David Manuel Trinta Felismina Manuel Namarra Luís Matias Nikutume Vicário Joaquim
David Manuel Trinta Felismina Manuel Namarra Luís Matias Nikutume Vicário Joaquim
David Manuel Trinta Felismina Manuel Namarra Luís Matias Nikutume Vicário Joaquim
Vicário Joaquim
Estudo de parentesco
Licenciatura em Ensino de Matemática
Universidade Rovuma
Nampula
2022
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Vicário Joaquim
Estudo de parentesco
Universidade Rovuma
Nampula
2022
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Índice
Introdução........................................................................................................................................3
Objectivos........................................................................................................................................3
2.3 Metodologia...............................................................................................................................4
1.4 Descendência.............................................................................................................................6
2. Simbologia e Nomenclatura........................................................................................................7
2.1 Simbologia.................................................................................................................................7
2.2 Nomenclatura.............................................................................................................................8
3. Grupos parentescos......................................................................................................................9
3.1 Clã..............................................................................................................................................9
3.2 Família.......................................................................................................................................9
4. Filiação......................................................................................................................................11
5. Aliança Matrimonial..................................................................................................................13
6. Residência..................................................................................................................................16
iv
7. Sistemas de Atitudes..............................................................................................................18
8.1 A Exogamia..........................................................................................................................19
8.2 Divórcio...............................................................................................................................19
Conclusão...................................................................................................................................21
Referencias Bibliográficas.........................................................................................................22
Introdução
O presente trabalho científico irá debruçar-se sobre o estudo do parentesco em antropologia sua
importância, nomenclatura, classificação e características de (afiliação, aliança e residência),
v
Objectivos
1.Introdução do parentesco
O termo parentesco não e de fácil definição. Uma definição simples considera que o parentesco
seja um vinculo que liga os indivíduos entre sim em vista de geração em geração e da
descendência (Bernardi,1978,p.259). Pode ainda definir-se como um sistema simbólico de
denominação das posições relativas aos laços de descendência e afinidade. É nele onde são
definidos ou prescritos comportamentos entre membros de um grupo social, como por exemplo
os tipos de casamentos, as formas de tratamento entre membros, as formas de afiliação, isto e, a
maneira como e definida a pertença dos filhos.
Para Bernardi (1974:259) “o parentesco é um vínculo que liga indivíduos entre si em vista da
geração e descendência”.
Rivière (1995:63) define “ o parentesco como um conjunto de laços que unem geneticamente
(filiação, descendência) ou voluntariamente (aliança, pacto de sangue) um determinado número
de indivíduos”. Contudo, de dentre as várias definições existentes sobre o parentesco, o que pode
constatar que o parentesco é vasto e vai além da consanguinidade, aliançam, afinidade, relações
biológicas e sexuais.
(1950) afirmam que “um sistema de parentesco pode ser considerado como um arranjo que
permite as pessoas viverem juntas e cooperarem umas com as outras segundo a ordem social”.
O parentesco na vida social tem um papel importante pois confere ao indivíduo a identidade
social perante ao grupo, de forma que este seja reconhecido pelos outros como membro
pertencente ao grupo, isto é, dentro de uma sociedade pode definir a sua posição por meio de
termos de parentesco com qualquer pessoa com quem se encontre a tratar socialmente, quer
pertença á própria tribo quer pertença a outra. Para Rivière (1995:69) “o grupo de parentesco
supõe um ou diversos critérios de pertença, assim como normas comuns, e ligações sociais
activas”. Contudo, o parentesco confere os primeiros elementos do nosso estatuto como
individuo, assim como confere a sua personalidade social integrando os indivíduos que fazem
parte do grupo e distinguindo os que não fazem parte, dai que o parentesco integra e também
exclui, visto que ao mesmo tempo confere uma posição social dentro desse grupo e esta posição
é de maior destaque de acordo com o papel que a pessoa desempenha, por exemplo pai, mãe,
filho.
É a relação que decorre da posição ocupada pelo sujeito no sistema de parentesco. Pode-se falar
de três tipos de laços de parentesco:
1.4 Descendência
Relação do sujeito com os seus parentes de sangue. Embora o critério de descendência seja
Sociedades que não consideram como preponderante a linhagem matrilinear nem a patrilinear,
porém, orientam-se pela linhagem patrilinear para uns propósitos (ex: realização de funerais,
delegação da herança, etc.), e orientam-se pela linhagem matrilinear para outros propósitos (ex: o
cuidado de crianças, a atribuição de apelidos,).
Remete a uma relação biológica dos progenitores que se manifesta na descendência genealógica.
Esta liga indivíduos singulares por via natural, onde atribui representações dos laços de
parentesco um poder de coacção e de normatividade (Bernardi 1974:259 e Rivière 1995:63). A
consanguinidade além da sua formação natural, tem um dever de ser reconhecido socialmente,
como forma de dar aos indivíduos uma integração e um estatuto aos indivíduos dentro do grupo
pertencente, assim como estruturar os laços existentes entre os mesmos; por exemplo a adopção
de uma criança. Entretanto, os progenitores nem sempre desempenham os papéis de pai e mãe,
mas eles detêm um papel de pais sociais, visto que estes ascendem a este individuo não tem uma
ligação natural, contudo a sociedade reconhece os seus papéis de pais adoptivos apesar de não
existir uma ligação consanguínea.
Esta é de ordem social que se baseia nas normas sociais conhecidas ou por lei. O parentesco por
afinidade esta relacionado com o matrimónio, mas por laços de afinidade entre duas pessoas no
processo de socialização entre os indivíduos. O processo de afinidade é durável por muito tempo
até chegar a definição de parente; contudo, cada indivíduo vai determinar quem é parente de
acordo com o grau de afinidade existente.
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2. Simbologia e Nomenclatura
Nomenclatura de parente é o sistema de denominação das posições relativas aos laços de sangue
e de afinidade. Segundo a forma como os vínculos se formam ou o parentesco surgiu, este pode
ser real (a consanguinidade), fictício (o da adopção) e o das relações de aliança. Não obstante a
adopção criar laços fortes, a consanguinidade parece criar laços mais profundos. Em função
destes pressupostos, surgem os parentes consanguíneos e aliados ou afins.
2.1 Simbologia
Na vida quotidiana, você nota que o Homem guia-se por um conjunto de sinais que substituem
os objectos, coisas ou seres a que se referem, desde palavras, imagens, sons, objectos.
Da mesma maneira, você vai aprender um conjunto de símbolos e de abreviaturas usados pela
antropologia no sistema do parentesco, capazes de levarem-no a identificar o sexo de um
individuo, o tipo de relação existente entre um individuo determinado no esquema de parentesco
e um Ego.
Individuo falecido
--
individuo do sexo feminino mais novo
Ou==casamento Divórcio Segundo
Casamento
x
Casamento poligâmico
Germanidade, irmandade ou fraternidade Filiação
Marido e mulher
Com filhos
Irmão e irmã
2.2 Nomenclatura
Para além dos símbolos, na antropologia são usados um conjunto de abreviaturas para designar
os parentes primários, (os que com cuja ligação tem um intermediário), terciários (os que
precisam de dois intermediários para sua ligação) e os fins.
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3. Grupos parentescos
3.1 Clã
grupo de pessoas dotado de nome e de descendência unilateral, isto é, que deriva de um ancestral
comum e que segue regras de descendência matrilinear/uterina ou patrilinear/agnática e jamais
de ambas simultaneamente.
3.2 Família
no sentido mais restrito é o conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo tecto. Mas no sentido
lato, a família é o conjunto das sucessivas gerações descendentes de antepassados comuns; já na
linguagem do senso comum costuma dizer-se que a família é a célula básica da sociedade. Por
família, também, pode-se entender como o conjunto de parentes por consanguinidade ou por
aliança ou afinidade.
No entanto, existe um tipo de classificação da família que se vale dos seguintes critérios: regras
de residência, número de cônjuges, relação de poder e parentesco.
Poligâmica: é a união de um só marido com várias esposas ou de uma mulher com vários
maridos.
Poliândrica: é a família em que a mulher é quem pratica a poligamia, ou seja, a união de uma
mulher com vários esposos.
Patriarcal ou patrilinear: é a família cujo poder é exercido pelo marido. As famílias patriarcais
abundam no sul de Moçambique, sendo que o patriarcado como uma relação de poder incide
também no casamento, na sucessão, na herança e na estrutura social das famílias.
Nuclear: é a família constituída pelo marido, esposa e os filhos resultantes dessa união, todos
morando juntos numa residência neolocal. A família nuclear pode ser de orientação, aquela da
qual cada um de nós proveio e a família nuclear de procriação, que é a que cada um de nós funda
ou estabelece.
Alargada ou extensa: este tipo de família constitui-se por um casal, os filhos e os familiares
colaterais (sobrinhos, netos, primos, irmãos, etc.), todos vivendo numa mesma residência
patrilocal, matrilocal ouneolocal.
Reconstituída: composta por um homem divorciado ou viúvo com os filhos e uma mulher (a
madrasta), ou por uma mulher divorciada ou viúva com os filhos e um homem (o padrasto), ou
ainda, por um homem e uma mulher, ambos divorciados ou viúvos vivendo juntos com os
respectivos filhos.
Monoparental: aquela composta só pelo pai solteiro ou viúvo e os filhos, ou só pela mãe
solteira ou viúva e os filhos.
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4. Filiação
Via de descendência
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Espírito sangue
Ego
O Ego recebe a Filiação dos quatro avôs, oito bisavôs, dezasseis trisavós.
xv
Ego
Para todos os efeitos, todos os anteriores tipos de Filiação são de carácter natural, porque apesar
de ela ser determinada culturalmente, envolve a consanguinidade. Fora desta, existe a Filiação
Adoptiva, aquela em que os filhos têm uma origem exterior à Família Nuclear ou não têm uma
relação genética.
5. Aliança Matrimonial
Atendendo à escolha dos nubentes, o casamento pode ser a) livre, quando os nubentes têm plena
liberdade na escolha do seu parceiro; b) preferencial, quando apenas se considera aconselhável
que o indivíduo despose uma determinada pessoa ou entre as pessoas de uma determinada
categoria social e c) prescrito ou compulsório, quando a pessoa ao nascer fica comprometida a
um futuro marido ou esposa. Assim, pode ser a hipergamia, que é a preferência matrimonial
concedida por uma mulher a um cônjuge de estatuto e de condição económica superior; a
hipogamia, casamento em que mulheres de sangue real são coagidas a casar com um cônjuge de
estatuto inferior e a homogamia ou isogamia, a escolha do cônjuge em meio social, geográfico e
cultural idêntico ao seu próprio meio.
Nas práticas de casamento existem formas de trocas de mulheres entre grupos sociais ou no
interior de um grupo social. Ocorre, por exemplo, que pode haver um casamento preferencial,
especialmente entre os primos cruzados. Nas vezes em que de grupo para grupo uma mulher é
dada por troca com outra mulher fala-se de troca directa. É um casamento prescrito, como o é,
entre os primos cruzados. Mas quando uma mulher é compensada por um símbolo reconhecido
ou dote (p. ex. vaca, soma de dinheiro), a troca é indirecta. O dote simboliza a aliança dos clãs; a
troca dos valores; mas também uma indemnização pela privação dos serviços agrícolas e caseiros
que a filha desempenharia caso ficasse com eles ou um direito pela apropriação de uma filha; o
preço de cedência de um poder legal sobre esta.
xvii
Há casos particulares de casamento, por herança, como o levirato, uma prática segundo a qual a
viúva se casa com um irmão do marido falecido e o sororato, em que o viúvo se obriga a casar
com uma irmã solteira da esposa falecida.
De um modo geral, o casamento tem uma função social, quer como base de manutenção do
grupo social, a partir da procriação, quer pela manutenção de alianças entre grupos familiares,
tendo por isso uma função comunitária. Geralmente o casamento dissolve-se por duas vias: por
morte de um dos membros ou pelo divórcio que, por sua vez, pode resultar de vários factores:
infertilidade de um dos membros, infidelidade, contradições entre os membros, maus tratos,
concubinato.
À excepção do exotismo e desde que um dos membros seja nativo, os casamentos são prescritos
geralmente pelas normas do local onde este se realiza. A escolha do cônjuge depende da
identidade social, questões do sexo; grau de parentesco dos esposos; prazo de viuvez ou o
respeito de certos interditos. Eles guiam-se ainda pela endogamia e exogamia. De acordo com a
forma, ele pode ser livre, preferencial, (hipergamia), hipogamia, homogamia ou isogamia),
prescrito ou compulsório. Há também os casamentos por herança, (levirato e o sororato).
Finalmente, segundo o número de pessoas envolvidas, pode ser monogâmico e poligâmico
(poliginia e a poliandria).
6. Residência
de um casal é objecto de regra. Existem vários tipos de residência. Por exemplo, a residência
unilocal pode ser definida pelas residências: patrilocal, virilocal, matrilocal e uxorilocal.
É residência patrilocal, quando o casal vive nas terras ou na proximidade do grupo do marido.
Em Moçambique é característica nas comunidades de filiação patrilinear.
Virilocal ou Neolocal: é a família cujo casal tem uma residência independente dos pais de ambos
os cônjuges. Este tipo de residência é mais frequente em sociedades urbanizadas onde o estilo de
Geralmente é a avó materna que controla o grupo doméstico. É uxorilocal, quando o casal se
estabelece em casa da esposa. Quando a residência é do mesmo tipo de filiação, por exemplo,
filiação matrilinear e residência matrilocal, o regime é dito harmónico. Os homens, apesar de
saírem dos seus grupos domésticos, deslocam-se frequentemente para a povoação da sua mãe.
Geralmente, apesar de não ser posto de lado o papel da mulher, já que ela detém o poder
espiritual, a execução deste cabe aos irmãos da mãe de um determinado Ego. É por causa disso
que há um papel muito forte dos tios maternos, os quais controlam a circulação dos sobrinhos
uterinos. O poder passa, dessa forma, do tio materno ao sobrinho. Entretanto, quer no sistema de
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7. Sistemas de Atitudes
Entre os membros de um dado grupo social são determinados certos comportamentos que regem
a relação entre os seus componentes. Existem, por exemplo, normas de comportamento entre o
tio materno e o sobrinho.
O sobrinho deve obediência e profundo respeito ao tio e às vezes, este importuna o sobrinho.
Mas é necessário situar estas relações não só ao nível destes dois membros, pois envolve o irmão
da mãe, a própria mãe, o cunhado e o sobrinho. Um outro sistema de comportamento situa-se ao
nível dos sogros e genros, ou entre parentes aliados, como por exemplo o gracejo. Muitas destas
normas circunscrevem-se num respeito ou para inibir tensões potenciais entre os membros
envolvidos. Existem outras normas de comportamento ou sistema de atitudes, como é o caso do
gracejo em que os comportamentos se transpõem ao nível da entreajuda ou assistência recíproca
entre os membros em todas as ocasiões
o grupo familiar da esposa e a prole dessa união recebia o sobrenome ou melhor, nihimo da mãe
pertencendo a linhagem dela.
O nihimo é uma entidade espiritual e esotrica exclusivamente transmitida pelas mulheres. É
também um nome: Lapone, Mirasse, Marevoni, pelo qual os indivíduos que recebem o mesmo
nihimo se designam e se reconhecem entre si.
Todas as mulheres que compartilhavam com as crianças uma origem ancestral e que as
alimentaram durante a infância eram vistas por elas como mães. Uma dinâmica parecida pode ser
observada para a paternidade. Os homens recebiam os seus nihimo de suas mães e não os
transmitiam aos seus filhos.
Percebemos com essas breves informações que a maternidade e a paternidade, dentro das
sociedades macuas, não eram estabelecidas a partir de critérios biológicos, como acontece no
ocidente. Pelo contrário, eram os vínculos sociais que determinavam essas relações.
De acordo com ROCHA (2006:77), o casamento, na sociedade macua, não é, de forma nenhuma,
o assunto particular, que interessa só aos dois que vão casar. Nesta sociedade o casamento tem
um valor social de primeira grandeza, que transparece logo nos primeiros ritos e depois em cada
uma das sequências rituais, até chegar a conclusão de todo processo matrimonial. Um casamento
significa a entrada de um novo membro na família, um aumento numérico e qualitativo, garantia
segura do fortalecimento da linhagem. A família alarga-se, multiplicam-se os membros dela.
8.1 A Exogamia
O casamento entre os macuas obedecia a uma série de negociações que so terminavam com o
nascimento da primeira criança. Enquanto isso não acontecia, o casamento não estaria, de facto,
consolidado e, por isso, o casal vivia numa situação relativamente precária, não dispunham de
uma casa e nem mesmo de terreno próprio para cultivar. O nascimento da criança marcava uma
ascensão social. O jovem casal estaria, a a partir de então, autorizado a possuir alguns bens.
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Tanto o homem quanto a mulher trabalhavam em sua terra, mas o homem ainda precisaria
dedicar algumas horas semanais de trabalho nas terras de sua sogra, ao passso que a jovem
mulher deveria enviar parte de sua colheita para o celeiro da mãe. Por outro lado, os filhos que
viessem a ter não se alimentavam apenas na sua casa. Pelo contrario, as crianças circulavam por
todos os lares do grupo alimentando-se em cada um e, principalmente, no lar da avo.
8.2 Divórcio
O Lobolo e uma prática cultural por meio da qual se unem duas pessoas (homem e mulher) pelo
casamento condicionado ao pagamento real ou simbólico de um dote. Este dote pode ser uma
enxada, uma cabeça ou varias de vaca, dinheiro em numerário ou dos outros bens de natureza ou
pecuniária.
O jovem que tenciona contrair o casamento informa os seus tutores (pais ou padrinhos) sobre a
sua intenção e estes marcam uma agenda de visita a família da pretendida noiva com a finalidade
de participar-lhes da pretensão do seu filho/afilihado. Uma vez que recebidos os hóspedes
estabelecem garantias, designamente uma lista contendo a descrição dos itens que serão objectos
do próprio Lobolo.
Chegando n o dia marca do, a família da noiva prepara-se para a cerimónia de maneira especial,
cumpre-lhe a hospitalidade ao noivo e aos seus acompanhantes. Na hora do pagamento do
Lobolo, as prendas e todos os objectos descritos na lista são dispostos no meio visível de praça
visível.
Logo, as duas famílias (a da noiva e do noivo) reúnem-se para verificar se o número dos objectos
esta certo, indicado uns com os outros se estão ou não completos.
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Ultrapassada esta parte, segue-se o acto religioso, logo, o cortejo nupcial, em seguida os festejos
com a abundancia de comidas e bebidas alcoólicas. Todos estes actos solenes selam para sempre
união dos dois nubentes. No entanto, os dois grandes factores podem ser preponderantes para a
dissolução do casamento: o adultério e a esterilidade da mulher.
Ora, embora a sociedade moçambicana consinta a poliginia (poligamia masculina) não tolera que
a mulher possa estabelecer relações extra conjugais ou adultérios, sendo estes actos
suficientemente justificativos para o homem exigir a dissolução do casamento. A esterilidade
feminina é um outro aspecto que legitima a dissolução do casamento. Ora, visto que entre os
africanos a finalidade do casamento prima sobre as finalidades (prazer, partilha, afecto), a
dificuldade de procriação da mulher e tida como um impedimento a manutenção do casamento,
pelo que se declara divórcio.
Toda a família do homem toma parte nas cerimónias do casamento, sobretudo no dia
em que o Lobolo é levado pelo noivo. Os membros masculinos do grupo têm o direito
de opinar sobre os bois ou a soma entregue.
Os irmãos estão sempre prontos a ajudar um dos seus, mais pobre, ao Lobolo.
Trabalham assim para o grupo.
A mulher adquirida desta maneira é a esposa aparente deles, embora lhes não seja
permitido ter relações sexuais com ela. Recebê-la-ão em herança quando o marido
morrer (o kutchinga).
Os filhos pertencem ao pai, vivem com ele, usam o seu apelido (o nome de clã) e
devem-lhe obediência: os filhos masculinos fortificam o grupo e os femininos são
vendidos em casamento para o benefício desse grupo.
Conclusão
Finalizando o trabalho e diante dos factos pelo grupo apresentados, pode se concluir que o
parentesco é dotado de grande poder regulador da vida social, pelo que rege todo o tipo de
relações sociais existentes numa determinada sociedade seja tradicional ou industrial.
O parentesco embora possa ser transmitido por consanguinidade e como Ghasarian afirma que
nas sociedades tradicionais tem um carácter sagrado e exclusivo na medida em que as pessoas
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que partilham da mesma parentela à ela transmitida pela via consanguínea se vêm obrigadas a
manter certos sentimentos uns em relação aos outros, tem uma dimensão social que ultrapassa a
biológica, pelo que transmite certos estatutos sociais, permite a integração em grupos de
actividades, em termos de hierarquização o parentesco tem forte influência.
Referencias Bibliográficas
COPANS, J. et al. Antropologia Ciência das Sociedades Primitivas. Lisboa: Edições 70:
Lisboa, 1971.