U-020 Patricia Baliski

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INDSTRIA E ESPAO URBANO: A DINMICA DE RELOCALIZAO INDUSTRIAL INTERURBANA NO AGLOMERADO METROPOLITANO DE CURITIBA (PR, BRASIL)

Patricia Baliski Gegrafa, Mestranda em Geografia UFPR (Brasil), Bolsista CAPES Eixo Temtico: Dinmica Urbana, Redes e Transporte Este artigo objetiva analisar a relao entre indstria e espao urbano, no aglomerado metropolitano de Curitiba (Estado do Paran, Brasil). Para tal, se fundamenta na perspectiva terica da produo do espao, concebendo a indstria como um importante agente transformador da materialidade urbana, a cidade. A tentativa de entendimento dos processos que explicam tal relao norteia a presente pesquisa. Nesse sentido, com base na comparao de dados existentes nos cadastros industriais do perodo 1965-2008 (razo social e localizao), foram identificadas algumas dinmicas espaciais da indstria que comprovadamente tm acarretado na extenso urbana nas ltimas dcadas, tais como novos investimentos, criao de filiais e relocalizaes nas escalas i ntra-urbana e interurbana. Entre essas, destaca-se a relocalizao industrial interurbana, a qual consiste no deslocamento das unidades produtivas a partir de Curitiba para os municpios limtrofes. Essa dinmica indica no somente novas tendncias de loca lizao, na medida em que insere novos lugares no processo produtivo, mas tambm a crescente complexificao do espao urbano, principalmente nos ltimos anos. Ou seja, denota um extravasamento das vantagens de localizao para outros municpios, bem como a insero de novos contedos em tais lugares, pois a indstria ao se instalar se faz acompanhar de servios, trabalhadores e infraestrutura. Palavras-Chave: Indstria, Aglomerado Metropolitano de Curitiba, Espao Urbano.
INTRODUO

A discusso sobre os impactos da indstria na cidade, ou ainda a relao entre esses dois objetos, pode ser realizada de inmeras formas, conforme a perspectiva que se adote. As vrias possibilidades de anlise so decorrentes do desenvolvimento do conhecimento cientfico que, ante a crescente complexidade da realidade, torna -se mais fragmentado e especializado. Um objeto no consegue mais ser explicado em sua totalidade apenas por uma nica cincia. Vrias cincias abordam diversamente os fenmenos, a partir de mtodos esp ecficos e diferentes. Em se tratando da geografia, entende -se que a questo primordial no a definio do seu objeto, mas o mtodo que a diferencia de outras cincias e permite

a apreenso numa perspectiva geogrfica. Para Carlos (2008), o ponto de vis ta geogrfico o da espacialidade, o da dimenso espacial da realidade social e o do papel do espao na (re) produo da vida humana. Para Santos (2004), a forma de tratar geograficamente os objetos, ou seja, de compreender que a significao geogrfica dos objetos vem do papel que eles desempenham no processo social, pelo fato de estarem contguos e estarem sistematicamente interligados. A espacialidade, inerente pesquisa geogrfica, traduz -se a partir das configuraes existentes no espao geogrfic o, qualificadas por suas prprias caractersticas, diferenciando-se historicamente das demais formas existentes. As formas produzidas, assim como a produo do prprio espao geogrfico, diferenciam-se em funo do momento histrico e das exigncias e nece ssidades da sociedade. Nesse sentido, a indstria tambm enquanto forma produzida marca distintamente o espao construdo conforme o estgio de desenvolvimento das foras produtivas. O desenvolvimento das tcnicas e dos modos de organizao e gesto acarreta diretamente na dinmica de localizao dos estabelecimentos industriais e consequentemente nas marcas impressas no espao geogrfico. As transformaes vo alm dos impactos urbansticos decorrentes de uma atividade de grande impacto, pois permitem o desenvolvimento de processos mais complexos, tal qual o da expanso da cidade, ou seja, da produo do espao urbano. Na tentativa de se desvendar a natureza da relao entre indstria e espao urbano que se insere a presente pesquisa. Para tal, prioriza a s dinmicas espaciais de relocalizao industrial no contexto interurbano. A opo por essa escala se justifica na medida em que a crescente complexificao do espao de Curitiba no se explica sem que se leve em considerao as relaes existentes com os espaos circunvizinhos, ou seja, o da totalidade do aglomerado.

A CONSOLIDAO DA INDSTRIA NO AGLOMERADO

A conformao do que hoje se constitui como o espao industrial no aglomerado metropolitano de Curitiba o resultado da sobreposio de diversos processos desenvolvidos ao longo de um determinado perodo histrico. Tais

processos foram se materializando em diferentes formas que assumiram variadas funes, de acordo com os interesses vigentes do capital. Esse espao dotado dos atributos necessrios reproduo do capital diferencia-se da Regio Metropolitana institucionalizada (MAPA 1). Segundo Firkowski (2009, p. 160), o aglomerado abrange o espao efetivamente pleno de relaes metropolitanas que, em Curitiba, se limitaria a menos da metade dos municpios componentes da atual Regio Metropolitana. Por relaes metropolitanas, entende -se a existncia de intensos fluxos cotidianos, cuja regularidade e perenidade caracterizam um mesmo espao de relaes.

MAPA 1 REGIO METROPOLITANA E AGLOMERADO METROPOLITANO DE CURITIBA (PARAN/BRASIL) Assim, as primeiras indstrias localizadas na rea que atualmente compreende o aglomerado metropolitano de Curitiba instalaram -se a partir do final do sculo XIX e estavam ligadas diretamente ao beneficiamento de produtos do setor primrio, destacando-se a erva-mate e a madeira. Com o passar do tempo e as necessidades advindas do crescimento urbano, desenvolveram-se outras indstrias,

no entanto, a maioria relacionada aos gnero s tradicionais, ou seja, com baixo grau de tecnologia inserida no processo produtivo e portanto, dependente de grandes quantidades de mo -de-obra. At o final da dcada de 1960, a atividade industrial se concentrava em Curitiba, e nesta cidade em reas bem delimitadas, como as dos bairros Rebouas e Prado Velho, devido grande dependncia do transporte ferrovirio. A partir de meados de 1960, iniciou -se o segundo momento da indstria na regio de Curitiba. Esse momento que compreendeu o perodo que vai do final dos anos 1960 at o final da dcada de 1980, foi reflexo da grande interveno estatal em todas as instncias sociais e econmicas no Brasil. Nesse sentido, foram criadas vrias agncias de fomento pelo governo estadual, que visavam propiciar o financiamento da infraestrutura bsica e da atividade industrial, principalmente para as unidades ligadas aos gneros dinmicos. Vrios investimentos foram realizados, culminando na instalao de grandes projetos de mbito nacional na regio de Curitiba, como os complexos cimenteiro, metal-mecnico e de refino de petrleo. A insero de Curitiba no processo de industrializao dos gneros dinmicos ocorre nesse perodo, quando criada a Cidade Industrial de Curitiba (CIC) em 1973, a qual foi um projeto conjunto entre os governos estadual e municipal, buscando mudar a matriz produtiva do Paran. A CIC representou a consolidao da construo de um ambiente com infraestrutura adequada para a implantao de grandes projetos, aliada localizao conjunta da classe trabalhadora e dos servios de apoio indstria . Alm de Curitiba, o municpio de Araucria tambm se inseriu no processo de industrializao verificado no pe rodo, principalmente pela instalao da Refinaria Getlio Vargas em 1972, em uma rea que posteriormente foi definida como de uso exclusivamente industrial, qual seja o Centro Industrial de Araucria (CIAR). Contrariamente ao milagre econmico da dcada de 1970, os anos de 1980 caracterizaram-se pela diminuio do crescimento, bem como o processo de desconcentrao da atividade industrial verificado no decnio anterior. A economia do Paran acompanhou o baixo crescimento do Brasil nos anos 1980, salvando -se pontualmente em face da maturao de alguns investimentos em ramos modernos e da continuidade da diversificao dos segmentos tradicionais, sobretudo os do agronegcio (LOURENCO, 2003; BITTENCOURT, 2003).

A dcada de 1990 representa o incio de um nov o perodo em que so priorizadas as intervenes das esferas estadual e municipal no mbito das negociaes em prol de investimentos na rea industrial , diferentemente do momento anterior, no qual o governo federal direcionou com supremacia os grandes investimentos industriais. Nesse sentido, as alteraes nas formas de operao do sistema econmico brasileiro, decorrentes da abertura comercial e financeira, em conjunto com o advento do Mercosul e a estabilidade monetria, determinaram diretamente a movimentao espacial das atividades econmicas, com destaque para a industrial. Isso ocorreu em funo da diminuio do peso do governo federal e das empresas estatais e da ampliao da interferncia dos componentes de mercado e das foras polticas subnacionais, materializadas na guerra fiscal e na concesso de infraestrutura para as empresas (LOURENO, 2003). Nesse contexto que se insere a nova fase de industrializao paranaense, e de acordo com Firkowski (2001, p. 88), principalmente pelo desempenho que t eve em relao [...] atrao de novos investimentos industriais, notadamente do setor automobilstico. O setor automobilstico, segundo Bittencourt (2003), tem grande capacidade de gerao de valor adicionado devido a sua complexidade na organizao d a produo. Em funo disso, a sua eficincia na absoro, bem como na disseminao de inovaes tecnolgicas, torna esse setor muito dinmico e atrativo para as regies perifricas que procuram se engajar nos ciclos de expanso econmica, ditados pela glo balizao da produo. Assim, o estado paranaense procurou atrair as indstrias ligadas a esse setor, principalmente atravs da concesso de benefcios fiscais e financeiros por meio do programa Paran Mais Empregos. Esse programa iniciado em 1995 tinha incentivos diferenciados de acordo com o gnero industrial e o municpio no qual seria realizada a instalao, visando nesse ltimo caso, a desconcentrao industrial em relao Curitiba. Decorrente de todos os benefcios concedidos vrios protocolos for am assinados. No entanto, Firkowski (2001), atenta para o fato de que contrariamente a um dos objetivos do programa, o qual se referia desconcentrao industrial no Paran, a maioria das empresas optou pela localizao em municpios no aglomerado, em funo da proximidade com Curitiba.

A COMPLEXIDADE DO ESPAO E A BUSCA POR NOVAS LOCALIZAES

A crescente complexificao do aglomerado metropolitano de Curitiba se materializa no espraiamento das condies materiais de reproduo do capital para outros municpios alm de Curitiba. A emergncia de outras cidades em conjunto com a metrpole evidencia esse espao metropolitano dotado das vantagens que as grandes indstrias requerem. Atravs dos dados expressos na TABELA 1 possvel se constatar o aumento de estabelecimentos em outros municpios do aglomerado, alm de Curitiba, no decorrer do perodo 1960 -2008. TABELA 1 AGLOMERADO METROPOLITANO DE CURITIBA: TOTAL DE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS, 1960-2008
MUNICPIO Almirante Tamandar Araucria Campina Grande do Sul Campo Largo Campo Magro Colombo Curitiba Fazenda Rio Grande Pinhais Piraquara Quatro Barras So Jos dos Pinhais 1960 56 45 4 69 31 1171 53 94 1975 67 54 14 99 99 1751 47 28 178 1980 83 85 19 111 141 2021 97 26 252 1997 156 170 58 267 334 3754 99 351 33 46 525 2008 216 344 85 371 49 610 4409 170 748 58 68 1015

FONTE: Censos Industriais (IBGE, 1966, 1979, 1984); RAIS ( MTE, 1997, 2008) NOTA: Municpio criado aps o perodo Em concomitncia h um processo em curso que dota valores diferenciados para os lugares, ao longo do tempo. Assim, a desvalorizao de um local em detrimento da valorizao de outro, acarreta tambm no movimento das atividades produtivas dentro do espao u rbano. Sob essas duas perspectivas que a relocalizao industrial deve ser concebida. Nesse sentido, se de um lado o fazer -se ininterrupto da sociedade diferencia o espao geogrfico; de outro, h a homogeneizao de certas caractersticas necessrias ao desenvolvimento do capital em um nmero crescente de lugares.

Embora os dados apresentados na TABELA 1 permitam uma aproximao do crescimento de importncia da atividade industrial no aglomerado, no comportam a compreenso dos processos de valorizao e desvalorizao dos lugares. Nesse sentido, buscou -se uma metodologia que possibilitasse a anlise das localizaes urbanas em uma escala de detalhe. Assim, priorizou-se como escala de anlise a localizao de cada unidade industrial no aglomerado e no somente os totais dos municpios em anos pr determinados. Considera-se que a utilizao de diferentes escalas aponta para mudanas de contedo e de sentido do prprio fenmeno, ou seja, a mudana para uma escala de detalhe introduz uma nova dimenso, na q ual possvel apreender novos contedos (CASTRO, 2007). Visando chegar a essa escala de detalhe a metodologia de anlise levou em considerao a localizao das indstrias existentes entre a dcada de 1960 e os anos 2000. Para isso, foram utilizados como referncia os cadastros industriais publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) de 19 65; Secretaria da Indstria e do Comrcio, de 1977; e Federao das Indstrias do Estado do Paran (FIEP), de 1986 , 1996 e 2008. Os dados existe ntes nesses cadastros dizem respeito razo social de cada indstria, o endereo e o que produzido, sendo que nos cadastros de 1965, 1977, 1996 e 2008 encontram-se, ainda, informaes relativas ao nmero de funcionrios. Os dados de todos os cadastros foram tabulados e posteriormente cruzados, permitindo identificar quais as indstrias que apresentaram transferncia de unidade, utilizando-se para isso os endereos constantes. Na TABELA 2 esto indicadas as quantidades de indstrias instaladas a partir da identificao da relocalizao industrial interurbana. Como pode ser observado, existem alguns municpios que se destacaram mais em relao a esse tipo de localizao industrial, tais como So Jos dos Pinhais, Pinhais e Araucria. Sobre esse ltimo, vale lembrar que no mesmo foi instalada a refinaria Getlio Vargas da Petrobrs, na dcada de 1970, culminando na mudana do perfil produtivo do municpio. Assim, a existncia de um espao favorvel atividade industrial justifica a quantidade de deslocamento s existentes para esse municpio.

TABELA 2 AGLOMERADO METROPOLITANO DE CURITIBA: INSTALAES INDUSTRIAIS DECORRENTES DA RELOCALIZAO INDUSTRIAL INTERURBANA, 1965-2008
MUNICPIO Almirante Tamandar Araucria Campina Grande do Sul Campo Largo Campo Magro Colombo Curitiba Fazenda Rio Grande Pinhais Piraquara Quatro Barras So Jos dos Pinhais 1965-1977 0 1 0 0 1 1 1 0 0 1977-1986 1 0 1 0 2 0 2 0 1 1986-1996 3 7 1 2 1 5 4 0 13 1 0 12 1996-2008 1 4 1 1 1 3 4 1 5 0 2 8 TOTAL 5 12 3 3 2 11 9 1 18 4 2 21

FONTE: Elaborado pela autora com base em IBGE (1968), Secretaria da Indstria e Comrcio/PR (1977), FIEP (1986, 1996, 2008) NOTA: (-) Municpio criado aps o perodo Em relao a So Jos dos Pinhais dest aca-se que desde a dcada de 1950, esse municpio do apresentava sempre participao esteve significativa aqueles no total de estabelecimentos, especialmente em relao atividade madeireira. Dentre os municpios aglomerado entre com maior representatividade no que se refere atividade industrial. Entende-se que o desenvolvimento da indstria nesse municpio, no decorrer das dcadas, propiciou a consolidao das condies necessrias ao desenvolvimento da atividade produtiva e da reproduo do capital, propiciando as instalaes decorrentes da relocalizao industrial. Pinhais, apesar de ser um municpio de criao recente, incio da dcada de 1990, j detinha quantidade expressiva de estabelecimentos industriais, na medida em que em seu territrio estavam localizadas as reas destinadas a este uso, quando ainda era distrito de Piraquara. No entanto, foi a partir da dcada de 1990 que essa rea despontou no aglomerado, sobretudo em funo da quantidade de estabelecimentos, muitos dos quais, ligados aos gne ros dinmicos. Pelo exposto, fica evidente que apesar do aglomerado ser interessante ao capital, afinal existem as condies materiais para a s ua reproduo, no so todos os lugares abrangidos pelo processo. Assim, embora o capital seja indiferente

quanto ao lugar da valorizao, contraditoriamente d grande ateno s diferenciaes dos lugares (BRANDO, 2007). A diferenciao de lugares pode ser visualizada no MAPA 1. Primeiramente se destaca que Curitiba a principal origem dos deslocamentos. Vale lemb rar que essa cidade se constituiu desde o final do sculo XIX como a mais importante para o desenvolvimento da atividade industrial. Essa hegemonia s e materializou na concentrao das maiores reas industriais do estado do Paran.

FIGURA 1 AGLOMERADO METROPOLITANO DE CURITIBA: RELOCALIZAO INDUSTRIAL INTERURBANA, 1965-2008

Ora, entende-se que em um primeiro momento, at o final da dcada de 1980, essa cidade apresentava o que comumente chamado de economias de aglomerao. Porm, com a intensificao da ocupao urbana, os aspectos negativos existentes nas grandes cidades se sobrepem aos positivos. Assim, segundo Caravaca e Mendez (2003) e Mrenne -Schoumacker (2002), se constatam a existncia dos fatores de expu lso, na cidade principal (Curitiba), em concomitncia aos de atrao, nas reas perifricas. O primeiro diz respeito aos elevados custos de implantao e manuteno (solos, imveis, fiscais), s restries da atividade (ambiental, legislao do uso do sol o, dificuldade de ampliao), dificuldade de mobilidade (congestionamentos, ausncia de estacionamentos, limitaes ao trfego pesado) e deteriorao do parque industrial (deteriorao das instalaes, inadaptao aos novos processos). Contrariamente, os fatores de atrao so resultado da oferta crescente de solo urbanizado, imveis para a atividade em espaos de menor densidade, bons acessos, espaos para circulao e estacionamentos e tambm ajuda pblica para as instalaes de novas empresas geradoras de empregos. Assim, para Caravaca e Mendez (2003) e Briano, Fritzsche e Vio (2003), em funo da existncia dessas condies, a tendncia observada nas aglomeraes metropolitanas um forte impulso a processos de desconcentrao espacial da indstria, que se beneficia de um lado das vantagens comuns ao espao metropolitano, tais como vias de transporte e mo -de-obra, e de outro, de controles urbansticos diferenciados, em funo das diferentes legislaes municipais, e oferta de solo mais barato nas cidades prximas metrpole. Isso fica evidente quando se observa que alm da insero significativa de poucos municpios, as reas em que ocorrem as instalaes decorrentes da relocalizao so lugares bem especficos nos mesmos, geralmente prximos aos limites com Curitiba. Para Mrenne-Schoumaker (2002), as transferncias se produzem geralmente na periferia prxima da primeira localizao, pois as empresas desejam conservar sua mo-de-obra, seus clientes, seus subcontratados e fornecedores. importante tambm destacar que a anlise das relocalizaes industriais no mbito da escala interurbana, em uma perspectiva espao -temporal, permite acompanhar a expanso do espao produtivo. Essa situao pode ser observada no municpio de So Jos dos Pinhais, ao se comparar os quadros da relocalizao

1986-1996 e 1996-2008. O ltimo demonstra que houve um aumento na extenso dos deslocamentos gerados, em comparao ao primeiro. Isso evidencia no somente que h um espraiamento das condies necessrias reproduo do capital para outros lugares para alm de Curitiba, como tambm que em tais lugares h uma ampliao espacial destas condies. Ressalta-se que as relaes no aglomerado se tornaram mais complexas com a insero do grande capital em Curitiba, a partir d a dcada de 1970. Nesse momento, como j indicado anteriormente, houve incentivo instalao de grandes indstrias, principalmente multinacionais. Consequentemente, a complexificao crescente do espao e o espraiamento da mancha urbana, tornaram possvel que a reproduo do capital pudesse ser realizada em outros lugares, para alm de Curitiba. Porm, claro, em locais em que pudesse se aproveitar as vantagens de proximidade em relao a essa cidade. nesse contexto que concomitantemente complexifica o do espao urbano em Curitiba, h a acentuao do processo de relocalizao industrial. Portanto, os processos espaciais que ocorrem no aglomerado encontram sua matriz explicativa na reproduo da metrpole, Curitiba.

CONSIDERAES FINAIS

A opo de analisar a dimenso espacial da indstria em uma escala de detalhe permitiu apreender o fenmeno sob uma nova perspectiva, bem como aplicar uma metodologia que possibilitasse compreender mais a dinmica industrial. Assim, verificou-se que as relocalizaes interurbanas aumentaram e inseriram novos municpios, no entanto, com destaque para So Jos dos Pinhais, Pinhais e Araucria. Constatou -se que apesar de ocorrer esse espraiamento da atividade industrial, originado principalmente em Curitiba, isto ainda ocorre de forma concentrada, tanto quando se considera os municpios, tanto quando se verifica os lugares de destino nos mesmos. Percebeu-se que muitas das transferncias se produziram na periferia prxima da localizao anterior, pois a atividade industri al necessita conservar mode-obra, clientes e fornecedores. E nos lugares que ofertam as melhores condies que iro se destinar grande parte das relocalizaes. Dessa forma, os trs

municpios citados agregam proximidade, acessibilidade e reas destina das s atividades industriais, atraindo vrios investimentos. Assim, pelo exposto, considera-se que a abordagem pautada na anlise da relocalizao industrial d subsdios para se entender a formao dos espaos industriais, principalmente daqueles que apr esentam certa complexificao. Nesse caso, apenas a anlise em conjunto pode evidenciar as estratgias locacionais e a diferenciao dos lugares de acordo com sua valorizao em um dado momento histrico.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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