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UNISA – Universidade Santo Amaro

Carlos Henrique da Costa de Araújo


RA: 4037561

A música no desenvolvimento infantil

Polo Largo treze

São Paulo
2020
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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso desenvolve uma reflexão sobre


musicalização na primeira infância e as abordagens pedagógicas na educação
infantil. A concepção de interação musical com movimento e expressão corporal,
desenvolvimento artístico e relações sociais. Tudo sempre mostrando como a
música pode interagir com outros campos do desenvolvimento do educando. É
valido explanar sobre os conceitos de gêneros musicais, pois este traz subsídios
ao indivíduo para desenvolver suas próprias aptidões referente ao gosto musical,
isto contribui com o desenvolvimento da personalidade do ser, pois também é
parte da função da escola e do professor. Esse aspecto da vida de cada um de
nós é relevante, pois música está diretamente ligada a felicidade e bem estar,
que estão por sua vez diretamente ligados ao conceito de qualidade de vida, traz
então, alguns conceitos de qualidade de vida e desenvolvimento do sujeito.

Palavras-chave: musicalização; educação musical; interação social;


desenvolvimento infantil

ABSTRACT

This course conclusion work develops a reflection on musicalization in


early childhood, and the pedagogical approaches in early childhood education.
Develops the concept of musical interaction with movement and body expression,
artistic development and social relationships. Everything always showing how
music can interact with other fields of the student's development. It is worth
explaining about the concepts of musical genres, giving subsidies to the individual
to develop their own aptitudes regarding musical taste, this contributes to the
development of the personality of the being, as it is part of the function of the
school and the teacher. This aspect of the life of each one of us is relevant,
because music is directly linked to happiness and well-being which are in turn
directly linked to the concept of quality of life, then brings some concepts of quality
of life and development of the subject.
Keyboards: musicalization; musical education; social interaction; child
development;
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INTRODUÇÃO

A música está presente na vida da humanidade desde a pré-história, o


homem primitivo buscava reproduzir sons da natureza vocalmente e por meio de
gestos, porém é impreciso afirmar exatamente quando a música vocal,
percussiva, ou corporal surgiram como efetivas formas de expressão cultural. É
nítido a influência da música no indivíduo e na sociedade, e evidentemente ela
tem o seu poder sobre o desenvolvimento infantil. Está presente na vida de
nossas crianças desde o nascimento. Povos mais antigos como os encontrados
no continente africano possuem uma estreita relação entre a música e as
crianças, mães cantam para seus filhos, seja uma cantiga religiosa ou uma
história cantada, muitas vezes utilizadas em celebrações. Porém a partir da
revolução industrial que a educação infantil começou a ser encarada com mais
seriedade, por causa da extrema necessidade, nesse contexto a música ainda
não entra neste ambiente com conotação técnica de desenvolvimento, sem a
sensibilidade contemporânea.
A relação entre a música e o desenvolvimento infantil no âmbito escolar
tomou força nas últimas décadas, onde de fato começou a tomar conotação
educativa. Porém qual o impacto dessa relação entre música e escola, no
desenvolvimento do gosto musical das crianças? Como o professor se prepara
para elaborar o trabalho com a musicalização? Propostas mal elaboradas
possuem algum aspecto negativo? Quando o educador deve ter a sensibilidade
de respeitar as aptidões e gostos das crianças? Estes são alguns
questionamentos que todos buscam solucionar.
Algumas abordagens adequadas podem desenvolver um projeto muito
eficiente, porém algumas abordagens erradas podem causar frustações tanto
nos educadores quanto nos educandos, portanto toda ação em educação deve
ser minuciosamente planejada, mas os professores devem estar preparados
para improvisar. Um planejamento bem feito junto com a capacidade de
improviso do professor pode transformar uma situação simples numa
experiencia marcante para todos envolvidos.
A Lei 11.769, de 2008, estabelece que a música é conteúdo curricular
obrigatório, tornando esta disciplina universal para todas as escolas, sejam elas
particulares, ou públicas. Isto leva ao convívio musical no ambiente escolar, não
como uma disciplina estagnaria, ou seja, mais uma disciplina que os alunos
devam assistir aulas. É um conceito que transborda as margens disciplinares,
portanto uma interdisciplinaridade deve ser o foco. Formando assim a música
como uma expressão natural do ser.
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Na BNCC (2014/2015), a musica entra como recurso obrigatório para o


desenvolvimento do currículo escolar da educação infantil e anos inicias do
fundamental. Na elaboração do PPP (Projeto Político Pedagógico) também deve
haver espaço para planejamento da musicalização de toda escola, com aulas de
música com professor licenciado em música, nos espaços adequados para a
musicalização acontecer, investimento em instrumentos, eventos com
apresentações, etc.

DESENVOLVIMENTO

• Aspectos históricos da educação.

A educação é um método natural dos seres humanos compartilharem


seus conhecimentos através das gerações, nas aldeias primitivas cada família
tinha o dever de ensinar seus costumes e trabalhos aos mais jovens, na
antiguidade oriental era um privilégio ter acesso ao conhecimento, e assim a
educação era para a família real ou participantes da corte, na Grécia surgiu o
movimento dos Sofistas, que buscavam formação do cidadão porém ainda
alcançava uma pequena parcela da população, na idade média houve o
movimento eclesiástico, onde o clero era o provedor do conhecimento, e
obviamente direcionava a educação de acordo com sua necessidade, nesse
período surgiram grandes nomes da educação como Erasmo de Rotterdam,
santo Agostinho, São Tomás de Aquino, etc.
“seria melhor para muitas crianças aprender a ver a vida não com os
pais, mas com guardiões sábios e pagos pelo estado. Ele
recomendava que uma porção considerável da geração seguinte fosse
criada por pessoas mais qualificadas que os próprios pais.”

(Platão)

Quando os jesuítas chegaram ao Brasil, trouxeram não somente a


religião, trouxeram consigo costumes, vocabulários, métodos de ensino e
músicas também. Mesmo que estas músicas tivessem conotação religiosa
causaram impacto na cultura local. Sabendo que a música só foi introduzida nas
escolas com obrigatoriedade em meados de 2000, deve-se ficar claro que não
significa que a música foi encarada como ferramenta de trabalho educacional d
as crianças a partir desta época. Sabemos que no Egito Antigo canções eram
tocadas para contar histórias de seus deuses, na Grécia e Roma eram usadas
para falar de ser Deuses também, na Europa Medieval era usada para ensinar
cuidados às crianças, como não se perder e tomar cuidados com os perigos que
habitavam as florestas, no continente Africano era usada para contar histórias
de seus antepassados, etc. A musica sempre foi usada para ensinar algo aos
mais jovens.
Nesse contexto temos um amplo número de filósofos que refletiam sobre
a educação, porém a música era vista com conotação de entretenimento social.
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Seja em bailes, tavernas ou nas casas das pessoas. Quando era incluída nos
ensinamentos tinha o intuito de formar um musico e passou a ser encarada
oficialmente como aspecto de desenvolvimento da criança a partir do final da
década de 90 início dos anos 2000. Mas a estruturação da BNCC em 2015 trouxe
a música para este olhar técnico pedagógico. Tendo isso em vista passou-se a
valorizar o conceito musicalização infantil. É de conhecimento geral a
importância da musicalização para o desenvolvimento verbal, físico, artístico e
social do aluno.
É necessário que o professor tenha em sua formação pedagógica,
disciplinas com enfoque na musicalização para que tenham subsídios teóricos
para trabalhar os conceitos em sala de aula, não é o caso de saber tocar um
instrumento profissionalmente, mas sim que o professor saiba usar a música
como instrumento didático.

• A relação entre a música e o desenvolvimento da criança

Em vivencias educacionais foi possível observar que sempre que há


música no ambiente os alunos tendem a se concentrar melhor nas atividades,
por exemplo, numa experimentação de atividades com tintas, quando tocamos
música clássica como Tchaikovsky ou Mozart os alunos tendem a ficar mais
calmos e concentrados, porem quando toca “Pula Pula Pipoquinha”, eles
possuem dificuldades de se concentrar na atividade ficando agitados em seus
respectivos lugares. Esta observação traz a reflexão sobre atividades lúdicas
que exigem concentração e atividades de movimento que utilizam o estado de
agitação do aluno. Quando o trabalho for visando o movimento o “Pula Pula
Pipoquinha” pode ter um efeito mais desejável que Mozart por exemplo. Neste
contexto fica claro a questão da formação musical do professor. Não se pede ao
educador saber tocar piano, porém pede-se ao educador conhecer compositores
que usam piano e saber identificar o som do piano, bem como a sensibilidade do
mesmo para utilizar esta ferramenta em suas aulas. Assim, musicalização do
educador, influência no desenvolvimento do educando.
(...) o jóquei oferece um tablete de açúcar ao cavalo antes de montá-
lo. O cocheiro bate no cavalo para que ele responda os sinais dado
pelas rédeas. E ainda assim nenhum deles corre tão bem quanto os
cavalos soltos dos campinas.” (MONTESSORI, 1904.)

Analisando Maria Montessori entendemos que o aluno deve se


desenvolver, e o educador tem o papel fundamental de subsidiar este
desenvolvimento, portanto a visão de transformar a música como ferramenta
facilitadora do desenvolvimento infantil toma uma outra dimensão a partir desta
nova visão. Maria Montessori teve um papel fundamental na educação pós
revolução industrial na Roma dos início dos anos 1900, sua visão libertária da
educação transformou as salas de aulas lotadas de crianças, filhos dos
trabalhadores da industrias que moravam nas periferias da cidade, num
ambiente de desenvolvimento individual onde seus métodos passaram a ser
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inquestionáveis por ficar evidente o desenvolvimento da criança fora da escola.


Com uma visão personalizada da criança, cada uma se desenvolvia de acordo
com a sua maturidade.
Paulo Freire traz a visão complementar desta visão de educação,
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
própria produção ou a sua construção” (Freire).
Devemos sempre deixar claro o quanto a música é importante para o
desenvolvimento de outras competências, a expressão corporal é outro ponto
relevante a citar, uma vez que a dança, por exemplo, requer um ritmo desejável
a dança acontece com fluidez. Quando a criança ouve uma música que requer
gestos e movimentos ela consegue se expressar através dos comandos
cantados. Quando o educando se identifica com a canção ele costuma a se
emocionar com ela, na educação infantil não conseguimos observar com
clareza, porém nos anos iniciais do fundamental, onde reflexões mais profundas
podem ser despertadas no aluno, conseguimos observar a música influenciando
na elaboração ideias mais profundas e diálogos mais dinâmicos.

• A Formação musical no curso de Pedagogia.

No curso de pedagogia não é comum ver disciplinas de musicalização


na grade básica do curso, porém algumas universidades optam por disponibilizar
alguma disciplina similar na grade. Em contraponto é sabido que a musicalização
tem papel fundamental no processo de desenvolvimento do educando, lançando
um olhar crítico sob essa incoerência entre o que é recomendado e o que é
realizado entendemos a dificuldade de muitos professores em trabalhar a
musicalização na educação infantil.
Professores costumam usar a música através de mídias para conseguir
atingir o proposto, porém o uso de aparelhos de som e vídeos tiram um elemento
crucial do processo, a concretização do som. Quando o educador toca violão em
uma aula, ele não faz simplesmente o som desejado, ele mostra ao aluno que é
possível tocar um instrumento, que aquele aluno viu pessoalmente o
instrumento, esse recurso de tocar a música ao vivo para as crianças aguça o
desejo de interagir com a música. Não é o caso de todo professor saber tocar
violão, mas sim o caso de no curso de pedagogia o formando aprender
acompanhar um ritmo, marcar o tempo da música, manusear instrumentos de
percussão, saber nomes, etc.
Vale lembrar que o uso de mídia não é um recurso inutilizável, é também
um recurso muito valioso no desenvolvimento musical da criança, bem como
vídeos e jogos musicais em aplicativos. Afinal sabe-se que a tecnologia é um
recurso fixo na nossa sociedade e negar o acesso aos alunos seria um equívoco.
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• A Brincadeira como recurso de desenvolvimento musical

A Brincadeira é a mãe de toda criação artística, seja esta expressão


artística de natureza, musical, dança, pinturas, etc. portanto a música nasce na
criança através de brincadeiras. Com o uso de parlendas, essas brincadeiras
potencializam a capacidade de criação e interação com a música, assim o uso
desse recurso na sala de aula é fundamental. Temos:

Corre cotia na casa da tia,

Corre cipó na casa da vó,

Lencinho na mão caiu no chão,

Moça bonita do meu coração.

(Domínio público)

Essa parlenda é de conhecimento intuitivo da criança, é muito utilizada


em atividades e brincadeiras, ao cantar essas rimas simples, a criança passa a
desenvolver seu repertorio de som musicais, podendo usar esse conhecimento
para acompanhar ritmos mais complexos, o domínio do ritmo é o objetivo central
do trabalho, portanto quando a criança passa a dominar um ritmo, usamos a
estrutura para desenvolver um ritmo mais complexo.
Para desenvolver ritmos mais complexos nos alunos, é preciso
desenvolver ritmos e melodias mais simples, para enfim conseguir iniciar o
processo de criação musical. E todo este processo é fundamentado na
brincadeira, o lúdico é o método mais eficiente para desenvolver o gosto pela
música.

• Os cuidados com o desenvolvimento musical

Um projeto mal elaborado pode ser muito prejudicial ao desenvolvimento


do aluno, é importante o professor saber elaborar seu planejamento baseado
nas competências previstas na BNCC, respeitando os objetos de aprendizagem
e desenvolvimento previstos na mesma. Não é o caso de tecnicismo, é o caso
de uma sistematização do trabalho. Quando é feito o planejamento, busca-se
prever as ações e traçar os objetivos, para que a música não seja um momento
aleatório e sem objetivo.
O preparo de uma aula vai além de ideias vagas, deve haver uma
conexão entre os métodos e os objetivos. Para enfim obter os resultados
desejados, quando o desenvolvimento de um projeto é realizado sem a devida
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preocupação com a integração entre os passos pode haver alguns resultados


indesejados, como a frustração, por exemplo.
Quando observamos as quatro fases do desenvolvimento elencadas por
Jean Piaget. Que são: sensório motor, pré-operatório, operacional concreto e
operacional formal. Podemos exemplificar melhor esta situação. Se uma
atividade direcionada ao nível de desenvolvimento operatório concreto, for
proposta para um grupo de alunos que estão no nível sensório motor, a criança
não terá a maturidade nem as competências base para realizar a atividade.
Reagindo com choro. Esse resultado é oriundo da frustração de não conseguir
participar ou interagir. No sentido contrário podemos observar a mesma
situação. Quando uma atividade indicada para o nível sensório motor, é proposta
para um grupo que está em operacional concreto, ela conseguirá realizar a
atividade, mas não explorará a sua totalidade de potencial, podendo gerar assim
o desinteresse pela proposta por achar fácil demais. Essa situação pode gerar
inclusive frustração no profissional que propôs e tentou aplicar a atividade.

• Conhecimentos prévios do educando

Quando o aluno entra em uma sala de aula carrega consigo uma carga
de experiências que foram tecidas pelo seu ambiente familiar, essas
experiencias são chamados conhecimentos prévios, em educação infantil esse
conhecimento prévio é fundamentalmente os gostos, as brincadeiras,
alimentação, hábitos de higiene, gosto musical. Sabendo deste fato, o
profissional deve ter cuidado ao desenvolver algum trabalho especifico com o
aluno, pois a geração de paradigmas, sem que a criança tenha maturidade para
solucionar e assimilar estas informações, pode gerar uma confusão para ela.
Então ao impor uma regra em sala de aula o professor deve ter a sensibilidade
de que talvez aquela regra seja nova, e muitas vezes nunca houve uma reflexão,
por parte do aluno acerca do assunto, como dividir um brinquedo por exemplo.
Essa criança traz para a escola o gosto musical da família, afinal ela reproduz
músicas que ouve no cotidiano, Funk, Sertaneja, Forró, Rock n’ Roll, MPB, etc.
a delicadeza do educador de não denegrir a imagem do tipo de música que a
família ouve em casa, é de suma importância para desenvolver o trabalho.
Utilizar elementos da realidade do aluno para transformar informação em
conhecimento é uma característica do construtivismo, porém deve haver bom
senso nessa relação entre conhecimento prévio do aluno e elementos do mesmo
que serão utilizados, como não usar uma letra de música de cunho sexual ou
violência, por exemplo. Mas o professor pode utilizar uma música do estilo
musical Funk para ensinar marcação do tempo da música, ou acompanhamento
de ritmo. Esse método de utilizar elementos do universo dos alunos para
despertar o interesse do aluno sobre o assunto a ser tratado, é muito eficiente e
podemos concretizar melhor o proposto.
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É importante ressaltar que ao desenvolver um trabalho fundamentado


na música, deve-se sempre explorar o maior número de ritmos possível, pois a
sociedade é composta por pessoas com diferentes gostos musicais. Seria
ingenuidade acreditar que a influência musical da escola é o único elemento que
define o gosto musical do indivíduo adulto. Essa formação do gosto musical é
permeada por inúmeros fatores, porém não é motivo para lançar mãos do
trabalho de musicalização na primeira infância, devemos enxergar como mais
um fator que contribui para o desenvolvimento do mesmo.
Ainda temos que considerar a má formação e remuneração da classe de
professores. O brasil é um país que historicamente remunera mal o professor.
Além de pouco retorno financeiro, ainda há a falta de reconhecimento e
infraestrutura para ele trabalhar.

• O que diz a BNCC sobre a música.

A BNCC (Base nacional comum curricular) é um documento com uma


série de artigos base para o desenvolvimento dos planejamentos de todas as
escolas e todos professores. Esses artigos são chamados de objetivos de
aprendizagem.
Objetivos para educação infantil:
(EI01TS03) Explorar diferentes fontes sonoras e materiais para
acompanhar brincadeiras cantadas, canções, músicas e melodias.
(EI02TS01) Criar sons com materiais, objetos e instrumentos musicais,
para acompanhar diversos ritmos de música.
(EI03TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e
instrumentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações,
criações musicais, festas.
Para o ensino fundamental anos iniciais, a música está inclusa no ensino
de artes e temos os seguintes objetivos de aprendizagem:
(EF15AR13) Identificar e apreciar criticamente diversas formas e
gêneros de expressão musical, reconhecendo e analisando os usos e as funções
da música em diversos contextos de circulação, em especial, aqueles da vida
cotidiana.
(EF15AR14) Perceber e explorar os elementos constitutivos da música
(altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de jogos, brincadeiras,
canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação
musical.
(EF15AR15) Explorar fontes sonoras diversas, como as existentes no
próprio corpo (palmas, voz, percussão corporal), na natureza e em objetos
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cotidianos, reconhecendo os elementos constitutivos da música e as


características de instrumentos musicais variados.
(EF15AR17) Experimentar improvisações, composições e sonorização
de histórias, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos
musicais convencionais ou não convencionais, de modo individual, coletivo e
colaborativo.
Analisando este documento é possível observar todo o processo de
amadurecimento musical, onde a criança é vista como protagonista. E busca
também nortear os objetivos dos professores no desenvolvimento de seus
planejamentos e semanários.

• O que o ECA considera sobre a música.

O ECA (estatuto da criança e do adolescente) é fundamentado pela Lei


n° 8.069 de 13 de julho de 1990, que define artigos de proteção da criança e do
adolescente. Nele encontramos artigos direcionados aos direitos que a criança
tem resguardado.
O capítulo IV Art. 56 estabelece o direito ao acesso à escola, ambiente
onde fica resguardado o acesso à musica pela BNCC. Portanto, a criança tem o
direito de ser alvo dos objetivos de aprendizagem da BNCC.
No Capítulo II, Da Prevenção Especial, Seção I, Da informação, Cultura,
Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos. Fica estabelecido o direito ao acesso
de espetáculos condizentes à faixa etária. Onde a criança também tem acesso
ao ambiente musical de forma garantida.
Sabemos que a realidade contida em documentos e artigos do legislativo
não condizem com a realidade. Em muitos outros aspectos as leis garantem
alguns direitos. Porém, a sociedade não subsidia as classes de baixa renda.
Crianças em situação de vulnerabilidade muitas vezes não possuem acesso à
condições mínimas de desenvolvimento musical. A escola entra neste contexto
como único ambiente onde é garantida a qualidade do contato entre a criança
em a música, e em muitos casos encontramos professores despreparados,
desmotivados e mal remunerados. Logo, vemos no único ambiente que
possibilitaria um contato de qualidade entre a criança e a música, sendo roído
pelo descaso social com a educação de nossas crianças.

• Relação entre sociedade, classe política e escola.

A sociedade que uma escola de qualidade que auxilie no cuidado de


seus filhos, uma escola que proporcione um local seguro para deixar as crianças,
um local acolhedor e que proporcione qualidade de ensino. Para o caso das
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creches a situação é ainda mais desesperadora, mães solos que precisam do


amparo do estado para cuidar de seus filhos enquanto ela trabalha. Esse caráter
assistencialista da escola deve ser desvinculado definitivamente da visão social
da creche. Sim, a escola ou creche deve ser um local seguro onde as famílias
deixam seus filhos para poder trabalhar. Mas a escola deve ser enxergada por
essa sociedade como ambiente onde seus filhos terão oportunidade de
desenvolvimento de qualidade.
Para a classe politica é evidente o descaso com a categoria de
profissional. O descaso com a infraestrutura das escolas, a falta de reajustes
proporcionais na renda, falta de planos de carreiras, aumento do tempo de
serviço, baixa remuneração, e o total desrespeito ao direito de protestar, são
alguns exemplos do descaso dos governantes do
Brasil, e em especial a cidade de São Paulo.
Analisando esta notícia de 2018, com fonte do
portal G1, vemos a desvalorização do professor. Esse
mesmo professor que é cobrado por sua importância,
tendo que lidar com situações de extra escolares,
como desrespeito político e social. Trabalhando muito
e ganhando pouco. Portanto, o caminho mais
eficiente para a sociedade se desenvolver, é
investimento massivo na educação, remunerando,
qualificando e dando estrutura para os profissionais
trabalharem com ânimo e emprenho.
Outro agravante para a situação de
desvalorização do professor em nossa sociedade é a
má formação do profissional da educação. É possível
analisar esse paradigma verificando o preci das
mensalidades dos cursos de universidades que
fornecem cursos presenciais e EAD. Pode-se atribuir
parte da causa desse preço de mensalidade à falta de valorização do profissional
citada acima, pedagogia é um curso que demanda pouco ou nada de uso de
laboratórios técnicos, e a lei da oferta e procura. Uma vez que sempre há
demanda para o curso, sendo assim pode-se verificar a inconsistência de
algumas instituições ao ofertar a qualidade do curso. No caso da Unisa, o curso
de pedagogia condiz com as expectativas, e possui uma grade base com
qualidade, professores universitários qualificados e material didático de alta
qualidade. Porém sabemos que em muitas outras universidades do Brasil não é
encontrado o mesmo padrão de qualidade. Portanto, muitos formando em
pedagogia, fizeram o curso pela facilidade, preço ou oferta de emprego.
A sociedade pressiona a escola para ter qualidade, o Estado negligencia
as necessidades das instituições e os profissionais mal formados e
desestimulados. Essa é a receita de uma educação de baixa qualidade. E hoje
infelizmente é possível ver que é uma realidade no país. Romper com esse ciclo
viciosos é fundamental para a mudança da sociedade. Cessar a desqualificação
das instituições e o desrespeito ao profissional são fundamentais para o
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desenvolvimento de um atendimento educacional de qualidade, para isso é


necessário movimentação em todas as esferas da política, mudanças na
formação dos professores, mudança no entendimento da sociedade sobre a real
funcionalidade da escola.

• O gênero masculino na educação infantil e fundamental.

Uma série de preconceitos afastam o gênero masculino das escolas,


principalmente educação infantil. As principais fontes de preconceito parte de
homens, que acreditam que educador é uma profissão de cunho afeminado.
Portanto muitos jovens em fase de decisão da profissão que irão seguir, acabam
não escolhendo o curso de pedagogia por este motivo citado. Outra fonte de
preconceito com homens na educação inicial parte das instituições, que
possuem gestores que tem medo de escândalos e desconfortos com as famílias,
para isto é preciso qualificar os gestores, para entenderem o valor do homem
dentro da educação infantil. Como experiencia pessoal e observação de fatos e
diálogos, as famílias não possuem preconceitos quanto aos homens que
trabalham nessa profissão, pelo contrário, alguns pais ficam felizes pelo fato do
homem que trabalha nessa profissão tão linda e importante para a sociedade.
Portanto é possível observar que o preconceito parte majoritariamente
de pessoas retrógradas e preconceituosas, é claro que o relatado aqui jamais
exclui o fato de que alguns gestores são qualificados e que alguns pais são
preconceituosos. Porém o fato de homens não cursarem pedagogia é uma
fatídica realidade. O machismo estrutural de nossa sociedade impede alguns
homens, que inclusive tem potencial para ser um ótimo professor, de entrar na
profissão por acreditar ser uma função feminina. Sem ao menos entender a
importância da figura masculina na escola. Para solucionar esta questão é
necessário combater os paradigmas do machismo estrutural de nossa
sociedade.
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• Considerações finais

A evolução da sociedade é dependente do desenvolvimento da


interação entre as gerações. Porém se analisar o desenvolvimento da
humanidade e pensar no homem enquanto espécie que compõe a o
ecossistema, a reprodução é o termômetro da evolução da espécie. As espécies
que evoluem não só se reproduzem e transmitem seus genes, segundo a teoria
da evolução de Charles Darwin além de se reproduzir, o processo evolutivo
depende da capacidade dos pais de orientarem suas proles para que elas
cheguem com sucesso à idade adulta.
Analisando tudo que foi exposto neste trabalho de conclusão de curso,
é possível chegar à conclusão de que a música é uma ferramenta muito
importante para o desenvolvimento infantil de nossa espécie, porém, não é a
única nem tampouco a mais importante, sem a junção de todos aspectos de
desenvolvimento do trabalho de educar as crianças a música torna-se apenas
um meio de entretenimento.
A sociedade é um modo de relação que deve ser naturalmente tecida
por todos que nela vive, porém devemos entender que ela depende de uma
união entre direitos e deveres, entendendo que quando o responsável por educar
uma criança age de maneira mal planejada ou negligente, o impacto que esse
erro pode causar é diretamente ligado ao abismo social que vemos em todas
comunidades da federação. Portanto valorizar o profissional, qualificar, e dar
infraestrutura é um investimento de extrema importância pois este profissional
será o formador de outros cidadão que assumirão a responsabilidade de educar
outras crianças.
Acreditar numa educação de qualidade é importante, porém sem uma
visão politizada da sociedade e os conceitos de educação, o desenvolvimento
do trabalho é impossibilitado. Ao pensar que toda sociedade deveria ter acesso
a política e a escola, todo cidadão teria subsídios para reconhecer que quanto
mais investimento nos profissionais e na estrutura para desenvolver o processo.
Toda a escola seria reformulada e aberta à sociedade.
Os cidadãos precisam enxergar a escola com visão política, criticidade,
carinho, integração, etc. e perceber que a escola é uma instituição importante,
que esta sofrendo muito na sociedade contemporânea, e empregar esforços
para melhorar a qualidade, cobrando a classe política para melhorar a
remuneração, melhorar a qualidade da formação, e o respeito aos direitos do
professor. E a sociedade também deve acolher a escola de coração aberto. Ao
mesmo tempo a escola deve entender que ela faz parte da comunidade e as
portas devem estar sempre abertas para a sociedade, aceitando auxílios
voluntários e dicas de melhorias. As escolas não deveriam ter muros, deveria se
parecer mais com uma praça do que como uma prisão. Acolhendo as crianças e
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impondo com carinho o respeito à sociedade. Porém por segurança dos recursos
precisamos de grades nas escolas, mas será que se as escolas fossem
respeitadas como deveriam ser, seria necessário grades? Pois toda grade
impede alguém de entrar e alguém de sair. Com esse sistema militarizado e
carcerário as escolas jamais serão vistas como ambiente de liberdade, e
construção de conhecimentos. Pois para as mães será sempre um local seguro
para deixar seus filhos sem gastar recursos para isso. Para o aluno a escola será
sempre um lugar onde ele fica preso com seus amigos. Para o professor um
lugar onde ele irá aguentar 4 horas de trabalho por um salário miserável, para o
estado uma pedra no sapato. Portanto conclui-se com a ideia de que a escola
não deveria ter muros para proteger do ladrão nem para prender o aluno. A
escola deve ser um ambiente de troca entre educadores e famílias, um ambiente
onde todos são convidados a entrar e participar das decisões e das aplicações
das ideias. O dia em que conseguirmos escolas sem muros não haverá presídios
superlotados, não haverá o abismo econômico entre as classes, os privilégios
de algumas crianças se estenderá a todas e finalmente teremos uma sociedade
mais democrática e justa com todos seus cidadãos.
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Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base.
Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. 2ª ed. (1ª edição: 1975). Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
Zacharias, L. Maria Nascimento, F. Valéria e Moraes, Soares A. Márcia. Maria
Montessori Pedagogia em Foco
Sofista. 2ª ed. Rio de Janeiro: ed. Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores).
Platão. República. Rio de Janeiro: Editora Best Seller, 2002. Tradução de
Enrico Corvisieri.
Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA _ Estatuto da Criança e do
Adolescente. FELICIDADE, N.
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>.
Acesso em: 25 de novembro de 2020. BRASIL.
DARWIN, C. A Origem das Espécies. Hemus – Livraria Editora Ltda, São Paulo, SP

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