21 Máximas para Pastores Desanimados Por Douglas Wilson

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Máximas para Pastores Desanimados por Douglas Wilson

1.O ministério é um trabalho árduo e exigente.

“Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha
para trás é apto para o reino de Deus” (Lucas 9.62).
Em 2 Timóteo 2.3-6, o apóstolo Paulo compara a obra do ministério a três
vocações, e todas elas envolvem uma grande quantidade de suor –
soldados, atletas e agricultores. O chamado ao ministério não é para
florzinhas, e se florzinhas podem fazer isso, não é ministério.

2. O ministério é uma obra sacrificial.

Irmãos, não vos maravilheis se o mundo vos odeia” (1 João 3.13).


Há muitos sacrifícios envolvidos, mas um dos principais sacrifícios é o da
reputação. É claro que, em certo sentido, todo pastor precisa ter um bom
testemunho dos de fora (1 Timóteo 3.7). Todo líder cristão precisa ser um
homem honrado, mas se você quiser ser fiel, há um certo tipo de
respeitabilidade que você pode muito bem dar um beijo de despedida
agora.

Charles Spurgeon disse assim: “Quanto mais proeminente você for no


serviço de Cristo, mais certo será o alvo da calúnia. Há muito tempo,
disse adeus a minha reputação. Eu a perdi nos primeiros dias de meu
ministério por ser um pouco mais zeloso do que o adequado para uma
idade avançada. E eu nunca fui capaz de recuperá-la, exceto aos olhos…
daquele que julga toda a terra, e nos corações daqueles que me amam por
causa do meu trabalho

3. O ministério pode ser um trabalho ingrato.

“… e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe;


e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que
foram curados? Onde estão os nove?” (Lucas 17.16–17).
Certamente, muitos ministros recebem uma gratidão real de muitos dos
santos. Existem crentes bons e piedosos que são muito gratos pelo
ministério que é conduzido em seu favor. É assim que deve ser. Eles estão
fazendo o que as Escrituras exigem (1 Timóteo 5.17). Contudo, também
haverá erosões no ministério, onde horas incontáveis se vão, e onde a
gratidão raramente estará em evidência. Isso é um problema, mas deve ser
um problema deles, não seu.

O ministério está diante do Senhor, não diante do homem. Deixe o Senhor


recompensá-lo, deixe o Senhor agradecer. Jesus nos diz que devemos fazer
questão de ministrar entre aqueles que não podem (ou talvez não vão)
retribuir. Fazer algo que desperte gratidão é um tipo de bênção. Fazer algo
que não desperta gratidão, seja qual for, é outro tipo de bênção e, em
minha opinião, é a maior delas (Lucas 14.12).

4. Os eventos que cumprem essas três primeiras máximas não são um


sinal de que algo deu errado.

Quando você experimenta tais coisas, coisas que todo ministro fiel de
Cristo também já experimentou, isso deve ser um encorajamento para
você. Você está no lugar certo. Você se alistou no exército. Agora você está
na linha de frente e as pessoas estão atirando em você. Isso tudo faz parte
do assunto. Como meu filho disse recentemente, um exército pode
desfrutar de alguns momentos de tranquilidade marchando de uma batalha
para outra – mas as batalhas são o motivo dos soldados existirem. O tipo
errado de conflito sempre deve ser evitado, mas o tipo certo de conflito é o
que importa.

5. Aprenda a distinguir o cansaço do esgotamento.


“Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite


e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos
proclamamos o evangelho de Deus.” (1 Tessalonicenses 2.9).
Quando você deitar e acordar no modo automático, o resultado final será
esgotamento. Quando você recebe grande nutrição do Senhor, e queima
cada caloria dela no ministério, você cairá na cama exausto. Isso não é um
problema. Isso é o que você deve fazer. Mas isso não é a mesma coisa que
enlouquecer.

6. Guarde seu coração. Ande com Deus. Confesse seus pecados.

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;


porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.”
(1 Timóteo 4.16).
O Evangelho é a sua vida, e não sua especialidade acadêmica ou
vocacional. Não ensine sobre coisas que não têm sido seu alimento. Divida
o pão que você também está comendo. Encoraje os santos a crescerem
enquanto você também está crescendo. Entre todos os seus paroquianos, a
salvação mais importante para cuidar seria a sua.

À medida que sua justificação está totalmente em evidência, à medida que


sua santificação cresce e floresce, você está fazendo um bem fundamental
à sua congregação. Como pastor, você não é o chefe dos cristãos, mas sim
o cristão líder. Você não é o maestro – Cristo o é – então aprenda a se
considerar o primeiro violinista, fazendo o que todos os violinistas estão
fazendo.

7. Proteja sua família e deixe que ela o proteja.

“(pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da


igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3.5).

Suas qualificações centrais para o ministério não são encontradas em seus


estudos de pós-graduação, ou em sua biblioteca, ou nos webinários de
liderança que você participa. Eles são encontrados ao redor da mesa de
jantar, em seu amor por sua esposa, no riso da cozinha, em seus alegres
sacrifícios por seus filhos e em cantar no carro.

8. As Escrituras contêm todas as ferramentas de que você precisa para


o ministério.

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a


repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra.” (2 Timóteo 3.16-17).
O “homem de Deus” aqui é o ministro, e “toda boa obra” mencionada são
as boas obras que qualquer ministro pode ser chamado a fazer. Quando
algum problema surge na congregação, e tudo sobre isso parece novo para
você, a primeira e mais importante pergunta sempre deve ser: “O que as
Escrituras ensinam sobre isso, e como posso descobrir?” Abordagens
alternativas não terão vergonha de se apresentar e, portanto, você deve ser
ávido por encontrar instruções bíblicas.

9. As ferramentas de que você precisa, mas que não conhece, não são
boas para ninguém.

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de


que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo
2.15).
Um ministro deve ser um leitor da Bíblia. Ele deve ler a Bíblia
repetidamente. Ele deve estar mergulhado nisso. Sempre que um problema
surge, se você tem a confiança de que existe um princípio bíblico que o

aborda, você também deve ter a confiança de que manipulou a ferramenta


de que precisa em algum momento de sua memória recente.

10. Não tente resolver problemas de aconselhamento que você nunca


aborda do púlpito.

“jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la


ensinar publicamente e também de casa em casa” (Atos 20.20).
A instrução particular, ou aconselhamento, é conduzida de casa em casa.
Você realmente ensina em seus estudos pastorais, em pequenos grupos de
estudos bíblicos e assim por diante. Mas, o que você está fazendo nesses
ambientes é espraiar princípios e doutrinas que você já declarou do
púlpito.

A base do seu ministério de aconselhamento deve ser o que você prega


publicamente. Isso – francamente – exige coragem. Além disso, certifique-
se de captar dicas para sua pregação de suas sessões de aconselhamento.
Se você tem três situações de ira doméstica, acessos de fúria e assim por
diante, então é necessário uma série de sermões sobre acessos de ira.
Pregue sobre os pecados que você sabe que estão sendo cometidos em sua
congregação, e menos sobre os pecados de Hollywood e Brasília.

11. Seu rebanho está em constante risco, e sua tarefa ordenada é estar
sempre entre eles e o perigo.

“O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as


ovelhas” (João 10.13).
O ponto aqui é amar o seu povo. A coragem é um subproduto do amor. Se
você os ama, quando o perigo vier, você não terá que pensar nisso.

12. A lealdade de seu rebanho para com você será uma expressão de
sua lealdade para com eles.

“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios


11.11).
Não perca seu tempo se perguntando por que não há tanta lealdade
manifesta a você. Mostre-os como é a lealdade. Você é o pastor – entregue-
se a eles. Mostre-lhes como é se entregar. Em seguida, incentive-os a
imitá-lo. Mas, se você não se entregar, não reclame que eles não estão se
entregando. Não reclame que eles não estão imitando-o, porque na verdade
eles estão imitando você.

13. Nunca use desculpas para apaziguar os outros. É claro que


desculpas devem ser dadas quando Deus exige, mas nunca quando
alguém sugere que uma simbólica conciliação pode funcionar.

“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a


cabeça, Cristo” (Efésios 4.15).
Oportunistas, remendadores, sabichões e outros amigos não confiáveis não
hesitarão em dizer para você mentir, se isso puder fazer o problema
desaparecer. Eles não vão pensar nisso como “mentira”, mas importa o que
isso realmente é. Uma mentira nunca pode ser corrigida com outra
mentira, nem mesmo uma mentira lisonjeira. Qualquer tipo de mentira,
mesmo uma mentira pacificadora, minará a força do seu ministério.
Devemos falar a verdade em amor – mas deve ser a verdade.

14. Recrute e treine bons homens para permanecerem com você.

“E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso


mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros”
(2 Timóteo 2.2).

Existem quatro gerações aqui – a de Paulo, de Timóteo, dos homens que


ele treinou e dos homens que eles treinaram. A liderança cristã na igreja é
de fato corporativa, mas também pessoal. Isso significa que a igreja deve
ser liderada por um pastor fiel, cercada e apoiada por presbíteros
confiáveis. Isso não é o mesmo que dizer que a igreja deve ser governada
por um comitê. Sabemos que a igreja não deve ser efetivamente governada
por um comitê pois sabemos que Deus nos ama.

15. Espere traições.

“Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes,
que não pouparão o rebanho” (Atos 20.29).
Sempre que uma obra de Deus começa a avançar no mundo, o diabo
primeiro a ataca de fora com perseguição. Quando isso não funciona, ele a
ataca de dentro por meio da dissensão. Deus odeia aqueles que semeiam
discórdia entre os irmãos (Provérbios 6.19), mas ainda assim os usa.

Tive o privilégio de assistir a um verdadeiro desfile de tolos realizando


esse tipo de grande bem para a igreja, repetidamente. Assim como um céu
vermelho ao anoitecer prediz um bom tempo, também as traições amargas
costumam ser o prelúdio de grandes bênçãos. Algumas das maiores
bênçãos da minha vida aconteceram exatamente dessa maneira. O que eu
não teria desejado por nada está agora classificado com aquelas coisas que
eu não trocaria por nada.

Judas pegou o dinheiro do Senhor. Judas recebeu a Ceia das mãos do


Senhor. Judas teve seus pés lavados pelo Senhor Jesus, e então caminhou
com aqueles pés lavados até os governantes dos judeus, e dali para o
Getsêmani. O resultado de suas maquinações foi a salvação do mundo.

16. Espere traições sem se tornar cínico ou amargo.


“… jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la


ensinar publicamente e também de casa em casa” (Atos 20.20).
O fato de Paulo saber que haveria traição nas fileiras dos presbíteros em
Éfeso não o impediu de “jamais deixar de anunciar”. Ele colocou tudo lá
fora. Isso o tornava vulnerável, mas não era uma vulnerabilidade causada
por ingenuidade. Era uma vulnerabilidade obediente. Entre com os dois
olhos abertos, mas também sem pestanejar. Portanto, quando você confia
em alguém e ele o decepciona, isso não lhe fornece um argumento bíblico
para não confiar em mais ninguém.

17. Repita para si mesmo. Lembre. Repasse e revise novamente.

“Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me


desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas”
(Filipenses 3.1).
O Evangelho pregado corretamente é alimento, não simplesmente
informação. Você nunca se recusa a almoçar porque já sabe o gosto de um
hambúrguer. Você sabe de fato qual é o gosto, mas esse conhecimento não
pode ser mastigado e engolido. Coloque comida na mesa para o povo de
Deus, e não tenha vergonha em colocar o mesmo prato na mesa de vez em
quando. Os veteranos deveriam amar, e as crianças que crescem na igreja
nunca tiveram isso antes. Lembre, reveja, repita. Um dos grandes pecados
nas Escrituras é o pecado do esquecimento.

18. Pessoas pecam. Se elas não pecassem, não precisariam de pastores.

“… o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo


homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem
perfeito em Cristo” (Colossenses 1.28).
Todo homem que pode ser apresentado “perfeito em Cristo” é também um
homem que precisa ser advertido. Homens que se ressentem por serem

advertidos são homens que já negligenciaram muitas admoestações. Cuide


do povo de Deus. Advirta-os com cuidado. Porventura, existe um
momento em que você pode simplesmente deixar esse dever passar?
Certamente. Olhe para o calendário e, se não for “hoje”, você pode pulá-lo
apenas desta vez (Hebreus 3.13).

19. O pecado não faz sentido. Se fizesse sentido, não seria pecado.

“Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o


pecado é a transgressão da lei”(1 João 3.4).
O pecado é ilegal. O pecado rejeita limites razoáveis. O pecado é, portanto,
incoerente. O pecado não faz sentido. Não perca tempo tentando descobrir
a lógica do pecado. Essa lógica não existe. Em vez disso, gaste seu tempo
descobrindo como as mentiras relacionadas ao pecado funcionam.

20. Algumas dessas máximas estão em tensão com outras.

“Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática,
têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas
também o mal” (Hebreus 5.14).
Como você se sente em relação a qual caminho seguir desta vez? A
maneira de aprender o discernimento é através do uso constante. Pratique,
pratique, pratique. A maneira de aprender como aplicar essas máximas
com sabedoria é praticá-las antes de ter essa sabedoria. Cada ministro
frutífero na história do mundo rotineiramente tem estado além de sua
capacidade de compreensão. Confie em Deus e prossiga.

21. Trabalhe pela recompensa.


“Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos,


na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?” (1
Tessalonicenses 2.19).
Você não aborda seus deveres como uma parte desinteressada, ou como
um bloco de madeira, ou um funcionário burocrático. Você deve trabalhar
com a colheita em mente. Contudo, nunca se esqueça de que essa colheita
é feita de pessoas. Qual é a nossa esperança, nossa alegria, nossa coroa
em que exultamos? Não são vocês?

E quando você tiver feito tudo, e estiver diante de seu Mestre – cortado,
sujo, sangrando, suando e respirando com dificuldade – você dirá que é um
servo indigno, e que só fez como foi instruído (Lucas 17:10). Só isso.

E Ele dirá: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25.23).

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