Direito Coletivo Do Trabalho I

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 3

3.

17 Direito coletivo do trabalho I


Como vimos no início de nosso curso, o Direito do Trabalho pode ser classificado em individual
ou coletivo. Por Direito Individual do Trabalho lembramos que é o campo de estudo de regras
de natureza privada, contratuais, ou decorrentes do contrato de trabalho mantido entre
empregado e empregador (MARTINS, 2004, p. 111).

Sindicatos
Certamente você deve se lembrar que quando estudamos as origens e o histórico do direito do
trabalho, foi comentado que o empregado, sozinho, não possuía qualquer condição de pleitear
melhores condições de labor. Porém, quando houve uma união em prol de interesses comuns,
passaram a pleitear, com força, um novo contexto. Essa foi a essência dos sindicatos naquela
época.

Portanto podemos defini-lo como uma entidade de natureza privada (não há intervenção estatal,
mas apenas a necessidade de registro perante os órgãos competentes, na forma do art. 558, §1º,
da CLT) representativa dos interesses de seus componentes, sejam eles empregados ou mesmo
empregadores.

Aos sindicatos aplica-se o princípio da unicidade, ou seja, não se permite a existência de mais
de um em uma mesma base territorial, entende-se como tal, ao menos um município (apesar de
haver esse mínimo, não há conceito de abrangência máxima).

Constituição Federal de 1988: “Art. 8º (...) II - é vedada a criação de mais de uma organização
sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não
podendo ser inferior à área de um Município”.

Dentro da base territorial que lhe for determinada é facultado ao sindicato instituir delegacias ou
seções para melhor proteção dos associados e da categoria econômica ou profissional ou
profissão liberal representada (art. 517, §2º, da CLT).

Esse princípio é, sem dúvida, a materialização de uma barreira impedindo que haja competição
(e por consequência, melhoria nos serviços) entre os sindicatos.

Em relação às prerrogativas dos sindicatos, destacamos as seguintes (art. 513 da CLT):

 Representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da


respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados
relativos à atividade ou profissão exercida (função de representação);

 Celebrar contratos coletivos de trabalho (função negocial);

 Eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal;

 Colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos
problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal;

 Impor contribuições a todos àqueles que participam das categorias econômicas ou


profissionais ou das profissões liberais representadas.
No mesmo sentido, caberá ao sindicato (art. 514 da CLT):

 Colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social;

 Manter serviços de assistência judiciária para os associados (função assistencial); 

 Promover a conciliação nos dissídios de trabalho;

 Sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro de
pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente
social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa
e a integração profissional na Classe.

Em resumo, o sindicato terá função de representação, negocial e assistencial.

São órgãos do sindicato: Assembleia Geral, Conselho Fiscal e Diretoria. 

A Assembleia Geral é um órgão colegiado de máxima hierárquica, ao qual cabe deliberar sobre
as matérias que lhes são submetidas (vota, portanto, em relação à celebração, extensão e
revogação das normas coletivas). Além disso, é responsável pela criação dos estatutos e
diretrizes do sindicato.

Ao Conselho Fiscal (composta por três membros eleitos em assembleia geral), na forma do art.
522, §2º, da CLT) cabe à fiscalização dos recursos, ou seja, arrecadação das contribuições e
aplicação das mesmas de acordo com os fins estatutários.

Por fim, a Diretoria é o órgão cuja responsabilidade é de administração do próprio sindicato, e


sua composição deverá ser de três a sete membros.

Negociação Coletiva
Pois bem, sabemos que muitos direitos constantes em nossa legislação podem ser negociados
mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho, que são documentos que envolvem
negociação sindical (direito coletivo do trabalho) para buscar melhores condições de trabalho
aos empregados.

Convenção Coletiva de Trabalho


Na forma do art. 611 da CLT, “Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter
normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de  categorias econômicas e
profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas
representações, às relações individuais de trabalho”. Portanto, na Convenção Coletiva, a
negociação é feita entre sindicatos.
Acordo Coletivo de Trabalho
Já no “acordo coletivo” há a participação de um sindicato de empregados e uma empresa ou
grupo de empresas, mas estas não estarão representadas por seus respectivos sindicatos (art.
611, §1º, da CLT).

Art. 611 (...).

§ 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos


Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem
condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações
de trabalho.

Considerando que tanto a Convenção como o Acordo Coletivo são instrumentos normativos,
para sua validade devem constar em seus textos, obrigatoriamente, as seguintes condições (art.
613 da CLT): 

1. Designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas acordantes;

2. Prazo de vigência;

3. Categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos dispositivos;

4. Condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência;

5. Normas para a conciliação das divergências sugeridas entre os convenentes por motivos
da aplicação de seus dispositivos;

6. Disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus


dispositivos;

7. Direitos e deveres dos empregados e empresas, e

8. Penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de


violação de seus dispositivos.

É possível perceber que a busca por melhores condições de trabalho será mais efetiva se houver
a união dos trabalhadores em um sindicato. A força que apenas um trabalhador isolado possui é
muito pouca se comparado com a pressão que grandes sindicatos podem fazer para buscar esse
ideal.

Você também pode gostar