Sebenta - Farmacologia

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Introdução à Farmacologia

 Conceitos em Farmacologia
 Droga – qualquer substância que interage com o organismo produzindo efeito.
 Fármaco – substância com capacidade de modificar uma função fisiológica, utilizada para o tratamento,
prevenção ou diagnóstico de doença (com finalidade terapêutica).
Muitas substâncias podem ser consideradas ou não fármacos, dependendo da finalidade com que são
utilizadas. Por exemplo: a vitamina C, se for obtida por meio dos alimentos é considerada um nutriente, mas
se for administrada para correção de estados carenciais ou como estimulante das defesas orgânicas é definida
como um fármaco.
 Princípio Ativo – é a molécula isolada que apresenta farmacológica.
 Excipiente – substância que auxilia o fármaco a apresentar a devida forma e eficiência farmacêutica; serve
ainda para proteger o fármaco (p.ex.: oxidação e hidrólise) e facilitar a sua administração.
 Veículo – é um excipiente líquido que dá volume à fórmula farmacêutica, não apresenta ação farmacológica.
 Veneno ou tóxico – substância que introduzida numa determinada dose/concentração no organismo é capaz
de provocar alterações orgânicas ou funcionais prejudiciais.
 Dose/Concentração – quantidade administrada para produzir efeito.
 Dose letal – quantidade administrada que promove a falência generalizada do organismo.
 Doses terapêuticas – doses situadas entre a dose mínima (mínima dose susceptível de exercer ação
terapêutica) e a dose máxima (dose máxima do fármaco com a qual conseguimos obter efeito sem promover
efeitos tóxicos).
 Dose de manutenção – dose necessária para manter uma concentração plasmática efetiva de fármaco.
 Margem/Janela terapêutica – intervalo entre a Concentração Mínima
Efetiva (CME) e a Concentração Máxima Tolerada (CMT), sem
promover efeito tóxico.
Corresponde a uma faixa plasmática aceitável na qual os resultados
terapêuticos são positivos. Por exemplo: para crianças com peso
inferior a 20kg, a dose diária da amoxicilina pode variar entre 20 a
40mg/kg de peso corporal, portanto, se a criança tiver 10kg de peso
corporal, a dose diária pode ser no mínimo de 200mg e no máximo
de 400mg do fármaco. Assim, a janela terapêutica (dose
recomendada) diária do medicamento amoxicilina para crianças com
o peso corporal de 10kg varia entre 200 a 400mg.
 Tempo de semi-vida (t1/2) – é o tempo necessário para que a concentração de
um fármaco no sangue diminua para metade da sua concentração inicial.
Nota: em casos de alteração da função renal ou hepática, a meia vida de um
medicamento torna-se maior devido à incapacidade de metabolizar ou excretar
o medicamento.
 Efeito medicamentoso, farmacológico ou terapêutico – ação benéfica dos
fármacos sobre o organismo vivo.
 Efeitos Adversos:
 Relacionados com a ação farmacológica principal do fármaco – podem ocorrer quando há um aumento da
dose ou interação entre fármacos (p.ex.: hemorragias por anticoagulante).
 Não-relacionados com a ação farmacológica principal do fármaco – (i) quando aparecem em
consequência de dose excessiva, mas com efeitos não relacionados com o modo de ação do fármaco
(p.ex.: hepatotoxicidade ocasionada por analgésicos); (ii) podem ser também imprevisíveis, pois podem
ocorrer mesmo com doses terapêuticas (p.ex.: anemia aplástica com o uso de antibacterianos).
 Efeito colateral – efeito associado ao medicamento diferente do considerado como principal para o fármaco
em questão. Por exemplo: a aspirina é um analgésico antipirético (AINEs) utilizado para a dor, mas um dos
efeitos associados é a diminuição da agregação plaquetária.
 Efeitos tóxicos – reações adversas que surgem por excesso da dosagem.

 Origem dos fármacos


 Naturais – minerais (enxofre, cálcio, sódio, magnésio, ferro), animais (insulinas, heparina, óleo de fígado de
peixe) e vegetais (alcalóides, óleos essenciais, flavonóides).
 Sintéticos – são produzidos, unicamente, por manipulação química em laboratório (p.ex.: aspirina).
 Semi-sintéticos – são resultantes de reações químicas realizadas em laboratório nos fármacos naturais, ou
seja, sintetizados a partir de produtos naturais (p.ex.: heroína).
 Biotecnológicos – são definidos como produtos farmacêuticos fabricados por métodos de biotecnologia, com
produtos de origem biológica, geralmente envolvendo organismos vivos ou componentes ativos seus (p.ex.:
produtos de fermentação – vitaminas, antibióticos, aminoácidos – e resultantes de engenharia genética –
insulina recombinante).
 Biofármacos – combinando métodos de fabrico biológicos (1ª fase) e farmacêuticos (2ª fase) (p.ex.: vacinas).

 Desenvolvimento de novos fármacos


→ Os ensaios pré-clínicos são realizados em laboratório e com animais (mamíferos). Incluem-se então os
ensaios físico-químicos, farmacocinéticos (percurso dos medicamentos no organismo), farmacodinâmicos
(Dose Efetiva – determinar a eficácia do medicamento) e toxicológicos (Dose Letal para 50% da população).
→ Os ensaios clínicos são realizados no ser humano e dividem-se em 4 fases:
1. FASE I com até 80 voluntários saudáveis para determinar a segurança e dosagem da medicação. Nesta
fase, estabelece-se o perfil toxicológico do medicamento;
2. FASE II com até 300 pacientes para determinar a eficácia e segurança do medicamento a curto prazo;
3. FASE III com até 5 mil pacientes para determinar a segurança em uso a longo prazo, eficácia e
interações medicamentosas e ADME;
4. FASE IV são realizados após o lançamento do produto para estudar a diferenciação do medicamento em
relação a outros da mesma classe (Farmacovigilância).
Todos os dados recolhidos durante um estudo, que se estende por alguns anos e muitas vezes é realizado em
diversos países, são sistematizados e submetidos à apreciação das autoridades regulatórias a fim de obter a
aprovação e dar início à produção em larga escala e à comercialização do fármaco.

 Mecanismos de ação dos fármacos


→ Formas mais comuns onde os fármacos exercem a sua ação:
(i) Ação farmacológica não específica – atuação dos fármacos pelas suas propriedades físico-químicas (p.ex.:
anestésicos gerais, laxantes osmóticos, antiácidos);

(ii) Canais iónicos - ação como falsos substratos ou inibidores para certos sistemas de transporte (p.ex.:
bloqueadores dos canais de Ca2+; anestésicos locais: bloqueadores dos canais de Na+ nas fibras nervosas);
(iii) Enzimas – ação como falsos substratos ou inibidores para certas enzimas (p.ex.: inibidores da
ciclooxigenase, inibidores das colinesterases);
(iv) Transportadores – atuam na movimentação de iões (p.ex.: bomba de protões – mucosa gástrica -, co-
transportador Na+/K+/2Cl- - alsa de Henle);
(v) Receptores – atuação em moléculas proteicas específicas geralmente localizadas na membrana celular.

→ Moléculas Endógenas
1. Substâncias Transmissoras – substâncias químicas libertadas pelas transmissões nervosas e que se
difundem pela fenda sináptica ligando-se ao receptor, ativando-o através da alteração da sua conformação e
despoletando uma série de acontecimentos pós-sinápticos que resultam, por exemplo, na contração muscular
ou na secreção glandular.
Após a sua libertação, o transmissor é inativado, podendo ocorrer:
 Degradação Enzimática (acetilcolina);
 Recaptação (norepinefrina, GABA).
Muitos fármacos atuam quer reduzindo, quer aumentando a transmissão sináptica.

2. Hormonas – substâncias libertadas para a corrente sanguínea e que produzem os seus efeitos fisiológicos
nos tecidos que possuem os receptores específicos.
 Os fármacos podem interferir com o sistema endócrino, inibindo-o (p.ex.: fármacos antitiroidianos) ou
aumentando os seus efeitos (antidiabéticos orais).
 Outros fármacos interagem com receptores hormonais ativando-os (anti-inflamatórios esteróides) ou
bloqueando-os (antagonistas do estrogénio).
Hormonas Locais (autocóides) como a histamina, a serotonina e as prostaglandinas são libertadas nos processos
patológicos: os efeitos da histamina podem ser bloqueados por anti-histamínicos e o das prostaglandinas por anti-
inflamatórios não esteróides.
Hormonas Endócrinas – insulina, levotiroxina, cortisol, aldosterona, testosterona, estradiol.

→ Moléculas Sinalizadoras
As moléculas sinalizadoras, como as hormonas peptídicas e os neurotransmissores, são hidrossolúveis,
enquanto as hormonas esteróidese e tiroideias e as prostaglandinas são lipossolúveis – a diferença na
solubilidade é responsável pela diferença no mecanismo de ação.
(i) Moléculas hidrossolúveis não atravessam a membrana plasmática, ligando-se a receptores proteicos da
superfície da célula, resultando a formação de 2º mensageiros, que veiculam e amplificam a mensagem
original (resposta de curta duração);
(ii) Moléculas lipossolúveis atravessam facilmente a membrana ligando-se a receptores citoplasmáticos ou
nucleares, induzindo uma resposta de longa duração (excepto as prostaglandinas) que afeta a transcrição
genética.

 Receptores
Existem 4 grupos de receptores e há farmacologia para todos eles:
1. Canais iónicos controlados por ligantes (receptores ionotrópicos) – são constituídos por subunidades proteicas
que formam um poro central (p.ex. receptor nicotínico da acetilcolina, receptor do ácido y-aminobutírico
(GABA));
2. Receptores acoplados às proteínas G (metabotrópicos) – família com 7 hélices que atravessam a membrana
celular, estão ligados geralmente a respostas fisiológicas mediadas por 2º mensageiros (p.ex.: receptor
muscarínio da acetilcolina, adrenoreceptores);
3. Receptores nucleares para hormonas esteróides e da tiróide – estão presentes no núcleo e regulam a
transcrição e a síntese proteica (receptores esteróides);
4. Receptores ligados a quinases – receptores transmembranares que possuem atividade intrínseca da quinase da
tirosina, medeiam a ação de mediadores proteicos e hormonas (p.ex.: receptores para citoquinas, fatores de
crescimento e insulina).
Todos estes receptores respondem a moléculas endógenas.

→ Receptores celulares
A comunicação entre as células e a resposta celular é mediada via receptores citoplasmáticos e membranares
(maioritariamente proteínas estruturais).
De acordo com a estrutura molecular e a natureza do mecanismo de transdução, podemos distinguir quatro
tipos básicos de receptores:
(i) Receptores acoplados diretamente a um canal iónico – ocorre transmissão sináptica entre células
eletricamente excitáveis: receptor colinérgico nicotínico (canais permeáveis ao Na+), receptor gaba-
aminérgico (canais iónicos permeáveis ao cloro), receptor glutamatérgico (Na+ e Ca+), etc.
(ii) Receptores acoplados à proteína G – receptor colinérgico muscarínico, receptores adrenérgicos,
receptores serotoninérgicos, receptores opióides, etc.

(iii) Receptores associados à tirosina cinase (receptores com atividade enzimática) – insulina e vários fatores
de crescimento.

(iv) Receptores intracelulares que regulam a transcrição do ADN – receptores para esteróides.

 Interação entre fármacos e receptores


→ Ação Agonista – substâncias químicas endógenas ou fármacos que ativam receptores e produzem uma
resposta.
A ativação de receptores está ligada a respostas fisiológicas ou bioquímicas através de mecanismos
transcritores que frequentemente envolvem mensageiros secundários (Ca2+, AMPc, IP3, DG).
→ Ação Antagonista – fármacos que se combinam com os receptores mas não os ativam, reduzindo a
probabilidade de uma hormona ou substância transmissora endógena se combinar com o receptor, reduzindo
ou bloqueando a sua ação.

→ Canais iónicos
São poros seletivos que permitem a rápida transferência de iões através do seu gradiente eletroquímico:
(i) Canais controlados por ligandos (substâncias transmissoras) – abre quando uma ou mais moléculas de
agonista são ligadas funcionando como um receptor potencial de membrana;
(ii) Canais dependentes de voltagem – funcionando não pela presença de um ligando, mas sim por alterações
no potencial transmembranar.
 Os canais de Ca2+ no coração são acionados quer
pela voltagem, quer por transmissores;
 Os canais de sódio, potássio e cálcio têm a mesma
estrutura básica e para cada canal existem vários
subtipos.

→ Transportadores
A movimentação de iões e pequenas moléculas através da membrana também pode ser realizada através da
ação de proteínas transportadoras:
 responsáveis pelo transporte no túbulo renal;
 no epitélio intestinal;
 na barreira hematoencefálica;
 transporte de Na+ e Ca2+;
 para fora da célula;
 captação dos percussores dos neurotransmissores (como a colina);
 captação dos neurotransmissores (norepinefrina, serotonina).

Em muitos casos, são processos de transporte ativo usados para transferir substâncias contra o gradiente de
concentrações, na presença de ATP:
(i) Bomba de sódio – expele os iões Na+ para fora da célula
através de ATP e envolve a enzima adenosina trifosfatase
(ATPase); este transportador está ligado à transferência de iões
K+ para dentro da célula (p.ex.: glicosídicos cardíacos inibem a
ATPase Na+/K+; alguns diuréticos inibem os processos de
transporte Na+/Cl- no rim);
(ii) Transporte de norepinefrina (p.ex.: os antidepressivos
tricíclicos prolongam a ação da norepinefrina, bloqueando a sua
recaptação nas terminações nervosas centrais).
→ Enzimas
Frequentemente, a molécula de fármaco é um substrato análogo que age como inibidor competitivo/não
competitivo da enzima.
Os fármacos que agem pela inibição das enzimas incluem:
 Anticolinesterases, que aumentam a ação da acetilcolina;
 Inibidores da anidrase carbónica (diuréticos) aumentam o
fluxo da urina;
 Inibidores da monoaminoxidase (antidepressivos);
 Inibidores da ciclooxigenase (p.ex.: aspirina);
 Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECAs;
captoril).

 Sistema Nervoso Autónomo


 Muitos sistemas do corpo (p.ex.: digestivo, circulatório) são controlados pelo sistema nervoso autónomo e
pelo sistema endócrino;
 O controlo do sistema nervoso autónomo envolve frequentemente um feedback negativo;
 O hipotálamo e o bulbo raquidiano controlam o fluxo de informação do sistema nervoso autónomo dividido
em sistema nervoso simpático (SNS) e parassimpático (SNP);
 Muitos órgãos são inervados por ambos os sistemas, que muitas vezes têm ações opostas.

→ O SNS, de um modo geral, estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a
situações de stress, sendo então responsável:
 Pela aceleração dos batimentos cardíacos;
 Pelo aumento da pressão arterial e da concentração de açúcar no sangue;
 Pela ativação do metabolismo geral do corpo.
→ O SNP estimula principalmente atividades relaxantes, como:
 A redução do ritmo cardíiaco;
 A diminuição da pressão arterial, (...).

 A substância transmissora libertada nas terminações nervosas simpáticas é a norepinefrina. A inativação do


transmissor dá-se essencialmente pela recaptação para as transmissões nervosas; algumas fibras simpáticas
passam diretamente para a medula supra-renal onde se liberta epinefrina;
 A norepinefrina e a epinefrina produzem as suas ações nos órgãos efetores após a ligação aos adrenoreceptores
α (em geral, excitatórios), β1/β2 (em geral, inibitórios). Com exepção:
 Músculo liso do intestino, em que os α são inibitórios;
 No coração, em que o β1 é excitatório.
Nota: β1 (coração, músculo liso); β2 (músculo liso brônquico, vascular e uterino).
 A substância transmissora libertada nas terminações nervosas parassimpáticas é a acetilcolina. A inativação do
transmissor dá-se essencialmente pela degradação do neurotransmissor pela ação da enzima
acetilcolinesterase;
 A acetilcolina produz as suas ações nos órgãos efetores após a ligação aos receptores muscarínicos;
 Todas as fibras nervosas pré-ganglionares são mielinizadas e libertam acetilcolina que despolariza os
neurónios ganglionares, ativando receptores nicotínicos.
Farmacocinética e vias de administração dos fármacos
A farmacocinética estuda o que o organismo faz com o fármaco. Portanto, o
organismo irá absorver, distribuir, biotransformar/metabolizar e, por fim,
excretar/eliminar parte do fármaco.

ADMINISTRAÇÃO ORAL
 A administração oral é a mais usada na prática clínica. A maioria do fármaco é
absorvido por via oral, no entanto alguns fármacos são destruídos pelo ácido ou
enzimas digestivas. Assim, estes passam a ser administrados por via parental (IV,
IM, SC) (p.ex.: benzilpenicilinas, insulina).
 Cerca de 75% do fármaco é absorvido 1-3h após ingestão. Deve-se considerar a
motilidade gastrointestinal, o tamanho das partículas, a formulação e fatores físico-
químicos inerentes ao fármaco.

ADMINISTRAÇÃO SUBLINGUAL
 A administração sublingual é utilizada quando é necessária uma resposta rápida,
uma vez que a região sublingual é extremamente irrigada e conectada a vasos de
bom calibre (veia cava superior), especialmente se o fármaco é instável ao pH
gástrico ou é metabolizado rapidamente pelo fígado (p.ex.: nitroglicerina –
tratamento agudo da angina de peito). Este tipo de administração evita o efeito de
1ª passagem.
ADMINISTRAÇÃO ENDOVENOSA
 A via endovenosa é a mais rápida e mais precisa para administração de um
fármaco, com biodisponibilidade de 100%.

ADMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA E INTRAMUSCULAR


 Tanto a administração subcutânea como a intramuscular de fármacos produzem
geralmente um efeito mais rápido que a administração oral, mas a taxa de absorção
depende muito do local de injeção e de fatores fisiológicos, especialmente do fluxo
sanguíneo local.
 Os fatores que limitam a velocidade na absorção a partir do local de aplicação são:
 Difusão através do tecido;
 Remoção pelo fluxo sanguíneo local;
 Formação de complexos entre fármacos e proteínas/hormonas plasmáticas
(p.ex.: insulina + protamina, benzilpenicilina procaína).

ADMINISTRAÇÃO TÓPICA
 A administração tópica é utilizada principalmente quando se quer um efeito local. A
absorção é considerável, podendo levar a alguns efeitos sistémicos. Muitas droggas
são mal absorvidas pela pele devido à baixa lipossolubilidade das mesmas.
 Tem-se aumentado o uso de formas de ADMINISTRAÇÃO TRANSDÉRMICA, na
qual o fármaco é incorporado através de um disco adesivo cutâneo que se aplica
numa zona de pele fina (áreas esternal, subclavicular e abdominal), possibilitando
uma libertação prolongada (p.ex.: discos de nitroglicerina, adesivos de nicotina).

ADMINISTRAÇÃO RETAL
 A administração retal é utilizada para produzir um efeito local ou para a produção
de efeitos sistémicos, no entanto, este último caso só se justifica para utentes
incapazes de tomar medicações pela boca (com vómitos, crianças, idosos,
portadores de transtornos psiquiátricos ou em estado de coma).
 A absorção é irregular e incompleta.
 Aproximadamente 50% do fármaco absorvido passará pelo fígado (ou seja, está
sujeito ao efeito de 1ª passagem).

ADMINISTRAÇÃO POR INALAÇÃO


 A inalação é a via usada para administração de anestésicos voláteis e gasosos
(fármacos com elevada permeabilidade). Para esses agentes o pulmão serve como
via de administração e eliminação; e as trocas rápidas, que são possíveis em
consequência da pequena espessura do epitélio, da grande área de superfície e do
grande fluxo sanguíneo permitem a obtenção de ajustes rápidos na concentração
plasmática.
 A administração de fármacos por inalação para ação local (p.ex.: corticosteróides,
broncodilatadores, etc.) pode gerar efeitos sistémicos indesejáveis.
Vias de Administração - Vantagens e Desvantagens
Via de administração Absorção Vantagens Desvantagens
 Maior comodidade,  Náuseas, vómitos e
segurança e economia diarreias
Oral Mucosa gastrointestinal  Efeito de 1ª passagem
 Necessita da cooperação
do doente
 Absorção rápida de  Imprópria para fármacos
substâncias irritantes ou com sabor
Sublingual Mucosa oral lipossolúveis desagradável
 Não sofre efeito de 1ª
passagem
 Administração em  Irritação da mucosa
Retal Mucosa retal doentes inconscientes  Absorção inconstante
e em crianças
 Absorção rápida  Dor/lesão muscular
Endotélio dos capilares devido a injeção de
Intramuscular
vasculares e linfáticos substâncias irritantes,
com pH sem ser neutro
 Obtenção rápida dos  Risco de embolia,
efeitos infeções por bactérias e
reações anafiláticas
Intravenosa Não há absorção
 Imprópria para solventes
oleosos e substâncias
insolúveis
 Absorção constante  Dor e lesão por
Endotélio dos capilares
Subcutânea para soluções e lenta substâncias irritantes
vasculares e linfáticos
para suspensões

→ Absorção dos fármacos – entrada do fármaco no plasma.


 Como referido anteriormente, a maioria dos fármacos é administrada por via oral,
necessitando de atravessar a parede do intestino para entrar na corrente
sanguínea.
 A absorção é influenciada por muitos fatores, mas geralmente é proporcional à
lipossolubilidade do fármaco.
 A absorção deve ser considerada para todas as vias de administração excepto para
a endovenosa.
 Há casos, como a inalação de um aerossol ou a aplicação tópica de uma pomada,
em que a absorção não é necessária para a ação do fármaco – AÇÃO LOCAL -,
mas para a grande maioria dos fármacos só ocorre ação farmacológica se houver
absorção. Assim, a via de administração é um fator importante na ação terapêutica
do fármaco.

FATORES QUE INFLUENCIAM A ABSORÇÃO DOS FÁRMACOS


 Propriedades químicas do fármaco:
(i) Lipofilia do fármaco – os lipossolúveis são mais facilmente absorvidos do
que os hidrossolúveis, pois as membranas celulares são constituídas por
fosfolípidos e o fármaco tem que conseguir atravessar a membrana.
Permeabilidade através das membranas e função do coeficiente de partilha
octanol/água (pk = o/w)
(ii) Caraterísticas de ionização – dado pelo pKa (constante de dissociação),
que corresponde ao pH para o qual as frações ionizadas e não-ionizadas
são equivalentes.
pKa = pH + log10 [BH+]/[B] → base fraca
pKa = pH + log10 [AH]/[A-] → ácido fraco
 Os fármacos são absorvidos na sua forma íntegra, não ionizada. Dessa forma, o pH
do local no qual o fármaco se dissolve determina a fração da forma não ionizada
que se pode difundir através da membrana. As substâncias tendem a existir na
forma ionizada quando expostas a ambientes que apresentam pH oposto ao seu.
Assim, os fármacos com propriedades ácidas são ionizados com o aumento do pH,
ou seja, em locais básicos; enquanto os fármacos básicos tornam-se
crescentemente ionizados com a diminuição do pH, em locais ácidos.
(iii) Tamanho – quanto mais pequeno (menor peso molecular), mais fácil é a
difusão.

 Fatores fisiológicos:
(i) Fluxo sanguíneo na área de absorção – quanto maior é o fluxo, maior
será a absorção.
(ii) Área de superfície absorvente – quanto maior for a área de superfície,
maior é a absorção.
(iii) Número de barreira a serem transpostas – quanto maior o número de
barreiras, menor a absorção.
(iv) Relacionados com o doente – idade, peso, função renal e hepática.

TRANSPORTE DE FÁRMACOS ATRAVÉS DAS MEMBRANAS


 Difusão passiva: passagem através de poros aquosos ou através da
membrana lipídica; em ambos os casos, a passagem faz-se a favor do
gradiente de concentrações e sem consumo de energia.
(i) Difusão passiva de fármacos hidrossolúveis de baixo peso molecular
(poros membranares) (p.ex.: ureia) – o tamanho dos poros varia consoante
o local (no intestino delgado, o seu diâmetro é de 1-2nm; nos capilares
sanguíneos oscila entre 2-6nm). A difusão passiva não é o principal
mecanismo de transporte de fármacos e está fundamentalmente associado
a fenómenos de filtração.
(ii) Difusão passiva de fármacos lipossolúveis (membrana lipídica) – é o
principal mecanismo de transporte dos fármacos. O fator limitante não é o
tamanho, mas a hidrofilia que determina o grau de ionização e de
polaridade. Na prática, o facto de a substância ser lipofílica vai permitir a sua
dissolução nas regiões não polares da membrana, aproveitando a sua
fluidez e transitando de zonas de maior concentração para zonas de menor
concentração.
 Resumindo, a difusão passiva é um processo que se efetua de acordo com o
gradiente (de concentração ou eletroquímico); não envolve o consumo de energia;
não é saturável (pois segue uma cinética de 1ª ordem); não é inibido por outras
moléculas; apresenta alguma sensibilidade à oscilação da temperatura (pois
condiciona a fluidez da membrana).
Vd (velocidade de difusão) = Permeabilidade (P) x Área de contacto (AC) x Gradiente de Concentrações (𝐶𝑙𝑎𝑑𝑜1 − 𝐶𝑙𝑎𝑑𝑜2 )

 A permeabilidade de um fármaco é tanto maior quanto maior for a sua lipofilia e


menor for o seu peso molecular.
 Transporte mediado: ocorre na travessia de membranas fisiológicas para
moléculas que são demasiado polares para se difundirem através das
membranas lipídicas ou cujo tamanho impede a sua passagem através dos
poros. Assim, a passagem de fármacos com estas caraterísticas encontram-
se dependentes de transportadores de membrana (proteínas
transportadoras).
Etapas:
1. Formação do complexo fármaco-transportador;
2. Alteração conformacional do transportador;
3. Dissociação do complexo fármaco-transportador.

 Este processo carateriza-se pela sua saturabilidade (cinética de ordem 0) e é


extremamente sensível às oscilações de temperatura.
(i) Difusão facilitada – ocorre a favor do gradiente de concentrações e não
há consumo de energia (p.ex.: glucose).
(ii) Transporte ativo – ocorre contra o gradiente de concentrações e há
consumo de energia (p.ex.: iões).

 Pinocitose: envolve a invaginação (vacuolização) de uma parte da


membrana celular e o encerramento, no interior da célula, de uma pequena
vesícula contendo componentes extracelulares. O conteúdo da vesícula
pode então ser libertado na célula ou expulso pelo outro lado desta. Este
mecanismo parece ser importante no transporte de algumas
macromoléculas (p.ex.: imunoproteínas), mas não há nenhuma evidência de
que contribua de modo apreciável para o movimento de moléculas
pequenas. Portanto, considera-se apenas que está envolvido no transporte
de moléculas de grandes dimensões.

→ Distribuição dos fármacos


 Uma vez no sangue, o fármaco é distribuído pelos diversos tecidos do organismo.

FATORES QUE INFLUENCIAM A DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS


 Fatores fisiológicos:
(i) Idade – a água corporal diminui com a idade;
(ii) Sexo – na mulher, a quantidade de água corporal é menor do que no
homem, pois a mulher apresenta mais massa gorda;
(iii) Peso corporal – menor em indivíduos obesos.
 Irrigação dos tecidos: a distribuição dos fármacos é feita primeiramente
pelos órgãos mais irrigados (coração, cérebro, rim, fígado).
 Afinidade para proteínas plasmáticas: por exemplo, a albumina está
envolvida na ligação a fármacos com propriedades ácidas; a glicoproteína-
α1 ácida está envolvida na ligação de fármacos de natureza básica.
 Se o fármaco apresentar maior afinidade para as proteínas plasmáticas, ficará em
maior quantidade no compartimento vascular; no caso de a afinidade para os
tecidos ser superior, o equilíbrio vai deslocar-se no sentido do espaço
extravascular, resultando daí concentrações plasmáticas baixas.
quantidade administrada mg
Vd = Q/𝐶𝑝 (L/kg peso corporal) Vd = Vd = mg/L = 1
concentração sanguínea

Volume de distribuição aparente (Vd) – é o volume de líquido necessário para


conter a quantidade total de fármaco no organismo (Q) na mesma concentração
presente no plasma (Cp).
(O volume do plasma é cerca de 0.05L/kg peso corporal.)
 Fármaco com ˃ Vd:
→ ˃ [F] nos tecidos extravasculares
→ ˂ [F] no sangue Drogas muito lipossolúveis → Vd alto
 Fármaco com ˂ Vd: Drogas hidrossolúveis → Vd baixo
→ ˂ [F] nos tecidos extravasculares
→ ˃ [F] no sangue
Por exemplo, se 10mg de um fármaco são injetados num utente e a concentração
plasmática extrapolada para o tempo zero (Cp) é igual a 1 mg/L, então:
Vd = 10mg / 1mg/L = 10L.

EFEITO DO Vd NA MEIA-VIDA (T1/2) DO FÁRMACO


 O Vd tem influência no tempo de semi-vida do fármaco, pois a sua eliminação
depende da quantidade de fármaco que chega ao fígado ou aos rins (ou outro
órgão onde ocorra a eliminação) por unidade de tempo.
 A chegada de fármaco aos órgãos de eliminação depende não só do fluxo
sanguíneo, como também da fração de fármaco no plasma:
→ Se o fármaco tem um Vd elevado, a maior parte do fármaco está no espaço
extracelular e indisponível para os órgãos excretores. Portanto, qualquer
fator que aumente o Vd pode aumentar o tempo de semi-vida e prolongar a
duração de ação do fármaco.
Nota: um valor de Vd muito elevado indica uma considerável retenção do
fármaco nalgum tecido ou compartimento do organismo.

→ Biotransformação dos fármacos


 Assim que o fármaco entra no organismo, começa o processo de eliminação.
 As três principais vias de eliminação são:
 Biotransformação hepática;
 Eliminação biliar;
 Eliminação urinária.
 Juntos, esses processos de eliminação diminuem exponencialmente a
concentração de fármaco no plasma. A maioria dos fármacos é eliminada de acordo
com uma CINÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM, embora alguns (p.ex.: ácido
acetilsalicílico em doses altas) sejam eliminados de acordo com uma CINÉTICA DE
ORDEM ZERO ou NÃO LINEAR. A biotransformação gera produtos com maior
polaridade, que facilita a eliminação. A depuração (clearance – CL) estima a
quantidade de fármaco depurada do organismo por unidade de tempo. A CL total é
uma estimativa composta que reflete todos os mecanismos de eliminação do
fármaco e é calculada pela seguinte equação:
onde: T1/2 é a meia-vida de eliminação, Vd é o
CL = 0,693 Vd/T1/2 volume de distribuição aparente e 0,693 é a
constante log natural.
 A meia-vida do fármaco é usada com frequência para medir a CL do fármaco porque, para
vários fármacos, o Vd é uma constante (o que varia é o tempo de semi-vida).
 Cinética de primeira ordem (Linear) – a transformação metabólica dos fármacos é
catalisada por enzimas e a maioria das reações obedece à cinética de Michaelis-
Menten:

V (velocidade de biotransformação do fármaco) = Vmáx*[C]/Km + [C]


Na maioria das situações clínicas, a concentração do fármaco ([C]) é muito menor
do que a constante de Michaelis (Km), então a equação reduz-se para:

V (velocidade de biotransformação do fármaco) = Vmáx[C]/Km


Isto é, a velocidade de biotransformação do fármaco é diretamente proporcional à
concentração do fármaco livre e é observada uma cinética de primeira ordem, o que
indica que uma fração constante do fármaco é biotransformada por unidade de
tempo.

 Cinética de ordem zero (Não Linear) – com poucos fármacos, como o ácido
acetilsalínico, o etanol e a fenitoína, as doses são muito grandes. Por isso, a [C] é
muito maior do que a Km e a equação de velocidade torna-se a seguinte:
V (velocidade de biotransformação do fármaco) = Vmáx*[C]/[C] = Vmáx

A enzima é saturada pela concentração elevada do fármaco livre e a velocidade da


biotransformação permanece constante no tempo → cinética de ordem zero.

 Os rins não conseguem eliminar os fármacos lipofílicos de modo eficiente, pois


estes atravessam facilmente as membranas celulares e são reabsorvidos nos
túbulos conntorcidos distais. Por isso, os fármacos lipossolúveis são primeiramente
biotransformados no fígado em substâncias mais polares (hidrofílicas), usando dois
grupos gerais de reações, denominados fase I e fase II:

→ Metabolização dos fármacos


 A metabolização dos fármacos é um conjunto de reações através das quais o
organismo transforma o fármaco em metabolitos de maior polaridade (mais
hidrofílicos):
 Reduzindo a sua difusibilidade;
 Tornando-os mais solúveis em água;
 Facilitando a sua excreção pela urina.
Nota: o metabolito resultante pode ser farmacologicamente inativo, menos ativo ou,
às vezes, mais ativo do que a molécula original. Quando o próprio metabolito é a
forma ativa, o composto é denominado pró-fármaco (p.ex.: maleato de enalapril;
levedopa; metildopa).
 Assim, a metabolização dos fármacos divide-se em 2 fases:
 Fase I – dá-se um conjunto de reações de oxidação,
redução e hidólise que adicionam grupos funcionais –OH e
–O com o objetivo de aumentarem a polaridade da
molécula e para se tornarem substratos das enzimas da
Fase II. Estas reações são realizadas por um conjunto de
isoformas de enzimas pertencentes ao Citocromo P450.
 Fase II – dá-se um conjunto de reações de
glucoronoconjugação, metilação e acetilação. Estas
reações são mediadas por transferases.

FATORES QUE AFETAM O METABOLISMO DOS FÁRMACOS


 Indução enzimática: fármacos ou substâncias químicas que diminuem o
efeito de outros fármacos por aumento da concentração de enzimas
microssomias (p.ex.: monooxigenases e enzimas do Citocromo P450) –
FRACASSO TERAPÊUTICO (p.ex.: álcool, barbitúricos, anti-reumatismais,
anti-diabéticos orais, rifampicina).
 Inibição enzimática: fármacos ou substâncias químicas que inibem ou
diminuem a quantidade de enzimas metabolizadoras. Aumentam o T1/2,
aumentam a [C] plasmática do fármaco, promovem a toxicidade relativa
(p.ex.: álcool, cetoconazol, fluoxetina, cimedidina, eritromicina, isoniazida,
ritonavir).
 Idade: as enzimas miicrossomáticas hepáticas e os mecanismos renais
estão reduzidos à nascença (principalmente em prematuros). No idoso, o
metabolismo hepático dos fármacos pode estar reduzido, mas geralmente é
mais importante o declínio da função renal (por volta dos 65 anos, a taxa de
filtração glomerular diminui cerca de 30% devido à perda celular e à
diminuição do fluxo sanguíneo renal).

→ Excreção dos fármacos


 A excreção dos fármacos é um conjunto de processos através dos quais se dá a
saída do fármaco/matabolito para o exterior do organismo – o que pode ser
efetuado sob a forma de substância inativa e/ou dos seus matabolitos.
 A excreção renal é responsável pela diminuição da maioria dos fármacos. Os
fármacos aparecem no filtrado glomerular, mas se forem lipossolúveis são
reabsorvidos por difusão passiva nos túbulos renais, mas de qualquer maneira têm
que ser metabolizados, resultando em compostos mais hidrossolúveis.
 A ionização dos ácidos e bases fracas depende do pH do fluido tubular. A
manipulação do pH da urina é útil no aumento da excreção renal (p.ex.: o
bicarbonato alcaliniza a urina, ioniza o ácido acetilsalicílico tornando-o menos
lipossolúvel e aumentando a velocidade da sua excreção).
 Filtração Glomerular – os fármacos chegam aos rins pelas artérias renais,
que se dividem para formar o plexo capilar glomerular. O fármaco livre (não
ligado à albumina ou outra proteína de transporte) difunde-se através das
fendas capilares para o Espaço de Bowman como parte do filtrado
glomerular. A velocidade de filtração glomerular (VFG), em geral, é de
125mL/min, mas pode diminuir significativamente na doença renal. A
lipossolubilidade e o pH não influenciam a passagem dos fármacos para o
filtrado glomerular. Contudo, variações na VFG e na ligação dos fármacos
às proteínas afetam esse processo.
 Secreção Tubular Proximal – os fármacos que não foram
transferidos para o filtrado glomerular saem dos glomérulos
através das arteríolas eferentes, que se dividem formando um
plexo capilar ao redor do lúmen no túbulo proximal. A
secreção ocorre primariamente nos túbulos proximais por dois
mecanismos de transporte ativo: um para aniões (p.ex.:
formas desprotonadas de ácidos fracos) e outro para catiões
(p.ex.: formas protonadas de bases fracas).
Cada um desses sistemas de transporte apresenta baixa
especificidade e pode transportar vários compostos. Assim,
pode ocorrer competição entre fármacos pelos
transportadores em cada um dos sistemas.
Nota: prematuros e recém-nascidos não têm esse mecanismo
secretor tubular, por isso podem reter certos fármacos no
filtrado glomerular.
 Reabsorção Tubular Distal – reabsorção passiva de
fármacos não ionizados e lipossolúveis, que foram
concentrados no interior do lúmen em concentração maior do
que a do espaço perivascular. Ocorre quando o fármaco se
desloca em direção ao túbulo contorcido distal, aumentando a
sua concentração – o que excede a concentração do espaço
perivascular.
Um fármaco neutro pode difundir-se para fora do lúmen,
retornando à circulação sistémica. A manipulação do pH da
urina, a fim de aumentar a fração ionizada do fármaco no
lúmen, pode ser feita para minimizar a retrodifusão e, assim,
aumentar a eliminação de um fármaco indesejável.
Como regra geral, ácidos fracos podem ser eliminados
alcalinizando a urina, ao passo que a eliminação de bases
fracas pode ser aumentada por acidificação da urina. Esse
processo é denominado prisão iónica. Por exemplo, um
utente apresentando dose excessiva de fenobarbital (um
ácido fraco) pode receber bicarbonato, que alcaliniza a urina
e mantém o fármaco ionizado, diminuindo assim a sua
reabsorção.

 A creatinina é uma substância resultante do


catabolismo muscular e é excretada pela
urina após filtração glomerular. Devido a isso,
a determinação da creatinina sérica constitui
um indicador da função renal. Quando esta
substância aumenta no sangue é porque a
capacidade excretora do rim se encontra
diminuída. A clearance (CL) da creatinina é
importante para determinar fármacos com
janela terapêutica estreita.
Volumes normais de creatinina plasmática: 0,6-
1,1mg/dl (homens) e 0,5-0,9mg/dl (mulheres).
 A excreção biliar promove a eliminação de metabolitos formados
no fígado, substâncias de elevado peso molecular (˃300Da) e
grupos polars; envolve transporte ativo (glicoproteína P) e pode ter
importância, pois os fármacos assim excretados podem ser parcial
ou totalmente reabsorvidos pela circulação entero-hepática:
 Conjugação com ácido glicurónico nos hepatócitos;
 Esteróides, morfina, cloranfenicol;
 Bílis, intestino; excreção e reabsorção (p.ex.: cloranfenicol
– 3%; tiroxina – 10%; estradiol – 50%).
Sistema Cardiovascular
Frequência e Ritmo Cardíaco
A contração cardíaca, com o objetivo de bombear o sangue, é coordenada por um sistema de
condução elétrico especializado.
O Ritmo Sinusal Fisiológico carateriza-se por impulsos que se iniciam no nó sinoatrial (SA)
e são conduzidos em sequência através dos átrios, nó atrioventricular (AV), feixe de His,
Na - sódio
Fibras de Purkinje e ventrículos. Ca - cálcio
 As caraterísticas eletrofisiológicas do músculo cardíaco incluem: K - potássio

 Atividade de marcapasso (pacemaker): despolarização gradual durante a diástole


(entrada de Na+ e saída de K+); sinoatrial (SA)
 Ausência da corrente de canais rápidos de Na+ nos nós SA e AV, onde a corrente lenta
do Ca2+ inicia os potenciais de ação; atrioventricular (AV)
 Potencial de ação prolongado (platô) e período rafratário longo;
 Influxo de Ca2+ durante o platô.

 O potencial de ação inclui as fases de despolarização e de repolarização:


 Fase 0 ou Fase de Despolarização – consiste na entrada rápida de iões de sódio
elevando o potencial elétrico da célula de -90mV para +20mV.
 Fase 1 – saída de iões de potássio. Repolarização Parcial
 Fase 2 – saída de potássio e entrada de iões de cálcio. Repolarização Parcial
 Fase 3 – saída de potássio, que cessa quando o potencial elétrico cai para -90mV. Repolarização
 Fase 4 ou Fase de Repouso – o potencial elétrico permanece nos -90mV até ao
próximo potencial de ação.

Durante a fase de repolarização (fases 1, 2 e 3), a capacidade de a célula cardíaca responder a


um novo estímulo depende do seu estado elétrico.
 Período Refratário Absoluto: a célula está totalmente despolarizada e, por isso, não
pode responder a nenhum tipo de estímulo. Corresponde às fases 1 e 2.
 Período Refratário Efetivo: a célula pode gerar um potencial, porém muito fraco para
ser propagado. Corresponde a pequena parte da fase 3.
 Período Refratário Relativo: a célula encontra-se parcialmente repolarizada e pode
responder a um estímulo, desde que este seja forte o suficiente. Corresponde a parte da
fase 3 e estende-se até ao limiar de despolarização.

despolarizada - volta a subir


repolarizada - volta a repolarizar
(vai baixando)

sistole - repolarização
diastole - despolarização
Contração do músculo cardíaco
O débito cardíaco é o produto da frequência cardíaca e do volume sistólico ventricular
O que esquerdo (volume de sangue ejetado do ventrículo em cada batimento).
controla o
volume DC = FC x VS volume de sangue ejetado do
sistólico é a O volume sistólico é determinado por uma combinação de: ventrículo em cada batimento
pré e pós  Fatores intrínsecos, que regulam a contratilidade do miocárdio através da concentração
carga, e a
contratilidad de Ca2+ e ATP;
e do  Fatores hemodinâmicos extrínsecos, que regulam a elasticidade e o estado contráctil
musculo
cardíaco/mio das artérias e veias, além do volume e da viscosidade do sangue – pré-carga e pós-carga.
cárdio.
Regulação do fluxo sanguíneo pré-carga: força c/ que o sangue entra no ventrículo direito (retorno venoso)
pós-carga: força c/ que o sangue sai do ventrículo esquerdo (dificuldade
Esta é realizada através de: enfrentada pelo ventrículo durante o processo de ejeção)

 Metabolitos vasodilatadores – diminuem a pressão parcial de oxigénio (PO2), que causa


uma acentuada vasodilatação;
 Controlo neuronal:
 Atividade simpática (receptores β1-adrenérgicos (norepinefrina) através do aumento
do AMPc → proteína quinase A → abertura de canais de Ca2+);
 Atividade parassimpática (receptores muscarínicos M2 (acetilcolina): diminuem o
AMPc → inibição da abertura dos canais de Ca2+).

 O tónus vascular é regulado por dois importantes sistemas fisiológicos:


 Endotélio vascular – apresenta mediadores que controlam a contração da musculatura
lisa vascular:
 Prostanoides: PGI2 (prostaciclina) → relaxamento e PGG2, PGH2 → contração;
 Oxido Nítrico → relaxamento;
A renina vai fazer com que haja retenção de
 Endotelina → contração. água e sódio, quando há uma diminuição do
 Sistema Renina-Angiotensina péptido (a renina fica inibida, aumenta a saida
de sodio e água, ficando os vasos mais
 A libertação de renina é estimulada por: permeáveis).
 Diminuição do péptido natriurético atrial (inibe a libertação de renina, aumenta
a eliminação de Na+ e água pelo rim, relaxa e aumenta a permeabilidade dos
vasos); Se a renina fica inibida, vai haver mais saida
de agua e sodio pelo rim. Se os vasos estão
 Aumento da filtração glomerular; mais permeaveis, o sangue passa com mais
 Aumento de agonistas dos receptores β-adrenérgicos; facilidade, logo a pressão diminui, logo
acontece vasoconstrição (vasos contraem)
 Aumento de PGI2.
 Os efeitos mediados pelos receptores AT1 incluem: Havendo muita libertação de agua e sodio, vai
 Vasoconstrição; haver libertação de anti-diuretica para que saia
xixi e aumente essa libertação, visto que o
 Aumento da libertação de norepinefrina; objetivo é RETENÇÃO!
 Aumento da libertação de hormona anti-diurética;
Se a hormona anti-diuretica é pq tá a sair bué,
 Reabsorção tubular proximal de Na+; e o que nos queremos que o corpo mantenha
 Aumento da excreção de K+; o equilibrio (perdas e ganhos). O tubulo
proximal vai reabsorver água e sodio, mas
 Secreção da aldosterona do córtex supra-renal. para isso ocorrer necessita de haver saida de
potássio.
Pressão Arterial
É a força com a qual o coração bombeia o sangue através dos vasos.
É determinada pelo volume de sangue que sai do coração e pela resistência que o sangue
encontra para circular no corpo.
Esta pode ser modificada pela variação do volume do sangue ou viscosidade, frequência
cardíaca e elasticidade dos vasos. É, ainda, regulada por estímulos hormonais e nervosos.
PA = DC x RVP
O débito cardíaco é determinado pela frequência cardíaca e pelo volume sistólico.
O controlo da resistência vascular periférica é exercido pelo SNA e por hormonas
circulantes. sistema nervoso autonómo
(bomba = coração)

O coração é uma bomba que bate


de 60 a 90 vezes por minuto e
impulsiona de 5-6L de sangue por
minuto para todo o corpo.

Fisiopatologia da hipertensão
A pressão sanguínea elevada está associada a uma diminuição da esperança de vida, aumento
do risco de enfarte, doença coronária ou doença em qualquer outro órgão-alvo (i.e.:
retinopatia, insuficiência renal). Hipertensão:
>140/90 mmHg
Assim, hipertensão é a elevação persistente da pressão sanguínea sistólica acima de Hipotensão:
<90/55 mmHg
140mmHg e/ou diastólica acima de 90mmHg.
 Classificação dos anti-hipertensores face ao seu principal mecanismo de ação:
 Ação adrenérgica: estimulam a atividade dos receptores adrenérgicos - para não esforçar demasiado o coração
 Bloqueadores β (receptores β1 do músculo cardíaco); "os bloqueadores beta que vão-se ligar aos b1.."
 Bloqueadores α1 (receptores α1 dos vasos); (promovem uma menor vasoconstrição)
 Agonistas α2 centrais (receptores centrais pós-sinápticos α2: aumentam a receptação
de norepinefrina).
 Ação renal (diminuição do volume sanguíneo, retorno venoso e débito cardíaco):
 Diuréticos tiazidicos; hipertensão
ajudar o sangue a chegar ao coração,
 Diuréticos de ansa; insuficiência cardíaca diminuindo a pressão arterial

 Diuréticos poupadores de K+. impedir a eliminação de potássio

 Vasodilatadores:
 Modificadores do eixo renina-angiotensina:
 Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA);
 Antagonistas dos receptores da angiotensina (ARA).
 Bloqueadores da entrada do cálcio;
 Vasodilatadores diretos (hidralazina e nitroprussiato de sódio).

Bloqueadores β-adrenérgicos
 Inibem a resposta cardíaca à estimulação nervosa simpática através do bloqueio dos
receptores β: ↓ frequência cardíaca; ↓ débito cardíaco; ↓ renina libertada pelos rins →
↓ pressão arterial.
 São recomendados como terapia inicial para hipertensão de estágio I e II; e em doentes com
angina de peito devido ao seu efeito anti-anginoso.
 Alguns bloqueadores β podem provocar alterações metabólicas, tais como:
hipertrigliceridemia, diminuição do colesterol HDL, hiperglicemia (após alguns meses de
tratamento):
Tudo que acabe em "-ol" é um bloqueador b-adrenérgico
 Propanol, Nadolol, Timolol – bloqueadores β1 e β2;
 Atenolol, Metoprolol, Acetobutolol (cardioseletivos) – bloqueadores β1 – promovem
menor vasoconstrição periférica (mãos e pés frios); não promovem hiperglicémia.
 Contra-indicações:
 Asma;
 Bradicardia sinusoidal (˂ 50bpm);
 Doença do Nódulo Sinusoidal; Os adrenérgicos não se
 Insuficiência Cardíaca descompensada. administram a asmáticos nem a
 Efeitos adversos potenciais: diabéticos!
 Hipotensão sintomática;
 Agravamento da insuficiência cardíaca;
 Bradicardia.
Bloqueadores α1-adrenérgicos
 A prozasina e doxazosina de ação mais prolongada causam vasodilatação pelo bloqueio
selectivo dos adrenoreceptores vasculares α1.
 Atuam através do bloqueio dos receptores α1-adrenérgicos pós-sinápticos, promovendo
vasodilatação arterial e venosa e reduzindo a resistência vascular periférica sem reduzir o
débito cardíaco ou induzir a taquicardia reflexa.
 Podem ser usados com segurança em doente com gota, angina e hiperlipidémia e, ainda, em
doentes com hiperplasia benigna da próstata.
 Causam hipotensão postural/ortostática (quando a pessoa se levanta rapidamente, dá-se uma
rápida diminuição da pressão arterial, podendo causar tontura, fraqueza e desmaio).

Agonistas α2 de ação central


 Por exemplo, a clonidina e metildopa.
 Atuam estimulando os receptores α2-adrenérgicos no tronco cerebral, o que promove a
redução dos impulsos simpáticos (a clonidina estimula a recaptação da norepinefrina; a
metildopa substitui a norepinefrina no receptor), a diminuição da renina plasmática e,
consequentemente, a diminuição do débito cardíaco e da resistência vascular periférica.
 São fármacos anti-hipertensores sempre utilizados em combinação. Atualmente utiliza-se a
metildopa principalmente durante a gravidez, pois apresenta menos efeitos adversos para o
bebé em relação aos IECA ou ARA.

Diuréticos
 Os diuréticos são fármacos que atuam no rim para aumentar a excreção de água e cloreto de
sódio (sal) → ↓ reabsorção de água e sódio → ↓ edema.
 Existem quatro tipos de diuréticos: Todos têm o mesmo
 Inibidores da anidrase carbónica (acetazolamida → objetivo → diminuir a
ação menor do que tiazidas e agentes de ansa); reabsorção de sódio e
 Tiazidas (bendroflumetiazida e metolazona); água.
 Diuréticos de ansa (furosemida e bumetanida); Todos trabalham na pré-
 Diuréticos poupadores de potássio (espironolactona, carga.
amilorida e triantereno).
 A reabsorção de sal e água é controlada pela aldosterona e pela vasopressina (hormona anti-
diurética – ADH), respetivamente.
 A aldosterona estimula a reabsorção de Na+ no túbulo distal e aumenta a secreção de
K+ e H+. Atua nos receptores citoplasmáticos e induz a síntese de ATPase Na+/K+ na
membrana e de uma proteína mediadora específica que aumenta a permeabilidade dos
canais de Na+.
 A vasopressina é libertada pela glândula pituitária e aumenta o número de canais de
água nos túbulos colectores, permitindo a reabsorção passiva de água.
 A maioria dos diuréticos atua reduzindo a reabsorção de eletrólitos pelos túbulos, com o
respetivo aumento de excreção de água.
 São utilizados nas doenças renais, insuficiência cardíaca, hipertensão.

Inibidores da anidrase carbónica (acetazolamida)


 É no túbulo proximal que acontece a reabsorção de Na+, Cl-, glicose, aminoácidos, água,
aldosterona
𝐻𝐶𝑂3− .
 Diminuem a reabsorção de bicarbonato no túbulo proximal pela inibição da catálise das
reações de hidratação do CO2. Assim, a excreção de Na+ e H2O é aumentada.
 A perda de 𝐻𝐶𝑂3− causa uma acidose metabólica e os efeitos do fármaco tornam-se auto-
limitados à medida que o nível plasmático de bicarbonato diminui.

𝐻2 𝑂 + 𝐶𝑂2 ↔ 𝐻2 𝐶𝑂3 ↔ 𝐻 + + 𝐻𝐶𝑂3−


Diuréticos de ansa (furosemida e bumetamida)
 Na presença de grandes retenções de água, com grande exacerbação dos sintomas
congestivos, é necessário utilizar diuréticos que atuem predominantemente na ansa de Henle.
 Atuam inibindo a reabsorção de sódio, potássio e cloro (ou seja, inibem o co-transporte de
Na+/K+/2Cl-) na porção ascendente da ansa de Henle. Isto é, trabalham todas as bombas e
ainda conseguem um melhor controlo de volémia, diminuindo edema.
 Efeitos colaterais:
 Hipovolémia; estado de diminuição do volume sanguíneo, mais especificamente do volume de plasma sanguíneo.
 Hiponatremia; concentração baixa de sódio
 Hipotensão; <90/55 mmHg
 Hipocalémia (a perda de potássio não tem importância clínica a não ser que existam
fatores de risco adicionais para arritmias; valores ˂ 3mmol/L de sangue podem
promover fraqueza ou espasmos musculares, disritmias); níveis de potássio baixos
 Surdez, se usado em excesso;
 Aumento da diurese em demasia.

Tiazidas (hidroclorotiazida, clorotalidona, bendroflumetiazida)


 Atuam inibindo a reabsorção de NaCl, principalmente no túbulo contornado distal, por
ligação e inibição do co-transportador responsável pelo co-transporte Na+/Cl-, aumentando a
excreção de Cl-, Na+ e H2O. O aumento da carga de Na+ nos túbulos distais, estimula a
troca de Na+ por K+ e H+, causando hipocalémia e alcalose metabólica.
 São ineficazes em doentes com diminuição da função renal.
 Efeitos colaterais:
 Hipocalémia (pode precipitar em arritmias cardíacas, especialmente em doentes que
estejam a receber digitálicos); digitálicos - digoxina (fármacos muito tóxicos)
 Hipomagnesémia; baixa concentração de magnésio
 Hipercalcémia; alta concentração de cálcio
 Hiperglicémia (contra-indicados em diabéticos);
 Hipercolesterolomia; aumento da concentração de colesterol
 Hipertrigliceridemia. acima dos 150 mg/dl

Diuréticos poupadores de potássio (espironolactona, amilorida e triantereno)


 Atuam no túbulo distal, onde é controlada a homeostasia do K+. A aldosterona estimula a
reabsorção de Na+, gerando um potencial negativo no lúmen, que conduz os iões K+ e H+
para o lúmen, levando à sua excreção.
 Os poupadores de K+ reduzem a reabsorção de Na+ quer antagonizando a aldosterona
(espironolactona), quer bloqueando os canais de Na+ (amilorida, truantereno).
 Esta classe possui este nome porque é a única que não aumenta a excreção de potássio na
urina.
 Um dos efeitos colaterais dos tiazídicos e dos diuréticos de ansa é a diminuição do potássio
no sangue por excesso de perda urinária.
 Os poupadores de potássio agem excretando sódio e diminuindo a excreção de potássio.
 Efeitos adversos:
 Hipercalémia em doentes com insuficiência renal;
Espironolactona - antagoniza a aldosterona
 Hipercalémia devido à combinação de IECA e ARA-II. Amilorida/Truantereno - bloqueiam os canais de sódio

 Contra-indicações:
 K+ ˃ 5,0mmol/L
 Creatinina ˃ 2,5mg/dl
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECAs)
 Por exemplo, captopril, benazepril, cilazepril, enalapril, fosinopril, lisinopril e ramipril.
 Inibem a enzima conversora da angiotensina, responsável pela conversão de angiotensina I
em angiotensina II (que é um potente vasoconstritor e estimulador da aldosterona).
 A vasodilatação dá-se devido à diminuição dos níveis de angiotensina II, com a
correspondente diminuição da aldosterona e, consequentemente, diminuição da retenção de
sódio e água.
 Reduzem a pressão arterial, preservam o débito cardíaco e aumentam o fluxo sanguíneo
renal.
 Diminuem a resistência vascular periférica.
 São os mais usados no tratamento da insuficiência cardíaca.
 Não apresentam tantos efeitos adversos como os tiazídicos e os β-bloqueadores.
 O efeito indesejável mais comum é a tosse seca – que pode ser causada pelo aumento da
bradicinina.
Não se junta IECA com diurético, pois ambos são vasodilatadores!

 Monitorização do tratamento – os procedimentos recomendados para o início do


tratamento com IECA são:
 Evitar diurese excessiva, suspendendo por 24h os diuréticos quando em uso;
 Iniciar o tratamento à noite para minimizar potenciais efeitos de hipotensão;
 Iniciar com doses baixas e aumentar gradualmente até atingir as doses recomendadas
pelos trials;
 Monitorizar a função renal e os eletrólitos;
 Evitar o uso de AINEs (anti-inflamatórios não esteróides), pois estes inibem as
prostaglandinas renais;
 Monitorizar a pressão arterial nos 7-15 dias seguintes ao início do tratamento.

É importante avisar os utentes acerca dos efeitos colaterais para que estes não abandonem a terapêutica!

Antagonistas dos Receptores AT1 da Angiotensina II (ARA II)


 Por exemplo, valsartan, candesartan, losartan e irbesartan.
 Funcionam impedindo a ação da angiotensina II (que é um potente vasoconstritor, no seu
receptor específico, nos vasos sanguíneos). Porém, quando sozinhos, não são eficazes.
 Julga-se que há outra enzima – quimase - que converte a angiotensina I em angiotensina II.
Se esse mecanismo for importante, é uma significativa limitação ao poder anti-hipertensivo
dos IECAs. Outro problema dos IECAs é a sua interferência com o grupo de hormonas
fisiológicas da bradicinina – que promove a tosse.
 Os ARA não causam tosse, porque a angiotensina não se liga ao receptor.
 Os ARA II devem ser prescritos:
 Em pacientes intolerantes aos IECA (insuficiência renal, tosse), em associação com um
β-bloqueador;
 Pacientes a fazer terapêutica com IECA, que não estão a fazer β-bloqueador, devem
fazer bloqueadores AT-II, pois a associação dos dois tipos de fármacos promove
resultados mais expressivos que os observados com a prescrição isolada;
 Doentes que permanecem sintomáticos apesar do tratamento com IECA e β-bloqueador.
 Clearence similar aos IECAs, assim como os efeitos adversos (excepto tosse e angioedema).
Bloqueadores do Ca2+ (amlodipina, nifedipina)
 Inibem o movimento dos iões de cálcio através da membrana celular, o que resulta na menor
frequência da contração do coração e no relaxamento do músculo liso dos vasos sanguíneos,
resultando em vasodilatação e redução da pressão arterial.
 Apresentam melhores efeitos como vasodilatadores periféricos.
 São fármacos de 1ª ou 2ª escolha em pacientes com hipertensão e angina; são, ainda, uma
alternativa ao uso de β-bloqueadores em pacientes com asma ou diabetes.
 Efeitos secundários mais comuns causados pela vasodilatação excessiva:
 Tonturas;
 Hipotensão;
 Rubor facial.

Os inotrópicos
usam-se só a
partir dos
estágios 2 e 3.

Insuficiência Cardíaca
A insuficiência cardíaca consiste numa anomalia da função cardíaca em que a quantidade de
sangue que o coração bombeia por minuto (débito cardíaco) não é suficiente para satisfazer
as necessidades metabólicas dos vários tecidos e órgãos. Isto conduz a uma variedade de
sintomatologia, como:
 Fadiga;
 Edema;
 Dispneia;
 Tolerância reduzida ao exercício.
 Causas de insuficiência cardíaca:
 Hipertensão;
 Doença valvular;
 Cardiomiopatia;
 Doença coronária;
 Diabetes.

Débito cardíaco baixo


 Quando o débito cardíaco é baixo, o SNS é estimulado (ativação adrenérgica exacerbada –
receptores β1)  ↑ contratilidade miocárdica; ↑ frequência cardíaca; ↑ resistência periférica
→ manutenção do débito cardíaco.
Diminuição da função renal
 Quando a função renal está diminuída, o Sistema-Renina-Angiotensina é ativado 
↑ vasoconstrição; hipertrofia da fibra miocárdica; apoptose (morte celular programada);
fibrose intersticial.

 O dano do miocárdio vai promover uma diminuição no débito cardíaco que levará à ativação
de diversos mecanismos de compensação com o intuito de recuperar a perfusão tecidular
comprometida. Todos estes mecanismos (ativação neuro-humural do SNS e do Sistema
Renina-Angiotensina e a atenuação do neuro-humural do SNP) promovem:
 Vasoconstrição;
 Edema;
 Hipertrofia;
 Remodelagem.

 Para o tratamento da insuficiência cardíaca são utilizados quatro tipos de fármacos:


 Agentes inotrópicos (digoxina, dobutamina, dopamina):
 Digitálicos – indicados para IC aguda e ICCa;
 Agonistas β-adrenérgicos (simpaticomiméticos) – indicados para IC aguda.
 IECA (captopril, enatapril) – diminuem a pré-carga e a pós-carga;
 Diuréticos (tiazidas, de ansa e antagonista da aldosterona);
 Bloqueadores β (carvedinol, bisoprolol, metoprolol).

Inotrópicos
 Aumentam a força de contração.
 A maioria aumenta a concentração de Ca2+ intracelular.

Inotrópicos Digitálicos (digoxina)


 Aumenta a contratilidade cardíaca – inotrópico positivo (aumentam a força do coração).
 Inibe a Na+/K+ATPase, causando um aumento no Na+ intracelular → lentificação da bomba
Na+/Ca2+ → aumento do Ca2+ intracelular  ↑ força de contração do coração.
 Esta consegue reduzir os sintomas da insuficiência cardíaca em utentes que já estão a receber
diuréticos e IECA.
 A digoxina e os iões K+ competem por um “receptor” (ATPase Na+/K+) na parte exterior da
membrana muscular, pelo que os efeitos da digoxina podem ser perigosamente aumentados
na hipocaliémia, produzida por diuréticos, por exemplo.
 Esta tem um tempo de semi-vida elevado, então as doses têm que ser preparadas, começando
primeiro com doses muito pequenas, que se vão aumentando gradualmente.
 A digoxina é o digitálico mais usado, mas tem muitos efeitos adversos, principalmente com
o potássio. Estes podem apresentar-se a nível:
 Cardíaco:
 Bradicardia sinusal, redução da condução ou bloqueio AV (efeito indireto: facilita a
transmissão muscarínica no coração e estimula a libertação de acetilcolina);
 Despolarização ventricular prematura (efeito adverso: arritmias).
 Gastro-intestinal (GI): anorexia, náuseas, vómitos (podem ser os primeiros indicadores
de intoxicação digitálica);
 SNC: cefaleias, cansaço, confusão, agitação, visão turva.
Intoxicação digitálica
→ Efeitos cardíacos – bradicardia, taquicardia, podendo ocorrer paragem cardíaca.
→ Efeitos não cardíacos – anorexia, náuseas, vómitos, diarreia, fadiga extrema, alterações a
nível do sono (pesadelos, agitação, alucinações, apatia), alterações visuais (visão distorcida
ou turva, dificuldade na percepção das cores verde e vermelho);
→ Desequilíbrio eletrolítico – hipocalémia, hipomagnesémia e hipocalcémia.

 Interações Farmacodinâmicas:
 Antagonistas β-adrenérgicos: diminuem a condução do nó AV  bloqueia AV de alto
grau;
 Bloqueadores dos canais de Ca2+: diminuem a contratilidade cardíaca;
 Diuréticos de ansa: diminuem a concentração plasmática de K+  toxicidade da
digoxina;
 Diuréticos poupadores de potássio – diminuem a ação da digoxina.
 Interações Farmacocinéticas:
 Na absorção: muitos antibióticos (i.e: eritromicina, tetraciclina) podem aumentar a
absorção da digoxina;
 No volume de distribuição: verapamil ou quinidina podem aumentar os níveis
plasmáticos de digoxina;
 Na depuração renal (em caso de insuficiência renal): aumentam a toxicidade da
digoxina.

Desintoxicação
→ Normalização dos níveis plasmáticos de K+;
→ Redução do potencial de arritmias ventriculares.

Quem toma digitálicos não pode, de todo, ingerir bebidas alcoólicas. É fatal!

Inotrópicos Agonistas β-adrenérgicos (dobutamina, dopamina)


 Melhoram a performance cardíaca através do seu efeito inotrópico positivo.
 Ativam os receptores β cardíacos e estimulam a adenilciclase, efeito mediado pela proteína
Gs  aumento do cAMP intracelular → aumentando a entrada de Ca2+ nas células
miocárdicas e, consequentemente, melhorando a contração cardíaca.
 Os efeitos hemodinâmicos da dobutamina são dose-dependentes, podendo aumentar a dose
até 15µg/Kg/min.
 Ambos os fármacos são administrados via IV.
 Estes fármacos podem aumentar a mortalidade, por essa razão são utilizados em curto espaço
de tempo em utentes refratários. Estes promovem, ainda, a vasodilatação por ação nos
receptores β2.
 A dobutamina é usada na insuficiência cardíaca aguda severa.

Diuréticos
 Exercem papel central nos sintomas “congestivos”.
 A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) é caraterizada pela retenção de Na+ e H2O, pela
expansão do volume extracelular e pela elevação da pressão diastólica final. Esta pode
evoluir para uma Congestão Venosa Pulmonar/Edema Periférico.
 Os diuréticos devem ser utilizados em doses mínimas, devendo ainda ser evitados em
assintomáticos; não diminuem a mortalidade na IC.
Diuréticos de Ansa
 Os seus efeitos são dependentes do fluxo sanguíneo renal.
 Contribuem para a reversão de edema pulmonar, uma vez que diminuem a volémia e
promovem a vasodilatação.
 Biodisponibilidade:
 Furosemida: 40-70% (ação curta);
 Bumetanida e Torsemida: ˃ 80%;
 São capazes de causar a eliminação de 15-25% do Na+ filtrado.
 Quando os diuréticos de ansa são utilizados para manter a volémia:
 Em utentes com retenção hídrica, administra-se furosemida em doses baixas,
aumentando gradualmente até atingir a diurese desejada;
 Em pacientes com ICC avançada, administra-se uma dose inicial mais alta;
 Deve-se monitorizar os eletrólitos séricos e a função renal;
 Deve-se reduzir a dose após resolução da retenção;
 Deve-se corrigir a hipocalémia.
 Descompensação:
 Início com diurético de ansa;
 Resistência: + tiazídico.
 Interação Medicamentosa:
 A hipocalemia aumenta os efeitos e a toxicidade de vários fármacos (i.e: digoxina, anti-
arrítmicos tipo III). Se necessário, a hipocalemia pode ser evitada ou tratada pelo uso
simultâneo de diuréticos poupadores de K+ ou, algumas vezes, com reposição
suplementar de potássio.

β-bloqueadores
 Diminuem a mortalidade (30% mais do que os IECA).
 Têm benefício quando à diminuição da atividade de catecolaminas.
 Diminuem o trabalho cardíaco.
 Diminuem a libertação de renina → remodelamento.
 Devem ser iniciados em doses baixas no 1º mês.
 Tem de se ter maior cuidado em utentes III e IV (compensado).
 Contra-indicações – não devem ser administrados em utentes com:
 Asma;
 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC);
 Bloqueio AV;
 Bradicardia.
 O carvedilol, o bisoprolol e o metoprolol administrados
juntamente com um IECA e um diurético, por um período de um
ano, demonstraram em ensaios clínicos serem capazes de reduzir
a mortalidade em 11-17%.
 Efeitos colaterais:
 Broncoconstrição;
 Bradicardia com IC;
 Fadiga;
 Hipoglicemia (risco em diabéticos);
 Extremidades frias;
 Depressão;
 Insónias.
IECAs
 Por exemplo, captopril, benazepril, cilazepril, enalapril, fosinopril, lisinopril e ramipril.
 Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) vão produzir uma vasodilatação
por diminuição dos níveis de angiotensina II, com a correspondente diminuição da
aldosterona e, consequentemente, com a diminuição da retenção de sódio e água.
 São recomendados em todos os doentes com sintomas de IC e FEVE (fração de injeção do
ventrículo esquerdo) ˂ 40%.
 Efeitos:
 Diminuição da dispneia;
 Fadiga;
 Melhoria da hemodinâmica traduzida pela redução da resistência vascular periférica.
 Estes efeitos conduzem a:
 Diminuição da retenção de líquidos e da pré-carga;
 Diminuição e remodelagem cardíaca;
 Melhoria da função Ventricular Esquerda (VE) e dos sintomas de IC.
 Nos doentes internados, deve iniciar-se a toma do IECA antes da alta devido aos efeitos
adversos.
 Contra-indicações:
 História de angioedema;
 K+ sérico ˃ 5,0mg/dl;
 Creatinina sérica (Cr) ˃ 2,5mg/dl;
 Estenose aórtica severa;
 Gravidez.
 Efeitos adversos:
 Agravamento da função renal → deve suspender-se se a Cr sérica ˃ 3,5mg/dl;
 Hipercalémia → deve suspender-se se K+ ˃ 6,0mg/dl;
 Hipotensão sintomática (comum);
 Tosse (promove o abandono da terapêutica entre 15-20%).

Angina de peito

A angina pectoris constitui um sindroma clínico que se integra na doença cardíaca isquémica e
que resulta da isquémia transitória de uma porção do miocárdio.
 As necessidades do coração em O2 dependem do esforço que tem de efetuar (isto é, a
rapidez com que bate e a força de cada batimento). Os esforços físicos e as emoções
aumentam a atividade do coração, que, por essa razão, necessita de mais O2.
 Quando as artérias se tornam mais estreitas (devido à formação de placas de ateroma) ou
existe uma obstrução que impede a chegada de sangue ao músculo cardíaco, os níveis de O2
baixam e pode produzir-se a isquémia e, consequentemente, dor (no peito, membro superior
e pescoço).
 O principal objetivo do tratamento farmacológico da angina é reduzir o trabalho do coração
e, consequentemente, a sua exigência em O2.
 A falta de O2 é causada pela redução do fluxo sanguíneo através das artérias coronárias,
promovido por:
 Aterosclerose – esta pode desenvolver-se como placas localizadas ou por estreitamento
generalizado das coronárias; Os doentes não têm sintomas até
 Espasmo das artérias; que ocorra um estreitamento
 Lesões nas válvulas aórticas; arterial de, pelo menos, 50%.
 Hipertensão;
 Diabetes.
Angina Estável
 Há um padrão previsível para a dor e para a frequência da angina de peito, ou seja, esta pode
desencadear-se após exercício/esforços, situação de stress, etc.
 Resulta de até 95% de obstrução do vaso.
 Normalmente, administram-se β-bloqueadores + nitratos para o seu tratamento.

Angina Instável
 Resulta da fissura ou erosão da placa de ateroma com a subsequente agregação plaquetária.
 A sintomatologia aparece de repente.
 A dor ocorre com cada vez menos esforço, culminando em dor em repouso.

Angina Variante
 É muito incomum, ocorrendo em repouso (nunca sabemos quando vai aparecer).
 É causada por espasmo coronário, estando associada, em geral, à doença ateromatosa.
 95% são espasmos e 5% é obstrução.
 Normalmente, administram-se bloqueadores de canais de cálcio + nitratos para o seu
tratamento.

 Para o tratamento da angina de peito utilizam-se quatro tipos de fármacos:


 Nitratos (trinitrato de gliceril e dinitrato de isossorbido);
 β-bloqueadores (atenolol e metoprolol);
 Bloqueadores dos canais de cálcio (amlodipina, nifedipina e verapamil);
 Inibidores da agregação plaquetária ou Anti-plaquetários (aspirina, ticlopidina e
tirofiban).

Nitratos (trinitrato de gliceril e dinitrato de isossorbido)


 São vasodilatadores que aliviam a angina de peito por induzirem o relaxamento do músculo
liso vascular periférico, o que resulta na dilatação das artérias e veias. O relaxamento reduz o
retorno venoso do sangue e diminui a pré-carga para o coração, levando a uma menor
necessidade de O2 pelo coração.
 Trinitrato de gliceril (nitroglicerina): é um nitrato de curta duração → ≈ 30min.
 Dinitrato de isossorbido: sofre grande efeito de 1ª passagem → mononitrato de isossorbido
(longa duração).
 Os nitratos:
 Reduzem a pré-carga;
 Reduzem a pós-carga;
 Dilatam as artérias coronarianas;
 Inibem a agregação plaquetária.
 O metabolismo do fármaco liberta iões nitrito (𝑁𝑂2− ). Na célula, o nitrito é convertido em
óxido nítrico (NO), ativando a guanilciclase. Isto irá causar um aumento do GMPc, com a
desfosforilação da cadeia leve da miosina  recaptação do Ca2+ e respetivo relaxamento.
 Resultados Terapêuticos:
 Alívio da dor durante um período de angina;
 Redução da frequência e da intensidade dos episódios;
 Aumento da tolerância às atividades.
 Efeitos adversos:
 Cefaleias – são frequentes, tendo que se limitar a dose administrada;
 Hipotensão;
 Desmaio.
β-bloqueadores (atenolol e metoprolol)
 Reduzem a necessidade de O2 pelo coração por bloquearem os receptores β-adrenérgicos do
coração, impedindo o estímulo por norepinefrina e epinefrina, que aumentam a frequência
cardíaca. Estes fármacos também reduzem a pressão arterial.
 São usados como profilaxia da angina.
 Os bloqueadores cardioselectivos são os fármacos de eleição (atenolol e metoprolol).
 Resultados terapêuticos:
 Reduzem o número de episódios de angina;
 Reduzem o uso de nitroglicerina;
 Melhoram a tolerância ao exercício.

Bloqueadores dos canais de cálcio (amlodipina, nifedipina e verapamil)


 Reduzem a necessidade de O2 pelo coração (reduzindo o trabalho cardíaco) e aumentam o
aporte sanguíneo pela dilatação coronária. Por inibirem a contração do músculo liso dos
vasos, os antagonistas do cálcio dilatam os vasos e reduzem a resistência ao fluxo sanguíneo.
 Apresentam menos efeitos adversos do que os β-bloqueadores.
 Todos os bloqueadores dos canais de cálcio dilatam as arteríolas
coronárias e reduzem a pós-carga, mas cada classe tem
diferentes efeitos na frequência e contratilidade cardíacas:
 O verapamil e o diltiazem têm efeitos inotrópico e
cronotrópico negativos diretos;
 A nifedipina tem efeitos diretos cardíacos sem valor, mas
pode causar resposta simpática reflexa por diminuir a
pressão arterial.
 Todos são ativos oralmente.
 Exibem alto metabolismo de 1ª passagem e alta ligação às proteínas plasmáticas.
 Após administração oral, agem dentro de 30min e têm meia-vida plasmática de algumas
horas.
 Efeitos adversos:
 Depressão da contratilidade e falha cardíaca;
 Bradicardia;
 Bloqueio AV;
 Parada cardíaca;
 Toxicidade menor;
 Hipotensão;
 Tonturas;
 Edema;
 Rubor.
 Contra-indicações:
 Verapamil e diltiazem podem deprimir a contratilidade e produzir bloqueio AV em
utentes que recebem bloqueadores-β;
 Verapamil pode aumentar os níveis séricos de digoxina em utentes digitalizados.
 Resultados terapêuticos:
 Reduzem o número de episódios de angina;
 Reduzem o uso de nitroglicerina;
 Melhoram a tolerância ao exercício.
Anti-plaquetários (aspirina, ticlopidina e tirofiban)
 As plaquetas são células sanguíneas (trombócitos) que circulam pelo sangue e que atuam na
formação do coágulo sanguíneo, na resposta dos vasos sanguíneos às lesões.
 A cumulação de plaquetas nas paredes dos vasos, conjuntamente com lipoproteínas de baixa
densidade (LDL), forma placas de ateroma na parede arterial, que podem estreitar ou
obstruir as artérias e causar enfarte de miocárdio.
 A aspirina atua no tromboxano A2, promovendo a diminuição da agregação plaquetária; por
conseguinte, a aspirina reduz o risco de morte por doença das artérias coronárias. Para a
maioria das pessoas com esta doença recomenda-se tomar diariamente um comprimido de
aspirina infantil, ou seja, a metade de um para adultos.
 As pessoas que têm alergia à aspirina podem tomar ticlopidina como alternativa.

Arritmias
Ocorrem quando a condução elétrica normal é alterada, o que resulta numa contração anormal
do músculo cardíaco ou na alteração da frequência cardíaca.
 Causas de arritmia:
 Situações de stress emocional intenso, isquémia ou IC podem desencadear impulsos
nervosos em células pacemaker normalmente silenciosas noutras regiões do coração;
 Obstrução parcial de uma via normal de condução, causando um fluxo irregular de
impulsos elétricos - que resulta num padrão irregular de contrações musculares.
 Tipos de arritmia:
 Arritmias supraventiculares – têm origem no nó atrioventricular;
 Arritmias ventriculares – têm origem nos ventrículos;
 Arritmias associadas a situações de stress – são tratadas com bloqueadores-β;
 Bradicardia sinusal – arritmia após EAM;
 Arritmias atriais:
 Fibrilação atrial;
 Flutter atrial.
 Taquicardia supraventricular;
 Taquicardia ventricular.

Arritmias Atriais
 Existem dois tipos de arritmia atrial:
 Fibrilação Atrial: é caraterizada por batimentos rápidos e irregulares das câmaras
superiores do coração; é provocada por um distúrbio elétrico nos átrios. Os impulsos
elétricos são descarregados de uma maneira tão rápida que o músculo atrial treme ou
fibrila.
 Flutter atrial: assemelha-se à fibrilação atrial, com frequências cardíacas atriais muito
mais rápidas do que o normal. Porém, no flutter atrial, os batimentos cardíacos são
quase sempre regulares, visto que o sinal elétrico fica preso no átrio, viajando
repetidamente num padrão circular.

Taquicardia Supraventriicular
 É também denominado por Taquicardia Atrioventricular por Reentrada Nodal (TRN).
 Na TNR cria-se um trajeto elétrico extra, que permite que o sinal elétrico volte e inicie outro
batimento cardíaco, fazendo com que os sinais elétricos circulem continuadamente pelos
dois trajetos. Desta forma, a frequência cardíaca fica muito rápida (comummente entre 160-
220bpm).
Taquicardia Ventricular
 A taquicardia ventricular é um grave distúrbio do ritmo do coração, pois fá-lo bater até 400
vezes por minuto. Nesta frequência, o músculo cardíaco praticamente não se contrai e fica
como se estivesse a tremer, não sendo capaz de bombear com eficiência o sangue para o
corpo.
 É utilizada a lidocaína para o seu tratamento.
CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS FÁRMACOS ANTI-ARRÍTMICOS
(Sistema Vaugan Williams)
→ Digoxina
 Estimula a atividade vagal causando a libertação da acetilcolina (cronotrópico
negativo), que abranda a condução e prolonga o período refratário no AV e no feixe de
His. Ao abrandar a condutância auriculoventricuular, a digoxina aumenta o grau de
bloqueio e fortalece o batimento ventricular.
 A digoxina intravenosa é utilizada no tratamento do flutter atrial e da fibrilhação rápida
e fora de controlo.

→ Verapamil (Classe IV)


 Atua bloqueando os canais de cálcio tipo-L.
 Tem um efeito particularmente forte no AV, onde a condução está inteiramente
dependente dos picos de Ca2+.
 Diminui o influxo de Ca2+ durante a fase de plateau/platô do potencial de ação e tem,
por isso, um efeito inotrópico negativo.
 Interações Medicamentosas: não deve ser usado com β-bloqueadores ou quinina pela
acumulação dos efeitos inotrópicos negativos.
→ Adenosina
 É utilizada por via endovenosa para reversão de taquicardia supraventricular paroxística
ao bloquear a transmissão via nó atrioventricular. Quando administrado por via
intravenosa, deprime a atividade do nó sinusal.
 Estimula os receptores de adenosina A1 e abre os canais de K+ sensíveis à acetilcolina.
Isto hiperboliza a membrana celular no AV e, pela inibição dos canais de Ca2+, abranda
a condução no AV.
 É rapidamente inativada (t1/2=8-10s), pelo que os efeitos secundários têm curta
duração.
 Efeitos secundários ou colaterais:
 Hiperémia da face;
 Broncospasmo;
 Dispneia;
 Cefaleias.
FÁRMACOS USADOS NAS ARRITMIAS SUPRAVENTRIICULARES E VENTRICULARES
→ Quinidina (Ia)
 É eficaz no tratamento de arritmias supra e ventriculares, mas o seu uso está limitado
devido aos efeitos secundários.
 Efeitos secundários ou colaterais:
 Diarreia;
 Vertigens;
 Hipotensão.
 Interações Medicamentosas:
 Fármacos que potenciam os efeitos terapêuticos e tóxicos: cimetidina, fenotiazinas,
digoxina, verapamil, amiodarona, β-bloqueadores (pode surgir bradicardia,
taquicardia e hipotensão);
 Fármacos que reduzem os efeitos terapêuticos: nifedipina, fenitoina, sucralfato,
disopiramida (podem surgir arritmias);
 Aumento da concentração da digoxina;
 Aumento do efeito da varfarina.

→ Flexacainida (Ic)
 É usada essencialmente na profilaxia atrial paroxística, mas possui uma ação inotrópica
negativa e pode causar arritmias ventriculares graves.

→ Amiodorona (III)
 Possui uma ação bloqueadora em vários canais (K+ e Na+ inativados) e nos
adrenoreceptores β;
 É eficaz quando os outros fármacos falharam, mas o seu uso está restringido devido aos
seus efeitos secundários.
 Efeitos secundários ou colaterais:
 Fadiga, tremores, movimentos involuntários, dormência e formigueiros;
 Náuseas, vómitos, obstipação;
 Dispneia ao esforço;
 Pode induzir novas arritmias;
 Hepatotoxicidade.
 Interações Medicamentosas:
 Cimetidina e Fluoroquinolonas – potencializam a ação da amiodarona;
 Aumento da concentração da digoxina;
 Aumento do efeito da varfarina;
 β-bloqueadores e Antagonistas do cálcio – aumentam a bradicardia.

FÁRMACOS USADOS NAS ARRITMIAS VENTRICULARES


→ Lidocaína (Ib)
 Tornou-se um dos fármacos mais utilizados no tratamento de arritmias ventriculares,
utilizando-se principalmente no tratamento de arritmias ventriculares associadas a
EAM, isquémia miocárdica e taquicardia ventricular.
 Efeitos secundários ou colaterais:
 Vertigens, fasciculação muscular, alucinações, agitação;
 Depressão respiratória – deve-se monitorizar a frequência e a profundidade da
respiração, presença de cianose.
 Interações Medicamentosas:
 Fármacos que potencializam os efeitos terapêuticos e tóxicos: cimetidina, fenitoína,
procainamida e β-bloqueadores (pode surgir bradicardia e hipotensão).
FÁRMACOS USADOS NAS ARRITMIAS INDUZIDAS PELO STRESS: β-bloqueadores
→ Propanolol
 É classificado como um anti-arrítmico da classe II.
 Usado no tratamento de arritmias, prevenção e tratamento do EAM.
 Bloqueia a estimulação dos receptores adrenérgicos β do miocárdio.
 Diminuem a velocidade de despolarização das células pacemaker.
 Diminuem a frequência cardíaca.
 Diminuem a contratilidade.
 Efeitos secundários ou colaterais:
 Hipotensão;
 Broncospasmo;
 Depressão;
 Pesadelos;
 Bradicardia;
 Fatiga;
 Náuseas.
 Interações Medicamentosas:
 Fármacos que potencializam os efeitos terapêuticos e tóxicos: anestésicos gerais,
fenitoína, varapamil (podem provocar depressão aditiva do miocárdio), digoxina
(pode ocorrer bradicardia, hipotensao aditiva com outros fármacos anti-
hipertensores).
Só o exercício físico por si, https://medpri.me/upload/texto/texto-aula-1005.html
já tem grande papel na
prevenção do colesterol Tromboembolismo e hiperlipidémias
O colesterol é importante, mas
quando está a mais deixa de ser bom.
Metabolismo Lipídico no organismo
 O excesso de lipoproteínas pode promover ou ser um fator de risco para a formação de
placas de ateroma. Assim, a 1ª opção para prevenir estas placas de ateroma é consolidar uma
dieta saudável com atividade física.
 O colesterol é o elemento mais importante ao nível das lipoproteínas.
 O colesterol é o precursor da aldosterona e de muitas hormonas e moléculas importantes
fisiologicamente.

(VLDL
também)
LDL -
HDL -
colesterol  Via exógena – só existem quilomicrons e quilomicrons remanescentes. Deixam os
mau pq tem colesterol
triglicéridos no fígado para que o músculo os utilize, com a finalidade de obter energia. bom pq
baixa
densidade, Depois de passarem pelo fígado, há um aumento do colesterol e uma diminuição de tem alta
logo quando triglicéridos. densidade,
passa nos portanto
 Havendo um aumento de VLDL e LDL, o colesterol é transportado para todos os órgãos; quando vai
vasos
sanguíneos, estas lipoproteínas só não devem estar em excesso. Porém, se estiver, o HDL recolhe esse a passar
não excesso de LDL, levando-o para o fígado. nos vasos
consegue → Se LDL ˃ 160mg/dl de sangue → direciona-se o utente para terapêutica; sanguíneos
arrastar o consegue
→ Se HDL ˂ 160mg/dl de sangue → o utente deve controlar a dieta + terapêutica. arrastar
que há de
colesterol consigo o
depositado colesterol
nesses que fica
vasos, depositado
ficando logo nos vasos.
também
depositado
lá. E com o
passar do Há sempre
tempo VLDL e LDL,
vai-se são colesterol
acumulando maus, mas
até obstruir fazem falta, só
a artéria. não devem
Ou seja, estar em
forma as excesso. E se
placas de estiverem, o
ateroma HDL recolhe
esse excesso e
leva-o para o
fígado.

Se o colesterol mau (LDL) for acima de 160, exercicio fisico n chega, deve fazer terapeutica. Se o HDL (bom colesterol)
for menor que 160, o utente deve controlar a dieta + terapeutica.
Colesterol total só pode ir até aos 200. O LDL (mau) só até os 130, e o HDL (bom)
não pode baixar dos 60.
 Valores-guia:

 Há uma correlação entre a concentração plasmática de colesterol LDL e o desenvolvimento


do processo de aterosclerose. Assim, fármacos hipolipemiantes estão aconselhados a utentes
com doença das artérias, para prevenir o desenvolvimento de placas de ateroma.
 Para prevenir ou evitar a progressão da aterosclerose há comportamentos que devem ser
adotados, como: Se houver desenvolvimento de aterosclerose,
como último caso pode haver EAM ou AVC.
Hipolipemiant → Introduzir dieta alimentar;
es são os → Controlar o peso corporal;
fármacos → Realizar exames com a terapêutica hipolipimiante:
usados no ∙ Análises TG, Colesterol, LDL, HDL – antes de iniciar a terapêutica e
tratamento
das periodicamente durante a terapêutica;
dislipidemias, ∙ Análises hepáticas (bilirrubina, asparto aminotransferase (AST), alanina
e aminotransferase (ALT), gama glutamiltransferase (GGT), fosfatase alcalina,
principalment tempo protrombina).
e no controle
dos níveis NOTA: Se o utente tiver problema cardíaco ou hepático → ↑AST
colesterol.
Se o utente tiver problema cardíaco, hepático ou no músculo → ↑ALT
Se o utente tiver problemas apenas a nível do fígado → ↑GGT

Inibidores da Reductase da HMG CoA ↔ Estatinas


(Sinvastatina, Pravastatina, Atorvastatina)
 Bloqueiam a síntese de colesterol no fígado. A redução de colesterol no fígado tende a
aumentar os receptores LDL, o que aumenta a depuração do colesterol no plasma
(decréscimo de LDL plasmático). No geral, são bem tolerados.
 Efeitos adversos:
As estatinas bloqueiam a síntese de colesterol no fígado. Com esta redução,
→ Dor muscular (mialgias); há aumento dos recepetores LDL (mau), o que provoca remoção de
→ Desconforto gastrointestinal; colesterol no plasma. Efeitos adversos ("secundários"): dor muscular,
desconforto gastrointestinal, insónia, manchas vermelhas na pele.
→ Insónia;
→ Rash cutâneo/Exantema (manchas vermelhas na pele).

Resinas Permutadores de Iões


(Colestiramina, colestipol)
 Ao serem administrados por via oral, sequestram os sais biliares no intestino e previnem a
sua reabsorção e recirculação entero-hepática. A concentração de HDL não se altera,
causando apenas uma ligeira diminuição de triglicéridos. A redução na absorção de
colesterol exógeno e o aumento do metabolismo de colesterol endógeno em sais biliares
causam aumento de expressão dos receptores LDL, o que promove decréscimo de LDL
plasmático.
Roubam os sais minerais ao intestino, impedindo a sua reabsorção para não
entrarem na circulação entero-hepática.
A concentração de colesterol bom (HDL) não se altera, mas haverá uma ligeira
 Efeitos adversos: diminuição de triglicéridos (gordura no sangue).
Estes efeitos
acontecem porque → Desconforto abdominal; Comer coisas com baixo colesterol + aumento do metabolismo de
colesterol endógeno em sais biliares = receptores de LDL aumentam a
os sais biliares → Diarreia; sua expressão, o que vai aumentar a remoção de LDL no plasma.
são "roubados" do
intestino. → Obstipação.
"SE NÃO VAI PARA O PLASMA, NÃO VAI PARA O SANGUE" Raquel, 2022
 Interações medicamentosas:
Digoxina - digitálico
→ Digoxina, Varfarina, Gemfibrozil, Beta-bloqueadores – as resinas podem ligar-se a
Varfarina - estes fármacos, o que reduz a sua absorção. É importante aconselhar a toma destes Então uma
anticoagulante pessoa que tome
Gemfibrozil - fármacos uma hora antes da toma das resinas. resina, deve estar
hipolipemiantes
Beta-bloqueadores -
→ Amiodorona – as resinas diminuem a absorção deste fármaco, pelo que não se devem atento a exames
para verificar se
vasodilatadores usar em conjunto. tem vitaminas em
Amiodorona - quantidade
antirritmico e → Vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) – as resinas diminuem a absorção destas suficiente (nota:
vasodilatador vitaminas, podendo ser necessário fazer suplementação. vitamina K é fator
de coagulação do
sangue)

Ácido Nicotínico ou Niacina


 O ácido nicotínico é uma vitamina que tem sido usada como agente redutor de lípidos. É
convertido em nicotinamida, que inibe a secreção hepática de VLDL, com consequente
redução de triglicéridos (até 60%) e LDL circulantes e aumento da HDL.
 É o único que trabalha HDL; os outros fármacos trabalham outras lipoproteínas em
simultâneo.
 Efeitos adversos: Vitamina que reduz os lipidos. É convertido em nicotinamida, que inibe a VLDL (colesterol mau), com
consequente redução das gorduras no sangue. Basicamente, diminuição dos 2 maus e aumento de
→ Rubor; HDL (bom).
IMPORTANTE: O ácido nicotínico além de diminuir o mau, é o único que trabalha com HDL (bom).
→ Palpitações;
→ Distúrbios gastrointestinais.

Fibratos
(Benzafibrato, Ciprofibrato, Fenofibrato, Clofibrato)
 Produzem uma diminuição ligeira das LDL (cerca de 10%) e um aumento de HDL (cerca de
10%), causando uma diminuição acentuada dos triglicéridos plasmáticos (cerca de 30%). Os
fibratos atuam como ligandos do receptor alfa ativado por proliferadores de peroxissomas
(PPAR-α) que estimulam a atividade lipoproteica lipase.
 São os fármacos de 1ª linha em doentes com níveis elevados de triglicéridos plasmáticos.
 Efeitos adversos: Os fibratos diminuem os maus LDL (pouco) e aumentam os bons HDL (pouco), e
→ Distúrbios gastrointestinais; consequentemente causam uma diminuição da gordura que está no sangue (triglicéridos).
IMPORTANTE: é a primeira escolha a dar um doente com níveis elevados de triglicéridos
→ Rash cutâneo. no sangue.

Inibidores da Absorção Intestinal do Colesterol


(Ezetimiba)
 O ezetimiba reduz a absorção do colesterol pelo intestino delgado e diminui o colesterol
LDL (em cerca de 18%) e os triglicéridos (em cerca de 7%), alterando pouco o colesterol
HDL.
 Pode ter uma ação sinérgica com as estatinas, sendo boa escolha para terapias de
combinação.

A ezectimiba (inibidor da absorção intestinal do colesterol) reduz a absorção do colesterol pelo intestino
delgado e diminui o LDL e a gordura, mas quase não mexe no HDL (bom).
Trabalha bem com as estatinas:
- Com a estatinas bloqueiam a síntese de colesterol no figado, logo isso vai ser eliminado através de fezes ou
urina. Se forem através da fezes, passam no intestino onde é absorvido água e sódio e consequentemente o
LDL pode acabar por ser absorvido. Se a pessoa tomar inibidor da absorção intestinal do colesterol e estatina,
vai impedir que o LDL expulso pelo figado volte a ser absorvido pelo intestino.
Hemostasia - " Hemostasia
está tudo bem
com o sangue,
 O termo “hemostasia” refere-se ao conjunto de
não há risco de mecanismos pelos quais se mantêm o sangue fluido
coagular (formar
trombos) nem dentro do vaso, sem coagular (trombose) nem extravasar
extravasar (hemorragia).
(hemorragia)
 O processo hemostático pode ser dividido em quatro
estágios:
Se houver uma 1. Vasoconstrição.
ferida, tem que 2. Hemostasia primária (adesão plaquetária e ativação)
haver uma
vasoconstrição para ↔ Agregação plaquetária.
prevenir que o
sangue saia mas
3. Hemostasia secundária (coagulação do sangue) –
isso não chega. produção de fibrina. o sangue coagula por causa da fibrina
Então ocorre uma
hemostasia primária 4. Fibrinólise – degradação do coágulo depois da
(adesão plaquetária, reposição tecidular.
ou seja, as
plaquetas vão a
ocorrer pra ferida
para fazer de "
 Em relação à 3ª fase do processo hemostático, o sistema
tampa" para não de coagulação é composto por uma cascata de enzimas
sair mais sangue) e
depois ocorre uma proteolíticas e cofatores. Precursores inativos são
hemostasia ativados em série, cada um dando origem a mais do
secundária (ocorre
coagulação do seguinte. A última enzima, a trombina, derivado de
sangue). O sangue protrombina (II), converte o fibrinogénio solúvel (I) para
coagulado lá tapa a
ferida. Já não é uma malha de fibrina insolúvel no qual as células
necessário essa "
tampa", e então
sanguíneas são presas, formando um coágulo.
dá-se a fibrinólise  A trombose é uma condição patológica que resulta da
que é para haver a
degradação da ativação inapropriada dos mecanismos hemostáticos:
coagulo (tampa) e → Trombos Venosos (trombo vermelho) – são Protrombina - trombina - fibrinogénio solúvel - fibrina insolúvel - coágulo.
reposição tecidular
(lesão fecha). compostos por fibrina, eritrócitos e plaquetas. As
principais causas de formação de trombos venosos
VENOSA: Se o trombo for
vermelho, é nas veias. As
são: imobilidade, cirurgias, período pós-operatório.
principais causas destes Os trombos venosos formam-se geralmente em
são: imobilidade e cirurgias.
Formam-se geralmente em resposta à estase venosa.
resposta à estase venosa ("
fica parado e forma → Trombos Arteriais (trombo branco) – são
coagulos").
ARTERIAL: se o trombo for compostos por plaquetas e fibrina. Formam-se em
branco é nas artérias.
Formam-se com elevado regiões com elevado fluxo sanguíneo em resposta a
fluxo sanguineo em resposta
a lesão das paredes dos
uma lesão das paredes dos vasos sanguíneos.
vasos sanguíneos. Geralmente, podem estar associados a aterosclerose.
Normalmente são
associados a aterosclerose.

Fármacos utilizados no Tromboembolismo


Fármacos Inibidores da Agregação Plaquetária
(Ácido acetilsalicílico, Clopidogrel, Ticlopidina, Dipiridamol)
 São utilizados principalmente na trombose arterial e incluem:
→ Risco ou Enfarte do Miocárdio; Farmacos que inibem que se formam coagulos. Usados na
→ Angina ou claudicação intermitente; trombose arterial.

→ Após revascularização do miocárdio;


→ Síndromes coronarianas instáveis (clopidogrel + aspirina);
→ Após angioplastia das artérias coronárias;
→ Isquémia cerebral transitória ou AVC trombótico, para prevenir a recorrência
(dipiridamol + aspirina).
 A base da ativação plaquetária e da agregação é um aumento do cálcio citoplasmático, que
promove o aumento da afinidade dos receptores para o fibrinogénio.
Para haver coagulo tem que haver aumento do cálcio citoplasmático. Este calcio aumenta devido a tromboxano A2, trombina, 5HT e a inibição
de adenilciclase.
O tromboxano A2 (TXA2), a trombina e a 5HT (5-hidroxitriptamina) ativam a fosfolipase C
e o 1,4,5-trifosfato de inositol (IP3), resultando na libertação de Ca2+ do retículo
endoplasmático.
A ADP inibe a adenilciclase e a produção de AMPc, aumentando o Ca2+ citoplasmático.
A fosfodiesterase (PDE) vai promover a transformação de AMPc em AMP (havendo uma
diminuição de AMPc, promove-se o aumento de Ca2+ intracelular).
Todos os inibidores da agregação plaquetária atuam na inibição de algumas destas vias Ca2+
dependentes.
 O ácido acetilsalicílico (aspirina) reduz o risco de enfarte de miocárdio em doentes com
angina instável e aumenta a taxa de sobrevivência em doentes que sofreram um enfarte
agudo; inibe a síntese do tromboxano A2 (potente indutor da agregação plaquetária),
inibindo irreversivelmente a ciclooxigenase; esta inibição da ciclooxigenase leva a que as
células da parede vascular produzam prostaglandinas PGI2 (prostaciclina, antagonista
fisiológico do tromboxano A2).
→ Efeitos secundários ou colaterais:
A aspirina inibe a ∙ Irritação gástrica – deve ser administrado com alimentos e com bastante água (o
síntese do ácido acetilsalicílico com revestimento entérico pode reduzir a irritação
tromboxano A2
(inibe a formação gástrica); esta irrigação pode levar a úlceras
de coágulos) e
inibe ∙ Hemorragia digestiva alta – melenas (fezes escuras), hematemeses (vómitos
irreversivelmente a
ciclooxinegase,
com sangue vivo ou tipo “borra de café”). ao irritar o estomago, este pode começar a sangrar
havendo uma → Interações medicamentosas:
produção de
prostaglandinas ∙ Probenecida – os salicilatos inibem a excreção do ácido úrico causada por este
PGI2. fármaco. O uso regular deve ser evitado, substituindo por paracetamol. O ácido
acetilsalicílico reduz o efeito da probenecida;
∙ Varfarina – aumenta os efeitos anticoagulantes deste fármaco;
∙ Antidiabéticos orais – aumenta os seus efeitos (deve vigiar-se sintomas de
hipoglicemia);
∙ Corticóides – em associação podem promover ulcerações gastrointestinais;
∙ Etanol – pode causar hemorragia gastrointestinal devido ao seu efeito aditivo de
irritação gástrica.
 O Clopidogrel e a Ticlopidina reduzem a agregação plaquetária, bloqueando
irreversivelmente os efeitos da ADP nas plaquetas (não inibem a adenilciclase, o que
promove o aumento de AMPc e a consequente diminuição de Ca2+ disponível).
→ Efeitos secundários ou colaterais:
∙ Náuseas, vómitos, anorexia, diarreias; neutropenia - redução de neutrófilos no sangue
agranulocitose - aumento de granulocitos no sangue
∙ Neutropenia, agranulocitose;
∙ Sangramento/hemorragia.
 O Dipiridamol é usado com a varfarina (controlada com o tempo de protrombina – 10 a 12s)
para evitar a formação de trombos nas válvulas cardíacas; impede a captação de adenosina e
a biotransformação de AMPc em AMP (impedindo a ação da fosfodiesterase) nas plaquetas,
potencializando a inibição mediada por prostaciclina.
→ Efeitos secundários ou colaterais:
∙ Tonturas;
∙ Desconforto abdominal.
Anticoagulantes
(Varfarina, Heparina, Dalteparina, Enoxaparina)
 Os anticoagulantes são usados para prevenir:
→ Trombose venosa profunda (por exemplo, no período perioperatório);
A Varfarina é bem absorvida
→ Extensão da trombose venosa profunda estabelecida; oralmente, mas só manifesta os seus
efeitos 2 a 3 dias após a toma e tem
→ Embolia pulmonar; uma semi-vida longa (cerca de 40h) e
→ Trombose e embolização em doentes com fibrilhação atrial; pode levar 5 a dias a sair do corpo.

→ Trombose em próteses valvulares cardíacas;


→ Coagulação em circulação extracorpórea (por exemplo, durante a hemodiálise);
→ Enfarte do miocárdio em doentes com angina instável.
 O principal efeito adverso dos anticoagulantes é a hemorragia.
 Quanto aos antagonistas da vitamina K, estes são trabalhados pela varfarina. A varfarina ou
inibidores diretos da trombina ou Xa podem ser usados numa terapia prolongada. A varfarina
é um derivado da cumarina com estrutura similar à vitamina K. A varfarina bloqueia a
carboxilação dependente da vitamina K dos resíduos de glutamato, resultando na produção
de fatores VII, IX, X e protombina (II) modificados. Estes fatores não conseguem promover
a coagulação, pois não se conseguem ligar ao Ca2+. A varfarina é bem absorvida após
administração oral, mas a sua capacidade anticoagulante total só se manifesta após 2-3 dias
da toma. Tem uma semi-vida longa (cerca de 40h) e pode demorar cerca de 5 dias, após a
paragem do tratamento, para que o tempo de protombina regresse ao normal. É metabolizada
pelo fígado, num metabolito inativo (5-hidroxivarfarina).
→ Efeitos adversos:
∙ Hemorragia;
∙ Contra-indicado na gravidez – risco de aborto e anomalias fetais, alterações no
SNC;
∙ Necrose de tecidos moles;
∙ Baixa margem de segurança;
∙ São necessários testes de coagulação – tempo de protombina (TPT) para ajuste
de dose. O TPT é o tempo de formação de um coágulo de fibrina após adição de
um reagente de tromboplastina (valor de referência: 10-12s); Porque a vitamina K é um
∙ A vitamina K pode ser usada como antídoto em caso de sobre-dosagem. dos fatores de coagulação
do sangue.
Com a
varfarina,
podemos
 A heparina (muitas vezes como heparina de baixo peso molecular) é utilizada de forma
fazer uma aguda. O efeito anticoagulante da heparina requer a presença de antitrombina III, um inibidor
terapêutica
prolongada, de protease presente no sangue que forma um complexo com a trombina (1:1). A heparina
com a
heparina só
aumenta em cerca de 1000 vezes a velocidade de formação do complexo (trombina-
pode ser de antitrombina III), causando a inativação quase instantânea da trombina. O complexo
forma aguda.
heparina-antitrombina III também inibe o fator Xa.
A administração A administração SC ou a perfusão endovenosa de heparina reduz a incidência de trombose
de heparina só venosa em doentes que estão a recuperar de AVC ou enfarte de miocárdio. Tem uma duração
pode ser via
endovenosa e de ação curta (4-6h). Se necessário, a heparina pode ser neutralizada pela administração
subcutânea.
endovenosa de protamina (péptido ácido que se combina com a heparina básica). A heparina
geralmente
padrão dura 1-2h na corrente sanguínea. As heparinas de baixo peso molecular (ex: usamos a de
Enoxaparina, Dalteparina) têm uma semi-vida maior do que a heparina padrão (1,5-2,5h), baixo peso
molecular.
tendo a vantagem de só necessitar de uma administração diária SC por serem mais Geralmente são
administradas 1
biodisponíveis. vez por dia, por
→ Efeitos colaterais das HBPM e Heparina: via subcutânea.

∙ Formação de hematomas, sangramento no local da injeção;


∙ Sangramento (pesquisa de equimoses ou hematomas na pele e mucosas);
∙ Trombocitopenia. diminuição de plaquetas no sangue. E se houver esta diminuição pode haver risco de hemorragia.

Fármacos Fibrinóliticos
(Estreptoquinase, Alteplase, Reteplase)
 São extensamente usados em embolias pulmonares, trombose venosa profunda, no enfarte de
miocárdio para promover a lise dos trombos que bloqueiam as artérias coronárias (em
doentes selecionados). para promover a destruição dos trombos, dados a doentes selecionados, sempre por endovenosa
 São administrados por infusão endovenosa.
 Promovem rapidamente a lise dos trombos através da ativação do plasminogénio para formar
plasmina (enzima proteólitica que degrada a fibrina).
 Efeitos secundários:
→ Náuseas;
→ Vómitos;
→ Hemorragias.
Farmacologia do Sistema Respiratório
Regulação da Musculatura dos Vasos e das Glândulas das Vias Aéreas
 Receptores Sensitivos e Vias Aferentes – os receptores de irritação rápida e as fibras C
sensoriais respondem a substâncias químicas exógenas, a mediadores inflamatórios e a
estímulos físicos (ex: ar frio), promovendo tosse, broncoconstrição e aumento de secreção do
muco.
 Vias eferentes – são constituídas pelos:
→ Receptores Alfa-Adrenérgicos – têm como função promover maior atividade da
adenilil ciclase; constrição do músculo liso de vaias, artérias e brônquios; maior
libertação de histamina.
→ Receptores Beta-Adrenérgicos – têm como função promover menor atividade de
adenilil ciclase; vasodilatação; broncodilatação; menor liberttaçao de histamina.
→ Receptores Colinérgicos (M3) – que têm como função promover a broncodilatação e a
hipersecreção das glândulas.
→ Mediadores não adrenérgicos e não colinérgicos (Mediadores NANC):
∙ NANC inibitório – é o principal neurotransmissor relaxante nas vias aéreas
devido à libertação de óxido nítrico;
∙ NANC excitatórios – são libertados das fibras C sensitivas quando há
estimulação por mediadores inflamatórios e substâncias químicas irritantes, que
causam neuroinflamação. Os principais neuropeptídios no pulmão são a
substância P, que é responsável pelo aumento da permeabilidade vascular e
induz a secreção de muco; e a neurocinina A, que é um potente espasmógeno.

Volumes e Capacidades Pulmonares


 O estudo dos volumes e capacidades pulmonares fornece importantes informações sobre o
funcionamento do sistema respiratório. Essa avaliação pode ser feita em grande parte
mediante espirometria, que permite também a medida dos fluxos respiratórios.

 Exames Laboratoriais usados para avaliar a função pulmonar:


→ pH;
→ PaCO2;
→ HCO3;
→ PaO2;
→ SaO2.
Doenças Pulmonares Obstrutivas/Restritivas
 Doença Pulmonar Obstrutiva – promove o estreitamento das vias aéreas, aumentando a
resistência ao fluxo de ar. Isto leva a uma constrição do músculo liso pulmonar
(broncoespasmo), edema, inflamação das paredes brônquicas ou secreção excessiva de
muco. Ex: asma, bronquite crónica, enfisema pulmonar.
→ Capacidade Pulmonar Total (CPT) normal;
→ Volume Corrente (VC) reduzido;
→ Capacidade Residual Funcional (CRF) aumentada.
 Doença Pulmonar Restritiva – há uma expansão pulmonar limitada devido à perda de
elasticidade (ex: fibrose pulmonar) ou deformidade física do tórax. Ex: bronquite crónica,
enfisema pulmonar.
→ Todos os volumes medidos encontram-se reduzidos.

Rinite Alérgica (Febre dos Fenos)


 É uma inflamação da mucosa nasal, secundária a uma reação alérgica.
 Está associada a doentes previamente expostos a um ou mais alergenos, que desenvolvem
anticorpos contra eles. Após a 1ª exposição, quando a pessoa entra em contacto com o
alergeno, desenvolve uma reação antigénio-anticorpo, causando inflamação e inchaço das
passagens nasais com libertação de histamina.
 Uma reação alérgica grave provoca um aumento dos níveis de histamina, causando dilatação
arterial extensa, hipotensão, pede edematosa, prurido intenso, libertação de grandes
quantidades de secreções pulmonares e gástricas.
 É importante o tratamento não apenas para o alívio da sintomatologia, mas também para
prevenir alterações nasais irreversíveis, como: espessamento do epitélio nasal, perda de
cílios, perda de olfato, sinusite e otite média.

Asma
 É uma doença inflamatória dos brônquios e bronquíolos.
 Carateriza-se por períodos intermitentes de obstrução aguda e reversível das vias aéreas
(broncoconstrição) causada pela inflamação e hiper-resposta brônquica.
 Sintomas:
→ Tosse;
→ Dispneia;
→ Rigidez torácica;
→ Aumento da produção de muco.

Imunoglobulina E (IgE)
 As IgE são a maior classe de anticorpos reativos, estando presente em baixas concentrações
no soro sanguíneo. No entanto, em utentes alérgicos, os níveis de anticorpos específicos
podem estar aumentados até cerca de 100 vezes o valor normal.
 A IgE é encontrada na membrana de superfície de basófilos e mastócitos e a ligação do
anticorpo aos receptores do mastócito promove a desgranulação dos mastócitos por um
mecanismo que envolve o influxo de Ca2+.
 Os mastócitos contêm as reservas de histamina (em grânulos citoplasmáticos ligados à
heparina) do organismo e existem em quase todos os tecidos. A libertação de histamina
envolve normalmente o influxo de iões Ca2+ e, uma vez que a permeabilidade da membrana
celular aos iões Ca2+ está diminuída quando os níveis de AMPc se elevam, os fármacos que
estimulam a síntese de AMPc (agonistas dos adrenoreceptores β2) reduzem a libertação de
histamina.
 Os mediadores agentes espasmogénicos (histamina, leucotrienos, prostaglandinas, fator
ativador das plaquetas) libertados dos mastócitos e as quimiotaxinas atraem células
inflamatórias, especialmente eosinófilos. Estes processos inflamatórios no início são
reversíveis, provocando vasodilatação, edema, secreção de muco e broncoespasmo. Contudo,
a lesão permanente do epitélio bronquial e a hipertrofia do músculo liso conduzem à
obstrução irreversível das vias aéreas.

Farmacologia do Sistema Respiratório


Descongestionantes Simpaticomiméticos (descongestionantes nasais tópicos)
 Os descongestionantes nasais estimulam os receptores α-adrenérgicos (1 e 2) da mucosa
nasal. A ativação destes receptores produz vasoconstrição. Esta vasoconstrição provoca uma
diminuição do fluxo sanguíneo através da mucosa nasal, diminuindo a área do tecido nasal
inflamado, facilitando assim a circulação do ar.
 Estes fármacos contribuem para uma diminuição do edema (congestão nasal) e da rinorreia.
 Os descongestionantes tópicos dividem-se em dois grupos:
→ Longa duração – oximetazolina (Nasex, Vicks Vapospray); xilometazolina (Otrivina);
→ Curta duração – fenilefrina (Neo-Sinefrina) → são sempre prescritos a crianças.
 São fármacos de escolha no alívio da congestão associada à rinite, não a tratam. São
utilizados em combinação com anti-histamínicos no tratamento da rinite alérgica para reduzir
a congestão e contrabalançar a sedação causada por muitos anti-histamínicos.
 Aplicação oral ou tópica – tendo como vantagem a abolição dos efeitos sistémicos. Por outro
lado, tem como desvantagem a possibilidade de promoverem o aparecimento de rinite
medicamentosa.
 Tem que se ter muito cuidado na administração oral de descongestionantes em doentes com
hipertensão, hipertiroidismo, diabetes e doenças cardíacas (para não agravar).
 Efeitos colaterais:
→ Irritação nasal leve;
→ Hipertensão (em caso de uso excessivo);
→ Rinite medicamentosa – pode aparecer 3-5 dias após a utilização de
descongestionantes nasais tópicos de longa duração e, geralmente, ocorre 2-3 semanas
após o uso regular de descongestionantes tópicos de curta duração.
 Interações medicamentosas:
→ Bloqueadores β-adrenérgicos (propanolol, atenolol, etc.) – são fármacos que
potencializam os efeitos tóxicos;
→ Metildopa, Reserpina – o uso frequente de descongestionantes inibe a atividade anti-
hipertensiva destes fármacos.

Anti-histamínicos
 Os anti-histamínicos H1 são antagonistas competitivos da histamina pelos seus receptores
H1. Constituem uma terapêutica paliativa de efeito predominantemente sistémico da Rinite
Alérgica:
→ Sedativos – Prometazina (Fenergan), Hidroxizina (Atarax):
∙ Possuem ação anti-muscarínica e atravessam a barreira hematoencefálica,
causando geralmente sonolência e diminuição da atividade psicomotora.
∙ Têm como efeitos colaterais: os efeitos sedativos; visão distorcida, confusão,
secura das mucosas (efeitos anti-colinérgicos).
→ Não sedativos – Cetirizina (Zyrtec), Azelastina (Allergodil), Desloratadina (Aerius):
∙ Não possuem atividade semelhante à atropina e não atravessam a barreira
hematoencefálica, pelo que não promovem tantos efeitos adversos.
∙ Interações medicamentosas: Depressores do SNC (analgésicos, ansiolíticos,
álcool) potenciam o efeito sedativo dos anti-histamínicos.
 Na prática, podem ser utilizados tanto para o alívio dos sintomas agudos como no tratamento
prolongado. Ou seja, os anti-histamínicos tratam a rinite e qualquer outro sintoma do
processo alérgico, pois não promovem vasoconstrição, portanto combinam-se com os
descongestionantes.
 Estes fármacos diminuem os espirros, o prurido nasal e a rinorreia. No entanto, não atuam na
congestão nasal.

Anti-inflamatórios Respiratórios (corticosteróides)


 Aumentam efetivamente o calibre das vias aéreas, pela redução das reações inflamatórias
(ex: edema e hipersecreção do muco) e modificam as reações alérgicas.
 Os corticosteróides aplicados por via tópica apresentam poucos efeitos colaterais sistémicos.
São muito eficazes no tratamento da Rinite Alérgica e particularmente úteis em doentes com
congestão nasal que não respondem a anti-histamínicos. No entanto, quando todas as outras
terapêuticas falham, surge a necessidade da administração oral que está associada a muitos
efeitos adversos.
 Podemos dividir os corticosteróides em dois grupos:
→ Inalados – Betametasona (Celestone), Budesonida (Pulmicoort), Beclometasona;
→ Oral – Prednisolona.
 Têm efeito terapêutico e alivam os sintomas da Rinite Alérgica, diminuindo os espirros, o
prurido nasal, a rinorreia e a congestão nasal.
 Se a sintomatologia não melhorar durante 3 semanas, a terapêutica deve ser interrompida.

Broncodilatadores
Agonistas Adrenérgicos β-2 Seletivos
 O músculo liso das vias aéreas tem poucas fibras nervosas adrenérgicas, mas muitos
receptores β-2, cuja estimulação causa broncodilatação. A ativação dos adrenoreceptores β-2
relaxa o músculo liso pelo aumento intracelular de AMPc, que promove a inibição da
quinase de cadeia leve da miosina.
 Geralmente, o Salmeterol (Serevent), Salbutamol (Ventilan), Terbutalina (Bricanyl
Tubohaler) são administrados por inalação; apesar de não serem específicos, não se
verificam efeitos β-1 nas doses usadas.
 De acordo com a duração de ação, podemos dividir os agonistas β em dois grupos:
→ Agonistas β de ação curta – Terbutalina, Salbutamol;
→ Agonistas β de ação longa – Salmeterol (devem ser usados em doentes com asma
crónica.
 Reações adversas: Na asma, os médicos preferem que
→ Tremor (principalmente nas mãos); os doentes façam corticóides
→ Agitação; nasais de forma continuada,
→ Nervosismo; devido aos picos, pois nunca se
→ Palpitações; sabe quando vão acontecer as
→ Cefaleias; crises.
→ Taquicardia;
→ Arritmias.
 Contra-indicações e precauções:
→ Hipersensibilidade a qualquer componente;
→ Doença coronária, arritmias ou outras doenças cardiovasculares;
→ Hipertensão;
→ Hipertiroidismo;
→ Diabetes;
→ Gravidez e aleitamento.
 Interações medicamentosas:
→ Corticosteróides;
→ Diuréticos;
→ Xantinas.

Antagonistas Colinérgicos (antagonista muscarínico)


 O uso de substâncias bloqueadoras do sistema parassimpático (SNP), ou seja, de compostos
anti-muscarínicos, tem o objetivo de reduzir o broncoespasmo por redução da
broncoconstrição vagal reflexa, que resulta da estimulação pela histamina dos receptores
sensoriais (sensíveis à irritação) das vias aéreas. Os agentes anti-colinérgicos são,
geralmente, menos eficazes que os agonistas β-adrenérgicos.
 Brometo de ipratrópio (Atrovent) – utilizado na bronquite crónica.
 Efeitos colaterais:
→ Boca seca;
→ Náuseas;
→ Irritação faríngea;
→ Taquicardia;
→ Retenção urinária.

Broncodilatadores derivados da Xantina


 Os compostos xantínicos (aminofilina, teofilina) atuam diretamente sobre o músculo liso da
árvore brônquica, dilatando o brônquio e aumentando assim o fluxo de ar dentro e fora dos
sacos alveolares.
 Estes fármacos podem beneficiar as crianças que não podem usar inalantes e adultos com
predominância de sintomas noturnos.
 A aminofilina é uma opção secundária de croncodilatador para alívio imediato dos sintomas
da asma. O seu uso como medicação de alívio deve restringir-se a doentes hospitalizados.
 A teofilina inibe a fosfodiesterase e aumenta os níveis celulares de AMPc, os quais
promovem menor oscilação dos níveis séricos, melhoram a adesão e oferecem melhor
proteção contra a asma noturna. Mesmo quando as concentrações plasmáticas estão dentro
da janela terapêutica (10-20 mg/L) é muito comum o aparecimento de náuseas, cefaleias,
insónias e desconforto abdominal.
→ É muito utilizado pelas crianças.
→ Normalmente, faz-se em associação com outro broncodilatador. Nunca se começa com
a teofilina, porque não é tão efetiva como os outros.
Farmacologia do Sistema Digestivo
Controlo do Sistema Gastrointestinal
 Controlo Neuronal: o SN entérico integra o plexo mioentérico (plexo de Auercach) e o plexo
submucoso (plexo de Meissner):
→ O plexo de Auerbach é composto por fibras simpáticas e parassimpáticas (M3) e tem
como função controlar o peristaltismo;
→ O plexo de Meissner é composto por fibras parassimpáticas e controla a secreção
(acetilcolina – receptores M3 – aumenta a secreção gástrica (M1)).
 Controlo Hormonal:
→ Gastrina - ↑ motilidade gástrica; ↑ motilidade intestinal; ↑ a secreção dos suucos
gástricos, intestinais, pancreáticos; ↑ a contração do esfíncter esofágico inferior;
estimula a síntese de histamina.
→ Colecistoquinina - ↑ a secreção dos sucos intestinais, pancreáticos; promove o
relaxamento do esfíncter esofágico inferior.
→ Secretina - ↑ a contração do esfíncter esofágico inferior; ↓ motilidade inteestinal; ↓ a
secreção do suco gástrico.
→ Histamina – hormona local que estimula a produção de suco gástrico quando ligada ao
receptor H2.
→ Prostaglandinas (PGE2, PGEI2) – exercem efeito citoprotetor → ↑ da produção de
bicarbonato, ↓ da produção de ácido gástrico.

Úlcera Péptica
 Refere-se a qualquer úlcera na área onde a mucosa é banhada pelo ácido clorídrico e pela
pepsina do suco gástrico (ou seja, o estômago e a parte proximal do duodeno).
 Resulta de um desequilíbrio entre os conteúdos gástricos do estômago e as barreiras de
defesa normal que protegem a parede do estômago, promovendo o desenvolvimento de
úlceras no trato GI.
 A secreção de HCl é estimulada pela acetilcolina libertada das fibras pós-ganglionares vagais
e pela gastrina libertada pelas células G da mucosa quando detetam aminoácidos e péptidos
no estômago (provenientes da comida). A gastrina e a acetilcolina estimulam indiretamente a
secreção ácida, principalmente pela libertação de histamina pelas células parácrinas. A
histamina atua nas células parietais onde a estimulação dos receptores H2 resulta num
aumento do AMPc intracelular e a secreção de ácido (estimula a bomba de protões).
 Principais causas:
→ Super-secreção de ácido clorídrico por número excessivo de células parietais;
→ Lesões da barreira da mucosa - promovidos por inibidores das prostaglandinas (ex:
aspirina);
→ Infeções da parede da mucosa por Helicobacter pylori.
 Fatores de risco:
→ Predisposição genética;
→ Stress;
→ Tabaco - ↑ a secreção ácida, altera o fluxo sanguíneo e retarda a síntese de
prontaglandinas (necessárias aos mecanismos de defesa);
→ Medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides – inibem as prostaglandinas que
protegem a mucosa e irritam diretamente a parede do estômago. Uma vez formada a
úlcera, os AINEs também promovem o retardo da sua cicatrização.
Fármacos que atuam no trato Gastrointestinal
 Os fármacos eficazes no tratamento da úlcera péptica reduzem a secreção gástrica ácida ou
aumentam a resistência da mucosa ao ataque do ácido e da pepsina.
 Cerca de 90% dos doentes com úlcera duodenal e cerca de 70% dos doentes com úlcera
gástrica têm infeção pela bactéria Helicobacter pylori. As taxas de recidiva de úlcera
reduzem-se muito significativamente quando se consegue erradicar esta bactéria.
 As úlceras cicatrizam mais rapidamente quando se evita o contacto da mucosa com o ácido e
a pepsina.
 A secreção ácida das células parietais é reduzida pelos antagonistas dos receptores H2 da
histamina ou pelos inibidores da bomba de protões (que transportam os iões para fora das
células parietais).

Fármacos que protegem a mucosa


Sulcralfato (agente de revestimento)
 Forma um complexo que adere à base da úlcera, protegendo-a de agressores, tais como:
ácido, pepsina e sais biliares. Não inibe as secreções ácidas (como os antagonistas do H2) ou
altera o pH gástrico (como os antiácidos).
 Indicações:
→ Úlceras duodenais;
→ Polimedicações como terapêutica de prevenção.
 Efeitos colaterais:
→ Obstipação; Estes são efeitos leves. No entanto, o doente deve manter-se
→ Boca seca; hidratado, deve obter prescrição para laxantes e estimular a
→ Tonturas. inclusão de fibras na dieta.
 Interações medicamentosas:
→ Tetraciclinas – o sulcralfato pode intervir na absorção de tetraciclinas, devendo-se
administrar as tetraciclinas 1-2h antes. Porém, estas já não são muito usadas;
→ Omeprazol, Lanzoprazol – o sulcralfato inibe a absorção dos inibidores da bomba de
protões, devendo-se administrar os inibidores da bomba, pelo menos, 30 min antes.

Quelato de Bismuto
 É usado em esquemas combinados para tratar a H. pylori. Tem efeito tóxico sobre o bacilo e
pode impedir a sua aderência à mucosa ou inibir as enzimas proteolíticas bacterianas.
 Efeitos adversos:
→ Náuseas;
→ Vómitos;
→ Escurecimento da língua e das fezes.

Prostaglandinas Gastrointestinais
 As prostaglandinas E2 e I2 inibem a secreção ácida basal, bem como a estimulada pela
histamina ou refeições.
 As prostaglandinas E2 é usada em pequenas doses para inibir a secreção ácida, tendo ação
preventiva nas lesões erosivas da aspirina e da indometacina e impede a exfoliação da
mucosa promovida pelo etanol.
→ Derivados da prostaglandina E2 – misoprostol, risoprostil;
→ Derivados da prostaglandina I2 – emprostil, trimoprostil.

Atenção: o misoprostol é um estimulante uterino que pode desencadear


aborto, logo não se dá a grávidas.
Fármacos redutores da secreção gástrica
Antagonistas do receptor H2 da histamina (cimetidina, ranitidina, nizatidina,
famotidina)
 Um dos principais mecanismos de secreção de ácido clorídrico é a estimulação da histamina
dos receptores de histamina H2 nas células parietais do estômago.
 Os antagonistas H2 da histamina bloqueiam os receptores histaminérgicos, resultando numa
redução de volume de ácido secretado.
 Os antagonistas H2 são utilizados no tratamento da DRGE, de úlceras duodenais e condições
hipersecretoras patológicas (Síndrome de Zollinger-Ellison) e para prevenir e tratar úlceras
de stress.
 A famotidina é um bloqueador dos receptores H2 mais potente do que a ranitidina, tendo
uma ação de longa duração.
 A formulação de ranitidina associada a sal de bismuto poderá eventualmente ter interesse em
úlceras refratárias à ranitidina utilizada isoladamente, mas a sua indicação preferencial é na
terapêutica de erradicação do H. pylori em associação com antibióticos.
 Efeitos colaterais:
→ Tonturas, cefaleias, diarreia, obstipação, sonolência;
→ Confusão, desorientação e alucinações com terapêutica com cimetidina em doentes
com insuficiência renal, hepática ou de idade superiores a 50 anos (sintomatologia que
regrediu 2-3 dias após a suspensão da terapêutica);
→ Hepatotoxicidade, levando a anorexia, náuseas, vómitos, icterícia, hepatomegalia,
esplenomegalia, testes de função hepática anormais (níveis ↑ de bilirrubina, aspartato
aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), gamaglutamil-transferase
(GGT), fosfatase alcalina e tempo de protrombina);
→ A cimetidina também se liga ao Cit.P450 e pode reduzir o metabolismo hepático dos
fármacos (varfarina, teofilina, propanolol).

Inibidores da bomba de protões (omeprazol, ezomeprazol, pantoprazol)


 Inibição irreversível não competitiva da bomba (canal) da ATPase H+/K+ na membrana das
células parietais gástricas. A diminuição da atividade dessa proteína diminui a concentração
do ião H+ no lúmen gástrico e, portanto, aumenta o pH → inibição da secreção gástrica.
Como a inibição é irreversível, a secreção ácida só é retomada após a síntese de nova
enzima.
 Indicação terapêutica:
→ São usados para tratar esofagite grave, DRGE, úlcera gástrica e duodenal, e distúrbios
hipersecretores;
→ Podem também ser utilizados em combinação com antibióticos (ex: ampicilina,
amoxicilina, claritromicina) para erradicar a H. pylori.
 Efeitos colaterais:
→ Diarreia, cefaleias, dor muscular, fadiga;
→ Prurido persistente promovido por omeprazol (pode levar a interrupção da
terapêutica). No entanto, este é o que tem menos efeitos adversos.
 Interações medicamentosas:
→ Diazepam, Triazolam, Flurazepam – o omeprazol pode inibir o seu metabolismo,
aumentando significativamente a sua meia-vida;
→ Varfarina – pode reduzir a sua taxa de metabolização. Deve monitorizar-se o doente
em relação a hemorragias e ao tempo de protrombina, podendo ser necessário reduzir
a dosagem da varfarina;
→ Sulcralfato – inibe a absorção dos inibidores da bomba de protões e, por isso, estes
devem ser administrados, pelo menos, 30 minutos antes.

Nota: Inibe o metabolismo → ↑efeito


Anti-ácidos : Bicarbonato de sódio (Alka-Seltzer), Hidróxido de alumínio
(Pepsamar), Hidróxido de magnésio (Leite Magnesia Phillips) e Carbonato de
cálcio + Carbonato de magnésio (Rennie)
 Aumentam o pH do lúmen do estômago. Isto faz aumentar a velocidade de esvaziamento
gástrico, pelo que o efeito dos anti-ácidos é curto. Além disso, a libertação de gastrina é
aumentada e, uma vez que estimula a libertação de ácido, vão sendo necessárias doses
maiores de anti-ácido do que as inicialmente previstas (rebound ácido).
 Indicações:
→ O seu uso deve restringir-se ao controlo sintomático (da dor), recomendando-se a sua
prescrição 1-3h após as refeições e ao deitar ou em função das manifestações
sintomáticas;
→ São mais eficientes em úlceras duodenais do que gástricas.
 Cuidados na terapêutica:
→ Não devem ser utilizados mais de 2 semanas;
→ Doentes com edema, insuficiência cardíaca, hipertensão, insuficiência renal, gravidez
ou dieta com restrição de sal devem utilizar um anti-ácido com baixa concentração em
sódio;
→ O hidróxido de sódio pode causar alcalose sistémica;
→ Excesso de carbonato de alumínio ou hidróxido de sódio promove obstipação e
excesso de magnésio promove diarreias;
→ O tratamento eficaz de úlcera aguda requer grandes quantidades de anti-ácidos;
qualquer doente com hematemese, fezes com presença de sangue ou dor abdominal
recorrente deve consultar um médico o quanto antes;
→ Doentes com insuficiência renal não devem utilizar anti-ácidos com magnésio, pois
pode ocorrer níveis sanguíneos de magnésio aumentados e toxicidade.
 Resultados terapêuticos:
→ Alívio de desconforto; Os anti-ácidos são terapêutica em
→ Redução da frequência da azia; SOS, apenas aliviam os sintomas.
→ Cicatrização dos tecidos irritados.

O doente deve evitar ingerir picantes, café, temperos mais marcados, sal, pois há mais
segregação da mucosa gástrica (ácido), irritando diretamente a parede do estômago → úlceras.
Modificadores da motilidade gastrointestinal
 As alterações do trânsito intestinal (obstipação ou diarreia) constituem motivação frequente
para procurar o médico e, mais ainda, para recorrer à automedicação. Na maior parte das
vezes, não estará indicada qualquer medicação, tratando-se de perturbações funcionais ou de
falsas valorizações do que é variante do normal.
 Os medicamentos usados com o objetivo de acelerar ou retardar o trânsito intestinal afetam
primeiramente a secreção ou absorção de sais e água e só secundariamente a motilidade
intestinal.
 Também poderão modificar a motilidade intestinal, de forma mais direta, os medicamentos
tipo atropínico ou relaxante do músculo liso vulgarmente designados por espasmolíticos
(são de utilidade duvidosa devido aos efeitos secundários).
 A obstipação é caraterizada pelo desconforto abdominal, perda de apetite e mal-estar que
resultam de uma frequência insuficiente de defecação, que conduz ao aparecimento de fezes
duras e secas. A frequência e o volume de defecação são melhor regulados pela alimentação,
mas para determinadas situações pode ser necessário o uso de fármacos.
 Obstipação iatrogénica: os opiáceos (antitússicos, analgésicos narcóticos), os anti-
depressores tricíclicos, neurolépticos e anti-parkinsónicos com efeitos anti-colinérgicos, os
anti-ácidos (hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio), o sulfato ferroso, as resinas
sequestradoras de iões, o sulfato de bário.
 Tratamento da obstipação:
→ Altera-se a dieta, aumentando-se as fibras;
→ Aumenta-se a ingestão hídrica;
→ Administram-se laxantes, mas apenas se outros fármacos não funcionarem.
 No tratamento da diarreia, os opióides são fármacos de 1ª linha.

Estimulantes da motilidade gastrointestinal


Anti-eméticos (Metoclopramida, Domperidona)
 Promovem um aumento da libertação de acetilcolina pelo plexo mientérico, promovendo o
aumento da pressão do esfíncter esofágico inferior, reduzindo o fluxo. Aumentam as
contrações do estômago e o relaxamento da válvula pilórica com o aumento do peristaltismo
no trato GI, resultando numa elevação da taxa de esvaziamento gástrico e do trânsito
intestinal.
 A metoclopramida é um antagonista da dopamina (D2) e tem ação anti-emética devido ao
bloqueio da dopamina na zona quimioreceptora do gatilho (região que promove o vómito).
 Indicações clínicas:
→ Alívio dos sintomas de esofagite com refluxo gástrico, usados como anti-eméticos.
 Efeitos colaterais:
→ Sonolência; São efeitos leves e tendem a ser
→ Fadiga; ultrapassados com a continuidade
→ Tonturas; da terapêutica.
→ Náuseas.

Laxantes
 Atuam no intestino para promoverem a eliminação do bolo fecal (ou seja, atuam diretamente
no bolo fecal).
 Os laxantes dividem-se em 5 grupos:
→ Laxantes estimulantes/de contacto – atuam diretamente no intestino, promovendo
irritação para aumentar o peristaltismo e a evacuação (ex: óleo de rícino, bisocodil e
sene).
→ Laxantes osmóticos – são compostos hipertónicos que atraem água para o lúmen
intestinal; essa água afeta a consistência das fezes e causa distensão do intestino
delgado, levando ao peristaltismo (ex: sais de magnésio, manitol, sorbitol, lactulose).
→ Laxantes lubrificantes (emolientes) – lubrificam a parede intestinal e suavizam as
fezes, permitindo a passagem do bolo fecal. Não aumentam a atividade peristáltica
(parafina líquida). São utilizados em doentes que não devem fazer esforço na
defecação.
→ Laxantes expansores de volume fecal – são polissacarídeos que formam uma massa
hidratada volumosa na luz intestinal, promovendo o peristaltismo e melhorando a
consistência das fezes (metilcelulose, carboximetilcelulose).
 Indicações clínicas:
→ Tanto os laxantes estimulantes como os osmóticos são utilizados na obstipação aguda
e ambos promovem cólica;
→ Os laxantes lubrificantes e os formadores de volume devem ser utilizados em utentes
idosos, em crianças e em gestantes, promovem cólica, mas não tanta;
→ A obstipação nos recém-nascidos pode ser tratada com estrato de malte (expansor de
volume) ou xarope de aveia;

Atenção: não administrar laxantes a doentes com dor abdominal não diagnosticada ou
inflamação do trato GI e ter muito cuidado com os diabéticos.

Anti-diarreicos
 A diarreia de origem infeciosa é uma causa comum que resulta numa mortalidade elevada
nos países em vias de desenvolvimento. A causa mais frequente continua a ser a diarreia do
viajante.
 Existem 3 abordagens de tratamento da diarreia aguda:
→ Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico;
→ Uso de anti-infeciosos;
→ Uso de anti-diarreicos.
 Os principais agentes farmacológicos que diminuem a motilidade são os opioides e os
antagonistas dos receptores muscarínicos.

Opioides
 Os principais opioides usados para o alívio sintomático da diarreia são: codeína, difenoxilato
e loperamida.
 A loperamida é um fármaco de 1ª linha para a diarreia vírica, pois tem uma ação
relativamente seletiva sobre o trato GI e sofre recirculação entero-hepática.
 Fármacos de ação sistémica:
→ Loperamida;
→ Loperamida + Simeticone (Imodium Plus).
 Efeitos colaterais:
→ Distensão abdominal, náuseas, obstipação;
→ Prolongamento da diarreia.
Anti-inflamatórios (AINEs)
Inflamação
 Estímulos físicos, químicos ou biológicos promovem a libertação a partir dos leucócitos
ativados, de mediadores que incluem aminas biogénicas, derivados lipídicos, proteinases e
citoquinas.
 Alguns compostos resultantes da cascata do ácido araquidónico desempenham um papel
essencial nos processos relacionados com a dor, febre e inflamação. Os mediadores da
inflamação são as prostaglandinas, os leucotrienos e o tromboxano A2 e PAF (fator ativador
de plaquetas).
 O processo inflamatório é essencial no conjunto dos mecanismos de defesa de que o
organismo dispõe, tanto para neutralizar agentes patogénicos como para reparar lesões
tecidulares. Apresenta como sintomatologia:
→ Dor;
→ Hiperalgesia;
→ Eritema;
→ Edema;
→ Limitação funcional.
 Um estado inflamatório exagerado ou prolongado resultará numa patologia dolorosa
persistente, degeneração articular e outras doenças crónicas.
 O estado inflamatório pode ser considerado um processo fisiológico complexo e dinâmico,
envolvendo alterações celulares, vasculares e imunológicas.
 A inflamação (de qualquer órgão/vaso/local) tem 4
fases:
→ Fase 1 – vasodilatação (é importante para
chamar células – leucócitos – para combater a
inflamação);
→ Fase 2 – há um aumento da permeabilidade dos
capilares;
→ Fase 3 – quimiotaxia;
→ Fase 4 – resposta sistémica.
 Cicloxigenase Tipo 1 → constitutiva. Está presente na maioria das células na condição de
enzima produtora de prostanóides protetores que atuam como reguladores homeostáticos (ex:
na modulação de respostas vasculares, gástricas e renais).
 Cicloxigenase Tipo 2 → indutível. Normalmente, não está presente nos tecidos, sendo
fortemente induzida por estímulos inflamatórios. Conclui-se, então, que as ações anti-
inflamatórias dos AINEs são devidas à inibição da COX-2, enquanto que os efeitos
indesejáveis, tais como: irritação gástrica e efeitos renais tóxicos, são devidos à inibição da
enzima constitutiva COX-1.
Tem havido grande interesse científico na área da farmacologia por estas duas enzimas,
dada a possibilidade de inibir seletivamente a cicloxigenase tipo 2, poupando a de tipo 1.

Ação das prostaglandinas inflamatórias


 Ação Algésica – é exercida periférica e centralmente, mas as ações periféricas predominam.
A sua ação na algesia está, normalmente, associada à sua ação anti-inflamatória e resulta da
inibição da síntese de prostaglandinas nos tecidos inflamados. As prostaglandinas por si só
produzem pouca dor, mas potenciam a dor causada por outros mediadores da inflamação (ex:
histamina, bradicinina).
 Ação Inflamatória – o papel das prostaglandinas na inflamação é produzir vasodilatação e
aumento da permeabilidade vascular. Contudo, a inibição das prostaglandinas pelos AINEs
atenua a inflamação em vez de a abolir, porque estes fármacos não inibem outros mediadores
da inflamação. No entanto, esta ação inflamatória é suficiente em doentes com artrite
reumatóide, algum alívio da dor, rigidez e edema, mas não alteram o curso da doença.
 Ação Pirogénica – as PGE (prostaglandinas E) são pirogénicas. Encontram-se em elevadas
concentrações no líquido cerebrospinal durante processos infeciosos e existem evidencias
que o aumento da temperatura é modulado pela PGE2.

Anti-inflamatórios Esteróides (corticoesteróides)


 O córtex supra-renal liberta várias hormonas esteróides na circulação. Estas estão divididas
pelo seu modo de ação em 3 classes (mineralocorticóides, glicocorticóides e hormonas
sexuais).
→ Mineralocorticóides – principalmente a aldosterona (que é estimulada pela
angiotensina II e sintetizada nas células da zona glomerulosa). Têm a função de
aumentar a reabsorção de Na+ com o aumento da eliminação de K+ e H+.
→ Glicocorticóides – principalmente o cortisol (que é estimulado pela hormona
adrenocorticotrófica e sintetizado na zona reticular e fasciculada). Apresentam dois
tipos de ação:
∙ Ações Metabólicas:
 Carbohidratos – redução da captação e utilização de glicose; aumento da
gliconeogénese – tendência à hiperglicémia;
 Proteínas – aumento do catabolismo proteico;
 Lípidos – redistribuição da gordura.
∙ Ações Reguladoras:
 Sistema Cardiovascular – redução da vasodilatação;
 Sistema Músculo-esquelético – redução da atividade osteoblástica;
 Inflamação e Imunidade – suprimem todas as fases da resposta inflamatória
por vários mecanismos:
(i) células imunocompetentes e os macrófagos diminuem;
(ii) a produção de mediadores pró-inflamatórios (prostaglandinas,
leucotrienos e fator ativador das plaquetas) é inibida;
(iii) suprimem os genes que codificam a fosfolipase A2, a COX-2 e o
receptor IL-2;
(iv) deprimem a função dos monócitos/macrófagos e diminuem os
linfócitos (células T) com origem no timo em circulação;
(v) a libertação de IL-1 e IL-2 (necessárias para ativar e estimular a
proliferação dos linfócitos) é inibida;
(vi) o transporte dos linfócitos para o local de estimulação antigénica e a
produção de anticorpos são inibidos.

Atenção: Qualquer doente que faça corticóides tem risco de infeção e, consequentemente, são
imunodepressivos. Têm que ser alertados!

Fármacos Glicocorticóides
 Têm muitos efeitos adversos e são muito graves. Assim, os doentes têm que ser
frequentemente monitorizados.
 A Hidrocortisona é usada:
→ Oralmente – na terapia de substituição (em conjugação com um mineralocorticóide
sintético – fludrocortisona – em doentes com insuficiência supra-renal;
→ Endovenosamente – no estado de choque e de mal-asmático;
→ Topicamente – pomadas em eczemas e enemas em colite ulcerosa.
 A Prednisolona é o fármaco mais largamente usado por administração oral nas doenças
inflamatórias e alérgicas (ex: artrite reumatóide, colite ulcerosa, asma brônquica).
 A Betametasona e a Dexametazona são muito potentes e não têm ação de retenção de sal.
Isto torna-as especialmente úteis em terapias de alta dosagem.
 O Dipropionato de beclometasona e o Budesonido atravessam mal as membranas e são
mais ativos topicamente do que quando administrados oralmente. São usados na asma (sob a
forma de aerossol) e topicamente em eczemas graves.
 Efeitos metabólicos:
→ Doses elevadas causam uma face redonda e a gordura é redistribuída das extremidades
para o tronco e face;
→ Tendência ao aparecimento de equimoses;
→ Os distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono conduzem à hiperglicémia e
ocasionalmente à diabetes;
→ A perda de proteína dos músculos esqueléticos causa emagrecimento e fraqueza;
→ O aumento do catabolismo ósseo pode causar osteoporose.
 Pode haver retenção de líquidos, hipocalémia e hipertensão com compostos que têm uma
atividade mineralocorticóide significativa. A hidrocortisona (e a cortisona) é geralmente
usada em terapia de substituição na insuficiência supra-renal.
 Pode haver supressão da supra-renal devido à terapia com esteróide, que suprime a secreção
de corticotrofina, o que pode levar à atrofia da supra-renal.
 Podem desencadear-se infeções, devido ao aumento da susceptibilidade de infeções que
podem progredir sem serem reconhecidas, uma vez que os indicadores naturais da infeção
estão inibidos.
Atenção: Nos corticóides tem que se fazer sempre o desmame - ↓ dose, em dias alternados (ex:
1º dia toma 40mg, no 2º dia não toma, no 3º dia toma 40mg, no 4º dia não toma, no 5º dia toma
30mg e assim sucessivamente) e, por fim, substitui-se pela aldosterona sintética.

Anti-inflamatórios Não Esteróides (AINEs)


Derivados do Ácido Salicílico (ex: Ácido Acetilsalicílico = Aspirina)
 São os analgésicos mais utilizados no alívio da dor.
 Inibem a síntese de prostaglandinas através da inibição de ambas as isoformas COX.
 Um benefício importante destes fármacos é que não afetam o nível de consciência e não
promovem alterações mentais (alucinações, alterações de memoria, euforia, sedação).
 A única propriedade distinta entre o ácido acetilsalicílico (aspirina) e os outros salicilatos é o
facto de causar maior diminuição da agregação plaquetária e o aumento do tempo de
sangramento, uma vez que as plaquetas perdem a sua capacidade de agregação durante o seu
tempo de vida (o ácido acetilsalicílico inibe a síntese de tromboxano A2, um vasoconstritor e
indutor potente da agregação plaquetária).
 Indicações clínicas:
→ A combinação dos efeitos farmacológicos desta classe é um grupo de escolha para o
alívio sintomático da dor, inflamação e febre associados a infeções bacterianas ou
virais, dores musculares e artrite reumatóide.
→ Devido à sua ação plaquetária, o ácido acetilsalicílico é também indicado na redução
de risco recorrente de ataques isquémicos ou acidentes vasculares, de enfarte de
miocárdio ou de angina de peito instável.
 Efeitos colaterais:
→ Irritação gástrica – aconselha-se a administração do fármaco com alimentos, leite ou
com grandes quantidades de água (o ácido acetilsalicílico com revestimento entérico
pode reduzir a irritação gástrica). A aspirina é o AINE com efeito mais marcado a
nível gástrico;
→ Sangramento gastrointestinal;
→ Salicismo – comum em doentes que recebem altas doses de modo contínuo deste
grupo de fármacos (os sintomas incluem: zumbidos, dificuldade de audição, sudorese,
febre, letargia, desorientação, confusão mental, náuseas e vómitos) → deve fazer-se
interrupção da droga, lavagem gástrica, hidratação venosa e alcalinização da urina
com bicarbonato de sódio IV.
 Interações medicamentosas:
→ AINEs – pensa-se que AINEs inibidores da COX-1 possam reduzir a inibição
plaquetária promovida pelo ácido acetilsalicílico em administração simultânea. Deve
tomar-se a aspirina algumas horas antes de outros AINEs Cox-1;
→ Varfarina – os AINEs aumentam os efeitos anticoagulantes deste fármaco;
→ Hipoglicemiantes orais - os AINEs aumentam os efeitos destes fármacos;
→ Metrotexato – deve monitorizar-se a diminuição da contagem de leucócitos, dor de
garganta, febre ou letargia;
→ Corticóides – em associação podem promover ulcerações GI.

Derivados do Ácido Acético (Diclofenac, Aceclofenac, Tolmetina)


 São inibidores de ambas as COX.
 Indicações clínicas:
→ Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afeções músculo-esqueléticas;
→ Dor ligeira a moderada.
 O Diclofenac é o mais utilizado, pois não está descrito como hepatotóxico (ao contrário dos
derivados indólicos).
 Reações adversas:
→ Semelhantes às dos outros anti-inflamatórios. Apesar da intensa ligação às proteínas
plasmáticas, não parecem interferir com os antidiabéticos ou com os anticoagulantes
orais.
→ O risco de hemorragia digestiva em doentes hipocoagulados é, no entanto,
considerável devido ao seu efeito anti-agregante plaquetário.
 Interações medicamentosas:
→ Digoxina e Metotrexato – os derivados do ácido acético podem aumentar as
concentrações plasmáticas de lítio destes fármacos;
→ Diuréticos e anti-hipertensores - os derivados do ácido acético podem interferir com o
efeito destes fármacos.

Derivados Indólicos (Indometacina (Indocid), Sulindac)


 São inibidores de ambas as COX..
 Indicações clínicas:
→ Dor e inflamação em doenças reumáticas e outras afeções músculo-esqueléticas;
→ São eficazes na crise aguda de gota.
 Reações adversas:
→ Cefaleias;
→ Há risco de hemorragia digestiva em doentes hipocoagulados, devido ao seu efeito
anti-agregante plaquetário;
→ O Sulindac apresenta menor incidência de efeitos digestivos e cefaleias, no entanto
estão descritas hepatotoxicidade e depressão medular.
 Contra-indicações e precauções:
→ Porfiria;
→ Doença inflamatória intestinal;
→ Úlcera ativa;
→ Gravidez e aleitamento.
 Interações medicamentosas:
→ Diuréticos e anti-hipertensores – os derivados indólicos podem interferir com o efeito
destes fármacos.

Derivados do Ácido Propiónico (Ibuprofeno, Dexibuprofeno, Naproxeno,


Flurbiprofeno, Cetoprofeno)
 São inibidores de ambas as COX. As principais diferenças residem na potência (peso por
peso) e duração de efeito.
 Indicações clínicas:
→ Utilizados no alívio temporário de dores menores e associadas a resfriados, dores de
dentes, dores musculares, artrite e redução de febre.

Derivados Sulfanilamídicos (Nimesulide)


 Exercem efeitos inibitórios preferenciais sobre a COX-2 in vitro, mas nas concentrações
atingidas em terapêutica não se verifica seletividade. O Nimesulide não deve ser utilizado
como anti-inflamatório, estando apenas aprovado para terapêutica analgésica de curta
duração.
 Indicações clínicas: O tratamento deve ser limitado a
→ Dor aguda; um período máximo de 15 dias.
→ Dismenorreia primária (dores menstruais);
→ Não deve ser usado em substituição do paracetamol ou da aspirina.
 Reações adversas:
→ São semelhantes às dos outros anti-inflamatórios, embora a hepatotoxicidade pareça
ser mais frequente.
→ Estão descritos casos muito raros de hepatite fulminante.

Derivados Para-Aminofenólicos (Paracetamol) – não é um AINE!


 A sua atividade antipirética deve-se à molécula de anilina.
 Possuem ação analgésica e antipirética semelhante aos salicilatos, mas são desprovidos de
atividade anti-inflamatória (fracos inibidores das COX).
 Não interferem com a agregação plaquetária nem com a ação dos anti-coagulantes orais, não
apresentam ações metabólicas apreciáveis e não modificam o equilíbrio ácido-base ou a
eliminação do ácido úrico.
 Indicações clínicas:
→ Febre e desconforto promovidos por infeções bacterianas ou virais, cefaleias e dores
músculo-esqueléticas;
→ São bons substitutos para os doentes que não podem usar salicilatos.
 Efeitos colaterais:
→ Hepatotoxicidade (icterícia, ↑ de AST, ALT e tempo de protrombina) grave com risco
de morte – acontece com ingestão diária de 3-8g por várias semanas;
→ Indicações precoces de toxicidade – anorexia, vómitos, hipotensão, confusão, dor
abdominal.

Inibidores Seletivos da COX-2 (Coxibes: Celecoxibe, Etoricoxibe e Parecoxibe)


 A incidência de complicações gastroduodenais é menor com o uso de AINEs inibidores
seletivos da COX-2. No entanto, em infeções mais complicadas não são eficazes.
 Interferem com a função renal tal com os outros anti-inflamatórios e podem afetar o controlo
da HTA. Porém, têm a vantagem de não “tocar” nos mediadores protetores, sendo
necessárias grandes doses.
 Não modificam a agregação plaquetária, podendo haver maior incidência de complicações
trombóticas com o seu uso.
 Indicações clínicas:
→ Terapêutica sintomática da artrose;
→ Terapêutica da dor e inflamação na artrite reumatóide.
 Contra-indicações:
→ Doentes com úlcera péptica;
→ Doentes com hemorragia gastroduodenal;
→ Doença inflamatória intestinal;
→ Doença cardíaca isquémica ou doença cerebrovascular (AVC);
→ Doentes com doença arterial periférica.
 Precauções:
→ Doentes com IC, hipertensão ou edemas;
→ Gravidez e aleitamento.
Opióides e Antibioterapia
O que é a dor?
 A dor é encarada como uma sensação provocada pela
lesão de órgãos ou tecidos inervados.
 A dor é um dos mecanismos de defesa do organismo
que alertam o cérebro de que os seus tecidos podem
estar em perigo, ainda que a dor possa ser iniciada
sem que tenha ocorrido dano físico aos tecidos.
 No processamento da dor, um estímulo nociceptivo
causa a ativação das fibras da dor. A resposta à dor
começa com o estímulo dos nociceptores, terminações
nervosas especializadas respondem aos estímulos
dolorosos.

Via Nociceptiva – trabalha a dor


 O processo da dor ocorre em 4 etapas distintas:
→ Transdução – a agressão liberta modeladores
químicos (bradicinina, histamina,
prostaglandinas) que são identificados como algésicos e que os nociceptores – fibras
A-delta (estimulação térmica e/ou mecânica) e fibras C (estimulação química, térmica
e/ou mecânica) – transformam em potenciais de ação.
→ Transmissão – esses estímulos são conduzidos até ao SNC por fibras sensitivas ou
aferentes até ao tálamo.
→ Percepção e Interpretação – a nível do SNC.
→ Modulação – os neurónios retransmissores transmitem a informação da dor para o
córtex sensorial por neurónios eferentes modulados negativamente por neuropéptidos
(peptídeos opiáceos – dinorfinas, endofirnas e encefalinas).
 Assim, a libertação de peptídeos opiáceos pode reduzir a atividade dos neurónios
retransmissores e causar analgesia. Os efeitos dos péptidos opiáceos são mediados por
receptores opiáceos específicos.
↑ dor → ↑ número de mediadores locais existentes → ↑ número de receptores → ↑
número de potenciais de ação. As fibras aferentes conduzem estes potenciais de ação
até ao SNC e no tálamo gera-se um novo conjunto de potenciais de ação (fase 3).

 Existem 3 tipos de receptores opiáceos:


→ μ (MOP) – mais concentrados nas áreas do cérebro envolvidas na nocicepção e são os
receptores com os quais a maioria dos analgésicos opiáceos interage para produzir
analgesia (morfina). Ou seja, trabalham a dor;
→ ẟ (DOP) e K (KOP) – apresentam seletividade respetivamente para as encefalinas e as
dinorfinas (a ativação dos receptores K também produz analgesia, mas em contraste
com os agonistas μ que causam euforia (morfina), os agonistas K (pentazocina,
nalbufina) estão associados à disforia). Ou seja, estão mais virados para a psicose;
→ σ – alguns analgésicos opiáceos, como a pentazocina, estão associados a efeitos
psicoticomiméticos e a estimulantes.
 Os analgésicos opiáceos são fármacos que mimetizam os peptídeos opiáceos endógenos,
causando a ativação prolongada dos receptores opiáceos (geralmente receptores μ),
analgesia, depressão respiratória, euforia e sedação.

O doente, ao fim de uma semana de uso de opióides, fica dependente. Para além de
dependente, fica tolerante, pelo que as doses precisam de ser aumentadas. Os opióides têm
que ser usados com outros fármacos (ex: antagonistas) para facilitar o desmame, que é
muito complicado.
Analgésicos de Ação Central
Analgésicos Opiáceos Fortes
 São usados particularmente no tratamento da dor, sem localização definida. A dor somática é
bem definida, pelo que pode ser aliviada por analgésicos opiáceos fracos ou por AINEs.
 A morfina parenteral é largamente usada no tratamento da dor severa e a morfina oral é o
fármaco de eleição de doentes terminais.
 A morfina e outros analgésicos opiáceos produzem um leque de efeitos centrais que incluem
analgesia, euforia, sedação, depressão respiratória, depressão do centro vasomotor, miose,
náuseas e vómitos, obstipação (tempo de semi-vida 3-4h).
→ Perde-se muito quando administrada por via oral, daí ser administrada por via IV.
→ É muito lipossolúvel, mas não é a mais lipossolúvel.
→ Não se cria dependência se o doente não tiver tomado morfina antes.
 A diamorfina (heroína, diacetilmorfina) é mais lipossolúvel do que a morfina e, portanto,
tem um início de ação mais rápido quando administrada IV.
 A fenazocina é um fármaco muito potente usado na dor severa.
 A fentanila pode ser administrada transdérmicamente em doentes com dor crónica
estabilizada. Utilizado para anestesia geral (tempo de semi-vida 1-2h).
 A metadona tem uma longa duração de ação e é menos sedativa do que a morfina. É
utilizada para dor crónica e para manutenção de dependentes (tempo de semi-vida 24h).
 A buprenorfina é um agonista parcial dos receptores μ. Tem um início de ação lento, mas é
um analgésico eficaz após administração sublingual. A depressão respiratória é rara, mas se
ocorrer é difícil de reverter com a naloxona (que é um antagonista).
→ Tem uma duração de ação superior à morfina (tempo de semi-vida 12h), mas pode
causar vómito prolongado.
→ A administração oral apresenta efeito de 1ª passagem.

Analgésicos Opiáceos Fracos


 São usados na dor ligeira a moderada. Podem causar dependência, contudo são menos
atrativos para os viciados.
 O tramadol é amplamente usado como analgésico para a dor pós-operatória. É um agonista
parcial dos receptores μ e inibidor fraco da recaptação de norepinefrina.
→ É bem absorvido e tem uma semi-vida de 4-6h.
→ Pode causar tonturas e convulsões. Não apresenta depressão respiratória.
 A codeína é bem absorvida por via oral, mas tem uma afinidade muito baixa para os
receptores opiáceos. Cerca de 10% do fármaco é desmetilado em morfina no fígado, que é
responsável pelo efeito analgésico da codeína.
→ Também é usada como antitússico.
 O dextropropoxifeno tem cerca de metade da potência da codeína, mas tem ação similar em
doses equivalentes de analgesia.
→ É frequentemente administrado com combinações fixas, com aspirina e paracetamol.
→ Causa depressão respiratória.

Agonistas totais – ligam-se a todos os receptores disponíveis.


Agonistas parciais – ligam-se apenas a alguns. Estes acabam por contribuir para
uma melhor tolerância e não causam tanta dependência.

Considerações Gerais dos Opiáceos


 A dor atua como antagonista da depressão respiratória, que pode tornar-se um problema se a
dor for removida, podendo os opiáceos promover depressão respiratória.
 Os opiáceos causam frequentemente náuseas e vómitos e pode ser necessário a
administração de anti-eméticos.
 O efeito no plexo nervoso do intestino pode causar obstipação, sendo geralmente necessário
o uso de laxantes.
 O tratamento continuado com analgésicos opiáceos resulta em tolerância e dependência.
 Os efeitos dos opiáceos são antagonizados pela naloxona, a qual reverte a depressão
respiratória causada pelos opiáceos. A naltrexona é eficaz após administração oral, pois tem
maior duração de ação, podendo ser útil em tratamentos de destoxificação e manutenção.
Estes compostos podem ser utilizados em associação com agonistas parciais ou agonistas μ
para:
→ Prevenir o abuso por via intravenosa (naloxona + buprenorfina, por via oral);
→ Diminuir a obstipação (naloxona + oxicodona, por via oral);
→ Diminuir a tolerância aos agonistas (naltrexona + oxicodona).

Diafragma da Estrutura de uma Célula Bacteriana “Típica”


 Diferença entre bactérias Gram+ e Gram-:
→ As bactérias Gram+ possuem uma espessa
camada de peptidoglicano na extremidade das
paredes celulares e, por isso, não perdem a cor
roxa quando submetidas a um processo de
descoloração depois de terem sido coloridas pela
violeta de genciana;
→ As bactérias Gram- possuem uma parede de peptidoglicano mais fina que não retém o
cristal violeta durante o processo de descoloração e recebem a cor vermelha quando
submetidas ao mesmo processo das anteriores.
Caraterísticas Gerais dos Agentes Anti-microbianos
 Toxicidade Seletiva - caraterística que todo o anti-microbiano deveria apresentar, pois
reflete-se na capacidade de atuar seletivamente sobre o microrganismo, sem provocar danos
ao hospedeiro.
 Espetro de ação - refere-se à diversidade de organismos afetados pelo antibiótico. Existem
diferentes fármacos anti-microbianos com vários espetros de ação. Os antibióticos de largo
espetro trabalham bactérias Gram+ e Gram-.
 Quanto à síntese, esta pode ser:
→ Microbiana – síntese através de microrganismos, geralmente, por algumas espécies de
bactérias e vários tipos de fungos filamentosos. Normalmente, correspondem a
produtos do metabolismo secundário (penicilinas).
→ Química – ex: Sulfonamidas, Trimetoprim, Cloranfenicol, Isoniazida, além de outros
anti-virais e anti-protozoários.
→ Semi-sintéticos – são antibióticos naturais, modificados pela adição de grupos
químicos, tornando-os menos susceptíveis à inativação pelos microrganismos
(ampicilina, carbencilina, meticilina).
 Existem três tipos de antibióticos que trabalham em processos fisiológicos que as células
eucarióticas não têm: síntese de ácidos nucleicos, síntese da parede celular e síntese proteica.
Há antibióticos que se ligam às enzimas das bactérias, impedindo que estas repliquem o
ADN desenviolado.

Inibição da síntese de ácidos nucleicos


Sulfanamidas (Sulfadiazina, Sulfametoxazol)
 Foram os primeiros fármacos a serem considerados eficazes no tratamento de infeções
sistémicas. Agora têm menos importância devido ao desenvolvimento de agentes mais
eficazes e menos tóxicos. São antibióticos sintéticos.
 Muitos organismos desenvolveram resistência às Sulfanamidas.
 Estas inibem a biossíntese bacteriana do ácido fólico. São estruturalmente semelhantes ao
ácido p-aminobenzóico, inibindo competitivamente a enzima sintetase diidropteroato.
 Apresentam toxicidade seletiva, pois as células humanas não sintetizam ácido fólico e, por
isso, não são afetadas.
 A associação de outros anti-microbianos às Sulfanamidas visa obter um efeito sinérgico,
minimizando o desenvolvimento de estirpes resistentes. O cotrimoxazol (sulfamotoxazol +
trimetoprim) é a mais utilizada.
 Indicações terapêuticas:
→ Infeções urinárias;
→ Infeções devidas a Salmonella spp.;
→ Prostatites;
→ O cotrimoxazol é usado com frequência para tratamento de infeções do trato urinário e
otite média em crianças.
Atenção: Os doentes devem ser encorajados a beber muita água para evitar a desidratação.

Trimetoprim
 Atua na mesma via metabólica que as sulfanamidas, mas é um inibidor da reductase do
diidrofolato. Usado isoladamente para pneumonias (já avançadas).
 Indicações terapêuticas:
→ Infeções urinárias;
→ Infeções devidas a Salmonella spp.;
→ Prostatites;
→ Infeções devidas a Pneumocytis carinii;
→ O cotrimoxazol é usado com frequência para tratamento de infeções do trato urinário e
otite média em crianças.
Atenção: Os doentes devem ser encorajados a beber muita água para evitar a desidratação.

Quinolonas (Ciprofloxacina, Levofloxacina, Norfloxacina)


 Inibem a atividade de DNAgirase, uma enzima essencial para a replicação do DNA
bacteriano. Trabalham, principalmente, bactérias Gram-. No entanto, quando não se sabe
qual é a bactéria causadora da infeção, estas não são a 1ª escolha. Nestes casos, utilizam-se
antibióticos de largo espetro (que são aqueles que trabalham a parede celular).
 Apresentam boa penetração nos tecidos e nas células, eficácia na administração oral e
toxicidade relativamente baixa.
 Indicações terapêuticas:
→ Tratamento de infeções respiratórias, incluindo exacerbações agudas de bronquite
crónica e pneumonia adquirida na comunidade (casos ligeiros ou moderados), e
sinusite aguda;
→ Ciprofloxacina – trata infeções especialmente causadas pelas bactérias Gram-
(Pseudomonas aeruginosa, Salmonella spp e Campylobacter);
→ Norfloxacina – não tem atividade sistémica. É concentrada na urina, sendo um
fármaco de 2ª linha no tratamento de infeções do trato urinário.
 Efeitos adversos:
→ Náuseas;
→ Vómitos;
→ Tonturas;
→ Cefaleias;
→ Podem ocorrer convulsões (administram-se antagonistas do ácido γ-aminobutírico).

5-Nitroimidazóis (Metronidazol, Tinidazol)


 Têm um largo espetro e são ativos contra bactérias anaeróbias e alguns protozoários. São boa
escolha para infeções oportunistas.
 O fármaco difunde-se para dentro do organismo onde o grupo nitro é reduzido. Durante este
processo, são formados intermediários reativos que inibem a síntese de DNA e/ou danificam-
no.
 Indicações terapêuticas:
→ O metronidazol é o fármaco de eleição em certas infeções por protozoários
(Entamoeba histolytica, Giardia lamblia e Trichomonas vaginalis);
→ O tinidazol tem ação semelhante, mas apresenta maior duração de efeito.
 Efeitos adversos:
→ Distúrbios gastrointestinais.
Atenção: Staphilococus áureos, Pneumonomas aeruginosa e Streptococcus pyogenes são das
bactérias mais graves, porque são oportunistas.

Inibição da síntese da parede celular


 Estes agentes anti-microbianos correspondem aos mais seletivos (ex: penicilinas,
cefalosporinas) e contêm na sua estrutura um anel β-lactâmico, que interage com proteínas
denominadas PBPs (Penicillin Binding Protein), inibindo a enzima envolvida na
transpeptidação, responsável pela ligação entre cadeias de tetrapeptídeos do peptidoglicano.
Isto leva à perda da rigidez da parede celular.
 Acredita-se também que tais fármacos podem atuar promovendo a ativação de enzimas
autolíticas, resultando na degradação da parede.

Penicilinas
 Foram os primeiros “verdadeiros antibióticos” a ser introduzidos na prática clínica e
continuam a desempenhar um papel importante no tratamento das infeções bacterianas.
 Pertencentes ao grande grupo dos β-lactâmicos, as penicilinas são antibióticos bactericidas
que atuam por inibição da síntese da parede bacteriana e ativação do seu sistema autolítico
endógeno.
 Apresentam uma boa difusão em todos os tecidos do organismo com excepção da próstata,
olho e SNC (meninges não inflamadas). São excretadas por via renal, sendo recomendada
uma redução da sua posologia em doentes com insuficiência renal moderada a grave (em
geral para Clearance Creatinina ˂ 50ml/min).
 Efeitos adversos:
→ Têm uma toxicidade muito baixa, mas concentrações elevadas podem produzir
encefalopatias que podem ser fatais;
→ Muitas vezes são causadoras de alergias, podendo o doente sofrer choque anafilático;
→ A hipersensibilidade é o efeito secundário mais importante, o qual pode causar eritema
cutâneo e, raramente, reações anafiláticas que são fatais em cerca de 10% dos casos.
 Existem diversos tipos de penicilinas:
→ Penicilinas Naturais (Benzilpenicilina ou Proteína G) – ainda são utilizadas, no
entanto têm um espetro estreito (principalmente em relação a Gram +). É largamente
destruída pelo suco gástrico tem que ser administrada por IM e IV para doses mais
elevadas. Não é resistente às β-lactamases.
 Indicações: infeções devidas a Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes,
sífilis e profilaxia da febre reumática (a fenoximetilpenicilina).
→ Penicilinas de largo espetro (Ampicilina, Amoxicilina) – são ativas contra bactérias
Gram+ não produtoras de β-lactamases e ativas também em bactérias Gram- (E. coli,
Haemophilis influenzae e Salmonella). Estas enfraquecem a parede das bactérias (elas
não sobrevivem sem parede), mas não são tóxicas para nós, pois as nossas células não
possuem parede. A amoxicilina é o fármaco de eleição para administração oral e
trabalha tecidos moles, infeções urinárias, otites, entre outras.
 Indicações: tratamento de infeções respiratórias, exacerbações da bronquite
crónica e otites, habitualmente devidas a Streptoococcus ou Haemophilus e,
ainda, infeções urinárias e gonorreia.
 Muitas β-lactamases são inibidas pelo ácido clavulânico, por isso, em mistura
(ácido clavulânico + amoxicilina) aumenta a eficiência contra organismos
produtores de penicilases. Esta combinação está indicada para infeções do trato
respiratório e urinário, que estão confirmados como resistentes à amoxicilina.
→ Penicilinas resistentes às penicilinases (Flucloxacilina) – a sua única indicação
terapêutica é o tratamento das infeções devidas a estirpes de Staphylococcus
produtores de penicilases resistentes à penicilina (incluem a maioria das infeções
estafilocócicas adquiridas em hospitais). É bem absorvida oralmente, mas em infeções
graves deverá ser administrada por injeção e em combinação com outros agentes.
→ Penicilinas Anti-Pseudomonas (Piperacilina, Ticarcilina) – são ineficazes contra
Staphylococcus aureus.
 Indicações: infeções graves devidas a Gram- multi-resistentes, incluindo a
Pseudomonas aeruginosa e algumas espécies de Proteus resistentes à
ampicilina.

Cefalosporinas (Cefadroxil, Cefuroxima, Ceftazidima)


 Estão quimicamente relacionadas com as penicilinas.
 Inibem a síntese da parede celular nas bactérias.
 Podem produzir reações alérgicas e pode ocorrer sensibilidade cruzada à penicilina.
 O cefadroxil (1ª geração) é administrado por via oral e é usado em infeções do trato urinário
provocadas por organismos resistentes a outros antibióticos.
 A cefuroxima (2ª geração) é administrada por via IV, geralmente como profilático na
cirurgia (normalmente, com metrodinazol para providenciar uma cobertura contra
anaeróbios); é resistente à inativação por β-lactamases.
 A ceftazidina (3ª geração) tem um espetro de atuação mais alargado contra Gram-, incluindo
a Pseudomonas aeruginosa, mas é menos ativa do que a cefuroxima contra Gram+
(Staphylococcus aureus).
 Indicações terapêuticas:
→ 1ª e 2ª gerações - tratamento de infeções devidas a microrganismos Gram+ e Gram-
susceptíveis, nomeadamente infeções respiratórias, faringites, sinusites, amigdalites,
infeções urinárias e infeções da pele e tecidos moles;
→ 3ª geração - pneumonia, exacerbações agudas da bronquite crónica, sinusite,
amigdalites, infeções urinárias, uretrites gonocócicas;
→ Podem ser usadas em substituição das penicilinas quando o doente é alérgico.
 Efeitos colaterais:
→ Diarreia – devido à alteração que provocam na flora bacteriana do trato GI;
→ Infeções secundárias – resultam da destruição da própria flora (intestinal, vaginal),
tornando o doente imunodepressivo (ex: candidíase oral, pruridos genital e anal e
vaginite);
→ Alterações da função hepática e renal;
→ Tromboflebite – associada a administração IV das cefalosporinas (deve ter-se o
cuidado de usar pequenas agulhas, veias grandes e alterar os locais de administração
para minimizar a irritação);
→ Desequilíbrio eletrolítico – os doentes podem desenvolver hipercalemia ou
hipernatremia.
 Interações medicamentosas:
→ Diuréticos de Ansa – se forem administrados em conjunto, podem causar potencial
nefrotóxico, devendo avaliar-se a função renal;
→ Antiácidos – inibem a absorção de cefalosporinas, portanto a toma do antibiótico deve
ser feita 2h antes ou depois do antiácido;
→ Antagonistas H2 – inibem a absorção de cefpodoxima e cefuroxima;
→ Probenecide – inibe a excreção de cefalosporinas.
Inibição da síntese proteica
 São seletivamente tóxicos, porque os ribossomas bacterianos consistem numa subunidade
50S e numa 30S, enquanto que os mamíferos apresentam uma subunidade 60S e uma 40S.

Aminoglicosídeos (Estreptomicina, Gentamicina, Amicacina, Neomicina)


 São antibióticos bactericidas ativos contra a maioria das bactérias Gram-, incluindo a
Pseudomonas aeruginosa. Desempenham um papel relevante no tratamento das infeções
nosocomiais graves.
 Ligam-se à subunidade ribossomal 30S, bloqueando-a e promovendo erros na leitura do
mRNA. Interferem com a formação do complexo de iniciação.
 Não são absorvidos via oral.
 Têm um índice terapêutico reduzido e são potencialmente tóxicos (ototoxicidade e
nefrotoxicidade).
 A gentamicina é usada em combinação com a vancomicina e a penicilina no tratamento da
endocardite.
 A estreptomicina é ativa contra o Mycobacterium tuberculosis e ainda contra alguns
enterococos resistentes à gentamicina, pelo que é usada (via IM) em associação com a
penicilina G (efeito sinérgico) no tratamento de endocardites devidas a estas estirpes
bacterianas.
 A neomicina é usada por via oral quando se pretende reduzir a flora microbiana intestinal
(ex: na preparação para intervenções cirúrgicas e na encefalopatia hepática).
 Interações medicamentosas:
→ Relaxantes musculares – quando associados, podem provocar depressão respiratória,
levando a um bloqueio neuromuscular;
→ Heparina – é fisicamente incompatível com a gentamicina. Não se pode misturar no
mesmo local IV;
→ Ampicilina, Piperacilina, Mezlocilina – inativam rapidamente os antibióticos
aminoglicosídeos. Não se pode misturar ou administrar ao mesmo tempo no mesmo
local IV;
→ Cefalosporinas, Metoxiflurano, Vancomicina – quando combinados, podem aumentar
o potencial nefrotóxico;
→ Furosemida – quando combinados, podem aumentar a ototoxicidade.

Tetraciclina (Doxiciclina, Minociclina, Oxitetraciclina)


 São antibióticos de largo espetro cuja utilidade terapêutica tem vindo a diminuir como
consequência do desenvolvimento de resistências. Contudo, permanecem como fármacos de
1ª escolha nas infeções causadas por Chlamydia, Rickettsia (incluindo a febre Q), Brucella e
Borrelia burgdorferi (Doença de Lyme).
 Dado o seu perfil de reações adversas e caraterísticas farmacocinéticas, a doxiciclina é
geralmente considerada como a tetraciclina de eleição (administrada uma vez por dia e pode
ser usada em doentes com comprometimento renal).
 Trabalha-se muito pela via SC, principalmente a doxiciclina. Quando tomadas oralmente,
têm muitos efeitos adversos.
 Trabalham algumas Gram-.
 Indicações terapêuticas:
→ Usadas com frequência em doentes alérgicos às penicilinas para o tratamento de
infeções dos tratos urinário e respiratório superior, pneumonia e meningite;
→ Eficientes contra infeções da pele (ex: acne), tendo que se ter muito cuidado com a
exposição ao sol.

As tetraciclinas administradas durante o desenvolvimento dentário (última metade da gravidez até aos 8 anos de
idade) podem causar hipoplasia do esmalte e a coloração amarela ou cinza permanente. São secretadas no leite
materno, portanto aconselha-se a alimentação com leite artificial.
 Efeitos colaterais:
→ Diarreia, náuseas, vómitos, desconforto, anorexia;
→ Fotossensibilidade – devem ser evitada a exposição à luz solar direta, mesmo com a
utilização de protetores solares).
 Interações medicamentosas:
→ Leite e derivados, ferro, antiácidos, antagonistas H2 – podem prejudicar a absorção;
→ Metoxiflurano (anestésico inalante) – causa nefrotoxicidade fatal quando são
administrados conjuntamente (aquando de uma cirurgia).

Cloranfenicol
 Liga-se à subunidade ribossomal 50S e inibe a ligação do tRNA e da peptidil transferase,
inibindo a elongação.
 Utilizado no tratamento ocular.

Macrólidos (Eritromicina, Azitromicina, Claritromicina)


 Ligam-se à subunidade 50S e inibem a translocação.
 A eritromicina é eficaz contra as Gram+ e contra os cocos Gram-.
 A azitromicina é mais eficaz contra os Gram- resistentes à eritromicina.
 A claritromicina tem um espetro semelhante à eritromicina, mas com maior potência.
 São muito prescritos (logo a seguir às penicilinas) para o tratamento de pneumonia,
Legionella (que também promove pneumonia).
 Indicações terapêuticas:
→ Tratamento de infeções respiratórias devidas a Haemophilus, Mycoplasma
pneumoniae, Legionella pneumophila (1ª escolha) e infeções devidas a espiroquetas;
→ Tratamento de infeções devidas a estreptococos e enterococos, constituindo uma
alternativa às penicilinas.
 Interações medicamentosas:
→ Benzodiazepinas, Carbamazepina, Ciclosporina, Digoxina, Omeprazol, Teofilina - os
macrólidos podem inibir o metabolismo destes fármacos;
→ Rimfampina, Rifabutina – reduzem o efeito anti-microbiano e aumentam a frequência
de efeitos adversos GI.
Antitússicos e Expetorantes
Alívio da Sintomatologia da Tosse
 Os expetorantes liquidificam o muco por estimularem a secreção de lubrificantes naturais
das glândulas serosas. O fluxo de líquidos serosos ajuda a liquidificar as massas espessas de
muco que podem obstruir os bronquíolos.
→ Expetorantes de ação reflexa – atuam irritando a mucosa gástrica e levam, por via
vago-vagal, a um aumento da secreção da mucosa brônquica (utilização crítica!) -
iodetos, benzoato e citrato de sódio, cloreto de amónio, guafenesina e ipeca.
→ Expetorantes de ação direta – estimulam diretamente as células secretoras - óleos e
bálsamos (essências de pinheiro, eucalipto, mentol).
→ Mucolíticos – atuam sobre a viscosidade e estrutura do muco, rompendo as ligações
sulfuradas das mucoproteínas sem, no entanto, aumentar o volume das secreções. A
diminuição da viscosidade do muco facilita a sua remoção, quer pela atividade ciliar
do epitélio quer pelo reflexo da tosse – bromexina (Lisomucin, Bisolvon),
carbocisteína (Mucoral), ambroxol (Mucosolvan).
 Os antitússicos são inibidores da tosse. São utilizados quando o doente apresenta tosse seca,
curta e não-produtiva.
→ Antitússicos de ação central estupefacientes – atuam diretamente sobre o SNC. Por
Estes fármacos
exemplo, a codeína pode promover dependência em doses moderadas ou altas e não
com outros
deve ser usada em doentes com doença pulmonar crónica que possam apresentar
depressores do
SNC podem
depressão respiratória.
funcionar como → Antitússicos de ação central não estupefacientes – o dextrometorfano é quase tão
sedativos, eficaz como a codeína e não causa depressão respiratória ou dependência, mas pode
hipnóticos anti- provocar broncoespasmo por libertação de histamina. A difenidramina tem
depressivos. propriedades anti-histamínicas e causa frequentemente sonolência (aconselha-se tomar
à noite).
→ Antitússicos de ação periférica – atuam no trato respiratório – demulcentes
(mecanismo de ação mecânico, que promove a formação de uma fina camada
protetora sobre a mucosa irritada, evitando assim o seu contacto com substâncias
externas. Por exemplo, pastilhas, linctos que contêm gomas, mucilagens ou óleos).

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