Guia Do Movimento Paredista

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Sumário

1 APRESENTAÇÃO
Página 7

2 INTRODUÇÃO
Página 8

3 O QUE É MOVIMENTO PAREDISTA?


Página 10

4
EM QUE MOMENTOS SÃO REALIZADOS OS
MOVIMENTOS PAREDISTAS?
Página 14

5
EXEMPLOS DE MOVIMENTOS PAREDISTAS
QUE NÃO CONFIGURAM GREVE
Página 18

6 QUAL É O CONCEITO DE GREVE?


Página 22

7
PODE-SE FAZER GREVE NO SERVIÇO
PÚBLICO?
Página 26

8
QUEM ESTÁ EM ESTÁGIO PROBATÓRIO PODE
PARTICIPAR DO MOVIMENTO DE GREVE?
Página 30
5

9
O SERVIDOR PODE SER PUNIDO POR
TER PARTICIPADO DE GREVE?
Página 32

10
A QUAL NORMA O SERVIDOR GREVISTA
DEVE RECORRER?
Página 34

11
EXISTE ALGUMA FORMALIDADE ANTES
DE SE DEFLAGRAR UMA GREVE?
Página 36

12 UMA VEZ EM GREVE, O QUE FAZER COM


OS SERVIÇOS ESSENCIAIS?
Página 40

13 QUAIS SÃO OS SERVIÇOS ESSENCIAIS?


Página 42

14 O QUE SÃO “NECESSIDADES INADIÁVEIS”?


Página 44

15
É NECESSÁRIO FAZER REGISTRO DE
FREQUÊNCIA DURANTE A GREVE?
Página 46

16
OS DIAS DE PARALISAÇÃO PODEM
SER DESCONTADOS?
Página 48

17
QUEM JULGA A LEGITIMIDADE DA
GREVE? O QUE PODE SER JULGADO?
Página 52
6
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1. APRESENTAÇÃO

O presente guia foi elaborado pelos advoga-


dos Arthur Coimbra Calixto e Rubia Bites
Silva, especialistas em Direito Administra-
tivo e assessores jurídicos do Sindicato dos
Servidores e Serventuários da Justiça do Es-
tado de Goiás (SINDJUSTIÇA). O guia foi
inspirado na Cartilha de Greve no Serviço
Público Federal elaborada pelos advogados
da Federação Nacional dos Trabalhadores
do Judiciário Federal e Ministério Público
da União (Fenajufe) . Visa, tal instrumen-
to, a orientar os servidores de forma prática
acerca das medidas que devem ser adotadas
antes de se deflagar um movimento paredis-
ta e a responder aos principais questiona-
mentos de quem está envolvido nesse tipo
de mobilização.

¹ Os advogados autores da Cartilha de Greve no Serviço Público Federal, da


Fenajufe, são Pedro Maurício Pita Machado, Luciano Carvalho da Cunha e
Brendali Tabile Furlan, da Pita Machado Advogados. Colaboraram os advogados
Adriano Grzybowski e Rosarie Rossatto Braz Paiani. Para tanto, os advogados se
inspiraram na Cartilha de Greve no Serviço Público Federal de autoria dos ad-
vogados José Luis Wagner e Jaci René Garcia, da Wagner Advogados Associados.
² O projeto do texto usado como parâmetro foi debatido no XVI Encontro do
Coletivo Jurídico da Fenajufe, realizado nos dias 06/11/2009 e 07/11/2009, em
Brasília.
8

2. INTRODUÇÃO

A liberdade de trabalho existente nas socie-


dades democráticas permitiu o surgimento
(e viabiliza a manutenção) dos sindicatos de
classe. A existência dessas entidades, por sua
vez, permite a organização racional e proativa
dos trabalhadores em prol de benefícios para
a coletividade, gerando efeitos positivos para
toda uma categoria.

O exercício dos movimentos paredistas (como


o próprio direito de greve) envolve várias for-
malidades não-oficiais, listadas a seguir. Um
exemplo é a Lei de Greve, aprovada original-
mente para o servidor privado. Para este, o
direito de greve foi originalmente previsto no
inciso VII do artigo 37 da Constituição Federal.
Porém, esse trecho legal é uma norma de eficá-
cia limitada, vez que carece de complementação
através de lei, que deveria ter sido elaborada pelo
Poder Público para regulamentar o direito de
greve. Infelizmente, já se foram 25 anos sem
que tal previsão legal se concretizasse.
9

Embora a lei de greve tenha sido elaborada


abrangendo os servidores da iniciativa priva-
da (devido a uma comprovada omissão esta-
tal), o Supremo Tribunal Federal (STF) enten-
deu que a Lei de Greve vigora também para os
trabalhadores do serviço público, porém com
particularidades. Na decisão sobre o direito de
greve dos servidores públicos (Mandados de
Injunção nº 670, 708 e 712), o STF pacificou o
entendimento de que são aplicáveis às greves
dos servidores públicos civis as regras da Lei
Federal nº 7.783/1989, estabelecendo também
os Tribunais de Justiça como os competentes
para julgarem greves de servidores públicos
de um Estado da Federação (como as greves
de sindicatos, como no caso do SINDJUSTI-
ÇA, de âmbito estadual, por exemplo).
3
10

O QUE É MOVIMENTO
PAREDISTA?
11

A Constituição Federal reconhece os


movimentos paredistas em geral (como
a greve) como direitos fundamentais de
caráter coletivo, resultantes da autonomia
privada coletiva inerente às sociedades
democráticas. A liberdade associativa e
sindical, bem como o caráter de represen-
tante da coletividade, inerentes aos sindi-
catos, por força estatutária, transferem às
entidades papel de destaque na condução
desse tipo de movimento. Cabe geralmen-
te aos entes sindicais o papel de capitane-
ar e transformar os anseios de uma cate-
goria em propostas concretas de melhoria
das condições de trabalho para todos os
seus membros.

Segundo alguns doutrinadores, como


Alice Monteiro de Barros e Maurício
Godinho Delgado , esses movimentos
são meios de autotutela autorizados pelo
Estado, servindo como instrumentos de
pressão coletiva, assemelhando-se ao
exercício das próprias razões, exercício

³ BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. Editora: LTr, São


Paulo, 2008, pág. 1291
4
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. Editora LTr,
São Paulo, 2010, pág.1307.
12

esse efetivado por um determinado


grupo social. Podem ser realizados nas
mais variadas formas e têm sempre
como norte sensibilizar e fazer o em-
pregador perceber, pecuniariamente, o
poder da força de trabalho dos traba-
lhadores unidos.

Num conceito amplo, movimentos pa-


redistas são a junção dos movimentos
paragrevistas e grevistas. São consi-
derados movimentos paragrevistas as
movimentações que antecedem uma
greve organizada por trabalhadores.
Embora nessa fase as atividades não se-
jam totalmente paralisadas, trata-se de
uma etapa que visa a chamar a atenção
da coletividade, seja desequilibrando o
desenvolvimento da atividade econô-
mica do empregador, pressionando-o,
demonstrando a ele a insatisfação da
comunidade de trabalho; ou, ainda,
externando um protesto efetivo contra
a conduta patronal.
13

Se a pressão não surtir o efeito dese-


jado e esses mesmos procedimentos
forem efetivamente usados dentro de
uma paralisação do trabalho (como re-
curso para aumentar-lhe a eficiência),
deixa-se de configurar o paragrevismo
e passa, este, a configurar um movi-
mento grevista.
4
14

EM QUE
MOMENTOS SÃO
REALIZADOS OS
MOVIMENTOS
PAREDISTAS?
15

Os movimentos paredistas, como instru-


mentos de pressão e até mesmo de impo-
sição de negociação, nada mais são que a
união de uma coletividade de trabalhado-
res que se identifica pela função exercida,
capitaneada pelo seu respectivo sindicato,
e que tem, como lado antagônico, o(s)
empregador(es) e(ou) seu(s) representan-
te(s). Tais movimentos são deflagrados
sempre que a categoria entende que suas
reivindicações não estão sendo atendidas
a contento pelo empregador, servindo
como manobra de defesa dos trabalhado-
res contra aquilo que consideram abusos
e injustiças.

Como são vários os tipos de movimentos


paredistas existentes, caberá ao sindicato,
ouvindo a classe que representa, definir
qual a melhor estratégia a ser adotada,
como piquetes (artigo 6º da Lei de Greve);
operações-tartaruga; “excesso de zelo”; e
ocupação do estabelecimento de trabalho
(lock-in), por exemplo. Há ainda outras
16

formas de manifestações que não podem


ser confundidas com estratégias paredis-
tas, pois vão contra os entendimentos le-
gais e sociojurídicos, como, por exemplo,
o boicote e a sabotagem.
17
5
18

EXEMPLOS DE
MOVIMENTOS
PAREDISTAS QUE
NÃO CONFIGURAM
GREVE
19

a) PIQUETES:

Segundo o dicionário Priberam5, o verbe-


te “piquete” significa:

pi•que•te |ê|
substantivo masculino
1. [Militar] Pequeno corpo de tropa que
forma guarda avançada ou pronta à pri-
meira voz.
2. Força que se nomeia diariamente nos
corpos para limpeza do quartel e para sair
em caso de urgência.
3. Número de empregados nomeados para
um serviço distribuído por turno, fora das
horas do serviço regular.
4. O serviço distribuído por turno.

No sentido aqui analisado, piquete é o


previsto no item 3, ou seja, a distribuição
por turnos de um grupo de trabalhadores
organizados, com objetivo pré-definido.
Ainda segundo o dicionário, os piquetes
de greve nada mais são do que um grupo

5
“piquete”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
http://www.priberam.pt/dlpo/piquete [consultado em 20-01-2015].
20

de grevistas geralmente colocados à en-


trada do local de trabalho que asseguram
a execução das instruções de greve.

b) MOVIMENTO-TARTARUGA:

Também conhecido como “operação-tar-


taruga”, consiste na diminuição proposi-
tal, por parte dos trabalhadores, do ritmo
de trabalho. Se mostra um meio igual-
mente eficaz e silencioso para demonstrar
ao empregador inconformismo com algu-
ma situação, revelando-se um valioso e
interessante mecanismo de reivindicação.

c) GREVE DE REGULAMENTO:

Não tão comuns no serviço público (vis-


to que algumas normas internas e leis
preveem prazos curtos para confecção
de alguns trabalhos), a “greve de regula-
mento” nada mais é que a realização, por
parte dos trabalhadores, de suas tarefas,
seguindo, rigorosamente, todas as normas
legais e procedimentais previstas (normas
21

do órgão empregador, das agências regu-


ladoras, previstas em leis, procedimentos
internos etc.), o que torna bem mais len-
to o resultado do trabalho que, realizado
sem o rigor formalístico absoluto, seria
bem mais célere. Trata-se, portanto, de
um método eficaz de protesto, juridica-
mente correto.

d) GREVE DE RODÍZIO:

A chamada “greve de rodízio” consiste em


rápidas paralisações, em setores produti-
vos sucessivos, o que pode causar tumulto
e complicações no processo produtivo do
órgão empregador.
6
22

QUAL É O
CONCEITO DE
GREVE?
23

Greve é uma interrupção voluntária e


continuada do trabalho, combinada e rea-
lizada por uma coalizão de trabalhadores
pertencentes a uma ou a diversas organi-
zações congêneres, geralmente capitane-
ada e conduzida por associações ou sin-
dicatos, que se unem para defesa de seus
interesses. A greve é uma forma de pro-
testo do trabalhador com a finalidade de
forçar os empregadores ao atendimento
de suas reivindicações, sejam elas aumen-
to de salário, de benefícios ou qualquer
outra cobrança para melhoria das condi-
ções que entendam prejudiciais aos seus
interesses.

A greve geral é aquela promovida por


uma ou todas as classes de um país ou,
mais especificamente, aquela promovida
pela maioria dos trabalhadores de uma
mesma classe ou profissão. Já a greve pas-
siva (ou greve de braços cruzados) é um
protesto em que o trabalhador comparece
ao ambiente de trabalho, porém, perma-
nece sem trabalhar.
24

A origem da palavra greve está relacio-


nada à Praça da Greve (Place de Grève),
hoje Praça do Hotel de Ville (Place de
l’Hotel-de-Ville), célebre logradouro de
Paris onde havia muita areia e cascalho,
o que facilitava o transporte das charretes
que levavam as mercadorias até o cais do
Sena. O local, onde criminosos eram exe-
cutados, era também ponto de encontro
e de discussões de ideias dos trabalhado-
res que abandonavam o trabalho. “Faire
grève” significava, portanto, “reunir-se na
Praça da Greve”. 6

6
“greve”, in www.significados.com.br [em linha], http://www.significados.com.
br/greve/ [consultado em 20-01-2015].
25
7
26

PODE-SE
FAZER GREVE
NO SERVIÇO
PÚBLICO?
27

Como já dito, o artigo 37, VII, da


Constituição Federal assegurou aos
servidores públicos civis o direito de
greve, direito esse que seria exercido
nos termos de lei complementar a ser
editada. Infelizmente, já se passaram
décadas e a lei prevendo esse direito
aos servidores públicos não se tornou
realidade. Enquanto isso, desde 1989 a
Lei 7.783/89 estabelece critérios para o
movimento paredista dos trabalhado-
res privados.

O STF, em acertadas e reiteradas de-


cisões, entendeu que até a Lei de Gre-
ve do serviço público ser elaborada,
o direito de greve desses trabalhado-
res seria exercido com base na Lei nº
7.783/89, por analogia, sendo aplicável
sua previsão quase que em sua totali-
dade. Nesse sentido, várias decisões
proferidas pelo Superior Tribunal de
Justiça determinam, claramente, que
enquanto não vierem as normatizações
28

previstas por lei, o servidor público


poderá exercer seu direito de greve,
não ficando, portanto, vinculado ao
advento de lei específica (STF, Man-
dado de Segurança 2843-3 – SC – Rel.
Min. Adhemar Maciel, 6ª Turma) . No
final, com o julgamento dos MI nº 670,
708 e 212, a questão da legalidade ficou
superada e o centro da discussão pas-
sou a ser como melhor exercer o direi-
to de greve.

7
“ Fonte: Revista Síntese Trabalhista
29
8
30

QUEM ESTÁ
EM ESTÁGIO
PROBATÓRIO
PODE PARTICIPAR
DO MOVIMENTO
DE GREVE?
31

Sim. Aos servidores em estágio probató-


rio (ou seja, aqueles que pelo rigor legal
ainda não foram efetivados no serviço
público no cargo que ocupam) também
é assegurada a ampla e irrestrita par-
ticipação em movimentos paredistas,
mesmo porque a participação nessas
mobilizações, por si só, não configura
falta funcional que impeça o servidor de
assumir função pública (além de ser um
direito constitucionalmente garantido a
todos os trabalhadores). Isso vale mesmo
nos casos em que a ocorrência de greve
é considerada ilegal pelo Tribunal com-
petente.
9
32

O SERVIDOR PODE
SER PUNIDO POR
TER PARTICIPADO
DO MOVIMENTO
DE GREVE?
33

O servidor não pode ser punido pelo


simples fato de ter participado de movi-
mento paredista/grevista. Nesse sentido,
o Supremo Tribunal Federal já se mani-
festou, através da Súmula 316, que diz:
“A simples adesão à greve não constitui
falta grave”. Entretanto, havendo abusos
e excessos durante a participação, po-
derá haver punições, pois o movimento
grevista deve ser organizado de forma a
atender a execução dos serviços essen-
ciais e urgentes.
10
34

A QUAL NORMA
O SERVIDOR
GREVISTA DEVE
RECORRER?
35

No julgamento dos MI nº 670, 708 e 712,


o Supremo Tribunal Federal deu caráter
erga omnes às suas decisões, ficando es-
tabelecido que enquanto não é criada lei
específica sobre os servidores públicos,
as regras para o exercício de greve desses
trabalhadores serão orientadas pela Lei
de Greve (Lei nº 7.783/1989).
36

11
EXISTE ALGUMA
FORMALIDADE
ANTES DE SE
DEFLAGRAR UMA
GREVE?
37

Embora não exista um trâmite exato,


com base nas próprias demandas capi-
taneadas pelo SINDJUSTIÇA, nos cos-
tumes das greves do serviço privado e
em decisões do STF sobre o tema, de-
vem ser obedecidas algumas formalida-
des antes de se instaurar o movimento
grevista, quais sejam:

1º) Convocação de Assembleia Geral da


categoria (não apenas dos sindicaliza-
dos, mas de todos os servidores, sendo
essa a única oportunidade de convoca-
ção em que os não-sindicalizados têm de
participar e votar como se sindicaliza-
dos fossem), dando, a essa convocação,
ampla publicidade, em jornal de grande
circulação e nos murais do fórum, em
toda a região representada pelo sindica-
to (no caso do SINDJUSTIÇA, em todo
o Estado de Goiás), obedecendo as dis-
posições do Estatuto da entidade, como
o artigo 19, letras “a”, “b” e “c” e parágra-
fo único do Estatuto do SINDJUSTIÇA;
38

2º) Apresentação da pauta de reivindica-


ções aprovada em Assembleia à autorida-
de administrativa competente, para poder
então ser iniciado o processo de negocia-
ção entre órgão patronal e trabalhadores
organizados;

3º) A negociação deve ser buscada ao


máximo pela entidade sindical, devendo
essa comprovar suas várias tratativas do-
cumentalmente, com ampla publicidade,
e não somente em seus próprios canais
de comunicação. Além disso, o sindicato
deve apresentar ao órgão empregador a
pauta de reivindicações antes de deflagrar
qualquer movimento, dando oportunida-
de ao administrador de buscar soluções
objetivas e mais céleres para os pleitos so-
licitados sem a necessidade de greve;

4º) Como já ressaltado, as negociações


devem ser sempre registradas em ata,
especificando claramente o processo de
discussão, o pedido original e a contra-
proposta, bem como a decisão de am-
39

bos, devendo, como já dito, dar-se ampla


divulgação das tratativas estabelecidas,
mostrando o resultado das negociações à
Assembleia Geral. Cabe a esta, por ser o
órgão estatutariamente competente para
aprovar ou não as propostas apresentadas
pelo empregador ao sindicato, decidir se
aceita ou não uma eventual composição.

5º) Havendo resultado negativo nas nego-


ciações, será convocada assembleia para
deliberação sobre a greve, nos termos do
estatuto do sindicato, e a comunicação
do ínicio do movimento de greve deve
ser divulgada ao órgão empregador com
antecedência mínima de 72 horas. Os tra-
balhadores devem ser avisados da greve
através dos veículos oficiais de mídia do
sindicato e de jornal de grande circulação,
de modo a tornar efetivamente ciente da
deflagração do movimento toda a coleti-
vidade que pode ser afetada pela medida.
12
40

UMA VEZ EM
GREVE, O QUE
FAZER COM
OS SERVIÇOS
ESSENCIAIS?
41

Embora não seja clara a decisão do STF


acerca do assunto, por bom senso parece
ter prevalecido a ideia de que todo serviço
público, por sua natureza, já é considera-
do de natureza essencial. E mesmo que
assim não o fosse, a Justiça estadual é bra-
ço importante da paz e da justiça social e
tem, entre suas funções, tipos de processa-
mentos de dados, de modo que podemos
concluir, pela leitura do inciso IX do artigo
11 da Lei 7.783/89 (Lei de Greve), que trata-
se, sim, de um serviço essencial. O próprio
STF manifestou que, para um movimento
grevista ser considerado legítimo e legal, é
preciso atender às necessidades inadiáveis
da comunidade, não podendo o serviço
público ser interrompido por comple-
to (artigo 11 e parágrafo único da Lei nº
7.783/1989) .

Portanto, mesmo em greve, devem fun-


cionar minimamente todos os setores da
justiça, com especial atenção aos serviços
essenciais e as necessidades inadiáveis,
que devem sempre ser priorizadas.
8
Lei nº 7.783/1989, Artigo 11: “Nos serviços ou atividades essenciais os sindicatos, os empre-
gadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir durante a greve a pres-
tação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.”
Parágrafo único: “São necessidades inadiáveis da comunidade aquelas que, não atendidas, colo-
quem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população”.
13
42

QUAIS SÃO
OS SERVIÇOS
ESSENCIAIS?
43

Como dito, a Justiça é um serviço es-


sencial. Assim sendo, deve funcionar
em percentual mínimo que garanta o
interesse público. Dentro do Judici-
ário existem alguns serviços mais re-
levantes (do ponto de vista da emer-
gência) que outros, razão pela qual a
esses serviços deve ser dado tratamen-
to especial e prioritário. A lei não diz
quais são esses serviços, mas o bom
senso e a razoabilidade indicam que
são aquelas matérias de plantão, pre-
vistas nas letras do artigo 1º da Reso-
lução nº 71/2009 do CNJ e em outros
diplomas legais (no caso do TJGO, por
exemplo, no artigo 2º da Resolução nº
18, de 14 de dezembro de 2009). Além
dessas matérias, devem ter prioridade
(e efetivo maior) medidas urgentes,
como prazo vencendo no dia ou cujo
descumprimento cause prejuízo grave
e/ou de difícil reparação.
14
44

O QUE SÃO
“NECESSIDADES
INADIÁVEIS”?
45

Conceitualmente, “necessidades inadi-


áveis” são aquelas que, caso não aten-
didas, colocam em perigo iminente a
sobrevivência, a saúde ou a segurança
da população.

Objetivamente, para que seja efetiva-


mente demonstrado o respeito a esses
regramentos, deve-se observar com
muito rigor os três critérios de conti-
nuidade de prestação de serviços, quais
sejam:

a) Percentuais mínimos de funciona-


mento;
b) Serviços considerados essenciais;
c) Necessidades tidas como inadiáveis
(que precisam ser atendidas assim que
surgem).
15
46

É NECESSÁRIO
FAZER REGISTRO
DE FREQUÊNCIA
DURANTE A
GREVE?
47

Uma das principais precauções que o


sindicato deve ter ao liderar os servi-
dores grevistas deve ser reuni-los sem-
pre na porta do local de trabalho, fa-
zendo-os assinar um registro de ponto
paralelo. Tal iniciativa é extremamente
válida, uma vez que servirá de matéria
de convencimento no eventual caso de
discussão de ausência de pagamento
pelos dias de movimentação.
16
48

OS DIAS DE
PARALISAÇÃO
PODEM SER
DESCONTADOS?
49

Tal procedimento não pode ser adota-


do unilateralmente pelo órgão empre-
gador, devendo ser encaminhado ao
Tribunal competente para que seja jul-
gado se a medida fora legítima ou não
e, aí sim, se devem ou não ser descon-
tados os dias em que os trabalhadores
estiveram ausentes. Em alguns casos,
o órgão empregador, erroneamente,
recorre a esse desconto dos dias de pa-
ralisação de forma unilateral e direta.

Embora isso seja juridicamente possí-


vel, é considerado ato autoritário e ir-
regular enquanto não houver o devido
processo legal. Até por esse motivo, é
fundamental que o movimento grevis-
ta, desde o início, seja baseado em cri-
térios objetivos, tenha pauta de reivin-
dicações clara e coerente e comprove
que as vias negociais foram exaustiva-
mente tentadas, mas não foram exi-
50

tosas. Deve-se, por fim, respeitar-se, ao


máximo, todas as previsões legais, pois
é esse conjunto de atos que garantirá ao
trabalhador, futuramente, que ele não
será penalizado por ter participado
de movimentos cujo objetivo fosse a
busca por melhorias nas condições de
trabalho.

Observação: o STF estabeleceu que a


greve dos servidores também “suspende
o contrato de trabalho e, dessa forma,
seria perfeitamente legal o desconto dos
dias parados”. Entretanto, em se tratan-
do de greve por atraso no pagamento e
outras situações excepcionais, essa pre-
visão não tem validade.
51
17
52

QUEM JULGA A
LEGITIMIDADE
DA GREVE? O
QUE PODE SER
JULGADO?
53

Diferentemente do que ocorre nas gre-


ves da iniciativa privada, os Tribunais
não irão julgar diretamente as reivindi-
cações que deram origem ao movimento
de paralisação em razão da inexistência
de poder normativo para os servido-
res públicos. Nesse caso, os Tribunais,
quando provocados, irão apenas decidir
sobre:

1) Legalidade ou ilegalidade do movimen-


to grevista;
2) Se houve ou não abuso ou excesso na
greve;
3) Se os dias parados serão pagos ou não;
4) Imposição ou não de regime mais se-
vero que o da lei “de acordo com as pe-
culiaridades de cada caso concreto e me-
diante solicitação do órgão competente”;
5) Medidas cautelares incidentais.
54

18. CONCLUSÃO

Contemplamos, neste guia, os aspec-


tos principais e gerais dos movimentos
paredistas e/ou grevistas como forma
de subsidiar materialmente os servi-
dores acerca de seus direitos e suas
responsabilidades quando envolvidos
nessas questões.

Apesar disso, certo é que em todo e


qualquer movimento paredista a tática
de como agir deve ser desenvolvida e
divulgada à coletividade pelo comando
do movimento (ou comando grevista),
sendo esse núcleo o único responsável
por orientar a categoria quando ocor-
rer tal mobilização, cabendo-o indicar
qual método será adotado, por quanto
tempo ele vigorará e qual a sinalização
necessária para eventual recuo, entre
outras providências.
55

É muito importante que essa previ-


são seja respeitada, pois a unidade
de pensamento e metodologia dos
trabalhadores é arma fundamental
para o convencimento do órgão em-
pregador acerca da importância do
que está sendo solicitado pelo mo-
vimento. Sem esse forte argumento,
toda uma luta justa pode ser perdida.
56

EXPEDIENTE
Diretoria do SINDJUSTIÇA
Gestão 2014/2017

Presidente
Fábio Pereira de Queiroz

1º Vice-Presidente
Fabrício Duarte de Sousa

Secretaria, Comunicação,
Divulgação e Imprensa
Mara Cristina Ferreira

Planejamento e Finanças
Luiz Carlos Bontempo de Lima

Assuntos Jurídicos
Lionidas Gimenes Filho

Assuntos Esportivos e
Sócio-Culturais
Kerner Carlos Ferreira Gondim
57

Assuntos Administrativos
Rosângela Ramos de Alencar

Assuntos das Comarcas do Interior


Maria de Fátima da Silva

Guia do Movimento Paredista

Redação
Departamento Jurídico do SINDJUSTIÇA
Advogados Arthur Coimbra Calixto e
Rubia Bites Silva

Edição, projeto gráfico e


diagramação
NOZZZ Comunicação
58

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