O Que É Graça??

O QUE É GRAÇA?
Graça: favor imerecido
Você certamente já ouviu alguém dizendo versos

bíblicos como “minha graça te basta” (2 Co 12,9) ou
um tipo de saudação muito usada pelo mesmo
apóstolo Paulo: “graça e paz da parte de Deus”. Mas o
que significa “graça”, palavra tão usada no ambiente
cristão?
Graça deriva da palavra grega charis e significa

dentre outras coisas: favor, atitude favorável ou
ato de bondade. Então quando você ouvir alguém
dizendo que nós somos “salvos pela graça” (Ef 2,8),
isso significa que somos salvos por um favor divino. Trocando em miúdos: ninguém
recebe a salvação por méritos próprios, mas pelo favor, pela graça divina. Entendeu?
Caso não tenha entendido aqui vão dois exemplos.
Imagine um assaltante diante de um juiz. Ele sabe que é culpado e só está esperando
a sentença. O julgamento prossegue e após examinar as provas, o juiz conclui que ele
é culpado. O que resta a esse sujeito senão a condenação? Mas eis que o juiz, numa
atitude inesperada, declara que o réu é inocente!
Um segundo exemplo.
Um grupo de amigos inscreve-se no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O

tempo passa e eles não estudam o suficiente para ser aprovados no concurso. O grau
alcançado é muito baixo para que ingressem naquela universidade tão sonhada. Eis
que no dia da divulgação da relação de aprovados o inesperado acontece: o nome dos
três aparece na lista!
É claro que os dois exemplos acima não acontecem (ou não deveriam acontecer) no
mundo real. Um juiz não deve declarar um réu inocente apenas porque simpatizou
com ele. Tampouco o Ministério da Educação deve aprovar candidatos com nota
insuficiente apenas porque decidiu fazer esse favor num ato de bondade. Os demais
candidatos reprovados iriam reclamar, claro.
Agora vamos pensar na graça sob a perspectiva bíblica. Quando as Escrituras dizem
que somos salvos pela graça, está dizendo que tal salvação ocorre não por esforço ou
por méritos ou obras pessoais, mas pelo favor, pela graça de Deus (Ef 2,8-9). Sem
essa graça todos estaríamos condenados ou reprovados (Rm 3,23-24).
Eleitos para as boas obras
Embora geralmente se diga que a doutrina da graça seja um conceito exclusivo do

Novo Testamento, há alguns textos do Antigo Testamento contendo esta ideia. Veja
este contido no Deuteronômio:
“O Senhor não se afeiçoou a vocês nem os escolheu por serem mais numerosos do
que os outros povos, pois vocês eram o menor de todos os povos. Mas foi porque
o Senhor os amou e por causa do juramento que fez aos seus antepassados” (Dt
7,7-8).
Repare que a eleição de Israel não ocorre, segundo este texto, por alguma
virtude especial deste povo. Muito pelo contrário, ele é apresentado como “o
menor de todos os povos”. Israel foi escolhido não porque merecesse, mas “porque o
Senhor o amou”.
E esse amor de Deus por nós, essa graça que nos alcança, não é um presente que se
guarda no fundo da gaveta. O Evangelho de João reflete sobre esse amor quando diz:
“quanto a nós, amemos, porque ele nos amou primeiro” (Jo 4,19). Então nunca se
esqueça: quando a graça nos alcança (pela fé, cf. Rm 5,2) ela deve produzir frutos, ela
deve produzir boas obras (Tg 2,26).
Graça salvadora
Como já foi dito anteriormente, Israel não foi eleito por Deus por ser dotado de
alguma virtude especial, mas porque Deus assim desejou. E essa eleição teve um
propósito muito especial: levar a todas as nações o conhecimento das obras
que Deus realizou e sua vontade aos homens. Este conhecimento, preservado
pelos judeus, ganhou uma nova dimensão com a pregação de Jesus Cristo e mais
tarde pelo trabalho missionário dos apóstolos, principalmente Paulo, chamado de
apóstolo dos gentios (Rm 11,13).
O Novo Testamento estende esta graça a todas as nações (gentios) e não apenas aos
judeus (Ef 3,8; At 28,28). Antes da criação do mundo, Deus, em sua soberania, à luz
de sua presciência, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que,
no correr dos tempos, aceitariam livremente o dom da salvação (Rm 8,28-30). Para
finalizar, não se esqueça: a graça não se compra, não se vende, não se negocia. É dom
gratuito de Deus àqueles que a recebem pela fé.

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