Parecer Do Iphan Sobre Parque Marina Sul
Parecer Do Iphan Sobre Parque Marina Sul
Parecer Do Iphan Sobre Parque Marina Sul
Edifício Number One SCN Q.1 - Asa Norte. CEP 70711-900 Solicitação requerente
Reformas ou
X Consulta Prévia Construções
Uso Atual do Imóvel novas
Estado de Estado de
Comercial Institucional X Outros:
Preservação Conservação
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22/12/2022 18:11 SEI/IPHAN - 4041446 - Parecer Técnico - Portaria 420 de 2010 Anexo 2
A área de intervenção constitui o Trecho 1 do Setor de Clubes Esportivos Sul – SCES, cabeceira noroeste
da Ponte das Garças, situada na Área de Preservação 2, Zona de Preservação 2, Macroárea A (ZP2A), do
Conjunto Urbanístico de Brasília, tombado pelo Iphan em 1990 (processo de tombamento nº 1350-T-90,
inscrito sob o nº 532, folha 17, volume 02 do Livro do Tombo Histórico).
FUNDAMENTO LEGAL
Urbanístico de Brasília, à exceção dos terrenos inscritos em Cartório de Registro de Imóveis com acesso
privativo à água.
VII. A paisagem urbana integrada à natural, mantendo-se a relação predominante dos espaços não
edificados sobre os construídos, com amplas áreas verdes, livres e arborizadas, que definem o caráter de
cidade-parque;
VIII. O conjunto de parques públicos e as áreas de preservação ambiental existentes.
Art. 38. Para a Área de Preservação 2 da ZP2A - Setor de Clubes Esportivos Norte (SCEN), Setor de Clubes
Esportivos Sul (SCES), Setor de Hotéis de Turismo Norte (SHTN), Setor de Mansões Isoladas (SMI) e
Parque de Uso Múltiplo da Enseada Norte - ficam estabelecidos os seguintes critérios:
I. Setor de Clubes Esportivos Norte (SCEN), Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES), e Setor de Hotéis de
Turismo Norte (SHTN):
a) acesso público ao Lago, com exceção dos terrenos inscritos em Cartório de Registro de Imóveis com
acesso privativo à água, mantendo-se o afastamento mínimo de 30m (trinta metros) da construção em
relação às margens em todos os lotes;
b) predominância de usos institucionais com atividades de recreação, lazer, turismo e cultura e
atividades complementares diversificadas de comércio e prestação de serviços, no SCEN e SCES;
(Redação dada pela Portaria nº 421, de 31 de outubro de 2018)
(...)
d) gabarito máximo de 3 (três) pavimentos, e altura máxima de 9 (nove) metros no SCEN e SCES, exceto
no caso de alteração de uso no Trecho 4 do SCES; (Redação dada pela Portaria nº 421, de 31 de outubro
de 2018)
(...)
Art. 39. Fica vedado na Área de Preservação 2 da ZP2A:
I. instalação de grades, cercas, aterros e construções de uso privativo sobre o espelho d'água do Lago e
em suas margens;
II. uso de rede de distribuição aérea para implantação de infraestrutura e serviços públicos.
ANÁLISE
O local de intervenção é parte da “Área 1”, como denominado no Relatório Técnico, e está situado
dentro do Conjunto Urbanístico de Brasília (CUB), tombado, no Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 1,
regulamentado pela Portaria Iphan nº 166/2016. As demais intervenções previstas para a “Área 1”
localizam-se no Lago Sul, SHIS QL8, QL10 e ARIE do Bosque, locais que são parte da área de entorno do
CUB, regulamentada pela Portaria Iphan nº 68/2012.
Convém ressaltar que a análise das diretrizes emitidas pelo Parecer Técnico nº 159/2022 -
SEDUH/SEGESP/COGEB/DIGEB-I considera o conteúdo do Parecer Técnico nº 39/2021 -
SEDUH/SEPLAN/SCUB/COPLAB/DIPRE, e dos documentos MDE 152/2018, SIV 152/2018 e Plano
Urbanístico de Uso e Ocupação da Orla do Lago Paranoá - Masterplan, Relatório Técnico, produto do
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Concurso Público para Masterplan da Orla do Lago Paranoá. Vale ressaltar que o Plano Urbanístico de
Uso e Ocupação da Orla do Lago Paranoá - Masterplan, foi analisado e aprovado em outras instâncias
além do Iphan, como parte do processo para seleção da proposta de Uso e Ocupação da Orla do Lago
Paranoá.
Em relação às propostas anteriores, as diretrizes emitidas pelo Parecer Técnico nº 159/2022 -
SEDUH/SEGESP/COGEB/DIGEB-I diferem dos demais documentos nas seguintes questões:
1. Localização dos equipamentos:
a. Devido à limitação a acesso de veículos no parque houve a criação de uma zona destinada
à marina e ao terminal aquaviário, nas proximidades do estacionamento, e a retirada do
edifício da posição central que ocupava no terreno do parque.
2. Ampliação da quantidade de vagas secas (vagas para automóveis):
a. De 65 veículos, passa a considerar 200 vagas.
3. Aumento da área de ocupação dos equipamentos:
a. Terminal de transporte aquaviário, de 1.700 m², para 2.000 m².
b. Comércio, serviços e marina, de 1.000 m², para 1.200 m².
4. Aumento das áreas de construção:
a. De edificações térreas, passaram a ter 3 pavimentos:
b. Terminal de transporte aquaviário, de 1.700 m², para 6.000 m².
c. Comércio, serviços e marina, de 1.000 m², para 3.600 m².
5. Aumento da altura máxima das edificações:
a. De 8,50 m para 9 m, excluindo casa de máquinas, caixa d'água e similares.
As alterações nas diretrizes aqui pleiteadas serão ainda objeto de novo projeto de sistema viário, a ser
desenvolvido pela empresa vencedora da PMI 03/2021-SEPE, que deverá cumprir todo o rito de
aprovação nos órgãos competentes, incluído o Iphan. Assim, a SEDUH desenvolveu um zoneamento que
visa a materializar as novas diretrizes no espaço disponível, a partir do qual se exerce a comparação
analítica com o projeto apresentado anteriormente.
[item 1] De imediato, percebe-se que a alteração na localização dos equipamentos (item 4) distancia a
praça central (Z3) da conexão com o lago, deixando as zonas de equipamentos (Z1 e Z2) mais próximas. A
praça central, no MDE e SIV 152/2018, ocupava um importante papel articulador dos equipamentos,
com melhor integração à paisagem. Ao espaço público era oferecida uma área nobre com franco acesso
e visibilidade ao Lago Paranoá. No novo zoneamento, a praça está mais próxima à via L4, na extremidade
mais afastada do Lago, e conectada diretamente aos acessos e estacionamentos, cumprindo
simplesmente o papel de distribuição dos fluxos. No entanto, limitá-la a esta função configura uma
perda para a qualidade dos espaços públicos do projeto, afastando-os da fruição do lago, principal
atrativo local, motivador de toda a intervenção.
A diretriz de impedir o trânsito de veículos no parque é considerada adequada para a manutenção do
caráter bucólico do parque, portanto, adequada para a manutenção dos valores e características
patrimoniais. Por isso, a alteração do local da marina parece acertada, mas mostra-se necessário ajustar
o zoneamento, pelas considerações apresentadas anteriormente.
[item 2] Quanto à ampliação da quantidade de vagas secas (de 65 para 200 – mais do que 3 vezes o
inicial) representada somente como mancha de localização (parte da Z3), o texto não esclarece se a
alteração do quantitativo se dá pelo aumento da área construída ou por necessidade do programa e,
portanto, carece de justificativa técnica. Esta alteração diminui significativamente a área verde, que deve
ser priorizada nas proximidades às margens do Lago, onde as características da escala bucólica devem
predominar.
Ademais, o aumento no número de vagas impacta na diminuição não só na área permeável e na
configuração da paisagem desse trecho, mas também vai de encontro às diretrizes gerais do Masterplan
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do Projeto Orla: “democratização do acesso ao lago, por meio da priorização do transporte coletivo e
dos modos não motorizados ou ativos em relação aos modos motorizados individuais” (Relatório
Técnico, p. 38 – grifo nosso). A nova diretriz vai de encontro ainda às determinações da Portaria nº
166/2016 acerca da escala bucólica e da orla do lago – destacando-se os artigos 12, 13 e 14 (citados na
fundamentação legal deste parecer).
[itens 3, 4 e 5] Verifica-se na proposta um aumento na taxa de ocupação, área de construção e altura
máxima em relação às propostas anteriores. Sobre este incremento de área construída, ponderamos:
a. A primeira consequência visível do incremento da área construída é o aumento do número
de vagas para estacionamento, cujo desenho não é possível avaliar pelo caráter preliminar da
proposta. De qualquer forma, este aumento representa a ocupação de uma área destinada a
estacionamento de veículos individuais, no mínimo, 3 vezes maior do que a anterior,
detalhada no SIV 152/2018, que conflita diretamente com uma das diretrizes gerais do
Masterplan original, conforme comentado no item 2.
b. Importante ressaltar, ainda, que o trecho em análise não é composto por lotes, mas por
concessão de uso de área pública (conforme reafirmado no Parecer Técnico nº 39/2021 -
SEDUH). As diretrizes expressas na Portaria Iphan nº 166/2016 (Art. 38, I, d) para esse trecho
se referem às possibilidades de uso e construção em lotes.
A proliferação de edificações em área pública e a expansão exacerbada da área construída
tem o risco de comprometer gravemente uma das características essenciais a ser mantida
no Conjunto Urbanístico de Brasília, no que tange à integração da paisagem urbana à natural,
“mantendo-se a relação predominante dos espaços não edificados sobre os construídos,
com amplas áreas verdes, livres e arborizadas, que definem o caráter de cidade-parque" (Art.
14, VII – Portaria Iphan nº 166/2016).
c. A proposta modifica significativamente o conceito proposto no Masterplan (que havia sido
reiterado no MDE e SIV 152/2018), em que as edificações sugeridas eram estruturas
pavilhonares avarandadas em pavimento térreo “por entender que esses devem ter papel
coadjuvante na paisagem do plano, respeitando a sua horizontalidade” (MDE 152/2018, p. 10
e Relatório Técnico, p. 58). Consideramos que a altura máxima de 8,5m, pleiteada
anteriormente, se devia à necessidade de flexibilidade do programa (galpões para
armazenamento de barcos), enquanto a nova proposta transforma os pavilhões térreos em
edifícios de três pavimentos.
O afastamento do desenho inicialmente feito pela Secretaria, embasado no Masterplan, e a
proposição de delegar o desenvolvimento de um novo projeto urbano com diretrizes que
desvirtuam o Masterplan, fruto de concurso público aprovado em diferentes instâncias,
coloca em xeque questões conceituais quanto ao tratamento que será dado para a Orla do
Lago.
Parte da caracterização do problema, exposto no Relatório Técnico do Masterplan, era a
excessiva compartimentação privada dos espaços públicos (p. 11). Como solução, o
Masterplan oferece uma “inédita visão de conjunto (...) que restitui o uso público para
trechos do lago (...)” (MDE 152/2018, p. 2 – grifo nosso). Com o objetivo de construir uma
nova paisagem, com instalação de novas atividades de lazer, culturais e esportivas, e viabilizar
a apropriação social da Orla do Lago Paranoá (MDE 152/2018, p. 2), o Masterplan propõe
uma forte identidade arquitetônica para as áreas de intervenção, mostrando que fazem
parte de um mesmo conjunto (Premissas de projeto - Relatório Técnico, p. 40).
A transformação da proposta arquitetônica, dessa forma, impacta não apenas o trecho em
comento, mas todo o conjunto proposto para a Orla do Lago, seja por divergir das próximas
intervenções, seja por – potencialmente – ampliar a área construída também nos demais
trechos, o que não seria adequado.
d. Por fim, a justificativa apresentada pelo requerente para aumento das áreas construídas
baseia-se na informação dada pelas empresas participantes do Termo de Autorização para
Realização de Estudos do Termo de Referência de que "a limitação de áreas edificáveis
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proposta nas diretrizes, emitidas pelo referido Parecer Técnico 39/2021, não daria
sustentação econômica ao projeto” (Parecer Técnico nº 159/2022).
O Masterplan oferece 7 estratégias para fontes de renda na implantação dos parques urbanos
presentes no projeto (p. 133 a 135). As possibilidades de fontes de renda consideram a
implantação de toda a estrutura prevista no Masterplan, por isso o trecho em análise não
pode ser avaliado como uma estrutura isolada e independente, mas sim como parte de um
sistema que foi avaliado e aprovado em diferentes instâncias. Essas estratégias não foram
citadas nos documentos encaminhados pela Secretaria.
As questões postas pela Secretaria no atual estudo mostram um aparente conflito entre o
Masterplan e a viabilidade econômica do empreendimento. A perda de um projeto integrado
para a Orla do Lago e a alteração expressiva dos parâmetros urbanísticos indicam que a nova
prioridade do estudo é a viabilidade econômica, atribuindo menor importância ao impacto da
nova volumetria e da redução de áreas verdes para o Conjunto Urbanístico de Brasília,
conforme apontados ao longo deste Parecer.
O resgate e a recuperação dos espaços públicos localizados junto à orla do Lago Paranoá,
conciliando o uso da população com o equilíbrio ecológico em um processo de ocupação
sustentável do território são objetivos trazidos pelo Masterplan. O Lago Paranoá é um
importante elemento de composição urbana, paisagística e de proteção ambiental (Portaria
Iphan mº 166/2016, Art. 14, VI) e – portanto – de relevância para a preservação do Conjunto
Urbanístico de Brasília.
A preservação do CUB enquanto “cidade-patrimônio” e a conservação de suas características
essenciais, dever do Estado para com as gerações futuras, impõe limites para a exploração
econômica. Limites estes que devem ser especialmente observados em zonas sensíveis como
as áreas públicas às margens do Lago Paranoá, cuja concepção urbanística do Masterplan,
proposta vencedora do Concurso Orla Livre, visava a resgatar para usufruto público.
Assim sendo, é indicado buscar outras estratégias de viabilidade econômica que não
impliquem na alteração substancial da concepção urbanística da Orla proposta pelo
Masterplan, e que tenham impacto reduzido sobre a escala bucólica do Conjunto Urbanístico
de Brasília, tendo por objetivo a preservação e conservação ecológica e patrimonial
integradas.
CONCLUSÃO
Dado o exposto, considera-se que as novas diretrizes apresentadas pelo Parecer Técnico nº 159/2022 -
SEDUH/SEGESP/COGEB/DIGEB-I:
não representam as edificações com o papel coadjuvante antes proposto – ao contrário, com o
aumento na taxa de ocupação, área de construção e altura máxima, as edificações passam a
chamar mais atenção que qualquer outro elemento do projeto;
não oferecem garantias quanto ao predomínio da horizontalidade ou da permeabilidade visual
para a tipologia arquitetônica, uma vez que ao invés de pavilhões térreos avarandados, os
equipamentos seriam compostos por edifícios de três pavimentos;
divergem conceitualmente do Masterplan proposto anteriormente, que considerava de forma
mais adequada as características de ocupação requeridas para a preservação da orla do lago;
configuram, com o incremento de potencial construtivo em área pública, risco a características
essenciais a serem mantidas do Conjunto Urbanístico de Brasília - ver especialmente o art. 13 da
Portaria nº 166/2016 (na fundamentação legal deste parecer).
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Por isso, conclui-se pela desaprovação das diretrizes e do zoneamento apresentados pelo requerente
para avaliação.
Indicamos a revisão do projeto com base no Masterplan e na visão de conjunto que ele oferece,
retomando as premissas de projeto e diretrizes gerais ali apresentadas.
Aprovado o Anteprojeto
Outra (especificar)
Documento assinado eletronicamente por Laura Ribeiro de Toledo Camargo, Técnico I – Arquiteta,
em 12/12/2022, às 10:56, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art. 4º do
Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.
Documento assinado eletronicamente por Thiago Pereira Perpetuo, Coordenador Técnico do IPHAN-
DF, em 15/12/2022, às 10:20, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no § 3º do art.
4º do Decreto nº 10.543, de 13 de novembro de 2020.
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