Marcello Caetano

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Marcello Caetano nasceu a 17 de agosto de 1906, em

Lisboa, no bairro da Graça.

A sua infância foi marcada pela morte da mãe aos dez


anos e depois pelos anos conturbados da Primeira
República.

Influenciado pelo pai, desejou tornar-se padre e, mais


tarde, médico,[3] acabando por cursar Letras no Liceu
Camões e seguir para a Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa.

Marcello Caetano licenciou-se em Direito em 1927, e


doutorou-se em Ciências Político-Económicas, 1931; foi
de resto o primeiro doutorado desse grupo, na Faculdade
de Direito de Lisboa.

O Marcelismo correspondeu ao projeto político de


Marcello Caetano de criar uma certa abertura política e
modernizar o país, mas sem descolonizar ou
democratizar. De facto, procedeu a reformas na
economia, na sociedade e no ensino, mas não conseguiu
fazer vingar a sua solução federada para as colónias,
onde manteve a guerra. A prometida abertura política não
aconteceu, tendo endurecido a repressão.
O Marcelismo é a designação do projeto político de Marcello Caetano,
que substituiu Salazar na Presidência do Conselho de Ministros. Na
sua tomada de posse, em 27 de setembro de 1968, prometeu aos mais
liberais, reformas políticas, económicas e sociais e, aos mais
conservadores, a manutenção da guerra colonial.

Caetano permitiu uma certa descompressão da repressão, alterando a


Censura para Exame Prévio e a PIDE para Direcção-Geral de
Segurança (DGS). Apesar de recusar a democracia, autorizou o
regresso de exilados políticos, como Mário Soares e o bispo do Porto,
e convocou eleições que enunciou como livres, prometendo a consulta
dos cadernos eleitorais, a fiscalização das mesas de voto e o direito
de voto às mulheres alfabetizadas.

Apesar das promessas de liberdade, Caetano infletiu a sua política


quando a contestação estudantil contra a guerra colonial espoletou
um movimento grevista e de apoio à CEUD e à CDE. Imediatamente
endureceu a repressão sobre oposicionistas, trabalhadores, delegados
sindicais, estudantes e professores, sendo muitos presos.

Os resultados das eleições vieram a comprovar nova fraude eleitoral: a


ANP elegeu todos os deputados e a oposição nenhum. Não obstante
os deputados mais liberais eleitos pela ANP acabaram por não
conseguir fazer passar nenhuma proposta de liberalização.

Esta regressão na marcha liberal marcou uma nova fase no


Marcelismo, mais centrada na guerra colonial, mesmo com as críticas
aos gastos que esta comportava e com a manifestação, por alguns
grupos económicos, da preferência pelo mercado europeu ao invés do
colonial. No entanto, prevaleceram os interesses dos grandes grupos
presentes nas colónias e Marcello, que sempre recusou a
descolonização, não conseguiu que vingasse a solução federalista que
defendia desde 1960.

A opção pela guerra colonial manteve o isolamento internacional de


Portugal, cujos acontecimentos mais dramáticos foram a receção dos
dirigentes dos movimentos de libertação pelo Papa Paulo VI em 1970,
o reconhecimento pela ONU da declaração unilateral da independência
da Guiné-Bissau em 1973 e as manifestações contra os massacres de
Wiriyamu, em Moçambique, aquando da sua visita a Londres.

No plano económico-social Caetano concretizou políticas de


modernização liberalizando o sistema corporativo e os sindicatos, e
adotando medidas de assistência social, como a criação de centros de
saúde, da Caixa de Previdência Rural e da ADSE.

Marcelo Caetano sucedeu a Oliveira Salazar em 1968, e o


país viveu a primavera marcelista, uma expetativa de
mudança que não se concretizou. Cada vez mais sozinho,
foi cercado no quartel do Carmo, em abril de 1974, e
entregou o poder ao general Spínola.
Formado em direito ajudou, ainda jovem, na redação da constituição
do Estado Novo, sufragada em 1933.

Ligado ao ensino de direito ao longo de várias décadas começou a


carreira política nos anos quarenta na liderança da Mocidade
Portuguesa.

Apontado como um dos delfins de Oliveira Salazar, assume a


presidência do Conselho de Ministros quando este último deixa o
poder, incapacitado, após cair de uma cadeira. A sua nomeação, em
1968, abre grandes expetativas entre as correntes mais progressistas
da União Nacional, o partido único no país, mas estas depressa saem
goradas e Marcelo Caetano vê-se cada vez mais sozinho, abandonado
tanto pela chamada linha dura como pelos progressistas do regime.

Em 1974 resiste à tentativa de golpe que tem lugar a 16 de Março, mas


o mesmo não acontece passado pouco mais de um mês. No dia 25 de
Abril, cercado no quartel da GNR do Carmo, rende-se e entrega o poder
ao General Spínola.

Morre em 1980 no Brasil, país onde se tinha exilado.

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