Universidade Estadual de Santa Cruz Docente: Lorena Freitas Discente: Thayn Santos Costa Disciplina: Sociologia Geral Curso:

Direito Noturno

FICHAMENTO DE RESUMO

A tica protestante e o esprito do capitalismo

Confisso religiosa e estratificao social

WEBER, Max. A tica protestante e o esprito do capitalismo. 7. ed So Paulo: Pioneira, 1992. 233 p. Weber inicia o texto abortando um questionamento muito discutido em todo ocidente:
... o carter predominantemente protestante dos proprietrios do capital e empresrios, assim como das camadas superiores da mo de obra qualificada, notadamente do pessoal de mais alta qualificao tcnica ou comercial das empresas modernas. (p. 29)

Historicamente pode-se associar esse fato ao financiamento dado pelas cidades mais ricas as quais havia se convertido, em sua maioria, para o protestantismo. O motivo encontra-se tambm nas bases histricas da Reforma Protestante. Um dos maiores financiadores dessa revolta foi os burgueses, que tinham como objetivo disseminar uma nova religio que no os taxassem de pecadores devido sua filosofia econmica. Com certeza, a emancipao ante o tradicionalismo econmico aparece como um momento excepcionalmente propcio inclinao a duvidar at mesmo da tradio religiosa e a se rebelar contra as autoridades tradicionais em geral. (p. 30) Sobre a Reforma, Weber, diferente do que muitos pensam, afirma que essa revoluo no visava dar trmino a uma dominao eclesistica, mas sim substituir a vigente do perodo (catolicismo) por outra (os diversos estilos protestantes). A dominao calvinista, (...) seria para ns a forma simplesmente mais insuportvel que poderia haver de controle eclesistico do indivduo. (p. 31) Sobre a qualificao da mo de obra, Weber afirma que os catlicos possuam

uma tendncia a permanecer no tradicionalismo enquanto os protestantes inclinavam para o racionalismo econmico. Para explicar melhor essa afirmao, Weber utiliza uma frase comparativa: bem comer ou bem dormir, h de escolher (p. 34). Os catlicos teriam como escolha o dormir bem, pois no tinham nenhuma ambio como novos bens ou capital; o importante no era o que fazer durante o dia, mas sim dormir tranquilo ao fim desse dia. Os protestantes, por sua vez, optariam por comer bem, o que representa a tendncia do capitalismo moderno. O importante no era saciar suas necessidades bsicas, mas saciar os anseios de sua alma que, para eles, seria agradar a Deus. Segundo Weber, essa diferena encontra-se exatamente na educao religiosa de casa; enquanto o trabalho em excesso era visto como busca por materialismo pelos catlicos, era visto como bno divina pelos protestantes; era o sinal de que Deus o enxergava e o abenoava por seguir aos seus ensinamentos. Por esses fatos, possvel considerar o protestantismo como o responsvel pelo incio do capitalismo. Gothein tem razo quando designa a dispora calvinista como o viveiro em que floresceu a economia capitalista. (p. 37)

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A tica protestante e o esprito do capitalismo

O esprito do capitalismo

WEBER, Max. A tica protestante e o esprito do capitalismo. 7. ed So Paulo: Pioneira, 1992. 233 p. Para compreender o que seria o esprito do capitalismo, Weber afirma a individualidade histrica o melhor caminho, isso , apenas no decorrer de uma discusso poder-se- chegar a uma concluso sobre o exposto. Pra isso, inicia citando Benjamin Franklin, religioso calvinista responsvel pela Revoluo Americana e pelo sermo analisado. Segundo Franklin, tempo dinheiro, portanto no se pode perd-lo vagabundando e desperdiando dinheiro; isso seria um pecado. Mesmo que gaste pouco dinheiro ou tempo, seria um erro, pois Deus d o tempo para trabalhar e assim deve ser utilizado. Crdito dinheiro, por isso deve-se cobrar todos os juros para quem retm seu dinheiro por mais tempo. Dinheiro procriar por natureza e frtil, portanto investir uma moeda , na verdade, duas moedas investidas e trs reinvestidas. Gastar uma quantidade de dinheiro perder no s aquela quantidade, mas tudo o que se poderia ganhar com ela se essa tivesse sido investida em mais dinheiro. Um bom pagador senhor da bolsa alheia, porque se voc pontual em seus pagamentos, (aparentemente) honesto, conseguir emprstimos sempre que desejar. Portanto, o trabalho para o protestante visto como um dever. No importa qual trabalho; seja uma grande profisso ou uma pequena tarefa considerada insignificante na sociedade, o importante trabalhar como se isso foi uma obrigao. Assim se obter a salvao divina. Sobre o esprito do capitalismo, Weber afirma que esse nasceu primeiro que o prprio capitalismo, e a prova disso que existem estados formados por protestante e outros por burgueses com outra religio. Apenas os primeiros desenvolveram-se grandiosamente. Portanto, conclui-se que o capitalismo no dominou as sociedades com facilidade, muito pelo contrrio. Para que isso ocorresse foi realmente necessrio existncia de uma religio que pregasse esse racionalismo econmico para que a populao aceitasse-o, pois essa era a nica com o carter dominador e manipulador de massa naquele perodo.

A manipulao da religio foi utilizada principalmente para derrubar o tradicionalismo dos negcios, os quais aceitavam a estabilidade no modo de trabalhar e, consequentemente sua estagnao no modo de viver. A nova filosofia econmica conseguiu derrubar na maior parte do mundo essa antiga forma de trabalhar e, at hoje, faz-se dominante. No entanto, para Weber, na modernidade, existe a racionalizao: quem no sobre, desce. (p. 60) Esse racionalismo econmico moderno foi responsvel, segundo Weber, por derrubar os preceitos religiosos existentes na filosofia trabalho como dever. Antes, o trabalho era obrigao para agradar a Deus, mas com a evoluo da sociedade e a menor influncia da religio, Ele no possui as mesmas caractersticas. A populao no mais acredita na salvao apenas pelo trabalho, mas trabalham para alcanar outros desejos agora terrenos.

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A tica protestante e o esprito do capitalismo

Ascese e capitalismo

WEBER, Max. A tica protestante e o esprito do capitalismo. 7. ed So Paulo: Pioneira, 1992. 233 p. Dando suporte entre o capitalismo e a conduta do protestante, Weber acaba desfragmentando o nexo entre as concepes religiosas fundamentais do protestantismo asctico e as premissas que regem a vida econmica cotidiana. Para isso, cita Richard Baxter, propagador da tica puritana que traz em seus textos a questo do lucro ou riqueza como algo reprovvel e sem sentido no reino de Deus. Para Baxter, a riqueza incentiva o luxo e o cio, fatores que representam o abandono da vida santa, esses o afastariam de Deus; esse o maior perigo da riqueza. Efetivamente condenvel em termos morais era, nomeadamente, o descanso sobre a posse, o gozo da riqueza com sua consequncia de cio e prazer carnal, mas antes de tudo o abandono da aspirao de uma vida santa. (p. 143) Outro fator condenvel a perda de tempo, que o primeiro e em princpio o mais grave de todos os pecados. (p. 143) Portanto, tudo o que remete a gastar tempo tambm reprovvel como o prazer carnal, que s permitido entre os protestantes no casamento e, ainda assim, porque Deus ordenou: Sede fecundos, multiplicai-vos {Gn 1,28} (p. 144) Nesse sentido, o protestantismo acredita na diviso do trabalho como especializao do indivduo na vocao que lhe foi dado por Deus. A especializao trazida pela diviso do trabalho no condenvel se seu fim for a dedicao a um exerccio que aproxima o indivduo da sua graa. A falta de vontade de trabalhar sintoma de estado de graa ausente. (p. 144) Para os protestantes, a profisso fixa (racional) aceita por Deus, enquanto a ocasional reprovada por induzir ao cio.
Fora de uma profisso fixa, os trabalhos que um homem faz no passam de trabalho ocasional e precrio, e ele gasta mais tempo vadiando que trabalhando. (...) No o trabalho em si, mas o trabalho profissional racional, isso exatamente que Deus exige. (p. 147)

Weber tambm comenta sobre a condenao a desonestidade e ganncia. Por isso, para que haja a salvao, o trabalho deve ser racional e honesto. Diferente do trabalho, os aspectos culturais no eram aceitos pelos puritanos, uma vez que considerados irracionais e ainda no serviam glria a Deus e ainda remetiam ao esteretipo corporal. E perder tempo com beleza e corpos esculturais

um pecado. Sobre o acmulo de posses, esse no condenvel, mas sim o que se faz aps obt-las. Se ao adquirir muitas posses o indivduo permanecer seguindo os ensinamentos de Deus e investindo suas riquezas em mais trabalho para obter mais posses a prova de que Deus o est abenoando. No entanto, se ao obt-las, ele e entregar ao cio, luxo e prazeres canais, ser um pecador. Ao final do captulo Weber afirma que o trabalho, que antes era algo opcional para cada indivduo, tornou-se um dever com o protestantismo. No entanto, na modernidade, no h essa obrigatoriedade do trabalho como antigamente, mas a necessidade de trabalhar permaneceu entre os homens agora sem a ideologia crist, porm com nova ideologia que explicam a preciso desse trabalho.
Quis o destino, porm, que o manto virasse uma rija crosta de ao. (...) No que a ascese se ps a transformar o mundo e a produzir no mundo seus efeitos, os bens exteriores desse mundo ganharam poder crescente e por fim irresistvel sobre os seres humanos como nunca antes na histria. Hoje seu esprito quem sabe definitivamente? safou-se dessa crosta. O capitalismo vitorioso, em todo caso, desde quando se apoia em bases mecnicas, no precisa mais desse arrimo (...) [o] dever profissional ronda nossa vida como um fantasma das crenas religiosas de outrora. (p. 165)

Aps essa explanao, afirma que no h como determinar se o capitalismo um fenmeno apenas religioso ou econmico, ou at ambos. Muito menor afirmar com certeza se o protestantismo a explicao final para o capitalismo, mas sim um dos princpios que se deve analisar para compreender essa to complexa economia.

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