Sistema Nervoso

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CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO

As células do sistema nervoso podem ser organizadas em duas categorias:

1. Células nervosas: especializadas na sinalização elétrica através de longas distâncias e são responsáveis pela
captação e processamento da informação
2. Células de glia: não são capazes de realizar sinalização elétrica e fornecem suporte estrutural e metabólico
aos neurónios

NOTA: o sistema nervoso apresenta uma grande diversidade de células, mais do que qualquer outro sistema de órgãos,
sendo que são categorizadas de acordo com a sua morfologia, identidade celular e atividade funcional

As células nervosas são entidades discretas que comunicam entre si por meio de contactos especializados,
denominados sinapses.

Transmissão sináptica: processo pelo qual a informação é passada de uma sinapse para a célula seguinte

1. Sinapses químicas (mais comuns)


2. Sinapses elétricas

A estrutura básica de cada neurónio é semelhante à de qualquer outra célula.

• Neurónios unipolares: um axónio; sem dendrites; o estímulo é rececionado dos terminais diretamente para o
corpo celular; existe nos organismos que ainda estão em desenvolvimento
• Neurónios bipolares: duas conexões; uma assume o papel de dendrites e a outra assume o papel de axónio
• Neurónios multipolar: composto por todos os componentes; mais comum nos humanos

Constituição do neurónio:
• Corpo celular: processa os sinais e é onde está o núcleo e os organelos principais
• Dendrites: recebem estímulos nervosos
o Excitatórios
o Inibitório
• Axónio: é por onde viaja o sinal, sendo que o mais comprido vai desde a medula até ao pé
• Terminais: onde termina o axónio; estabelece conexões entre os terminais e as dendrites do neurónio seguinte
• Nódulos de Ranvier: espaços sem mielina importantes para que exista um mecanismo de passagem de iões

Neurónios aferentes: carregam informação da periferia para o centro

Interneurónios: existem apenas no SNC e transportam informação entre os neurónios aferentes e eferentes

Neurónios eferentes: carregam informação do centro para a periferia


Células de glia: são muito diferentes dos neurónios, sendo que a principal distinção está relacionada com o facto das
células de glia não participarem nas interações sinápticas e na sinalização elétrica, apesar das suas funções de suporte
ajudarem a definir os contactos sinápticos e a manter as capacidades sinalizadoras dos neurónios. São mais numerosas
que os neurónios e também têm extensões que se propagam a partir do corpo celular mas são mais pequenas do que
os neurónios e não têm dendrites nem axónios.

Tipos de células de glia:

1. Astrócitos: ambiente químico para sinalização neuronal; exclusivos do SNC


2. Oligodendrócitos: produção de mielina; exclusivos do SNC; envolvem alguns axónios com uma bainha de
mielina logo são importantes para a condução do potencial de ação
3. Microglia: servem de limpeza; células do sistema imunitário

SINAPSES: são os contactos funcionais entre os neurónios que permitem a comunicação entre eles

Sinapse elétrica:

• Permitem o fluxo direto e passivo da corrente elétrica desde um neurónio até ao seguinte
• A corrente flui através de “gap function” (permite a passagem direta de iões) que são canais membranares
especializados que estabelecem o contacto entre duas células
• Muito rápida, forma-se após a despolarização da membrana, deixando os canais abertos e assim os iões
podem fluir para os dois lados – sinapse bidirecional
• Transmissão do sinal por corrente iónica
• Objetivo: sincronizar as células todas ao mesmo tempo

Sinapse química:

• A maioria das sinapses são químicas e a comunicação é feita através dos neurotransmissores
• A comunicação célula-célula é estabelecida pela secreção de neurotransmissores, que são agentes químicos
libertados pelo neurónio pré-sináptico e que produzem um fluxo de corrente no neurónio pós-sináptico por
ativação de recetores específicos
• Os terminais pré e pós sinápticos estão fisicamente separados pela fenda sináptica
• Presença de pequenos organelos no terminal pré-sináptico (vesículas sinápticas) que estão cheias de
neurotransmissores
Processo de transmissão sináptica:

1. Inicia quando um potencial de ação invade o terminal do neurónio pré-sináptico


2. A alteração do potencial da membrana, causado pelo potencial de ação (despolarização da membrana), leva
à abertura de canais de cálcio sensíveis à voltagem na membrana pré-sináptica
3. Uma vez que a concentração de iões de cálcio é muito baixa no interior da célula, a abertura dos canais causa
um rápido fluxo de iões para o interior do terminal pré-sináptico
4. O aumento de cálcio no interior do terminal pré-sináptico causa, possivelmente pela ligação às proteínas de
ancoragem, a fusão e exocitose das vesículas sinápticas do terminal pré-sináptico
5. A exocitose permite a libertação dos neurotransmissores para a fenda sináptica
6. Os neurotransmissores ligam-se a recetores específicos do terminal pós-sináptico promovendo a abertura (ou
fecho) de canais iónicos no terminal pós-sináptico
7. A corrente pós-sináptica causa a excitação ou inibição do potencial pós-sináptico

Resumindo: os neurotransmissores atuam no terminal pós-sináptico regulando direta ou indiretamente a abertura de


canais iónicos.

Uma sinapse só pode funcionar efetivamente se houver alguma forma de “desligar” o sinal depois de ser enviado. O
término do sinal permite que a célula pós-sináptica retorne ao seu potencial de repouso normal, pronta para a
chegada de novos sinais. Para que o sinal termine, o neurotransmissor deve ser removido da fenda sináptica.

Formas do neurotransmissor ser removido da fenda sináptica:


• O neurotransmissor pode ser recuperado pelo neurónio pré-sináptico
• O neurotransmissor pode ser decomposto por uma enzima
• O neurotransmissor pode ser difundido
• O neurotransmissor pode ser absorvido pelas células de glia próximas
POTENCIAL DE REPOUSO: quando o neurónio está em repouso, existe uma diferença de cargas entre o interior e o
exterior da célula. Essa diferença é mantida, em grande parte, pela existência de transporte ativo entre iões de sódio
(que passam do interior para o exterior) e iões de potássio (que passam do exterior para o interior.

O esquema representa a ampliação de qualquer parte da membrana de um neurónio onde não exista mielina.

Quando o neurónio está em repouso, existe uma diferença de cargas elétricas entre o interior e exterior da célula –
negativo no interior e positivo no exterior.

O potencial de membrana em repouso é determinado pela distribuição desigual de iões (partículas carregadas) entre
o interior e o exterior da célula e pela permeabilidade diferencial da membrana a diferentes tipos de iões. Sem esta
permeabilidade seletiva, haveria uma passagem de cargas do lado positivo para o negativo e vice-versa, o que
resultaria num equilíbrio iónico.

Esta diferença é mantida em grande parte pela existência de transporte ativo entre os iões sódio e potássio, que se
movimentam contra o gradiente de concentração.

Este potencial de repouso é a razão pela qual temos a criação de um impulse elétrico.

Nota: voltagem significa a mesma coisa num neurónio ou num circuito elétrico. No entanto, a corrente nos fios é
transportada por eletrões, enquanto que nos neurónios e outras células, a corrente é transportada pelo movimento
dos iões, sendo que estes podem incluir iões carregados positivamente (catiões) e iões carregados negativamente
(aniões).

Potencial de repouso: Bomba sódio-potássio


Potencial de ação: mecanismo de transporte de informação através do axónio. Forma-se através de uma inversão de
cargas na membrana plasmática, sendo que esta inversão de cargas gera uma onda autorregeneradora que se propaga
desde o seu ponto de iniciação (corpo celular) até ao terminal do axónio, terminando na transmissão sináptica.

O potencial nervoso inicia-se quando um estímulo chega à membrana plasmática do neurónio causando a abertura de
canais de sódio, levando-o a voltar a entrar na célula por transporte passivo facilitado, diminuindo a diferença de
potencial. Se essa diferença chegar a um limiar, abrem-se outros canais que são dependentes da voltagem. A entrada
acentuada de sódio permite uma despolarização, invertendo o potencial da membrana. Isso resulta numa abertura
dos canais proteicos de potássio, o que faz com que o potássio saia rapidamente da célula e, pouco a pouco, se
restabeleça o potencial da membrana (potencial de repouso) – interior negativo e exterior positivo.

Impulso nervoso propaga-se por condução saltatória:

Impulso nervoso = condução saltatória: a bainha de mielina é extremamente importante pois confere isolamento, mas
o potencial elétrico, quando tem de viajar grandes distâncias vai dissipando. Assim, os espaços entre as bainhas de
mielina (nódulos de ranvier) têm uma elevada importância pois é apenas nestes locais que existem canais (proteínas)
que permitem esta transação de cargas entre o interior e o exterior, promovendo um “boost” no potencial de ação.

NEUROTRANSMISSORES:
• Mensageiros químicos que permitem a comunicação entre neurónios
• São sintetizados pelo neurónio pré-sináptico
• Acumulam-se e são libertados nos terminais nervosos
• Possuem recetores específicos na região pós-sináptica
• Existem mecanismos que permitem parar o efeito do neurotransmissor no terminal nervoso
• Os efeitos de um determinado neurotransmissor são bloqueados por antagonistas competitivos de forma
dependente da dose
Recetores dos neurotransmissores:
A natureza, magnitude e sinal da resposta de um neurónio ou musculo a um neurotransmissor é determinada pelo
tipo de recetor presente na membrana da célula pós-sináptica.

• A natureza dos recetores pode ser de abertura direta de canal iónico (ionotrópico) ou modular vias de ativação
que geram cascatas de eventos intracelulares (metabotrópicos).
• A magnitude da resposta pode ser determinada pelo estado e número dos recetores
• A resposta pode ainda ser do tipo excitatória ou inibitória, sendo que maior parte das células só apresenta
um destes dois tipos de recetores.

INFERENCIA DE DROGAS PSICOATIVAS COM NEUROTRANSMISSORES

Drogas psicoativas: drogas que podem alterar a nossa consciência, as nossas perceções, influenciar o nosso humor,
acalmar-nos, fazer-nos sentir mais alerta, etc.

Classificamos as drogas psicoativas com base nas ações e feitos que exercem sobre o nosso corpo:

1. Depressoras:
a. Diminuem a ação do SNC
b. Diminuem o nível de excitação ou estimulação em certas áreas do cérebro
c. Diminuem a frequência cardíaca, a pressão sanguínea, a respiração e podem causar tonturas e falta
de coordenação
d. Reduzem a velocidade de processamento, ou seja, podem afetar a forma como interpretamos e
reagimos às coisas que estão a acontecer à nossa volta
e. Pensamos e agimos mais devagar
2. Estimuladoras:
a. Estimulam o SNC e aumentam a frequência cardíaca, pressão sanguínea e o estado de alerta
b. Geram nervosismo e agitação (um estimulante muito conhecido é a cafeina)
c. Embora as drogas depressoras e estimuladoras sejam funcionalmente opostas, não funcionam
necessariamente nas mesmas bases químicas, pelo que não dá para combater os efeitos de uma,
tomando outra.
3. Alucinogénios (psicadélicos) (lsd)
a. Experimentação de perceções distorcidas como alucinações
b. Não são estimulantes nem depressoras, embora possam das muta energia ou acalmar bastante
c. São caracterizadas pelas mudanças repentinas que provocam
4. Opiáceos: (morfina, heroína)
a. Parecidos aos depressores pois podem deprimir as funções do SNC, diminuir os batimentos cardíacos,
a pressão sanguínea, o relaxamento e indução ao sono
b. Mas atuam em mecanismos neuroquimicos muito diferentes das drogas depressoras

Nota: nem todas as drogas se encaixam perfeitamente numa destas categorias

Sistema de recompensa do cérebro:


A característica comum de todas as substâncias que causam dependência é que ativam o sistema de recompensa do
cérebro. A principal função deste sistema é incentivar-nos a satisfazer as necessidades que são importantes para a
nossa sobrevivência. Embora o sistema em si seja complexo, ele opera segundo um princípio simples: se ao fazermos
alguma coisa nos sentirmos bem, é mais provável que o façamos mais vezes.
Quando as nossas necessidades são satisfeitas, uma região no mesencéfalo chamada área tegmental ventral (ATV)
liberta um neurotransmissor (dopamina) que nos dá a sensação de prazer e satisfação. O ATV envia dopamina para
várias áreas do cérebro responsáveis pela memoria, emoções, etc. Estas regiões do cérebro respondem com o
aumento de dopamina de forma a orientar a nossa memoria, atenção e comportamento a repetir o que provocou a
libertação química prazerosa.

O sistema de recompensa não responde apenas às nossas necessidades básicas, sendo que à medida que crescemos,
começa a responder à satisfação das necessidades que são importantes para objetivos mais abstratos. Qualquer
substância que aumente a libertação de dopamina tem o potencial de se apropriar do nosso sistema de recompensa,
fazendo com que fiquemos muito motivados a usar a substância novamente. Regra geral, a dependência relativa a
uma substância é medida pela intensidade do efeito que ela tem na libertação da dopamina.

Processo normal de comunicação neuronal:


1. A dopamina é libertada por um neurónio pré-sináptico para a fenda sináptica
2. A dopamina liga-se aos recetores de dopamina do neurónio pós-sináptico
3. A dopamina é removida da fenda sináptica através de proteínas especializadas – transportadoras de dopamina
– presentes no neurónio pré-sináptico
a. A este processo chamamos recaptação (re-uptake)
4. A dopamina é reciclada

Processo de comunicação neuronal na presença de cocaína: estimulante


1. A cocaína liga-se à proteína transportadora de dopamina e bloqueia o processo normal da recaptação e
reciclagem, o que resulta na acumulação de dopamina na fenda sináptica
2. O aumento de dopamina na fenda sináptica resulta numa ligação continua de dopamina aos recetores
presentes no neurónio pós-sináptico, contribuindo para a continua transmissão de impulsos eletroquímicos
que potenciam os efeitos agradáveis da cocaína
A cocaína também se liga às células de glia, que desencadeiam uma resposta inflamatória no cérebro, estimulando
a libertação de glutamato (neurotransmissor excitatório). A libertação de glutamato potencia a atividade neuronal
e, consequentemente, a libertação de dopamina, serotonina e norepinefrina.

Processo de comunicação neuronal na presença de heroína: estimulante


1. Quando uma pessoa injeta heroína, a droga viaja rapidamente para o cérebro através da corrente sanguínea
2. Uma vez no cérebro, a heroína é convertida em morfina por enzimas
3. A morfina liga-se a recetores opióides em certas áreas do cérebro, sendo que se liga aos recetores de opioides
de um neurónio inibitório GABAérgico (produtor de GABA)
4. A ligação da morfina leva a uma diminuição da entrada de cálcio no terminal axónico do neurónio GABAérgico
e, consequentemente, a uma diminuição da libertação do neurotransmissor GABA na fenda sináptica
(+morfina = -GABA)
5. O GABA controla negativamente a libertação de dopamina, logo, se por ação da morfina existe menos GABA
na fenda sináptica, vai haver mais dopamina a ser libertada
6. Havendo mais dopamina a ser libertada, há mais dopamina a ligar-se a recetores do terminal pós-sináptico. A
ligação da morfina a áreas da via da dor leva à analgesia, enquanto a ligação à via cerebral leva a sensações
de prazer e potenciação energética
Nota: o GABA é o principal inibidor do SNC

Tolerância: ocorre quando a pessoa deixa de responder à substância da forma como respondia inicialmente
• Diminuição da expressão dos recetores (down regulation)
• Redução da funcionalidade dos recetores

Dependência: ocorre quando os neurónios se adaptam à exposição repetida da substância e funcionam apenas
normalmente se na presença da droga

Síndrome de abstinência: conjunto de sinais e sintomas biológicos que resultam da interrupção do consumo de uma
droga, como resposta a mecanismos adaptativos do organismo à exposição da droga

Exemplo dos alucinogénios (canábis): o nosso organismo produz canabinóides que, ao contrário dos
neurotransmissores, não estão encapsulados em vesículas, mas são produzidos “on demand” pela membrana
fosfolipídica e desempenham funções na regulação do prazer, memória e perceção. O principal produto químico ativo
da canábis é o THC, que aumenta a parte alucinogénia. Porém, a canábis reduz a inibição, relaxa o SNC e prejudica a
coordenação motora e habilidades percetivas, sendo que também pode interromper a formação da memória e
interferir na memoria a longo prazo. O THC é capaz de mimetizar a sua ação ligando-se aos seus recetores, sendo que
atua como agonista, podendo contribuir para a inibição da libertação de GABA que, por sua vez, resulta num aumento
da dopamina, sendo que pode atuar também diretamente sobre neurónios excitatórios, inibido a libertação de
glutamato.

RESUMINDO:

1. Algumas drogas imitam neurotransmissores. A heroína e os opiáceos prescritos assemelham-se quimicamente


aos opiáceos naturais do cérebro (endorfina), o suficiente para se ligarem e estimularem os recetores
especializados. Como a heroína estimula muito mais recetores do que os opiáceos naturais, o resultado é uma
amplificação maciça da atividade dos recetores opióides. O mesmo mecanismo acontece com a nicotina ou
canábis.
2. Outros fármacos interagem com componentes moleculares do processo sináptico que não sejam os recetores.
Como a cocaína, que se liga ao transportador de dopamina, o canal molecular que extrai a dopamina de
flutuação livre da sinapse e volta ao neurónio transmissor. Enquanto a cocaína ocupa o transportador, a
dopamina não pode voltar a entrar no neurónio e acumula-se na sinapse estimulando os recetores pós-
sinápticos
3. Existem substâncias que estabelecem ligações e funcionam como agonistas ou antagonistas de
neurotransmissores específicos, como o álcool que potencia a ação do GABA (inibidor de ação) e reduz o
glutamato (potenciador de ação).

O que causa os transtornos por uso e abuso de substâncias?

Não há uma causa única para s transtornos por uso de substâncias, sendo que muita parte se deve ao fator genético,
mas também se deve a fatores epigenéticos e alterações no código genético devido a mutações, que podem levar a
uma maior vulnerabilidade.
DNA, RNA E SÍNTESE PROTEÍCA

HISTÓRIA – quem descobriu os genes nos cromossomas?


Walter Sutton e Theodor Boveri geralmente ganham créditos por isso, sendo que Sutton estudou os cromossomas e
a meiose em gafanhotos e Boveri estudou as mesmas coisas em ouriços do mar. nesta altura as técnicas de microscopia
já tinham evoluído, permitindo corar e observar estruturas subcelulares durante os processos de divisão celular.
Thomas Morgan e os seus estudantes, estudaram a genética das moscas de fruta – geralmente não levantam questões
éticas e morais profundas, são baratas e fáceis de manter.
Os cientistas inicialmente pensaram que as proteínas que são encontradas em cromossomas ao longo do DNA, seriam
as componentes do tão procurado material genético – as proteínas eram conhecidas pela sua diversidade e pensava-
se que o DNA era um polímero entediante e repetitivo sem grande significado.
O trabalho de Hershey e Chase, com base nas experiências de radioatividade, providenciaram evidencias fortes de que
o DNA era o material genético. N entanto, ainda não era claro como uma molécula supostamente simples poderia
codificar a informação genética necessária para a construção de um organismo complexo. As investigações
complementares de muitos cientistas levaram à descoberta da estrutura do DNA, sendo que no início dos anos 50,
James Watson e Francis Crick elaboraram o seu famoso modelo da dupla hélice de DNA.

ÁCIDOS NUCLEICOS: responsáveis pelas informações hereditárias e controle das atividades celulares; existem em
todas as células

Os ácidos nucleicos, e o DNA em particular, são macromoléculas essenciais para a continuidade da vida, sendo que o
DNA contém as informações hereditárias que são transmitidas dos pais para os filhos, fornecendo instruções sobre
como e quando produzir as proteínas necessárias para construir e manter células, tecidos e organismos funcionais,
o mecanismo através do qual o DNA carrega essas informações e como são colocadas em ação por células e organismos
é complexo.

DNA: composto químico que contem as instruções necessárias para desenvolver e direcionar as atividades de quase
todos os organismos vivos, desde bactérias até mamíferos.

Nota: alguns vírus usam RNA (e não DNA) como material genético, mas tecnicamente não são considerados vivos (uma
vez que não se reproduzem sem a ajuda de um hospedeiro)

As moléculas de DNA compostas por 2 cadeias emparelhadas e torcidas são designadas como dupla hélice.

Cada cadeia de DNA é composta por quatro unidades químicas, chamadas bases nucleotídicas que integram o alfabeto
genético:
• Adenina (A)
• Guanina (G)
• Citosina (C)
• Timina (T)
Bases com fios oposto emparelham-se especificamente:
• A emparelha sempre com T
• C emparelha sempre com G
A ordem das letras determina o significado da informação codificada nessa parte da molécula de DNA.

RNA: o ácido ribonucleico está envolvido no processo de síntese proteica, sendo que também é formado por
nucleótidos compostos por um fosfato, uma ribose e uma base nitrogenada. Bases de RNA:
• Adenina (A)
• Uracilo (U)
• Guanina (G)
• Citosina (C)
Ao contrário do DNA, o RNA é composto por uma única cadeia de bases nucleotídicas.
Três tipos principais de RNA:
1. RNA mensageiro (mRNA)
2. RNA transportador (tRNA) Moléculas necessárias para a síntese proteica
3. RNA ribossómico (rRNA)

O DNA e o RNA são compostos de vários blocos de construção química a que chamamos nucleótidos:
• Cada nucleótido é composto por três partes:
o Uma estrutura de anel contendo nitrogénio (base nitrogenada)
o Um açúcar com cinco carbonos
o Um grupo fosfato
Nota: a molécula de açúcar tem uma posição central no nucleótido, com a base ligada a um dos carbonos e o
grupo fosfato ligado a outro.

BASES NITROGENADAS:
• No DNA, cada nucleótido contém uma das quatro bases nitrogenadas possíveis: adenina, guanina, citosina e
timina. Adenina e guanina são purinas, o que significa que as suas estruturas contêm dois anéis carbono-
nitrogénio fundidos. A citosina e a timina são pirimidinas e possuem um único anel carbono-nitrogénio.
• No RNA, as bases são as mesmas exceto a timina que, em vez disso, é substituída por outra base de pirimidina
chamada uracilo (U).
• As bases nitrogenadas são frequentemente mencionadas pelos símbolos de uma letra (A, T, G, C e U), sendo
que o DNA contém A, T, G e C, enquanto que o RNA contém A, U, G e C (ou, seja, U é trocado por T).

Nota:
Além de ter conjuntos de bases ligeiramente diferentes, os nucleótidos de DNA e RNA também possuem açúcares
ligeiramente diferentes:
• sendo que o açúcar de cinco carbonos no DNA é chamado desoxirribose
• enquanto o RNA é ribose
Têm uma estrutura muito semelhante, com apenas uma diferença:
• o segundo carbono da ribose possui um grupo hidroxilo,
• enquanto o carbono equivalente da desoxirribose possui um hidrogénio.

Tanto o DNA como o RNA possuem apenas um grupo fosfato.


Cadeias polinucleotídicas: quando temos um conjunto de vários nucleótidos

• Uma consequência da estrutura dos nucleótidos é que uma cadeia polinucleotídica possui direccionalidade,
ou seja, possui duas extremidades diferentes uma da outra
o a extremidade 5’ determina o início da cadeia
o a extremidade 3’ determina o final
• As sequências de DNA são geralmente escritas na direção 5’ a 3’, significando que o nucleótido na extremidade
5’ vem em primeiro lugar e o nucleótido na extremidade 3’ vem em último.
• À medida que novos nucleótidos são adicionados a uma cadeia de DNA ou RNA, a cadeia cresce na
extremidade 3’.

DAS CADEIAS AOS GENES E CROMOSSOMAS

• A ordem, ou sequência, dessas bases determina as instruções biológicas contidas em cadeia de DNA, sendo
que sequências diferentes dão instruções diferentes
• O livro completo de instruções de DNA (genoma), para um ser humano, contém cerca de 3 mil milhões de
bases organizadas de 20 a 25 mil genes, distribuídos por 23 pares de cromossomas (46 cromossomas)
• O tamanho de um gene pode variar bastante, sendo que representam apenas 1% da sequência de DNA
• As sequências de DNA fora de 1%, estão envolvidas na regulação de quando, como e quanto de uma proteína
é produzida
• Se todo o DNA de uma célula humana fosse completamente esticado, teria o aspeto de um fio fino. No
entanto, todo o genoma humano está contido dentro do núcleo das células, logo este tem de ser enrolado

Onde se encontra o DNA:


Em eucariotas, o DNA encontra-se protegido no núcleo (envolto pela membrana celular) – DNA nuclear
Além do DNA nuclear, os seres humanos e outros organismos complexos também possuem uma pequena quantidade
de DNA noutros organelos, como nas mitocôndrias (DNA mitocondrial) e cloroplastos.
Na reprodução sexual, os organismos herdam metade do seu DNA nuclear do pai e metade da mãe, no entanto, os
organismos herdam todo o seu DNA mitocondrial do progenitor feminino. Isto acontece porque apenas os óvulos, e
não os espermatozoides, mantêm as suas mitocôndrias durante o processo de fertilização.
Em procariotas, o DNA não é envolvido por nenhuma membrana nuclear, embora esteja localizado numa região
chamada nucleoide.
Nos eucariotas, o DNA é tipicamente dividido em várias partes lineares muito longas chamadas cromossomas.
Nos procariotas, os cromossomas são muito menores e geralmente circulares (em forma de anel).

Um cromossoma pode conter milhares de genes, cada um fornecendo instruções sobre como produzir um produto
específico necessário à célula.

DNA: DUPLA HÉLICE


As cadeias de DNA são, tipicamente, encontradas
em dupla hélice, numa estrutura que se parece
com uma escada torcida.
Cada “degrau” da escada é composto por duas
bases de nitrogénio, emparelhadas por ligações
de hidrogénio, sendo que, devido à natureza
altamente especifica desse tipo de
emparelhamento, a base A emparelha-se sempre
com a base T e a C com a G.
Portanto, se conhecermos a sequência das bases
de uma das cadeias, é fácil descobrir a da outra.
As duais cadeias da hélice correm em direções
opostas, o que significa que a extremidade 5’ de
uma cadeia está emparelhada com a extremidade
3’ da sua cadeia correspondente - orientação
antiparalela (importante para a cópia do DNA)

Exemplo: se soubermos que a sequência de uma cadeia é 5’ – AATTGGCC – 3’, a cadeia complementar deve ter a
sequência 3’ – TTAACCGG – 5’.
Nota: quando duas sequências de DNA se combinam desta forma, dizemos que temos 2 cadeias complementares.

DNA: REPLICAÇÃO

• A estrutura de dupla hélice do DNA permite que a molécula origine duas cópias exatamente iguais
• Processo de duplicação de uma molécula de DNA = replicação
• A molécula de DNA abre-se ao meio, fornecendo duas cadeias simples, que funcionam como modelo de
construção
Por que motivo esta estrutura de dupla cadeia torna o DNA tão adequado para funcionar como uma base molecular
da hereditariedade?
A estrutura única de dupla hélice do DNA permite que a
molécula se copie durante a divisão celular, sendo que
quando uma célula se prepara para se dividir (e criar 2 células
filhas exatamente com a mesma informação genética), a
hélice do DNA abre-se ao meio e torna-se em duas cadeias
únicas.
Essas cadeias simples servem como modelo para a
construção de duas novas moléculas de DNA de cadeia
dupla, cada uma réplica da molécula de DNA original.
Neste processo, uma base A é adicionada sem que houver
um T, e a base C onde houver um G, e assim por diante até
que todas as bases tenham parceiros novamente
(replicação).

Os mecanismos básicos de replicação de DNA são semelhantes entre os organismos.

A replicação do DNA é semiconservativa, o que significa que cada cadeia na dupla hélice do DNA atua como molde
para a síntese de uma nova cadeia complementar. Esse processo origina duas moléculas “filhas” a partir de uma única
molécula “mãe”, com cada hélice dupla recém-formada contendo uma cadeia nova e uma antiga.

As células têm de copiar o seu DNA muito rapidamente e com muitos poucos erros, sendo que, para fazer isso, usam
uma variedade de enzimas e proteínas, que trabalham juntas para garantir que a replicação do DNA seja realizada de
forma muito precisa.

Uma das principais moléculas envolvidas na replicação do DNA é a enzima DNA polimerase: as polimerases de DNA
são responsáveis pela síntese do DNA pois adicionam nucleótidos um a um à cadeia crescente de DNA, incorporando
apenas aqueles que são complementares ao modelo.

As polimerases precisam sempre de um modelo e só podem adicionar nucleótidos na extremidade 3’ de uma cadeia
de DNA, sendo que não podem começar a criar uma cadeia de DNA a partir do zero, por isso exigem uma cadeia
preexistente ou um pequeno excerto de nucleótidos a que chamamos primer.

Além da DNA polimerase, intervêm no processo de replicação várias enzimas como:


• DNA primase
• DNA helicase
• DNA ligase
• Topoisomerase

Assim, há cinco DNA polimerases humanas com funções importantes na replicação.

Na célula, a replicação do DNA tem início em locais específicos do genoma denominadas origens de replicação
(sequências ricas em A e T, porque estas ligações são mais fracas do que C e G).

A adição de nucleótidos requer energia, sendo que essa energia vem dos próprios nucleótidos, que têm grupos
fosfatos ligados a eles (bem como a molécula transportadora de energia ATP). Quando a ligação entre os fosfatos é
quebrada, a energia libertada é usada para formar uma ligação entre o nucleótido recebido e a cadeia crescente.
Durante a replicação, uma das cadeias é produzida de forma continua (cadeia contínua):
1. Depois de criada a forquilha de replicação, a primase adiciona um primer à região 3’ da cadeia mãe para formar
a extremidade 5’ da nova cadeia
2. A DNA polimerase adiciona nucleótidos de forma contínua a partir da região 3’ do primer que lhe serve de
ancoragem
3. Este processo permite a replicação total da cadeia, sem mais interrupções

A outra cadeia é produzida de forma segmentada (cadeia descontínua):


1. Depois de criada a forquilha de replicação, a primase adiciona um primer à região 3’ da cadeia mãe para formar
a extremidade 5’ da nova cadeia
2. A DNA polimerase também adiciona nucleótidos a partir da região 3’ do primer que lhe serve de ancoragem,
mas chega rapidamente ao final da cadeia, e quando a forquilha de replicação continua a abrir no sentido
oposto, há necessidade de adição de novo primer
3. A cadeia vai, por isso, sendo criada de forma segmentada, em pequenas partes, a partir da adição de vários
primers
4. Quando os primers centrais são removidos, a DNA polimerase volta a construir os espaços intermédios, e a
DNA ligase apoia a ligação da cadeia

Nos dois casos, o primer da extremidade não pode ser substituído por DNA como os outros primers são. Basicamente
porque a DNA polimerase depende de um ponto de ancoragem inicial – não pode iniciar uma nova cadeia de DNA do
zero, mesmo se houver uma cadeia modelo para ela (isso ocorre porque a reação de polimerização envolve ligar o
grupo fosfato de um nucleótido ao grupo hidroxilo de outro nucleótido existente). Como consequência, há partes da
sequência do DNA que se vão perdendo, ou seja, ao longo de vários ciclos de divisão celular, o cromossoma vai-se
tornando cada vez mais curto.

TELÓMEROS:

Em células humanas, o último RNA primer da cadeia descontínua pode estar posicionado de 70 a 100 nucleótidos de
distância da extremidade do cromossoma, o que quer dizer que o cromossoma encurta significativamente a cada ciclo
de divisão celular.

Para evitar a perda de genes com informação importante, as extremidades dos cromossomas eucariotas têm uma
espécie de capa de proteção designada telómero. Este consiste em centenas ou milhares da mesma sequencia curta
de DNA

Nota: em humanos é 5’ – TTAGGG – 3’


As repetições que formam os telómeros são consumidas lentamente ao longo de vários ciclos de divisão,
estabelecendo uma barreira que protege as regiões internas dos cromossomas, que contêm os genes. O encurtamento
de telómeros foi relacionado com o envelhecimento de células e a perda progressiva dos telómeros pode explicar a
razão pela qual as células só se conseguem dividir um determinado número de vezes.

Ainda assim, algumas células têm a capacidade de reverter o encurtamento dos telómeros através da expressão da
telomerase, uma enzima que estende os telómeros dos cromossomas. A telomerase é uma DNA polimerase-RNA
dependente, ou seja, uma enzima que pode produzir DNA usando O RNA como molde.

A telomerase geralmente não é expressa na maioria das células somáticas (células do corpo), mas é expressa nas
células germinativas (as células que constituem o esperma e o óvulo) e em algumas células estaminais.

NOTA: a telomerase é expressa em muitas células cancerígenas, sendo que se pudéssemos inibir a telomerase como
parte da terapêutica, poderíamos controlar a divisão celular excessiva e, portanto, o crescimento tumoral.

DNA: MECANISMOS DE VERIFICAÇÃO

O processo de replicação é importantíssimo e tem de ser muito preciso para garantir que não ocorrem problemas
relacionados com mutações (a acumulação de algumas mutações pode levar ao aparecimento de doenças como
cancro ou até mesmo ser letal).

Assim, as células têm uma variedade de mecanismos para prevenir mutações ou mudanças permanentes na
sequência de DNA.

Durante a síntese de DNA, a maioria das polimerases “verificam o seu trabalho” reparando a maioria dos erros que
geralmente ocorrem por engano de bases.

Se a polimerase detetar um nucleótido errado (incorretamente emparelhado), vai removê-lo e substituí-lo


imediatamente, antes de continuar com a síntese de DNA.

Se algum erro de mau emparelhamento escapar, ainda é possível fazer a correção logo depois da síntese da nova
molécula de DNA.

Por vezes são detetados erros que decorrem, não necessariamente de mau emparelhamento, mas de pequenas
inserções e deleções que ocorrem quando as polimerases “deslizam”.
DE DNA PARA RNA PARA AS PROTEÍNAS

Já conhecemos então o processo através do qual o DNA é capaz de se replicar e contribuir para a criação de células
exatamente iguais, mas isso é inútil se essa informação não puder ser utilizada para definir o organismo de alguma
forma, ou seja, para expressar o que realmente é.

Então como é que os genes são realmente expressos? Através de proteínas, ou seja, na verdade, um gene codifica
um determinado tipo de proteína ou proteínas. E para haver proteínas, é necessária uma molécula mensageira
intermédia, o RNA. Para que as proteínas possam ser sintetizadas, a dupla hélice desenrola-se para permitir que uma
única cadeia de DNA sirva como modelo, sendo que essa cadeia modelo é então transcrita no mRNA, que mais tarde
dará origem à tradução proteica.

DOGMA CENTRAL DA BIOLOGIA MOLECULAR (progressão do DNA para o RNA e depois para a proteína)

Muitos genes codificam produtos proteicos, o que significa que especificam a sequência de aminoácidos usados para
construir uma proteína especifica.

No entanto, antes dessa informação ser usada para a síntese de proteínas, é necessário produzir uma cópia do gene
através da produção de um RNA mensageiro (mRNA) – TRANSCRIÇÃO (1º passo)

O mRNA serve, depois, como mensageiro entre o DNA e os ribossomas – máquinas moleculares que leem sequências
de mRNA e as traduzem para “linguagem” dos aminoácidos, que são blocos de construção de proteínas – TRADUÇÃO
(2º passo)

O mRNA informa ao ribossoma a ordem precisa dos aminoácidos para produzir uma determinada proteína, sendo que
esta tarefa é muito importante porque existem 20 tipos de aminoácidos, que podem ser colocados em várias ordens
diferentes para formar uma ampla variedade de proteínas – cada proteína corresponde a uma sequência específica
de aminoácidos.

NOTA: Nem todos os genes codificam produtos proteicos.


Por exemplo alguns genes especificam moléculas especificas de RNA:

• RNA ribossómico (rRNA): serve como componente estrutural dos ribossomas


• RNA transportador (tRNA): molécula de RNA em forma de trevo que transporta aminoácidos para o ribossoma
promover a síntese proteica
• Outras moléculas de RNA, como o microRNA e small interfering RNA, que atuam como reguladores de outros
genes, e novos tipos de RNA que não codificam proteínas, mas que vão sendo descobertas.
TRANSCRIÇÃO: primeiro passo na expressão genética; evolve copiar a sequência de DNA de um gene para formar uma
molécula de mRNA

O processo é relativamente semelhante à replicação, mas, neste caso, só uma das cadeias da molécula de DNA mãe é
copiada para uma molécula RNA filha. O processo é assegurado por enzimas RNA polimerases, que ligam os
nucleótidos para formar o mRNA.

A transcrição é controlada separadamente para cada gene do nosso genoma.

À semelhança do que acontecia com a DNA polimerase no processo de replicação, a RNA polimerase também constrói
a cadeia de mRNA na direção 5’ – 3’, adicionando cada novo nucleótido à extremidade 3’ da cadeia.

1. Iniciação: a RNA polimerase liga-se a uma sequência de DNA chamado promotor (geralmente ricas em A e T)
encontrada próximo ao início de um gene (cada gene tem o seu próprio promotor). Uma vez ligada, a RNA
polimerase separa as cadeias de DNA, provendo o molde de cadeia simples, de um só filamento, necessária à
transcrição
2. Uma das cadeias de DNA funciona como molde para a RNA polimerase: conforme a RNA polimerase lê o
molde, base a base, vai construindo a molécula de mRNA, feita de nucleótidos complementares, formando
uma cadeia que cresce de 5’ para 3’. O transcrito de RNA carrega a mesma informação que o filamento não-
molde (codificador) de DNA, mas carrega a base uracilo (U) em vez de timina (T).
3. Término: sequências chamadas finalizadoras (ricas em C e G) sinalizam que o transcrito de RNA está completo,
sendo que, uma vez transcritos os finalizadores, o transcrito liberta-se da RNA polimerase.
Nas bactérias, os transcritos de RNA podem atuar imediatamente como mRNA.
Nos eucariontes, o transcrito de um gene codificador de proteínas é chamado pré-mRNA e deve passar por um
processamento extra antes de poder direcionar a tradução (geralmente ocorrem modificações nas extremidades das
moléculas) = RNA splicing (dependente de exões e intrões).

TRADUÇÃO:

Envolve “decodificar” um RNA mensageiro e usar a sua informação para produzir um polipeptídeo ou cadeia de
aminoácidos.

No geral, um polipeptídeo é basicamente uma proteína (com a diferença técnica que algumas proteínas grandes são
formadas por muitas cadeias de polipeptídeos).

Num mRNA, as instruções para a produção de um polipeptídeo são lidas em grupos de três nucleótidos, a que
chamamos codões, sendo que existem codões que determinam o início da tradução (UAG = metionina) e codões que
marcam o fim da tradução (UAA, UGA).

NOTA: os aminoácidos não são formados nesta fase pois já existem dentro da célula. Durante a tradução, os
aminoácidos são recrutados pelo tRNA, sendo que dos 20 aminoácidos, 9 são designados por aminoácidos essenciais
e não são formados pelo corpo humano, implicando a sua ingestão. Os restantes podem ser produzidos em mamíferos
através de derivados de outros produtos, como a glicose.

Na tradução, que ocorre nos ribossomas, os codões de mRNA são lidos por ordem (de 5’ para 3’) por moléculas
chamadas de RNA de transferência (tRNA). Cada tRNA possui um anti-codão, um conjunto de três nucleótidos que se
liga ao codão correspondente de mRNA, através do emparelhamento de bases. A outra extremidade do tRNA traz o
aminoácido especificado pelo codão.

À medida que os tRNA se ligam aos codões, os seus aminoácidos são adicionados à cadeia crescente de polipeptídeos
através de uma reação química.

O produto final é um polipeptídeo cuja sequência de aminoácidos reflete a sequência de codões do mRNA.

MUTAÇÕES: impacto na produção de proteínas

Por vezes, as células enganam-se no processo de replicação ou tradução, causando mutações, que podem ser
irrelevantes ou afetar a forma como as proteínas são formadas ou os genes são expressos.
As mutações podem ocorrer por:

1. Substituição: uma base nitrogenada é substituída por outra, podendo acontecer várias coisas:
a. Mutação silenciosa, em que a sequência de aminoácidos não é alterada durante a tradução
b. Mutação nonsense, em que a mutação resulta na adição antecipada de um codão stop, causando uma
cessação prematura da tradução
c. Mutação misssense, em que ocorre uma alteração no aminoácido inicialmente previsto

2. Inserção ou deleção: é adicionada ou removida uma base nitrogenada


a. São, geralmente, mais graves
b. Frameshift mutation: como a tradução resulta da leitura de uma sequência de três nucleótidos
(codão), adicionar ou subtrair uma base, resulta a alteração de toda a frame

Ainda assim, nem todas as mutações são drásticas ou representam necessariamente coisas negativas. As mutações
são a principal fonte de variabilidade genética, por isso, embora algumas representem consequências negativas, a
maior parte passam despercebidas.

REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GENÉTICA:

A regulação genética controla a expressão dos genes presentes no DNA – usados para produzir um produto funcional
como uma proteína. Diferentes células num organismo multicelular podem expressar conjuntos de genes muito
diferentes, apesar de possuírem o mesmo DNA.

Em eucariontes, a expressão genética envolve várias etapas e a regulação dos genes pode acontecer em qualquer uma
delas. Contudo, muitos genes são regulados primariamente no momento da transcrição.

Exemplos de informações externas: sinais químicos de outras células, sinais mecânicos da matriz celular e outros níveis
de nutrientes.

1. A célula deteta o fator de crescimento por meio de uma ligação física entre o fator de crescimento e o recetor
proteico na superfície da célula
2. A ligação do fator de crescimento faz com que o recetor mude de forma, desencadeando uma série de eventos
químicos na célula que ativam proteínas denominadas fatores de transcrição
3. Os fatores de transcrição ligam-se em certas sequências do DNA no núcleo e provocam a transcrição de genes
relacionados com a divisão celular
4. Os produtos desses genes são vários tipos de proteínas que fazem a célula entrar em divisão (conduzir o
crescimento celular 2/ou mover a célula adiante no ciclo celular)

A expressão genética eucariótica pode ser regulada em vários estadíos:

A expressão genética eucariótica envolve muitas etapas e quase todas elas podem ser reguladas. Diferentes genes são
regulados em diferentes pontos e não é incomum que um gene (particularmente se for um gene importante ou
poderoso) seja regulado em várias etapas. COMO?

1. Acessibilidade da cromatina: a estrutura da cromatina (DNA e as suas proteínas organizadoras) pode ser
regulada, sendo que uma cromatina mais aberta faz com que o gene esteja mais disponível para a transcrição
2. Transcrição: é o ponto chave de regulação de muitos genes, sendo que conjuntos de proteínas atuam como
fator de transcrição, ligando-se a sequências de DNA especificas, dentro ou perto de um gene, promovendo
ou reprimindo a sua transcrição para um RNA
3. Processamento de RNA: splicing, capping e adição de uma causa a uma molécula de RNA podem ser regulados,
de modo a que possam sair do núcleo diferentes mRNA maturos feitos a partir do mesmo pré-mRNA
4. Estabilidade de RNA: o tempo de vida de uma molécula de mRNA afeta a quantidade de proteínas que podem
ser feitas a partir dele, sendo que pequenos RNA reguladores (misRNA) podem ligar-se aos mRNA-alvos e gerar
a quebra dos mesmos.
5. Tradução: a tradução de um mRNA pode ser aumentada ou inibida por reguladores
6. Atividade proteica: proteínas podem sofrer uma variedade de modificações como serem quebradas ou
marcadas com grupos químicos. Essas modificações podem ser reguladas e podem afetar a atividade ou o
comportamento da proteína. Embora todos os estádios da expressão genética possam ser regulados, o
principal ponto de controle para muitos genes é a transcrição. Estágios posteriores de regulação comumente
refinam os padrões de expressão genética rascunhados durante a transcrição.

CICLO CELULAR E MITOSE

Crescimento e renovação celular

Mitose é um tipo de divisão celular em que uma célula (célula mãe) se divide para produzir duas novas células (células
filhas) que são geneticamente idênticas à primeira.

No contexto do ciclo celular, a mitose é a parte do processo de divisão em que o DNA do núcleo das células é dividido
em dois conjuntos iguais de cromossomas.

A grande maioria das divisões celulares que ocorrem no nosso corpo envolvem a mitose, sendo que durante o
desenvolvimento e o crescimento, a mitose preenche o corpo do organismo com células e, ao longo da vida de um
organismo, substitui células velhas e desgastadas por novas.

Para eucariontes unicelulares como a levadura, as divisões mitóticas são, na verdade, a sua forma de reprodução,
adicionando novos indivíduos à população.

Níveis de condensação do DNA:

Nos seres eucariontes, a informação genética encontra-se distribuída por várias moléculas de DNA organizadas em
dupla hélice, as quais estão associadas a proteínas – as histonas, que conferem estabilidade ao DNA e são
responsáveis pelo processo de condensação.

Nucleossoma: nome que se dá aos complexos formados por um conjunto de 8 histonas à volta das quais o DNA se
enrola. Os nucleossomas empacotados definem os filamentos de cromatina.

Na maior parte do tempo, os filamentos de cromatina encontram-se dispersos no núcleo da célula, sendo que,
quando a célula está em divisão, estes filamentos sofrem um processo progressivo de condensação, originando
filamentos curtos e espessos designados cromossomas.

Na fase de condensação, cada cromossoma é constituído por 2 cromatídeos que resultaram de uma duplicação do
filamento inicial de cromatina. Cada cromatídeo é formado por uma molécula de DNA e por histonas que lhe estão
associadas. O centrómero une os 2 cromatídeos.
Cromossomas em humanos:

Cromossomas em humanos após replicação:


Cromossomas em humanos – RESUMO

Cromossomas humanos – CARIÓTIPO

Só são possíveis de caracterizar e contar quando a célula se encontra em divisão.

Os cromossomas homólogos são semelhantes na forma e tamanho (exceto para os cromossomas sexuais).
CICLO CELULAR

• É um processo dinâmico e contínuo, que ocorre desde a formação de uma célula até que ela própria, por
divisão, origina duas células filhas
• Para isso, é necessário duplicar o seu material genético – replicação do DNA
• Antes de se dividir, há que assegurar que cada célula recebe uma cópia exata do material genético (DNA)

Este inclui 2 fases:

1. Interfase: ocorre duplicação do material genético e dos restantes constituintes celulares


2. Fase mitótica:
a. Mitose: divisão do núcleo
b. Citocinese: divisão do citoplasma

INTERFASE

• Fase mais longa da vida da célula


• Período que decorre entre o fim de uma divisão e o início da seguinte
• Ocorre síntese de diversos constituintes (crescimento e maturação)
• A interfase divide-se em 3 períodos:
1. G1 (crescimento celular)
a. Formação de organitos
b. Síntese de RNA, proteínas, lípidos e glícidos
c. Crescimento celular
2. S (síntese)
a. Replicação de DNA
b. Síntese de histonas
3. G2 (pré-mitose)
a. Síntese de RNA e proteínas
b. Síntese de estruturas membranares a partir de moléculas sintetizadas em G1
c. Crescimento celular
FASE MITÓTICA (MITOSE)

• Consiste na divisão do núcleo das células eucariotas


• Formam-se 2 núcleos com o mesmo número de cromossomas
(46)
• É um processo contínuo, mas distinguem-se convencionalmente
quatro fases:
o Prófase (P)
o Metáfase (M)
o Anáfase (A)
o Telófase (T)

O objetivo da mitose é assegurar que cada célula filha recebe um conjunto inteiro e perfeito de cromossomas, pois
células com quantidade excessiva ou insuficiente de cromossomas não funcionam corretamente e podem, inclusive,
não sobreviver ou causar cancro.

Então, quando as células sofrem mitose, elas não dividem o seu DNA aleatoriamente e, em vez disso, separam os seus
cromossomas duplicados numa série de etapas cuidadosamente organizadas.

Estas fases ocorrem por uma ordem estritamente sequencial, sendo que a citocinese (processo de divisão dos
conteúdos das células para formar duas novas células) começa na anáfase ou na telófase (fases finais).
Nota:

Os centríolos são organelos não envolvidos por membrana e que participam no processo de divisão celular. Estão
presentes na maioria das células animais, algas e vegetais inferiores.

Na divisão celular, são responsáveis pela formação do fuso acromático, que corresponde a um conjunto de
microtúbulos dispostos nos polos das células que conduzem a separação dos cromossomas.

Os centríolos também atuam na formação de cílios e flagelos, estruturas envolvidas na locomoção e revestimento de
células especializadas.

Resumo – interfase e mitose

CITOCINESE (FASE MITÓTICA)

• Ocorre por estrangulamento do citoplasma na zona equatorial da célula animal


• Estrangulamento resulta da contração de um conjunto de filamentos proteicos que estão localizados junto da
membrana plasmática
• Estrangulamento acentua-se até que a célula mãe esteja dividida em duas células filhas
CICLO CELULAR: VARIAÇÃO DA QUANTIDADE DE DNA

EM QUE PROCESSOS INTERVÉM A MITOSE:

• Crescimento dos organismos pluricelulares


• Renovação tecidular
• Regeneração celular
• Reprodução assexuada

CICLO CELULAR: CONTROLO MOLECULAR

• O ciclo celular é regulado por um sistema de controlo


molecular = pontos de controlo
• A célula permanece nos pontos de controlo até completar
todos os processos dessa fase e receber “sinal verde” para
avançar – são processos muito complexos e dependem de
uma avaliação contínua do estado das células e da
comunicação entre células
• O ritmo da divisão celular varia com o tipo de célula

As células normais passam pelo ciclo celular de forma extremamente regulada, sendo que usam as informações sobre
o seu próprio estado interno e sinais do ambiente ao seu redor para decidir se continuam com a divisão celular. Esta
regulação garante que as células não se dividam sob condições desfavoráveis (por exemplo, quando o seu DNA está
danificado ou quando não há espaço para mais células num tecido ou órgão.

O ponto de controlo é um estágio no ciclo celular eucarionte em que a célula examina sinais internos e externos e
decide se irá continuar ou não a divisão célula.
Existem vários pontos de controlo, mas os três mais importantes são:
• O ponto de controlo G1, na transição G1 – S
• O pronto de controlo G2, na transição G2 – M
• O ponto de controlo do fuso acromático, na transição da metáfase para a anáfase

Em G2, se forem detetados erros ou danos, a célula pausa para permitir reparos. Se os mecanismos do ponto de
controlo detetarem problemas com o DNA, o ciclo celular é interrompido e a célula tenta completar a sua replicação
de DNA ou reparar o DNA danificado. Se o dano é irreparável, a célula pode sofrer apoptose (morte celular
programada). Este mecanismo de autodestruição assegura que o DNA danificado não é repassado para as células filhas
e é importante, por exemplo, para prevenir o cancro.

Nota: se no ponto de controlo G1, uma célula não obtém os sinais necessários para seguir em frente, pode sair do ciclo
celular e entrar em estado de repouso chamado fase G0. Algumas células permanecem em G0 enquanto outras voltam
à divisão se as condições melhorarem.

Que sinais são estes que permitem dar sinal verde ou vermelho para avançar ou parar nos pontos de controlo?

A resposta geral é que os sinais internos e externos acionam vias de sinalização dentro da célula que, por sua vez,
ativam ou desativam um conjunto de proteínas essenciais e responsáveis por mover o ciclo celular para a frente

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