Sebenta - Farmacologia
Sebenta - Farmacologia
Sebenta - Farmacologia
Conceitos em Farmacologia
Droga – qualquer substância que interage com o organismo produzindo efeito.
Fármaco – substância com capacidade de modificar uma função fisiológica, utilizada para o tratamento,
prevenção ou diagnóstico de doença (com finalidade terapêutica).
Muitas substâncias podem ser consideradas ou não fármacos, dependendo da finalidade com que são
utilizadas. Por exemplo: a vitamina C, se for obtida por meio dos alimentos é considerada um nutriente, mas
se for administrada para correção de estados carenciais ou como estimulante das defesas orgânicas é definida
como um fármaco.
Princípio Ativo – é a molécula isolada que apresenta farmacológica.
Excipiente – substância que auxilia o fármaco a apresentar a devida forma e eficiência farmacêutica; serve
ainda para proteger o fármaco (p.ex.: oxidação e hidrólise) e facilitar a sua administração.
Veículo – é um excipiente líquido que dá volume à fórmula farmacêutica, não apresenta ação farmacológica.
Veneno ou tóxico – substância que introduzida numa determinada dose/concentração no organismo é capaz
de provocar alterações orgânicas ou funcionais prejudiciais.
Dose/Concentração – quantidade administrada para produzir efeito.
Dose letal – quantidade administrada que promove a falência generalizada do organismo.
Doses terapêuticas – doses situadas entre a dose mínima (mínima dose susceptível de exercer ação
terapêutica) e a dose máxima (dose máxima do fármaco com a qual conseguimos obter efeito sem promover
efeitos tóxicos).
Dose de manutenção – dose necessária para manter uma concentração plasmática efetiva de fármaco.
Margem/Janela terapêutica – intervalo entre a Concentração Mínima
Efetiva (CME) e a Concentração Máxima Tolerada (CMT), sem
promover efeito tóxico.
Corresponde a uma faixa plasmática aceitável na qual os resultados
terapêuticos são positivos. Por exemplo: para crianças com peso
inferior a 20kg, a dose diária da amoxicilina pode variar entre 20 a
40mg/kg de peso corporal, portanto, se a criança tiver 10kg de peso
corporal, a dose diária pode ser no mínimo de 200mg e no máximo
de 400mg do fármaco. Assim, a janela terapêutica (dose
recomendada) diária do medicamento amoxicilina para crianças com
o peso corporal de 10kg varia entre 200 a 400mg.
Tempo de semi-vida (t1/2) – é o tempo necessário para que a concentração de
um fármaco no sangue diminua para metade da sua concentração inicial.
Nota: em casos de alteração da função renal ou hepática, a meia vida de um
medicamento torna-se maior devido à incapacidade de metabolizar ou excretar
o medicamento.
Efeito medicamentoso, farmacológico ou terapêutico – ação benéfica dos
fármacos sobre o organismo vivo.
Efeitos Adversos:
Relacionados com a ação farmacológica principal do fármaco – podem ocorrer quando há um aumento da
dose ou interação entre fármacos (p.ex.: hemorragias por anticoagulante).
Não-relacionados com a ação farmacológica principal do fármaco – (i) quando aparecem em
consequência de dose excessiva, mas com efeitos não relacionados com o modo de ação do fármaco
(p.ex.: hepatotoxicidade ocasionada por analgésicos); (ii) podem ser também imprevisíveis, pois podem
ocorrer mesmo com doses terapêuticas (p.ex.: anemia aplástica com o uso de antibacterianos).
Efeito colateral – efeito associado ao medicamento diferente do considerado como principal para o fármaco
em questão. Por exemplo: a aspirina é um analgésico antipirético (AINEs) utilizado para a dor, mas um dos
efeitos associados é a diminuição da agregação plaquetária.
Efeitos tóxicos – reações adversas que surgem por excesso da dosagem.
(ii) Canais iónicos - ação como falsos substratos ou inibidores para certos sistemas de transporte (p.ex.:
bloqueadores dos canais de Ca2+; anestésicos locais: bloqueadores dos canais de Na+ nas fibras nervosas);
(iii) Enzimas – ação como falsos substratos ou inibidores para certas enzimas (p.ex.: inibidores da
ciclooxigenase, inibidores das colinesterases);
(iv) Transportadores – atuam na movimentação de iões (p.ex.: bomba de protões – mucosa gástrica -, co-
transportador Na+/K+/2Cl- - alsa de Henle);
(v) Receptores – atuação em moléculas proteicas específicas geralmente localizadas na membrana celular.
→ Moléculas Endógenas
1. Substâncias Transmissoras – substâncias químicas libertadas pelas transmissões nervosas e que se
difundem pela fenda sináptica ligando-se ao receptor, ativando-o através da alteração da sua conformação e
despoletando uma série de acontecimentos pós-sinápticos que resultam, por exemplo, na contração muscular
ou na secreção glandular.
Após a sua libertação, o transmissor é inativado, podendo ocorrer:
Degradação Enzimática (acetilcolina);
Recaptação (norepinefrina, GABA).
Muitos fármacos atuam quer reduzindo, quer aumentando a transmissão sináptica.
2. Hormonas – substâncias libertadas para a corrente sanguínea e que produzem os seus efeitos fisiológicos
nos tecidos que possuem os receptores específicos.
Os fármacos podem interferir com o sistema endócrino, inibindo-o (p.ex.: fármacos antitiroidianos) ou
aumentando os seus efeitos (antidiabéticos orais).
Outros fármacos interagem com receptores hormonais ativando-os (anti-inflamatórios esteróides) ou
bloqueando-os (antagonistas do estrogénio).
Hormonas Locais (autocóides) como a histamina, a serotonina e as prostaglandinas são libertadas nos processos
patológicos: os efeitos da histamina podem ser bloqueados por anti-histamínicos e o das prostaglandinas por anti-
inflamatórios não esteróides.
Hormonas Endócrinas – insulina, levotiroxina, cortisol, aldosterona, testosterona, estradiol.
→ Moléculas Sinalizadoras
As moléculas sinalizadoras, como as hormonas peptídicas e os neurotransmissores, são hidrossolúveis,
enquanto as hormonas esteróidese e tiroideias e as prostaglandinas são lipossolúveis – a diferença na
solubilidade é responsável pela diferença no mecanismo de ação.
(i) Moléculas hidrossolúveis não atravessam a membrana plasmática, ligando-se a receptores proteicos da
superfície da célula, resultando a formação de 2º mensageiros, que veiculam e amplificam a mensagem
original (resposta de curta duração);
(ii) Moléculas lipossolúveis atravessam facilmente a membrana ligando-se a receptores citoplasmáticos ou
nucleares, induzindo uma resposta de longa duração (excepto as prostaglandinas) que afeta a transcrição
genética.
Receptores
Existem 4 grupos de receptores e há farmacologia para todos eles:
1. Canais iónicos controlados por ligantes (receptores ionotrópicos) – são constituídos por subunidades proteicas
que formam um poro central (p.ex. receptor nicotínico da acetilcolina, receptor do ácido y-aminobutírico
(GABA));
2. Receptores acoplados às proteínas G (metabotrópicos) – família com 7 hélices que atravessam a membrana
celular, estão ligados geralmente a respostas fisiológicas mediadas por 2º mensageiros (p.ex.: receptor
muscarínio da acetilcolina, adrenoreceptores);
3. Receptores nucleares para hormonas esteróides e da tiróide – estão presentes no núcleo e regulam a
transcrição e a síntese proteica (receptores esteróides);
4. Receptores ligados a quinases – receptores transmembranares que possuem atividade intrínseca da quinase da
tirosina, medeiam a ação de mediadores proteicos e hormonas (p.ex.: receptores para citoquinas, fatores de
crescimento e insulina).
Todos estes receptores respondem a moléculas endógenas.
→ Receptores celulares
A comunicação entre as células e a resposta celular é mediada via receptores citoplasmáticos e membranares
(maioritariamente proteínas estruturais).
De acordo com a estrutura molecular e a natureza do mecanismo de transdução, podemos distinguir quatro
tipos básicos de receptores:
(i) Receptores acoplados diretamente a um canal iónico – ocorre transmissão sináptica entre células
eletricamente excitáveis: receptor colinérgico nicotínico (canais permeáveis ao Na+), receptor gaba-
aminérgico (canais iónicos permeáveis ao cloro), receptor glutamatérgico (Na+ e Ca+), etc.
(ii) Receptores acoplados à proteína G – receptor colinérgico muscarínico, receptores adrenérgicos,
receptores serotoninérgicos, receptores opióides, etc.
(iii) Receptores associados à tirosina cinase (receptores com atividade enzimática) – insulina e vários fatores
de crescimento.
(iv) Receptores intracelulares que regulam a transcrição do ADN – receptores para esteróides.
→ Canais iónicos
São poros seletivos que permitem a rápida transferência de iões através do seu gradiente eletroquímico:
(i) Canais controlados por ligandos (substâncias transmissoras) – abre quando uma ou mais moléculas de
agonista são ligadas funcionando como um receptor potencial de membrana;
(ii) Canais dependentes de voltagem – funcionando não pela presença de um ligando, mas sim por alterações
no potencial transmembranar.
Os canais de Ca2+ no coração são acionados quer
pela voltagem, quer por transmissores;
Os canais de sódio, potássio e cálcio têm a mesma
estrutura básica e para cada canal existem vários
subtipos.
→ Transportadores
A movimentação de iões e pequenas moléculas através da membrana também pode ser realizada através da
ação de proteínas transportadoras:
responsáveis pelo transporte no túbulo renal;
no epitélio intestinal;
na barreira hematoencefálica;
transporte de Na+ e Ca2+;
para fora da célula;
captação dos percussores dos neurotransmissores (como a colina);
captação dos neurotransmissores (norepinefrina, serotonina).
Em muitos casos, são processos de transporte ativo usados para transferir substâncias contra o gradiente de
concentrações, na presença de ATP:
(i) Bomba de sódio – expele os iões Na+ para fora da célula
através de ATP e envolve a enzima adenosina trifosfatase
(ATPase); este transportador está ligado à transferência de iões
K+ para dentro da célula (p.ex.: glicosídicos cardíacos inibem a
ATPase Na+/K+; alguns diuréticos inibem os processos de
transporte Na+/Cl- no rim);
(ii) Transporte de norepinefrina (p.ex.: os antidepressivos
tricíclicos prolongam a ação da norepinefrina, bloqueando a sua
recaptação nas terminações nervosas centrais).
→ Enzimas
Frequentemente, a molécula de fármaco é um substrato análogo que age como inibidor competitivo/não
competitivo da enzima.
Os fármacos que agem pela inibição das enzimas incluem:
Anticolinesterases, que aumentam a ação da acetilcolina;
Inibidores da anidrase carbónica (diuréticos) aumentam o
fluxo da urina;
Inibidores da monoaminoxidase (antidepressivos);
Inibidores da ciclooxigenase (p.ex.: aspirina);
Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECAs;
captoril).
→ O SNS, de um modo geral, estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a
situações de stress, sendo então responsável:
Pela aceleração dos batimentos cardíacos;
Pelo aumento da pressão arterial e da concentração de açúcar no sangue;
Pela ativação do metabolismo geral do corpo.
→ O SNP estimula principalmente atividades relaxantes, como:
A redução do ritmo cardíiaco;
A diminuição da pressão arterial, (...).
ADMINISTRAÇÃO ORAL
A administração oral é a mais usada na prática clínica. A maioria do fármaco é
absorvido por via oral, no entanto alguns fármacos são destruídos pelo ácido ou
enzimas digestivas. Assim, estes passam a ser administrados por via parental (IV,
IM, SC) (p.ex.: benzilpenicilinas, insulina).
Cerca de 75% do fármaco é absorvido 1-3h após ingestão. Deve-se considerar a
motilidade gastrointestinal, o tamanho das partículas, a formulação e fatores físico-
químicos inerentes ao fármaco.
ADMINISTRAÇÃO SUBLINGUAL
A administração sublingual é utilizada quando é necessária uma resposta rápida,
uma vez que a região sublingual é extremamente irrigada e conectada a vasos de
bom calibre (veia cava superior), especialmente se o fármaco é instável ao pH
gástrico ou é metabolizado rapidamente pelo fígado (p.ex.: nitroglicerina –
tratamento agudo da angina de peito). Este tipo de administração evita o efeito de
1ª passagem.
ADMINISTRAÇÃO ENDOVENOSA
A via endovenosa é a mais rápida e mais precisa para administração de um
fármaco, com biodisponibilidade de 100%.
ADMINISTRAÇÃO TÓPICA
A administração tópica é utilizada principalmente quando se quer um efeito local. A
absorção é considerável, podendo levar a alguns efeitos sistémicos. Muitas droggas
são mal absorvidas pela pele devido à baixa lipossolubilidade das mesmas.
Tem-se aumentado o uso de formas de ADMINISTRAÇÃO TRANSDÉRMICA, na
qual o fármaco é incorporado através de um disco adesivo cutâneo que se aplica
numa zona de pele fina (áreas esternal, subclavicular e abdominal), possibilitando
uma libertação prolongada (p.ex.: discos de nitroglicerina, adesivos de nicotina).
ADMINISTRAÇÃO RETAL
A administração retal é utilizada para produzir um efeito local ou para a produção
de efeitos sistémicos, no entanto, este último caso só se justifica para utentes
incapazes de tomar medicações pela boca (com vómitos, crianças, idosos,
portadores de transtornos psiquiátricos ou em estado de coma).
A absorção é irregular e incompleta.
Aproximadamente 50% do fármaco absorvido passará pelo fígado (ou seja, está
sujeito ao efeito de 1ª passagem).
Fatores fisiológicos:
(i) Fluxo sanguíneo na área de absorção – quanto maior é o fluxo, maior
será a absorção.
(ii) Área de superfície absorvente – quanto maior for a área de superfície,
maior é a absorção.
(iii) Número de barreira a serem transpostas – quanto maior o número de
barreiras, menor a absorção.
(iv) Relacionados com o doente – idade, peso, função renal e hepática.
Cinética de ordem zero (Não Linear) – com poucos fármacos, como o ácido
acetilsalínico, o etanol e a fenitoína, as doses são muito grandes. Por isso, a [C] é
muito maior do que a Km e a equação de velocidade torna-se a seguinte:
V (velocidade de biotransformação do fármaco) = Vmáx*[C]/[C] = Vmáx
sistole - repolarização
diastole - despolarização
Contração do músculo cardíaco
O débito cardíaco é o produto da frequência cardíaca e do volume sistólico ventricular
O que esquerdo (volume de sangue ejetado do ventrículo em cada batimento).
controla o
volume DC = FC x VS volume de sangue ejetado do
sistólico é a O volume sistólico é determinado por uma combinação de: ventrículo em cada batimento
pré e pós Fatores intrínsecos, que regulam a contratilidade do miocárdio através da concentração
carga, e a
contratilidad de Ca2+ e ATP;
e do Fatores hemodinâmicos extrínsecos, que regulam a elasticidade e o estado contráctil
musculo
cardíaco/mio das artérias e veias, além do volume e da viscosidade do sangue – pré-carga e pós-carga.
cárdio.
Regulação do fluxo sanguíneo pré-carga: força c/ que o sangue entra no ventrículo direito (retorno venoso)
pós-carga: força c/ que o sangue sai do ventrículo esquerdo (dificuldade
Esta é realizada através de: enfrentada pelo ventrículo durante o processo de ejeção)
Fisiopatologia da hipertensão
A pressão sanguínea elevada está associada a uma diminuição da esperança de vida, aumento
do risco de enfarte, doença coronária ou doença em qualquer outro órgão-alvo (i.e.:
retinopatia, insuficiência renal). Hipertensão:
>140/90 mmHg
Assim, hipertensão é a elevação persistente da pressão sanguínea sistólica acima de Hipotensão:
<90/55 mmHg
140mmHg e/ou diastólica acima de 90mmHg.
Classificação dos anti-hipertensores face ao seu principal mecanismo de ação:
Ação adrenérgica: estimulam a atividade dos receptores adrenérgicos - para não esforçar demasiado o coração
Bloqueadores β (receptores β1 do músculo cardíaco); "os bloqueadores beta que vão-se ligar aos b1.."
Bloqueadores α1 (receptores α1 dos vasos); (promovem uma menor vasoconstrição)
Agonistas α2 centrais (receptores centrais pós-sinápticos α2: aumentam a receptação
de norepinefrina).
Ação renal (diminuição do volume sanguíneo, retorno venoso e débito cardíaco):
Diuréticos tiazidicos; hipertensão
ajudar o sangue a chegar ao coração,
Diuréticos de ansa; insuficiência cardíaca diminuindo a pressão arterial
Vasodilatadores:
Modificadores do eixo renina-angiotensina:
Inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA);
Antagonistas dos receptores da angiotensina (ARA).
Bloqueadores da entrada do cálcio;
Vasodilatadores diretos (hidralazina e nitroprussiato de sódio).
Bloqueadores β-adrenérgicos
Inibem a resposta cardíaca à estimulação nervosa simpática através do bloqueio dos
receptores β: ↓ frequência cardíaca; ↓ débito cardíaco; ↓ renina libertada pelos rins →
↓ pressão arterial.
São recomendados como terapia inicial para hipertensão de estágio I e II; e em doentes com
angina de peito devido ao seu efeito anti-anginoso.
Alguns bloqueadores β podem provocar alterações metabólicas, tais como:
hipertrigliceridemia, diminuição do colesterol HDL, hiperglicemia (após alguns meses de
tratamento):
Tudo que acabe em "-ol" é um bloqueador b-adrenérgico
Propanol, Nadolol, Timolol – bloqueadores β1 e β2;
Atenolol, Metoprolol, Acetobutolol (cardioseletivos) – bloqueadores β1 – promovem
menor vasoconstrição periférica (mãos e pés frios); não promovem hiperglicémia.
Contra-indicações:
Asma;
Bradicardia sinusoidal (˂ 50bpm);
Doença do Nódulo Sinusoidal; Os adrenérgicos não se
Insuficiência Cardíaca descompensada. administram a asmáticos nem a
Efeitos adversos potenciais: diabéticos!
Hipotensão sintomática;
Agravamento da insuficiência cardíaca;
Bradicardia.
Bloqueadores α1-adrenérgicos
A prozasina e doxazosina de ação mais prolongada causam vasodilatação pelo bloqueio
selectivo dos adrenoreceptores vasculares α1.
Atuam através do bloqueio dos receptores α1-adrenérgicos pós-sinápticos, promovendo
vasodilatação arterial e venosa e reduzindo a resistência vascular periférica sem reduzir o
débito cardíaco ou induzir a taquicardia reflexa.
Podem ser usados com segurança em doente com gota, angina e hiperlipidémia e, ainda, em
doentes com hiperplasia benigna da próstata.
Causam hipotensão postural/ortostática (quando a pessoa se levanta rapidamente, dá-se uma
rápida diminuição da pressão arterial, podendo causar tontura, fraqueza e desmaio).
Diuréticos
Os diuréticos são fármacos que atuam no rim para aumentar a excreção de água e cloreto de
sódio (sal) → ↓ reabsorção de água e sódio → ↓ edema.
Existem quatro tipos de diuréticos: Todos têm o mesmo
Inibidores da anidrase carbónica (acetazolamida → objetivo → diminuir a
ação menor do que tiazidas e agentes de ansa); reabsorção de sódio e
Tiazidas (bendroflumetiazida e metolazona); água.
Diuréticos de ansa (furosemida e bumetanida); Todos trabalham na pré-
Diuréticos poupadores de potássio (espironolactona, carga.
amilorida e triantereno).
A reabsorção de sal e água é controlada pela aldosterona e pela vasopressina (hormona anti-
diurética – ADH), respetivamente.
A aldosterona estimula a reabsorção de Na+ no túbulo distal e aumenta a secreção de
K+ e H+. Atua nos receptores citoplasmáticos e induz a síntese de ATPase Na+/K+ na
membrana e de uma proteína mediadora específica que aumenta a permeabilidade dos
canais de Na+.
A vasopressina é libertada pela glândula pituitária e aumenta o número de canais de
água nos túbulos colectores, permitindo a reabsorção passiva de água.
A maioria dos diuréticos atua reduzindo a reabsorção de eletrólitos pelos túbulos, com o
respetivo aumento de excreção de água.
São utilizados nas doenças renais, insuficiência cardíaca, hipertensão.
Contra-indicações:
K+ ˃ 5,0mmol/L
Creatinina ˃ 2,5mg/dl
Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina (IECAs)
Por exemplo, captopril, benazepril, cilazepril, enalapril, fosinopril, lisinopril e ramipril.
Inibem a enzima conversora da angiotensina, responsável pela conversão de angiotensina I
em angiotensina II (que é um potente vasoconstritor e estimulador da aldosterona).
A vasodilatação dá-se devido à diminuição dos níveis de angiotensina II, com a
correspondente diminuição da aldosterona e, consequentemente, diminuição da retenção de
sódio e água.
Reduzem a pressão arterial, preservam o débito cardíaco e aumentam o fluxo sanguíneo
renal.
Diminuem a resistência vascular periférica.
São os mais usados no tratamento da insuficiência cardíaca.
Não apresentam tantos efeitos adversos como os tiazídicos e os β-bloqueadores.
O efeito indesejável mais comum é a tosse seca – que pode ser causada pelo aumento da
bradicinina.
Não se junta IECA com diurético, pois ambos são vasodilatadores!
É importante avisar os utentes acerca dos efeitos colaterais para que estes não abandonem a terapêutica!
Os inotrópicos
usam-se só a
partir dos
estágios 2 e 3.
Insuficiência Cardíaca
A insuficiência cardíaca consiste numa anomalia da função cardíaca em que a quantidade de
sangue que o coração bombeia por minuto (débito cardíaco) não é suficiente para satisfazer
as necessidades metabólicas dos vários tecidos e órgãos. Isto conduz a uma variedade de
sintomatologia, como:
Fadiga;
Edema;
Dispneia;
Tolerância reduzida ao exercício.
Causas de insuficiência cardíaca:
Hipertensão;
Doença valvular;
Cardiomiopatia;
Doença coronária;
Diabetes.
O dano do miocárdio vai promover uma diminuição no débito cardíaco que levará à ativação
de diversos mecanismos de compensação com o intuito de recuperar a perfusão tecidular
comprometida. Todos estes mecanismos (ativação neuro-humural do SNS e do Sistema
Renina-Angiotensina e a atenuação do neuro-humural do SNP) promovem:
Vasoconstrição;
Edema;
Hipertrofia;
Remodelagem.
Inotrópicos
Aumentam a força de contração.
A maioria aumenta a concentração de Ca2+ intracelular.
Interações Farmacodinâmicas:
Antagonistas β-adrenérgicos: diminuem a condução do nó AV bloqueia AV de alto
grau;
Bloqueadores dos canais de Ca2+: diminuem a contratilidade cardíaca;
Diuréticos de ansa: diminuem a concentração plasmática de K+ toxicidade da
digoxina;
Diuréticos poupadores de potássio – diminuem a ação da digoxina.
Interações Farmacocinéticas:
Na absorção: muitos antibióticos (i.e: eritromicina, tetraciclina) podem aumentar a
absorção da digoxina;
No volume de distribuição: verapamil ou quinidina podem aumentar os níveis
plasmáticos de digoxina;
Na depuração renal (em caso de insuficiência renal): aumentam a toxicidade da
digoxina.
Desintoxicação
→ Normalização dos níveis plasmáticos de K+;
→ Redução do potencial de arritmias ventriculares.
Quem toma digitálicos não pode, de todo, ingerir bebidas alcoólicas. É fatal!
Diuréticos
Exercem papel central nos sintomas “congestivos”.
A Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) é caraterizada pela retenção de Na+ e H2O, pela
expansão do volume extracelular e pela elevação da pressão diastólica final. Esta pode
evoluir para uma Congestão Venosa Pulmonar/Edema Periférico.
Os diuréticos devem ser utilizados em doses mínimas, devendo ainda ser evitados em
assintomáticos; não diminuem a mortalidade na IC.
Diuréticos de Ansa
Os seus efeitos são dependentes do fluxo sanguíneo renal.
Contribuem para a reversão de edema pulmonar, uma vez que diminuem a volémia e
promovem a vasodilatação.
Biodisponibilidade:
Furosemida: 40-70% (ação curta);
Bumetanida e Torsemida: ˃ 80%;
São capazes de causar a eliminação de 15-25% do Na+ filtrado.
Quando os diuréticos de ansa são utilizados para manter a volémia:
Em utentes com retenção hídrica, administra-se furosemida em doses baixas,
aumentando gradualmente até atingir a diurese desejada;
Em pacientes com ICC avançada, administra-se uma dose inicial mais alta;
Deve-se monitorizar os eletrólitos séricos e a função renal;
Deve-se reduzir a dose após resolução da retenção;
Deve-se corrigir a hipocalémia.
Descompensação:
Início com diurético de ansa;
Resistência: + tiazídico.
Interação Medicamentosa:
A hipocalemia aumenta os efeitos e a toxicidade de vários fármacos (i.e: digoxina, anti-
arrítmicos tipo III). Se necessário, a hipocalemia pode ser evitada ou tratada pelo uso
simultâneo de diuréticos poupadores de K+ ou, algumas vezes, com reposição
suplementar de potássio.
β-bloqueadores
Diminuem a mortalidade (30% mais do que os IECA).
Têm benefício quando à diminuição da atividade de catecolaminas.
Diminuem o trabalho cardíaco.
Diminuem a libertação de renina → remodelamento.
Devem ser iniciados em doses baixas no 1º mês.
Tem de se ter maior cuidado em utentes III e IV (compensado).
Contra-indicações – não devem ser administrados em utentes com:
Asma;
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC);
Bloqueio AV;
Bradicardia.
O carvedilol, o bisoprolol e o metoprolol administrados
juntamente com um IECA e um diurético, por um período de um
ano, demonstraram em ensaios clínicos serem capazes de reduzir
a mortalidade em 11-17%.
Efeitos colaterais:
Broncoconstrição;
Bradicardia com IC;
Fadiga;
Hipoglicemia (risco em diabéticos);
Extremidades frias;
Depressão;
Insónias.
IECAs
Por exemplo, captopril, benazepril, cilazepril, enalapril, fosinopril, lisinopril e ramipril.
Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) vão produzir uma vasodilatação
por diminuição dos níveis de angiotensina II, com a correspondente diminuição da
aldosterona e, consequentemente, com a diminuição da retenção de sódio e água.
São recomendados em todos os doentes com sintomas de IC e FEVE (fração de injeção do
ventrículo esquerdo) ˂ 40%.
Efeitos:
Diminuição da dispneia;
Fadiga;
Melhoria da hemodinâmica traduzida pela redução da resistência vascular periférica.
Estes efeitos conduzem a:
Diminuição da retenção de líquidos e da pré-carga;
Diminuição e remodelagem cardíaca;
Melhoria da função Ventricular Esquerda (VE) e dos sintomas de IC.
Nos doentes internados, deve iniciar-se a toma do IECA antes da alta devido aos efeitos
adversos.
Contra-indicações:
História de angioedema;
K+ sérico ˃ 5,0mg/dl;
Creatinina sérica (Cr) ˃ 2,5mg/dl;
Estenose aórtica severa;
Gravidez.
Efeitos adversos:
Agravamento da função renal → deve suspender-se se a Cr sérica ˃ 3,5mg/dl;
Hipercalémia → deve suspender-se se K+ ˃ 6,0mg/dl;
Hipotensão sintomática (comum);
Tosse (promove o abandono da terapêutica entre 15-20%).
Angina de peito
A angina pectoris constitui um sindroma clínico que se integra na doença cardíaca isquémica e
que resulta da isquémia transitória de uma porção do miocárdio.
As necessidades do coração em O2 dependem do esforço que tem de efetuar (isto é, a
rapidez com que bate e a força de cada batimento). Os esforços físicos e as emoções
aumentam a atividade do coração, que, por essa razão, necessita de mais O2.
Quando as artérias se tornam mais estreitas (devido à formação de placas de ateroma) ou
existe uma obstrução que impede a chegada de sangue ao músculo cardíaco, os níveis de O2
baixam e pode produzir-se a isquémia e, consequentemente, dor (no peito, membro superior
e pescoço).
O principal objetivo do tratamento farmacológico da angina é reduzir o trabalho do coração
e, consequentemente, a sua exigência em O2.
A falta de O2 é causada pela redução do fluxo sanguíneo através das artérias coronárias,
promovido por:
Aterosclerose – esta pode desenvolver-se como placas localizadas ou por estreitamento
generalizado das coronárias; Os doentes não têm sintomas até
Espasmo das artérias; que ocorra um estreitamento
Lesões nas válvulas aórticas; arterial de, pelo menos, 50%.
Hipertensão;
Diabetes.
Angina Estável
Há um padrão previsível para a dor e para a frequência da angina de peito, ou seja, esta pode
desencadear-se após exercício/esforços, situação de stress, etc.
Resulta de até 95% de obstrução do vaso.
Normalmente, administram-se β-bloqueadores + nitratos para o seu tratamento.
Angina Instável
Resulta da fissura ou erosão da placa de ateroma com a subsequente agregação plaquetária.
A sintomatologia aparece de repente.
A dor ocorre com cada vez menos esforço, culminando em dor em repouso.
Angina Variante
É muito incomum, ocorrendo em repouso (nunca sabemos quando vai aparecer).
É causada por espasmo coronário, estando associada, em geral, à doença ateromatosa.
95% são espasmos e 5% é obstrução.
Normalmente, administram-se bloqueadores de canais de cálcio + nitratos para o seu
tratamento.
Arritmias
Ocorrem quando a condução elétrica normal é alterada, o que resulta numa contração anormal
do músculo cardíaco ou na alteração da frequência cardíaca.
Causas de arritmia:
Situações de stress emocional intenso, isquémia ou IC podem desencadear impulsos
nervosos em células pacemaker normalmente silenciosas noutras regiões do coração;
Obstrução parcial de uma via normal de condução, causando um fluxo irregular de
impulsos elétricos - que resulta num padrão irregular de contrações musculares.
Tipos de arritmia:
Arritmias supraventiculares – têm origem no nó atrioventricular;
Arritmias ventriculares – têm origem nos ventrículos;
Arritmias associadas a situações de stress – são tratadas com bloqueadores-β;
Bradicardia sinusal – arritmia após EAM;
Arritmias atriais:
Fibrilação atrial;
Flutter atrial.
Taquicardia supraventricular;
Taquicardia ventricular.
Arritmias Atriais
Existem dois tipos de arritmia atrial:
Fibrilação Atrial: é caraterizada por batimentos rápidos e irregulares das câmaras
superiores do coração; é provocada por um distúrbio elétrico nos átrios. Os impulsos
elétricos são descarregados de uma maneira tão rápida que o músculo atrial treme ou
fibrila.
Flutter atrial: assemelha-se à fibrilação atrial, com frequências cardíacas atriais muito
mais rápidas do que o normal. Porém, no flutter atrial, os batimentos cardíacos são
quase sempre regulares, visto que o sinal elétrico fica preso no átrio, viajando
repetidamente num padrão circular.
Taquicardia Supraventriicular
É também denominado por Taquicardia Atrioventricular por Reentrada Nodal (TRN).
Na TNR cria-se um trajeto elétrico extra, que permite que o sinal elétrico volte e inicie outro
batimento cardíaco, fazendo com que os sinais elétricos circulem continuadamente pelos
dois trajetos. Desta forma, a frequência cardíaca fica muito rápida (comummente entre 160-
220bpm).
Taquicardia Ventricular
A taquicardia ventricular é um grave distúrbio do ritmo do coração, pois fá-lo bater até 400
vezes por minuto. Nesta frequência, o músculo cardíaco praticamente não se contrai e fica
como se estivesse a tremer, não sendo capaz de bombear com eficiência o sangue para o
corpo.
É utilizada a lidocaína para o seu tratamento.
CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS FÁRMACOS ANTI-ARRÍTMICOS
(Sistema Vaugan Williams)
→ Digoxina
Estimula a atividade vagal causando a libertação da acetilcolina (cronotrópico
negativo), que abranda a condução e prolonga o período refratário no AV e no feixe de
His. Ao abrandar a condutância auriculoventricuular, a digoxina aumenta o grau de
bloqueio e fortalece o batimento ventricular.
A digoxina intravenosa é utilizada no tratamento do flutter atrial e da fibrilhação rápida
e fora de controlo.
→ Flexacainida (Ic)
É usada essencialmente na profilaxia atrial paroxística, mas possui uma ação inotrópica
negativa e pode causar arritmias ventriculares graves.
→ Amiodorona (III)
Possui uma ação bloqueadora em vários canais (K+ e Na+ inativados) e nos
adrenoreceptores β;
É eficaz quando os outros fármacos falharam, mas o seu uso está restringido devido aos
seus efeitos secundários.
Efeitos secundários ou colaterais:
Fadiga, tremores, movimentos involuntários, dormência e formigueiros;
Náuseas, vómitos, obstipação;
Dispneia ao esforço;
Pode induzir novas arritmias;
Hepatotoxicidade.
Interações Medicamentosas:
Cimetidina e Fluoroquinolonas – potencializam a ação da amiodarona;
Aumento da concentração da digoxina;
Aumento do efeito da varfarina;
β-bloqueadores e Antagonistas do cálcio – aumentam a bradicardia.
(VLDL
também)
LDL -
HDL -
colesterol Via exógena – só existem quilomicrons e quilomicrons remanescentes. Deixam os
mau pq tem colesterol
triglicéridos no fígado para que o músculo os utilize, com a finalidade de obter energia. bom pq
baixa
densidade, Depois de passarem pelo fígado, há um aumento do colesterol e uma diminuição de tem alta
logo quando triglicéridos. densidade,
passa nos portanto
Havendo um aumento de VLDL e LDL, o colesterol é transportado para todos os órgãos; quando vai
vasos
sanguíneos, estas lipoproteínas só não devem estar em excesso. Porém, se estiver, o HDL recolhe esse a passar
não excesso de LDL, levando-o para o fígado. nos vasos
consegue → Se LDL ˃ 160mg/dl de sangue → direciona-se o utente para terapêutica; sanguíneos
arrastar o consegue
→ Se HDL ˂ 160mg/dl de sangue → o utente deve controlar a dieta + terapêutica. arrastar
que há de
colesterol consigo o
depositado colesterol
nesses que fica
vasos, depositado
ficando logo nos vasos.
também
depositado
lá. E com o
passar do Há sempre
tempo VLDL e LDL,
vai-se são colesterol
acumulando maus, mas
até obstruir fazem falta, só
a artéria. não devem
Ou seja, estar em
forma as excesso. E se
placas de estiverem, o
ateroma HDL recolhe
esse excesso e
leva-o para o
fígado.
Se o colesterol mau (LDL) for acima de 160, exercicio fisico n chega, deve fazer terapeutica. Se o HDL (bom colesterol)
for menor que 160, o utente deve controlar a dieta + terapeutica.
Colesterol total só pode ir até aos 200. O LDL (mau) só até os 130, e o HDL (bom)
não pode baixar dos 60.
Valores-guia:
Fibratos
(Benzafibrato, Ciprofibrato, Fenofibrato, Clofibrato)
Produzem uma diminuição ligeira das LDL (cerca de 10%) e um aumento de HDL (cerca de
10%), causando uma diminuição acentuada dos triglicéridos plasmáticos (cerca de 30%). Os
fibratos atuam como ligandos do receptor alfa ativado por proliferadores de peroxissomas
(PPAR-α) que estimulam a atividade lipoproteica lipase.
São os fármacos de 1ª linha em doentes com níveis elevados de triglicéridos plasmáticos.
Efeitos adversos: Os fibratos diminuem os maus LDL (pouco) e aumentam os bons HDL (pouco), e
→ Distúrbios gastrointestinais; consequentemente causam uma diminuição da gordura que está no sangue (triglicéridos).
IMPORTANTE: é a primeira escolha a dar um doente com níveis elevados de triglicéridos
→ Rash cutâneo. no sangue.
A ezectimiba (inibidor da absorção intestinal do colesterol) reduz a absorção do colesterol pelo intestino
delgado e diminui o LDL e a gordura, mas quase não mexe no HDL (bom).
Trabalha bem com as estatinas:
- Com a estatinas bloqueiam a síntese de colesterol no figado, logo isso vai ser eliminado através de fezes ou
urina. Se forem através da fezes, passam no intestino onde é absorvido água e sódio e consequentemente o
LDL pode acabar por ser absorvido. Se a pessoa tomar inibidor da absorção intestinal do colesterol e estatina,
vai impedir que o LDL expulso pelo figado volte a ser absorvido pelo intestino.
Hemostasia - " Hemostasia
está tudo bem
com o sangue,
O termo “hemostasia” refere-se ao conjunto de
não há risco de mecanismos pelos quais se mantêm o sangue fluido
coagular (formar
trombos) nem dentro do vaso, sem coagular (trombose) nem extravasar
extravasar (hemorragia).
(hemorragia)
O processo hemostático pode ser dividido em quatro
estágios:
Se houver uma 1. Vasoconstrição.
ferida, tem que 2. Hemostasia primária (adesão plaquetária e ativação)
haver uma
vasoconstrição para ↔ Agregação plaquetária.
prevenir que o
sangue saia mas
3. Hemostasia secundária (coagulação do sangue) –
isso não chega. produção de fibrina. o sangue coagula por causa da fibrina
Então ocorre uma
hemostasia primária 4. Fibrinólise – degradação do coágulo depois da
(adesão plaquetária, reposição tecidular.
ou seja, as
plaquetas vão a
ocorrer pra ferida
para fazer de "
Em relação à 3ª fase do processo hemostático, o sistema
tampa" para não de coagulação é composto por uma cascata de enzimas
sair mais sangue) e
depois ocorre uma proteolíticas e cofatores. Precursores inativos são
hemostasia ativados em série, cada um dando origem a mais do
secundária (ocorre
coagulação do seguinte. A última enzima, a trombina, derivado de
sangue). O sangue protrombina (II), converte o fibrinogénio solúvel (I) para
coagulado lá tapa a
ferida. Já não é uma malha de fibrina insolúvel no qual as células
necessário essa "
tampa", e então
sanguíneas são presas, formando um coágulo.
dá-se a fibrinólise A trombose é uma condição patológica que resulta da
que é para haver a
degradação da ativação inapropriada dos mecanismos hemostáticos:
coagulo (tampa) e → Trombos Venosos (trombo vermelho) – são Protrombina - trombina - fibrinogénio solúvel - fibrina insolúvel - coágulo.
reposição tecidular
(lesão fecha). compostos por fibrina, eritrócitos e plaquetas. As
principais causas de formação de trombos venosos
VENOSA: Se o trombo for
vermelho, é nas veias. As
são: imobilidade, cirurgias, período pós-operatório.
principais causas destes Os trombos venosos formam-se geralmente em
são: imobilidade e cirurgias.
Formam-se geralmente em resposta à estase venosa.
resposta à estase venosa ("
fica parado e forma → Trombos Arteriais (trombo branco) – são
coagulos").
ARTERIAL: se o trombo for compostos por plaquetas e fibrina. Formam-se em
branco é nas artérias.
Formam-se com elevado regiões com elevado fluxo sanguíneo em resposta a
fluxo sanguineo em resposta
a lesão das paredes dos
uma lesão das paredes dos vasos sanguíneos.
vasos sanguíneos. Geralmente, podem estar associados a aterosclerose.
Normalmente são
associados a aterosclerose.
Fármacos Fibrinóliticos
(Estreptoquinase, Alteplase, Reteplase)
São extensamente usados em embolias pulmonares, trombose venosa profunda, no enfarte de
miocárdio para promover a lise dos trombos que bloqueiam as artérias coronárias (em
doentes selecionados). para promover a destruição dos trombos, dados a doentes selecionados, sempre por endovenosa
São administrados por infusão endovenosa.
Promovem rapidamente a lise dos trombos através da ativação do plasminogénio para formar
plasmina (enzima proteólitica que degrada a fibrina).
Efeitos secundários:
→ Náuseas;
→ Vómitos;
→ Hemorragias.
Farmacologia do Sistema Respiratório
Regulação da Musculatura dos Vasos e das Glândulas das Vias Aéreas
Receptores Sensitivos e Vias Aferentes – os receptores de irritação rápida e as fibras C
sensoriais respondem a substâncias químicas exógenas, a mediadores inflamatórios e a
estímulos físicos (ex: ar frio), promovendo tosse, broncoconstrição e aumento de secreção do
muco.
Vias eferentes – são constituídas pelos:
→ Receptores Alfa-Adrenérgicos – têm como função promover maior atividade da
adenilil ciclase; constrição do músculo liso de vaias, artérias e brônquios; maior
libertação de histamina.
→ Receptores Beta-Adrenérgicos – têm como função promover menor atividade de
adenilil ciclase; vasodilatação; broncodilatação; menor liberttaçao de histamina.
→ Receptores Colinérgicos (M3) – que têm como função promover a broncodilatação e a
hipersecreção das glândulas.
→ Mediadores não adrenérgicos e não colinérgicos (Mediadores NANC):
∙ NANC inibitório – é o principal neurotransmissor relaxante nas vias aéreas
devido à libertação de óxido nítrico;
∙ NANC excitatórios – são libertados das fibras C sensitivas quando há
estimulação por mediadores inflamatórios e substâncias químicas irritantes, que
causam neuroinflamação. Os principais neuropeptídios no pulmão são a
substância P, que é responsável pelo aumento da permeabilidade vascular e
induz a secreção de muco; e a neurocinina A, que é um potente espasmógeno.
Asma
É uma doença inflamatória dos brônquios e bronquíolos.
Carateriza-se por períodos intermitentes de obstrução aguda e reversível das vias aéreas
(broncoconstrição) causada pela inflamação e hiper-resposta brônquica.
Sintomas:
→ Tosse;
→ Dispneia;
→ Rigidez torácica;
→ Aumento da produção de muco.
Imunoglobulina E (IgE)
As IgE são a maior classe de anticorpos reativos, estando presente em baixas concentrações
no soro sanguíneo. No entanto, em utentes alérgicos, os níveis de anticorpos específicos
podem estar aumentados até cerca de 100 vezes o valor normal.
A IgE é encontrada na membrana de superfície de basófilos e mastócitos e a ligação do
anticorpo aos receptores do mastócito promove a desgranulação dos mastócitos por um
mecanismo que envolve o influxo de Ca2+.
Os mastócitos contêm as reservas de histamina (em grânulos citoplasmáticos ligados à
heparina) do organismo e existem em quase todos os tecidos. A libertação de histamina
envolve normalmente o influxo de iões Ca2+ e, uma vez que a permeabilidade da membrana
celular aos iões Ca2+ está diminuída quando os níveis de AMPc se elevam, os fármacos que
estimulam a síntese de AMPc (agonistas dos adrenoreceptores β2) reduzem a libertação de
histamina.
Os mediadores agentes espasmogénicos (histamina, leucotrienos, prostaglandinas, fator
ativador das plaquetas) libertados dos mastócitos e as quimiotaxinas atraem células
inflamatórias, especialmente eosinófilos. Estes processos inflamatórios no início são
reversíveis, provocando vasodilatação, edema, secreção de muco e broncoespasmo. Contudo,
a lesão permanente do epitélio bronquial e a hipertrofia do músculo liso conduzem à
obstrução irreversível das vias aéreas.
Anti-histamínicos
Os anti-histamínicos H1 são antagonistas competitivos da histamina pelos seus receptores
H1. Constituem uma terapêutica paliativa de efeito predominantemente sistémico da Rinite
Alérgica:
→ Sedativos – Prometazina (Fenergan), Hidroxizina (Atarax):
∙ Possuem ação anti-muscarínica e atravessam a barreira hematoencefálica,
causando geralmente sonolência e diminuição da atividade psicomotora.
∙ Têm como efeitos colaterais: os efeitos sedativos; visão distorcida, confusão,
secura das mucosas (efeitos anti-colinérgicos).
→ Não sedativos – Cetirizina (Zyrtec), Azelastina (Allergodil), Desloratadina (Aerius):
∙ Não possuem atividade semelhante à atropina e não atravessam a barreira
hematoencefálica, pelo que não promovem tantos efeitos adversos.
∙ Interações medicamentosas: Depressores do SNC (analgésicos, ansiolíticos,
álcool) potenciam o efeito sedativo dos anti-histamínicos.
Na prática, podem ser utilizados tanto para o alívio dos sintomas agudos como no tratamento
prolongado. Ou seja, os anti-histamínicos tratam a rinite e qualquer outro sintoma do
processo alérgico, pois não promovem vasoconstrição, portanto combinam-se com os
descongestionantes.
Estes fármacos diminuem os espirros, o prurido nasal e a rinorreia. No entanto, não atuam na
congestão nasal.
Broncodilatadores
Agonistas Adrenérgicos β-2 Seletivos
O músculo liso das vias aéreas tem poucas fibras nervosas adrenérgicas, mas muitos
receptores β-2, cuja estimulação causa broncodilatação. A ativação dos adrenoreceptores β-2
relaxa o músculo liso pelo aumento intracelular de AMPc, que promove a inibição da
quinase de cadeia leve da miosina.
Geralmente, o Salmeterol (Serevent), Salbutamol (Ventilan), Terbutalina (Bricanyl
Tubohaler) são administrados por inalação; apesar de não serem específicos, não se
verificam efeitos β-1 nas doses usadas.
De acordo com a duração de ação, podemos dividir os agonistas β em dois grupos:
→ Agonistas β de ação curta – Terbutalina, Salbutamol;
→ Agonistas β de ação longa – Salmeterol (devem ser usados em doentes com asma
crónica.
Reações adversas: Na asma, os médicos preferem que
→ Tremor (principalmente nas mãos); os doentes façam corticóides
→ Agitação; nasais de forma continuada,
→ Nervosismo; devido aos picos, pois nunca se
→ Palpitações; sabe quando vão acontecer as
→ Cefaleias; crises.
→ Taquicardia;
→ Arritmias.
Contra-indicações e precauções:
→ Hipersensibilidade a qualquer componente;
→ Doença coronária, arritmias ou outras doenças cardiovasculares;
→ Hipertensão;
→ Hipertiroidismo;
→ Diabetes;
→ Gravidez e aleitamento.
Interações medicamentosas:
→ Corticosteróides;
→ Diuréticos;
→ Xantinas.
Úlcera Péptica
Refere-se a qualquer úlcera na área onde a mucosa é banhada pelo ácido clorídrico e pela
pepsina do suco gástrico (ou seja, o estômago e a parte proximal do duodeno).
Resulta de um desequilíbrio entre os conteúdos gástricos do estômago e as barreiras de
defesa normal que protegem a parede do estômago, promovendo o desenvolvimento de
úlceras no trato GI.
A secreção de HCl é estimulada pela acetilcolina libertada das fibras pós-ganglionares vagais
e pela gastrina libertada pelas células G da mucosa quando detetam aminoácidos e péptidos
no estômago (provenientes da comida). A gastrina e a acetilcolina estimulam indiretamente a
secreção ácida, principalmente pela libertação de histamina pelas células parácrinas. A
histamina atua nas células parietais onde a estimulação dos receptores H2 resulta num
aumento do AMPc intracelular e a secreção de ácido (estimula a bomba de protões).
Principais causas:
→ Super-secreção de ácido clorídrico por número excessivo de células parietais;
→ Lesões da barreira da mucosa - promovidos por inibidores das prostaglandinas (ex:
aspirina);
→ Infeções da parede da mucosa por Helicobacter pylori.
Fatores de risco:
→ Predisposição genética;
→ Stress;
→ Tabaco - ↑ a secreção ácida, altera o fluxo sanguíneo e retarda a síntese de
prontaglandinas (necessárias aos mecanismos de defesa);
→ Medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides – inibem as prostaglandinas que
protegem a mucosa e irritam diretamente a parede do estômago. Uma vez formada a
úlcera, os AINEs também promovem o retardo da sua cicatrização.
Fármacos que atuam no trato Gastrointestinal
Os fármacos eficazes no tratamento da úlcera péptica reduzem a secreção gástrica ácida ou
aumentam a resistência da mucosa ao ataque do ácido e da pepsina.
Cerca de 90% dos doentes com úlcera duodenal e cerca de 70% dos doentes com úlcera
gástrica têm infeção pela bactéria Helicobacter pylori. As taxas de recidiva de úlcera
reduzem-se muito significativamente quando se consegue erradicar esta bactéria.
As úlceras cicatrizam mais rapidamente quando se evita o contacto da mucosa com o ácido e
a pepsina.
A secreção ácida das células parietais é reduzida pelos antagonistas dos receptores H2 da
histamina ou pelos inibidores da bomba de protões (que transportam os iões para fora das
células parietais).
Quelato de Bismuto
É usado em esquemas combinados para tratar a H. pylori. Tem efeito tóxico sobre o bacilo e
pode impedir a sua aderência à mucosa ou inibir as enzimas proteolíticas bacterianas.
Efeitos adversos:
→ Náuseas;
→ Vómitos;
→ Escurecimento da língua e das fezes.
Prostaglandinas Gastrointestinais
As prostaglandinas E2 e I2 inibem a secreção ácida basal, bem como a estimulada pela
histamina ou refeições.
As prostaglandinas E2 é usada em pequenas doses para inibir a secreção ácida, tendo ação
preventiva nas lesões erosivas da aspirina e da indometacina e impede a exfoliação da
mucosa promovida pelo etanol.
→ Derivados da prostaglandina E2 – misoprostol, risoprostil;
→ Derivados da prostaglandina I2 – emprostil, trimoprostil.
O doente deve evitar ingerir picantes, café, temperos mais marcados, sal, pois há mais
segregação da mucosa gástrica (ácido), irritando diretamente a parede do estômago → úlceras.
Modificadores da motilidade gastrointestinal
As alterações do trânsito intestinal (obstipação ou diarreia) constituem motivação frequente
para procurar o médico e, mais ainda, para recorrer à automedicação. Na maior parte das
vezes, não estará indicada qualquer medicação, tratando-se de perturbações funcionais ou de
falsas valorizações do que é variante do normal.
Os medicamentos usados com o objetivo de acelerar ou retardar o trânsito intestinal afetam
primeiramente a secreção ou absorção de sais e água e só secundariamente a motilidade
intestinal.
Também poderão modificar a motilidade intestinal, de forma mais direta, os medicamentos
tipo atropínico ou relaxante do músculo liso vulgarmente designados por espasmolíticos
(são de utilidade duvidosa devido aos efeitos secundários).
A obstipação é caraterizada pelo desconforto abdominal, perda de apetite e mal-estar que
resultam de uma frequência insuficiente de defecação, que conduz ao aparecimento de fezes
duras e secas. A frequência e o volume de defecação são melhor regulados pela alimentação,
mas para determinadas situações pode ser necessário o uso de fármacos.
Obstipação iatrogénica: os opiáceos (antitússicos, analgésicos narcóticos), os anti-
depressores tricíclicos, neurolépticos e anti-parkinsónicos com efeitos anti-colinérgicos, os
anti-ácidos (hidróxido de alumínio, carbonato de cálcio), o sulfato ferroso, as resinas
sequestradoras de iões, o sulfato de bário.
Tratamento da obstipação:
→ Altera-se a dieta, aumentando-se as fibras;
→ Aumenta-se a ingestão hídrica;
→ Administram-se laxantes, mas apenas se outros fármacos não funcionarem.
No tratamento da diarreia, os opióides são fármacos de 1ª linha.
Laxantes
Atuam no intestino para promoverem a eliminação do bolo fecal (ou seja, atuam diretamente
no bolo fecal).
Os laxantes dividem-se em 5 grupos:
→ Laxantes estimulantes/de contacto – atuam diretamente no intestino, promovendo
irritação para aumentar o peristaltismo e a evacuação (ex: óleo de rícino, bisocodil e
sene).
→ Laxantes osmóticos – são compostos hipertónicos que atraem água para o lúmen
intestinal; essa água afeta a consistência das fezes e causa distensão do intestino
delgado, levando ao peristaltismo (ex: sais de magnésio, manitol, sorbitol, lactulose).
→ Laxantes lubrificantes (emolientes) – lubrificam a parede intestinal e suavizam as
fezes, permitindo a passagem do bolo fecal. Não aumentam a atividade peristáltica
(parafina líquida). São utilizados em doentes que não devem fazer esforço na
defecação.
→ Laxantes expansores de volume fecal – são polissacarídeos que formam uma massa
hidratada volumosa na luz intestinal, promovendo o peristaltismo e melhorando a
consistência das fezes (metilcelulose, carboximetilcelulose).
Indicações clínicas:
→ Tanto os laxantes estimulantes como os osmóticos são utilizados na obstipação aguda
e ambos promovem cólica;
→ Os laxantes lubrificantes e os formadores de volume devem ser utilizados em utentes
idosos, em crianças e em gestantes, promovem cólica, mas não tanta;
→ A obstipação nos recém-nascidos pode ser tratada com estrato de malte (expansor de
volume) ou xarope de aveia;
Atenção: não administrar laxantes a doentes com dor abdominal não diagnosticada ou
inflamação do trato GI e ter muito cuidado com os diabéticos.
Anti-diarreicos
A diarreia de origem infeciosa é uma causa comum que resulta numa mortalidade elevada
nos países em vias de desenvolvimento. A causa mais frequente continua a ser a diarreia do
viajante.
Existem 3 abordagens de tratamento da diarreia aguda:
→ Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico;
→ Uso de anti-infeciosos;
→ Uso de anti-diarreicos.
Os principais agentes farmacológicos que diminuem a motilidade são os opioides e os
antagonistas dos receptores muscarínicos.
Opioides
Os principais opioides usados para o alívio sintomático da diarreia são: codeína, difenoxilato
e loperamida.
A loperamida é um fármaco de 1ª linha para a diarreia vírica, pois tem uma ação
relativamente seletiva sobre o trato GI e sofre recirculação entero-hepática.
Fármacos de ação sistémica:
→ Loperamida;
→ Loperamida + Simeticone (Imodium Plus).
Efeitos colaterais:
→ Distensão abdominal, náuseas, obstipação;
→ Prolongamento da diarreia.
Anti-inflamatórios (AINEs)
Inflamação
Estímulos físicos, químicos ou biológicos promovem a libertação a partir dos leucócitos
ativados, de mediadores que incluem aminas biogénicas, derivados lipídicos, proteinases e
citoquinas.
Alguns compostos resultantes da cascata do ácido araquidónico desempenham um papel
essencial nos processos relacionados com a dor, febre e inflamação. Os mediadores da
inflamação são as prostaglandinas, os leucotrienos e o tromboxano A2 e PAF (fator ativador
de plaquetas).
O processo inflamatório é essencial no conjunto dos mecanismos de defesa de que o
organismo dispõe, tanto para neutralizar agentes patogénicos como para reparar lesões
tecidulares. Apresenta como sintomatologia:
→ Dor;
→ Hiperalgesia;
→ Eritema;
→ Edema;
→ Limitação funcional.
Um estado inflamatório exagerado ou prolongado resultará numa patologia dolorosa
persistente, degeneração articular e outras doenças crónicas.
O estado inflamatório pode ser considerado um processo fisiológico complexo e dinâmico,
envolvendo alterações celulares, vasculares e imunológicas.
A inflamação (de qualquer órgão/vaso/local) tem 4
fases:
→ Fase 1 – vasodilatação (é importante para
chamar células – leucócitos – para combater a
inflamação);
→ Fase 2 – há um aumento da permeabilidade dos
capilares;
→ Fase 3 – quimiotaxia;
→ Fase 4 – resposta sistémica.
Cicloxigenase Tipo 1 → constitutiva. Está presente na maioria das células na condição de
enzima produtora de prostanóides protetores que atuam como reguladores homeostáticos (ex:
na modulação de respostas vasculares, gástricas e renais).
Cicloxigenase Tipo 2 → indutível. Normalmente, não está presente nos tecidos, sendo
fortemente induzida por estímulos inflamatórios. Conclui-se, então, que as ações anti-
inflamatórias dos AINEs são devidas à inibição da COX-2, enquanto que os efeitos
indesejáveis, tais como: irritação gástrica e efeitos renais tóxicos, são devidos à inibição da
enzima constitutiva COX-1.
Tem havido grande interesse científico na área da farmacologia por estas duas enzimas,
dada a possibilidade de inibir seletivamente a cicloxigenase tipo 2, poupando a de tipo 1.
Atenção: Qualquer doente que faça corticóides tem risco de infeção e, consequentemente, são
imunodepressivos. Têm que ser alertados!
Fármacos Glicocorticóides
Têm muitos efeitos adversos e são muito graves. Assim, os doentes têm que ser
frequentemente monitorizados.
A Hidrocortisona é usada:
→ Oralmente – na terapia de substituição (em conjugação com um mineralocorticóide
sintético – fludrocortisona – em doentes com insuficiência supra-renal;
→ Endovenosamente – no estado de choque e de mal-asmático;
→ Topicamente – pomadas em eczemas e enemas em colite ulcerosa.
A Prednisolona é o fármaco mais largamente usado por administração oral nas doenças
inflamatórias e alérgicas (ex: artrite reumatóide, colite ulcerosa, asma brônquica).
A Betametasona e a Dexametazona são muito potentes e não têm ação de retenção de sal.
Isto torna-as especialmente úteis em terapias de alta dosagem.
O Dipropionato de beclometasona e o Budesonido atravessam mal as membranas e são
mais ativos topicamente do que quando administrados oralmente. São usados na asma (sob a
forma de aerossol) e topicamente em eczemas graves.
Efeitos metabólicos:
→ Doses elevadas causam uma face redonda e a gordura é redistribuída das extremidades
para o tronco e face;
→ Tendência ao aparecimento de equimoses;
→ Os distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono conduzem à hiperglicémia e
ocasionalmente à diabetes;
→ A perda de proteína dos músculos esqueléticos causa emagrecimento e fraqueza;
→ O aumento do catabolismo ósseo pode causar osteoporose.
Pode haver retenção de líquidos, hipocalémia e hipertensão com compostos que têm uma
atividade mineralocorticóide significativa. A hidrocortisona (e a cortisona) é geralmente
usada em terapia de substituição na insuficiência supra-renal.
Pode haver supressão da supra-renal devido à terapia com esteróide, que suprime a secreção
de corticotrofina, o que pode levar à atrofia da supra-renal.
Podem desencadear-se infeções, devido ao aumento da susceptibilidade de infeções que
podem progredir sem serem reconhecidas, uma vez que os indicadores naturais da infeção
estão inibidos.
Atenção: Nos corticóides tem que se fazer sempre o desmame - ↓ dose, em dias alternados (ex:
1º dia toma 40mg, no 2º dia não toma, no 3º dia toma 40mg, no 4º dia não toma, no 5º dia toma
30mg e assim sucessivamente) e, por fim, substitui-se pela aldosterona sintética.
O doente, ao fim de uma semana de uso de opióides, fica dependente. Para além de
dependente, fica tolerante, pelo que as doses precisam de ser aumentadas. Os opióides têm
que ser usados com outros fármacos (ex: antagonistas) para facilitar o desmame, que é
muito complicado.
Analgésicos de Ação Central
Analgésicos Opiáceos Fortes
São usados particularmente no tratamento da dor, sem localização definida. A dor somática é
bem definida, pelo que pode ser aliviada por analgésicos opiáceos fracos ou por AINEs.
A morfina parenteral é largamente usada no tratamento da dor severa e a morfina oral é o
fármaco de eleição de doentes terminais.
A morfina e outros analgésicos opiáceos produzem um leque de efeitos centrais que incluem
analgesia, euforia, sedação, depressão respiratória, depressão do centro vasomotor, miose,
náuseas e vómitos, obstipação (tempo de semi-vida 3-4h).
→ Perde-se muito quando administrada por via oral, daí ser administrada por via IV.
→ É muito lipossolúvel, mas não é a mais lipossolúvel.
→ Não se cria dependência se o doente não tiver tomado morfina antes.
A diamorfina (heroína, diacetilmorfina) é mais lipossolúvel do que a morfina e, portanto,
tem um início de ação mais rápido quando administrada IV.
A fenazocina é um fármaco muito potente usado na dor severa.
A fentanila pode ser administrada transdérmicamente em doentes com dor crónica
estabilizada. Utilizado para anestesia geral (tempo de semi-vida 1-2h).
A metadona tem uma longa duração de ação e é menos sedativa do que a morfina. É
utilizada para dor crónica e para manutenção de dependentes (tempo de semi-vida 24h).
A buprenorfina é um agonista parcial dos receptores μ. Tem um início de ação lento, mas é
um analgésico eficaz após administração sublingual. A depressão respiratória é rara, mas se
ocorrer é difícil de reverter com a naloxona (que é um antagonista).
→ Tem uma duração de ação superior à morfina (tempo de semi-vida 12h), mas pode
causar vómito prolongado.
→ A administração oral apresenta efeito de 1ª passagem.
Trimetoprim
Atua na mesma via metabólica que as sulfanamidas, mas é um inibidor da reductase do
diidrofolato. Usado isoladamente para pneumonias (já avançadas).
Indicações terapêuticas:
→ Infeções urinárias;
→ Infeções devidas a Salmonella spp.;
→ Prostatites;
→ Infeções devidas a Pneumocytis carinii;
→ O cotrimoxazol é usado com frequência para tratamento de infeções do trato urinário e
otite média em crianças.
Atenção: Os doentes devem ser encorajados a beber muita água para evitar a desidratação.
Penicilinas
Foram os primeiros “verdadeiros antibióticos” a ser introduzidos na prática clínica e
continuam a desempenhar um papel importante no tratamento das infeções bacterianas.
Pertencentes ao grande grupo dos β-lactâmicos, as penicilinas são antibióticos bactericidas
que atuam por inibição da síntese da parede bacteriana e ativação do seu sistema autolítico
endógeno.
Apresentam uma boa difusão em todos os tecidos do organismo com excepção da próstata,
olho e SNC (meninges não inflamadas). São excretadas por via renal, sendo recomendada
uma redução da sua posologia em doentes com insuficiência renal moderada a grave (em
geral para Clearance Creatinina ˂ 50ml/min).
Efeitos adversos:
→ Têm uma toxicidade muito baixa, mas concentrações elevadas podem produzir
encefalopatias que podem ser fatais;
→ Muitas vezes são causadoras de alergias, podendo o doente sofrer choque anafilático;
→ A hipersensibilidade é o efeito secundário mais importante, o qual pode causar eritema
cutâneo e, raramente, reações anafiláticas que são fatais em cerca de 10% dos casos.
Existem diversos tipos de penicilinas:
→ Penicilinas Naturais (Benzilpenicilina ou Proteína G) – ainda são utilizadas, no
entanto têm um espetro estreito (principalmente em relação a Gram +). É largamente
destruída pelo suco gástrico tem que ser administrada por IM e IV para doses mais
elevadas. Não é resistente às β-lactamases.
Indicações: infeções devidas a Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes,
sífilis e profilaxia da febre reumática (a fenoximetilpenicilina).
→ Penicilinas de largo espetro (Ampicilina, Amoxicilina) – são ativas contra bactérias
Gram+ não produtoras de β-lactamases e ativas também em bactérias Gram- (E. coli,
Haemophilis influenzae e Salmonella). Estas enfraquecem a parede das bactérias (elas
não sobrevivem sem parede), mas não são tóxicas para nós, pois as nossas células não
possuem parede. A amoxicilina é o fármaco de eleição para administração oral e
trabalha tecidos moles, infeções urinárias, otites, entre outras.
Indicações: tratamento de infeções respiratórias, exacerbações da bronquite
crónica e otites, habitualmente devidas a Streptoococcus ou Haemophilus e,
ainda, infeções urinárias e gonorreia.
Muitas β-lactamases são inibidas pelo ácido clavulânico, por isso, em mistura
(ácido clavulânico + amoxicilina) aumenta a eficiência contra organismos
produtores de penicilases. Esta combinação está indicada para infeções do trato
respiratório e urinário, que estão confirmados como resistentes à amoxicilina.
→ Penicilinas resistentes às penicilinases (Flucloxacilina) – a sua única indicação
terapêutica é o tratamento das infeções devidas a estirpes de Staphylococcus
produtores de penicilases resistentes à penicilina (incluem a maioria das infeções
estafilocócicas adquiridas em hospitais). É bem absorvida oralmente, mas em infeções
graves deverá ser administrada por injeção e em combinação com outros agentes.
→ Penicilinas Anti-Pseudomonas (Piperacilina, Ticarcilina) – são ineficazes contra
Staphylococcus aureus.
Indicações: infeções graves devidas a Gram- multi-resistentes, incluindo a
Pseudomonas aeruginosa e algumas espécies de Proteus resistentes à
ampicilina.
As tetraciclinas administradas durante o desenvolvimento dentário (última metade da gravidez até aos 8 anos de
idade) podem causar hipoplasia do esmalte e a coloração amarela ou cinza permanente. São secretadas no leite
materno, portanto aconselha-se a alimentação com leite artificial.
Efeitos colaterais:
→ Diarreia, náuseas, vómitos, desconforto, anorexia;
→ Fotossensibilidade – devem ser evitada a exposição à luz solar direta, mesmo com a
utilização de protetores solares).
Interações medicamentosas:
→ Leite e derivados, ferro, antiácidos, antagonistas H2 – podem prejudicar a absorção;
→ Metoxiflurano (anestésico inalante) – causa nefrotoxicidade fatal quando são
administrados conjuntamente (aquando de uma cirurgia).
Cloranfenicol
Liga-se à subunidade ribossomal 50S e inibe a ligação do tRNA e da peptidil transferase,
inibindo a elongação.
Utilizado no tratamento ocular.