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sor não deveria jamais dizer que Como escreve Clóvis Rossi, o
isto [aponta seu celular] é a re- jornalismo é uma fascinante ba-
volução! Não é uma revolução,
Série Comunicação na Contemporaneidade talha pela conquista das mentes
esta é apenas uma ferramenta e corações de seus alvos – lei-
A formação do jornalista: olhar crítico e contemporaneidade
técnica, a revolução é a forma Carlos Costa tores, telespectadores ou ou-
como iremos usá-la”. (...) vintes. Entrar no seu universo
A seriedade da missão do jorna- Por um jornalismo que mereça o Nobel significa ver essa batalha por
lista reside justamente na capa- Carlos Eduardo Sandano Santos dentro, desvendar o mito da
cidade de “captar” e de traduzir objetividade, saber quais são
A palavra que cura, a narrativa e o jornalismo interpretativo
o mundo à sua volta. Impossível Cilene Victor da Silva e Dimas A. Künsch as fontes, discutir a liberdade
não lembrar do poeta americano de imprensa, a formação para
Ezra Pound (ele disse que “os Jornalismo e política na contemporaneidade: teoria crítica e o exercício profissional, o papel
artistas são as antenas da raça” poder espetacular integrado do repórter e do editor nestes
Cláudio Novaes Pinto Coelho
– parafraseando: os jornalistas tempos de mídias digitais em
são as antenas do cidadão). Para Papel, paredes, telas e redes: comunicação, jornalismo e educação que alguns acreditam que qual-
poder interpretar e ler o mundo, Dulcília Schroeder Buitoni quer cidadão, de posse de um
com distanciamento crítico das smartphone, pode se imaginar
“fontes” e dos fatos, o aprendiz Mudanças na crítica gastronômica paulistana: o jornalista, o um jornalista em ação. O que é
blogueiro e o usuário das redes digitais de ranqueamento
de jornalista precisa amealhar uma grande trampa ou arapu-
Eduardo Scott Franco de Camargo e Marcelo Santos
uma sólida formação humanísti- ca, para não dizer trapaça. (...)
ca para contar com as chaves para O jornalismo nas manifestações de junho de 2013 e a sociedade Ao entrevistar o sociólogo fran-
desvendar sentidos e significados do espetáculo cês Dominique Wolton, em ju-
que lhe escapariam caso não car- Eliana Natividade Carlos lho de 2013, um dos melhores
regasse essa bagagem. (...) momentos da longa conversa foi
Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
O pensamento crítico capacita Giovanni Pampolha Guerreiro quando falamos sobre a forma-
o estudante de jornalismo a ler ção e a atuação do jornalista nos
os grandes temas do mundo em Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade tempos das mídias sociais. Lem-
perspectiva. Isso faz lembrar de José Eugenio Menezes brei-lhe que, sete anos antes, eu
JORNALISMO
que, em sala de aula, o saudoso havia mediado um debate, na
A mediação social do jornalista na cobertura radiofônica do trânsito
professor Octavio Ianni costu- Mara Ferreira Rovida Faculdade Cásper Líbero, com
mava utilizar a expressão “ta- um professor francês, da Univer-
quigrafar a realidade”. Trazê-la
para perto e interpretá-la, num
Fontes testemunhais, autorizadas e experts na construção jornalística
das catástrofes E CONTEMPORANEIDADE sidade de Rennes. O convidado
afirmara, em sua intervenção,
Márcia Franz Amaral
olhar em perspectiva ou em pa- que “hoje qualquer cidadão com
ralaxe, para usar a expressão de Critérios de noticiabilidade na “Voz do Brasil” um olhar crítico um telefone celular na mão é um
Série:
Comunicação na
Contemporaneidade
Cláudio Coelho
Dimas A. Künsch
José Eugenio de O. Menezes
Organizadores
Jornalismo e
contemporaneidade
Um olhar crítico
2015
São Paulo
Este trabalho foi licenciado com uma Licença Creative
Commons 4.0 Internacional. Você pode copiar,
distribuir, transmitir ou remixar este livro, ou parte dele, desde que
cite a fonte e distribua seu remix sob esta mesma licença.
Milena Y. Madeira
Capista e Diagramadora
Beatriz Santoro
Dimas A. Künsch
Larissa Rosa
Edição e revisão de texto
Dados Catalográficos
CDU 070
Editora Plêiade
Rua Apacê, 45 - Jabaquara - CEP: 04347-110 - São Paulo/SP
[email protected] - www.editorapleiade.com.br
Fones: (11) 2579-9863 – 2579-9865 – 5011-9869
Impresso no Brasil
SUMÁRIO
Apresentação.................................................................7
Cláudio Coelho, Dimas A. Künsch e José Eugenio de
O. Menezes
Prefácio........................................................................13
A formação do jornalista: olhar crítico e contemporaneidade
Carlos Costa
Autores......................................................................261
APRESENTAÇÃO
7
fissional. Professores que aprendem com os jovens e jovens
que aprendem com os professores. Cidadãos que assu-
mem posturas diante do mundo, pessoas que dialogam a
partir da diversidade de pontos de vista, gente de carne e
osso ciente de que, como afirmou o educador brasileiro
Paulo Freire (1921-1997), ninguém educa ninguém e nin-
guém educa a si mesmo; os homens e mulheres se educam
entre si, mediatizados pelo envolvimento com a realidade,
os problemas e os desafios contemporâneos.
Pensar o jornalismo é uma atividade permanente da
Faculdade Cásper Líbero, instituição pioneira no ensino da
profissão há quase setenta anos. A presente obra é um dos
resultados dessa atividade. A preocupação com a formação
do jornalista no contexto contemporâneo ocupa um lugar de
destaque, desde o primeiro texto – cujo autor, Carlos Costa,
é atualmente o diretor da Faculdade. Em “A formação do
jornalista: olhar crítico e contemporaneidade”, questiona-
se a situação atual de supervalorização da tecnologia em
detrimento de se reconhecer que a prática do jornalismo é
inseparável de uma capacidade de interpretar o mundo, que
depende de uma formação abrangente, da qual o incentivo
ao pensamento crítico deve, necessariamente, fazer parte.
O vínculo entre o jornalismo e a existência de uma
sociedade democrática presente no texto escrito por Carlos
Costa é ressaltado, também, no capítulo redigido por Carlos
Sandano Santos, “Por um jornalismo que mereça o Nobel”,
que defende a dimensão dialógica do jornalismo. A formação
do jornalista deve ser a de um ser humano capaz de desen-
volver respeito pelo outro, produzindo uma comunicação po-
lissêmica e, ao mesmo tempo, autoral. Argumenta-se, ainda,
que uma comunicação com essas características apresenta di-
ficuldade de ser praticada nas grandes corporações, em virtu-
de dos seus interesses financeiros, e também nas redes sociais
digitais, que tendem a excluir a divergência.
8
A valorização da dimensão interpretativa do jorna-
lismo no mundo contemporâneo – marcado pela produção
de uma quantidade incalculável de informação – é o tema
central do capítulo de Cilene Victor da Silva e Dimas A.
Künsch, “A palavra que cura, a narrativa e o jornalismo in-
terpretativo”. Os autores defendem o argumento de que o
jornalismo, desde que a importância da sua dimensão nar-
rativa seja reconhecida, é capaz de ordenar o caos, servin-
do como um guia em meio aos fatos que se sucedem. Mas
o sentido a ser produzido nas narrativas precisa levar em
consideração que o social é um campo de conflitos, e que
os conteúdos devem ser, portanto, vistos polissemicamente.
A dimensão política do jornalismo praticado pelas
grandes corporações é o tema do capítulo “Jornalismo e
política na contemporaneidade: teoria crítica e poder es-
petacular integrado”, escrito por Cláudio Novaes Pinto
Coelho. O potencial dialógico do jornalismo, a produção
de narrativas polissêmicas estaria ausente das produções
noticiosas analisadas pelo texto, que aponta o seu vínculo
com a ideologia neoliberal e com a defesa de uma atuação
repressiva do aparelho de Estado, em especial do poder ju-
diciário, que colocaria em risco a existência da democracia
política na contemporaneidade.
A relação entre a comunicação e a educação, fun-
damental numa sociedade democrática, é o foco do capítu-
lo escrito por Dulcilia Buitoni, “Papel, paredes, telas e redes:
comunicação jornalística e educação”. A possibilidade de
valorização de um conhecimento complexo trazida pelas
tecnologias comunicacionais não vem sendo aproveitada
pela produção jornalística contemporânea quando traba-
lha o tema da educação. A superficialidade é, na visão da
autora, a principal característica dessa comunicação que
prioriza o ensino superior sem colocar em debate a quali-
dade dos cursos.
9
Uma visão positiva a respeito da capacidade de as
redes sociais digitais possibilitarem uma comunicação dia-
lógica é o aspecto central do texto de Eduardo Scott Franco
de Camargo e Marcelo Santos, “Mudanças na crítica gas-
tronômica paulistana: o jornalista, o blogueiro e o usuário
das redes digitais de ranqueamento”. O caráter coletivo
do ranqueamento de restaurantes feito nas redes digitais
é ressaltado numa comparação com a falta de diálogo da
crítica gastronômica produzida pela mídia impressa e por
blogueiros especialistas em gastronomia.
A ausência de diálogo com os manifestantes foi a
principal característica da cobertura da mídia tradicional
das manifestações de 2013, conforme a análise feita por
Eliana Natividade Carlos no capítulo “O jornalismo nas
manifestações de junho de 2013 e a sociedade do espe-
táculo”. Essa cobertura, por sua vez, teve como principal
característica a espetacularização, sobretudo com a valori-
zação do tema da violência.
No texto “Jornalismo como forma de conhecimen-
to: um ensaio”, Giovanni Pampolha Guerreiro fala a res-
peito das demandas que decorrem do entendimento de
que o jornalismo é uma forma de conhecimento. Reco-
nhecer a presença inevitável da subjetividade é uma das
exigências mais importantes, juntamente com a aceita-
ção de que a ideologia é uma realidade incontornável
das práticas jornalísticas.
As dinâmicas dos corpos e dos vínculos afetivos,
bem como as dinâmicas simbólicas, tecnológicas, colabo-
rativas no cuidado do planeta e acadêmicas, são comen-
tadas no capítulo “Dinâmicas que atravessam o jornalismo
na contemporaneidade”, de José Eugenio Menezes.
Por sua vez, Mara Ferreira Rovida, em “A media-
ção social do jornalista na cobertura radiofônica do trân-
sito”, aborda o objetivo central das emissoras de rádio
10
jornalísticas que cobrem o trânsito: a prestação de servi-
ços em contexto da progressiva ampliação do diálogo e
da solidariedade social.
A partir da cobertura de catástrofes ambientais por
três revistas brasileiras no período de janeiro a dezembro
de 2011, em “Fontes testemunhais, autorizadas e experts
na construção jornalística”, Márcia Franz Amaral revela a
média de fontes por matéria analisada e mostra como as
condições de produção do discurso jornalístico na cobertu-
ra de uma tragédia são bastante diferenciadas.
O direito à informação por parte da sociedade é
problematizado no texto “Critérios de noticiabilidade na
‘Voz do Brasil’”, de Renato Delmanto. A partir da análise
dos critérios de noticiabilidade do programa radiofônico, o
autor constata que, apesar da proposta de veicular notícias
de interesse dos cidadãos, o conteúdo do programa reve-
la interesses do Poder Executivo. Como exemplo, lembra
que as manifestações populares de rua de junho de 2013
foram ignoradas pela Voz do Brasil por dozes dias após a
primeira grande manifestação.
Finalmente, em “Fait divers e folhetim: a tênue fron-
teira entre literatura e jornalismo”, Vera Helena Saad Rossi
recorda a visão sagaz e cáustica de Honoré de Balzac, no ro-
mance Ilusões Perdidas, sobre a imprensa parisiense do sécu-
lo XIX, caracterizada como um abismo de iniquidades, men-
tiras e traições. Também mostra as conexões entre jornalismo
e literatura no decorrer da História e enfatiza a importância
do estudo dessa inter-relação no jornalismo contemporâneo.
Em uma sociedade que se pretende progressiva-
mente democrática, do ambiente universitário espera-se
não só o aprendizado de técnicas e ferramentas de comu-
nicação, mas especialmente o aprimoramento da forma
de se pensar criticamente a comunicação. O cultivo desse
ambiente de contínuo aprendizado exige o esforço reflexi-
11
vo como a contribuição de cada autor do livro que você,
leitor e interlocutor, tem em mãos para ler, questionar, mo-
dificar e acrescentar novos pontos de vista à conversação
aqui cultivada. O diálogo, que compreende o envolvimento
pessoal com a disponibilidade para aprender com o outro,
continua tanto nos corredores da Faculdade Cásper Líbero,
que em 2017 completa 70 anos, como nas avenidas, ruas
e ruelas do Brasil e de um mundo imerso em amplos pro-
cessos de mudanças culturais, técnicas e políticas.
Afinal, não se trata de formação de recursos hu-
manos para um mercado abstrato e sem rosto que nem
sempre remunera à altura das necessidades humanas, mas
especialmente da formação de jornalistas e cidadãos com-
prometidos com uma postura crítica diante do mundo.
Esta contribuição de atores envolvidos com as pes-
quisas desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação
em Comunicação e nas diversas instâncias da Faculdade
Cásper Líbero e de outras instituições, ao ser publicada
gratuitamente no portal da instituição pretende, como fri-
samos, participar de um diálogo em andamento nos cur-
sos de comunicação e nas associações de profissionais e/
ou pesquisadores de jornalismo. No espírito da constru-
ção de um conhecimento público e comum, próprio das
obras editadas com licença Creative commons, cada leitor
poderá, se assim o desejar – desde que cite a fonte e distri-
bua seu remix sob esta mesma licença –, copiar, distribuir,
transmitir ou remixar o livro ou parte dele para participar
da conversação em prol do progressivo comprometimento
com a ampliação dos espaços de cidadania a partir da
informação de relevância pública.
12
PREFÁCIO
A formação do jornalista:
olhar crítico e contemporaneidade1
Carlos Costa
13
ções a esta regra. Escrever um livro, ou um artigo, é resignar-
se ao fracasso, por muito honrado que esse fracasso possa ser.
Inicio esse texto com o parágrafo acima (que é o pe-
núltimo) do prefácio escrito por Alberto Manguel para seu li-
vro mais recente: Uma história natural da curiosidade (2015).
Também eu tenho desenhadas na cabeça e na imaginação
belas ideias sobre o que irei escrever, e com elas a certeza de
que o resultado final será pouco mais do que uma pálida con-
cretização dessas reflexões de muitos anos sobre esse tema.
Neste caso concreto, sobre o ensino, a formação e a prática
do jornalismo. Faremos a seguir esse caminho planejado so-
bre o que é o jornalismo, sobre a necessidade da formação
do profissional que exercerá essa função e, finalmente, sobre
a prática do jornalismo hoje, sabendo de antemão que a arte
de escrever é a arte da renúncia e que escrever um artigo ou
um prefácio é resignar-se ao fracasso; enquanto a você, caro
leitor, caberá exercitar a melhor parte dessa atividade, que é a
de colocar em ação a habilidade de enriquecer o texto conce-
bido por mim, aprofundando-o e tornando-o mais complexo
e redondo. Afinal, como deixou registrado Roland Barthes:
14
e uma metodologia, se qualquer um pode se colocar em
ação como jornalista, e que caminhos e crises estamos per-
correndo. Vamos a isso.
O que é o jornalismo
Há definições famosas sobre o que é o jornalismo.
Uma das mais repetidas dessas definições é a frase erronea-
mente atribuída ao jornalista e escritor inglês George Orwell
(pseudônimo de Erik Arthur Blair, 1903-1950): “Jornalismo é
publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo
o resto é publicidade”. Não exatamente com essas, mas com
outras palavras, essa sentença foi na verdade cunhada por
William Randolph Hearst (1863-1951), o magnata americano
da imprensa em quem o cineasta Orson Welles (1915-1985)
se inspirou para criar o clássico filme Cidadão Kane, de 1941.
Outra frase sempre lembrada é a de Millôr Fernan-
des (1923-2012): “Imprensa é oposição. O resto é arma-
zém de secos e molhados”. Mas a lista é grande. E poderia
incluir a frase do diplomata e político americano Adlai Ste-
venson II (1900-1965): “Um editor de jornal é alguém que
separa o joio do trigo. E publica o joio”. Ou a de Honoré
de Balzac (1799-1850): “O jornal é uma lojinha que vende
ao público as palavras na cor que se deseja”.
No dicionário do site UOL, jornalismo é classifica-
do como substantivo masculino e definido pela atividade
profissional que visa coletar, investigar, analisar e transmitir
periodicamente ao grande público, ou a segmentos dele,
informações da atualidade, utilizando veículos de comu-
nicação (jornal, revista, rádio, televisão etc.) para difundi-
-las. Segundo a Wikipédia, “Jornalismo é o processo de
comunicação de um assunto por um meio qualquer, como
a televisão, jornais ou rádios [...] A atividade primária do
Jornalismo é a observação e descrição de acontecimentos,
conhecida como reportagem. Para isso, o jornalista se-
15
gue um roteiro de perguntas: ‘O quê?’ (o fato ocorrido);
‘Quem?’ (o personagem envolvido); ‘Quando?’ (o momen-
to do fato); ‘Onde?’ (o local do fato); ‘Como?’ (o modo
como o fato ocorreu); e ‘Por quê?’ (a causa do ocorrido)”.
No entanto, a essência da atividade jornalística está
na seleção e organização da apuração da reportagem (a
coleta e a contextualização do acontecimento), para a pu-
blicação num determinado meio (impresso, radiofônico, te-
levisivo, online). Esse trabalho ganha o nome de “edição”.
Jornalismo é uma atividade informativa, realizada perio-
dicamente e difundida pelos meios de comunicação, num
compromisso de natureza social e com finalidade pública.
O jornalismo se consolidou no século XIX, impulsio-
nado pelo aperfeiçoamento da imprensa (com o uso da tec-
nologia do vapor) e o desenvolvimento dos novos meios de
comunicação (telégrafo, telefone, fotografia). A imprensa a
vapor foi introduzida em Londres no jornal diário The Times
em sua edição de 29 de novembro de 1814. A partir daí,
sobretudo nos Estados Unidos, o aumento do número de
exemplares impressos incrementou a assinatura de jornais.
Há cinquenta anos, os jornais eram a principal fonte de
notícias, opinião e entretenimento leve para a maioria
dos americanos. Mais importante, eram a instituição
preeminente para estabelecer o debate político e social
da nação. O único veículo de massa competitivo era o
rádio, cuja influência noticiosa era irregular. Muitos lares
recebiam um jornal matutino e um vespertino. A pene-
tração de jornais em 1945 era de 135%, o que significa
que mais jornais eram vendidos todos os dias do que o
número de lares existentes. A circulação continuou au-
mentando até o início dos anos 60, quando começou a
se estabilizar. [...] Em 1970, a circulação de jornais havia
caído abaixo do número total de lares. [...] Em 1989, a
penetração dos jornais nos lares caíra para 67%, me-
nos da metade do percentual no fim da Segunda Guerra
Mundial (Dizard Jr., 2000, p. 228).
16
Os avanços técnicos das últimas décadas (radio-
difusão, televisão, mídia online, portabilidade dos smar-
tphones) exerceram influência decisiva na linguagem
jornalística, que soube se adaptar às particularidades
específicas de cada novo meio. Esses avanços impac-
taram a periodicidade das publicações: os diários ofe-
recem a atualidade imediata das notícias, já superados
pela informação online, enquanto os veículos semanais
ou mensais se dedicam a análises e contextualizações
dos fatos, ou se aprofundam em temas mais específicos
(Costa, 2012, p. 90), como saúde, bem-estar, adminis-
tração de crises e conflitos a longo prazo.
A popularização das novas tecnologias digitais, mas so-
bretudo a portabilidade dos equipamentos de recepção,
modifica exponencialmente os modos de produção jor-
nalística. Nos dias de hoje, os próprios celulares são ins-
trumentos importantíssimos na transmissão de notícias,
visto que com eles é possível gravar imagens e sons de
forma muito mais fácil, em comparação com 15 ou 20
anos atrás (Significados/Jornalismo, online).
17
Entrar no universo do jornalismo significa ver essa
batalha por dentro, desvendar o mito da objetividade, sa-
ber quais são as fontes, discutir a liberdade de imprensa, a
formação para o exercício profissional, o papel do repórter
e do editor nesses tempos de mídias digitais em que alguns
acreditam que qualquer cidadão, de posse de um smar-
tphone, pode se imaginar um jornalista em ação. O que é
uma grande trampa ou arapuca, para não dizer trapaça.
18
preocupação com as disciplinas teóricas (cultura e forma-
ção humanística) que habilitem o futuro jornalista a apren-
der a ler e a interpretar o mundo em que atua. São muitas
considerações, mas a título de amostra, citamos o item 14
das “premissas para conceber a formação dos jornalistas”:
Diante da constatação da amplitude das decorrências
da atuação profissional dos jornalistas e da existência de
condicionamentos para o exercício de sua função social,
decorre a necessidade de, através da formação destes
profissionais, se alcançar compreensão e identificação:
a) dos fundamentos éticos prescritos para a conduta dos
jornalistas profissionais; b) da atitude de cidadania ade-
quada ao exercício profissional dos jornalistas, a partir
do reconhecimento das expectativas e necessidades da
sociedade em relação ao seu papel social e ao produ-
to da sua atividade; c) do inter-relacionamento entre as
funções profissionais dos jornalistas com as demais fun-
ções profissionais ou empresariais existentes na área das
comunicações (Fenaj, Programa Nacional de Estímulo à
Qualidade da Formação em Jornalismo, online).
19
A seriedade da missão do jornalista reside justa-
mente nessa capacidade de “captar” e de traduzir o mun-
do à sua volta. Impossível não lembrar do poeta america-
no Ezra Pound (ele disse que “os artistas são as antenas
da raça”: parafraseando: os jornalistas são as antenas do
cidadão). Para poder interpretar e ler o mundo, com dis-
tanciamento crítico das “fontes” e dos fatos, o aprendiz de
jornalista precisa amealhar uma sólida formação humanís-
tica, para contar com as chaves para desvendar sentidos e
significados que lhe escapariam caso não carregasse essa
bagagem. Mas essa preocupação com uma formação rica
em teoria (a prática pode ser assimilada rapidamente, e
em qualquer atividade, mesmo um experimentado jornalis-
ta precisará de um tempo para entender a cultura da em-
presa, seus valores e rotinas) não nasceu com o Congresso
Extraordinário da Fenaj em Vila Velha, em 1997. Vem de
muitos anos antes.
20
dam as profissões para, finalmente, se criarem as normas,
os procedimentos e os cursos – e a regulamentação das
práticas profissionais. Foi assim com o exercício da psicolo-
gia, com o da sociologia, com o da ciência política – antes
englobadas nos cursos universitários sob a denominação
genérica de “humanidades”.
No Brasil, como sabemos, a imprensa surgiu tardia-
mente, exatamente 215 anos depois de instalada no Peru,
primeiro país da América Latina a contar com esse instru-
mento de difusão de notícias e de conhecimento. Essa de-
mora causava, há duzentos anos, um sentimento de espan-
to no missionário americano Robert Walsh (Costa, 2012, p.
72). De passagem por nosso país no final dos anos 1820,
ele deixou registrada essa percepção:
21
cisco de Paula Brito ou seu pupilo mais famoso, Machado
de Assis. Nenhum desses “jornalistas” tinha educação for-
mal superior. Eram autodidatas. Mas a maioria dos pro-
fissionais de imprensa era formada por bacharéis e por
religiosos, frades e sacerdotes3. Numa primeira etapa, os
bacharéis eram os egressos dos cursos de Direito e de
Medicina da Universidade de Coimbra e costumam ser
chamados de “geração coimbrã”. No segundo momento,
eram os formados pelas faculdades de Direito do Largo
de São Francisco, em São Paulo, e do Recife. Dessas es-
colas vieram, além dos gestores, magistrados, políticos e
a elite dirigente do país, os grandes jornalistas de nossa
imprensa no século XIX.
A discussão sobre a necessidade de formação es-
pecífica para o exercício do jornalismo aparece apenas no
final do século XIX. Num congresso realizado em Lisboa em
1898, o francês Albert Bataille defendia a necessidade da
educação profissional e de preparo específico dos jornalis-
tas. O próprio Bataille tentou fundar, naquele mesmo ano,
um curso prático que funcionaria nas salas da redação do
22
jornal Le Figaro.4 Naquele congresso em Lisboa, Bataille
teria discursado:
Com o aperfeiçoamento das máquinas de imprimir, com
o telégrafo e o telefone, com a transformação do espírito
público, cada vez mais ávido de ser informado, uma me-
tamorfose se operou no jornalismo. Com ela, a polêmica
foi relegada a segundo plano e a informação passou
para o primeiro. Por isso é necessário que a formação
geral do jornalista seja completada pela educação pro-
fissional (Freire, 1936, online).
23
bra capaz de suprir as necessidades da indústria da comu-
nicação. No caso da Universidade de Missouri, o criador
do curso (mais tarde reitor da instituição), Walter Williams,
era um jornalista de modestos recursos mas de imensa vi-
são. Idealizou um curso voltado para as exigências práti-
cas: criou um jornal, The Missourian, ainda existente hoje
(acrescido de uma rádio e de uma televisão universitárias),
que servia de sala de aula para a aprendizagem de disci-
plinas ligadas à investigação e à redação dos diferentes
gêneros jornalísticos (Baptista, 2009).
Quanto ao curso de Colúmbia, poderia ter sido o
pioneiro, pois tinha condições de ser criado a partir da do-
ação de 2 milhões de dólares realizada pelo editor Joseph
Pulitzer, em 1903: a verba era destinada à criação de uma
escola de jornalismo. Mas as negociações foram demora-
das e difíceis, pois os acadêmicos da instituição descon-
fiavam das intenções do dono do tabloide sensacionalista
New York World, conhecido pelos frequentes atropelos à
ética jornalística (para não usar a palavra baixaria). Ética
jornalística, aliás, foi uma das disciplinas do curso ofereci-
do pela Colúmbia, além de história da imprensa, direito e
imprensa, além de disciplinas relacionadas com a adminis-
tração de produtos editoriais (Baptista, 2009). Como bem
pontuou Eugênio Bucci:
Que ninguém se iluda: boas faculdades são fundamen-
tais. Elas não são dispensáveis, como alguns ainda ten-
tam fazer crer. A presunção de que o jornalismo é um
“ofício que se aprende na prática” é tão ingênua quanto
despreparada. Contra isso se levantou, desde o final do
século 19, Joseph Pulitzer. De magnata da mídia ame-
ricana, ele se projetou como o principal inspirador do
Curso de Jornalismo da Universidade de Colúmbia, que
só começaria a funcionar em 1912, um ano após a sua
morte. Contra o comodismo de seus contemporâneos,
que viam na criação da escola uma perda de tempo, Pu-
24
litzer afirmava que era necessário transformar aquilo que
não passava de um ofício numa profissão nobre. E acer-
tou. Seu texto em defesa da escola de Colúmbia, lançado
em 1904, resiste como um pequeno clássico (The School
of Journalism, Seattle: Inkling Books, 2006). Deveria ser
lido pelos adeptos da tese de que “jornalismo se aprende
na prática” (Bucci, 2008, online).
25
humanístico preconizado por Bataille: aliava o conheci-
mento acadêmico (ciências humanas e sociais), ministrado
por catedráticos de renome no meio universitário, com au-
las de professores de reconhecida prática profissional.6 Ao
longo de sua história, essa foi uma das marcas do curso de
Cásper Líbero, que festejará 70 anos em 2017.
26
forma determinante, com a sua capacidade de “captar
e recriar fatos”. Só acontecia o que fosse noticiado pelo
jornalista, e sob sua decisão. Logo, não havia notícia
fora do Jornalismo e sem a intervenção mediadora do
jornalista. Reduzidas ao papel de instâncias sem vida
própria, as fontes nem citadas eram. Como se não fizes-
sem parte do todo. O estado de crise resulta da supera-
ção de tais conceitos pela realidade nova, moldada no
ambiente criado pelas modernas tecnologias de difusão.
E a mais importante decorrência da vertiginosa evolu-
ção tecnológica é, sem dúvida, a irreversível expansão
de práticas e estruturas de democracia participativa, com
sujeitos sociais dotados de alta capacidade de interven-
ção na vida real de nações e de pessoas. Nesse contexto,
o todo do processo jornalístico foi profundamente alte-
rado por uma nova relação entre o fato e a notícia. No
velho conceito e na velha realidade, havia um intervalo
entre “o acontecido” e “o noticiado”. Na ocupação desse
intervalo, e no controle que exercia sobre a atualidade,
se fundamentava o poder da ação jornalística (MEC, Di-
retrizes Curriculares de Jornalismo, online).
27
da confecção do TCC, mas da composição de sua banca.
A redação final estabelece: “uma banca examinadora for-
mada por docentes, sendo possível também a participação
de jornalistas profissionais convidados”. Como se a pre-
sença de jornalista profissional não fosse uma contribuição
desejável para o jovem formando. E por que a Comissão
eliminou a possibilidade de o graduando apresentar uma
monografia netamente de corte acadêmico?
Quanto à discussão do estágio obrigatório (algo
que, como se disse acima, é um processo a que qualquer
profissional passa ao ingressar em um novo posto de tra-
balho), passo a palavra para a pena ferina do prof. Ciro
Marcondes Filho:
A bem da verdade, a questão do estágio foi proposta a
partir da perspectiva dos grandes centros, onde há far-
tura de empresas de comunicação. Quem vai sofrer, de
fato, são as faculdades do interior e de cidades peque-
nas, em que os alunos irão se digladiar para mendigar
as mínimas vagas de estágios, podendo – inversão de
valores – até pagar para obter espaço nas precárias em-
presas jornalísticas. [...] Em verdade, as novas diretrizes
terão influência discreta nas universidades públicas, que
têm autonomia para administrar seus programas sem
interferência do MEC. Quem, de fato, sofrerá mais pre-
juízos serão as faculdades particulares, pois dependem
da validação de seus cursos pelo MEC. O que vai acon-
tecer é que se irá criar uma rendosa indústria da nor-
matização, espécie de negociata entre poder público e
associações, em que “especialistas em novas diretrizes”,
validados pelo MEC, visitarão essas faculdades, aponta-
rão as “de ciências adaptativas” e sugerirão consultorias
de empresas amigas (suas), que se bem pagas irão pôr
essas faculdades nos trilhos. Bom negócio para muita
gente esperta (Marcondes, Cult, online).
28
ensino sério e de alta qualidade para a formação do pro-
fissional no âmbito do jornalismo. Que venham mais co-
missões, mais congressos extraordinários de entidades de
classe para contribuir com o aprofundamento dessa busca.
29
além, a vida acontece na rua, na praça”. Não podemos
dizer que esta é a grande revolução, isso não é verdade
(Costa; Oliveira; Chapel, 2013, p. 20).
30
O pensamento crítico capacita o estudante de jor-
nalismo a ler os grandes temas do mundo em perspectiva.
Isso faz lembrar de que, em sala de aula, o saudoso pro-
fessor Octavio Ianni (com que tive o privilégio de fazer um
curso durante o mestrado e tê-lo na banca de qualificação
e de defesa da dissertação) costumava utilizar a expressão
“taquigrafar a realidade”. Trazê-la para perto e interpretá-
-la, num olhar em perspectiva ou em paralaxe, para usar
a expressão de Slavoj Žižek. Esse é o pulo do gato nesses
tempos ocos de selfies e de autoexposição online.
Em vez de estimular essa busca de um olhar que
privilegie a diversidade cultural, busca-se a populariza-
ção, a simplificação do que é em si complexo, o mínimo
divisor comum. Nivelar por baixo é mais importante do
que estimular a diversidade e a valorização da diferença
cultural. Por isso é indispensável valorizar a atividade do
jornalista. Quanto maior o volume de informação dispo-
nível, mais necessidade teremos de jornalistas para in-
terpretar e criar essas narrativas que deem conta do que
acontece no mundo. Mas o que o modelo econômico
prega hoje é justamente o contrário: que basta dominar
algumas técnicas e ferramentas digitais e está tudo feito.
Foi por isso que, naquela longínqua tarde de 2007, me
irritei com o novidadeiro professor francês que afirmou a
besteira sobre o cidadão munido de um smartphone se
transformar em um jornalista.
A interatividade do ouvinte de rádio ao informar
no whatsapp sobre a lentidão do trânsito numa aveni-
da não configura um trabalho jornalístico. Muitas vezes
aconteceu de eu dirigir no trânsito e receber pelo rádio a
informação de que a avenida por onde trafegava estava
congestionada. Essa informação poderia estar correta 10
minutos antes, não no momento em que eu passava por
ali. O internauta, o ouvinte, o telespectador é apenas o
31
transmissor de uma foto, de uma informação (sempre tive
resistência a essa expressão, “transmissor”, que lembra o
Aedes aegypti, o mosquito que transmite a dengue, agora
em alta em tempos do zika-vírus). Mas volto a palavra
para Dominique Wolton:
Costumo dizer a jornalistas: vocês são indispensáveis na
revolução da informação; mais do que nunca vocês são
os soldados da democracia. Mas devem se rebelar contra
a ideologia da técnica, contra a vulgarização, vocês são
o fundamento da democracia, pois se as pessoas nunca
perderem a confiança no jornalista, tudo será possível.
A missão democrática do jornalista no século 21 é tão
importante quanto foi para o século 19, talvez até mais
(Costa; Oliveira; Chapel, 2013, p. 21).
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Por um jornalismo que mereça
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Carlos Eduardo Sandano Santos
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jornalismo interpretativo1
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2 Rubem Alves, em O amor que acende a lua (2002), escreve que todo
mundo gosta muito de aprender a falar, mas que ninguém está disposto a
aprender a ouvir. Ouvir é coisa demorada, exige um tempo de dedicação
ao outro. Ouvir, de verdade, pede atenção total ao outro. Por que não
implantar cursos de Escutatória, como há os de Oratória?, ele se pergunta.
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delo foi sendo copiado mundo afora. No bojo dessas mudanças nasce
no Brasil, em 1929, a revista O Cruzeiro, ilustrada, ocupada em fazer
reportagem.
12 Ver em “Poética da intepretação” (Medina, 2003, p. 125-136) a lei-
tura que Medina faz dos esforços empreendidos trinta anos antes, junto
com Paulo Roberto Leandro, para entender a interpretação.
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contemporaneidade: teoria crítica
e poder espetacular integrado
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Papel, paredes, telas e redes:
comunicação, jornalismo e
educação
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Formas e conteúdos
Além de estimular e entreter, as telas estão infor-
mando e formando? Enquanto meios de comunicação, es-
tão trabalhando a complexidade e a necessidade da edu-
cação no Brasil?
Estão contribuindo para que todas as classes te-
nham consciência das questões de educação?
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paulistana: o jornalista, o
blogueiro e o usuário das redes
digitais de ranqueamento
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Conhecendo o Pomodori
O restaurante Pomorodi, inaugurado em 2003,
está localizado no bairro nobre paulistano do Itaim Bibi,
e dedica-se à culinária italiana de alta qualidade, des-
tacando-se pelas massas artesanais produzidas na hora
com ingredientes caros. Na sua inauguração, o Pomoro-
di tinha poucos lugares, uma estratégia comercial dife-
rente na época para aquele que, talvez, tenha sido um
dos primeiros restaurantes autorais da “nova geração”
em São Paulo. Seus antigos chefes Jefferson Rueda e Ro-
drigo Martins são hoje renomados empresários de suces-
so. A chefe Tássia Magalhães, que atualmente comanda
a casa, teria introduzido nas receitas tradicionais “toques
leves e autênticos”. O lugar abre para almoço todos os
dias, e para jantar de segunda-feira a sábado, acomo-
dando, no momento, até 64 pessoas em seu ambiente
intimista, uma charmosa casa em cujo interior destaca-
se o teto em madeira escura.
Sobre Tássia Magalhães, há no site do Pomorodi
diminuta biografia profissional que, não poderia ser dife-
rente, exalta as muitas qualidades da “chef revelação”, há-
bil em combinar ingredientes em pratos autorais e leves. A
matéria publicada pela Folha de S.Paulo, em abril de 2013,
dá conta que Tássia formou-se no Senac de Campos do
Jordão e iniciou sua carreira no próprio Pomorodi. A mes-
ma matéria se encarrega de fazer uma fofoca: explica que
Tássia assumiu o lugar de Diogo Silveira, sócio do local,
porque ele teria brigado com Mariana Thompson, também
sócia, afastando-se do comando da cozinha.
Aliás, o Pomodori já apareceu algumas vezes na
mídia especializada por conta de confusões entre os seus
proprietários. A revista Prazeres da Mesa, dirigida por Ri-
cardo Castilho, deu a seguinte nota em fevereiro de 2011:
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Responsabilidade do jornalismo
Durante o regime, sob as rédeas de presidentes
militares, a imprensa, sobretudo a grande mídia, vivia um
intenso processo de censura; na atualidade, a liberdade
de imprensa não garante que o jornalista ou o veículo de
comunicação seja favorável aos movimentos sociais.
Assim como no caso do assassinato de Edson Luís,
em 1968, a repressão policial, em São Paulo, no dia 13 de
junho de 2013, em que jornalistas e manifestantes foram
alvejados com tiros de balas de borracha, causou revolta
na população, e novamente as ruas brasileiras foram visi-
tadas por manifestantes. Na atualidade, acredita-se que o
episódio violento, somado às imagens da atuação da PM
paulistana, disponibilizadas e compartilhadas nas redes
sociais, ajudou na mudança de posicionamento da grande
mídia sobre as manifestações. Grosso modo, a mudança
de discurso da grande mídia ficou parecendo uma espécie
de autorização para que as pessoas saíssem de suas casas
e ocupassem as vias públicas.
Llosa (2013, p. 47) discorre sobre a maneira como
o jornalismo atua na contemporaneidade:
Uma das consequências de transformar o entretenimento
e a diversão em valor supremo de uma época é que, no
campo da informação, isso vai produzindo, impercepti-
velmente, uma perturbação subliminar das prioridades:
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Considerações finais
Na sociedade capitalista da informação, em que
a velocidade dos acontecimentos, somada ao excesso de
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Mobilis in Mobile, 1991.
153
Eliana Natividade Carlos
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Jornalismo como forma de
conhecimento: um ensaio
Giovanni Pampolha Guerreiro
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Giovanni Pampolha Guerreiro
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Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
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Giovanni Pampolha Guerreiro
Características do saber
No âmbito da produção do conhecimento, obser-
vações revelam a necessidade de fundamentos teóricos,
ou matrizes, como propôs o jornalista e sociólogo Jairo
Ferreira ao tratar das matrizes do conhecimento jornalís-
tico. Segundo ele, “as relações entre estes quatro planos
de desenvolvimento do conhecimento (epistêmico, sim-
bólico, instrumental e prático) são de mútua interação, e
constituem matrizes de conhecimento” (Ferreira, 2000, p.
9-10). Essas quatro matrizes, entretanto, não são inde-
pendentes entre si, muito pelo contrário. Elas se interligam
meios de comunicação agendam nossas conversas. Ou seja, a mídia nos
diz sobre o que falar” (Pena, 2005, p. 142).
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Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
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Giovanni Pampolha Guerreiro
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Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
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Giovanni Pampolha Guerreiro
Embates ideológicos
Forte e frágil, imediato e perene, revelador e ex-
cludente. Fica claro o motivo pelo qual os debates sobre o
jornalismo como forma de conhecimento têm dificuldade
de sair do monocromático. A discussão passa a ser, eventu-
almente, sobre a qualidade deste ou daquele produto jor-
nalístico, não sobre o potencial intrínseco do conteúdo. Tor-
na-se um debate de identidade. Assim, trabalhada como
uma forma de representação por meio da própria imitação
dessa representação (crença), que se dá de maneira tanto
individual quanto coletiva, ela precisa se assentar em algu-
mas ideias, em geral consideradas incontestáveis por seus
seguidores: é a chamada ideologia.3
Segundo Roberto Cardoso de Oliveira (1976), a
ideologia possui um papel preponderante na manuten-
ção da identidade, mas sua aplicação ao fenômeno é
pouco elucidativa, pois normalmente não se considera a
ideologia como parte da definição de identidade. E, ten-
do noções distintas, a ideologia teria apenas uma rela-
ção com a identidade e seria uma forma mantenedora
das identidades grupais. Dentre as várias necessidades
dos indivíduos está a de manter o máximo que puderem
o sentimento de identidade, levando-os, assim, a buscar
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Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
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Giovanni Pampolha Guerreiro
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Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
A legitimidade do conhecimento
A compreensão acerca das formas de conhecimen-
to é diversa, em especial nas Ciências Humanas. Todas elas
têm o homem como seu objeto de estudo, mas possuem
abordagens diferentes. Ainda que suas essências sejam pa-
recidas e tenham a mesma origem, essas ciências buscam
formas de conhecimentos distintas, e o fazem a partir de
métodos peculiares.
Com o jornalismo não é diferente. E nem teria de
ser. Afinal, jornalistas colocam essa forma de conhecimento
em prática diariamente, ao redor do mundo. E o conheci-
mento jornalístico funciona em bases diferentes de outros
conhecimentos. Jornalistas, assim como cientistas, imagi-
nam, discutem, apuram, questionam e protestam, é claro,
até divulgar o conhecimento. Até publicar a notícia. Mas a
relação com o modo de produção é diferente, o sistema
econômico é diferente e, principalmente, a durabilidade é
diferente. Isso polariza sobremaneira o debate do jorna-
lismo como forma de conhecimento, o que acaba criando
estruturas sociais muito claras e faz a discussão enveredar
para o lado da qualidade do jornalismo.
Em um momento de reprodutibilidade acelerada,
em que a informação do mundo e da sociedade é cada
vez mais fragmentada e sua compreensão cada vez mais
difícil, “não é aconselhável descartar a priori qualquer das
formas disponíveis de conhecer e re-conhecer o mundo,
por mais limitada e singela que possa parecer”, afirma
Meditsch (2002, p. 6).
Daí a necessidade de se compreender melhor como fun-
ciona o jornalismo como modo de conhecimento, e de
investigar até que ponto ele não será capaz de nos re-
velar aspectos da realidade que não são alcançados por
outros modos de conhecer mais prestigiados em nossa
cultura (Grifo do autor).
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Giovanni Pampolha Guerreiro
166
Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
Referências
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lis: Vozes, 2012.
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Giovanni Pampolha Guerreiro
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Dinâmicas que atravessam
o jornalismo na
contemporaneidade
José Eugenio Menezes
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José Eugenio Menezes
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Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade
Dinâmicas simbólicas
As dinâmicas simbólicas interessam de perto aos
estudos de comunicação e jornalismo pelo fato de que,
apesar de trabalharmos diariamente com os símbolos,
nem sempre percebemos que, como já lembrou Harry
Pross, eles vivem mais que os homens. As imagens ar-
quetípicas, presentes na longa história dos sonhos das
diversas culturas, alimentam nossos ideais cotidianos
de colaboração e coparticipação no âmbito das rela-
ções sociais. No entanto, também podem ser observadas
quando se cultivam notícias marcadas por polaridades
que justificam as guerras ou pelas contendas no trato
com os outros, isto é, com aqueles que não comparti-
lham o mesmo território ou os mesmos valores. Pouco
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Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade
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Dinâmicas tecnológicas
As dinâmicas emergentes do uso dos aparatos técni-
cos que privilegiam a velocidade do tráfego de informações
no contexto capitalista contemporâneo marcam profunda-
mente a formação e atuação dos jornalistas. Enquanto os
aparatos técnicos estão, como acenamos antes, constan-
temente online, os cidadãos que os usam ainda precisam
descansar oito horas por dia e necessitam, para isso, des-
conectar os aparelhos por alguns períodos de tempo. Essas
questões já foram levantadas pelo comunicólogo espanhol
Vicente Romano (1935-2014) quando, a partir do deba-
te sobre temas ecológicos relacionados à preservação do
planeta, propôs uma ecologia da comunicação frisando,
entre outros elementos, que a ampla capacidade técnica de
interconexão deveria respeitar a capacidade de operação
dos sentidos na comunicação face a face. Precisaria contar
com o envolvimento do tato, do olfato, do gosto, além dos
sentidos da audição e da visão ampliados por aparelhos
eletrônicos que permitem ver e ouvir continuamente
cenários ou acontecimentos de outros locais do globo.
O embaralhamento mediático das dimensões dos
espaços e tempos vividos permitiu a emergência da cha-
mada “condição glocal”, que, segundo o pesquisador bra-
sileiro Eugênio Trivinho, borrou as separações entre público
e privado, próximo e distante, coletivo e individual, interno
e externo, coletivo e individual, familiar e heterodoxo, real
e imaginário. Nesse contexto, além da opção radical e ad-
mirável de voltar aos campos e cultivar os frutos da terra,
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Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade
Dinâmicas acadêmicas
As mudanças na formação e atuação dos jornalis-
tas estão a pleno vapor. Implicam um progressivo diálogo
entre instituições de ensino, jovens estudantes, pesquisa-
dores, empreendedores, corporações de media e grupos
de protagonistas que se propõem a ser um pouco mais in-
dependentes das tendências exageradamente mercadoló-
gicas. Análises críticas podem ser acompanhadas em redes
que alimentam o debate a respeito do jornalismo, como
o Observatório da Imprensa, nas publicações dos sindica-
tos e nos trabalhos da Federação Nacional dos Jornalistas
– Fenaj. Pesquisas científicas a respeito são apresentadas
anualmente nos congressos da Sociedade Brasileira de Es-
tudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom e nos
encontros anuais da Associação Nacional de Programas de
Pós-Graduação em Comunicação – Compós.
Por outro lado, no conjunto de publicações científi-
cas na área da Comunicação destacam-se duas, voltadas
especialmente ao jornalismo: a Brazilian Journalism Rese-
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José Eugenio Menezes
Caminho a percorrer
As dinâmicas elencadas podem permitir o cres-
cimento da consciência de que os processos de comuni-
cação, entre eles aqueles próprios dos jornalistas, não se
constituem naquilo que muitos empregadores contemporâ-
neos ainda chamam de ferramentas de comunicação, em
sentido instrumental. Uma reportagem publicada online ou
mesmo um cartaz usado na comunicação interna de uma
organização não deveriam ser tratados apenas como fer-
ramentas de comunicação. Constituem parte de processos
comunicativos que podem ser estudados de forma sistêmi-
ca, considerando que toda comunicação começa no corpo
e para ele retorna, compreendendo que os atores parti-
cipam dos processos e estão envolvidos nos mesmos. Tal
perspectiva permite perceber que os protagonistas, entre
eles os jornalistas, compartilham de uma ecologia da co-
municação, da qual participam, como se executassem uma
sinfonia, os corpos, as imagens e os sons, os textos escritos
e as diversas expressões compartilhadas em sistemas codi-
ficados na forma de zero e um do universo digital.
As dinâmicas apontadas não compreendem a ri-
queza das abordagens em constante desenvolvimento
no estudo a respeito da formação e atuação dos jorna-
listas. Pretendem apenas lembrar ao autor e aos leitores
que temos um longo caminho a percorrer, posturas a
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Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade
Referências
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bre a comunicação presencial na era telemática. In: BARBOSA,
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FERRARA, Lucrécia D’Alessio. Comunicação, mediações, inte-
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FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma
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José Eugenio Menezes
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Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade
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José Eugenio Menezes
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A mediação social do jornalista na
cobertura radiofônica do trânsito1
Mara Ferreira Rovida
1 Uma primeira versão deste texto foi publicada nos Anais do Congres-
so Intercom de 2013.
2 Uma pesquisa realizada em março de 2013 pelo portal Comunique-se
revelou que as principais emissoras de radiojornalismo de São Paulo
dedicavam, em média, 10,5% do horário nobre à cobertura do trânsito.
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A mediação social do jornalista na cobertura radiofônica do trânsito
O repórter em trânsito
Com base nessa cena, que parece perturbar a or-
dem mais comum8 do cenário urbano observado na pes-
quisa, foi traçado um projeto de trabalho de campo cujo
objetivo era vivenciar o espaço do trânsito sob a ótica dos
dois principais personagens que aparecem no episódio
narrado: caminhoneiro e repórter. Mas, neste artigo, será
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Um espaço de diálogo
O repórter tem a experiência do espaço urbano; a
emissora não apenas permite como incentiva o público a
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A mediação social do jornalista na cobertura radiofônica do trânsito
Referências
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Fontes testemunhais, autorizadas
e experts na construção
jornalística das catástrofes1
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Capital com a
valoração
valoração
Opinião 11 3 2 2 18 41,86%
Saber 7 - 8 2 17 39,53%
Decisão 5 0 3 8 18,60%
Descrição - - - - -
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Total de Percentagem
Carta citações
Época Veja IstoÉ com a de cada
Capital valoração
valoração
Saber 16 19 14 5 54 60,00%
Opinião 16 5 7 7 35 38,88%
Descrição 1 0 0 0 1 01,11%
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Opinião 13 8 5 0 26 33,76%
Saber 0 2 5 0 7 09,09%
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Fontes testemunhais, autorizadas e experts na construção jornalística
Considerações finais
As condições de produção do discurso jornalístico
na cobertura de uma tragédia são bastante diferenciadas.
Há uma política de visibilidade das fontes que varia na me-
dida em que o tempo passa. Tão logo ecloda o proble-
ma, há uma escassez de fontes, uma profusão de dados
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Fontes testemunhais, autorizadas e experts na construção jornalística
Referências
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“Voz do Brasil”
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O conceito de noticiabilidade
Diversos autores vêm se dedicando a estudar o
campo jornalístico – a partir das teorias do jornalismo, da
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Considerações finais
Ao longo de quase toda a sua história, a Voz do Bra-
sil prestou-se ao papel de veículo a serviço dos interesses
do governo. Criado durante o governo de Getúlio Vargas,
o programa moldou seu estilo editorial sob a ditadura do
Estado Novo e foi influenciado pelos modelos de comu-
nicação nazi-fascista. Essa característica de porta-voz do
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Critérios de noticiabilidade na “Voz do Brasil”
Referências
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BUCCI, Eugênio. Em Brasília, 19 horas: a guerra entre a cha-
pa-branca e o direito à informação no primeiro governo Lula.
São Paulo: Record, 2008.
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Renato Delmanto
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Fait divers e folhetim: a tênue
fronteira entre literatura
e jornalismo
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Fait divers e folhetim: a tênue fronteira entre literatura e jornalismo
Fait divers
No tocante à produção jornalística da época, con-
vém destacar uma curiosa frase presente tanto em Ilusões
perdidas quanto em Monografia da imprensa pariense:
“Para o jornalista, tudo que é provável é verdadeiro”.
José Miguel Wisnik tece uma interessante observa-
ção sobre esta frase ao compará-la ao conceito aristotélico
da verossimilhança, em que “a obra do poeta não consiste
em contar o que aconteceu, mas sim coisas que podiam
acontecer, possíveis do ponto de vista da verossimilhança
ou da necessidade” (Aristóteles, 1997).
Aristóteles difere o historiador do poeta, pois um
narra acontecimentos e o outro, fatos que poderiam acon-
tecer. Surpreendentemente, Balzac aproxima o jornalista,
que narra acontecimentos, do poeta. O jornalista passa
a narrar, então, acontecimentos que poderiam acontecer
(Wisnik, 1992, p. 327).
No que tange ao conceito de verossimilhança, o au-
tor de Monografia tece uma observação interessante sobre
os canards:
É nas Notícias Breves que se produzem os Canards. [...]
A relação do fato anormal, monstruoso, impossível e
verdadeiro, possível e falso, que servia de elemento aos
Canards, foi chamada então nos jornais de Canard,
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com tanta razão pelo fato de que não é feito sem pe-
nas, e que pode ser colocado em qualquer molho (Bal-
zac, 2004, p. 52-53).2
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Folhetim
O folhetim correspondia à página do jornal reser-
vada à ficção, em que era possível treinar a narrativa,
uma vez que se aceitavam “mestres e noviços do gênero,
histórias curtas ou menos curtas” e adotava-se “a moda
inglesa de publicações em série” (Meyer, 1996, p. 58).
Aliás, nem o folhetim foi poupado pela pena afiada do
autor de Monografia:
Geffroy foi o pai do folhetim. O folhetim é uma criação que
só pertence a Paris, e só pode existir em Paris. Em nenhum
país poder-se-ia encontrar esta exuberância do espírito,
esta zombaria em todos os tons, estes tesouros de razão
gastos loucamente, estas existências que se dedicam ao es-
tado de confusão, a uma parada semanal incessantemente
esquecida, e que deve ter a infalibilidade do almanaque,
a leveza da renda, e decorar com um cortinado o vestido
do jornal todas as segundas-feiras (Balzac, 2004, p. 115).
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Conclusão
O surgimento da imprensa popular no século XIX
estreita a ligação entre jornalismo e literatura. Conforme
constatamos, o caráter polissêmico e ambíguo das notícias
populares as aproximava do campo literário. Não por aca-
so os fait divers inspiraram romances clássicos, entre eles O
vermelho e o negro e Madame Bovary.
Além do fait divers, vimos que os folhetins também ti-
veram importante papel no imbricamento entre o jornalismo
e a literatura. Malgrado a crítica de alguns, grande parte dos
ficcionistas oitocentistas trilha o mesmo caminho: as primei-
ras publicações de suas obras nas páginas dos jornais.
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Fait divers e folhetim: a tênue fronteira entre literatura e jornalismo
Referências
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19. São Paulo: Nankin Editorial, 2004.
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Vera Helena Saad Rossi
260
Autores
Carlos Costa – Doutor em Ciências da Comuni-
cação pela Universidade de São Paulo (USP, 2007), possui
graduação em Teologia pelo Instituto de los Sagrados Co-
razones, El Escorial, Madrid (1972), graduação em Filoso-
fia (revalidação de estudos) pela Universidade Mogi das
Cruzes (1973), graduação em Jornalismo pela Faculdade
Cásper Líbero (1978) e mestrado em Ciências da Comu-
nicação pela USP (2003). É diretor da Faculdade Cásper
Líbero (quadriênio 2015-2018). Foi (2007-2010 e 2013-
2014) coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade,
instituição em que é professor titular de História da Comu-
nicação na graduação do mesmo curso. Publicou o livro A
revista no Brasil do século XIX: a história da formação das
publicações, do leitor e da identidade do brasileiro, tema de
seu doutorado (Editora Alameda: São Paulo, 2012).
261
Cilene Victor da Silva – Doutora em Saúde
Pública pela Universidade de São Paulo (USP, 2001),
mestre em Comunicação Científica e Tecnológica pela
Universidade Metodista de São Paulo (1995) e Especia-
lista em Comunicação Aplicada à Saúde pela mesma
Instituição (1994). Professora dos cursos de Jornalis-
mo e Relações Públicas, editora do periódico científico
Communicare e coordenadora do Centro Interdiscipli-
nar de Pesquisa da Faculdade Cásper Líbero. Como
jornalista das áreas de ciência e meio ambiente desde
1991, tem atuado como editora das revistas Com Ci-
ência Ambiental e Diálogo Brasil Alemanha de Ciência,
Pesquisa e Inovação. Atua como pesquisadora e consul-
tora nas áreas de comunicação e percepção de riscos
de desastres naturais, com foco no papel da comunica-
ção como uma das ferramentas de programas e ações
de redução de riscos de desastres – RRD.
262
Dimas A. Künsch – Doutor em Ciências da Co-
municação pela Universidade de São Paulo (USP, 2004),
possui graduação em Filosofia pela Faculdade de Filosofia
Nossa Senhora Medianeira (1977), em Teologia pela Leo-
pold-Franzens Universität, Innsbruck, Áustria (1984) e mes-
trado em Integração da América Latina pela USP (1999).
É Especialista em Psicologia Junguiana pela Faculdade de
Ciências da Saúde (Facis) de São Paulo (2015). Coordena o
Programa de Pós-Graduação em Comunicação - Mestrado
em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero. É também
professor de graduação e de pós-graduação da mesma
Instituição. Lidera o grupo de pesquisa “Comunicação, Jor-
nalismo e Epistemologia da Compreensão” e coordena o
projeto de pesquisa “A compreensão como método: suas
teorias e práticas”, que reúne pesquisadores da Cásper
Líbero e da Facultad de Comunicaciones da Universida-
de de Antioquia, Medellín, Colômbia. É autor de livros e
artigos sobre comunicação, jornalismo, narrativas míticas,
pensamento da complexidade e da compreensão.
263
Eduardo Scott Franco de Camargo – Adminis-
trador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas
(FGV) com foco em Marketing e Finanças, especializou-se
em Administração de Alimentos e Bebidas na Escola de Ho-
telaria da Universidade de Cornell, EUA. Lecionou Gestão
de Operações de Alimentos e Bebidas na Escola de Gas-
tronomia da Universidade Anhembi Morumbi e Alimentos
e Bebidas na Escola de Hotelaria da Estácio de Sá. Aluno
do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Fa-
culdade Cásper Líbero, onde, sob orientação do Prof. Dr.
Marcelo Santos, desenvolve projeto ligado a mudanças na
crítica gastronômica a partir da difusão das mídias sociais.
264
o grupo de pesquisa “Comunicação e Cultura do Ouvir”.
Membro do CISC, o Centro Interdisciplinar de Semiótica da
Cultura e da Mídia (PUC/SP). Autor de Rádio e cidade: vín-
culos sonoros (São Paulo: Annablume, 2007) e co-organi-
zador dos livros Comunicação e cultura do ouvir (São Paulo:
Plêiade, 2012) e Comunicação, tecnologia e cidadania (São
Paulo: Plêiade, 2013). Desenvolve e orienta pesquisas em
temas como cultura do ouvir, ecologia da comunicação,
vínculos e ambientes comunicacionais.
265
Fabra, Espanha. Professora do Programa de Pós-Gradua-
ção da Universidade Federal de Santa Maria, pesquisadora
do CNPq, líder do Grupo de Pesquisa “Estudos de Jornalis-
mo” (UFSM/CNPq).
266
JORNALISMO E CONTEMPORANEIDADE um olhar crítico
sor não deveria jamais dizer que Como escreve Clóvis Rossi, o
isto [aponta seu celular] é a re- jornalismo é uma fascinante ba-
volução! Não é uma revolução,
Série Comunicação na Contemporaneidade talha pela conquista das mentes
esta é apenas uma ferramenta e corações de seus alvos – lei-
A formação do jornalista: olhar crítico e contemporaneidade
técnica, a revolução é a forma Carlos Costa tores, telespectadores ou ou-
como iremos usá-la”. (...) vintes. Entrar no seu universo
A seriedade da missão do jorna- Por um jornalismo que mereça o Nobel significa ver essa batalha por
lista reside justamente na capa- Carlos Eduardo Sandano Santos dentro, desvendar o mito da
cidade de “captar” e de traduzir objetividade, saber quais são
A palavra que cura, a narrativa e o jornalismo interpretativo
o mundo à sua volta. Impossível Cilene Victor da Silva e Dimas A. Künsch as fontes, discutir a liberdade
não lembrar do poeta americano de imprensa, a formação para
Ezra Pound (ele disse que “os Jornalismo e política na contemporaneidade: teoria crítica e o exercício profissional, o papel
artistas são as antenas da raça” poder espetacular integrado do repórter e do editor nestes
Cláudio Novaes Pinto Coelho
– parafraseando: os jornalistas tempos de mídias digitais em
são as antenas do cidadão). Para Papel, paredes, telas e redes: comunicação, jornalismo e educação que alguns acreditam que qual-
poder interpretar e ler o mundo, Dulcília Schroeder Buitoni quer cidadão, de posse de um
com distanciamento crítico das smartphone, pode se imaginar
“fontes” e dos fatos, o aprendiz Mudanças na crítica gastronômica paulistana: o jornalista, o um jornalista em ação. O que é
blogueiro e o usuário das redes digitais de ranqueamento
de jornalista precisa amealhar uma grande trampa ou arapu-
Eduardo Scott Franco de Camargo e Marcelo Santos
uma sólida formação humanísti- ca, para não dizer trapaça. (...)
ca para contar com as chaves para O jornalismo nas manifestações de junho de 2013 e a sociedade Ao entrevistar o sociólogo fran-
desvendar sentidos e significados do espetáculo cês Dominique Wolton, em ju-
que lhe escapariam caso não car- Eliana Natividade Carlos lho de 2013, um dos melhores
regasse essa bagagem. (...) momentos da longa conversa foi
Jornalismo como forma de conhecimento: um ensaio
O pensamento crítico capacita Giovanni Pampolha Guerreiro quando falamos sobre a forma-
o estudante de jornalismo a ler ção e a atuação do jornalista nos
os grandes temas do mundo em Dinâmicas que atravessam o jornalismo na contemporaneidade tempos das mídias sociais. Lem-
perspectiva. Isso faz lembrar de José Eugenio Menezes brei-lhe que, sete anos antes, eu
JORNALISMO
que, em sala de aula, o saudoso havia mediado um debate, na
A mediação social do jornalista na cobertura radiofônica do trânsito
professor Octavio Ianni costu- Mara Ferreira Rovida Faculdade Cásper Líbero, com
mava utilizar a expressão “ta- um professor francês, da Univer-
quigrafar a realidade”. Trazê-la
para perto e interpretá-la, num
Fontes testemunhais, autorizadas e experts na construção jornalística
das catástrofes E CONTEMPORANEIDADE sidade de Rennes. O convidado
afirmara, em sua intervenção,
Márcia Franz Amaral
olhar em perspectiva ou em pa- que “hoje qualquer cidadão com
ralaxe, para usar a expressão de Critérios de noticiabilidade na “Voz do Brasil” um olhar crítico um telefone celular na mão é um