conjunto
𝕂∞ = {(𝑥1 , … , 𝑥𝑛 , …) ∶ 𝑥𝑖 ∈ 𝕂, ∀𝑖 ∈ ℕ}.
Verifique que 𝕂∞ é um espaço vetorial com a adição de vetores e multiplicação por escalar definidas
analogamente às operações no 𝕂𝑛 , isto é, “coordenada à coordenada”. O espaço 𝕂∞ pode ser
identificado com o conjunto das sequências no corpo 𝕂.
Exercício 2.7 Seja 𝒫 (𝑡) o espaço de todos os polinômios na variável 𝑡 com coeficientes no corpo
𝕂. (Veja o Exercício 2.5.) Continua válida a afirmação que, conhecendo todos os coeficientes
de um polinômio, então conhecemos o polinômio? Podemos identificar vetores em 𝒫 (𝑡) (isto é,
polinômios) com vetores em 𝕂∞ (isto é, sequências numéricas)?
para todo (𝑥1 , 𝑥2 ) ∈ ℝ2 . (Você pode achar estranha essa definição, mas
certamente ela define uma multiplicação de vetor por escalar com a propri-
edade que 𝛽𝒙 ∈ 𝑋 para todos 𝒙 ∈ ℝ2 e 𝛽 ∈ ℝ)
Verifique então que, com exceção da propriedade (𝑥), todas as outras
propriedades da Definição 2.5 são satisfeitas. Quer dizer, a propriedade (𝑥)
é indispensável se queremos ter uma multiplicação por escalar que evite
o que aconteceu neste caso: todos os escalares atuam da mesma maneira
38 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS VETORIAIS
sobre os vetores. (Um análogo a isso seria definir, no conjunto dos números
complexos, a multiplicação 𝑧1 𝑧2 = (𝛼1 +𝑖𝛽1 )(𝛼2 +𝑖𝛽2 ) = 𝛼1 𝛼2 , que reduz-se
à multiplicação usual de números reais.) ⊲
𝑋 = {𝒇 ∶ 𝐴 → 𝕂},
e
𝛼𝒇 ∶ 𝐴 → 𝕂 dada por 𝛼𝒇 (𝑥) = 𝛽𝑓 (𝑥).
(Note que uma função fica definida quando são dadas seu domínio, contra-
domínio e a “regra” que a define em cada ponto de seu domínio. Assim,
𝒇 + 𝒈 e 𝛽𝒇 estão definidas e pertencem ao conjunto 𝑋.)
Com essas operações, 𝑋 é um espaço vetorial. Note que, se tomarmos
𝐴 = ℝ, não existe maneira de falar em coordenadas de um vetor 𝒇 ∈ 𝑋! ⊲
Exercício 2.8 Tome 𝐴 = {1, 2, 3} e 𝒇 , 𝒈 ∶ 𝐴 → ℝ definidas por 𝒇 (𝑘) = 3𝑘 + 5 e 𝒈(𝑘) = 7/𝑘, para
𝑘 ∈ 𝐴. Obtenha 𝒇 + 𝒈 e 5𝒈.
Exercício 2.9 Mostre que o conjunto 𝑋 do Exemplo 2.11 é um espaço vetorial.
0𝒙 = 0, (2.8)
2.4. SUBESPAÇOS 39
isto é,
0 = 0𝒙 + 0 = 0𝒙,
como queríamos mostrar. ⊲
Exercício 2.13 Compare os Exemplos 2.2 e 2.12. O que justifica a diferença de tratamento entre
esses exemplos?
Qual é o objetivo de estudarmos espaços vetoriais? A resposta é que,
ao trabalharmos abstratamente com espaços vetoriais e obtermos resultados
baseados na Definição 2.5 e suas consequências (tal qual fizemos no Exem-
plo 2.12), estamos ganhando conhecimento válido para qualquer exemplo
específico de espaço vetorial, o que inclui o ℝ𝑛 , ℂ𝑛 e aqueles apresentados
nos Exemplos 2.7, 2.8 e 2.11.
Neste texto, apesar de enunciarmos os resultados em espaços vetoriais
abstratos 𝑋, grande parte de nossos exemplos serão apresentados nos es-
paços ℝ𝑛 e ℂ𝑛 . Em geral, salvo quando explicitamos um espaço vetorial
distinto do 𝕂𝑛 , você pode admitir que o espaço vetorial 𝑋 é o 𝕂𝑛 .
2.4 Subespaços
Nosso objetivo é definir subconjuntos de um espaço vetorial 𝑋 que se
comportem de maneira semelhante àquela de retas e planos passando pela
origem do ℝ3 : vemos que, considerando apenas elementos desses subcon-
juntos, a adição de dois vetores quaisquer e a multiplicação de um vetor por
um escalar permanecem nesses subconjuntos.
(1) 𝒙 + 𝒚 ∈ 𝑊;
(2) 𝛼𝒙 ∈ 𝑊.
Exercício 2.15 Seja 𝑊 ⊂ 𝑋 um subespaço. Mostre que, se existir 𝒘 ∈ 𝑊 tal que 𝒘 ≠ 0, então
𝑊 possui infinitos elementos.
𝑊 = {𝑡𝒗 ∶ 𝑡 ∈ 𝕂}.
provando o afirmado.
𝐴 = ( 1 2 −5 4 −7 ) ,
Exercício 2.16 Aplicando diretamente a Definição 2.13, mostre que o conjunto 𝑊 do Exemplo
2.17 é um subespaço.
Exercício 2.17 Mostre que o conjunto
é um espaço vetorial.
Exercício 2.18 Sejam 𝐴 uma matriz 𝑚 × 𝑛 e 0 ≠ 𝒃 ∈ 𝕂𝑚 . Mostre que as soluções do sistema
𝐴𝒙 = 𝒃 não formam um subespaço do 𝕂𝑛 . Compare com o plano 𝜋2 do Exercício 2.14.
𝑊 = {𝛼1 𝒗1 + 𝛼2 𝒗2 + … + 𝛼𝑗 𝒗𝑗 ∶ 𝛼𝑖 ∈ 𝕂, 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑗}
𝒖 = 𝛼1 𝒗1 + … + 𝛼𝑗 𝒗𝑗 e 𝒗 = 𝛽1 𝒗1 + … + 𝛽𝑗 𝒗𝑗 .
Assim, temos
⎛3𝛼 + 2𝛽 + 7𝛾⎞ ⎛ 3⎞ ⎛ 2⎞ ⎛7 ⎞
⎜ 𝛼−𝛽+𝛾 ⎟ ⎜ 1⎟ ⎜−1 ⎟ ⎜1 ⎟
⎜ 𝛼+𝛽 ⎟ = 𝛼 ⎜ 1 ⎟ + 𝛽 ⎜ 1 ⎟ + 𝛾 ⎜0 ⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 𝛾 −𝛼 ⎠ ⎝−1 ⎠ ⎝ 0⎠ ⎝1 ⎠
Assim, vemos que 𝑊 pode ser interpretado como o espaço gerado pelos
vetores
⎛ 3⎞ ⎛ 2⎞ ⎛7⎞
⎜ 1⎟ ⎜−1 ⎟ ⎜1⎟
𝒗1 = ⎜ ⎟ , 𝒗 2 = ⎜ ⎟ e 𝒗3 = ⎜ ⎟ .
1 1 0
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
−1
⎝ ⎠ ⎝ ⎠0 ⎝1⎠
Qualquer ponto 𝒘 ∈ 𝑊 fica determinado (em termos dos vetores 𝒗1 , 𝒗2 e
𝒗3 ) se conhecermos os escalares 𝛼, 𝛽 e 𝛾. Ao definirmos base, veremos que
os vetores 𝒗1 , 𝒗2 e 𝒗3 geram um sistema de coordenadas (isto é, uma base),
de modo que pontos de 𝑊 serão descritos em termos das três coordenadas
𝛼, 𝛽 e 𝛾. ⊲
⎛ −2 ⎞ ⎛5⎞ ⎛ −4 ⎞ ⎛7⎞
⎜ 1⎟ ⎜0⎟ ⎜ 0⎟ ⎜0⎟
⎜ 0⎟ , ⎜1⎟, ⎜ 0⎟ e ⎜0⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ 0⎟ ⎜0⎟ ⎜ 1⎟ ⎜0⎟
⎝ 0⎠ ⎝0⎠ ⎝ 0⎠ ⎝1⎠
Observe que esse procedimento nada mais é do que explicitar o núcleo
da matriz 𝐴 definida no Exemplo 2.17. ⊲
Exercício 2.19 Aplicando diretamente a Definição 2.13, mostre que o conjunto 𝑊 do Exemplo
2.19 é um subespaço.
Exercício 2.20 Sejam 𝒗1 = (1, 2, 1, 1), 𝒗2 = (2, 1, 1, 1), 𝒗3 = (1, 1, 1, 1), 𝒗4 = (0, 1, 0, 1) e 𝒗5 =
(0, 0, 1, 0) vetores do espaço ℝ4 . Descreva o espaço < 𝒗1 , … , 𝒗5 > de maneira semelhante àquela
utilizada no Exemplo 2.19 para descrever 𝑊 .
Os exercícios anteriores deixam claro que existem diferentes maneiras
de mostrar que um subconjunto 𝑊 ⊂ 𝑋 é um subespaço de 𝑋. Mas a
utilização da Proposição 2.18 no Exemplo 2.19 é vantajosa, pois toda a in-
formação sobre aquele subespaço 𝑊 está sintetizada nos vetores 𝒗1 , 𝒗2 e 𝒗3 :
conhecendo esses vetores, o subespaço 𝑊 está determinado.
𝑥1 𝒗1 + … + 𝑥𝑘 𝒗𝑘 = 𝒗. (2.10)
𝛼1 𝒗1 + 𝛼2 𝒗2 = 𝒖.
44 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS VETORIAIS
𝒘
-
𝒗
< 𝒗 1 , … , 𝒗𝑘 >
𝛼1 + 𝛼2 = 3, 𝛼1 + 𝛼2 = 2, 𝛼1 = 1,
⎛1 1⎞ 𝛼 ⎛3⎞
⎜1 1⎟ 1 = ⎜2⎟ .
⎜ ⎟ (𝛼 2 ) ⎜ ⎟
⎝1 0⎠ ⎝1⎠
⎛1 1⎞
𝐴 = ⎜1 1⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 0⎠ ⊲
Exercício 2.21 Considere os vetores 𝒗1 = (1, 2, 1, 1), 𝒗2 = (2, 1, 1, 1), 𝒗3 = (1, 1, 1, 1), 𝒗4 =
(0, 1, 0, 1) e 𝒗5 = (0, 0, 1, 0) no espaço 𝕂4 . O vetor (5, 2, 3, −1) ∈ 𝕂4 é combinação linear desses
vetores?
Exercício 2.22 Sejam
𝑊 = {𝒙 = (𝑥1 , … , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝕂𝑛 ∶ 𝑎1 𝑥1 + … + 𝑎𝑛 𝑥𝑛 = 0}
𝒚 = (𝑦1 , 𝑦2 , 𝑦3 , 𝑦4 ) ∈ 𝕂4
⎛ 3 2 7⎞
⎛
𝑦
𝛼⎞ ⎛ 1 ⎞
⎜ 1 −1 1 ⎟ ⎜ ⎟ ⎜𝑦2 ⎟
⎜ 1 𝛽 = . (2.11)
1 0 ⎟ ⎜ ⎟ ⎜𝑦3 ⎟
⎜ ⎟ ⎝𝛾⎠ ⎜ ⎟
⎝−1 0 1⎠ ⎝𝑦4 ⎠
Note que os vetores 𝒗1 , 𝒗2 e 𝒗3 , obtidos no Exemplo 2.19, geram o es-
paço 𝑊 e correspondem às colunas da matriz
⎛ 3 2 7⎞
⎜ 1 −1 1 ⎟
𝐴=⎜ . (2.12)
1 1 0⎟
⎜ ⎟
⎝−1 0 1⎠
Note também que (2.11) é um sistema não homogêneo. ⊲
𝐴𝒙 = 𝒃
𝑥1 𝒗 1 + … + 𝑥 𝑘 𝒗 𝑘 = 0 (2.13)
⎛1 0 1⎞ ⎛𝛼1 ⎞ ⎛0⎞
⎜0 1 1⎟ ⎜𝛼2 ⎟ = ⎜0⎟ .
⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝0 0 0⎠ ⎝𝛼3 ⎠ ⎝0⎠
(Repetimos: os vetores 𝒆1 , 𝒆2 e 𝒗 constituem as colunas da matriz 3 × 3.)
A solução do sistema homogêneo é dada por
⎛𝛼1 ⎞ ⎛ −1 ⎞
⎜𝛼2 ⎟ = 𝛼3 ⎜ −1 ⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝛼3 ⎠ ⎝ 1⎠
Como o sistema homogêneo possui solução não trivial, concluímos que
os vetores 𝑒1 , 𝑒2 e 𝑣 são linearmente dependentes.
Substituindo a solução (𝛼1 , 𝛼2 , 𝛼3 ) = (−1, −1, 1) em (2.14), obtemos
−𝒆1 − 𝒆2 + 𝒗 = 0,
𝑆 = {𝒗1 , 𝒗2 , … , 𝒗𝑘 } ⊂ 𝕂𝑛
𝛼1 𝒗1 + … + 𝛼𝑘 𝒗𝑘 = 0.
𝛼1 𝒗1 = −𝛼2 𝒗2 − … − 𝛼𝑘 𝒗𝑘 , (2.16)
48 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS VETORIAIS
ou seja,
𝒗1 = 𝛽 2 𝒗2 + … + 𝛽 𝑘 𝒗𝑘 ,
em que 𝛽𝑖 = −𝛼𝑖 /𝛼1 para 𝑖 = 2, … , 𝑘. Assim, 𝒗1 é combinação linear dos
vetores {𝒗2 , … , 𝒗𝑘 }.
Reciprocamente, se (por exemplo) 𝒗1 = 𝛼2 𝒗2 + … + 𝛼𝑘 𝒗𝑘 , então
1𝒗1 − 𝛼2 𝒗2 − … − 𝛼𝑘 𝒗𝑘 = 0
Exercício 2.25 Verifique se o conjunto 𝑆 = {(1, 1, 2, 1), (1, 1, 1, 1), (2, 1, 1, 1), (2, 1, 2, 1)} ⊂ 𝕂4 é
linearmente dependente ou linearmente independente. Se for linearmente dependente, escreva um
dos vetores como combinação linear dos vetores restantes.
Exercício 2.26 Suponha que o vetor 𝒗 pertença ao espaço < 𝒗1 , … , 𝒗𝑘 >. Mostre que o conjunto
{𝒗, 𝒗1 , … , 𝒗𝑘 } é linearmente dependente.
𝛼1 0 + 𝛼2 𝒗2 + … + 𝛼𝑘 𝒗𝑘 = 0
Exercício 2.27 Seja 𝑋 um espaço vetorial. Suponha que o conjunto {𝒗1 , … , 𝒗𝑘 } ⊂ 𝑋 seja linear-
mente dependente. Mostre que {𝒗1 , … , 𝒗𝑘 , 𝒗} ⊂ 𝑋 é linearmente dependente, qualquer que seja
o vetor 𝒗 ∈ 𝑋.
2.5. BASE E DIMENSÃO 49
Exercício 2.28 Seja 𝒗 ≠ 0 um vetor do espaço vetorial 𝑋. Mostre que o conjunto {𝒗} é linear-
mente independente.
Exercício 2.29 Sejam 𝑋 um espaço vetorial e ℬ = {𝒗1 , 𝒗2 , … , 𝒗𝑘 } ⊂ 𝑋 um conjunto linearmente
independente. Mostre que 𝒗𝑘 ∉ < 𝒗1 , … , 𝒗𝑘−1 >.
𝐴 = ( 𝒗1 𝒗2 … 𝒗 𝑘 )
↑ ↑ ↑
colunas
Sendo 𝒘 ∈ 𝑊 um vetor qualquer em 𝑊, consideramos o sistema
𝐴𝒙 = 𝒘.
0 = 𝛼 1 𝒆1 + … + 𝛼 𝑛 𝒆𝑛
= (𝛼1 , 0, … , 0) + (0, 𝛼2 , 0, … , 0) + … + (0, … , 0, 𝛼𝑛 )
= (𝛼1 , … , 𝛼𝑛 ),
Exercício 2.31 Mostre que o conjunto {(1, 1, 1, 1), (1, 1, 1, 0), (1, 1, 0, 0), (1, 0, 0, 0)} é uma base
do espaço 𝕂4 .
Exercício 2.32 Apresente uma base do espaço 𝕄𝑚×𝑛 .
𝑊 = {𝑡𝒗 ∶ 𝑡 ∈ ℝ}
Exercício 2.33 Se os vetores 𝒖, 𝒗 ∈ ℝ𝑛 não forem colineares (isto é, se não estiverem na mesma
reta), mostre que {𝒖, 𝒗} é uma base do subespaço < 𝒖, 𝒗 >.
𝑆 = {𝒖1 , 𝒖2 , 𝒖3 } ⊂ 𝑊 .
𝛽1 𝒖1 + 𝛽2 𝒖2 + 𝛽3 𝒖3 = 0. (2.18)
𝒖1 = 𝛼11 𝒗1 + 𝛼21 𝒗2
𝒖2 = 𝛼12 𝒗1 + 𝛼22 𝒗2
𝒖3 = 𝛼13 𝒗1 + 𝛼23 𝒗2
2.5. BASE E DIMENSÃO 53
para determinados escalares 𝛼𝑖𝑗 , com 𝑖 ∈ {1, 2} e 𝑗 ∈ {1, 2, 3}. Note bem:
como pouco sabemos sobre os vetores 𝒗1 , 𝒗2 , não podemos determinar esses
escalares 𝛼𝑖𝑗 , mas eles certamente existem!
Substituindo essas expressões de 𝒖1 , 𝒖2 e 𝒖3 em (2.18), obtemos
ou seja,
(𝛽1 𝛼11 + 𝛽2 𝛼12 + 𝛽3 𝛼13 )𝒗1 + (𝛽1 𝛼21 + 𝛽2 𝛼22 + 𝛽3 𝛼23 )𝒗2 = 0.
isto é,
𝛽 0
𝛼11 𝛼12 𝛼13 ⎛⎜ 1 ⎞⎟ ⎛⎜ ⎞⎟
𝛽2 = 0 .
(𝛼21 𝛼22 𝛼23 ) ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝛽3 ⎠ ⎝0⎠
Como o número de equações nesse sistema homogêneo é menor do que
o número de incógnitas, decorre do Teorema 1.33 que esse sistema possui
solução (𝛽1 𝛽2 𝛽3 )𝒕 ≠ 0, mostrando que 𝒞 é linearmente dependente.
Prove o Teorema 2.41 adaptando a demonstração já apresentada. Deduza daí então o caso 𝒞 =
{𝒖1 , … , 𝒖𝑘 , 𝒖𝑘+1 , … , 𝒖𝑘+𝑟 }, em que 𝑟 ≥ 1.
ℬ = {𝒗1 , … , 𝒗𝑘 } ⊂ 𝑊 .
⎛1 1 1 1⎞ ⎛1 1 1 1⎞
⎜1 2 3 2⎟ ⎜0 1 2 1⎟
𝐴=⎜ → 𝐸=⎜ .
2 5 6 4⎟ 0 0 2 1⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝2 6 8 4⎠ ⎝0 0 0 0⎠
Notamos que cada operação elementar sobre as linhas de uma matriz pro-
duz uma nova linha que é combinação linear das linhas envolvidas nessa
operação elementar. Ou seja, operações elementares sobre as linhas de uma
matriz produzem vetores linhas que são combinações lineares dos vetores
linha originais. (Posteriormente vamos dizer que operações elementares so-
bre as linhas de uma matriz não alteram seu espaço linha.) Portanto, vemos
que o espaço gerado pelos vetores 𝒖1 , 𝒖2 , 𝒖3 e 𝒖4 tem dimensão 3 e é gerado
pelos vetores 𝒗1 = (1, 1, 1, 1), 𝒗2 = (0, 1, 2, 1) e 𝒗3 = (0, 0, 2, 1). ⊲
56 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS VETORIAIS
Exercício 2.36 Considere os vetores 𝒖1 = (1, 1, 0), 𝒖2 = (0, 0, 1), 𝒖3 = (0, 0, 2) e 𝒖4 = (0, 1, 0).
Escalone a matriz 𝐴 que tem os vetores dados como linha. Obtenha uma base para o subespaço
gerado pelos vetores dados. As linhas de 𝐴 correspondentes aos vetores não nulos de sua forma
escalonada formam uma base desse subespaço?
Assim, o método utilizado no Exemplo 2.48 certamente produz uma
base à partir de um conjunto que gera um subespaço, mas tem um inconve-
niente: os vetores da base obtida não estão todos no conjunto gerador origi-
nal. No Exemplo 2.48, apenas o primeiro vetor da base obtida faz parte do
conjunto original. Mostraremos posteriormente um método alternativo que
reduz um conjunto gerador a uma base sem alterar os vetores envolvidos.
Note que a a Proposição 2.46 garante que qualquer subespaço 𝑊 ge-
rado por um número finito de vetores em 𝑊 possui base, mas não garante
que qualquer subespaço 𝑊 de um espaço de dimensão finita 𝑋 possui base.
(Talvez a questão fique mais clara em um contexto concreto: um subespaço
𝑊 de 𝕂𝑛 possui base? Lembre-se que vetores de uma base do 𝕂𝑛 não pre-
cisam estar em 𝑊.)
O próximo resultado mostra que todo subespaço 𝑊 de um espaço veto-
rial 𝑥 de dimensão finita possui uma base:
<𝒞 >⊂𝑊.
é linearmente independente.
2.7. REPRESENTAÇÃO DE UM VETOR EM UMA BASE 57
Esse processo tem fim, pois estamos supondo que 𝑋 tenha dimensão
finita e sabemos que qualquer conjunto com 𝑛 + 1 elementos em 𝑋 é line-
armente dependente, de acordo com o Teorema 2.41. Ou seja, temos
1 2 1 2 1 2 1 2
→ .
(2 1 2 1) (0 −3 0 −3)
Agora obtemos dois vetores que não estão no espaço gerado pelos vetores
𝒕 𝒕
(1 2 1 2) , (0 −3 0 −3) . Para isso, basta escolhermos dois ve-
tores (escritos como linha) de modo que a matriz 4 × 4 resultante tenha a
forma de escada; por exemplo:
⎛1 2 1 2⎞
⎜0 −3 0 −3⎟
⎜0 .
0 1 0⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 0 1⎠
Claramente o conjunto
é uma base do ℝ4 . ⊲
2✻ 𝒙
❅
■ ✒
❅ 2
❅ ✒𝒙
❅
❅
❅
𝒗❅
■
2 ❅
✒𝒗
1
❅
❅ ✲
2 𝒙1
Proposição 2.55 Nas condições da Definição 2.53, existe uma bijeção en-
tre os espaços 𝑊 e 𝕂𝑗 . Além disso,
𝒙 = 𝛽 1 𝒗1 + 𝛽 2 𝒗2 ,
isto é,
(3, 2) = 𝛽1 (1, 1) + 𝛽2 (−1, 1),
o que nos dá a solução
5
2
[𝒙]ℬ = .
(− 1 ) ⊲
2
Exercício 2.38 Nas condições da Proposição 2.55, mostre que a aplicação 𝒙 → [𝒙]ℬ satisfaz
[𝒗𝑖 ]ℬ = 𝒆𝑖 , o 𝑖-ésimo vetor da base canônica do 𝕂𝑗 .
60 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS VETORIAIS
𝑈 + 𝑉 = {𝒖 + 𝒗 ∶ 𝒖 ∈ 𝑈 , 𝒗 ∈ 𝑉 }.
e
𝒗1 = (1, 2, 0, −3, 2, 1), 𝒗2 = (3, 6, 1, −9, 4, 3).
Encontraremos uma base para o subespaço 𝑈 + 𝑉
O subespaço 𝑈 + 𝑉 é gerado pelos vetores 𝒖1 , 𝒖2 , 𝒗1 e 𝒗2 . Formamos
assim a matriz 𝐴, que tem esses vetores como linhas, e a escalonamos:5
⎛1 2 0 −3 1 0⎞ ⎛1 2 0 −3 1 0 ⎞
⎜1 2 1 −3 1 2⎟ ⎜0 0 1 0 0 2⎟
𝐴=⎜ → ⎜
1 2 0 −3 2 1⎟ 0 0 0 0 1 1⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝3 6 1 −9 4 3⎠ ⎝0 0 1 0 1 3⎠
⎛1 2 0 −3 1 0 ⎞
⎜0 0 1 0 0 2⎟
→ ⎜
0 0 0 0 1 1⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 0 0 1 1⎠
⎛1 2 0 −3 1 0 ⎞
⎜0 0 1 0 0 2⎟
→ ⎜ =𝐸
0 0 0 0 1 1⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 0 0 0 0⎠
𝒘 = 𝒖 + 𝒗,
Exercício 2.39 Como se generaliza essa definição para o caso da soma direta de 𝑘 subespaços?
Exercício 2.40 Suponha que 𝑊 = 𝑈1 ⊕ 𝑈2 ⊕ ⋯ ⊕ 𝑈𝑘 . Mostre que 𝑈𝑖 ≠ {0} para todo 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑘.
𝑤 = 𝛼1 𝒖1 + … + 𝛼𝑗 𝒖𝑗 + 𝛼𝑗+1 𝒗𝑗+1 + … + 𝛼𝑘 𝒗𝑘 .
2.9 Exercícios
1. Encontre os valores de 𝑥 e 𝑦 de modo que
(a) (𝑦, 3) = (2, 𝑥 + 𝑦);
(b) (𝑥, 4) = 𝑦(3, 2).
2. Seja 𝑋 = {𝒙 = (𝑥1 , 𝑥2 ) ∈ ℝ2 ∶ 𝑥1 , 𝑥2 > 0}. Em 𝑋 definimos as operações de adição
𝒙 + 𝒚 = (𝑥1 , 𝑥2 ) + (𝑦1 , 𝑦2 ) = (𝑥1 𝑦1 , 𝑥2 𝑦2 )
e multiplicação pelo escalar 𝛽 ∈ ℝ
𝛽 𝛽
𝛽𝒙 = 𝛽(𝑥1 , 𝑥2 ) = (𝑥1 , 𝑥2 ).
Mostre que, com essas operações, 𝑋 é um espaço vetorial real. Qual é o elemento 0 ∈ 𝑋?
2.9. EXERCÍCIOS 63
3. Seja 𝑋 um espaço vetorial. Mostre que, para todo 𝒙 ∈ 𝑋, vale (−1)𝒙 = (−𝒙).
4. Seja 𝑉 = {(𝑎, 𝑏, 𝑐) ∈ ℝ3 ∶ 𝑎 > 0} e 𝑊 = {(𝑎, 𝑏, 𝑐) ∈ ℝ3 ∶ 𝑎2 +𝑏2 +𝑐 2 = 1}. Os conjuntos
𝑉 e 𝑊 são subespaços do ℝ3 ?
5. Mostre que o conjunto 𝑊 = {(𝑎, 𝑏, 𝑐) ∈ 𝕂3 ∶ 𝑎 = 𝑏 = 𝑐} é um subespaço do 𝕂3 .
6. Sejam 𝑉 , 𝑊 dois subespaços do espaço vetorial 𝑋. Mostre que 𝑉 ∩ 𝑊 é um subespaço de 𝑋.
Generalize esse resultado para a interseção de 𝑚 subespaços de 𝑋.
7. Interprete a solução de um sistema homogêneo com 𝑚 equações e 𝑛 incógnitas como a inter-
seção de 𝑚 subespaços do 𝕂𝑛 .
8. Sejam 𝑉 , 𝑊 dois subespaços do espaço vetorial 𝑋. Dê um exemplo mostrando que 𝑉 ∪ 𝑊
pode não ser um subespaço do 𝑋.
9. Seja 𝑊 um subconjunto qualquer do 𝕂𝑛 . Mostre que 𝑊 é um subespaço se, e somente se,
𝛽𝒖 + 𝒗 ∈ 𝑊 para quaisquer 𝒖, 𝒗 ∈ 𝑊 e 𝛽 ∈ 𝕂.
10. Seja 𝒞 um conjunto qualquer de elementos do 𝕂𝑛 . (Assim, não sabemos quantos elementos
estão em 𝒞.) Defina
20. O conjunto {𝒗1 = (1, 2, 5), 𝒗2 = (1, 3, 1), 𝒗3 = (3, 1, 4), 𝒗4 = (2, 5, 7)} ⊂ 𝕂3 é linearmente
dependente?
21. O conjunto {(1, 1, 1), (1, 0, 0), (0, 0, 0)} é linearmente dependente ou linearmente indepen-
dente?
22. Suponha que os vetores 𝒗1 , 𝒗2 e 𝒗3 do espaço 𝑋 sejam linearmente independentes. Mostre
que o conjunto {𝒗1 + 𝒗2 , 𝒗1 − 𝒗2 , 𝒗1 − 2𝒗2 + 𝒗3 } ⊂ 𝑋 é linearmente independente.
23. Verifique se o conjunto
1 2 −3 1 3 −4 3 8 −11
, ,
{(4 0 1) ( 6 5 4) ( 16 10 9 )}
e
𝑊 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧) ∶ 𝑥 = 𝑧}.
Mostre que
(a) ℝ3 = 𝑈 + 𝑉;
2.9. EXERCÍCIOS 65
(b) ℝ3 = 𝑈 + 𝑊;
(c) ℝ3 = 𝑉 + 𝑊.
Quando temos uma soma direta de subespaços?
34. Considere o espaço 𝒫3 (𝑡) de todos os polinômios com coeficientes em 𝕂 com grau menor
que 3.
(a) Mostre que ℬ = {𝒑1 , 𝒑2 , 𝒑3 } é uma base de 𝒫3 (𝑡), sendo
Produto Interno
66
3.1. PROPRIEDADES BÁSICAS 67
Exercício 3.1 Considere o produto escalar 𝒙 ⋅ 𝒚, já definido para vetores 𝒙, 𝒚 ∈ ℝ3 . Verifique que
esse produto escalar satisfaz a Definição 3.1.
⎛𝑥1 ⎞
⎜𝑥 ⎟
⟨𝒙, 𝒚⟩ = 𝒙 ⋅ 𝒚 = 𝑥1 𝑦1 + … + 𝑥𝑛 𝑦𝑛 = (𝑦1 𝑦2 … 𝑦𝑛 ) ⎜ 2 ⎟ = 𝒚t 𝒙,
⋮
⎜ ⎟
⎝ 𝑥𝑛 ⎠
𝒙 = (5, −1, −2, 6), 𝒚 = (4, −2, −2, −1) e 𝒛 = (1, 3, −6, −3)
do espaço ℝ4 . Então
enquanto
⎛𝑧1 ⎞
⎜𝑧 ⎟
⟨𝒛, 𝒘⟩ = 𝒛 ⋅ 𝒘 = 𝑧1 𝑤1 + … + 𝑧𝑛 𝑤𝑛 = (𝑤1 𝑤2 … 𝑤𝑛 ) ⎜ 2 ⎟ = 𝒘t 𝒛,
⋮
⎜ ⎟
⎝ 𝑧𝑛 ⎠
Exercício 3.2 Verifique que o produto interno canônico do ℝ𝑛 satisfaz a Definição 3.1.
Exercício 3.3 Seja ⟨⋅, ⋅⟩ um produto interno no espaço 𝐸. Verifique que, para quaisquer 𝒖, 𝒗 e 𝒘
no espaço 𝐸, vale:
⟨𝒖, 𝒗 + 𝛼𝒘⟩ = ⟨𝒖, 𝒗⟩ + 𝛼⟨𝒖,
̄ 𝒘⟩.
68 CAPÍTULO 3. PRODUTO INTERNO
⟨𝒙, 𝒚⟩ = 𝛼1 𝑥1 𝑦1 + … + 𝛼𝑛 𝑥𝑛 𝑦𝑛
também define um produto interno no 𝕂𝑛 . O mesmo resultado vale se um dos escalares 𝛼𝑖 for nulo?
Uma pergunta impõe-se: todo espaço vetorial possui ou nele pode ser
definido um produto interno? A resposta para essa questão é afirmativa, mas
neste texto apenas mostraremos que é possível definir um produto interno
em qualquer espaço 𝑋 de dimensão finita. Tendo em vista a Proposição
2.55, esse resultado é completamente natural.
Exercício 3.5 Seja ⟨⋅, ⋅⟩ um produto interno qualquer no 𝕂𝑛 . Mostre que ⟨𝒙, 0⟩ = 0 para todo
𝒙 ∈ 𝕂𝑛 e conclua que também vale ⟨0, 𝒙⟩ = 0.
Exercício 3.6 Considere 𝒙 = (𝑥1 , 𝑥2 ) e 𝒚 = (𝑦1 , 𝑦2 ) vetores no ℝ2 . Defina
⟨𝒙, 𝒚⟩ = 𝑥1 𝑦1 − 𝑥1 𝑦2 − 𝑥2 𝑦1 + 3𝑥2 𝑦2 .
Verifique que ⟨⋅, ⋅⟩ define um produto interno no ℝ2 . Para 𝒙 = (1, 1), encontre os vetores 𝒚 ∈ ℝ2
que satisfazem ⟨𝒙, 𝒚⟩ = 0.
Exercício 3.7 Demontre a Proposição 3.4.
3.1. PROPRIEDADES BÁSICAS 69
Os próximos exemplos são mais sofisticados e sua leitura pode ser supri-
mida, conforme juízo do instrutor.
Então ⟨⋅, ⋅⟩ define um produto interno em 𝐶([𝑎, 𝑏], ℝ). De fato, claramente
vale
Uma vez que |𝑥𝑖 𝑦𝑖̄ | ≤ (1/2) [|𝑥𝑖 |2 + |𝑦𝑖 |2 ], temos que ⟨𝒙, 𝒚⟩ < ∞ para
todos 𝒙, 𝒚 ∈ ℓ2 . Então ⟨⋅, ⋅⟩ define um produto interno em ℓ2 . ⊲
Exercício 3.8 Verifique todas as afirmações feitas nos Exemplos 3.5 e 3.6.
3.2 Norma
Definição 3.8 Uma norma no espaço 𝑋 é uma aplicação ‖ ⋅ ‖ ∶ 𝑋 → 𝕂
satisfazendo, para todos 𝒙, 𝒚 ∈ 𝑋 e 𝜆 ∈ 𝕂:
(𝑖) ‖𝒙‖ ≥ 0 e ‖𝒙‖ = 0 se, e somente se, 𝑥 = 0;
Exercício 3.9 Mostre que ‖ ⋅ ‖𝑠 satisfaz as propriedades que caracterizam uma norma no 𝕂𝑛 .
Exercício 3.10 Para os vetores 𝒙, 𝒚 e 𝒛 do ℝ4 , definidos no Exemplo 3.2, calcule ‖𝒙‖𝑠 , ‖𝒚‖𝑠 e
‖𝒛‖𝑠 .
Exercício 3.11 Para 𝒙 = (𝑥1 , 𝑥2 , … , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝕂𝑛 , defina ‖𝒙‖∞ = max1≤𝑖≤𝑛 |𝑥𝑖 |. Mostre que assim
está definida uma norma, chamada norma do máximo no 𝕂𝑛 .
Exercício 3.12 Repita o Exercício 3.10 trocando a norma ‖ ⋅ ‖𝑠 pela norma ‖ ⋅ ‖∞ .
Agora vamos mostrar que, qualquer que seja o espaço 𝐸, seu produto
interno produz, de maneira natural, uma norma em 𝐸. Assim, se ⟨⋅, ⋅⟩ é
o produto interno considerado em 𝐸, denotemos (com abuso de notação)
‖𝒙‖ ∶= ⟨𝒙, 𝒙⟩1/2 . Vamos mostrar que essa notação é coerente, isto é, que
⟨𝒙, 𝒙⟩1/2 realmente define uma norma no espaço 𝐸. Notamos que, com essa
definição, já temos
(𝑖) ‖𝒙‖ = ⟨𝒙, 𝒙⟩1/2 ≥ 0 e ‖𝒙‖ = 0 ⇔ 𝒙 = 0;
(𝑖𝑖) ‖𝛼𝒙‖2 = ⟨𝛼𝒙, 𝛼𝒙⟩ = 𝛼𝛼̄ ⟨𝒙, 𝒙⟩ = |𝛼|2 ‖𝒙‖2 . Ao tomarmos a raiz
quadrada em ambos os lados, obtemos ‖𝛼𝒙‖ = |𝛼| ‖𝒙‖.
Antes de completarmos a demonstração de nossa afirmação, justificare-
mos a definição de perpendicularidade, apresentada anteriormente.
Teorema 3.10 (Pitágoras)
Seja 𝐸 um espaço com produto interno ⟨⋅, ⋅⟩. Considere ‖𝒙‖ = ⟨𝒙, 𝒙⟩1/2
para todo 𝒙 ∈ 𝐸. Então, 𝒙 ⟂ 𝒚 implica
✒✻
𝒚
𝒛
✲ ✲
proj𝒙 𝒚 𝒙
Figura 3.1: O vetor proj𝒙 𝒚 = (⟨𝒚, 𝒙⟩/‖𝒙‖2 )𝒙 é a projeção ortogonal do vetor
𝒚 no vetor 𝒙. O vetor 𝒛 = 𝒚 − proj𝒙 𝒚 é a “componente” de 𝒚 ortogonal ao
vetor 𝒙.
Se 𝒙 = 𝛽𝒚, então |⟨𝒙, 𝒚⟩| = |𝛽| ⟨𝒚, 𝒚⟩ = |𝛽| ‖𝒚‖2 = ‖𝒙‖ ‖𝒚‖. Se
𝒙 ≠ 𝛼𝒚, então 𝒙 ≠ 0. Definimos 𝒘 = 𝒙/‖𝒙‖. Para todo 𝒚 ∈ 𝐸, vale
‖𝒚‖2 = ‖⟨𝒚, 𝒘⟩𝒘‖2 + ‖(𝒚 − ⟨𝒚, 𝒘⟩𝒘)‖2 > ‖⟨𝒚, 𝒘⟩𝒘‖2 = |⟨𝒚, 𝒘⟩|2 ,
o que implica que |⟨𝒚, 𝒘⟩| < ‖𝒚‖. Substituindo 𝒘 = 𝒙/‖𝒙‖, obtemos o
resultado.
Observação 3.13 Note que mostramos que |⟨𝒙, 𝒚⟩| = ‖𝒙‖ ‖𝒚‖ se, e so-
mente se, 𝒙 = 𝛽𝒚, para algum 𝛽 ∈ 𝕂. ⊲
𝒙 𝒚 𝒙 𝒚
, ≤1 ⇒ −1 ≤ , ≤ 1.
|⟨ ‖𝒙‖ ‖𝒚‖ ⟩| ⟨ ‖𝒙‖ ‖𝒚‖ ⟩
(Note que a última desigualdade só é válida se tivermos ⟨⋅, ⋅⟩ ∈ ℝ.)
Assim, é natural definir o ângulo 𝜃 entre os vetores 𝒙 e 𝒚 (com 0 ≤ 𝜃 ≤
𝜋) por
𝒙 𝒚
cos 𝜃 = , .
⟨ ‖𝒙‖ ‖𝒚‖ ⟩
Portanto, podemos escrever
Exercício 3.16 Considere os vetores 𝒙 = (5, −1, −2, 6) e 𝒚 = (4, −1, 2, 1) do espaço ℝ4 . Calcule
o ângulo entre 𝒙 e 𝒚.
Exercício 3.17 Discuta: podemos definir o ângulo entre vetores do espaço ℂ𝑛 ?
A desigualdade de Cauchy-Bunyakowsky-Schwarz permite que justifi-
quemos a notação ‖𝒙‖ = ⟨𝒙, 𝒙⟩1/2 .
Proposição 3.14 Seja 𝐸 um espaço com o produto interno ⟨⋅, ⋅⟩. Então
‖𝒙‖ = ⟨𝒙, 𝒙⟩1/2 define uma norma em 𝐸. Dizemos que essa norma é gerada
pelo produto interno ⟨⋅, ⋅⟩.
Demonstração: De acordo com o que já vimos, para completar a prova de
que ‖𝒙‖ = ⟨𝒙, 𝒙⟩1/2 define uma norma, basta provar a desigualdade trian-
gular. Temos que
Essa identidade permanece válida se ‖ ⋅ ‖ for substituída por uma norma qualquer no 𝕂𝑛 ?
A recíproca do Exercício 3.22 é um fato notável, com demonstração um
pouco mais complexa: uma norma arbitrária satisfaz a identidade do para-
lelogramo apenas se for gerada por um produto interno. A demonstração
desse fato está além dos objetivos deste texto.
Exercício 3.23 Justifique: qualquer conjunto ortonormal com 𝑛 elementos é uma base do espaço
𝐸 de dimensão 𝑛.
Exercício 3.24 Considere o conjunto 𝒪 = {𝒗1 , 𝒗2 , 𝒗3 , 𝒗4 } em que
𝒗1 = (16, −13, 1, 3), 𝒗2 = (1, 2, 1, 3), 𝒗3 = (1, 1, 0, −1) e 𝒗4 = (1, 1, −9, 2).
Mostre que 𝒪 é uma base ortogonal do 𝕂4 , considerado com seu produto interno canônico.
Exercício 3.25 Demonstre a Proposição 3.20 ao expandir o lado esquerdo da igualdade usando a
identidade ‖𝒙‖2 = ⟨𝒙, 𝒙⟩. (Uma outra demonstração é obtida utilizando-se a versão já exposta do
Teorema de Pitágoras.)
𝛼𝑖 = ⟨𝒙, 𝒗𝑖 ⟩, (3.2)
de modo que
𝑟
𝒙 = ∑⟨𝒙, 𝒗𝑖 ⟩𝒗𝑖 .
𝑖=1
o que nos dá
𝛼𝑖 = ⟨𝒙, 𝒗𝑖 ⟩ para 𝑖 ∈ {1, … , 𝑟}
e, portanto
𝑟
𝒙 = ∑⟨𝒙, 𝒗𝑖 ⟩𝒗𝑖 .
𝑖=1
𝛼𝑖 = ⟨𝒙, 𝒗𝑖 ⟩ = proj𝒗𝑖 𝒙.
⊲
76 CAPÍTULO 3. PRODUTO INTERNO
1 2 1 2 1 4
𝒗1 = , , , 𝒗2 = − ,− ,
( √6 √6 √6 ) ( √21 √21 √21 )
e
3 2 1
𝒗3 = ,− ,
.
( √14
√14 √14 )
Se 𝒙 = (1, 1, 1) determinamos facilmente os escalares 𝛼𝑖 tais que
𝒙 = 𝛼 1 𝒗1 + 𝛼 2 𝒗2 + 𝛼 3 𝒗3 .
De fato, como vimos, temos
4 1 2
𝛼1 = ⟨𝒙, 𝒗1 ⟩ = , 𝛼2 = ⟨𝒙, 𝒗2 ⟩ = e 𝛼3 = ⟨𝒙, 𝒗3 ⟩ = .
√6 √21 √14 ⊲
Exercício 3.26 Compare a solução apresentada no Exemplo 3.23 com o cálculo direto dos coefi-
cientes 𝛼𝑖 (como feito no Capítulo 2, isto é, sem usar o fato que ℬ é uma base ortonormal).
Exercício 3.27 Na Proposição 3.21, se a base ℬ = {𝒗1 , … , 𝒗𝑟 } for apenas ortogonal ao invés de
ortonormal, qual é a expressão dos coeficientes 𝛼𝑖 ?
Exercício 3.28 Ache a representação do vetor 𝒙 = (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 , 𝑥4 ) ∈ 𝕂4 na base 𝒪 do Exercício
3.24.
A Proposição 3.21 tem várias aplicações. Por exemplo, se {𝒗1 , … , 𝒗𝑛 }
for uma base ortonormal do espaço com produto interno 𝐸 e 𝒙, 𝒚 ∈ 𝐸 com
𝒙 = 𝛼 1 𝒗1 + … + 𝛼 𝑛 𝒗𝑛 e 𝒚 = 𝛽1 𝒗1 + … + 𝛽𝑛 𝒗𝑛 ,
ao expandirmos ambos os lados do produto interno ⟨𝒙, 𝒚⟩ obtemos
⟨𝛼1 𝒗1 + … + 𝛼𝑛 𝒗𝑛 , 𝛽1 𝒗1 + … + 𝛽𝑛 𝒗𝑛 ⟩ = 𝛼1 𝛽1 + … + 𝛼𝑛 𝛽𝑛 , (3.3)
o que mostra que, com relação a essa base ortonormal, o produto interno
se comporta como o produto interno canônico do 𝕂𝑛 . (Relembramos que
a ortogonalidade de vetores depende do produto interno considerado. O
que é uma base ortonormal para o produto interno canônico não precisa ser
ortogonal para outro produto interno.)
✻
𝒖
✁✕✻
✁
✁𝒘 proj𝒗2 𝒖
✁ ✲ ✲
❅ 𝒗2
proj𝒗1 𝒖 ✠ ❘
❅
𝒕 = proj𝒗1 𝒖 + proj𝒗2 𝒖
𝒗1 ✠
𝒘′2 = 𝒗2 − proj𝒘1 𝒗2
⟨𝒗2 , 𝒘1 ⟩ 1
= 𝒗2 − 𝒘1 = (−1, 0, 1) − (−1, 1, 0)
‖𝒘1 ‖ 2 2
= (−1, 0, 1) − (−1/2, 1/2, 0)
= (−1/2, −1/2, 1).
𝒘3 = 𝒗3 − proj𝒘1 𝒗3 − proj𝒘2 𝒗3
⟨𝒗3 , 𝒘1 ⟩ ⟨𝒗3 , 𝒘2 ⟩
= 𝒗3 − 𝒘1 − 𝒘2
‖𝒘1 ‖2 ‖𝒘2 ‖2
0 0
= (1, 1, 1) − (−1, 1, 0) − (−1, −1, 2)
2 6
= (1, 1, 1).
Note que o vetor 𝒘3 coincidiu com o vetor 𝒗3 , pois esse vetor já era
ortogonal aos vetores 𝒗1 e 𝒗2 (verifique!). Assim, a base ℬ = {𝒘1 , 𝒘2 , 𝒘3 }
3.4. ORTOGONALIZAÇÃO DE GRAM-SCHMIDT 79
é uma base ortogonal do ℝ3 . Para obter uma base ortonormal, basta dividir
cada vetor por sua norma. Então os vetores
−1 1 −√6 −√6 √6
𝒖1 = ,
,0 , 𝒖2 = , ,
( √2 √2 ) ( 6 6 3 )
e
1 1 1
𝒖3 = , ,
( √3 √3 √3 )
Definição 3.27 Seja 𝐸 um espaço com o produto interno ⟨⋅, ⋅⟩. O comple-
mento ortogonal do subespaço 𝑊 ⊂ 𝐸, denotado por 𝑊 ⟂ , é o conjunto
𝑊 ⟂ = {𝒛 ∈ 𝐸 ∶ ⟨𝒛, 𝒘⟩ = 0, ∀ 𝒘 ∈ 𝑊 }.
Claramente 𝑊 ⟂ é um subespaço de 𝐸.
Exercício 3.31 Seja 𝐸 um espaço com produto interno. Mostre que, qualquer que seja o conjunto
𝑆 ⊂ 𝐸 (que não precisa ser um subespaço), temos que 𝑆 ⟂ é um subespaço do 𝐸.
𝐸 = 𝑊 ⊕ 𝑊⟂
𝒙 = 𝒘 + 𝒛.
Além disso,
(𝑊 ⟂ )⟂ = 𝑊 .
𝒘 = ⟨𝒙, 𝒘1 ⟩ 𝒘1 + … + ⟨𝒙, 𝒘𝑛 ⟩ 𝒘𝑛
Assim,
⎧⎛ −2 ⎞ ⎛ 13 ⎞ ⎛ −17 ⎞⎫
⎪⎜ 0 ⎟ ⎜ −4 ⎟ ⎜ 5 ⎟⎪
⎪ ⎪
𝒞 = ⎨⎜ 1 ⎟ , ⎜ 0 ⎟ , ⎜ 0 ⎟⎬
⎪⎜ 0 ⎟ ⎜ 1 ⎟ ⎜ 0 ⎟⎪
⎪⎜ 0 ⎟ ⎜ 0 ⎟ ⎜ 1 ⎟⎪
⎩⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎭
é uma base para 𝑊 ⟂ . Para obter uma base ortogonal para 𝑊 ⟂ , aplicamos
o processo de ortogonalização de Gram-Schmidt a esses vetores. ⊲
3.5 Exercícios
1. Seja ⟨⋅, ⋅⟩ um produto interno. Mostre que ⟨𝒙, 𝒚 + 𝜆𝒛⟩ = ⟨𝒙, 𝒚⟩ + 𝜆⟨𝒙, 𝒛⟩ para todos 𝒙, 𝒚, 𝒛 ∈
ℝ𝑛 e 𝜆 ∈ ℝ.
2. Para os vetores 𝒛 = (𝑧1 , 𝑧2 ) e 𝒘 = (𝑤2 , 𝑤2 ) no espaço ℂ2 ,
(a) verifique que
(b) Para 𝒇𝑚 (𝑡) = cos 𝑚𝑡 (𝑚 ∈ {0, 1, 2, …} e 𝒈𝑛 (𝑡) = sen 𝑛𝑡 (𝑛 ∈ ℕ), verifique que
e
⟨𝒈𝑖 , 𝒈𝑗 ⟩ = 0, 𝑖, 𝑗 ∈ ℕ, 𝑖 ≠ 𝑗.
10. Sejam 𝐸 um espaço com produto interno ⟨⋅, ⋅⟩ e ‖ ⋅ ‖ a norma por ele gerada. Mostre que, se
𝐸 for um espaço real, então
1
⟨𝒙, 𝒚⟩ = ‖𝒙 + 𝒚‖2 − ‖𝒙 − 𝒚‖2 ) .
4(
Por outro lado, se 𝐸 for um espaço complexo, então
1 1 𝑖 𝑖
⟨𝒙, 𝒚⟩ = ‖𝒙 + 𝒚‖2 − ‖𝒙 − 𝒚‖2 + ‖𝒙 + 𝑖𝒚‖2 − ‖𝒙 − 𝑖𝒚‖2 .
4 4 4 4
Essas igualdades são conhecidas como identidade de polarização. Para obtê-las, em cada
caso desenvolva o lado esquerdo da igualdade.
11. Sejam 𝒖 = (2, −1, 𝛼) e 𝒗 = (1, 3, 2). Para que valor de 𝛼 os vetores 𝒖 e 𝒗 são ortogonais com
relação ao produto interno canônico do ℝ3 ?
12. Considere a base ortogonal do ℝ3 definida no Exemplo 3.19. Dado o vetor 𝒙 = (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ),
obtenha as coordenadas de 𝒙 nessa base.
13. Considere o espaço ℝ3 com seu produto interno canônico e o plano 𝜋 dado por 𝑥1 + 𝑥2 + 𝑥3 =
0.
(a) Encontre uma base ortonormal ℬ para 𝜋.
(b) Complete essa base de modo a obter uma base ortonormal para o espaço ℝ3 .
14. Considere o conjunto ℬ = {𝒗1 , 𝒗2 , 𝒗3 , 𝒗4 }, em que
e
𝒗4 = (5, −2, −6, −1).
Seja 𝒙 = (1, 1, 1, 1).
(a) Mostre que ℬ é uma base ortogonal do ℝ4 considerado com seu produto interno canô-
nico;
(b) Escreva 𝒙 como combinação linear dos elementos de ℬ.
15. Seja {𝒗1 , … , 𝒗𝑘 } uma base ortonormal do subespaço 𝑉 ⊂ ℝ𝑛 . Dados 𝒖, 𝒗 ∈ 𝑉, mostre que
16. Escreva o vetor (1, 3) ∈ ℝ2 como combinação linear dos vetores 𝒗1 = (1/√2, 1/√2) e
𝒗2 = (−1/√2, 1/√2).
17. Com ℝ4 considerado com seu produto interno canônico, encontre uma base ortonormal para
o subespaço
Aplicações Lineares
84
4.1. TEOREMA DO NÚCLEO E DA IMAGEM 85
Exercício 4.1 Sejam 𝑋, 𝑌 espaços vetoriais e 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑌 uma aplicação linear qualquer. Mostre
que 𝑇 (0) = 0.
Definimos agora dois subespaços fundamentais associados a uma apli-
cação linear. (Dada uma matriz 𝐴, 𝑚 × 𝑛, já havíamos definido ker 𝐴.)
im 𝑇 = {𝒚 ∈ 𝑌 ∶ 𝒚 = 𝑇 𝒙}.
ker 𝑇 = {𝒙 ∈ 𝑋 ∶ 𝑇 𝒙 = 0}.
86 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES LINEARES
𝑆(𝑥1 , 𝑥2 ) = (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥1 + 𝑥2 ).
ℬ = {𝒙1 , … , 𝒙𝑗 , 𝒘𝑗+1 , … , 𝒘𝑛 }
𝛼𝑗+1 𝑇 𝒘𝑗+1 + … + 𝛼𝑛 𝑇 𝒘𝑛 = 0.
𝒘 = 𝛼𝑗+1 𝒘𝑗+1 + … + 𝛼𝑛 𝒘𝑛 ,
𝒚 = 𝑇 𝒙 = 𝛼1 𝑇 𝒙1 + … + 𝛼𝑗 𝑇 𝒙𝑗 + 𝛼𝑗+1 𝑇 𝒘𝑗+1 + … + 𝛼𝑛 𝑇 𝒘𝑛
= 𝛼𝑗+1 𝑇 𝒘𝑗+1 + … + 𝛼𝑛 𝑇 𝒘𝑛 ,
Exercício 4.4 Traduza o Exemplo 4.15 para o espaço 𝕂∞ , lembrando que os espaços 𝒫 (𝑡) e 𝕂∞
são isomorfos. (Veja o Exercício 2.5.)
⎛𝑥1 ⎞
(𝑥1 , … , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝕂 𝑛
⟷ ⎜ ⋮ ⎟ ∈ 𝕄1×𝑛 (4.2)
⎜ ⎟
⎝ 𝑥𝑛 ⎠
é útil no tratamento de vetores. Sem pressupor a escolha de bases, ela iden-
tifica um vetor do 𝕂𝑛 com uma matriz em 𝕄𝑛×1 (𝕂). Se a utilizarmos tanto
no espaço 𝕂𝑛 quanto no espaço 𝕂𝑚 , ela nos permite interpretar uma matriz
𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ), 𝑚 × 𝑛, como uma aplicação linear 𝐴 ∶ 𝕂𝑛 → 𝕂𝑚 . De fato, dado
𝒙 = (𝑥1 , … , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝕂𝑛 e utilizando a identificação (4.2), temos
Quais são o domínio e o contradomínio da aplicação linear definida por 𝐴? Calcule 𝐴𝒙, se
𝒙 = (1, 1, 1, 1). Calcule também 𝐴𝒆𝑖 , em que os vetores 𝒆𝑖 compõem a base canônica do domínio
de 𝐴 (veja o Exemplo 2.35).
Exercício 4.6 Sejam 𝑋, 𝑌 espaços vetoriais e ℬ = {𝒖1 , … , 𝒖𝑛 } uma base de 𝑋. Mostre que existe
uma única aplicação linear 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑌 tal que 𝑇 𝒖𝑖 = 𝒘𝑖 , quaisquer que sejam os vetores 𝒘𝑖 em 𝑌.
𝑇 𝒙 = 𝑇 (𝑥1 , 𝑥2 ) = (3𝑥1 + 𝑥2 , 𝑥1 + 𝑥2 , 𝑥2 ).
⎛ 𝛽1𝑖 ⎞
⎜𝛽 ⎟
𝑇 𝒖𝑖 = 𝛽1𝑖 𝒗1 + … + 𝛽𝑗𝑖 𝒗𝑗 + … + 𝛽𝑚𝑖 𝒗𝑚 ⇒ [𝑇 𝒖𝑖 ]𝒞 = ⎜ 2𝑖 ⎟ . (4.4)
⋮
⎜ ⎟
⎝𝛽𝑚𝑖 ⎠
Por sua vez, dado um vetor qualquer 𝑥 ∈ 𝑋, podemos representá-lo na base
ℬ de maneira única:
⎛𝛼1 ⎞
⎜𝛼 ⎟
𝑥 = 𝛼1 𝒖1 + … + 𝛼𝑛 𝒖𝑛 ⇒ [𝒙]ℬ = ⎜ 2⎟ . (4.5)
⋮
⎜ ⎟
⎝ 𝛼𝑛 ⎠
A linearidade de 𝑇 nos garante que
𝑇 𝒙 = 𝑇 (𝛼1 𝒖1 + … + 𝛼𝑛 𝒖𝑛 ) = 𝛼1 𝑇 𝒖1 + … + 𝛼𝑛 𝑇 𝒖𝑛
= 𝛼1 (𝛽11 𝒗1 + … + 𝛽𝑚1 𝒗𝑚 ) + … + 𝛼𝑛 (𝛽1𝑛 𝒗1 + … + 𝛽𝑚𝑛 𝒗𝑚 )
= (𝛽11 𝛼1 + … + 𝛽1𝑛 𝛼𝑛 )𝒗1 + … + (𝛽𝑚1 𝛼1 + … + 𝛽𝑚𝑛 𝛼𝑛 )𝒗𝑚 .
⎛ 𝛽11 𝛼1 + … + 𝛽1𝑛 𝛼𝑛 ⎞
⎜ ⋮ ⎟
[𝑇 𝒙]𝒞 = ⎜ 𝛽𝑖1 𝛼1 + … + 𝛽𝑖𝑛 𝛼𝑛 ⎟
⎜ ⎟
⎜ ⋮ ⎟
⎝𝛽𝑚1 𝛼1 + … + 𝛽𝑚𝑛 𝛼𝑛 ⎠
⎛ 𝛽11 𝛽12 ⋯ 𝛽1𝑛 ⎞ ⎛𝛼1 ⎞
⎜ ⋮ ⎟⎜⋮⎟
= ⎜ 𝛽𝑖1 𝛽𝑖2 ⋯ 𝛽𝑖𝑛 ⎟ ⎜ 𝛼𝑖 ⎟
⎜ ⎟⎜ ⎟
⎜ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⎟⎜⋮⎟
⎝𝛽𝑚1 𝛽𝑚2 … 𝛽𝑚𝑛 ⎠ ⎝𝛼𝑛 ⎠
𝒞
= 𝑇ℬ [𝒙]ℬ , (4.6)
𝒞
em que a última igualdade define a matriz 𝑇ℬ .
𝒞
Note que, de acordo com a equação (4.4), as colunas da matriz 𝑇ℬ são
as representações dos vetores 𝑇 𝒖𝑖 na base 𝒞. Uma vez que os escalares 𝛼𝑗
𝒞
e 𝛽𝑖𝑗 (𝑖 ∈ {1, … , 𝑚}, 𝑗 ∈ {1, … , 𝑛}) são únicos, a matriz 𝑇ℬ é única. Por
outro lado, dada uma matriz 𝐴 ∈ 𝕄𝑚×𝑛 , o Exercício 4.6 e a Proposição
2.55 garantem a existência de uma única aplicação linear 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑌 tal que
[𝑇 𝒙]𝒞 = 𝐴[𝒙]ℬ , substituindo 𝑇ℬ𝒞 por 𝐴 na igualdade (4.7).
Demonstramos assim o
Teorema 4.17 Fixadas bases
ℬ = {𝒖1 , … , 𝒖𝑛 } ⊂ 𝑋 e 𝒞 = {𝒗1 , … , 𝒗𝑚 } ⊂ 𝑌 ,
𝒞
em que [𝑇 𝒖𝑗 ]𝒞 é uma matriz coluna, com 𝑇ℬ satisfazendo
𝒞
[𝑇 𝒙]𝒞 = 𝑇ℬ [𝒙]ℬ . (4.7)
𝑇 𝒑 = 𝒑 − 𝒑′ , 𝑓
⎛1 −1 0⎞
𝑇ℬ = ⎜0 1 −2⎟ .
⎜ ⎟
⎝0 0 1⎠
⎛1 −1 0⎞ ⎛𝑎0 ⎞ ⎛ 𝑎0 − 𝑎1 ⎞
𝑇ℬ [𝒑]ℬ = ⎜0 1 −2⎟ ⎜𝑎1 ⎟ = ⎜𝑎1 − 2𝑎2 ⎟ = [𝑇 𝒑]ℬ ,
⎜ ⎟⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝0 0 1⎠ ⎝𝑎2 ⎠ ⎝ 𝑎2 ⎠
ℬ = {1 + 𝑡 + 𝑡2 , 1 + 𝑡, 1} e 𝒞 = {1 + 𝑡2 , 𝑡 + 𝑡2 , 1 + 𝑡 + 𝑡2 },
3
[𝑇 (𝒖1 )]ℬ = .
(1)
Calculando
2 3 −2 2 4
𝑇ℬ = = ,
(1) (1 2 ) (1) (4)
obtemos a “resposta” na base ℬ. Se quisermos a resposta na base canônica,
precisamos escrever o resultado obtido nessa base:
ℒ (𝑋, 𝑌 ) = {𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑌 ∶ 𝑇 é linear},
Exercício 4.12 Mostre que ℒ (𝑋, 𝑌 ) é um espaço vetorial com essas operações. (Note que não
precisamos que 𝑋 e 𝑌 tenham dimensões finitas.)
Observação 4.22 Para sermos coerentes com a nossa convenção inicial so-
bre a notação de vetores, aplicações lineares 𝑆, 𝑇 ∈ ℒ (𝑋, 𝑌 ) deveriam
ser escritas em negrito. Contudo, manteremos a notação que estamos utili-
zando. (A mesma observação é válida sobre a notação de matrizes.) ⊲
ℬ = {𝒖1 , … , 𝒖𝑛 } ⊂ 𝑋 e 𝒞 = {𝒗1 , … , 𝒗𝑚 } ⊂ 𝑌 ,
Aplicando o Teorema 4.17 aos lados direito e esquerdo dessa última igual-
dade, obtemos
𝒞
(𝑇 + 𝛼𝑆 )ℬ [𝒙]ℬ = 𝑇ℬ𝒞 [𝒙]ℬ + 𝛼 𝑆ℬ
𝒞
[𝒙]ℬ = (𝑇ℬ𝒞 + 𝛼 𝑆ℬ
𝒞
) [𝒙]ℬ
(𝕂𝑛 , ℬ) ⟶ (𝕂𝑚 , 𝒞 )
𝒞 .
𝑇ℬ
ℬ ′ ℬ
Claramente a matriz 𝑃ℬ possui inversa 𝑃ℬ ′.
𝒗1 = 𝒘1 + 2𝒘2 e 𝒗1 = 2𝒘1 − 𝒘2 .
5
[𝒙]ℬ ′ = ([𝒗1 ]ℬ ′ [𝒗2 ]ℬ ′ ) ,
(3)
1 2 5 11
[𝒙]ℬ ′ = = ,
(2 −1) (3) ( 7 )
Exercício 4.13 Nas mesmas condições do Exemplo 4.24, considere o ponto 𝒙 cujas coordenadas
na base ℬ ′ são dadas por (11 7)𝒕 . Determine as coordenadas de 𝒙 na base ℬ, “esquecendo” que
essas coordenadas são (5 3)𝒕 .
ℰ
Exercício 4.14 Continuando o Exemplo 4.19, calcule a matriz 𝑃ℬ . Verifique que (𝑃ℰℬ )−1 = 𝑃ℬ
ℰ
.
ℰ
Utilize então a matriz 𝑃ℬ para obter [𝑇 (1, 2)]ℰ e compare sua resposta com aquela obtida no
Exemplo 4.19.
2
Alguns autores preferem chamar essa matriz de “matriz de passagem” da base ℬ ′ para
a base ℬ. Assim, a terminologia utilizada por eles fica invertida com relação à nossa.
4.2. APLICAÇÕES LINEARES E MATRIZES 97
ℰ 1 1
𝑃ℬ ′ = ([𝒗1 ]ℰ [𝒗2 ]ℰ ) = .
(−1 1)
1 1 𝑥1 3 1 1 𝑥1 1
= e =
(−1 1) (𝑥2 ) (1) (−1 1) (𝑥2 ) (3)
1 1 | 𝑏1 1 0 | (𝑏1 − 𝑏2 )/2
→ .
( −1 1 | 𝑏2 ) ( 0 1 | (𝑏1 + 𝑏2 )/2 )
ℬ ′ 1 −1
𝑃ℬ = .
(2 2) ⊲
𝒞 ′ ′ ′ ′
𝑇ℬ = [𝑄𝒞
𝒞
𝒞
]−1 𝑇ℬ ℬ 𝒞 𝒞 ℬ
′ 𝑃ℬ = 𝑄 𝒞 ′ 𝑇ℬ ′ 𝑃ℬ .
ℬ −1 ℬ ℬ ℬ ′
𝑇ℬ ′ = [𝑃ℬ ′] 𝑇ℬ 𝑃ℬ ′ = 𝑃 ℬ 𝑇ℬ 𝑃ℬ ′ ,
𝐵 𝑇ℬ𝒞 𝐶
𝑋 ✲ (𝕂 , ℬ)𝑛 ✲ (𝕂𝑚 , 𝒞 ) ✛ 𝑌
❅
■ ✒
𝐵❅ 𝐶
❅
I 𝑃ℬℬ
′
𝑇 ✲ 𝑄𝒞
′
I
𝑋 𝑌 𝒞
𝐵′ ❅ 𝐶′
❄ ❄ ❅ ❄ ❄
′ ✠ ❘
❅ ′
𝐵✲ ✲ (𝕂𝑚 , 𝒞 ′ ) ✛𝐶
𝑋 (𝕂𝑛 , ℬ ′ ) ′ 𝑌
𝑇ℬ𝒞′
4 −2
𝑇 (1, 0) = e 𝑇 (0, 1) = ,
(2) ( 1)
ou seja
4 −2
𝑇ℰ = .
(2 1)
Por outro lado, no Exemplo 4.19 calculamos a matriz 𝑇ℬ :
3 −2
𝑇ℬ = .
(1 2)
𝑇ℰ
2
(ℝ , ℰ ) (ℝ2 , ℰ )
⟶
𝑃ℰℬ ↓ ↓ 𝑃ℰℬ .
(ℝ2 , ℬ) ⟶ (ℝ2 , ℬ)
𝑇ℬ
e
(0, 1) = 1(1, 1) + 1(−1, 0) = 1𝒗1 + 1𝒗2 .
A matriz 𝑃ℰℬ é, então,
0 1
𝑃ℰℬ = .
(−1 1 )
No Exemplo 4.19, calculamos a imagem do vetor (1, 2) = 1𝑒1 + 2𝑒2 ∈
ℝ2 utilizando a matriz 𝑇ℬ . Para isso, tivemos inicialmente que expressar
esse vetor na base ℬ, isto é, tivemos que obter [(1, 2)]ℬ = 2𝒖1 + 1𝒖2 .
Utilizando a matriz 𝑃ℰℬ , basta multiplicar:
0 1 1 2
= ,
(−1 1 ) (2) (1)
que nos dá a mesma informação: [(1, 2)]ℬ = 2𝒖1 + 1𝒖2 .
Substituindo as matrizes calculadas na igualdade 𝑇ℰ = [𝑃ℰℬ ]−1 𝑇ℬ 𝑃ℰℬ ,
concluímos que
4 −2 0 1 −1 3 −2 0 1
= .
(2 1 ) (−1 1 ) (1 2 ) (−1 1 )
ℰ 1 −1
𝑃ℬ = .
(1 0)
ℰ
Verifique que 𝑃ℬ = [𝑃ℰℬ ]−1 e que 𝑇ℰ = 𝑃ℬℰ
𝑇ℬ 𝑃ℰℬ .
Note que a última igualdade é coerente: dado um vetor 𝒙 cuja repre-
sentação na base canônica é o vetor [𝒙]ℰ , podemos calcular diretamente
𝑇ℰ 𝒙 = 𝑇ℰ [𝒙]ℰ = [𝑇 𝒙]ℰ = 𝑇 𝒙, de acordo com a nossa convenção de de-
notar [𝒚]ℰ simplesmente por 𝒚. Por outro lado, calculando pelo lado direito
da igualdade, temos
ℰ
𝑃ℬ 𝑇ℬ 𝑃ℰℬ 𝒙 = 𝑃ℬ
ℰ
𝑇ℬ 𝑃ℰℬ [𝒙]ℰ = 𝑃ℬ
ℰ ℰ
𝑇ℬ [𝒙]ℬ = 𝑃ℬ [𝑇 𝒙]ℬ = [𝑇 𝒙]ℰ = 𝑇 𝒙,
(𝑆 ∘ 𝑇 )𝒙 = 𝑆(𝑇 𝒙)
𝐷 = (𝑆𝑇 )𝒟
ℬ
= ([(𝑆𝑇 )𝒖1 ]𝒟 [(𝑆𝑇 )𝒖2 ]𝒟 … [(𝑆𝑇 )𝒖𝑛 ]𝒟 )
= ([𝑆(𝑇 𝒖1 )]𝒟 [𝑆(𝑇 𝒖2 )]𝒟 … [𝑆(𝑇 𝒖𝒏 )]𝒟 )
= (𝐷[𝑇v1 ]𝒞 𝐷[𝑇v2 ]𝒞 … 𝐷[𝑇v𝑛 ]𝒞 )
= (𝐷𝒄1 𝐷𝒄2 … 𝐷𝒄𝑛 )
⎛ℓ1 𝒄1 ℓ1 𝒄2 … ℓ1 𝒄𝑛 ⎞
⎜ℓ2 𝒄1 ℓ2 𝒄2 … ℓ2 𝒄𝑛 ⎟
(𝐷𝒄1 𝐷𝒄2 … 𝐷𝒄𝑛 ) = ⎜ ⋮ ⎟,
⎜ ⎟
⎝ℓ𝑝 𝒄1 ℓ𝑝 𝒄2 … ℓ𝑝 𝒄𝑛 ⎠
4.3. COMPOSIÇÃO E MULTIPLICAÇÃO 101
⎛ ℓ1 ⎞ ⎛ ℓ 1 𝒄1 ℓ 1 𝒄2 … ℓ1 𝒄𝑛 ⎞
⎜ℓ ⎟ ⎜ ℓ 𝒄 ℓ 2 𝒄2 … ℓ2 𝒄𝑛 ⎟
𝐵𝐴 = ⎜ 2 ⎟ (𝒄1 𝒄2 … 𝒄𝑛 ) = ⎜ 2 1 ,
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ℓ𝑚 ⎠ ⎝ℓ𝑚 𝒄1 ℓ𝑚 𝒄2 … ℓ𝑚 𝒄𝑛 ⎠
em que a matriz 𝐵 está sendo dada por suas linhas e a matriz 𝐴 por suas
colunas.
Agora observe que a propriedade (1) listada no início desta seção nos
garante a associatividade da multiplicação de matrizes. Note também que a
notação 𝑆𝑇 para a composta 𝑆 ∘ 𝑇 apenas enfatiza a ligação entre multipli-
cação de matrizes e a composição de aplicações lineares.
Exercício 4.16 Traduza as propriedades (2) e (3) do início dessa seção em termos de propriedades
da multiplicação de matrizes.
(𝑆𝑇 )𝒟
ℬ
= 𝑆𝒞𝒟 𝑇ℬ
𝒞
, (4.9)
de modo que
(𝑆𝑇 )𝒟
ℬ
[𝒙]ℬ = [(𝑆𝑇 )𝑥]𝒟 . (4.10)
(𝑆𝑇 )𝒟
ℬ
= ([(𝑆𝑇 )𝒖1 ]𝒟 [(𝑆𝑇 )𝒖2 ]𝒟 … [(𝑆𝑇 )𝒖𝑛 ]𝒟 ) .
Mas [(𝑆𝑇 )𝒖𝑗 ]𝒟 = [𝑆(𝑇 𝒖𝑗 )]𝒟 = 𝑆𝒞𝒟 [𝑇 𝒖𝑗 ]𝒞 , pelo mesmo Teorema 4.17.
𝒞
Ainda pelo mesmo teorema, [𝑇 𝒖𝑗 ]𝒞 = 𝑇ℬ [𝒖𝑗 ]ℬ , de modo que a 𝑗-ésima
coluna de (𝑆𝑇 )ℬ , que é (𝑆𝑇 )ℬ [𝒖𝑗 ]ℬ , é igual a 𝑆𝒞𝒟 𝑇ℬ
𝒟 𝒟 𝒞
[𝒖𝑗 ]ℬ . Como as ma-
𝒟 𝒟 𝒞
trizes (𝑆𝑇 )ℬ e 𝑆𝒞 𝑇ℬ são iguais em cada coluna 𝑗, concluímos (4.9).
A equação (4.10) nada mais expressa que o significado de (𝑆𝑇 )𝒟 ℬ
, se-
gundo o Teorema 4.17.
I = Iℬ = (𝑇 −1 𝑇 )ℬ = (𝑇 −1 )ℬ 𝑇 𝒞.
𝒞 ℬ
(4.11)
𝒞
Da igualdade (4.11) e Corolário 1.42 resulta que 𝑇ℬ possui inversa (𝑇 −1 )ℬ
𝒞
.
𝒞
Reciprocamente, se 𝐴 = 𝑇ℬ possui inversa, existe uma matriz 𝐵 tal que
𝐴𝐵 = 𝐵𝐴 = I. Pelo Teorema 4.23, existe uma aplicação linear 𝑈 ∶ 𝑋 → 𝑌
tal que 𝑈𝒞ℬ = 𝐵. Como (𝑈 𝑇 )ℬ = 𝑈𝒞ℬ 𝑇ℬ 𝒞
= I e (𝑇 𝑈 )𝒞 = 𝑇ℬ𝒞 ℬ
𝑈𝒞 = I,
−1
temos que 𝑈 = 𝑇 .
𝑇𝒙 =
⊲
4.4. ESPAÇO LINHA E ESPAÇO COLUNA 103
⎛ 𝑎11 … 𝑎1𝑛 ⎞ ⎛ ℓ1 ⎞
𝐴 = ⋮ ⋱ ⋮ = (𝒄1 … 𝒄𝑛 ) = ⎜ ⋮ ⎟ .
⎜ ⎟ (4.12)
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝑎𝑚1 … 𝑎𝑚𝑛 ⎠ ⎝ℓ𝑚 ⎠
Os vetores colunas 𝒄1 , … , 𝒄𝑛 são naturalmente identificados com veto-
res do ℝ𝑚 . Se 𝒞 = {𝒄1 , … , 𝒄𝑛 }, chamamos de espaço coluna o espaço
gerado por 𝒞, isto é, < 𝒞 > ⊂ ℝ𝑚 .
Por outro lado, podemos interpretar as linhas de 𝐴 como elementos do
próprio espaço ℝ𝑛 . Se denotarmos ℒ = {ℓ1 , … , ℓ𝑚 } ⊂ 𝕂𝑛 , chamamos de
espaço linha o espaço gerado por ℒ, isto é, < ℒ > ⊂ 𝕂𝑛 .
2 1 1
𝐴= .
(1 1 2)
2 1 1
<𝒞 >= 𝛼 +𝛽 +𝛾 ∶ 𝛼, 𝛽, 𝛾 ∈ ℝ .
{ (1) (1) (2) }
Como as duas primeiras linhas de 𝐴 são dadas por vetores linearmente in-
dependentes, < ℒ > é um plano do ℝ3 . Note que as dimensões de < ℒ >
e < 𝒞 > são iguais. ⊲
Mas, qual o significado dos subespaços < 𝒞 > e < ℒ >? Começamos
interpretando o espaço coluna de uma matriz.
Lema 4.33 Considere o sistema linear não homogêneo 𝐴𝒙 = 𝒃, em que
𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 ) é uma matriz 𝑚 × 𝑛. Então são equivalentes:
(𝑖) Existe solução 𝒙 para 𝐴𝒙 = 𝒃;
⎛𝑎11 … 𝑎𝑚1 ⎞
𝐴t = ⎜ ⋮ ⋱ ⋮ ⎟ .
⎜ ⎟
⎝𝑎1𝑛 … 𝑎𝑚𝑛 ⎠
Vamos agora relacionar as dimensões dos subespaços < 𝒞 > e < ℒ >
de uma matriz 𝐴. Mostraremos que esses espaços têm a mesma dimensão;
isso é um fato notável, pois eles são subespaços de espaços vetoriais diferen-
tes!
Teorema 4.34 Dada uma matriz 𝑚 × 𝑛, seu espaço linha tem a mesma di-
mensão de seu espaço coluna.
ℓ1 = 𝜆11 𝑏1 + … + 𝜆1𝑟 𝑏𝑟
ℓ2 = 𝜆21 𝑏1 + … + 𝜆2𝑟 𝑏𝑟
⋮ = ⋮
ℓ𝑚 = 𝜆𝑚1 𝑏1 + … + 𝜆𝑚𝑟 𝑏𝑟
Assim,
⎛ 𝑎1𝑗 ⎞ ⎛ 𝜆11 ⎞ ⎛ 𝜆12 ⎞ ⎛ 𝜆1𝑟 ⎞
⎜ 𝑎2𝑗 ⎟ ⎜ 𝜆21 ⎟ ⎜ 𝜆22 ⎟ ⎜ 𝜆2𝑟 ⎟
⎜ ⋮ ⎟ = 𝑏1𝑗 ⎜ ⋮ ⎟ + 𝑏2𝑗 ⎜ ⋮ ⎟ + … + 𝑏𝑟𝑗 ⎜ ⋮ ⎟ ,
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝑎𝑚𝑗 ⎠ ⎝𝜆𝑚1 ⎠ ⎝𝜆𝑚2 ⎠ ⎝𝜆𝑚𝑟 ⎠
4.4. ESPAÇO LINHA E ESPAÇO COLUNA 105
⎛ 𝜆11 ⎞ ⎛ 𝜆1𝑟 ⎞
⎜ 𝜆21 ⎟ ⎜ 𝜆2𝑟 ⎟
⎜ ⋮ ⎟,…,⎜ ⋮ ⎟.
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝜆𝑚1 ⎠ ⎝𝜆𝑚𝑟 ⎠
Isso quer dizer que o espaço coluna tem dimensão, no máximo, igual a 𝑟,
ou seja,
dim < 𝒞 > ≤ dim < ℒ > .
Procedendo da mesma maneira com relação a uma base do espaço co-
luna, mostramos que
Exercício 4.18 Reescreva a demonstração anterior para uma matriz 2 × 3 qualquer, identificando
as passagens apresentadas na demonstração do Teorema 4.34.
posto 𝑇 = posto 𝐴.
dim(im 𝐴) = dim(im 𝐴t ).
⎛3 1 2 4 1⎞
𝐴 = ⎜1 1 1 1 2⎟ .
⎜ ⎟
⎝2 2 2 1 1⎠
Para obter o núcleo, resolvemos 𝐴𝒙 = 0 levando a matriz 𝐴 à sua forma
escalonada reduzida por linhas 𝑅:
⎛3 1 2 4 1⎞ ⎛1 0 1/2 0 −5 ⎞
𝐴 = ⎜1 1 1 1 2⎟ ⟶ ⎜0 1 1/2 0 4 ⎟ = 𝑅.
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝2 2 2 1 1⎠ ⎝0 0 0 1 3⎠
Escrevendo as variáveis correspondentes aos pivôs em termos da variá-
veis livres, obtemos a solução geral do sistema homogêneo associado.
⎛𝑥1 ⎞ ⎛−1/2⎞ ⎛ 5⎞
⎜𝑥2 ⎟ ⎜−1/2⎟ ⎜−4 ⎟
⎜𝑥3 ⎟ = 𝑥3 ⎜ 1 ⎟ + 𝑥5 ⎜ 0 ⎟ (4.15)
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜𝑥4 ⎟ ⎜ 0 ⎟ ⎜−3 ⎟
⎝𝑥5 ⎠ ⎝ 0 ⎠ ⎝ 1⎠
Assim, podemos concluir que o núcleo de 𝐴 é um subespaço de dimensão
2, gerado pelos vetores
⎛−1/2⎞ ⎛ 5⎞
⎜−1/2⎟ ⎜−4 ⎟
𝒖1 = ⎜ 1 ⎟ ∈ 𝕂5 e 𝒖2 = ⎜ 0 ⎟ ∈ 𝕂 5 .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎜ 0 ⎟ ⎜−3 ⎟
⎝ 0 ⎠ ⎝ 1⎠
Agora passamos a considerar im 𝐴. De acordo com o Corolário 4.37,
temos que os vetores
Por outro lado, o Corolário 4.37 garante que a dimensão do espaço co-
luna de 𝑅 (e, portanto, da imagem da aplicação linear 𝑅) é igual ao número
de pivôs na matriz 𝑅 e que esse número é igual à dimensão do espaço co-
luna de 𝐴; ou seja, o número de pivôs da matriz 𝑅 é igual à dimensão da
imagem de 𝐴.
Visto sobre essa ótica, o Teorema do Núcleo e da Imagem é um resultado
trivial quando no contexto de matrizes: se 𝐴 for uma matriz 𝑚×𝑛, passando
à sua forma escalonada reduzida por linhas 𝑅, concluímos:
dimensão da dimensão do
n = +
imagem de 𝑅 núcleo de 𝑅
5
No Exemplo 1.27, o vetor é (0 −2/3 1)𝒕 e sua coordenada 1 corresponde justamente
à variável 𝑥3 ; no Exemplo 1.30, supondo 𝒃 = 0, os vetores correspondentes às variáveis
livres 𝑥4 e 𝑥6 também tem coordenada igual a 1 nessas posições.
4.6. BASES ORTOGONAIS E APLICAÇÕES LINEARES 109
𝐸 = 𝑊 ⊕ 𝑊⟂
𝒙 = 𝒘 + 𝒛,
𝜋𝑊 ∶ 𝐸 → 𝑊
𝜋𝑊 (𝒙 + 𝒚) = ⟨𝒙 + 𝒚, 𝒘1 ⟩ 𝒘1 + … + ⟨𝒙 + 𝒚, 𝒘𝑚 ⟩ 𝒘𝑚
= ⟨𝒙, 𝒘1 ⟩ 𝒘1 + … + ⟨𝒙, 𝒘𝑚 ⟩ 𝒘𝑚
+⟨𝒚, 𝒘1 ⟩ 𝒘1 + … + ⟨𝒚, 𝒘𝑚 ⟩ 𝒘𝑚
= 𝜋𝑊 𝒙 + 𝜋𝑊 𝒚,
mostrando o afirmado.
1 1
ℬ= (1, 1, 0), (−1, 1, 0), (0, 0, 1) ⊂ 𝕂3 ,
{ √2 √2 }
Calculando, obtemos
𝑇 𝒗1 ⋅ 𝒗1 = 32 , 𝑇 𝒗2 ⋅ 𝒗1 = 12 , 𝑇 𝒗3 ⋅ 𝒗1 = − 1
√2
𝑇 𝒗1 ⋅ 𝒗2 = − 12 , 𝑇 𝒗2 ⋅ 𝒗2 = 12 , 𝑇 𝒗3 ⋅ 𝒗2 = 1 ,
√2
𝑇 𝒗1 ⋅ 𝒗3 = 0, 𝑇 𝒗2 ⋅ 𝒗3 = 0, 𝑇 𝒗 3 ⋅ 𝒗3 = 1
de modo que
3 1 1
⎛ 2 2
− ⎞
⎜ √2 ⎟
𝑇ℬ = ⎜− 1 1 1 ⎟.
⎜ 2 2 √2 ⎟
⎜ ⎟
⎝ 0 0 1 ⎠ ⊲
Exercício 4.19 Sem considerar que a base ℬ do Exemplo 4.44 é ortonormal, obtenha 𝑇ℬ utili-
zando apenas a teoria desenvolvida no Capítulo 4, isto é, utilizando o Teorema 4.17. Compare sua
solução com aquela do Exemplo 4.44.
Se tivermos bases ortonormais nos espaços 𝐸 e 𝐹 (relativos a produ-
tos internos arbitrários em cada um desses espaços), então o procedimento
utilizado no Exemplo 4.44 pode ser generalizado:
𝑎𝑖𝑗 = ⟨𝑇 𝒗𝑗 , 𝒘𝑖 ⟩.
⎛ 𝑎1𝑗 ⎞
⎜𝑎 ⎟
[𝑇 𝒗𝑗 ]𝒞 = ⎜ 2𝑗 ⎟ ,
⋮
⎜ ⎟
𝑎
⎝ 𝑚𝑗 ⎠
4.7. O TEOREMA DE REPRESENTAÇÃO DE RIESZ 111
𝑎𝑖𝑗 = ⟨𝑇 𝒗𝑗 , 𝒘𝑖 ⟩.
ℓ(𝒙) = ⟨𝒙, 𝒚⟩ ∀ 𝒙 ∈ 𝐸.
𝐸 ′ = {ℓ ∶ 𝐸 → 𝕂 ∶ ℓ é linear }.
Demonstração: Dados 𝒚, 𝒛 ∈ 𝐸 e 𝛼 ∈ ℝ,
⟨𝑇 𝒙, 𝒚⟩ = ⟨𝒙, 𝑇 ∗ 𝒚⟩ ∀ 𝒙 ∈ 𝐸, 𝒚 ∈ 𝐹 .
⟨𝑇 𝒙, 𝒚⟩ = ⟨𝒙, 𝒘⟩
̄ 𝒙, 𝒛⟩
⟨𝒙, 𝑇 ∗ (𝒚 + 𝜆𝒛)⟩ = ⟨𝑇 𝒙, 𝒚 + 𝜆𝒛⟩ = ⟨𝑇 𝒙, 𝒚⟩ + 𝜆⟨𝑇
= ⟨𝒙, 𝑇 ∗ 𝒚⟩ + ⟨𝒙, 𝜆𝑇 ∗ 𝒛⟩.
Assim,
⟨𝒙, 𝑇 ∗ (𝒚 + 𝜆𝒛) − 𝑇 ∗ 𝒚 − 𝜆𝑇 ∗ 𝒛⟩ = 0, ∀ 𝒙 ∈ 𝐸.
‖𝑇 ∗ (𝒚 + 𝜆𝒛) − 𝑇 ∗ 𝒚 − 𝜆𝑇 ∗ 𝒛‖2 = 0,
𝑎 𝑏
𝑇ℰ = .
( 𝑐 𝑑)
Logo,
𝑎 𝑐
[𝑇 ∗ ]ℰ = = (𝑇ℰ )𝒕 .
(𝑏 𝑑)
⊲
(𝑇 ∗ )ℬ
𝒞
𝒞 ∗
= (𝑇ℬ ) .
𝒞
Demonstração: Denotamos por 𝐴 = (𝛼𝑖𝑗 ) e 𝐵 = (𝛽𝑖𝑗 ) as matrizes 𝑇ℬ e
∗ ℬ
[𝑇 ]𝒞 , respectivamente. De acordo com o Teorema 4.45, temos que 𝛽𝑖𝑗 =
⟨𝑇 ∗ 𝑧𝑗 , 𝑤𝑖 ⟩, de modo que
⎛ −𝑖 0 −8 ⎞
𝐴∗ = 𝐴𝒕̄ = ⎜ 3 −6 3 − 𝑖⎟ ,
⎜ ⎟
⎝−4 1 − 𝑖 0 ⎠
(𝑖) I∗ = I;
(𝑖𝑖) (𝑆 + 𝑇 )∗ = 𝑆 ∗ + 𝑇 ∗ ;
̄ ∗;
(𝑖𝑖𝑖) (𝜆𝑇 )∗ = 𝜆𝑇
(𝑖𝑣) se dim 𝐹 < ∞, então (𝑅𝑇 )∗ = 𝑇 ∗ 𝑅∗ ;
(𝑣) (𝑇 ∗ )∗ = 𝑇;
(𝑣𝑖) se 𝐹 = 𝐸 e 𝑇 ou 𝑇 ∗ for invertível, então (𝑇 −1 )∗ = (𝑇 ∗ )−1 .
Demonstração: As provas dos resultados afirmados são muito semelhan-
tes. Faremos apenas algumas delas.
(𝑖𝑖) Para todos 𝒙 ∈ 𝐸 e 𝒚 ∈ 𝐹, vale: ⟨(𝑆 +𝑇 )𝒙, 𝒚⟩ = ⟨𝑆𝒙, 𝒚⟩+⟨𝑇 𝒙, 𝒚⟩ =
⟨𝒙, 𝑆 ∗ 𝒚⟩+⟨𝒙, 𝑇 ∗ 𝒚⟩ = ⟨𝒙, (𝑆 ∗ +𝑇 ∗ )𝒚⟩. A unicidade da adjunta garante então
que (𝑆 + 𝑇 )∗ = 𝑆 ∗ + 𝑇 ∗ .
(𝑣) Para 𝒙 ∈ 𝐸 e 𝒚 ∈ 𝐹 temos ⟨𝑇 ∗ 𝒚, 𝒙⟩ = ⟨𝒙, 𝑇 ∗ 𝒚⟩ = ⟨𝑇 𝒙, 𝒚⟩ =
⟨𝒚, 𝑇 𝒙⟩. A unicidade da adjunta garante o afirmado.
Suponhamos que exista 𝑇 −1 . Então, tomando a adjunta em 𝑇 𝑇 −1 = I =
𝑇 𝑇 e, aplicando (𝑣), obtemos (𝑇 −1 )∗ 𝑇 ∗ = I = 𝑇 ∗ (𝑇 −1 )∗ . O caso em que
−1
(𝑖𝑖𝑖) im 𝑇 ∗ = (ker 𝑇 )⟂ ;
(𝑖𝑣) im 𝑇 = (ker 𝑇 ∗ )⟂ ;
𝐸 = ker 𝑇 ∗ ⊕ im 𝑇 e 𝐹 = ker 𝑇 ⊕ im 𝑇 ∗ .
ker T ker T
✂ ✂ ✂ ✂
✂ im T ✂ ✂ im T ✂
✂ ✂
T ✂ ✂
✂ ✂ ✛ ✂ ✂
✂ ✂ ✂ ✂
✂ ✂ ✲ ✂ ✂
✂ ✂ ✂ ✂
✂ ✂ T ✂ ✂
✂ ✂ ✂ ✂
✂ ✂ ✂ ✂
✂ ✂ ✂ ✂
✂ ✂ ✂ ✂
E F
𝑇 𝒙 = 𝒚, 𝑇 ∗𝒖 = 𝒗 (4.17)
6
Observe que, em 𝐸 = ker 𝑇 ∗ ⊕ im 𝑇, a notação ⊕ é insatisfatória, uma vez que a orto-
gonalidade entre os subespaços ker 𝑇 ∗ e im 𝑇 é informação primordial da afirmação. Assim,
vamos salientar a ortogonalidade dos espaços envolvidos em uma soma direta dizendo que
ela é ortogonal.
116 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES LINEARES
e
𝑇 𝒙 = 0, 𝑇 ∗ 𝒖 = 0. (4.18)
Então
4.10 Exercícios
1. (aplic linear - proposto no corpo do texto. Tirar?) Sejam ℬ = {𝒖1 , … , 𝒖𝑛 } uma base do ℝ𝑛
e 𝑆, 𝑇 ∶ ℝ𝑛 → ℝ𝑚 aplicações lineares. Mostre que, se 𝑆(𝒖𝑖 ) = 𝑇 (𝒖𝑖 ) = 𝑤𝑖 ∈ ℝ𝑚 para todo
𝑖 ∈ {1, … , 𝑛}, então 𝑆 = 𝑇.
2. (aplic linear) Considere a base ℬ = {𝒗1 = (1, 1, 0), 𝒗2 = (1, 2, 0), 𝒗3 = (1, 1, 1)} do ℝ3 .
Ache a aplicação linear 𝑇 ∶ ℝ3 → ℝ4 tal que 𝑇 𝒗1 = (1, 0, 0, 0), 𝑇 𝒗2 = (0, 0, 0, 1) e 𝑇 𝒗3 =
(1, 1, 1, 1).
3. (projeção) Sejam 𝑋 um espaço vetorial e ∶ 𝑋 → 𝑋 um operador linear satisfazendo 2 = ( é
uma projeção). Sejam 𝑈 = im e 𝑊 = ker . Mostre:
(a) 𝒖 = 𝒖 para todo 𝒖 ∈ 𝑈;
(b) se ≠ I, então 𝑊 ≠ {0};
(c) 𝑋 = 𝑈 ⊕ 𝑊.
4. (t.n.i.) Sejam 𝑋, 𝑌 espaços vetoriais e 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑌 uma aplicação linear. Se {𝒗1 , … , 𝒗𝑘 } ⊂ 𝑋
for tal que {𝑇 𝒗1 , … , 𝑇 𝒗𝑘 } é linearmente independente, conclua que {𝒗1 , … , 𝒗𝑘 } é linear-
mente independente.
5. (núcleo e imagem) Dê exemplos de operadores lineares 𝑇 ∶ ℝ3 → ℝ3 tais que
(a) ker 𝑇 = {𝑥 ∈ ℝ3 ∶ 𝑥3 = −𝑥1 };
(b) im 𝑇 = {𝑥 ∈ ℝ3 ∶ 𝑥1 = 𝑥2 }.
6. (teorema do núcleo e da imagem) Mostre que uma matriz quadrada 𝐴 tem inversa se, e so-
mente se, o sistema 𝐴𝒙 = 0 só possuir a solução trivial.
7. (t.n.i.) Seja 𝐴 uma matriz 𝑛 × 𝑛. Mostre que 𝐴 possui inversa se, e somente se, suas colunas
𝑐1 , … , 𝑐𝑛 ∈ 𝕂𝑛 forem vetores linearmente independentes.
8. (teorema do núcleo e da imagem) Seja 𝐴 ∈ 𝕄𝑛×𝑛 (𝕂). Utilizando o Teorema do Núcleo e da
Imagem e o Exercício 6, mostre a equivalência das seguintes afirmações:8
7
Claro que, então, ambas as equações em (4.18) possuem apenas a solução trivial.
8
Compare com a Proposição 1.41.
4.10. EXERCÍCIOS 117
1∶ ℝ2 → ℝ 2 2∶ ℝ2 → ℝ 2
(a) (b)
1 (𝑥1 , 𝑥2 ) = (𝑥1 , 0) 1 (𝑥1 , 𝑥2 ) = (0, 𝑥2 )
𝑅1 ∶ ℝ 2 → ℝ 2 𝑅2 ∶ ℝ 2 → ℝ 2
(c) (d) .
𝑅1 (𝑥1 , 𝑥2 ) = (𝑥1 , −𝑥2 ) 𝑅2 (𝑥1 , 𝑥2 ) = (−𝑥1 , 𝑥2 )
Mostre que cada uma dessas aplicações é linear e encontre sua representação matricial (com
relação à base canônica do ℝ2 ). Interprete-as geometricamente.
13. (representação matricial - mudança de base) Considere o operador 𝐴 ∶ 𝕂3 → 𝕂3 definido
pela matriz
⎛1 3 1 ⎞
⎜2 7 4 ⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 4 3 ⎠
Encontre a matriz que representa esse operador na base ℬ = {(1 1 1)𝒕 , (0 1 1)𝒕 , (1 2 3)𝒕 }.
14. (Representação em uma base) Considere o operador linear 𝑇 ∶ ℝ2 → ℝ2 , definido por 𝑇 (𝑥1 , 𝑥2 ) =
(−𝑥1 , 𝑥2 ). Mostre que 𝑇 é invertível. Escolha bases ℬ no domínio e 𝒞 no contradomínio de
𝒞
modo que 𝑇ℬ seja a matriz identidade.
15. (Mudança de base) Considere o operador linear 𝐴 ∶ ℝ3 → ℝ3 definido por meio da matriz
⎛3 −1 −2 ⎞
𝐴 = ⎜0 0 −2 ⎟ .
⎜ ⎟
⎝0 0 −1 ⎠
⎛1 2 1 1⎞ ⎛1 2 1 1⎞
⎛ 1 −2 1⎞
⎜2 1 2 1⎟
(a) ⎜2 1 2 1⎟ ; (b) ⎜ ⎜
(c) 2 1 −2⎟ .
⎜ ⎟ 0 1 1 0⎟ ⎜ ⎟
⎝0 1 1 0⎠ ⎜ ⎟ ⎝ 0 −1 1⎠
⎝1 0 0 0⎠
22. (espaço linha e espaço coluna) Encontre bases para o núcleo e imagem da matriz
⎛1 2 2 3 1 4⎞
⎜2 4 5 5 4 9⎟ .
⎜ ⎟
⎝3 6 7 8 5 9⎠
Determine o posto dessa matriz.
23. (espaço linha espaço coluna) Sejam 𝐴, 𝐵 matrizes 𝑛 × 𝑛. Mostre que 𝐴𝐵 = 0 se, e somente
se, o espaço coluna de 𝐵 estiver contido no núcleo de 𝐴.
24. (Teorema de Riesz) Seja ℓ ∶ ℝ3 → ℝ um funcional linear.
(a) Mostre que existem escalares 𝑎, 𝑏 e 𝑐 tais que ℓ(𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ) = 𝑎𝑥1 + 𝑏𝑥2 + 𝑐𝑥3 ;
(b) Descreva geometricamente todas as possibilidade para ker ℓ.
25. (Mudança de base ortogonal) Sejam 𝑇 (𝑥, 𝑦, 𝑥) = (𝑥+𝑦+𝑧, 𝑦+𝑧, 𝑥) e ℬ = {(1, 0, 1), (0, 1, 0), (−1, 0, 1)}.
Então:
(a) ache a matriz 𝑇ℬ ;
(b) usando essa matriz, especifique uma base para ker 𝑇 e im 𝑇;
(c) calcule 𝑇 (1, 1, 1) utilizando a representação matricial calculada em (𝑎).
26. Sejam 𝑡0 , 𝑡1 , … , 𝑡𝑛 números reais distintos. Considere o espaço 𝒫𝑛+1 (𝑡) de todos os polinô-
mios com coeficientes reais e grau menor do que ou igual a 𝑛. Para 𝒑, 𝒒 ∈ 𝒫𝑛+1 (𝑡), defina
𝜙(𝒑) = ⟨𝒑, 𝒓⟩
para todo 𝒑 ∈ 𝒫 (𝑡). Conclua que 𝜙(𝑡𝒒) = 0 para todo polinômio 𝒒(𝑡) ∈ 𝒫 (𝑡);
(c) escolha 𝒒 = 𝑡𝒓 e obtenha uma contradição.
28. (adjunta) Considere o operador linear 𝑇 ∶ ℂ3 → ℂ3 definido por
Determine 𝑇 ∗ .
29. Sejam 𝐸, 𝐹 espaços com produto interno, ambos de dimensão finita.
(a) Mostre que ker(𝑇 ∗ 𝑇 ) = ker 𝑇;
(b) se 𝑇 for injetora, mostre que 𝑇 ∗ 𝑇 possui inversa;
(c) mostre que im 𝑇 ∗ = im (𝑇 ∗ 𝑇 );
(d) se 𝑇 ∗ for sobrejetora, mostre que 𝑇 𝑇 ∗ possui inversa.
30. (adjunta) Seja 𝑇 ∶ 𝐸 → 𝐸 um operador linear no espaço com produto interno de dimensão
finita 𝐸. Se 𝑇 𝑇 ∗ = 𝑇 ∗ 𝑇 mostre que ‖𝑇 𝒙‖ = ‖𝑇 ∗ 𝒙‖ para todo 𝒙 ∈ 𝐸.
31. (adjunta - invariância de subespaço) Sejam 𝐸 um espaço com produto interno de dimensão
finita e 𝑇 ∶ 𝐸 → 𝐸 um operador linear. Suponha que 𝑊 ⊂ 𝐸 seja um subespaço satisfazendo
𝑇 (𝑊 ) ⊂ 𝑊. Mostre que 𝑇 ∗ (𝑊 ⟂ ) ⊂ 𝑊 ⟂ .
32. (adjunta) Seja 𝐸 um espaço complexo com produto interno. Mostre que, se 𝐸 tiver dimensão
finita e 𝑇 ∶ 𝐸 → 𝐸 satisfizer ⟨𝑇 𝒖, 𝒖⟩ = 0 para todo 𝒖 ∈ 𝐸, então 𝑇 = 0. Dê um exemplo
mostrando que esse resultado pode ser falso se 𝐸 for um espaço real.
33. (adjunta) Sejam 𝐸 um espaço com produto interno de dimensão finita e 𝑇 ∶ 𝐸 → 𝐸 um
operador linear satisfazendo 𝑇 ∗ = 𝑇. Mostre que, se ⟨𝑇 𝒖, 𝒖⟩ = 0 para todo 𝒖 ∈ 𝐸, então
𝑇 = 0. (Compare com o Exercício 32.)
34. (adjunta) Seja 𝑇 ∶ 𝐸 → 𝐸 um operador em um espaço com produto interno de dimensão
finita. Mostre que as seguintes afirmações são equivalentes:
(a) ⟨𝑇 𝒖, 𝑇 𝒗⟩ = ⟨𝒖, 𝒗⟩ para quaisquer 𝒖, 𝒗 ∈ 𝐸;
(b) 𝑇 leva toda base ortonormal em base ortonormal;
(c) existe uma base ortonormal ℬ = {𝒗1 , 𝒗2 , … , 𝒗𝑛 } tal que {𝑇 𝒗1 , 𝑇 𝒗2 , … , 𝑇 𝒗𝑛 } é uma
base ortonormal de 𝐸.
120 CAPÍTULO 4. APLICAÇÕES LINEARES
Diagonalização
121
122 CAPÍTULO 5. DIAGONALIZAÇÃO
Demonstração: Temos
Exercício 5.1 Interprete, em termos de mudança de base, a semelhança de matrizes. Nesses ter-
mos, qual é a relação entre as matrizes 𝐴 e 𝐵?
O exercício anterior torna possível a seguinte definição:
52 129
𝑇ℬ = .
( −22 −55 )
2 3
𝑇ℰ =
( 4 −5 )
mostrando o afirmado.
Mas ao mesmo autovalor 𝜆𝑖 ∈ 𝕂 podem estar associados autovetores
𝒗, 𝒘 linearmente independentes. Um exemplo simples é dado pelo opera-
dor identidade I ∶ 𝕂𝑛 → 𝕂𝑛 , I𝒙 = 𝒙 para todo 𝒙. É fácil verificar que
qualquer vetor 0 ≠ 𝒙 ∈ 𝕂𝑛 é um autovetor associado ao autovalor 𝜆1 = 1.
Em particular, a base canônica é formada por autovetores associados ao au-
tovalor 𝜆1 = 1.
Podemos interpretar que um autovetor 𝒗 de 𝑇 define uma direção privi-
legiada do operador 𝑇: pontos na reta determinada por 𝒗 são levados por 𝑇
à essa mesma reta. Se tivermos dois autovetores linearmente independentes
associados ao mesmo autovalor 𝜆, então pontos do plano determinado por
esses dois autovetores serão levados nesse mesmo plano e assim por diante.
1
Isto é, o coeficiente do termo de maior grau é igual a 1.
2
Esse é o caso, por exemplo, do polinômio (de grau 𝑛) 𝑝(𝜆) = (𝜆 − 3)𝑛−2 (𝜆 − 𝑖)2 .
124 CAPÍTULO 5. DIAGONALIZAÇÃO
Exercício 5.2 Seja 𝐴 uma matriz 𝑛 × 𝑛. Mostre que: det(𝜆I − 𝐴) é um polinômio mônico de grau
𝑛 na variável 𝜆.
Exercício 5.3 Sejam 𝑋 um espaço de dimensão finita e 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑋 um operador linear. Mostre
que det(𝜆I − 𝑇 ) = det(𝜆I − 𝑇 )ℬ para qualquer base ℬ do espaço 𝑋, adaptando a demonstração do
Lema 5.5.
Exercício 5.4 Se 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑋 for um operador e dim 𝑋 = 𝑛, mostre que
det(𝑇 − 𝜆I) = (−1)𝑛 det(𝜆I − 𝑇 ).
O Exercício 5.3 enfatiza que, para calcular os autovalores de um ope-
rador 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑋 definido no espaço de dimensão finita 𝑋, basta escolher
uma base ℬ de 𝑋 e calcular o polinômio característico da representação
matricial 𝑇ℬ de 𝑇. (Isso já estava afirmado na Definição 5.6.)
Se dim 𝑋 = 𝑛, como o polinômio característico do operador 𝑇 ∶ 𝑋 →
𝑋 é especialmente importante por causa de suas raízes, é usual chamar de
polinômio característico de 𝑇 também ao polinômio det(𝑇 − 𝜆I), pois esse
possui as mesmas raízes de det(𝜆I − 𝑇 ), de acordo com o Exercício 5.4.
Exemplo 5.9 Considere 𝑇 ∶ 𝕂2 → 𝕂2 definida por
𝑇 (𝑥1 , 𝑥2 ) = (−𝑥2 , 𝑥1 ).
A representação de 𝑇 com relação à base canônica do 𝕂𝑛 é dada por
0 −1
𝑇ℰ = 𝐴 = ,
(1 0)
de modo que det(𝐴 − 𝜆I) = 𝜆2 + 1, pois
−𝜆 −1
(𝐴 − 𝜆I) = .
( 1 −𝜆)
Agora precisamos considerar dois casos distintos: se estivermos traba-
lhando no corpo dos reais (isto é, 𝕂𝑛 = ℝ), 𝜆2 + 1 = 0 não tem solução e 𝐴
(e, portanto 𝑇) não possui autovalores.
Por outro lado, no corpo dos complexos (isto é, 𝕂𝑛 = ℂ), 𝜆2 + 1 = 0
implica 𝜆 = ±𝑖 e 𝐴 (e, portanto, 𝑇) possui dois autovalores distintos.
Em outras palavras, os casos em que 𝕂 = ℝ e 𝕂 = ℂ são completamente
distintos. No caso real, não existem autovalores e, portanto, autovetores.
Continuando no caso 𝕂 = ℂ podemos calcular os autovetores associa-
dos aos autovalores 𝜆 = ±𝑖. Resolvemos o sistema homogêneo (𝐴 − 𝜆I)𝒙 =
0 ao obtermos a forma escalonada reduzida por linhas da matriz 𝐴 − 𝜆I:
−𝑖 −1 1 −𝑖
(𝐴 − 𝑖I) = → .
( 1 −𝑖) (0 0)
Denotando 𝒙 = (𝑥1 𝑥2 )𝒕 , então 𝑥1 = 𝑖𝑥2 , de modo que a solução geral
desse sistema homogêneo é dada por
𝑖𝑥2 𝑖
= 𝑥2 .
( 𝑥2 ) (1)
Quer dizer, (𝑖 1)𝒕 é um autovetor associado a 𝜆 = 𝑖.
5.2. AUTOVALORES E AUTOVETORES 125
⎛3 −4 1 1 ⎞ ⎛𝜆 − 3 4 −1 −1 ⎞
⎜2 −6 2 2 ⎟ ⎜ −2 𝜆 + 6 −2 −2 ⎟
𝑇ℰ = ⎜ ⇒ (𝜆I − 𝑇 )ℰ = ⎜
0 0 2 2⎟ 0 0 𝜆 − 2 −2 ⎟
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝0 0 1 3⎠ ⎝ 0 0 −1 𝜆 − 3⎠
que é uma matriz diagonal em blocos, com blocos diagonais
𝜆−3 4 𝜆 − 2 −2
𝜆I − 𝐴 = e 𝜆I − 𝐷 = .
( −2 𝜆 + 6) ( −1 𝜆 − 3)
⎛1 1 1 1⎞
⎜0 2 3 4⎟
𝐴=⎜ .
0 0 3 3⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 0 4⎠
𝑋 = 𝑊1 ⊕ 𝑊2 ⊕ ⋯ ⊕ 𝑊𝑛 , dim 𝑊𝑖 = 1, 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛. (5.1)
⎛𝜆1 0 ⋯ 0⎞
⎜ 0 𝜆2 ⋯ 0⎟
𝑇ℬ =⎜ .
⋮ ⋮ ⋱ ⋮⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 ⋯ 𝜆𝑛 ⎠
𝛼1 𝒘1 + 𝛼2 𝒘2 + … + 𝛼𝑘 𝒘𝑘 = 0, (5.2)
5.3. AUTOVETORES E DIAGONALIZAÇÃO 127
𝛼1 𝑇 𝒘1 + 𝛼2 𝑇 𝒘2 + … + 𝛼𝑘 𝑇 𝒘𝑘 = 0.
Mas 𝑇 𝒘𝑖 = 𝜆𝑖 𝒘𝑖 . Assim,
𝛼1 𝜆1 𝒘1 + … + 𝛼𝑘 𝜆𝑘 𝒘𝑘 = 0.
𝛼1 𝜆𝑘 𝒘1 + 𝛼2 𝜆𝑘 𝒘2 + … + 𝛼𝑘 𝜆𝑘 𝒘𝑘 = 0.
3 −4 𝜆−3 4
𝑇ℰ = ⇒ 𝜆I − 𝑇ℰ = (5.3)
(2 −6) ( −2 𝜆 + 6)
𝜆−3 4
𝑝(𝜆) = det(𝜆I − 𝑇 )ℰ = det = 𝜆2 + 3𝜆 − 10
( −2 𝜆 + 6)
= (𝜆 − 2)(𝜆 + 5).
8 −4 𝑥1 0
= ,
(2 −1) (𝑥2 ) (0)
1 − 12
.
(0 0)
128 CAPÍTULO 5. DIAGONALIZAÇÃO
1/2
𝒖=𝜆 .
(1)
1/2
𝐸−5 = ker(−5I − 𝑇 ) = 𝒙 ∈ ℝ2 ∶ 𝒙 = 𝜆 , 𝜆∈ℝ .
{ (1) }
1 −4
,
(0 0)
de modo que suas soluções são dadas por
4
𝒘=𝜆 .
(1)
4
𝐸2 = ker(2I − 𝑇 ) = 𝒙 ∈ ℝ2 ∶ 𝒙 = 𝜆 , 𝜆∈ℝ ,
{ (1) }
ℰ 4 1
𝑃 = 𝑃ℬ = .
(1 2)
Verifique que 𝐷 = 𝑃 −1 𝑇ℰ 𝑃. ⊲
Encontre uma base ℬ de modo que a representação de 𝑇 nessa base seja uma matriz diagonal.
5.3. AUTOVETORES E DIAGONALIZAÇÃO 129
Exercício 5.10 De acordo com o Corolário 5.13, o operador 𝑇 definido no Exemplo 5.10 é diago-
nalizável, pois possui 4 autovalores distintos. Você consegue encontrar uma base ℬ de modo que
𝑇ℬ seja uma matriz diagonal, utilizando apenas os resultados do Exemplo 5.14 e do Exercício 5.9?
Se você não conseguir, ache diretamente a base procurada ℬ e compare seu resultado com aqueles
do Exemplo 5.14 e do Exercício 5.9.
[𝑇 𝒗𝑖 ]ℬ = 𝑇ℬ [𝒗𝑖 ]ℬ = 𝐷𝒆𝑖 = 𝜆𝑖 𝒆𝑖 .
𝑇 𝒗𝑖 = 0𝒗1 + … + 𝜆𝑖 𝒗𝑖 + … + 0𝒗𝑛 ,
mostrando que 𝑇 𝒗𝑖 = 𝜆𝑖 𝒗𝑖 .
A recíproca é dada pelo Lema 5.11.
⎛ 4 1 −1 ⎞
𝐴 = ⎜ 2 5 −2 ⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 1 2⎠
130 CAPÍTULO 5. DIAGONALIZAÇÃO
⎛ 3 −2 4⎞
𝐴 = ⎜−2 6 2⎟ .
⎜ ⎟
⎝ 4 2 3⎠
⎛−1 1 −2⎞ ⎛7 0 0⎞
𝑃 = ⎜ 2 0 −1⎟ e ⎜
𝐷= 0 7 0⎟ ,
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 0 1 1⎠ ⎝0 0 −2⎠
temos
𝐷 = 𝑃 −1 𝐴𝑃 . ⊲
Exemplo 5.19 Sem fazer cálculos, vamos encontrar uma base de autoveto-
res para a matriz
⎛1 1 1⎞
⎜1 1 1⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 1 1⎠
É fácil ver que seu espaço coluna tem dimensão 1. Pelo Teorema do Nú-
cleo e da Imagem, ker 𝐴 tem dimensão 2. Isso quer dizer que 0 é autovalor
de 𝐴 e que existem dois autovetores associados ao autovalor 0.
132 CAPÍTULO 5. DIAGONALIZAÇÃO
⎛𝑥⎞ ⎛−1⎞ ⎛ 0⎞
⎜𝑦⎟ = 𝑦 ⎜ 1⎟ + 𝑧 ⎜−1⎟ ,
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝑧⎠ ⎝ 0⎠ ⎝ 1⎠
5.4 Exercícios
1. Sejam 𝑋 um espaço vetorial e 𝑇 ∶ 𝑋 → 𝑋 um operador. Mostre que,
se 𝜆 for um autovalor de 𝑇, então o autoespaço 𝑋𝜆 é invariante por 𝑇.
⎛1 2 1⎞
𝐴 = ⎜1 2 1⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 2 1⎠
Justifique sua resposta.
6. Seja 𝐴 uma matriz quadrada tal que 𝐴2 é a matriz nula. Mostre que
0 é o único autovalor de 𝐴.
⎛2 1 1 1⎞
⎜1 1 2 2⎟
𝐴=⎜ .
0 0 1 3⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 2 1⎠
5.4. EXERCÍCIOS 133
1 −1
𝐴=
(−4 1)
𝑇 (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ) = (4𝑥1 + 2𝑥2 + 2𝑥3 , 2𝑥1 + 4𝑥2 + 2𝑥3 , 2𝑥1 + 2𝑥2 + 4𝑥3 ).
1 −1
𝐴= .
(2 −1)
⎛2 5 1 1⎞
⎜1 4 2 2⎟
𝐴=⎜ .
0 0 6 −5⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 2 3⎠
17. Seja 𝑉 = < 𝒄𝒐𝒔 𝑡, 𝒔𝒆𝒏 𝑡 > o espaço das combinações lineares com
coeficientes complexos das funções 𝒄𝒐𝒔 𝑡 e 𝒔𝒆𝒏 𝑡. Considere o opera-
dor 𝐷 ∶ 𝑉 → 𝑉 definido por 𝐷𝒇 = 𝒇 ′ , a derivada da função 𝒇.
⎛4 1 −1⎞
𝐴 = ⎜2 5 −2⎟ .
⎜ ⎟
⎝1 1 2⎠
⎛ 5 0 0 0⎞
⎜ 0 5 0 0⎟
𝐴=⎜
1 4 −3 0⎟
⎜ ⎟
⎝−1 −2 0 −3⎠
3 1
𝐴= .
(2 2)
O Teorema Espectral
1 2 1
𝐴= .
(2 1 1)
𝑖
1 2 1 ⎛⎜ ⎞⎟ 4 + 2𝑖
𝐴𝒛 = 2 = ∈ ℂ2 .
(2 1 1) ⎜ ⎟ (2 + 3𝑖)
⎝𝑖⎠
Neste caso, considerando 𝑇 como a aplicação 𝑇 ∶ ℂ3 → ℂ2 definida de
maneira idêntica (isto é, apenas pensando que (𝑥1 , 𝑥2 , 𝑥3 ) ∈ ℂ3 ), temos que
a representação de 𝑇 nas bases canônicas do espaços ℂ3 e ℂ2 é justamente
a matriz 𝐴. ⊲
135
136 CAPÍTULO 6. O TEOREMA ESPECTRAL
Verifique que a representação de 𝑇 nas bases canônicas dos espaços ℂ3 e ℂ2 é justamente a matriz
𝐴 do Exemplo 6.1.
O Exemplo 6.1 foi particularmente simples: obtemos os espaços com-
plexos procurados e a aplicação entre esses espaços ao trocar ℝ3 e ℝ2 por ℂ3
e ℂ2 , respectivamente, e ao utilizar a mesma definição do operador 𝑇, agora
visto como uma aplicação 𝑇 ∶ ℂ3 → ℂ2 . Mas como proceder se tivermos
espaços reais 𝑋 e 𝑌 de dimensão finita? Como obter espaços complexos que
correspondam a 𝑋 e 𝑌, bem como a aplicação entre esses novos espaços?
A ideia é a mesma utilizada na definição do corpo dos complexos: um
número complexo 𝑧 nada mais é do uma soma 𝛼 + 𝑖𝛽, com 𝛼, 𝛽 ∈ ℝ:
𝑋ℂ = {𝒖 + 𝑖𝒗 | 𝒖, 𝒗 ∈ 𝑋}.
Em 𝑋ℂ , definimos
e, se 𝜇 = 𝑎 + 𝑖𝑏 ∈ ℂ com 𝑎, 𝑏 ∈ ℝ,
𝑖 0 ⎛1⎞⎤
1 2 1 ⎛⎜ ⎞⎟ 1 2 1 ⎡⎢⎛⎜ ⎞⎟
2 = 2 + 𝑖 ⎜0⎟⎥
(2 1 1) ⎜ ⎟ (2 1 1) ⎢⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎥
⎝𝑖⎠ ⎣⎝0⎠ ⎝1⎠⎦
4 2 4 + 2𝑖
= +𝑖 = .
(2) (3) (2 + 3𝑖) ⊲
𝑓 (𝒖) = 𝒖 + 𝒂
para 𝒂 ∈ 𝑋 fixo.
Dada uma isometria 𝑓 ∶ 𝑋 → 𝑌, podemos compô-la com uma trans-
lação e produzir assim uma isometria que preserva a origem (isto é, leva
0 ∈ 𝑋 em 0 ∈ 𝑌 ). Reciprocamente, toda isometria é a composta de uma
isometria que preserva a origem com uma translação.
(𝑖𝑖𝑖) 𝑇 ∗ 𝑇 = I.
Lema 6.11 Seja 𝑃 uma matriz quadrada cujas colunas formam uma base
ortonormal do 𝕂𝑛 considerado com seu produto interno canônico. Então
𝑃 ∗𝑃 = I = 𝑃 𝑃 ∗.
1
Esse é o conteúdo da observação que antecede a Seção 3.4.
140 CAPÍTULO 6. O TEOREMA ESPECTRAL
ℰ
Aplicando o Lema 6.11, temos 𝑃 −1 = 𝑃ℬ 𝒕
′ = 𝑃 . A matriz 𝑃 assim
definida será muito utilizada na próxima seção. ⊲
Temos que 𝑊 = < 𝑥 > é invariante por 𝑇. De acordo com o Lema 6.16,
𝑊 ⟂ = < 𝑥 >⟂ também é invariante por 𝑇. Como a restrição de 𝑇 ao
subespaço (𝑛 − 1)-dimensional 𝑊 é um operador autoadjunto, o resultado
está demonstrado.
Teorema 6.18 Seja 𝐴 ∈ 𝕄𝑛×𝑛 (𝕂) uma matriz autoadjunta. Então existe
uma matriz 𝑃 = (𝒗1 𝒗2 … 𝒗𝑛 ) (em que 𝒗𝑖 denota a coluna 𝑖 de 𝑃)
formada pela base ortonormal ℬ = {𝒗1 , … , 𝒗𝑛 } ⊂ 𝕂𝑛 de autovetores de
𝐴, de modo que
𝐴 = 𝑃 ∗ 𝐷𝑃 ,
⎛𝑥1 ⎞
(𝑥1 , … , 𝑥𝑛 ) ∈ 𝕂 𝑛
⟷ ⎜ ⋮ ⎟ ∈ 𝕄1×𝑛 .
⎜ ⎟
⎝ 𝑥𝑛 ⎠
⎛ 11 −8 4⎞
𝐴 = ⎜ −8 −1 −2⎟ .
⎜ ⎟
⎝ 4 −2 −4⎠
⎛ 16 −8 4⎞ ⎛4 −2 1⎞
(𝐴 + 5I) = ⎜ −8 4 −2⎟ → ⎜0 0 0⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 4 −2 1⎠ ⎝0 0 0⎠
4𝑎 − 2𝑏 + 𝑐 = 0 e 𝑏 + 2𝑐 = 0.
⎛−5 −8 4⎞ ⎛4 −2 −20⎞
𝐴 − 16I = ⎜−8 −17 −2 ⎟ → ⎜0 −21 −42⎟ .
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ 4 −2 −20⎠ ⎝0 0 0⎠
⎛4 −2 −20⎞ ⎛4 0 −16⎞
⎜0 −21 −42⎟ → ⎜0 1 2 ⎟.
⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝0 0 0⎠ ⎝0 0 0⎠
⎛𝑥⎞ ⎛ 4𝑧⎞ ⎛ 4⎞
⎜𝑦⎟ = ⎜−2𝑧⎟ = 𝑧 ⎜−2⎟ ,
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝𝑧⎠ ⎝ 𝑧 ⎠ ⎝ 1⎠
144 CAPÍTULO 6. O TEOREMA ESPECTRAL
que nos dá o autovetor 𝒗16 = (4, −2, 1). Note que, de acordo com o Lema
6.15, esse vetor já é ortogonal ao vetores 𝒗−5 e 𝒗′−5 .
Para obter uma matriz ortogonal, basta dividirmos os autovetores 𝒗−5 , 𝒗′−5
e 𝒗16 por sua norma. Chegamos então à matriz ortogonal
−5 4
⎛0 ⎞
⎜ 1 √105 √21 ⎟
−8 −2
𝑃 = ⎜ √5 ⎟.
⎜ 2 √105
4
√21 ⎟
1
⎜ ⎟
⎝ √5 √105 √21 ⎠
⎛−5 0 0⎞
𝐷 = 0 −5 0 ⎟ .
⎜
⎜ ⎟
⎝ 0 0 16⎠
⎛2 1 1 ⎞
𝐴 = ⎜1 2 1 ⎟ ,
⎜ ⎟
⎝1 1 2 ⎠
⎛1 0 0 ⎞
𝐷 = ⎜0 1 0 ⎟ .
⎜ ⎟
⎝0 0 4 ⎠
−1 1 −1 2 −1
𝒗1 = , 0, e 𝒗′1 = , ,
( √2 √2 ) ( √6 √6 √6 )
1 1 1
𝒗4 = , ,
( √3 √3 √3 )
Exercício 6.3 Encontre uma matriz ortogonal 𝑃 e uma matriz diagonal 𝐷 satisfazendo 𝑃 𝒕 𝐴𝑃 = 𝐷,
para as matrizes
⎛4 2 2⎞
(a) 𝐴 = ⎜2 4 2⎟;
⎜ ⎟
⎝2 2 4⎠
2 1
(b) ;
(1 2)
⎛2 1 0 0⎞
⎜1 2 0 0⎟
(c) ⎜ .
0 0 2 1⎟
⎜ ⎟
⎝0 0 1 2⎠
podem representar:
146 CAPÍTULO 6. O TEOREMA ESPECTRAL
• o conjunto vazio;
• um único ponto;
• uma reta;
• um par de retas;
• uma parábola;
• uma hipérbole;
• uma elipse.
𝑥21 + 𝑥22 − 1.
Exercício 6.4 Dê exemplo de um polinômio de grau menor do que ou igual a dois com coeficientes
reais em duas variáveis cujo conjunto de zeros é
(𝑖) apenas um ponto;
(𝑖𝑖) uma reta.
Para melhor estudarmos a equação (6.2), faremos uma breve revisão das
equações das cônicas em posição padrão.
6.4.1 Elipse
A elipse é o conjunto dos pontos 𝑃 = (𝑥1 , 𝑥2 ) ∈ ℝ2 cuja soma das
distâncias de 𝑃 a dois pontos fixos do plano 𝐹1 ≠ 𝐹2 (chamados focos) é
constante.
Denotando dist(𝐹1 , 𝐹2 ) = 2𝑐 (a distância entre os focos), então a elipse
é expressa pela equação
dist(𝑃 , 𝐹1 ) + dist(𝑃 , 𝐹2 ) = 2𝑎, (6.4)
𝑥2 ✻
✲ ✲
𝑥1 𝑥1
2 2 2 2
√(𝑥1 + 𝑐) + 𝑥2 = 2𝑎 − √(𝑥1 − 𝑐) + 𝑥2
e simplificando, obtemos
Exercício 6.5 Mostre que um ponto 𝑃 = (𝑥1 , 𝑥2 ) que satisfaz ou a equação (6.5) ou a equação
(6.6) necessariamente satisfaz à equação (6.4).
6.4.2 Hipérbole
A hipérbole é o conjunto dos pontos 𝑃 = (𝑥1 , 𝑥2 ) ∈ ℝ2 cuja valor
absoluto da diferença das distâncias de 𝑃 a dois pontos fixos do plano 𝐹1 ≠
𝐹2 (chamados focos) é constante.
Denotando dist(𝐹1 , 𝐹2 ) = 2𝑐 (a distância entre os focos), então a hipér-
bole é expressa pela equação
𝑥21 𝑥22
− = 1, (6.8)
𝑎2 𝑏2
com assíntotas
𝑏
𝑥2 = ± 𝑥1 .
𝑎
Por outro lado, se os focos forem 𝐹1 = (0, −𝑐) e 𝐹2 = (0, 𝑐), então a
equação da hipérbole é dada por
𝑥22 𝑥21
− = 1, (6.9)
𝑎2 𝑏2
com assíntotas
𝑎
𝑥2 = ± 𝑥1 .
𝑏
Em ambos os casos, 𝑏 = √𝑎2 − 𝑐 2 > 0. Essas hipérboles estão em
posição padrão.
𝑥2 ✻ 𝑥2 ✻
✲ ✲
𝑥1 𝑥1
2 2 2 2
√(𝑥1 + 𝑐) + 𝑥2 = √(𝑥1 − 𝑐) + 𝑥2 ± 2𝑎
e simplificando, obtemos
𝑏2 2 𝑏
𝑥22 = 𝑥 ⇒ 𝑥 2 = ± 𝑥1 .
𝑎2 1 𝑎
Se trocarmos 𝑥1 por 𝑥2 , obtemos tanto a expressão (6.9) como suas as-
síntotas.
O valor 𝑒 = 𝑐/𝑎 é chamado excentricidade da hipérbole. Como 𝑐 > 𝑎,
temos 𝑒 > 1.
Exercício 6.6 Mostre que um ponto 𝑃 = (𝑥1 , 𝑥2 ) que satisfaz ou a equação (6.8) ou a equação
(6.9) necessariamente satisfaz à equação (6.7).
6.4.3 Parábola
A parábola é o conjunto dos pontos 𝑃 = (𝑥1 , 𝑥2 ) ∈ ℝ2 equidistantes de
uma reta fixa 𝑟 (chamada diretriz) e de um ponto fixo 𝐹 (chamado foco) não
pertencente à diretriz. Assim, a equação da parábola é dada por
𝑥2 ✻ 𝑥2 ✻
✲ ✲
𝑥1 𝑥1
Figura 6.3: Parábolas em posição padrão, com focos em (0, 𝑝) e (0, −𝑝)
respectivamente, com 𝑝 > 0.
𝑥2 ✻ 𝑥2 ✻
✲
𝑥1
✲
𝑥1
Por outro lado, se o foco for 𝐹 = (0, 𝑝) e diretriz a reta 𝑟 dada por
𝑥2 = −𝑝, então a equação da parábola é dada por
Exercício 6.7 Mostre que um ponto 𝑃 = (𝑥1 , 𝑥2 ) que satisfaz ou a equação (6.11) ou a equação
(6.12) necessariamente satisfaz à equação (6.10).
5 −2 𝑥1
(𝑥1 𝑥2 ) (−2 5) (𝑥2 )
− 42 = 0. (6.14)
5 −2
𝐴=
(−2 5)
𝑥1
𝑋=
( 𝑥2 )
obtemos
𝑋 𝒕 𝑃 𝐷𝑃 𝒕 𝑋 − 42 = 0. (6.15)
A ideia agora é fazermos uma mudança de variável:
𝑥′1 𝑥1
′ = 𝑋′ = 𝑃 𝒕 .
( 𝑥2 ) ( 𝑥2 )
′ ′ 𝜆1 0 𝑥′1
𝑥
( 1 𝑥 2) ( 0 − 42 = 0,
𝜆2 ) (𝑥′2 )
5 − 𝜆 −2
det(𝐴 − 𝜆I) = det = (5 − 𝜆)2 − 4 = 𝜆2 − 10𝜆 − 21.
( −2 5 − 𝜆)
2 −2
𝐴 − 3I = ,
(−2 2)
152 CAPÍTULO 6. O TEOREMA ESPECTRAL
obtemos que
1/√2
𝒗3 =
(1/√2)
é um autovetor unitário associado ao autovalor 𝜆1 = 3.
Uma vez que 𝜆2 ≠ 𝜆1 , o Lema 6.15 garante que o autovetor associado
ao autovalor 𝜆2 = 7 é ortogonal ao autovetor 𝒗3 . Assim, sem efetuarmos
qualquer cálculo, podemos garantir que
−1/√2
𝒗7 =
( 1/√2)
𝑥′2 ✻
✲
𝑥′1
Figura 6.5: Nos eixos 𝑥′1 e 𝑥′2 , a cônica (6.13) assume posição padrão. O
semieixo maior é a distância entre a origem e a interseção da elipse com o
eixo 𝑥′1 .
6.4. IDENTIFICAÇÃO DE CÔNICAS 153
𝑥2 ✻
✲
𝑥′
1
✻
𝑥′
2
✲
𝑥1
𝐴 𝐵/2 𝑥1
(𝑥1 𝑥2 ) (𝐵/2 𝐶 ) (𝑥 ) + 𝐹 = 0, (6.17)
2
1/√5
𝒗−7 = .
(2/√5)
Tomando os vetores nessa ordem, obteremos uma matriz 𝑃 com determi-
nante negativo. Assim, vamos inverter a ordem e escolher a base ℬ =
{𝒗−7 , 𝒗3 }:
1/√5 −2/√5 −7 0
𝑃 = ⇒ 𝐷= .
(2/√5 1/√5) ( 0 3)
Figura 6.7: Nos eixos 𝑥′1 e 𝑥′2 , a cônica (6.18) assume posição padrão.
𝑥2 ✻
✲
𝑥′
1
✻
𝑥′
2
✲
𝑥1
Figura 6.8: Os eixos 𝑥′1 e 𝑥′2 estão apresentados com relação à base canônica,
isto é, no sistema formado por 𝑥1 e 𝑥2 .
ou seja,
1
(𝑥2 + 2)2 = 8 (𝑥1 − ) .
4
′ ′
Definindo 𝑥2 = 𝑥2 + 2 e 𝑥1 = 𝑥 − 1/4, chegamos à equação
(𝑥′2 )2 = 8𝑥′1 ,
que representa uma parábola com vértice no ponto (1/4, −2), que é repre-
sentada pelo gráfico
⊲
156 CAPÍTULO 6. O TEOREMA ESPECTRAL
6.5 Exercícios
1. Sejam 𝐸 um espaço complexo com produto interno e 𝑇 ∶ 𝐸 → 𝐸 um
operador linear. Se 𝐸 tiver dimensão finita, mostre que 𝑇 é autoad-
junto se, e somente se ⟨𝑇 𝒙, 𝒙⟩ ∈ ℝ para todo 𝒙 ∈ 𝐸. Esse resultado
é verdadeiro se 𝐸 for um espaço real?
𝑋 coordenadas de um vetor, 57
norma no, 69 cálculo da matriz inversa, 26
157
158 ÍNDICE REMISSIVO
identidade norma, 69
de polarização, 81 da soma, 69
do paralelogramo, 72 do máximo, 69
inversa gerada pelo produto interno, 71
cálculo da, 26 núcleo
isometria, 138 de uma aplicação linear, 85
que preserva a origem, 138 de uma matriz, 22, 40
isomorfismo, 84
operador
Jordan autoadjunto, 140
método de Gauss-Jordan, 18 complexificação de um, 136
diagonalizável, 126
matriz hermitiano, 140
aumentada de um sistema, 12 polinômio característico
autoadjunta, 6 de um, 123
coluna, 5 simétrico, 140
complexa, 4 operador linear, 84
conjugada, 5 identidade, 85
cálculo da inversa de uma, 26 operações elementares
diagonal, 5 sobre as linhas de uma matriz,
diagonal principal de uma, 5 14
elementar, 23 ortogonalidade, 68
entrada de uma, 4
escalonamento de uma, 16 parábola
espaço coluna de uma, 103 diretriz, 149
espaço linha de uma, 103 equação em posição padrão, 149
forma escalonada, 15 foco, 149
reduzida por linhas, 17 vértice, 149
inversa, 10 Pitágoras
linha, 5 teorema de, 69
mudança de base, 96 pivô, 15
multiplicação por escalar, 6 polinômio
nula, 4 característico, 123
pivô, 15 mônico, 124
posto de uma, 105 posto
quadrada, 4 de uma matriz, 105
real, 4 processo de ortogonalização de Gram-
simétrica, 6 Schmidt, 76
ÍNDICE REMISSIVO 159
teorema
alternativa de Fredholm, 115
da base do espaço coluna, 105
da dimensão dos espaços linha e
coluna, 104
da soma direta ortogonal, 78
de Gram-Schmidt, 76
de Pitágoras, 69
de representação de Riesz, 111
de unicidade da forma escalonada
reduzida por linhas, 21
do núcleo e da imagem, 87
dos operadores diagonalizáveis,
129
transformação linear, 84
translação, 138