Karl Marx

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Karl Marx (1818-1883)

Bibliografia básica:
 H. Lefebvre – Marxismo (Introdução e Capítulos 1, 2 e 3)
 K. Marx – O capital (livro I volume I) (Capítulo 1, 2, 4, 6, 8, 10, 11, 12, 13 e 23)
 P. Sweezy – Teoria do desenvolvimento capitalista (Capítulo 5, 6, 8, 9, 10 e 14)
 E. K. Hunt – História do Pensamento Econômico (Capítulo 11)

Concepção de mundo – Lefebvre


 “O marxismo é uma concepção de mundo” → uma explicação para porque as coisas são como são.
Existem 3 explicações/concepções de mundo (visão conjunta da natureza e do homem e suas relações) do
pensamento ocidental:
 1° → visão conjunta da natureza e do ser humano e suas relações (filosofia)
 2° → toda concepção implica em uma ação (política) (agem de acordo com o que acreditam que seja
o certo)
 3° → decorre de atividades práticas, sociais, políticas devido a uma concepção de mundo.
Primeira concepção: RELIGIOSA
 Um mundo que foi hierarquizado e concebido a partir de uma ordem superior (externo a atividade
humana). Se define pela afirmação de uma ordem e uma hierarquia estática dos seres, dos atos, dos
valores, das formas e das pessoas.
 No topo da hierarquia o Ser Supremo, o Espírito Puro, o Senhor Deus. Apresenta uma visão conjunta
do universo.
Segunda concepção: INDIVIDUALISTA
 O individualismo aparece como traço essencial (não mais a hierarquia), pela liberdade de escolha, e a
natureza do indivíduo como ser racional e livre (razão e liberdade).
 Se você sofre ou tem um fracasso, a responsabilidade é somente sua, não tem uma razão divina, um
projeto de paraíso → apenas a consequência daquilo que você é e escolheu ser.
 Racionalismo e Iluminismo → harmonia entre o interesse individual e o interesse geral (progresso
inevitável).
Terceira concepção: MARXISTA
 “A religião é o ópio do povo” porque entorpece a sociedade e as pessoas se tornam passivas,
imaginando um paraíso, e aceitam as coisas do jeito que são e estão sem questionar.
 Não aceita uma hierarquia exterior aos indivíduos e não acredita em Deus
 Marx, não aceita a ideia de natureza humana → nós não vivemos como indivíduos
 Desde que nascemos e vivemos no meio social, recebemos influência deste movimento. →
somos folha em branco, e passamos a agir de acordo com o nosso ambiente, família e amigos
→ de acordo com a nossa história.
 Não é possível aceitar e tomar o indivíduo isoladamente.
 Não há subordinação prévia, imóvel e imutável dos elementos, do homem e da sociedade uns aos
outros.
 Não admite a hipótese de uma harmonia espontânea de interesses.
 Somente podemos pensar o indivíduo a partir da realidade natural (natureza, mundo exterior), prática
(trabalho e ação) social e histórica (estrutura econômica, classes sociais etc.).
 Concepção marxista (materialismo histórico-dialético): o rei só é rei pela existência dos súditos, e
por pessoas agirem como tal, a partir do momento em que esses deixarem de agir como súditos,
então o rei deixará de ser rei, dado que tudo são relações sociais.
 História e sociedade são resultadas de contradições (no ser humano e na sociedade).
 Interesse privado X interesse comum, interesses X razão, sociedade X natureza (ambos são
interesses conflitantes).

Materialismo Histórico:
 Só existem os seres humanos e os seus relacionamentos.
 A sociedade, o sistema, o mundo são as pessoas e as relações que estabelecem entre si e com a
natureza.
 Tudo é movimento (processo).
 Os indivíduos humanos fazem a sua vida, sua história e a história em geral. Mas eles não fazem a
história dentro das condições que eles mesmos escolheram, determinadas por decretos de suas
vontades.
 Em sua ação, ao modificar o mundo, o indivíduo sofre a influência das condições que encontrou:
natureza, outros seres humanos e condições materiais.
 Estabelece relações sociais.

As estruturas:
 Infraestrutura e Superestrutura
 Infraestrutura → é o que sustenta e faz tornar a superestrutura e determina em última
instancia os limites da superestrutura (pode modificar completamente a superestrutura, desde
que a infraestrutura suporte ou permita a mudança)
 Superestrutura → é o lado/parte visível da sociedade ou da realidade.

 A política, o direito e a religião são superestruturas que se sustentam na economia (infraestrutura). E


a ideologia une a infraestrutura com a super e entre elas.
 A economia é um conjunto de relações que garantem a produção da riqueza e a repartição dela entre
as determinadas classes sociais. E não é possível entender a sociedade sem entender a economia.
 Ideologia: é a forma como as pessoas pensam. → exerce força a partir da definição de certo e errado,
o que reforça a estrutura de poder, uma vez que tudo são relações sociais.
 A lógica das revoluções é a mudança na infraestrutura.
Economia (infraestrutura)

 Matérias auxiliares são aquelas que não se incorporam no produto (final).

 Os meios de produção ocasionam na divisão de classes em que há a separação dos detentores dos
meios de produção (burguesia) e os que não os detém (proletariado).
 Para Mar, capitalista é aquele que possui os meios de produção.
 Os capitalistas compram a força de trabalho daqueles que não possuem os meios de produção e
assim, se tornam detentores das forças produtivas (Quem? Quando? Quanto? E onde vai produzir?).

 Marx as vezes utilizava o termo “modo de produção” para se referir ao sistema econômico em sua
forma completa, incluindo a superestrutura.

O materialismo histórico → busca as causas econômicas para estudar os conflitos e as contradições.


 As transformações históricas decorrem, em última instancia, das contradições entre os processos de
produção e as relações de produção, ou seja, as condições que garantem a propriedade e a repartição
da riqueza.
 A sociedade se estrutura em torno dessas contradições (grupos e classes sociais).
 Alianças e conflitos entre grupos sociais pela conservação ou subversão da situação vigente (os seres
humanos e os seus relacionamentos).

Materialismo Histórico → “A história de toda sociedade existente até hoje tem sido a história da luta de
classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e aprendiz, em suma, opressores e
oprimidos sempre estiveram em constante oposição, empenhados numa luta sem trégua, ora disfarçada, ora
aberta, que terminou, ou pela reconstituição revolucionária de toda a sociedade ou pela destruição das
classes em conflito.”

Dialética
 Para Hegel a dialética era um processo histórico contínuo de racionalidade e perfeição cada vez
maiores. (idealismo alemão)
 Dialética: toda ideia traz dentro de si a sua contradição. Logo, toda ideia abstrata afirma
necessariamente sua negação. Essa contradição exige a afirmação de uma síntese, uma nova ideia,
mais rica, que supera as anteriores.
 Tese e antítese em contradição até o momento de ruptura e até o surgimento da síntese, que não é
nem a tese e nem a antítese, mas algo novo. Ex.: tese: feudalismo; antítese: burguesia; síntese:
capitalismo.

A concepção marxista:
 Análise aprofundada da realidade atinge elementos contraditórios.
 A realidade é sempre uma realidade em movimento.
 A análise deve buscar compreender o seu devir, sua forma de autotransformação.
A perspectiva marxista:
 A luta de classes: contradição profunda entre os interesses irreconciliáveis de cada classe. Fator
fundamental na estruturação dos processos produtivos e na apropriação da riqueza: a propriedade
privada dos meios de produção.
 O Estado: expressão política da luta de classes, amortecida pelo aparato da ordem (jurídica) e da
força pública (policial e militar).
 O poder político sempre foi a maneira legal e jurídica pela qual a classe economicamente dominante
mantém o seu domínio.
 Poder político nas mãos dos capitalistas e proprietários.
 O Estado não é imposição divina nem resultado de um pacto social.
 O Estado é a maneira pela qual a classe dominante de uma época de uma sociedade garante seus
interesses e sua dominação sobre o todo social.

A ideologia:
 Conjunto de ideias e crenças que tendem a justificar moralmente as relações sociais e econômicas
que caracterizam determinada sociedade. A maioria dos membros de uma sociedade passa a acreditar
na validade moral da distribuição dos papéis funcionais e na justeza do modo pelo qual a sociedade
reparte seu produto.
 Por que a sociedade não percebe o vínculo interno entre poder econômico e poder político?
 Porque nascemos e somos criados com essas ideias e nesse imaginário social, não percebemos a
verdadeira natureza de classe do Estado.
 A função primordial da ideologia é ocultar a origem da sociedade (relações de produção), dissimular
a luta de classes (domínio e exploração), negar as desigualdades sociais (consequência de talentos
diferentes) e oferecer uma imagem ilusória de comunidade (Estado). A ideologia é a lógica da
dominação social e política.

Mercadoria
No capitalismo, a riqueza aparece como uma “enorme coleção de mercadorias”. Para ser considerado uma
mercadoria precisa atender a três requisitos necessariamente:
 Atende alguma necessidade humana (valor de uso);
 É fruto do trabalho humano (valor);
 E é produzida para troca (valor de troca).

→Valor de uso
 Utilidade → valor de uso
 É determinado pelas características físicas da mercadoria
 Valor de uso se realiza no consumo
 Troca implica valores de uso diferentes
*Para D. Ricardo o valor também é determinado pelo valor de trabalho.

→ Como trocar mercadorias diferentes, que possuem valores de uso distintos?


 Trabalho concreto → produz valor de uso
 Trabalho abstrato → produz valor
 “Todo trabalho é, por um lado, dispêndio de força de trabalho do homem no sentido fisiológico, e
graças a essa sua propriedade de trabalho humano igual ou abstrato ele gera o valor das mercadorias.
Todo trabalho é, por outro lado, dispêndio de força humana de trabalho sob forma especificamente
adequada a um fim, e nessa qualidade de trabalho concreto útil produz valores de uso.”
 Força de trabalho e trabalho são coisas diferentes! Um exemplo é que o desempregado tem força de
trabalho, mas não tem trabalho e produção.
 Todo trabalho é composto por duas coisas: trabalho concreto (produz valor de uso) e trabalho
abstrato (valor).
 Trabalho concreto → trabalho humano sob a forma especificamente adequada a um fim.
(exemplo: aula de economia e aula de matemática → trabalhos sob formas distintas para fins
diferentes) (os fins diferentes produzem valores de uso distintos).
 Trabalho abstrato → trabalho sob a forma fisiológica (corpo) – uso de si próprio, ou seja, o
gasto da própria existência na produção de algo.
 Tempo que mede o trabalho, e esse produz valor (gastando força e a existência de si mesmo). Logo,
todo o trabalho que desgasta a existência do ser humano, possui valor.

→VALOR: tempo de trabalho socialmente necessário para a produção de determinada mercadoria (nas
condições dadas de produção socialmente normais e com grau médio de habilidade e intensidade do
trabalho).
 O valor pode variar se houver variações na força produtiva do trabalho (produtividade).
 Grau médio de habilidade dos trabalhadores
 Nível de desenvolvimento e aplicabilidade da ciência e tecnologia
 Combinação social do processo de produção
 Volume e eficácia dos meios de produção
 Condições naturais
 ↑ produtividade = ↓ valor
Fetichismo da mercadoria
 Tende a destruir o valor de uso para que as pessoas continuem consumindo (moda e coleções).
 O indivíduo vê na mercadoria o desejo (estar na moda) (ex.: propaganda de cerveja vende felicidade,
amigos, bom humor).
 A mercadoria é uma ilusão, e as relações sociais são ditadas pela mercadoria (seu grupo social é
muito parecido com seu estilo de vida).
 Consumo se tornou um fim de si mesmo, e a vida é um meio para se adquirir mercadorias.
 Assim, as empresas competem entre si, mesmo vendam produtos distintos, já que o dinheiro do
consumidor é finito e ele vive em torno de custos de oportunidade.
 Todas as estratégias são articuladas para induzir a compra (prateleiras altas = produtos mais baratos).
 A mercadoria não mostra de fato o que ela é!
 O valor da mercadoria é o processo de trabalho (humano) e isso a mercadoria não mostra (não
mostra como os corpos são comprados, já que o trabalhador vende seu corpo e autonomia durante a
jornada de trabalho).
 Trabalho = martírio
 Realização = consumir mercadorias
 Gera insatisfação permanente
 Prende os indivíduos no processo de produção e consumo constantes.

A transformação do dinheiro em capital


O dinheiro se transforma em capital a partir de determinados processos.
→ O dinheiro como dinheiro (intermediário das trocas)

M–D–M
 Começa na venda de mercadoria, na maioria dos casos a própria força de trabalho. E posteriormente,
usa o dinheiro recebido na compra de outras mercadorias.
 Vende-se algo para possuir dinheiro e trocá-lo por novas mercadorias.
 Começa com uma venda, e termina com uma compra.
 Dinheiro muda de mãos ao longo do processo.
 Objetivo → valores de uso.
 O ciclo se esgota no consumo.
 Vender para comprar (lógica).
→ O dinheiro como capital

D – M – D’
 Compra de mercadorias para transformação dessas em dinheiro novamente.
 Começa com um compra, e termina com uma venda.
 Dinheiro não muda de mãos.
 Objetivo → valores de troca.
 O ciclo não se esgota, está pronto para se iniciar novamente (o dinheiro está lá de novo para comprar
a força de trabalho novamente).
 Comprar para vender.

FÓRMULA GERAL DO CAPITAL

D–M–D
Onde: D’ = D + ▲D
 ▲D: mais-valia → o capitalista só entra em todo esse processo para obter ao fim a mais-valia. E
tudo o que acontece dentro da lógica do capital tem como finalidade mais-valia. Isso porque essa é
quem está sendo sempre reaplicada no processo, fazendo assim, o capitalismo crescer e se expandir.
 D – M – D’ – M’ – D” - ... (ciclo continua)
Para entender de onde vem o D’ e o ▲D, Marx toma a teoria de Ricardo, mas em uma perspectiva
macroeconômica. Assim, no longo prazo, as variações de preço deixam de ser relevantes já que o preço de
mercado tende sempre ao natural (valor).
 Então, as mercadorias são sempre vendidas pelo seu valor, porque no longo prazo a preço é igual ao
valor.
 Não há mais-valia na esfera do comércio, já que não é criada ali.

Exemplo: D – M – D’

 Parte do dinheiro tem que ser constante (capital constante) → para poder comprar os meios de
produção (máquinas, tecnologia etc.)
 Outra parte é o chamado capital variável → aquele que compra a força de trabalho
 Se criou de valor ao longo do processo 80 (10 a mais) → eu paguei quanto realmente vale a força de
trabalho [70], mas ao longo do processo o valor desse trabalho se altera [80].
*valor: trabalho humano
*O capitalista compra a força de trabalho, contudo o trabalho produzido adquire maior valor.
*Os trabalhadores não recebem pelo valor do seu trabalho, mas sim pela força de trabalho.
Mais-valia = valor do trabalho – valor da força de trabalho

Dinheiro é dividido em capital constante e capital variável.

Mais-valia X Lucro
A repartição da mais-valia

A força de trabalho
 “Conjunto das faculdades físicas e espirituais que existem na corporalidade, na personalidade viva de
um homem e que ele põe em movimento toda vez que produz valores de uso.”
 É a única mercadoria capaz de produzir valor (trabalho).
→ Condições para a transformação da força de trabalho em mercadoria:
 Existência de homens livres;
 Propriedade privada dos meios de produção.
*É mais barato contratar um trabalhar assalariado do que comprar um escravo.

→O valor da força de trabalho


 Como qualquer outra mercadoria, seu valor é determinado pelo tempo de trabalho necessário à sua
produção (reprodução).
 Tempo de trabalho necessário à produção dos meios de subsistência do trabalhador e de sua família
(mercadorias).
*O preço de mercado e o preço natural no longo prazo são iguais, logo assume-se que tudo é comprado e
vendido pelo seu valor.
A pequena burguesia e os comerciantes menores são considerados empresários de pequeno porte, mas
mesmo que possuam meios de produção, sua situação se equipara a de um trabalhador normal (trabalho para
consumo de mercadorias para subsistência).
Logo, a mais-valia só é adquirida e surge na esfera da produção.
As forças de trabalho são distintas dadas as diversas necessidades diferentes → a força de trabalho de um
engenheiro vale mais do que a dos peões que trabalham na construção de fato, porque para a sociedade ela
faz um esforço maior para formar um engenheiro do que para “produzir” um peão. Mesmo que o peão seja
mais útil na obra do que o engenheiro.

Jornada de trabalho

Mais-valia absoluta:

Uma das formas de aumentar a mais-valia é alterando a jornada de trabalho, e isso altera diretamente a mais-
valia absoluta.
Por isso, é melhor 4 trabalhadores trabalhando 10hrs, do que 5 trabalhadores com 8hrs de jornada de
trabalho na lógica capitalista.

Ampliação da mais-valia
Para ampliar a mais-valia é necessário ampliar o “mais-trabalho”.
 Ampliar a jornada de trabalho (mais-valia absoluta)
 Aumentar a produtividade (mais-valia extraordinária)
 Mais-valia relativa (obtida pela transformação do trabalho necessário em mais-trabalho)

Ampliação da jornada de trabalho:


 Altera a mais-valia absoluta.
 O preço tende ao valor e o salário tende ao valor também.
 Maior desgaste do trabalhador, e maior dificuldade em reposição desse trabalho.

Aumentar a produtividade:
 Produzir mais com menos tempo ou com menos trabalho.
 Produtividade gera uma mais-valia extraordinária.
 Um exemplo é a substituição do homem pela tecnologia.
 ↑ mais-valia; ↓ preço
 Só consegue ter quem possui a produtividade acima do mercado.
 Favorece então as empresas que estão no topo.
 Quando o valor chega próximo ao valor do capital variável, então a mais-valia extraordinária
desaparece.

Mais-valia relativa
 Favorece todos os capitalistas
 Obtida pela transformação do trabalho necessário em mais-trabalho.
 Só pode ser observada no longo prazo.
 A mais-valia relativa apresenta-se quando o desenvolvimento de maquinário mais avançado e de
maior eficiência, o que, teoricamente, levaria à diminuição dos custos e do tempo de produção, não
se traduz em melhorias para o trabalhador.
 Todavia, a concretização da mais-valia relativa está na não diminuição da jornada de trabalho e na
manutenção do valor do trabalho aplicado ao produto independentemente do aumento da produção.
 O processo da mais-valia extraordinária diminui o valor das mercadorias em vários setores (ex.:
alimentos) → ↓ valor da força de trabalho

Tendencia decrescente da taxa de lucros


À medida que o capitalismo vai se expandindo, a taxa de lucros tende a decrescer.
Composição orgânica do capital

 Salários reais
 Produtividade do trabalho
 Nível da técnica
 Acumulação de capital no passado
À medida em que o capitalismo vai se desenvolvendo, as empresas tendem a gastar mais com meios de
produção (tecnologia).
Assim, Marx acredita no aumento da composição orgânica do capital.

Taxa de mais-valia

Quanto cada trabalhador me gera de mais-valia a partir de quanto eu gasto com ele.
 Índice de exploração
 Extensão da jornada de trabalho (mais-valia absoluta)
 Custo de reprodução da força de trabalho
 Produtividade do trabalho

Taxa de lucros

 Fundamental para a tomada de decisões


 Objetivo a ser alcançado pelos capitalistas e gestores

Relação entre as três?

p é uma variável crucial do pondo de vista do comportamento dos capitalistas


A taxa de lucro é movida por 2 forças
P/ aumentar o p é preciso aumentar a taxa de mais-valia (m’) e aumentar a composição orgânica do capital
(q). Contudo, aumentar a composição orgânica do capital, diminui a taxa de lucro (p).

Tendencia decrescente da taxa de lucro


 Redução de custos: tecnologia e ampliação das escalas.
 Aumenta a composição orgânica do capital.
 Pressão sobre a taxa de lucro p=m’(1-q)

Influências neutralizadoras:
 Barateamento dos elementos do capital constante → ganhos de produtividade reduzem o valor dos
meios de produção. Crescimento do volume material dos meios de produção não é maior do que o
crescimento do capital constante.
 Aumento da intensidade da exploração → aceleração e extensão do processo de trabalho (aumento
do mais-trabalho). Aumento da taxa de mais-valia (m’) → ganhos de produtividade são apropriados
pelos capitalistas.
 Redução dos salários abaixo do valor da força de trabalho → quebra da resistência dos trabalhadores.
 Quanto menor o exército industrial reserva, maior vai ser o salário e menor a taxa de mais-
valia
 Capitalismo precisa de muitos desempregados, se não pressiona a taxa de mais-valia, e
consequentemente a taxa de lucro.
 Para Marx, no capitalismo nunca vai haver o pleno emprego, para não pressionar os salários e
consequentemente a taxa de mais-valia.
 Superpopulação relativa (desemprego) → exército de reserva permite o aparecimento de novos
setores com composição orgânica menor, que elevam a taxa média de lucros.
 ↑desemprego - ↓ salários - ↑m’ - ↑ p
 Desemprego → função de diminuir os salários
 Comercio externo: barateamento de elementos do capital constante (matérias primas) e redução do
valor da força de trabalho e do capital variável.
 Sindicatos
 Garantia do emprego
 Condições de trabalho
 Aumentos salariais
 Ação estatal destinada a beneficiar o trabalho:
 Limites da jornada de trabalho
 Direitos trabalhistas
 Salário-mínimo
 Organização dos empregadores
 Exportação de capital
 Oligopólios e monopólios
 ↑ taxa de lucros
 Controle de oferta
 Limites de concorrência

Esquemas de reprodução
Esquemas de reprodução são representações teóricas que nos permitem compreender a estrutura das relações
existentes no sistema capitalista como um todo.

Reprodução Simples: sistema preserva as mesmas proporções (construção teórica abstrata).


 Suposição em um modelo que o capitalismo não se expande.
 Capitalistas substituem anualmente o capital desgastado e gastam toda a mais-valia em consumo (de
forma improdutiva).
 Trabalhadores gastam tudo o que ganham.
 Para Adam Smith, se ocorrer a reprodução simples, o sistema tende ao equilíbrio. Em contrapartida,
para Marx isso não ocorre.
Marx dividi toda a economia em dois departamentos, os que produzem bens de consumo e os que produzem
bens de consumo.
Condições de equilíbrio:
 Departamento I: produção dos bens de produção
w1 = c1 + v1 + m1
 Departamento II: produção de bens de consumo
w2 = c2 + v2 + m2
As condições para existência de oferta = demanda, e haver equilíbrio seria os capitalistas do departamento II
gastarem com os bens de produção, o exato mesmo valor que os capitalistas do departamento I gastam com
salários somados a mais-valia no departamento I. (praticamente impossível para Marx).
D – M – D’
Departamento I: c1 + v1 + m1 = c2 + c1 → c2 = v1 + m1
Departamento II: c2 + v2 + m2 = v1 + v2 + m1 + m2 → c2 = v1 + m1
c2 = v1 + m1
 Escala de produção permanece inalterada
 Mostra as discrepâncias entre a oferta total e a demanda total: c 1 + v1 + m1 + c2 + v2 + m2 (caráter
duplo).

Reprodução Ampliada
 Esquema no qual o capitalismo se expande, mais próximo do exemplo atual.
 A acumulação de capital → parte da mais-valia se converte em capital adicional, que proporciona
ainda maior mais-valia, que por sua vez se transforma em novo capital adicional e assim por diante.
m = mc + m▲c + mac + mav
necessário desdobrar a mais-valia em 4 partes:
 mc: representa a parcela da mais-valia que é usada para consumo dos capitalistas (que na reprodução
simples era toda a mais-valia).
 m▲c: parte da mais-valia que servirá para a ampliação do consumo dos capitalistas.
 mac: parte da mais-valia que vai ser utilizada para aumentar o capital constante (compra de mais
máquinas e matérias primas por exemplo.
 mav: parte da mais-valia usada para aumentar o capital variável (contratar mais funcionários)
Refazendo os esquemas com as equações completas:
 Departamento I:
w1 = c1 + v1 + mc1 + m▲c1 + mac1 + mav1
 Departamento II:
w2 = c2 + v2 + mc2 + m▲c2 + mac2 + mav2
Condições de equilíbrio:
Produção DI: w1 = c1 + v1 + mc1 + m▲c1 + mac1 + mav1
Demanda do departamento I: w1=c1 + c2 + mac1 + mac2
Condição de equilíbrio: c1 + c2 + mac1 + mac2 = c1 + v1 + mc1 + m▲c1 + mac1 + mav1
c2 + mac2 = v1 + mc1 + m▲c1 + mav1

Para que haja equilíbrio, é preciso que o que os capitalistas do departamento II gastam com meios de
produção seja no capital constante ou no acréscimo do consumo desses capitalistas, seja igual aquilo que vai
ser gasto com consumo no departamento I. (muito pouco provável)
Produção DII: w2 = c2 + v2 + mc2 + m▲c2 + mac2 + mav2
Demanda do DII: w2 = v1 + mc1 + m▲c1 + mav1 + v2 + mav2 + m▲c2 + mc2
Condição de equilíbrio: c2 + v2 + mc2 + m▲c2 + mac2 + mav2 = v1 + mc1 + m▲c1 + mav1 + v2 + mav2 + m▲c2 + mc2
c2 + mac2 = v1 + mc1 + m▲c1 + mav1

Crises do Capitalismo
“A crise real só pode ser explicada pelo movimento real da produção, concorrência e crédito capitalista”.
“A simples existência do dinheiro abre possibilidade da crise”.
 M – D – M’ → finalidade é o consumo, valor de uso. (produzir para consumir).
 D – M – D’ → finalidade é a mais-valia, valor de troca. (produzir para expandir o valor).
Objetivo do capitalismo: elevar ao máximo a taxa de lucros (mais-valia/capital total).
Se algo ocorrer com a taxa de lucro, o capitalista imediatamente irá reconsiderar a possibilidade de lançar D
em circulação.
 Queda nas taxas de lucros de todos os setores abaixo do usual → inicia uma retração nas operações
por parte dos capitalistas.
 Não irão reinvestir em condições desfavoráveis → processo de circulação interrompido e crise de
superprodução.
 Preferência por reter o dinheiro (preferência pela liquidez) → reserva de valor.
 Impactos sobre as taxas de juros → tendência a elevação, caso não haja aumento na oferta de
dinheiro.
 Desaceleração econômica – crise.
 Crises ligadas a tendência decrescente das taxas de lucros.
 Crises de realização:
 Em função da desproporção entre os setores;
 Em função do subconsumo.

Lei de Say (Smith e Ricardo)


 Venda é sempre seguida de uma compra de igual valor.
 Marx → ninguém tem que comprar porque vendeu. Venda e compra estão separadas no tempo e no
espaço.
 Dinheiro é mais do que um meio de troca.

Crises ligadas a tendência decrescente das taxas de lucros


 Queda em função do aumento na composição orgânica;
 Queda em função do aumento dos salários reais;
 Movimentos bruscos nas taxas de lucros.
Na queda dos salários reais, o crescimento (acumulação) aumenta a procura por força de trabalho.
 Rápido incremento da acumulação pode esgotar o exército de reserva.
 Aumento dos salários (redução do mais-trabalho).
 Queda nas taxas de lucros. (a partir daí os empresários capitalistas decidem se continuarão na
produção ou não).
A crise torna improdutivo parte dos meios de produção (depreciação) e destrói valores de capital, o que
causa uma superprodução e consequentemente a queda nos preços das mercadorias (destruição de capital).
Além da quebra do sistema de crédito, dado aos atrasos de pagamentos.
Assim, a crise causa estagnação e desemprego, esse último ajuda a diminuir os salários, e deprecia o capital
constante, o que incentiva a introdução de inovações na produção (máquinas, métodos de trabalho etc.) e
essas causam a destruição dos capitalistas mais fracos trazendo mudanças na concorrência, e possivelmente
retomando a taxa de lucros.
→ As expectativas em relação as taxas de juros fazem com que um país continue em crise, os capitalistas
não investem se as expectativas forem negativas.

Crises ligadas à desproporção entre setores


 Capitalistas tomam suas decisões baseadas em estimativas.
 Resultado: escassez ou excesso de mercadoria.
 Preços acima ou abaixo dos seus valores (aumentos/reduções na produção).
 Marx: não há razão para supor que os movimentos se compensam.
 Desproporções nos setores relevantes → crise geral de superprodução.
 Caráter anárquico e não planificado da produção capitalista.
 Sistema de crédito potencializa e estende a crise.
 Reprodução ampliada.
Teoria do Subconsumo
 Os meios de produção são criados com finalidade de utilização, direta ou indireta, na produção de
bens de consumo.
 As relações capitalistas impõem restrições ao consumo e, ao mesmo tempo, estimulam o capitalista a
uma expansão ilimitada da produção.
 O trabalhador produz mais do que consome (mais-valia).
 O capitalista visa o valor de troca → a produção pela produção e não pelo consumo.
 Produz a superprodução
 No capitalismo a produção se expande sem referências no consumo.
 A capacidade produtiva em expansão e mercadorias precisam ser transformadas em dinheiro (mais-
valia).
 Existência de limitações ao número de trabalhadores e ao crescimento dos salários, além de
limitações ao consumo dos capitalistas.

Forças contrabalanceadoras
 Incorporações de novos mercados;
 Novos setores e novos produtos;
 Concorrência e erros → ruína de capitalistas;
 Crescimento populacional;
 Consumo improdutivo/ Fetiche da mercadoria;
 Gastos estatais.

Capital Monopolizador
 Concentração de capital: aumento das escalas de produção.
 Aumento da composição orgânica do capital.
 Crescente proporção do capital fixo investido por trabalhador.
 Centralização do capital: reunião de capitais já existentes.
 capitalistas maiores, com maior produtividade, derrotam os menores.
 Sistema de crédito: formidável arma na luta da concorrência que se transforma num mecanismo
social imenso para a concentração e centralização do capital.
 Sociedades anônimas: essencial para a centralização
 Permite enorme extensão das escalas, o que é impossível para o capital individual.
 Racionalização da gestão;
 Transformação do capitalista em um gerente (profissionalização da gestão).

Capital Financeiro
 Desenvolvimento do mercado de ações;
 Lucro do aplicador (capital portador de juros);
 Lucros do organizador (bancos);
 Subordinação do capital produtivo ao capital bancário.

O papel dos bancos


 Lucros do organizador;
 Participação na direção das empresas;
 Eliminação da concorrência;
 Articulação das políticas empresariais;
 Grandes conglomerados.

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