PL 14755 - Institui o Código de Defesa Da Mulher

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CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL

Gabinete do Deputado Pastor Daniel de Castro - Gab 07

PROJETO DE LEI Nº , DE 2023


(Autoria: Deputado Pastor Daniel de Castro)

Institui o CÓDIGO DE DEFESA DA


MULHER e dá outras providências.

A CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL decreta :

TÍTULO I
DA PROTEÇÃO E DOS DIREITOS DA MULHER

CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS QUE REGEM ESSE CÓDIGO

Art. 1° Os princípios que regem esse código norteiam-se pela dignidade da pessoa
humana, e devem ser reconhecidos pela sociedade civil e pelo Estado:
I- a mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos e obrigações;
II- as distinções sociais só podem ser fundamentadas no interesse comum;
III - reconhece-se a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade e à segurança da
mulher;
IV - toda mulher tem direito a construir livremente sua carreira profissional, e toda
mulher tem o amplo e irrestrito direito de planejar livremente a constituição de sua família;
V - é dever do Estado e da família impedir a continuidade da cultura perversa de
objetificação da mulher;
VI- o primeiro objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos
naturais e imprescritíveis da mulher e do homem e, portanto, o Estado tem o dever de
proteger a integridade física e psicológica das mulheres, pois ele existe para servir ao povo
que o criou.

CAPÍTULO II
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

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Art. 2° O presente Código estabelece normas de proteção à mulher, garantia de seus
direitos e medidas de enfrentamento de toda forma de violência perpetrada contra as
mulheres.
Parágrafo único. Toda mulher tem direito à vida, à liberdade, à autonomia de
vontade, à liberdade de expressão, à escolha de sua profissão, à igualdade de oportunidade e
igualdade de salário no mercado de trabalho, à escolha de cuidar livremente de sua família, a
exercer sua fé, e qualquer ação contrária ao exercício dos direitos ora reconhecidos deve ser
rigorosamente coibida.
Art. 3° Para o disposto neste Código, toda ação perpetrada por pessoa física ou
jurídica que afronte quaisquer dos direitos a que se refere o parágrafo único do art. 2º, será
objeto de advertência, censura, multa e outras cominações previstas na legislação vigente.
Art. 4° Após regular decisão da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito
Federal, considerar-se-á o Poder Legislativo do Distrito Federal desta unidade da federação
como sujeito ativo no enfrentamento da violência contra as mulheres.
§1º Cumprido o disposto no caput deste artigo, a Câmara Legislativa do Distrito
Federal realizará, periodicamente, seminários, comissões gerais, palestras e outras atividades
direcionadas à conscientização social de que a vida, a liberdade e a segurança das mulheres
constituem-se pilares de uma sociedade saudável.
§2º Serão convidados a participar do evento a que se refere o parágrafo anterior:
I – representantes das redes pública e privada de ensino do Distrito Federal;
II – imprensa local, nacional e internacional;
III – representantes de seguimentos religiosos que desenvolvam atividades no Distrito
Federal;
IV – artistas com notória influência na sociedade brasileira;
V – representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Distrito
Federal;
VI- representantes da Secretaria de Estado da Mulher;
VII – membros do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal.

CAPÍTULO III
DA POLÍTICA DISTRITAL DE PROTEÇÃO E DOS DIREITOS DA MULHER

Art. 5° A Política Distrital de Proteção, e a garantia de pleno exercício dos direitos da


mulher têm por objetivo resguardar a integridade física e psicológica das mulheres, bem como
assegurar que todas possam exercer livremente seus direitos.
§1º A obrigatoriedade de resguardo da integridade física e psicológica das mulheres,
bem como a necessidade de implementação de políticas públicas direcionadas à garantia de
que seus direitos sejam exercidos em sua plenitude, decorrem, dentre outros fatores:
I – do reconhecimento de sua atual exposição em razão da equivocada cultura de
objetificação de seu corpo;

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II – do reconhecimento de que, biologicamente, a mulher não possui a mesma força
física que um homem e, portanto, o Estado tem o dever de criar mecanismos de proteção
específicos, eficazes e eficientes;
§ 2° As medidas adotadas pelo Poder Público para o atendimento do disposto no cap
ut deste artigo compreenderão:
I – a implementação de políticas públicas asseguradoras dos direitos mencionados
no parágrafo único do art. 2° deste Código;
II – a implementação contínua de ações direcionadas à desconstrução da cultura de
objetificação feminina;
III – realização periódica de atividades escolares que resgatem a importância da
mulher para a sociedade;
IV- ações punitivas e/ou restritivas de direitos para os autores de crimes ou infrações
penais perpetradas contra as mulheres, conforme disposto no Título III Capítulo II.

TÍTULO II
DOS DIREITOS EM ESPÉCIE

CAPÍTULO I
DAS INTERVENÇÕES ESTATAIS

SEÇÃO I
Do Direito à Cidadania e à Participação Social

Art. 6° A cidadania da mulher, direito fundamental da República nos termos do inciso


II do art. 1º da Constituição Federal, pressupõe o reconhecimento incontestável de que seus
direitos são invioláveis, e de que sua participação ativa nas atividades políticas desenvolvidas
em âmbito distrital, estadual e nacional revela-se expressão plena de sua relevância para o
Estado brasileiro.
Art. 7 º A cidadania da mulher expressa, ainda, a união de direitos vocacionados à
sua ampla participação nas decisões políticas do Estado, à sua ampla participação nas
atividades econômicas do Distrito Federal, e à sua relevância para a existência saudável da
família, base da sociedade, sem prejuízo do disposto na legislação Federal sobre o tema
tratado nesta seção.
Art. 8º O Programa intitulado “A Mulher na Política do Distrito Federal” passa a
integrar este Código de defesa, conforme Lei distrital n° 6.556/2020.

SEÇÃO II
Do Direito à Segurança

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Art. 9° A segurança da mulher é um direito inatacável e, portanto, o Estado deve
atuar com celeridade , eficiência e eficácia, para assegurar tanto a defesa dos direitos
reconhecidos neste Código quanto o cumprimento das ações preventivas e reparadoras
estabelecidas pelo ordenamento jurídico vigente.
Parágrafo único. As medidas adotadas pelo Poder Público para a implementação da
Política Distrital de Proteção e Garantia dos Direitos da Mulher compreenderão, dentre outros:
I- a aplicação do Programa intitulado “Monitoramento Integrado de Medidas Protetivas
de Urgência”, de acordo com a Lei distrital n° 6.933/2021, sem prejuízo da utilização de outros
programas de mesma natureza.
II- a divulgação periódica dos relatórios elaborados pelo Observatório de Violência
Contra a Mulher e Feminicídio no Distrito Federal, nos termos do art. 276, inciso VII, da Lei
Orgânica do Distrito Federal e da Lei distrital n° 6.929/2021.
Art. 10 O atendimento à mulher vítima de violência será prestado conjuntamente
pelas áreas de segurança, de assistência judiciária, e de assistência à saúde e serviço social,
em conformidade com a Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
§ 1º O atendimento de que trata o caput deste artigo será prestado de forma
ininterrupta e compreenderá, dentre outros, os serviços realizados pelas seguintes áreas:
I – delegacia policial especializada;
II – medicina legal;
III – atenção médica de urgência e emergência;
IV – assistência judiciária;
V – assistência social.
§ 2º A integração da rede de atendimento descrita nos incisos do parágrafo anterior,
visa, além da implementação de políticas públicas protetivas da mulher, assegurar sua
autonomia de vontade, e resguardar os demais direitos previstos na legislação vigente.
§ 3º Assegura-se à mulher com deficiência e/ou doença rara, vítima de violência,
atendimento especializado de acordo com suas necessidades.
Art. 11 O Serviço de Atendimento à Mulher vítima de violência, também funcionará
nos termos da Lei distrital n° 2.701, de 4 de abril 2001, sem prejuízo do disposto na Lei
distrital n° 3.850 de 28 de abril de 2006.
Parágrafo único. O serviço a que se refere o §1º do art. 10 deste Código, será
prestado prioritária e preferencialmente por mulheres.
Art. 12 O Formulário Nacional de Avaliação de Risco, de que trata a Resolução
Conjunta nº 5, de 3 de março de 2020, do Conselho Nacional de Justiça – CNJ e do Conselho
Nacional do Ministério Público – CNMP, em consonância com o disposto no art. 276, caput,
da Lei Orgânica do Distrito Federal, será utilizado para o atendimento da mulher vítima de
violência.
Art. 13 É assegurado às mulheres em situação de risco de violência doméstica e
familiar a utilização do dispositivo denominado “botão do pânico”, nos termos da Lei distrital
nº 6.156/2018, sem prejuízo das demais disposições estabelecidas pela norma em referência.
Art. 14 Os espaços de acolhimento e atendimento psicológico e social, bem como
aqueles destinados à orientação e encaminhamento jurídico, incluem os Centros
Especializados de Atendimento à Mulher – Ceams, os Núcleos de Atendimento às Famílias e
aos Autores de Violência Doméstica – Nafavds, os núcleos Pró-Vítima e os Centros de
Referência Especializada em Assistência Social – Creas.
Parágrafo único . Todas as regiões administrativas do Distrito Federal deverão
disponibilizar os locais de atendimento a que se refere o caput deste artigo, os quais contarão

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com dotação orçamentária adequada para que o trabalho desenvolvido seja de excelência em
todas as suas etapas.
Art. 15 É assegurado à mulher vítima de violência doméstica e familiar, após
encerrado o período de abrigamento em equipamento público de que tratam a Lei nº 434, de
19 de abril de 1993, e o art. 35, II, da Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006,
acompanhamento e a assistência por unidade pública de referência em assistência social, nos
termos da Lei nº 6.910/2021.
Art. 16 Ficam obrigados a divulgar o serviço de Disque Denúncia de Violência contra
a Mulher, nos termos da Lei distrital n° 6.283, de 8 de abril de 2019, os seguintes locais:
I – hotéis, pensões, motéis, pousadas e outros que demais estabelecimentos que
prestem serviços de hospedagem;
II – bares, restaurantes, lanchonetes e similares;
III – casas noturnas de qualquer natureza;
IV – clubes sociais e associações recreativas ou desportivas que promovam eventos
com entrada paga;
V – agências de viagens e locais de transportes de qualquer natureza;
VI – salões de beleza, academias de dança, de ginástica e outros com atividades
correlatas;
VII – postos de serviço de autoatendimento e postos de combustíveis;
VIII – condomínios residenciais;
IX - prédios ocupados por órgãos públicos no Distrito Federal.
§ 1º Os locais especificados nos incisos deste artigo devem afixar, em área de maior
circulação de pessoas, placas com o seguinte teor “Violência contra a mulher disque 180:
esse número presta acolhida qualificada às mulheres em situação de risco”.
§ 2º Os responsáveis pelos locais de que tratam os incisos deste artigo deverão,
ainda, contatar o nº 190 sempre que testemunharem agressões físicas ou psicológicas
perpetradas contra mulheres, sem prejuízo do disposto na Lei distrital nº 6.564, de 29 de abril
de 2020.
Art. 17 As empresas de transporte público e privado de passageiros, em atividade no
Distrito Federal, devem adotar medidas para prevenir e combater a violência contra a mulher,
sem prejuízo de aplicação das demais disposições estabelecidas pela Lei distrital n° 7.192,
de 21 dezembro de 2022.

SEÇÃO III
Do Direito à Saúde

Art. 18 A saúde, direito de todos e dever do Estado, integra o conjunto de prioridades


estabelecido neste Código.
Parágrafo único. A Política Distrital de saúde da mulher compreenderá a
implementação de Políticas Públicas direcionadas à plenitude emocional e física das
mulheres, tanto no campo quanto em área urbana, sem prejuízo do disposto na Lei distrital nº
6.812, de 02 de fevereiro de 2021.
Art. 19 É direito de toda mulher estar acompanhada quando necessitar dos serviços
de consultas e exames prestados nos estabelecimentos públicos e privados de saúde do
Distrito Federal.

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Parágrafo Único . O acompanhante a que faz referência o caput deste artigo será de
livre escolha da mulher, nos termos da Lei distrital nº 7.062, de 11 de janeiro de 2022.
Art. 20 O Poder Público do Distrito Federal executará as ações necessárias à efetiva
implementação e divulgação do Programa intitulado “Mães de Brasília”.
§1° O programa a que faz referência o caput deste artigo objetiva assegurar à
gestante, em situação de vulnerabilidade social, assistência integral à saúde, incluindo pré-
natal, parto e pós-parto, nos termos da Lei distrital nº 6.816, de 19 de março de 2021.
§2° O cuidado com o recém-nascido, igualmente previsto na Lei distrital nº 6.816, de
19 de março de 2021, integra o rol de direitos garantidos por este Código.
§3° É obrigação do Estado, da família e das instituições públicas e privadas de saúde,
em atividade no Distrito Federal, adotarem medidas protetivas para nascituros, sem prejuízo
das demais obrigações previstas na legislação vigente.
Art. 21 É direito de toda grávida participar de cursos gratuitos destinados a instruí-la
sobre medidas de socorro emergencial para crianças entre 0 e 6 anos de idade, nos termos
da Lei distrital nº 3.226, de 18 de novembro de 2003.
Art. 22 Os cursos a que se refere o artigo anterior serão ministrados,
preferencialmente, nos seguintes locais:
I - em hospitais e postos de saúde da rede pública;
II - em áreas adequadas dos hospitais da rede privada;
III - quando possível, e a critério do comando Geral, nas unidades do Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal.
Parágrafo único . As demais disposições estabelecidas pela Lei distrital nº 3.226, de
18 de novembro de 2003, passam a fazer parte deste Código de Defesa.
Art. 23 Às mulheres que sofrerem perda gestacional precoce é assegurado
atendimento psicossocial nas unidades de saúde da rede pública e privada do Distrito
Federal, nos termos da Lei distrital nº 7.209, de 28 de dezembro de 2022.
Art. 24 As mulheres grávidas e paridas serão devidamente orientadas quanto à
política nacional de atenção obstétrica e neonatal, nos termos da Lei distrital nº 6.144, de 07
de junho de 2018.
Art. 25 Nos termos da Lei distrital nº 6.795, de 26 de janeiro de 2021, fica o Poder
Público do Distrito Federal obrigado a divulgar e implementar o Programa de Prevenção à
Endometriose e à infertilidade.
Parágrafo único. O Programa a que alude o caput deste artigo prevê o
desenvolvimento de projetos destinados à conscientização de profissionais de saúde sobre a
importância do diagnóstico precoce, e sobre a importância de que o público alvo saiba
identificar os sintomas da doença.
Art. 26 É assegurado às mulheres com hipertrofia, macromastia ou gigantomastia
mamárias, o direito a cirurgias redutoras ou reparadoras, nos termos estabelecidos pela Lei
distrital nº 7.135, de 17 de maio de 2022.
Art. 27. É assegurado às mães com filhos portadores de doenças raras, atendimento
prioritário nos Centros de Referência em Doenças Raras do Distrito Federal, a fim de que o
diagnóstico e o mapeamento das doenças contempladas neste artigo, obtenham atendimento
célere e tratamento adequado, sem prejuízo do disposto na Lei distrital n° 5.225, de 29 de
novembro de 2013.
§1º Para o disposto no caput deste artigo, tanto as mães quanto seus filhos têm
direito a atendimento multidisciplinar, integrado por psicólogo, psiquiatra, assistente social e
outros profissionais que vierem a ser definidos por legislação específica.

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§2° Tanto o disposto no caput deste artigo quanto o acompanhamento a que se refere
seu §1º são aplicáveis às mulheres com doenças raras.
Art. 28. Integra o presente Código de defesa da mulher o Programa de Proteção à
Policial Civil, à Policial Militar e à Bombeira Militar do Distrito Federal gestantes e/ou lactantes,
nos termos da Lei distrital nº 7.138, de 17 de maio de 2022.

SEÇÃO IV
Do Direito à Educação

Art. 29 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade civil, visando ao pleno desenvolvimento da
mulher.
Art. 30 As políticas públicas direcionadas à qualificação educacional e profissional
das mulheres, prioritariamente em situação de violência e/ou vulnerabilidade social,
compreenderão ações efetivas do Estado, e contarão com a colaboração das Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, e com a efetiva participação das
Associações e Instituições do Terceiro Setor.
Art. 31. Assegura-se às mulheres vítimas de violência física ou psicológica, prioridade
de inscrição nos cursos de qualificação profissional ofertados pela Administração Pública do
Distrito Federal, nos termos da Lei distrital nº 6.607, de 28 de maio de 2020.
Art. 32. Assegura-se aos filhos das mulheres a que se refere o artigo anterior,
prioridade de matrícula ou transferência nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio
das redes pública e privada do Distrito Federal, sem prejuízo das demais disposições
previstas na Lei distrital n° 5.914 de 13 de julho de 2017.

SEÇÃO V
Do Direito à Moradia

Art. 33 Para o disposto neste Código de Defesa da Mulher, reconhece-se a moradia


como um direito humano universal e imprescindível à inclusão social.
Art. 34 Assegura-se às mulheres de que trata o caput do art. 31 deste Código,
prioridade de atendimento nos programas habitacionais implementados pelo governo local,
sem prejuízo das demais disposições previstas na Lei distrital nº 6.192, de 31 de julho de
2018.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo será aplicado quando a mulher,
vítima de violência física ou psicológica, residir no Distrito Federal.
Art. 35. Os direitos sociais estabelecidos pela Lei distrital nº 6.623, de 25 de junho de
2020, passam a integrar este Código de Defesa dos Direitos da Mulher.
Art. 36. As mulheres responsáveis economicamente pela unidade familiar têm
prioridade de atendimento na política habitacional do Distrito Federal, de acordo com a Lei
distrital nº 5.680, de 19 de julho de 2016.

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SEÇÃO VI
Do Direito ao Trabalho

Art. 37. O Estado e a sociedade civil reconhecem a ampla e irrestrita liberdade da


mulher para escolher sua profissão, e exercê-la em sua plenitude.
§1º É dever do Estado proteger o mercado de trabalho da mulher, mediante a criação
de incentivos específicos conforme disposto no inciso XX do art. 7º da Constituição Federal
vigente.
§2º O Estado deverá implementar ações e programas que fortaleçam a atividade
econômica do Distrito Federal, e assegurem a igualdade de salários entre homens e
mulheres, desde que ambos exerçam idênticas atribuições e mesma jornada de trabalho.
Art. 38. Os incentivos previstos na Lei distrital nº 6.756, de 14 de dezembro de 2020,
destinados ao desenvolvimento das atividades econômicas lideradas por mulheres, integram
este Código de Defesa.
Art. 39. As empresas que destinarem pelo menos 5% de seus postos de trabalho
para mulheres em situação de violência doméstica ou de vulnerabilidade social, farão jus ao
Selo “Mulher Livre”, conforme estabelecido pela Lei distrital nº 6.587, de 25 de maio de 2020.
Parágrafo único. O Poder Público avaliará a possibilidade de criação de incentivos
fiscais capazes de incrementar as ações previstas no caput deste artigo.
Art. 40. O Banco de empregos para mulheres vítimas de violência doméstica e
familiar, criado pela Lei distrital nº 6.022, de 14 de dezembro de 2017, integra este Código de
Defesa para todos os efeitos legais.

CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS

Art. 41. Superada a fase judicial necessária à adoção de medidas protetivas de


urgência, a ofendida será imediatamente encaminhada para o atendimento de que trata o art.
10 deste Código, sem prejuízo de aplicabilidade das demais disposições fixadas pela Lei
federal nº 11.340, de 07 de agosto de 2006.
Art. 42. Todas as medidas protetivas estabelecidas pelo art. 22 da Lei federal nº
11.340, de 07 de agosto de 2006, são recepcionadas por este Código.

CAPÍTULO III
DOS ATORES RESPONSÁVEIS PELA EFETIVIDADE DOS DIREITOS RECONHECIDOS
POR ESTE CÓDIGO

Art. 43. Compete ao poder público, à família e à sociedade civil desconstruir a


perversa cultura de objetificação da mulher.
Art. 44. As ações direcionadas à proteção da mulher, à desconstrução da cultura de
objetificação feminina, e à garantia de que seus direitos serão respeitados, constituem

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obrigação do Estado e de toda a sociedade civil, e contarão com a participação efetiva dos
seguintes atores:
I - dos Órgãos da Administração Pública Direta, Indireta, Fundacional e Autárquica do
Distrito Federal;
II - da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
III- da rede educacional pública e privada do Distrito Federal;
IV- dos veículos de comunicação;
V- das instituições religiosas.
Parágrafo único. A colaboração de interesse público com instituições religiosas é
reconhecida como instrumento de defesa dos direitos da mulher, conforme previsto pelo
inciso I do art. 19 da Constituição Federal.
Art. 45. O ensino sobre noções básicas da Lei federal nº 11.340, de 07 de agosto de
2006, passa a figurar como conteúdo transversal do currículo escolar da rede pública de
ensino do Distrito Federal, nos termos da Lei distrital nº 6.367, de 28 de agosto de 2019.

TÍTULO III
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

CAPÍTULO I
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DA VULNERABILIDADE

Art. 46. Nos termos da Lei distrital nº 6.587, de 25 de maio de 2020, considera-se,
para o disposto neste Código:
§1º Violência doméstica são as condutas descritas no art. 7º e incisos da Lei federal
nº 11.340, de 07 de agosto de 2006.
§2 º Vulnerabilidade social, a comprovação de uma ou mais das seguintes condições:
I- insegurança de renda decorrente de precária inserção no mercado de trabalho ou
situação perene de desemprego;
II – baixo grau de escolarização ou falta de formação técnica;
III – falta de moradia ou necessidade de abrigo fora do lar;
IV – dependência econômica do companheiro autor de violência, ou de terceiros;
V – residência recente no Distrito Federal em razão da necessidade de desvincular-se
de violência doméstica ou familiar em outra unidade da Federação;
VI – falta de acesso às estruturas de oportunidade oferecidas pelo mercado, pelo
Estado ou pela sociedade civil, que importe em carência de um conjunto de atributos
necessários à dignidade da mulher;
Art. 47. As circunstâncias estabelecidas nos incisos do §2 º do artigo anterior, não
esgotam as hipóteses de comprovação de vulnerabilidade social.

CAPÍTULO II
DAS PENAS

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Art. 48 . À violência física e/ou psicológica praticada contra a mulher, em sua forma
tentada ou consumada, aplicar-se-á o disposto na Lei federal nº 11.340, de 07 de agosto de
2006, sem prejuízo da aplicação conjunta das seguintes medidas:
I – multa;
II – prestação de serviços sociais;
III – proibição de frequentar casas noturnas após às 22h, por tempo mínimo de 1 ano;
IV – obrigatoriedade de acompanhamento psiquiátrico e/ou psicológico, nas
condições e tempo definidos por profissional da área;
Parágrafo único. Quando o descumprimento das regras impostas por este Código for
praticado por pessoa jurídica, aplicar-se-ão as seguintes medidas:
I - proibição de recebimento de apoio, incentivos, subsídios e/ou patrocínios públicos;
II – multa;
III – suspensão temporária das atividades.
Art. 49 Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art. 50 Revogam-se as disposições em contrário.

JUSTIFICATIVA

Trata-se de Projeto de Lei que visa fortalecer e difundir as medidas de proteção e os


direitos da mulher. Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em
2021, a cada 14 dias, uma mulher foi vítima de feminicídio no Distrito Federal e, a cada 24h,
outras 45 foram vítimas de violência doméstica. [1]
A fim de reafirmar que a violência não é natural, a luta das mulheres contra a
discriminação e por igualdade de direitos civis, sociais, políticos e culturais, não é ignorada.
Infelizmente, vivemos em um estado e em um país onde mulheres ainda são mortas por
serem mulheres.
Sob o ângulo constitucional explícito, tem-se como dever do Estado assegurar a
assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para
coibir a violência no âmbito de suas relações.
Nesse sentido, o presente projeto pretende combater e prevenir a violência física,
emocional, psicológica, sexual, econômica e verbal contra mulheres como algo frequente e
fortemente enraizado nas desigualdades de gênero persistentes na sociedade brasileira e, de
maneira específica, na capital federal.
Isto, pois, entende-se que é preciso dar prosseguimento ao processo de liberdade e
igualdade, com ações efetivas que venham preencher a lacuna existente entre a teoria e a
prática. Para tanto, fixa o princípio da dignidade da pessoa humana como cláusula geral de
proteção da pessoa.
Considera-se que os direitos humanos são comuns a todos os seres humanos, “[...]
sem distinção de raça, sexo, classe social, religião, etnia, cidadania política ou julgamento
moral” [2] , e decorrem do reconhecimento da dignidade intrínseca a todo ser humano. Assim,
por direitos humanos entendem-se aqueles direitos considerados fundamentais e que são
próprios do homem pelo simples fato de ser humano.

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Nesse sentido, a dignidade de grupos de vulneráveis deve ser tratada de acordo com
suas singularidades, a partir da especificação do sujeito de direito, que passa a ser visto em
sua peculiaridade e particularidade. Somando-se às crianças, aos indivíduos com deficiência
e aos refugiados, estão as mulheres.
Notável jurista Norberto Bobbio, assevera que o direito surge como uma resposta às
violências que a sociedade compreende injustificáveis. Nas palavras do autor:

“[...] os direitos do homem, por mais fundamentais que sejam,


são direitos históricos, ou seja, nascidos em certas
circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas
liberdades contra velhos poderes, e nascidos de modo
gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas
(BOBBIO, 2004, p. 26).” [3]

É bem verdade que já existem legislações regulando e prevendo os direitos das


mulheres. Ainda é necessário, entretanto, proposições como esta, através da quais é possível
promover maior visibilidade e efetividade na transformação de condutas formando cidadãs
conhecedoras de seus direitos e deveres, através da informação.
Portanto, ante o evidente interesse público e relevância da matéria, solicito
gentilmente o apoio dos meus nobres pares para a aprovação da presente propositura.

[1] https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2022/03/4994805-um-feminicidio-a-cada-16-dias-no-df-
maioria-dos-casos-ocorre-em-casa.html
[2] BENEVIDES, Maria Victória. Cidadania e justiça, pág. 16) In: Revista da FDE, São Paulo, n. 33, ago. 1994.
Disponível em:https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S010264451994000200002&lng=pt&tlng=pt.
[3] BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

PASTOR DANIEL DE CASTRO


Deputado Distrital
Praça Municipal, Quadra 2, Lote 5, 2º Andar, Gab 7 - CEP: 70094902 - Brasília - DF - Tel.: 6133488072
www.cl.df.gov.br - [email protected]

Documento assinado eletronicamente por DANIEL DE CASTRO SOUSA - Matr. Nº 00160, Deputado(a)
Distrital, em 06/03/2023, às 16:29:20 , conforme Ato do Vice-Presidente e da Terceira Secretária nº 02,
de 2020, publicado no Diário da Câmara Legislativa do Distrito Federal nº 284, de 27 de novembo de
2020.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site

PL 14755 - Projeto de Lei - Deputado Pastor Daniel de Castro - (60558) pg.11


https://ple.cl.df.gov.br/#/autenticidade
Código Verificador: 60558 , Código CRC: 2f7bdc3c

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