Latine Disco - Instr - I A XXXV
Latine Disco - Instr - I A XXXV
Latine Disco - Instr - I A XXXV
CAPITVLVM PRIMVM
IMPERIVM ROMANVM
No primeiro capítulo, voltamos uns 2000 anos no passado até a época em O Império romano
que o Império Romano estava no apogeu de seu poder e estendia-se do
Oceano Atlântico ao Mar Cáspio e da Escócia ao Saara. Esses dados
geográficos são o pano de fundo das cenas da vida na Roma Antiga que
vamos acompanhar ao longo do nosso estudo.
Nas frases que vimos, est e sunt estão no final, mas nem sempre é assim:
ordem de palavras livre
Rōma est in Italiā está perfeitamente correto, visto que a ordem das palavras
em Latim é menos rígida que em Português. Apesar dessa grande
diferença entre as duas línguas, conseguimos compreender o que lemos
com certa facilidade, por conta de algumas associações que fazemos com
o Português. Assim, basta sabermos onde está localizado o país
a negação nōn Aegyptus para compreendermos a expressão Aegyptus in Eurōpā nōn
est, Aegyptus in Āfricā est. Com essa frase, não pode restar dúvidas
quanto ao sentido de nōn (partícula de negação).
Porém, muitas vezes, uma frase só pode ser entendida quando atentamos
quoque para a sua relação com as outras. Em Hispānia quoque in Eurōpā est, só
entendemos o quoque ao ler o contexto: Italia et Graecia in Eurōpā sunt.
Hispānia quoque in Eurōpā est. (As duas frases precedentes, por
exemplo, poderiam ter sido Italia in Eurōpā est. Graecia quoque in
Eurōpā est). Caso persista alguma dúvida, é necessário continuar lendo
até que o termo volte a aparecer: Syria nōn est in Eurōpā, sed in Asiā.
sed Arabia quoque in Asiā est. Agora entendemos seguramente o quoque
(“também”) e, ao mesmo tempo, aprendemos a conjunção sed (“mas”)
quase sem notarmos.
Não só magnus, -a, -um e parvus, -a, -um, mas também outras
palavras são adjetivos, como, por exemplo, Graecus, -a, um;
Rōmānus, -a, -um; Latinus, -a, um; prīmus, -a, -um e, no plural,
multī, -ae, -a e paucī, -ae, -a. As terminações dos adjetivos
dependem das terminações dos substantivos que eles qualificam.
pergunta: num...?
A pergunta Num Crēta oppidum est? (l. 49) chama, desde logo, a
resposta: ... nōn ...
resposta negativa Crēta oppidum nōn est. Num é uma partícula
interrogativa, assim como -ne; a diferença é que uma pergunta
introduzida por Num implica resposta negativa.
A pergunta seguinte é Quid est Crēta? Aqui também a resposta
quid?
Crēta īnsula est torna acessível o sentido da pergunta.
FAMILIA ROMANA
Neste capítulo, são apresentadas as pessoas cuja vida cotidiana será A família romana
acompanhada ao longo do nosso estudo. A ilustração nos mostra os
membros da família vestidos com suas mais belas roupas, à exceção das
pessoas mais afastadas, que estão à margem do texto. Está claro que elas
não têm o mesmo status que o resto da família. Precisamos memorizar os
seus nomes, já que logo estaremos tão familiarizados com as suas vidas
que seremos como amigos visitando uma verdadeira família romana de
2000 anos atrás! E o mais extraordinário: nós falaremos o mesmo idioma
que ela!
Os nomes dessas pessoas terminam ora por -us, ora por -a, mas nunca por
Nomes masc: -us
-um. É que a terminação -us caracteriza as pessoas de sexo masculino Nomes fem.: -a
(Iūlius, Mārcus, Quīntus, Dāvus, Mēdus), e a terminação -a, as pessoas de
sexo feminino (Aemilia, Iūlia, Syra, Dēlia). Isso se aplica também aos
substantivos comuns que designam pessoas: as palavras que se referem aos
homens terminam geralmente por -us: fīlius, dominus, servus (porém -us é
omitido em alguns nomes terminados em -r, por exemplo, vir, puer),
enquanto os substantivos comuns que se referem a mulheres terminam por
-a (femina, puella, fīlia, domina, ancilla). Assim, entendemos por que uma
pessoa nunca é designada pela terminação -um: os substantivos assim
terminados são neutros (lat. neutrum, “nem um nem outro”, ou seja, nem
masculino nem feminino). É importante notarmos que, apesar de a maioria
3 gêneros:
das palavras terminadas em -us ser masculina (lat. masculinum) e as masculino (m.): -us
terminadas em -a, feminina (lat. fēminīnum de fēmina), os gêneros feminino (f.): -a
masculino e feminino não são exclusivos de palavras que se referem a neutro (n.): -um
PVER IMPROBVS
Agora que já conhecemos a família, vamos nos inteirar sobre algumas de A família de Iulius
suas atividades. Começando com as crianças, percebemos que a relação
entre elas não se difere muito da atual: não nos surpreenderá o fato de os
filhos de Iulius e Aemilia não conseguirem ficar muito tempo juntos. A
pequena Iulia é a primeira a sofrer por ter incomodado o seu irmão mais
velho – Marcus –, e a paz só poderá ser restabelecida coma chegada do
seu pai e da sua mãe.
Várias das novas palavras deste capítulo são verbos. Um verbo (lat. verbos:
verbum) é uma palavra que expressa ação ou estado: que alguém faça -at: cantat, pulsat, plörat,
algo ou que algo exista ou seja produzido. O primeiro verbo latino que vocat, interrogat, verberat
-et: rīdet, videt, respondet
aparece, no terceiro capítulo, é cantat, na frase de introdução: Iūlia
-it: venit, audit, dormit
cantat. Os outros verbos são pulsat, plōrat, rīdet, videt, vocat, venit,
interrogat, respondet, dormit, audit, verberat. Todos terminam por -t
(inclusive est, que, como vimos, também é um verbo) e, na maioria das
vezes, estão dispostos no final da frase.
Cūr Iūlia plōrat? Iūlia plōrat quia Mārcus eam pulsat. (l. 26-27)
DOMINVS ET SERVI
Deixemos por um instante as crianças para nos voltarmos para os Iulius e os servos
adultos: Iulius parece preocupado. Ele constata que falta alguma quantia
de dinheiro. Quem será o ladrão? A pergunta não será respondida até o
final do capítulo e, como é de se esperar, até lá o culpado já terá fugido!
Mais tarde (cap. VI e VIII), descobriremos onde ele se esconde e o que
faz com o dinheiro roubado. Mas, no momento, devemos nos empenhar
em descobrir a sua identidade.
Em Latim, quando alguém se dirige a uma pessoa, o nominativo em -us nominativo -us
é substituído por uma forma especial, o vocativo (lat. vocātīvus, de vocativo -e
vocat, “chama”), que termina em -e. Medus chama Davus gritando:
Dāve! (l. 25); quando Davus saúda seu amo, diz-lhe: Salvē, Domine!, ao
que Iulius responde: Salvē, serve! (l. 34-35).
Depois de in, não somente -um, mas também -us transforma-se em -o:
VILLA ET HORTVS
O primeiro elemento novo de gramática que aprendemos neste capítulo acusativo singular e plural
é o acusativo plural. Correspondendo aos acusativos singulares -um e m. f. n.
-am, que foram apresentados no capítulo III, encontramos agora as sing. -um -am -um
plur. -ōs -ās -a
formas plurais, que terminam, respectivamente, em -ōs e -ās. Assim, o
plural fīliī transforma-se em fīliōs quando é empregado como objeto de
um verbo: Iūlius duōs fīliōs habet. Do mesmo modo, filiae transforma-
se em filiās (l. 3-4). O acusativo dos substantivos masculinos e
femininos termina sempre em -m no singular e em -s no plural. Os
substantivos neutros possuem, no acusativo, a mesma terminação do
nominativo (sing. -um; plur. -a), por exemplo: Iūlius multa līlia in hortō
suō habet (l. 14)
Em seguida, vemos que as partículas ab, cum, in, sine fazem as palavras
que as seguem tomarem as terminações -ō (m./n.) ou -ā (f.) no singular e preposições
-īs (para todos os gêneros) no plural: ex hortō, ab Aemiliā, in atriō, cum ab, cum, ex, in, sine
+ -ō/-ā/-īs
liberīs, sine rosīs. Essas palavras antepostas são chamadas de
preposições (lat. Praepositiōnēs, “postas diante”). Já havíamos visto ablativo
exemplos de preposições como in: in Italiā, in imperiō Rōmānō, in m./n. f.
sacculō. As formas em -ō, -ā, -īs são chamadas de ablativo (lat. sing. -ō -ā
ablātīvus). Assim, dizemos que as preposições ab, cum, ex, in, sine plur. -īs
regem o ablativo.
Mesmo nos temas em -ī (4ª conjugação), este -u- é inserido antes de -nt:
Puerī veniunt.
A reclamação de Iulia: puerī mē rīdent (l. 70) mostra que rīdet, que
rīdēre + ac. costuma ser um verbo intransitivo, pode receber um objeto, no sentido
de "rir-se de": Puerī Iūliam rident.
VIA LATINA
PVELLA ET ROSA
Quando o pai volta da cidade, ele normalmente traz algo para a sua Iulia e a rosa
família. Sendo assim, neste capítulo, descobrimos o que há nos sacos
que Syrus e Leander estavam carregando no capítulo anterior.
Quando é dito que Iulius presenteia alguém da família com algo, o nome
desta pessoa termina em -ō (Mārcō, Quīntō, Syrō, Lēandrō) ou em -ae
(Aemiliae, Iūliae, Syrae, Dēliae). Essa forma, terminada em -ō no
masculino (e no neutro) e em -ae no feminino, é chamada de dativo (lat. dativo
m./n. f.
datīvus, de dat, “dá”). Exemplos: Iūlius Mārcō/filiō suō mālum dat (l.
sing. -ö -ae
46-47); Iūlius Aemiliae ōsculum dat (l. 63). Em vez de Iūlius Syrō et plur. -ïs
Lēandrō māla dat, encontramos Iūlius servīs mala dat, e a frase Iūlius
ancillīs māla dat faz referência à Syra e à Delia. No plural, o dativo
termina em -īs, como o ablativo, em todos os gêneros.
et ... et Notemos a repetição das conjunções et e neque (l. 50, 57): et Mārcus
neque ... neque et Quīntus māla habent; Servī neque māla neque pira habent (em
nön sölum... sed etiam
Português, “ambos... e”, “tanto... quanto/como”; “nem... nem”). No
lugar de et... et, é comum encontrar nōn sōlum... sed etiam: nōn
sōlum māla, sed etiam pira (l. 56).
Quando Iulius refere-se a objetos que estão perto dele, diz, por
hic haec hoc exemplo, hic saccus e hoc mālum, e Iulia diz haec rosa ao falar da
flor que segura na mão (l. 43, 90, 85). O pronome demonstrativo hic
haec hoc (em Português, “este”, “esta”, “isto”) será estudado no
plënus + gen.
capítulo VIII; de momento, notemos o genitivo depois de plēnus
(“cheio de...”): Hic saccus plēnus mālōrum est (l. 43). Em Latim,
adjetivos de abundância ou de carência vinham acompanhados de
genitivo ou de ablativo.
verbos compostos:
Os verbos compostos frequentemente possuem uma preposição como
ad-, ab-, ex-, in- primeiro elemento, como em ad-est e ab-est. Neste capítulo,
encontramos in-est, ad-venit, ad-it, ex-it; no próximo capítulo,
veremos ab-it. Muitas vezes, a mesma preposição é colocada na
mesma frase antes de um substantivo: Quid inest in saccīs? Iūlius ad ex + vogal e h-
ë/ex + cons. (exc. h-)
vīllam advenit. Iūlia ē cubículo exit.
TABERNA ROMANA
Como ille illa illud, a maioria dos pronomes termina em -ius no genitivo e
ille -a -ud
gen. ïus em -ī no dativo nos três gêneros (contudo, o i de eius, cuius, huius, cui,
dat. -ï huic é breve ou consonantal). A desinência de neutro -ud também é
encontrada em alius alia aliud (l. 33).
tantus = tam magnus No lugar de tam magnus e quam magnus, são empregados os adjetivos
quantus = quam magnus,
quam tantus e quantus (l. 64, 72), e tantus quantus pode substituir tam magnus
quam: Pretium illīus ānulī tantum est quantum huius (l. 75). Quam é
usado em frases exclamativas: “Ō, quam pulchra sunt illa ōrnāmenta!” (l.
42).
PASTOR ET OVES
sing. ëst Na oração Ovēs herbam edunt (l. 9), o verbo tem um tema consonantal, o
plur. edunt
que pode ser confirmado pela terminação plural -unt; contudo, sua forma
no singular é irregular: Pāstor pānem ēst (somente no Latim tardio a
dücit:
imp. düc! düc/ite!
forma “regular” edit apareceu). Notemos também o imperativo dūc! (l.
65, sem -e) do verbo dūc/it dūc/unt.
Há duas novas preposições: suprā (l. 25), que é usada com acusativo, e
suprä + ac.
sub (l. 30), que é utilizada com ablativo (quando há a idéia de movimento,
sub + abl. (ac.)
sub é usada com acusativo).
BESTIAE ET HOMINES
Em Cum avis volat, ālae moventur (l. 15), cum é uma conjunção temporal
conjunções:
(“quando”). Já quod é uma conjunção causal (= quia) na frase Hominēs temporal: cum
causal: quod
ambulāre possunt, quod pedēs habent (l. 24).
O verbo potest, que aparece na frase Canis volāre nōn potest (l. 21),
sing. pot-est
expressa capacidade (“é capaz de”, “pode”, “consegue”). É um verbo
plur. pos-sunt
composto: pot-est; o primeiro elemento pot- (que significa “capaz”)
modifica-se por assimilação para pos- quando diante de s: Hominēs
ambulāre pos-sunt (l. 23).
A frase Hominēs deōs vidēre nōn possunt passa para Deī ab hominibus
infinitivo
ativo passivo vidērī nōn possunt na passiva. Vidērī é a forma passiva do infinitivo,
1. vocā/re vocā/rī
correspondente à forma ativa vidēre. Os verbos da 1ª, 2ª e 4ª declinações
2. vidē/re vidē/rī
3. pōn/ere pōn/ī possuem a forma -rī no infinitivo passivo, por exemplo, vidē/rī, audī/rī,
4. audī/re audī/rī
numerā/rī (l. 39, 45), enquanto os verbos de 3ª declinação apresentam
apenas a terminação -ī, por exemplo, em/ī: Sine pecūniā cibus emī nōn
potest (l. 62).
sing. vult
volunt (verbo que expressa vontade: Iūlia cum puerīs lūdere vult, neque iī
plur. volunt cum puellā lūdere volunt, l. 75-76), e de audet audent (verbo que expressa
ousadia: avēs canere nōn audent, l. 88). O infinitivo também surge como
sujeito da expressão impessoal necesse est; nesse caso, a pessoa para quem
impessoal:
necesse est (+ dat.) é necessário fazer algo está no dativo (dativo de interesse): spīrāre necesse
est hominī (l. 58).
CORPVS HVMANVM
A arte da cura era muito mais primitiva no mundo antigo do que hoje em
dia, mas nem todos os médicos da antiguidade eram tão incompetentes
quanto o que está tratando de Quintus.
Entre os nomes das partes do corpo, aparecem vários substantivos neutros 3ª decl. neutro
de 3ª declinação, por exemplo ōs, crūs, corpus, pectus, cor, iecur. Como sing. plur.
nom. - -a
todos os neutros, esses substantivos possuem a mesma forma no ac. - -a
nominativo e no acusativo, com a terminação -a no plural. Nos outros gen. -is -um
dat. -ī -ibus
casos, eles apresentam as já conhecidas terminações da 3ª declinação. abl. -e -ibus
Notemos que o -s final é transformado em r quando as terminações são
acrescidas: ōs ōr/is, crūs crūr/is, corpus corpor/is, pectus pector/is (nos
dois últimos casos, assim como em iecur iecor/is, a vogal anterior a -s
plural (nom./ac., gen.):
transforma-se de u em o). Os substantivos caput capit/is e cor cord/is são terminações em cons.: -a,
-um
irregulares; e viscer/a -um é somente usado no plural. Todos esses são terminações em ī: -ia, -ium
substantivos cujos temas terminam em consoante, como flūmen -in/is; e,
no plural, apresentam as terminações -a (nom. e ac.) e -um (gen.).
Exemplos de substantivos com temas em -i são mar/e mar/is e animal abl. sing.:
temas em cons.: -e
-āl/is, que apresentam as terminações -ia no nominativo e acusativo temas em -i: -ī
plurais, -ium no genitivo plural e -ī no ablativo singular. Os modelos de
declinação ou paradigmas estão na página 83.
Em frases como Iūlius puerum videt e Iūlius puerum audit, nós vimos que
o infinitivo pode ser acrescentado ao acusativo puerum para descrever o
que o menino está fazendo ou o que está acontecendo com ele: Iūlius acusativo + infinitivo
(ac. + inf.) com os verbos
puerum vocāre audit e Iūlius puerum perterritum esse videt. A 1. vidēre, audīre, sentīre
combinação de acusativo com infinitivo (lat. accūsātīvus cum īnfīnītīvō), 2. iubēre
3. dīcere
em que o acusativo é o sujeito do infinitivo (“acusativo sujeito”), é usada 4. putāre
5. gaudēre
não somente com verbos de percepção, como vidēre, audīre e sentīre,
6. necesse est
mas também com muitos outros, por exemplo, iubēre (dominus servum
venīre iubet). Com os verbos dīcere e putāre (e outros verbos de
declaração e de pensamento), a construção é utilizada para relatar as
palavras ou pensamentos de uma pessoa de maneira indireta. Assim, as
palavras do médico, “Puer dormit”, são repetidas por Aemilia do seguinte
M.: “Puer dormit” modo: Medicus ‘puerum dormīre’ dīcit (l. 63-64, as aspas simples ‘...’
M. ‘puerum dormīre’ dīcit
“...” = discurso direto marcam o discurso indireto). Também o terrível pensamento de Syra ao
‘...’ = discurso indireto ver Quintus inconsciente é construído dessa maneira: Syra eum mortuum
esse putat (l. 108). O acusativo com infinitivo é também empregado com o
verbo gaudēre (e outros verbos que expressam sentimento): Syra Quīntum
vīvere gaudet (l. 118, = Syra gaudet quod Quīntus vīvit); e com necesse
est (e outras expressões impessoais): Necesse est puerum aegrum dormīre
(l. 128). Notemos que, em Português, o discurso indireto é normalmente
expresso por uma oração introduzida por “que”: “diz/pensa/acredita
que...”.
Os ablativos pede e capite em Nec modo pede, sed etiam capite aeger est
ablativo de limitação (l. 55) especificam a aplicação do termo aeger (ver l. 131-132). A esse
ou relação: pede aeger
emprego do ablativo dá-se o nome de ablativo de limitação, designando
“com relação a que”, “sob qual ponto de vista”.
MILES ROMANVS
Assim como līberī -ōrum, viscera -um e arma -ōrum, o substantivo castra
-ōrum é chamado plūrāle tantum (“somente plural”, cf. Português
“vísceras”, “férias” etc.).
Na frase Mārcō ūna soror est (l. 6), Mārcō está no dativo. A mesma idéia dativo possessivo
+ esse
poderia ser expressa a partir de outra construção: Mārcus ūnam sorōrem
habet. Notemos, porém, que, na primeira frase, ūna soror está no
nominativo, e o dativo Mārcō enuncia “de quem” ou “para quem” há uma
irmã. Esse é o dativo de posse, usado com esse para expressar a quem
pertence algo; cf. Quod nōmen est patrī? Eī nōmen est Lūcius Iūlius
Balbus (l. 9-10).
Iūlius é o nome de uma família: os membros masculinos dessa família os nomes dos romanos:
são chamados Iūlius e os membros femininos, Iūlia. Além do nome de praenōmen
nōmen
família terminado em -ius, os homens romanos têm um prenome, cognōmen
praenōmen (ver a lista na margem da p. 86), e um sobrenome, cognōmen,
comum a um ramo da família. O cognōmen frequentemente caracteriza o
fundador da família, por exemplo, Longus, Pulcher, Crassus; Paulus
significa “pequeno”, e Balbus significa “gago”.
comparativo Uma comparação como Via Latina nōn tam longa est quam via Appia
sing. m./f. n.
nom. -ior -ius pode também ser expressa assim: Via Appia longior est quam via Latīna.
ac. -iōrem -ius Longior é um comparativo (comparātīvus, de comparāre, “comparar”). O
gen. -iōris
dat. -iōrī comparativo de superioridade termina em -ior no masculino e no feminino
abl. -iōre e em -ius no neutro (gladius/hasta longior, pīlum longius), e segue a 3ª
plur. declinação: gen. -iōr/is (m., f. e n.), plur. nom/ac. -iōr/ēs (m. e f.) e -iōr/a
nom./ac. -iōrēs -iōra
gen. -iōrum
dat./abl. -iōribus
(n.); abl. sing. -iōr/e (não -ī). Exemplos: l. 53, 58-59, 127, 130, 134-135;
na seção GRAMMATICA LATINA: l. 200-225.
As usuais medidas romanas de comprimento eram pēs (29,6 cm) e passus 5 pedēs = 1 passus
(= 5 pedēs = 1,48 m); mīlle passūs (4ª declinação) é a “milha romana”, o
equivalente a 1,48 km. O plural de mīlle é mīlia -ium (neutro), por
exemplo, duo mīlia (2000), que é seguido pelo genitivo partitivo: duo
mīlia passuum; sex mīlia mīlitum. Longas distâncias eram dadas em mīlia mīlia + gen. plur.
ANNVS ET MENSES
Ainda hoje utilizamos o calendário romano tal como o da reforma realizada o calendário romano
por Júlio César em 46 a.C., com 12 meses e 365 (ou 366) dias. Antes dessa
reforma, apenas quatro meses – março, maio, julho e outubro – eram
compostos por 31 dias, em contraposição a fevereiro, com 28 dias, e aos
demais, com 29 dias cada. Por isso, foi criado um 13° mês, intercalado entre
o fim de um ano e o início de outro, para adequar o calendário às estações.
Contudo, como esse mês apenas era incluído no calendário anual quando era
de interesse do governante da cidade, em 46 a.C. havia uma defasagem de
80 dias entre o calendário solar e o início das estações! Assim, com a
reforma, o novo calendário passou a incluir, a cada quatro anos, um dia a
mais no mês de fevereiro, dando origem ao ano bissexto.
3ª decl.: temas em 3ª declinação: temas em consoante e em -i; por exemplo, sōl, ovis, genitivo
consoante e temas em -i,
gen. -is singular -is.
4ª decl.: temas em -u, gen. 4ª declinação: temas em -u; por exemplo, lacus, genitivo singular -ūs.
-ūs
5ª declinação: temas em -ē; por exemplo, diēs, rēs, genitivo singular -ēī/-eī.
5ª decl.: temas em -ē, gen.
-ēī (-eī)
O substantivo neutro māne é indeclinável (l. 36, 37; cf. cap. XIV, l. 55).
Três dias de cada mês são denominados de forma especial: o dia 1º chama- calendário romano
se kalendae; dia 13, īdūs, e dia 5, nōnae (o 9º dia antes de īdūs). No kalendae
todos os meses 1º
entanto, em março, maio, julho e outubro (os quatro meses que
originalmente tinham 31 dias), īdūs era o dia 15, e nōnae, nōnae
mar./mai./jul./out. 5º
consequentemente, o dia 7. A esses nomes, que são femininos plurais os demais meses 7º
(īdūs, -uum, 4ª declinação), são adicionados os nomes dos meses como īdūs
adjetivos. Assim sendo, 1º de janeiro é kalendae Iānuāriae, 5 de janeiro é mar./mai./jul./out. 13º
os demais meses 15º
nōnae Iānuāriae, e 13 de janeiro é īdūs Iānuāriae. Datas são empregadas no
ablātīvus temporis, por exemplo, kalendīs Iānuāriīs (“[no dia] 1º de
ablātīvus temporis
janeiro”, īdibus Mārtiīs, “[em] 15 de março”).
ind. vult volunt O infinitivo de vult volunt é a forma irregular velle, que aparece na
inf. velle
construção de acusativo com infinitivo em Aemilia puerum dormīre velle
putat (l. 140). A conjunção vel era originalmente o imperativo de velle; ela
implica uma livre escolha entre duas expressões ou possibilidades (isto é,
quando toda escolha possui o mesmo valor): XII mēnsēs vel CCCLXV
as conjunções alternativas diēs; centum annī vel saeculum; hōra sexta vel merīdiēs (l. 7, 9, 43). Aut,
vel e aut
por sua vez, é uma conjunção empregada entre duas alternativas
mutuamente exclusivas: XXVIII aut XXIX diēs (l. 28).
CAPITVLVM QUARTVM DECIMVM
NOVVS DIES
(1) neuter -tra -trum (“nenhum dos dois”), por exemplo: neuter puer, nec
resposta:
Mārcus nec Quīntus. neuter -tra -trum:
nec A nec B
(2) alter -era -erum (“um ou outro”, “este ou aquele”), por exemplo: alter -era -erum:
aut A aut B
alter puer, aut Mārcus aut Quīntus. uter- utra- utrum-que:
et A et B
(3) uter- utra- utrum-que (“cada um dos dois”), por exemplo: uterque
puer, et Mārcus et Quīntus.
omnis <-> nūllus O contrário de nūllus é omnis -e (“todo”), que aparece mais
omnēs <-> nēmō
omnia <-> nihil
frequentemente no plural omnēs -ia (ver l. 115, 119). Quando usado sem
substantivo, o plural omnēs (“todos/todo mundo”) é o antônimo de nēmō
(“ninguém”), e o neutro plural omnia (“tudo/todas as coisas”) é o
antônimo de nihil (“nada”).
CAPITVLVM QUINTVM DECIMVM
MAGISTER ET DISCIPVLI
Em Roma, não havia uma rede pública de educação. Os pais que enviavam as escolas romanas
seus filhos pequenos a uma escola particular, lūdus, eram somente aqueles
que possuíam condições financeiras para tal. A escola era privada, dirigida
por um lūdī magister, que ensinava as crianças a ler, a escrever e a contar.
Nós, que agora acompanhamos Marcus na escola, vemos seu professor
tendo dificuldades em manter os alunos disciplinados.
Pela conversa entre o professor e seus alunos, podemos notar que os verbos
1ª pessoa (1.)
possuem diferentes terminações quando alguém fala sobre si (1ª pessoa),
2ª pessoa (2.)
quando se dirige a alguém (2ª pessoa) ou quando fala a respeito de outra 3ª pessoa (3.)
pessoa (3ª pessoa). Quando Titus diz “Mārcus meum librum habet”, o
professor pergunta para Marcus “Quid (= cūr) tū librum Titī habēs?”, ao
que Marcus responde “Ego eius librum habeō, quod is meum mālum habet”
(l. 85-88). A partir desses exemplos, observamos que, no singular, o verbo,
desinências pessoais
na 1ª pessoa, termina em -ō (habe/ō), na 2ª pessoa, em -s (habē/s) e, na 3ª sing. plur.
1. -ō -mus
pessoa, como já bem sabemos, em -t (habe/t). No plural, o verbo, na 1ª
2. -s -tis
pessoa, termina em -mus, na 2ª, em -tis e, na 3ª, em -nt. Dirigindo-se a 3. -t -nt (-unt)
Sextus e Titus, Marcus diz “Vōs iānuam nōn pulsātis, cum ad lūdum
venītis” (l. 51-52), e eles lhe respondem “Nōs iānuam pulsāmus, cum ad
lūdum venīmus” (l. 55). Portanto, pulsā/mus e venī/mus são verbos que
estão na 1ª pessoa do plural, e pulsā/tis e venī/tis estão na 2ª pessoa do
plural. Os exemplos na página 112 (l. 45-58) e na seção GRAMMATICA 3ª conjugação
sing. plur.
LATINA mostram como essas desinências pessoais são adicionadas aos
1. -ō -imus
verbos das diferentes conjugações. Notemos que ā desaparece antes de -ō, 2. -is -itis
3. -it -unt
assim como ē e ī tornam-se breves: puls/ō, habe/ō, veni/ō; além disso, em
verbos com temas consonantais, um i breve é acrescentado antes de -s, -
mus e -tis, assim como antes de -t: dīc/is, dīc/imus, dīc/itis. Facere é um faci/ō faci/unt
exemplo de verbo da 3ª conjugação (de tema geralmente consonantal) cujo
tema termina em um i breve, que aparece antes de -ō e -unt: faci/ō, faci/unt.
Outros verbos desse tipo são: accipere, aspicere, capere, fugere, iacere,
incipere, parere.
pronomes pessoais: Os verbos nas frases acima são precedidos de pronomes pessoais no
sing. plur. nominativo: ego, tū (1ª e 2ª pessoas do singular), e nōs, vōs (1ª e 2ª pessoas
1. nom. ego nōs
ac. mē nōs do plural). No entanto, esses pronomes são apenas utilizados para dar
2. nom. tū vōs ênfase ao sujeito; normalmente, a desinência pessoal do verbo é o
ac. tē vōs
suficiente para mostrar de qual pessoa verbal se trata. Isso é perceptível na
pergunta do professor para Titus “Cūr librum nōn habēs?” e na resposta de
Titus “Librum nōn habeō, quod...” (l. 38-39). As formas de acusativo de
ego e tū são mē e tē; nōs e vōs mantêm as mesmas formas do nominativo
no acusativo: “Quid nōs verberās, magister?”, “Vōs verberō, quod...” (l.
pronomes possessivos 119-120). O genitivo dos pronomes pessoais é substituído pelos pronomes
sing. plur. possessivos: meus, tuus (1ª e 2ª pessoas do singular), noster, vester (1ª e 2ª
1. meus noster
2. tuus vester pessoas do plural).
A fala de Quintus, “(Ego) aeger sum”, é relatada por Marcus: Quīntus dīcit
Q.: “(Ego) aeger sum”
Q. sē aegrum esse dīcit ‘sē aegrum esse’ (l. 82). Quando se relata o que alguém fala na 1ª pessoa
empregando a construção de acusativo com infinitivo, o acusativo sujeito é
o reflexivo sē. Confrontemos com Dāvus... eum sēcum venīre iubet: “Venī
mēcum!” (cap. XIV, l. 87).
TEMPESTAS
O capítulo inicia assim: Italia inter duo maria interest, quōrum alterum ...
genitivo partitivo
‘mare Superum’ ... appellātur. Quōrum (= ex quibus) é o genitivo partitivo
do pronome relativo – ainda no mesmo tipo de genitivo, temos nēmō
eōrum (= ex iīs, cap. XVII, l. 12). Expressões de quantidade, como
multum, paulum multum e paulum, são frequentemente seguidas de um genitivo partitivo
+ gen. partitivo
para expressar “de que coisa” há certa quantidade, por exemplo:
paulum/multum aquae (l. 8-9, 117), paulum cibī nec multum pecūniae (l.
61-62), paulum temporis (l. 108, na margem). Vejamos o genitivo
partitivo com (magnus/parvus) numerus e mīlia.
abl. separativo: locō movēre portanto, chamado de ablativo de afastamento ou ablātīvus sēparātiōnis,
ablativo de separação.
nom. puppis
O substantivo puppis -is (feminino) pertence à 3ª declinação, tendo o
ac. puppim acusativo singular em -im e o ablativo singular em -ī (em vez de -em e -e,
abl. puppī
como podemos ver nas linhas 41 e 67). Poucos substantivos da 3ª
declinação são declinados dessa maneira, por exemplo, o nome do rio
Tiberis -is (l. 7,9).
nauta -ae m. que designam pessoas masculinas e que, portanto, são masculinos, como
nauta: nauta Rōmānus.
São formas verbais irregulares a 1ª pessoa eō, de īre (l. 72; cf. eunt) e o
infinitivo fi/erī (3ª pessoa singular e plural fit, fiunt). Esse verbo funciona
ī/re: e/ō, e/unt
como a forma passiva de facere (ver cap. XVIII); quando combinado a fi/erī: fi/t, fī/unt
um adjetivo, ele passa a significar “tornar-se”/“fazer-se”: mare
tranquillum fit (l. 98); flūctūs multō altiōrēs fiunt (l. 124).
Gallus canëns novum diem salütat (l. 19-20). Aqui, o particípio presente
canëns se refere a gallus; canëns = quï canit.
Puer dormiëns gallum canentem nön audit (l. 22-23). Aqui, o particípio
presente canentem se refere a gallum; canentem = quï canit
__________
__________
__________
__________
Respostas:
NVMERI DIFFICILES
Para ensinar aritmética aos seus alunos, o professor utiliza moedas. As as moedas romanas
moedas romanas correntes eram o as (assis, masculino), de cobre; o
as assis m.
sēstertius, de latão; o dēnārius, de prata (de onde vem “dinheiro”); e o sëstertius (HS) = 4 assës
dënärius = 4 sëstertiï
aureus, de ouro (cap. XXII, l. 108). Um sēstertius equivalia a 4 assēs, 1 aureus = 25 dënäriï
dēnārius a 4 sēstertiī, e 1 aureus a 25 dēnāriī. Até 217 a.C., o sēstertius era sëmis -issis m. (sës-) = ½
as
uma pequena moeda de prata equivalente a 2½ assēs e, por isso, tem-se a
abreviação IIS (S = sēmis ½), modificada depois para HS.
Para que possamos contar até cem, devemos aprender os múltiplos de dez.
Com exceção do decem (10) e do vīgintī (20), todos os outros numerais numerais cardinais:
30, 40, 50, 60, 70, 80, 90:
terminam em -gintā: trīgintā (30); quadrāgintā (40); quīnquāgintā (50) etc. -gintä
Os numerais intermediários são formados pela ligação dos múltiplos de 10
aos numerais menores com ou sem et, por exemplo, vīgintī ūnus ou ūnus et
vīgintī (21), vīgintī duo ou duo et vīgintī (22) etc. Os cardinais de 11 a 17 11-17: -decim
terminam em -decim: ūn-decim (11), duo-decim (12), trē-decim (13), ... , 18/19: duo-/ün-dë-XX
28/29: duo-/ün-dë-XXX
septen-decim (17); no entanto, 18 é duo-dē-vīgintī (“dois de vinte”/”vinte 38/39: duo-/ün-dë-XL
menos dois”) e 19 é ūn-dē-vīgintī (“um de vinte”/”vinte menos um”); assim etc.
A maioria dos numerais cardinais latinos é indeclinável, bem como quot, quot? (‘quantos?’)
tot (‘tantos’)
pronome interrogativo relativo ao número (“quanto(s)?”/”quanta(s)?”), e tot,
pronome demonstrativo que se refere ao número (“tantos”/”tantas”). Dos
cardinais de 1 a 100, somente ūn/us -a -um, du/o -ae -o e tr/ēs tr/ia são
declináveis. Já vimos a maior parte das formas desses numerais (o genitivo,
ūn/īus, du/ōrum -ārum -ōrum e tr/ium, será apresentado no cap. XIX).
-gent/ï
números ordinais: cent/ī -ae -a (200), tre-cent/ī -ae -a (300), quadrin-gent/ī -ae -a (400) etc.
20º -- 90º, 100º -- 1000º
-ësim/us Os numerais ordinais são adjetivos de 1ª classe; os múltiplos de 10 (20 a
90) e os de 100 (100 a 1000) são formados com o sufixo -ēsim/us -a -um:
vīcēsimus (20º), trīcēsimus (30º), quadrāgēsimus (40º), quīnquāgēsimus
(50º), centēsimus (100º), ducentēsimus (200º), trecentēsimus (300º)...,
mīllēsimus (1000º). Para mais detalhes, podemos ver o quadro na página
308.
A frase ativa Magister Mārcum nōn laudat, sed reprehendit torna-se Mārcus
passiva ā magistrō nōn laudātur, sed reprehenditur na forma passiva. Marcus
desinências pessoais
sing. plur.
pergunta ao seu professor: “Cūr ego semper ā tē reprehendor, numquam
1. -or -mur laudor?”, e o professor responde-lhe: “Tū ā mē nōn laudāris, quia
2. -ris -minï
3. -tur -ntur numquam rēctē respondēs. Semper prāvē respondēs, ergō reprehenderis!”
(l. 63-68). Laud/or, reprehend/or e laudā/ris, reprehend/eris são as formas
passivas da 1ª e da 2ª pessoa do singular, respectivamente; no plural, a 1ª
pessoa é laudā/mur, reprehend/imur (Sextus fala sobre si e Titus: “Nōs ā
magistrō laudāmur, nōn reprehendimur”) e a 2ª pessoa é laudā/minī,
reprehend/iminī. Os exemplos da seção GRAMMATICA LATINA nos
mostram como as desinências pessoais passivas, -or, -mur (1ª pessoa), -ris,
-minī (2ª pessoa), -tur, -ntur (3ª pessoa) são adicionadas aos verbos. Nos
verbos de 3ª declinação, -i- é inserido antes de -mur e -minī (merg/imur,
3ª conjugação
sing. plur. merg/iminī), -e- antes de -ris (merg/eris), e -u- antes de -ntur (merg/untur e
1. -or -imur também em verbos da 4ª conjugação: audi/untur).
2. -eris -iminï
3. -itur -untur
Observemos os dois acusativos com docēre: Magister puerōs numerös
docet (l. 2). Esse verbo rege um duplo acusativo.
docëre + duplo acusativo
O tema do verbo da/re termina em um a breve: da/mus, da/tis, da/tur, da/te!
etc., exceto em dä, däs e däns (antes de -ns, as vogais tornam-se longas).
da/re: tema da-
As formas rēctē, prāvē, stultē, aequē são formadas a partir dos adjetivos
rēctus, prāvus, stultus, aequus; esse tipo de formação será trabalhado no
próximo capítulo.
CAPITVLVM DVODEVICESIMVM
LITTERAE LATINAE
O pronome demonstrativo idem eadem idem (“o mesmo”; l. 21,22,33) é ïdem < is-dem
eundem < eum-dem
um composto formado pelo pronome is ea id com o sufixo -dem. Ocorrem,
eandem < eam-dem
para essa sufixação, as seguintes adaptações: a mudança de is-dem para
īdem, e de eum-dem e eam-dem para eun-dem e ean-dem. O pronome quis- quis- quae- quod-que
que quae-que quod-que (“cada”, “cada um (a)”) é declinado como o
pronome interrogativo com a adição de -que.
Na frase puer stultus est, stultus é um adjetivo que classifica o substantivo adjetivo (quālis?)
puer (responde à pergunta quālis est puer?). Mas, na frase puer stultē agit, a
palavra stultē refere-se ao verbo agit (responde a quōmodo agit puer?); advérbio (quōmodo?)
assim, temos um exemplo de palavra considerada advérbio (lat. ad-
verbium, de ad verbum). Do mesmo modo, nas sentenças Mīles fortis est
adjetivo advérbio
quī fortiter pugnat, fortis é um adjetivo (qualifica mīles) e fortiter é um
-us -a -um -ē
advérbio (qualifica pugnat). Os adjetivos de 1ª e 2ª declinações, e.g. -is -e -iter
stult|us -a -um, rēct|us -a -um, pulcher -chr|a -chr|um, formam advérbios
com a terminação -ē: stultē, rēctē, pulchrē (bene e male são formações
irregulares de malus e bonus). Já os adjetivos de 3ª declinação, e.g. fort|is -
e, brev|is -e, turp|is -e formam advérbios em -iter: fortiter, breviter,
turpiter. Podemos ver mais exemplos nas linhas 69, 106, 134.
adv. numeral: -iēs [X] Os advérbios numerais são formados com -iēs: quīnquiēs (5 vezes), sexiēs
(pergunta: quotiēs?)
(6 vezes), septiēs (7 vezes) etc.; só os quatro primeiros possuem formas
especiais: semel (1 vez), bis (2 vezes), ter (3 vezes), quater (4 vezes). De
quot e tot são formados quotiēs e totiēs (l. 118-126, 133, 134).
ativa facere O verbo facere não pode ser construído com formas passivas, mas fierī faz
facit, faciunt
passiva fierī as vezes de passiva de facere: Vōcālis est littera quae per sē syllabam
fit, fïunt
facere potest... Sine vōcālī syllaba fierī nōn potest (l. 23-25). Entretanto,
os compostos de facere terminados em -ficere, como ef-ficere, constroem
a voz passiva da forma habitual: stilus ex ferrō efficitur (= fit).
cum + ind.: temporal A conjunção cum pode servir para introduzir um evento inesperado, como
(“quando”)
neste exemplo: Titus sīc incipit: “Magister! Mārcus bis...” − cum Mārcus
stilum in partem corporis eius mollissimam premit! (“... quando, de
repente, ...”), l. 128-129.
CAPITVLVM VNDEVICESIMVM
MARITVS ET VXOR
Entre os nomes de deuses, destaca-se o do deus supremo, Iuppiter lov|is: Iuppiter Iov/is (= Zeus)
o tema da palavra é lov- (que significa “céu”), e a forma do nominativo Iūnō -ōnis (= Hēra)
Venus -eris (= Aphrodītē)
se deve à adição de pater, reduzido a –piter, ao tema. Os deuses romanos Cupīdō -inis (= Eros)
tinham seus correspondentes gregos, e.g. Iuppiter e Zeus, sua mulher
Iūnō -ōnis e Hēra, Venus -eris e Afrodite e o filho dela Cupīdō -inis
(“desejo”) e Eros.
Iuppiter carregava o título honorífico Optimus Māximus, superlativos de graus de adjetivo irregulares:
magnus māior māximus
bonus e magnus. O grau comparativo desses adjetivos e de seus
parvus minor minimus
contrários, malus e parvus, são irregulares (l. 13-16, 25-30, 36-37). Os bonus melior optimus
malus pēior pessimus
graus de multī são o comparativo plūrēs e o superlativo plūrimī (l. 52, multī plūrēs plūrimī
54).
Que idade têm os filhos? Mārcus octō annōs habet; Quīntus est puer
septem annōrum (l. 33). Esse genitivo, que funciona para descobrir a
genitivo de qualidade: qualidade de um substantivo, denomina-se genitivo de qualidade (lat.
puer septem annōrum
genetīvus quālitātis). A respeito de Iulius jovem nos é dito: adulēscēns
vīgintī duōrum annōrum erat (l. 40).
passado ou pretérito No último exemplo, foi utilizado erat em vez de est porque o fato
presente e pretérito aconteceu há dez anos (hoje ele já não é um adulēscēns). Assim, voltando
no tempo, aprendemos as formas verbais que são empregadas quando
descrevemos acontecimentos do passado. Comparemos as duas frases:
Nunc Iūlius Aemiliam amat e Tunc Iūlius Aemiliam amābat. A forma
amābat é o passado ou o pretérito (lat. tempus praeteritum) do verbo
amāre, distinto de amat, que é o presente (lat. tempus praesēns). O
pretérito que aparece neste capítulo indica um estado passado dos
acontecimentos ou uma ação (não acabada) que vinha ocorrendo ou que se
repetia; esse pretérito é denominado imperfeito (lat. praeteritum
imperfectum, “passado inacabado”).
Já vimos a 3ª pessoa do imperfeito do verbo irregular esse: era|t, era|nt pret. imperfeito de esse
sing. plur.
(cap. XIII), agora vemos também as suas 1ª e 2ª pessoas: era|m, erā|mus e
1. era/m erā/mus
erā|s, erā|tis. Os compostos de esse, por exemplo, ab-esse, apresentam as 2. erā/s erā/tis
3. era/t era/nt
mesmas formas: ab-era|m, ab-erā|s etc.; e o mesmo ocorre com os
compostos de posse: pot-era|m, pot-erā|s etc.
A desinência -ās em māter familiās e pater familiās (l. 17, 38) é uma
antiga desinência do genitivo da 1ª declinação (=ae).
CAPITVLVM VICESIMVM
PARENTES
presente de velle
Já conhecemos a 3ª pessoa do presente do verbo irregular velle: vult,
sing. plur. volunt. A 1ª e 2ª pessoas são volö, volumus e vïs, vultis,
1. volö volumus
2. vïs vultis respectivamente (l. 55, 56, 64, 73). A negação nön não pode preceder
3. vult volunt volunt, volö, volumus e velle; no seu lugar, encontramos as formas
nölunt, nölö, nölumus e nölle (l. 17, 55, 141, 157), que são a contração
de në + volunt etc. O imperativo nölï, nölïte é empregado com um
infinitivo para expressar uma proibição (“não...!”), como em Nölï
imperativo negativo
abïre! (l. 69, cf. l. 160). Tal tipo de construção é chamado de imperativo
nölï (sing.) negativo.
nölïte (plur.) + inf.
O acusativo e o ablativo de domus, domum e domö são usados sem
domum ac. (‘para casa’) preposição para expressar o movimento em direção à ou procedente da
domö abl. (‘de casa’)
domï loc. (‘em casa’) casa de alguém: domum revertï e domö abïre (l. 123, 137). A forma
domï, como em domï manëre (l. 127), é um locativo (“em casa”), e
funciona em conformidade à já conhecida regra aplicada aos nomes de
cidade: Tüsculum, Tüsculö, Tüsculï. Domö, assim como Tüsculö, é um
ablativo separativo que indica afastamento. É o mesmo tipo de ablativo
carëre + abl.
que complementa carëre (“carecer de”), como podemos ver em cibö
carëre (l. 6; cf. sine + ablativo: sine cibö esse).
Os pronomes pessoais nös e vös são, em ablativo e dativo, nöbïs e nom./ac. nös vös
dat./abl. nöbïs vöbïs
vöbïs: ä vöbïs, ä nöbïs (l. 130, 136; dativos no cap. XXI, l. 91, 109).
CAPITVLVM VNVM ET VICESIMVM
PVGNA DISCIPVLORVM
Marcus está voltando da escola e parece ter levado uma surra, pois está todo
molhado e sujo, além de sangrar pelo nariz. O que será que lhe aconteceu no
caminho para casa? É o que vamos descobrir lendo o capítulo: leremos a
versão de Marcus dessa história e, sendo verdadeira ou não, ela nos ensinará
as formas verbais que utilizamos quando falamos de um fato já acabado.
CAVE CANEM
É por isso que não é fácil para um desconhecido ser admitido na vīlla de
Iulius. Em primeiro lugar, quem quiser entrar precisa acordar o porteiro
e, em seguida, convencê-lo de que suas intenções não são hostis. Neste
capítulo, o carteiro (tabellārius) tenta entrar na vīlla com as seguintes
palavras: “Ego nōn veniō vīllam oppugnātum sīcut hostis, nec pecūniam
postulātum veniō” (l. 33-34). Oppugnātum e postulātum são os
primeiros exemplos da forma verbal chamada supino (lat. supīnum), que supino I, em -tum
temas verbais: Agora que conhecemos todos os três temas verbais, (1) o tema do
1. tema do presente
2. tema do perfeito [~] presente, (2) o tema do perfeito, e (3) o tema do supino, podemos derivar
3. tema do supino [≈]
deles todas as formas do verbo. Por conseguinte, para podermos conjugar
Na frase “Sī quis vīllam intrāre vult...” (l. 7), o pronome quis não é
quis quid como pron. indef.
interrogativo, mas indefinido (= aliquis). Na pergunta “Num quis hīc
est?” (l. 28), não se trata de saber “quem” está ali, mas se de fato
“alguém” está ali; quid, da mesma forma, significa “algo” na pergunta
depois de sī e num
“Num quid tēcum fers?” (l. 105). Depois de sī e num, o pronome quis sī quis/quid...
quid é indefinido (= aliquis aliquid). num quis/quid...?
O pronome demonstrativo iste -a -ud (que se declina como ille -a -ud) pron. demonstrativo
iste -a -ud
refere-se a algo relacionado à pessoa com quem se está falando (a 2ª
pessoa): Tlepolemus fala iste canis quanto ao cão do porteiro (l. 86,
“esse teu cão”) e, referindo-se à capa de Tlepolemus, o porteiro diz iste
pallium (l. 103).
EPISTVLA MAGISTRI
Iulius deve responder à carta; por isso, depois de repreender Marcus, diz
Iam epistulam scrīptūrus sum (l. 125), construção composta pelo presente
particípio futuro
de esse e o particípio futuro (lat. participium futūrī) de scrībere. Ele ≈ūr/us -a -um
Quando Marcus é pego mentindo, diz-lhe seu pai: “Nōnne tē pudet hoc
verbo impessoal pudet
+ ac. (+ gen./inf.) fēcisse?” (l. 79). O verbo impessoal pudet expressa que um sentimento de
vergonha afeta alguém; a pessoa afetada é empregada no acusativo, como em
mē pudet (= mihi pudor est, “eu estou envergonhado”, “eu me envergonho”,
“... envergonha-me...”). A causa do sentimento pode ser expressa com um
infinitivo, como indicado acima, ou com um genitivo: Puerum pudet factī suī
(l. 82).
verbos irregulares Neste capítulo, temos exemplos de verbos irregulares (1) com alongamento
da vogal – legere lēgisse lēctum; fugere fūgisse –, (2) com mudança da vogal
– facere fēcisse –, (3) com diferentes temas – ferre tulisse lātum – e (4) com
reduplicação – dare dedisse (cap. XXIV, l. 96), em que trā-dere e per-dere são
compostos de dare, o que explica as formas perfeitas trā-didisse e per-didisse.
PVER AEGROTVS
Quintus, doente e deitado em sua cama, chama Syra e pede a ela que conte
o que aconteceu enquanto estava sozinho. Ela, então, conta-lhe de boa
vontade todos os detalhes da volta de Marcus e do que ocorrera antes.
2
Em Latim, não havia o hífen; aqui, foi usado para mostrar mais claramente a relação com
o seu nome em Português.
Quīntus surgere cōnātus est e Mārcus mentītus est (em Português, “tentou”
e “mentiu”, respectivamente). Os particípios de perfeito dos verbos patī,
loquī, verērī, fatērī são passus, locūtus, veritus, fassus, como podemos
perceber nos exemplos a seguir: tergī dolōrēs passus est (l. 47); saepe dē
eā locūtus est (l. 60); Tabellärius canem veritus est (l. 88); Mārcus ‘sē
mentītum esse’ fassus est (l. 101). A última frase mostra um exemplo de
infinitivo perfeito: mentītum esse. Estudaremos o imperativo em -re dos
verbos depoentes (l. 28, 40, 41, 44) no próximo capítulo.
Observemos os advérbios subitō, certō, prīmō (l. 12, 59, 100), que, como
advérbios em -ō
postrēmō e rārō, terminam em -ō (prīmō “no princípio”, cf. prīmum, adv.:
“em primeiro lugar”).
CAPITVLVM VICESIMVM QVINTVM
THESEVS ET MINOTAVRVS
Tanto neste capítulo quanto no seguinte, leremos alguns mitos gregos bem
conhecidos. Esses relatos fabulosos de façanhas heroicas fascinaram
leitores de todas as épocas.
O imperativo dos verbos depoentes termina em -re no singular e em -minī verbos depoentes
no plural (nos de tema consonantal, -ere e –iminī, respectivamente). Já imperativo:
sing. -re
vimos exemplos de -re no capítulo XXIV (“Cōnsōlāre mē, Syra!”, l. 40); pl. -minī
neste capítulo, fala Teseu a Ariadne “Opperīre mē!” (l. 75) e “Et tū sequere
mē! Proficīscere mēcum Athēnās!” (l. 95) e aos seus concidadãos
“Laetāminī, cīvēs meī! Intuēminī gladium meum cruentum! Sequiminī mē
ad portum!” (l. 92-93).
cupidus + gen. expugnāre e necāre, enquanto cupiditās deriva do verbo cupere, vindo
amāns + gen. indiretamente do adjetivo cupidus (= cupiēns), que pode, por sua vez,
combinar-se com um genitivo objetivo, como, por exemplo, em cupidus
pecūniae (= quī pecūniam cupit, l. 46). Até mesmo um particípio presente
como amāns, empregado como adjetivo, pode reger um genitivo objetivo:
oblīvīscī + gen.
patriae amāns (= quī patriam amat, l. 51). O verbo oblīvīscī também rege
um objeto no genitivo: oblīvīscere illīus virī! (l. 126). Se o objeto é um ser
inanimado, pode-se usar também o acusativo.
O particípio perfeito dos verbos depoentes pode vir junto ao sujeito da frase
para indicar o que este fez, fizera ou fazia: haec locūta, Ariadna... (“tendo
dito isto”, l. 74); Thēseus fīlum Ariadnae secūtus... (“tendo seguido”, l. 84-
85); Aegeus, arbitrātus... (“que pensou; l. 137).
DAEDALVS ET ICARVS
adjetivos
Certos adjetivos possuem -er no nominativo singular, sem as terminações
m. f. n. habituais -us e -is, como niger -gr/a -gr/um, que perde o e com a mudança
-er -(e)r/a -(e)r/um do gênero, e miser -er/a -er/um, līber -er/a -er/um e celer -er/is -er/e, que
-er -(e)r/is -(e)r/e mantêm o e em todos os gêneros (em outros adjetivos da 3ª declinação, o e
não permanece, como em December -br/is; ācer ācr/is ācr/e, “agudo”,
“afiado”, “impetuoso”). Esse tipo de adjetivo da 3ª declinação possui três
formas diferentes no nominativo singular, enquanto aqueles que terminam
em -ns e em -x, como prūdēns e audāx, têm uma única forma:
m./f./n.
-ns, gen. -nt/is vir/fēmina/cōnsilium prūdēns/audāx (genitivo prūdent/is, audāc/is). Os
-x gen. -c/is
adjetivos em -er formam o superlativo em –errimus, como em celerrimus.
São irregulares os superlativos summus e īnfimus (l. 77, 79) de super(us) -
era -erum e īnfer(us) -era -erum (comp. superior e īnferior).
RES RVSTICAE
voz passiva: 1ª pessoa -e/r, -ē/mur; 2ª -ē/ris, -ē/minī; 3ª -ē/tur, e/ntur. esse
sing. plur.
Na seção GRAMMATICA LATINA encontraremos exemplos de 1. si/m sī/mus
verbos com todas essas conjugações e do presente do subjuntivo do 2. sī/s sī/tis
3. si/t si/nt
verbo irregular esse: 1ª pessoa sim, sīmus; 2ª sīs, sītis; 3ª sit, sint.
locus -ī m. Além do plural regular locī, encontramos para locus a forma neutra
pl. locī -ōrum (m.) loca -ōrum (l. 30), que é comum no sentido concreto de ‘lugares’,
loca -ōrum (n.) ‘região’.
prae, prō + abl. As preposições prae e prō regem ablativo; seu significado principal é
‘diante de’, do qual derivam os demais significados (prae, l. 63, 83;
abs tē = ā tē prō 71, 72). − Abs no lugar de ab só aparece antes de tē: abs tē (l. 80,
= ā tē). − Prestemos atenção no ablativo separativo (sem ab) com
pellere e prohibēre (l. 89, 174).
quam + sup. (potest) O pastor corre atrás de suas ovelhas quam celerrimē potest (l. 177);
quam + superlativo (potest) marca o mais alto grau possível: ‘o mais
rapidamente possível’ (‘o mais... que pode’).
CAPITVLVM DVODETRICESIVM
PERICVLA MARIS
subjuntivo (lat. coniūnctīvus imperfectī) depois dos mesmos verbos no sing. 1. -(e)re/m
tempo passado: Iēsus nōn sōlum faciēbat ut caecī vidērent, surdī audīrent,
2. -(e)rē/s
mūtī loquerentur, sed etiam verbīs efficiēbat ut mortuī surgerent et
ambulārent (l. 34-37). O imperfeito do subjuntivo se forma inserindo -rē- (- 3. -(e)re/t
erē-, nos verbos de tema consonantal), entre o tema do presente e as
plur. 1. -(e)rē/mus
desinências pessoais (e breve antes de -m, -t, -nt, -r, -ntur), p. ex. vidē/re/m,
vidē/rē/s, vidē/re/t, etc., e surg/ere/m, surg/erē/s, surg/ere/t etc. O 2. -(e)rē/tis
imperfeito do subjuntivo de esse é esse/m, essē/s, esse/t etc.
3. -(e)re/nt
Enquanto a oração com o presente do subjuntivo complementa a oração passiva
com o verbo principal no presente, a oração com o imperfeito do
subjuntivo complementa a oração com o verbo principal no passado sing. 1. -(e)re/r
(perfeito, imperfeito ou mais-que-perfeito). Comparemos as frases: Pater 2. -(e)rē/ris
fīlium monet ut taceat e Pater fīlium monēbat (/monuit/monuerat) ut
tacēret. 3. -(e)re/tur
plur. 1. -(e)rē/mur
No exemplo praedōnēs... nāvēs persequuntur, ut mercēs et pecūniam
rapiant nautāsque occīdant (l. 132-134), a oração introduzida por ut com os 2. -(e)rē/minī
subjuntivos rapiant e occīdant expressa a finalidade da perseguição. Aqui
3. -(e)re/ntur
também o subjuntivo denota uma ação apenas planejada, não
verdadeiramente cumprida. Outras orações finais que vão no imperfeito do esse
subjuntivo porque o verbo principal está no tempo passado: Petrus sing. plur.
ambulābat super aquam, ut venīret ad Iēsum; ē vīllā fūgī, ut verbera 1. esse/m essē/mus
vītārem atque ut amīcam meam vidērem ac semper cum eā essem (l. 103,
162-163). Em português a finalidade se expressa com o infinitivo 2. essē/s essē/tis
precedido de ‘para’ (‘a fim de’), similar, portanto, ao gerúndio latino, ou a 3. esse/t esse/nt
uma oração subordinada introduzida por ‘para que’ (‘a fim de que’).
Num quis tam stultus est ut ista vēra esse crēdat (l. 90-91) é outro tipo de
oração introduzida por ut com subjuntivo, chamada oração consecutiva
(ut... crēdat expressa a consequência, nesse caso, da estupidez de alguém);
cf. ita... ut Iuppiter rēx caelī esset (l. 87). Mais exemplos no cap. XXIX. orações finais:
ut/nē + subjuntivo
A maior parte das orações do latim introduzidas por ut com subjuntivo
corresponde a orações do português introduzidas por ‘que’. Mas não
esqueçamos que ut é também um advérbio comparativo (‘como’); nesta
função, ut se constrói com o indicativo, p. ex. ut tempestās mare
tranquillum turbāvit (l. 8-9) e ut spērō (l. 149).
orações comparativas:
ut + indicativo Observemos a diferença entre (1) verba dīcendī et sentiendī, que regem a
construção ac. + inf., e (2) verba postulandī et cūrandī, que são seguidos de
uma oração no subjuntivo introduzida por ut/nē. Alguns verbos podem ter
verba dīcendī et sentiendī as duas construções, p. ex. persuādēre nestes exemplos: mihi nēmō
+ ac. + inf. persuādēbit hominem super mare ambulāre posse e Mēdus mihi persuāsit ut
sēcum venīrem (l. 111, 174; port.: ‘convencer’/’persuadir’). Persuādēre rege
verba postulandī et
dativo nos dois casos (como oboedīre, impendēre, servīre, e prōdesse,
cūrandī + ut/nē + subj.
nocēre).
O nosso mercador romano está falido porque sua mercadoria foi lançada
ao mar durante a tempestade. Por isso, não consegue compartilhar
totalmente da alegria que sentem os demais tripulantes por estarem
salvos. Exclama: “Heu, mē miserum!” (acusativo exclamativo) e
pergunta-se, desesperado: “Quid faciam? Quid spērem? Quōmodo
uxōrem et līberōs alam? ... quōmodo vīvāmus sine pecūniā?” (linhas 22-
interrogação deliberativa:
24, 51). Neste tipo de interrogação, chamada deliberativa, em que o quid faciam?
sujeito, indeciso, se pergunta o que fazer, o verbo toma o modo
subjuntivo. Uma interrogação deliberativa pode também ser o objeto de
um verbo, p. ex. interrogāre, nescīre ou dubitāre: Vir ita perturbātus est
ut sē interroget, utrum in mare saliat an in nāve remaneat (linhas 57-59);
Mēdus rubēns nescit quid respondeat (cap. XXVIII, linha 184). Em tais subjuntivo em
interrogativas indiretas o verbo toma o subjuntivo ainda que a interrogativas indiretas
interrogativa direta a que faz referência se expresse com o indicativo. No
capítulo XXVIII (linha 187) Lydia perguntava: “nōnne tua erat ista
pecūnia?” e agora ela diz: “Modo tē interrogāvī tuane esset pecūnia”
(linhas 127-128). A pergunta dirigida pelo rei aos marinheiros se enuncia
assim: rēx eōs interrogāvit ‘num scīrent ubi esset Arīōn et quid faceret?”
(linha 106). Cf. dubitō num haec fābula vēra sit (linhas 116-117).
genitivo de preço: Para indicar em quanto se estima algo, podem-se acrescentar genitivos
magnī, parvī, plūris, como magnī, parvī, plūris, minōris ao verbo aestimāre (ou facere, com o
minōris mesmo sentido). Exemplos: Mercātōrēs mercēs suās magnī aestimant,
vītam nautārum parvī aestimant; “Nōnne līberōs plūris aestimās quam
mercēs istās?” (linhas 6-7, 27). Com o verbo accūsāre a acusação se
expressa em genitivo (enquanto o acusado é indicado com o acusativo3):
accūsāre + gen. de crime
Lȳdia pergit eum fūrtī accūsāre (linha 137). É o chamado genitivo de
crime. Um genitivo partitivo pode qualificar um pronome, p. ex. aliquid
pron. + gen. partitivo
pecūliī; nihil malī (linha 135, 157). O genitivo partitivo de nōs, vōs é
nostrum, vestrum: nēmō nostrum/vestrum (linhas 39, 43).
prefixos: ab/ā- ad- con- dē- Muitos verbos formam-se com prefixos, sobretudo preposições, p. ex. dē-
ex/ē- in- per- prō- re- sub-
etc. terrēre, ā-mittere, in-vidēre, per-mittere, per-movēre, sub-īre, ex-pōnere,
facere > -ficere re-dūcere. Os prefixos provocam a mudança de a ou e breves em i. Assim,
capere > -cipere
rapere > -ripere
de facere formam-se af-, cōn-, ef-, per-ficere; de capere ac-, in-, re-cipere;
salīre > -silīre de rapere ē-, sur-ripere; de salīre dē-silīre; de fatērī cōn-fitērī; de tenēre
tenēre > -tinēre abs-, con-, re-tinēre; de premere im-primere. Do mesmo modo, iacere
premere > -primere
iacere > -icere torna-se -iicere, mas evita-se a grafia ii escrevendo-se -icere, p. ex. ab-, ad-
, ē-, prō-icere.
3
Como foi visto no capítulo IV, linha 48.
CAPITVLVM TRICESIMVM
CONVIVIVM
Assim como ūtī ūsum esse (ver linha 38), o verbo depoente fruī
(‘desfrutar de’, ‘gozar’) rege um complemento no ablativo: ōtiō fruor
(linha 23, cf. linhas 35, 59).
INTER POCVLA
Na maior parte dos casos, o gerundivo é usado com uma forma do verbo
esse, como nestes exemplos: Pater quī īnfantem suum exposuit ipse
necandus est; Ille servus nōn pūniendus, sed potius laudandus fuit; Nunc
merum bibendum est! (linhas 132-133, 161-162, 177). Pode-se dizer
também simplesmente bibendum est!, sem dizer o que deve ser bebido (isto
é, o sujeito); do mesmo modo encontramos expressões como tacendum est,
dormiendum est, que estabelece, de modo geral, o que deve ser feito (ver
gerundivo + dativo
linha 178). Com o gerundivo, que é uma forma passiva, usa-se o dativo (em (agente)
lugar do ab + abl.) para designar o agente, isto é, a pessoa por quem a ação
deve ser realizada: Quidquid dominus imperāvit servō faciendum est (linha
159).
Vimos pronomes relativos sem antecedente, p. ex. quī spīrat vīvus est;
pronome relativo indefinido:
quis-quis
quod Mārcus dīcit vērum nōn est, onde se esperaria is quī... id quod...
quid-quid Pode-se generalizar o significado usando o pronome relativo indefinido
quis-quis e quid-quid (‘quem quer que’ e ‘o que quer que’), p. ex. Dabō
pron. rel. ind. + indicativo tibi quidquid optāveris (linha 29): Quisquis amat valeat! (linha 196).
quisquis amat Notemos que, enquanto o português usaria o subjuntivo nessa construção,
docet o latim usa o indicativo: Quisquis amat..., port.: ‘Quem quer que ame...’
discit (Outras opções de tradução, como ‘tudo que...’, podem ser usadas com o
audit indicativo ou com o subjuntivo, dependendo do sentido.)
A preposição cōram (‘na presença de’, ‘diante de’) rege ablativo: cōram
cōram prep. + abl.
exercitū (linha 122). Igualmente, super (que aparece com acusativo desde
super prep. + abl. = dē
o capítulo XI), quando empregado no lugar da preposição dē com o
sentido de ‘sobre’, ‘acerca de’, ‘a respeito de’, rege ablativo: super
Chrīstiānīs (linha 147, cf. linha 200).
verbos semidepoentes O verbo audēre é depoente no perfeito: ausum esse (linha 169: ausus est),
audēre ausum esse mas não no presente. De modo contrário, revertī é depoente no presente,
revertī revertisse
mas não no perfeito: revertisse. Estes verbos chamam-se semidepoentes.
CLASSIS ROMANA
Como oblīvīscī, seu oposto reminīscī pode reger um objeto no genitivo, p. oblīviscī, reminīscī,
ex. eius temporis reminīscor (linha 156). O uso do acusativo ou do genitivo meminisse + gen. (coisa e
depende do objeto lembrado: se é uma pessoa, vai no genitivo; se é uma pessoa) ou ac. (apenas
coisa, pode ir no genitivo ou no acusativo. O mesmo ocorre com meminisse coisa)
(linha 126), um verbo defectivo que, como odīsse, não tem tema de
presente: a forma perfeita meminī (‘eu lembro’) é o contrário de oblītus
sum (esqueci). Ora, acontece algo parecido em português: os verbos
‘lembrar’ e ‘esquecer’ podem ser construídos com ‘de’ e reflexivamente,
senão até passivamente: ‘lembro-me de’, ‘esqueci-me de’, ‘estou lembrado
de’, ‘estou esquecido de’.
EXERCITVS ROMANVS
3. ... ≈a essent
O amor de Aemilius à profissão militar foi-se esfriando enquanto servia
nas frentes de batalha. Ele escreve que desejaria estar em Roma: Utinam
ego Rōmae essem! (linha 67) usando o subjuntivo optativo; para cum + mais-que-perfeito do
expressar um desejo irrealizável como este, que não pode ser cumprido, o subj. = postquam + perf. ind.
verbo não é usado no presente, mas no imperfeito do subjuntivo: cf.
Utinam hic amnis Tiberis esset et haec castra essent Rōma! (linhas 70-
71). As seguintes frases expressam uma condição que não poderia nunca
ser realizada: Sī Mercurius essem ālāsque habērem, in Italiam volārem!
(linhas 73-75). No latim não existe uma forma condicional separada do
subjuntivo, como a temos nós no futuro do pretérito (“Se eu fosse
Mercúrio e tivesse asas, voaria para a Itália!”). Aqui, de novo, o
imperfeito do subjuntivo é empregado para expressar algo irreal; cf. imperf. e mais-que-perf. do
linhas 82-85 e 93-95. Conseguimos achar com facilidade um paralelo no subj. expressando desejos e
português: dizer “queria que fosse...” expressa um desejo muito menos condições irrealizáveis
realizável do que “quero que seja...”. No entanto, se tais desejos ou
condições irreais se referem ao passado, emprega-se o mais-que-perfeito
do subjuntivo, como se nota nas palavras finais de Aemilius: Utinam
patrem audīvissem...! e Sī iam tum hoc intellēxissem, certē patrem
audīvissem nec ad bellum profectus essem (linhas 166, 181-182). Mais
exemplos nas linhas 163-164 e na seção GRAMMATICA LATINA.
Aemilius termina sua carta com alguns pedidos (linhas 187-189). Nesta
parte ele usa o chamado imperativo futuro, que se obtém acrescentando
as desinências -tō (sing.) e -tōte (plur.) ao tema presente, p. ex. nārrā/tō -
imperativo futuro
sing. plur. tōte; nos temas consonantais insere-se um -i- breve antes da desinência,
p. ex. scrīb/itō -itōte (mas não no de esse: es/tō e es/tōte, nem no de
1. 2. 4. -tō -tōte ferre: fer/tō e fer/tōte).
3. -itō -itōte
CAPITVLVM TRICESIMVM QVARTVM
DE ARTE POETICA
(1) Uma consoante ao final da palavra é ligada à vogal (ou h-) pela qual símbolos:
começa a palavra seguinte. Portanto, numa palavra como satis, a sílaba leve: ―
sílaba pesada: U
última sílaba é breve se a palavra seguinte começa por vogal ou h-,
p. ex. satis est, em que o -s liga-se ao e- de est: sa-ti-s ͡ est, enquanto
a sílaba tis é longa em satis nōn est: sa-tis-nō-n ͡ est.
(2) Uma vogal (e também -am, -em, -im, -um) ao final de uma palavra é
apagada diante da vogal (ou h-) que começa a palavra seguinte, p.
ex. atque oculōs: atqu’oculōs; modo hūc: mod’hūc; passarem
abstulistis: passer’abstulistis (em est e es cai o e, p. ex. sōla est:
sōla’st; vērum est: vērum’st; bella es: bella’s). Isto se denomina
elisão elisão: a vogal é elidida (lat. ē-līdere, ‘expulsar’, ‘eliminar’).
Cada verso pode ser dividido num determinado número de pés (lat. pedēs),
pés:
troqueu: ―U compostos de duas ou três sílabas. Os pés mais comuns são: o troqueu (lat.
iambo: U ― trochaeus), constituído de uma sílaba longa e uma breve [―U]; o iambo ou
dátilo: ― U U jambo (lat. iambus), uma breve e uma longa [U ―]; e o dátilo (lat.
espondeu: ― ―
dactylus), uma sílaba longa e duas breves [―U U]. As duas sílabas breves
do dátilo são por vezes substituídas por uma longa, dando origem a um pé
de duas sílabas longas [― ―], que é chamado de espondeu (lat. spondēus).
―UU|―UU|―UU|―UU|―UU|―U
O hexâmetro por vezes se alterna com o pentâmetro, que pode ser dividido
pentâmetro em duas metades de 2½ pés, configurando-se cada uma como o começo de
um hexâmetro. Aqui, no entanto, não aparecerem espondeus na segunda
metade do pentâmetro:
― U U | ― U U | ― || ― U U | ― U U | ―
―― ―UU―U―U――
Um i duplo (ii, iī) tende a contrair-se num ī longo, como já vimos na forma
dī (< diī). Quando o h desaparece em mihi e nihil, obtemos as formas
contraídas mī e nīl (p. ex. l. 118 e 174). Encontramos também sapīstī por ī < ii/iī
mī < mihi
sapiistī (l. 190), forma esta que, por sua vez, é a contração de sapīvistī: o v
nīl < nihil
do tema de perfeito tende a desaparecer, de modo que īvisse se transforma perf. contraído
em -iisse/-īsse, -āvisse > -āsse (-āvistī > -āstī; cap. XXVIII, l. 106), nōvisse
> nōsse e nōverat > nōrat. Esta forma, o mais-que-perfeito de nōscere,
significa ‘conhecia’ (assim como o perfeito significa ‘conhece’), p. ex.
Ovidius... ingenium mulierum tam bene nōverat quam ipsae mulierēs (l.
55); suamque nōrat ipsam (: dominam) tam bene quam puella mātrem (l.
93).
CAPITVLVM TRICESIMVM QVINTVM
ARS GRAMMATICA
O hexâmetro citado por Donato (l. 212) para ilustrar o emprego de super
com ablativo é retirado do final do primeiro livro da Eneida, o famoso
poema em que Virgílio (Vergilius) narra as aventuras do herói troiano
Eneias (Aenēās) após sua fuga de Troia (Trōia). Levado à África por uma
tempestade, é acolhido por a Rainho Dido (Dīdō), quem lhe pergunta a
respeito do destino dos outros troianos, o rei Príamo ( Priamus) e seu filho
Heitor (Hector).