Miei Meio Cap3

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3.

Gestão de Inventários 98

3. Gestão de Inventários

Introdução

Definição de inventário (ou stock)

Acumulação de matérias-primas, produtos semiacabados e/ou


produtos acabados, bem como de sobressalentes necessários à
manutenção, num sistema produtivo.

 Em geral, os inventários correspondem a um investimento


muito significativo das organizações;

 Este “empate” de capital tem motivado uma tendência que


aponta no sentido da racionalização dos inventários.

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3. Gestão de Inventários 99

Perspetiva logística

O inventário funciona como um fio condutor entre o fornecedor de


matérias-primas e o cliente final:

Fornecedor  Fabricante  Distribuidor  Retalhista  Cliente


(cadeia logística simples)

A gestão de inventários, uma das principais funções da logística,


deve ser vista numa perspetiva integradora de gestão eficiente da
cadeia como um todo (ex., “Supply Chain Management” – “SCM”).

Filosofias de gestão da cadeia logística:

 Clássica “push”: a movimentação dos inventários é


desencadeada pelo fabricante;

 Mais recente “pull”: a movimentação é desencadeada pelo


cliente final. Normalmente, permite uma redução significativa
nos inventários, tempos de produção e distribuição. Contudo,
exige ágeis sistemas de gestão baseados em sistemas de
informação (ex., EDI – “Electronic Data Interchange”),
abrangendo toda a cadeia.

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3. Gestão de Inventários 100

Funções dos inventários (1)

A existência de inventários pode ser justificada com base nas


funções seguintes:

a) Ajustamento à procura

 A informação relativa à procura (aleatória) é recebida com


atraso; (recorre-se a previsões!)

Procura
Informação

dt

Tempo

 O inventário funciona então como um “acumulador”,


permitindo estabilizar o nível de produção:

Procura

Nível de
Stock Stock
Produção

Tempo

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3. Gestão de Inventários 101

Funções dos inventários (2)

b) Cumprimento dos “prazos de entrega”

 Com armazenagem de semiacabados, se possível. Porquê?

c) Desacoplamento de funções na empresa

 No Aprovisionamento, a empresa poderá obter um “desconto


de quantidade” na compra;

 O Departamento de Produção poderá pretender fazer uma


“otimização” do processo;

 O Departamento de Vendas poderá pretender fazer uma


“otimização” da distribuição.

d) Incerteza (na procura e/ou no prazo de entrega)

 Ter inventário permite mitigar situações daí recorrentes: ex.,


uma greve afetando o fornecimento de matérias-primas.

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3. Gestão de Inventários 102

Funções dos inventários (3)

e) Controlo do produto

 Permite garantir um determinado nível de qualidade (ex.,


manter uísque de qualidade superior para misturar com
“standard” afim de obter o produto comercializado!)

f) Especulação

 Comprar em situações de baixa de preços para venda em


situações de alta  (Alto risco!)

g) Funcionamento do processo e do produto

 Armazenagem de sobressalentes, com taxas de consumo


mais baixas; ex., rotativos:

Utilização

Armazenagem Armazenagem

Novos
Reparação
Artigos

Sucata

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3. Gestão de Inventários 103

Propriedades dos inventários (1)

a) Esquema uniforme de identificação / referenciação

 Por numeração ou código;

 Deve conter uma descrição do artigo, incluindo a sua


natureza física, vida útil, e outras propriedades relevantes;

 Valor do artigo e número de unidades existentes,


atualizados.

b) Classificação

Os artigos devem ser classificados quanto à sua importância


relativa. As diferenciações mais comuns incluem:

 “Taxa de utilização”: nº unidades por unidade de tempo;

 “Taxa de rotação”: nº vezes que é renovado por unidade de


tempo;

Exemplo: taxa de utilização = 2000 /ano, e


inventário médio = 200
 “rotação de 10”

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3. Gestão de Inventários 104

Propriedades dos inventários (2) – classificação...

 “Valor de utilização”: utilização anual  valor unitário;


(Análise ABC ou de Pareto)
Valor de Utilização (% do Total)

100%

95%

75%

C
B

10% 25% Número de Artigos (% do Total) 100%

Equipamento Exemplo:
informático empresa
Periféricos informática

Consumíveis

 “Prazo de entrega”: intervalo de tempo entre o instante


“ordem de encomenda”, e o instante de reaprovisionamento;

 Fator crítico: quão crítico para o funcionamento do sistema?


Ex., classificação de “fundamental”.

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3. Gestão de Inventários 105

Propriedades dos inventários (3)

c) Caracterização da procura

 Natureza contínua (“taxa de procura”);


ou
 Natureza discreta (“ocasiões”; “errática”?).
...
 Determinística (ex., aproximadamente constante ou “nível”);
ou
 Probabilística ou estocástica (e que tipo de aleatoriedade?)

d) Reaprovisionamento

Caracterizado por:
 Período de revisão;
 Período de reaprovisionamento;
 Volume de encomenda;
 Prazo de entrega;
 Origem do fornecimento.

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3. Gestão de Inventários 106

Classificação dos modelos de gestão de inventários

De acordo com as características do prazo de entrega e da


procura:

a) Modelos determinísticos
 Prazo de entrega e procura aproximadamente constantes;
 Modelos simples com bastante aplicação;
 Ex, Quantidade Económica de Encomenda (QEE).

b) Modelos estocásticos ou probabilísticos


 Prazo de entrega e/ou procura apresentam variabilidade
aleatória significativa;
 Necessário criar um “stock de segurança”, como amortecedor
da variabilidade;
 Quanto maior é o stock de segurança, menor será o risco de
“rutura” (ou “quebra”), mas também maior será o investimento
necessário!
 Ex.(s),Políticas Nível de Encomenda e Ciclo de Encomenda.

c) Modelos para procura dependente


 Normalmente, em situações de stocks hierárquicos e procura
irregular;
 Ex, qdo a procura depende do plano de produção adotado;
 Ex, no contexto do sistema de gestão “Material Requirements
Planning” (MRP), ou no sistema “Just in Time” (modelos
“pull”).

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3. Gestão de Inventários 107

Objetivos e restrições dos modelos

Objetivos:

Genericamente pretende-se determinar os parâmetros:

 Quando devem as encomendas ser colocadas (lançadas)?

 Quanto encomendar de cada vez?

… de forma a minimizar os custos de gestão do inventário (objetivo


clássico), ou a garantir um “nível de serviço” pretendido.

Constrangimentos ou restrições:

Exemplo de restrições comuns que restringem a simples adoção


do critério de MINIMIZAÇÃO da função “Custo_Variável_Total”:

 Limitação de capital;

 Limitação do espaço de armazenagem;

 Limitação do número de encomendas por u. tempo;

 Limitação do tempo de preparação;

 etc…

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3. Gestão de Inventários 108

Custos de funcionamento do sistema de gestão...


(...Nível de inventário: fatores positivos)

Se o objetivo (dos modelos) é a minimização do custo variável


total, é do balanceamento dos diversos componentes da função
custo que vai depender a decisão de se manter níveis de inventário
mais altos ou mais baixos.

Por exemplo, poder-se-á argumentar que interessa:

“...manter inventários tão grandes quanto possível…”

para se conseguir:

…No aprovisionamento (de matérias-primas):


 Descontos de quantidade;
 Redução do nº (custos) de reaprovisionamento.

…No lançamento de lotes de produção:


 Redução dos custos de movimentação.

…Na distribuição (dos produtos):


 Obtenção de economias de escala.

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3. Gestão de Inventários 109

Custos de funcionamento do sistema de gestão...


(...Nível de inventário: fatores negativos)

No outro extremo porém, poder-se-á achar que interessa:

“...manter inventários tão pequenos quanto possível…”

porque geralmente o inventário:

... representa capital imobilizado (custos de oportunidade);

... requer espaço de armazenagem;

... representa um valor que exige seguros;

... requer operações de conservação (custos de conservação e


também, muitas vezes, deterioração);

... está sujeito a obsolescência (ex., material informático de rápida


evolução tecnológica).

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3. Gestão de Inventários 110

...Custo de existência ou de posse de inventário ( C1 )

 C1  i  b (% do valor do artigo)
i = taxa de juro (interna) de existência
b = valor unitário do artigo

 [U.M. / artigo / u. tempo]

 Exemplo: Capital………………………………. 10%


Espaço………………………………. 7%
Perdas (seguros, deterioração).... 5%
Controlo (movimentos, registos).... 3%
__________
TOTAL = i = 25%

...Valor unitário ou custo de aquisição do artigo (b)

 Se for variável (ex., no caso de existirem “descontos de


quantidade”), este custo deverá constituir uma parcela
independente da função “custo total” (custo de aquisição +
custo de operação), a qual passará a ser o objeto da
minimização.

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3. Gestão de Inventários 111

...Custo de quebra, penúria ou rutura ( C2 )

…Em situações em que a procura não pode ser satisfeita por falta
de inventário:

(1) Situação de “encomenda em atraso” ou de “encomenda


em carteira”:
 O cliente está disposto a aguardar...
 Custos pela alteração do planeamento;
 [U.M. / artigo / u. tempo].

(2) Situação de “venda perdida”:


 O cliente não está disposto a esperar!
 [U.M. / artigo].

…Nível de Serviço intimamente ligado ao Custo de Quebra;

…Custo de Quebra é frequentemente de difícil e subjetiva


avaliação.

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3. Gestão de Inventários 112

...Custo de passagem de encomenda ( C3 )

 Custo associado a todos os serviços e trâmites do processo


de lançamento da encomenda, como sejam:

…a preparação de documentação (ex., faturas, guias de


remessa);

…a atualização de bases de dados;

…a movimentação de inventário;

...etc...

 [U.M. / encomenda]

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3. Gestão de Inventários 113

Sistemas de apoio à tomada de decisão (1)

(1) Sistemas de informação

Tendência na Logística: baixar drasticamente os stocks,


substituindo-os por informação.

Funções de um sistema de informação:


 Fornecer informação; mas também:
 Controlar as existências e compras;
 Gerir os inventários.

Informações incluem:
 Identificação dos artigos;
 Localização em armazém;
 Existências (físicas, em carteira, em fase de compra…);
 Fornecedores e tempos de fornecimento;
 Históricos de consumos (procuras);
 MRL (Material Requirements Lists); etc…

IMPORTANTE:
 A informação deve estar sempre atualizada. Ex, as existências
e os históricos devem ser atualizados automaticamente nas
entradas e saídas (através dos códigos de barras); e

 A informação deve estar disponível, em tempo real, a todos os


potenciais interessados no sistema.

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3. Gestão de Inventários 114

Sistemas de apoio à tomada de decisão (2)

(2) Análise ABC ou de “Pareto” (filósofo italiano, Séc. XIX)


Valor de Utilização (% do Total)

100%
95%
75%

C
B

10% 25% Número de Artigos (% do Total) 100%

Artigos tipo A – Mais caros, ou mais usados. Maior cuidado no


controlo dos stocks, e uma maior sofisticação nas previsões.
Normalmente é aconselhável ter um sistema de previsão que
rapidamente detete mudanças da procura.

Artigos tipo B – Custos médios, ou utilização moderada. Menor


rigor no controlo dos stocks. Menor rigor (gastos) com a previsão.

Artigos tipo C – Custos baixos, ou utilização baixa. Geralmente,


em grande número e fáceis de obter dos fornecedores (ex.,
componentes standard). Não se justificam gastos com registos de
existências e com sistemas de previsões de procura. Por exemplo,
implementar simplesmente a ”política dos dois cestos” (com um
nível mais ou menos arbitrário), e um sistema de verificação de
existências aleatório.

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3. Gestão de Inventários 115

Sistemas de apoio à tomada de decisão (3)

(3) Sistemas de previsão

Procura dependente – determinada com base em planos de


produção, normalmente estabelecidos a partir de previsões da
procura dos produtos finais.

Procura independente – determinada tirando partido da


informação histórica disponível sobre a qual se realizam análises
estatísticas e previsões para os períodos seguintes.

Nos modelos estocásticos tradicionais, a procura (e os prazos de


entrega ou tempos de reposição) são considerados aleatórios,
mas de médias constantes ao longo do tempo.

Contudo, muitas vezes há tendências (de crescimento ou


diminuição), variações sazonais, ou outras. Daí a necessidade de
se dispor de modelos de previsão que permitam estimar valores
médios, variâncias e outras características relevantes.

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3. Gestão de Inventários 116

Modelos determinísticos (tradicionais)

Considerações gerais

 Procura e prazo de entrega determinísticos;

 Taxa de procura (r) constante;

 Pedidos de reaprovisionamento com antecedência.

Modelos:

 Modelo C1 , C3 , QEE, ou Nível de Encomenda;

 Modelo C1 , C2 , ou Ciclo de Encomenda;

 Modelo C1 , C2 , C3 .

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3. Gestão de Inventários 117

Sistema C1 , C3 : Introdução

“Modelo de Quantidade Económica de Encomenda” ou


“Modelo de Nível de Encomenda”

Pressupostos:

 Não é permitida qualquer rutura de inventário;

 Em todos os ciclos é encomendada a mesma quantidade (q);

 Taxa de reaprovisionamento infinita (i.e. instantânea); e

 Prazo de entrega nulo ( l  0 ).

Encomendas
Inventário

q
r

0
Tempo
Ciclo = t

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3. Gestão de Inventários 118

Sistema C1 , C3 : Função objetivo

Encomendas
Inventário

q
r

0
Tempo
Ciclo = t

q
 Nível médio de inventário =
2
r
 Número de encomendas por u. tempo = n 
q
1 q
 Período de reaprovisionamento = t  
n r

 Custo total variável de operação (a minimizar!):

q r
C  C1  C3
2 q
(Custo de existência + Custo de passagem de encomenda)

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3. Gestão de Inventários 119

Sistema C1 , C3 : Quantidade económica (QEE, q * )

A partir da derivação da função custo!

q r
C  C1  C3
2 q
C C r
 0  1  C3 2  0
q 2 q

2rC3
QEE  q* 
C1

rC1C3 rC1C3
C*  
2 2
(NB: Custo existência = Custo passagem encomenda)

C *  2 rC1C3

total
r
C3
q q
C1
2

q* q

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3. Gestão de Inventários 120

Sistema C1 , C3 : Efeito da inflação

Taxa de juro =i% (ex, 10%)

Taxa de inflação =I% (ex, 15%)

 1 + I  
Taxa de juro líquida =  -1 ( ex, 4.5%)
 1 + i 

i.e. Taxa de juro efectiva 


Custo de existência ( C1 ) 

 Mínimo do custo variável total de operação corresponde a um

nível de inventário ( q * ) maior.

i.e. O capital imobilizado “vale menos”!

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3. Gestão de Inventários 121

Sistema C1 , C3 : Análise de sensibilidade

2rC3
Referência: ( QEE  q*  )  ( C *  2rC1C3 )
C1

Em análise:
Uma nova quantidade de encomenda = ( qe    q* )

q r
Substituíndo na expressão geral do custo, C  C1  C3 , e
2 q
tomando a razão dos custos, resulta:

Ce  2  1

C *
2

Exemplo:

 0.80 1.00 1.20

C e C* 1.025 1.000 1.017

 Pouca sensibilidade do custo para pequenas variações da QEE!


Isto permite ajustar a frequência do reabastecimento, aumentando
ou diminuindo a QEE para um valor mais conveniente (ex., múltiplo
do lote de encomenda permitido).

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3. Gestão de Inventários 122

Sistema C1 , C3 : Taxa de reaprovisionamento finita

Inventário p
p-r Nível Máximo

q
r

0
Tempo
t´=q/p
tempo para reaprovisionamento (taxa p)

 O inventário cresce a uma taxa (p-r), sendo p>r !


 r
 Nível máximo = t ,  p  r   q1  
 p

q r
 Nível médio = 1  
2 p
2 C3 r
 Quantidade Ótima de Encomenda =
r
C1 (1  )
p
N.B. (1): p, a expressão para QEE vem simplificada...

N.B. (2): Taxa de reaprovisionamento finita é mais vantajosa; ideal


seria p=r, i.e. ter um nível médio de stock nulo!

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3. Gestão de Inventários 123

Sistema C1 , C3 : Descontos de quantidade

q r
C  br  C1  C3
2 q

Várias situações são possíveis, por exemplo:

Custo QEE = q**


Total
Sem desconto

Com desconto

qd q* q**

Custo QEE = qd
Total

Sem desconto
Com desconto

q* q** qd

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3. Gestão de Inventários 124

Sistema C1 ,C2 : Introdução

“Sistema Ciclo de Encomenda”

Pressupostos:

 Custo de passagem de encomenda desprezado;

 Período de reaprovisionamento fixo (tp);

 Encomenda = q p  rt p (procura = r = constante);

 Prazo de entrega nulo;

 São permitidas “quebras” (ou “ruturas”) de inventário!

Encomenda
Inventário

S qp r t2
0

Tempo
t1

tp
S = Nível máximo de inventário

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3. Gestão de Inventários 125

Sistema C1 ,C2 : (1) Modelo de encomendas em atraso

“O cliente aceita aguardar pela encomenda”

“A encomenda fica em carteira, a aguardar que estejam reunidas


as condições para que possa ser entregue.”

 1º caso extremo: S  q p (não há ruptura)

Encomenda
Inventário

qp
S r

Ciclo = tp Tempo

 qp 

 CT  C1  S  q p  
 2 

 Mínimo para S  q p

qp
  Cmin  C1
2

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3. Gestão de Inventários 126

Sistema C1 ,C2 : (1) Modelo de encomendas em atraso

 2º caso extremo: S  0 (não há inventário)

Inventário Encomenda
0 Tempo
S

qp
r

Ciclo = tp

 q  q
CT  C2  S  p  , Mínimo para S  0 ,  Cmin  C2 p
 2 2

Evolução do custo:
O custo mínimo corresponde à situação em que ocorre normal-
mente existência e rutura de inventário em cada ciclo, i.e.
0  S  qp : C qp
C2
2 qp
C1
2

0
S
qp

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3. Gestão de Inventários 127

Sistema C1 ,C2 : (1) Modelo de encomendas em atraso

Nível máximo de inventário: 0  S  q p

Encomenda
Inventário

S qp r t2
0

Tempo
t1

tp

S2 q p  S 2
Custo total variável, C  C1  C2
2q p 2q p

 C 
 Ótimo: S  q p  
* 2
 C1  C2 

q p  C1C2 
 Ótimo: C   
*
2  C1  C2 

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3. Gestão de Inventários 128

Sistema C1 ,C2 : (2) Modelo de perda de vendas

S  0!

Encomenda
Inventário

S qp r t2
0
Vendas
perdidas
Tempo
t1

tp

Vendas perdidas num ciclo = q p  S  

S2 q p  S 
Custo total variável, C  C1  C2
2q p tp

 C2 
 Ótimo: S *  q p  
 C1  C2 

C22 r
 Ótimo: C  C2 r 
*
2C1t p

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3. Gestão de Inventários 129

Sistema misto C1 , C2 , C3 

“Sistema Quantidade de Encomenda / Ciclo de Encomenda”

(1) Modelo de encomendas em atraso

Custo total variável, C  C1


S2
 C2
q  S 2
 C3
r
2q 2q q
 C
 S  0
Os valores ótimos obtêm-se de: 
 C  0
 q

C1  C2
 QEE, q*  2rC3
C1C2

2rC3 C2
 Máx, S * 
C1 C1  C2
C1C3
 Custo, C *  2rC2
C1  C2

N.B. Fazendo C 2   obtém-se o Modelo C1 , C3 !

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3. Gestão de Inventários 130

Sistema C1 , C2 , C3 : (2) Modelo de perda de vendas

S2 q  S  r
Custo total variável, C  C1  C2  C3
2q t q
q
(0  S  q e t  )
r
S
Fazendo K  ( 0  K  1 ), e derivando, obtém-se:
q
1 2rC3
 q* 
K C1

 C*  K  2rC1C3  C2 r   C2 r

 
(a) Se  2rC1C3  C2 r   0 , i.e. C2 “pequeno”  C2 

2C1C3

 r 
vem K  0  q   e S  0 , então C  C2 r (não deve
* * *

ser mantido inventário, se C1 , C3  C2 );

 
(b) Se  2rC1C3  C2 r   0 , i.e. C2 “grande”  C2 

2C1C3

 r 
vem K  1  S  q , então C *  2rC1C3
(usar o Modelo de QEE !)

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3. Gestão de Inventários 131

Sistemas C1 , C3  e C1 ,C2 : Exemplo

Um fabricante deve fornecer a um cliente 24 mil unidades por


ano de um seu produto. Esta procura é conhecida e fixa.

Atendendo a que o cliente não dispõe de armazém e que as


unidades do artigo são utilizadas pelo cliente numa operação de
uma linha de montagem, o fabricante deve entregar diariamente o
fornecimento necessário a cada dia.

O custo de existência de inventário é de 10 U.M. por unidade


e por mês, e o custo de preparação da produção é de 35 mil U.M.
por ciclo produtivo.

a) Se o custo de quebra de inventário for considerado infinito,


que quantidade de encomenda e que período devem ser
utilizados? Qual o custo variável mínimo de operação?

b) Se o custo de quebra for assumido igual a 20 U.M. por artigo


e por mês, calcule os mesmos parâmetros da alínea anterior,
e determine o nível ótimo de inventário após
reaprovisionamento.

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3. Gestão de Inventários 132

Limitação no valor de inventário (1)

(1) Método Aproximado (método heurístico: rateio simples)

 Valor médio total de inventário (condicionado): V C

 Valor médio total (não-condicionado):


b1q1 b2 q2 bq
V *  V j*    ...  n n
2 2 2
VC
 Se   *  1
V

b1q1 b2q2 b q
 Então: V  V  V jC    ...  n n
* C
2 2 2

 q j  q j
C *

Artigo bj Aj q *j q b 
*
j j CTj* q Cj q b 
*
j j CTjC
j (QEE) 2 q*j  2

1 3.5 1400 400 700 336 308 538 347


2 2.0 5000 1000 1000 480 769 769 496
3 1.0 2500 1000 500 240 769 385 248
4 2.0 800 400 400 192 308 308 199
 2600 1248 2000 1290

  Aumento nos custos variáveis de operação!

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3. Gestão de Inventários 133

Limitação no valor de inventário (2)

(2) Método dos Multiplicadores de Lagrange (método exato)

bjq j Aj
min C   i   C3 j
j 2 j qj
s.a.  q j b j  Vmax (valor total máximo de inventário)
j

qj  0

A função de Lagrange respetiva é:


i A  
L   b j q j   C3 j j   Vmax   q j b j 
2 j j qj  j 

L ib j Aj
Estacionaridade para: 0   C3 j 2  b j  0
q j 2 qj
L
e  0  Vmax   q j b j  0
 j

…obtém-se então a:
2 Aj C3 j
Quantidade Ótima de Encomenda = q j 
C
b j i  2 

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3. Gestão de Inventários 134

Limitação no valor de inventário: Exemplo 1

 3 produtos com taxa de juro de existência = i = 20%

 Valor máximo total de inventário = 14000 U.M.

Caso não-condicionado:
Artigo bj Aj C3 j q *j q *j b j
j (QEE)
1 20 1000 50 158 3160
2 100 500 75 61 6100
3 50 2000 100 200 10000
 19260
N.B. Não cumpre a restrição de valor máximo, 19260>14000 UM!

2 Aj C3 j
qCj 
b j i  2 

Resolvendo V
C
  q Cj b j = 14000, tira-se que  = -0.08977.
j

Caso condicionado: Custos (comparação):


Artigo j q Cj q Cj b j CTC CT*
1 114.8 2295.5 665.1 632.5
2 44.4 4445.3 1288.2 1224.7
3 145.2 7259.1 2103.5 2000.0
 14000 4056.8 > 3857.2

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3. Gestão de Inventários 135

Qual o significado do Multiplicador de Lagrange ()?

No caso do exemplo anterior, é possível provar que:

C C  C*

 bjq j
*

Interpretação possível:

O mutiplicador representa (aproximadamente) a variação no Custo


Variável de Operação por unidade de Capital Investido em
inventário.

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3. Gestão de Inventários 136

Limitação no valor de inventário: Exemplo 2

No quadro seguinte apresentam-se os dados tidos como


relevantes para uma situação de duplo inventário.

Procura Custo Custo de


Artigo anual unitário passagem de
Aj bj encomenda, C3j
1 5000 0.5 10

2 500 5.0 10

Recorrendo à otimização condicionada com base em


Multiplicadores de Lagrange, determine as quantidades de
encomenda para cada um dos artigos que minimizem o custo
variável total, cumprindo, no entanto, uma limitação de 400 U.M.
no valor médio total de stock.

(Considere que a taxa de juro interna da empresa é de 20%


ao ano.)

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3. Gestão de Inventários 137

Limitação no número total de encomendas: Exemplo

Considere um sistema de inventário determinístico C1 , C3 


de vários artigos, com prazo de entrega nulo e taxa de
reaprovisionamento infinita.

a) Usando o método dos multiplicadores de Lagrange, deduza


as expressões que lhe permitem obter o ótimo condicionado,
para uma situação em que o número de passagens de
encomenda é limitado a um máximo N.

b) Para o sistema numérico seguinte, determine as quantidades


de encomenda para cada um dos artigos, se o número de
passagens de encomenda estiver limitado a um máximo de
150.

Procura Custo posse Custo de


Artigo anual anual passagem de
j rj C1j encomenda C3j
1 40 mil 1.4 12

2 55 mil 1.6 12

3 30 mil 2.5 12

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3. Gestão de Inventários 138

Modelos estocásticos (tradicionais)

Incerteza nos modelos estocásticos (ou probabilísticos)

 no prazo de entrega (tempo de reposição); e/ou

 na procura.

Medidas de “nível de serviço”

 Probabilidade de ocorrência de quebra (de inventário):


(i) Frequência de situações de quebra (rutura ou
penúria) por nº de reaprovisionamentos; ou
(ii) Frequência de situações de quebra por unidade
de tempo;

 Número de artigos em quebra;

 Duração da situação de quebra;

 (…)

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3. Gestão de Inventários 139

Nível de investimento versus Nível de serviço

Nível de
Investimento
em 5
Inventário

80% 90% 99%

Nível de Serviço

Interpretação do nível de serviço

Exemplo 1.
Um nível de serviço de 75% poderá significar que, em média,
em 3 de cada 4 intervalos entre reaprovisionamentos não se
verificará qualquer situação de quebra.

Exemplo 2.
Um mesmo nível de serviço poderá significar, no entanto, que
em 75% das ocasiões de quebra, em média, esta não excederá,
por exemplo, 2 dias.

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3. Gestão de Inventários 140

Política Nível ou Ponto de Encomenda

A política consiste em:

 Lançar uma “ordem de encomenda” (ou pedido de


reaprovisionamento) sempre que o nível de inventário desce
abaixo de um nível pré-especificado, S;

 Encomendar sempre a mesma quantidade pré-definida, q.

Pressupõe-se então que:

 Quando um pedido de reaprovisionamento é lançado, o nível


de inventário é exatamente conhecido (S), exigindo pois que
o sistema seja de monitorização/revisão contínua;

 O reaprovisionamento ocorre l unidades de tempo após o


pedido, sendo este “prazo de entrega” variável ou não; em
qualquer caso, porém, pressupõe-se que:

 Há incerteza no volume da procura verificada durante esse


prazo de entrega (ex., procura na u. tempo = cte, mas l
variável). A respetiva variável, “Esperança da Procura
Durante o Prazo de Entrega”, é representada por E[DDLT].

N.B. Para garantir um determinado nível de serviço (ou de


proteção), torna-se necessário manter um inventário adicional
(“Stock de Segurança”), que servirá para proteger o sistema contra
eventuais situações de procura e/ou prazo de entrega superiores
ao normal.
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3. Gestão de Inventários 141

Evolução típica do nível de inventário numa política Nível de Encomenda

Nível de existências
+ Encomendas
Inventário

Nível de existências
q

Nível de
S
Re-Encomenda
r

Tempo
l1 l2 l3

Recepção de encomenda

Pedido de encomenda

Evolução típica do nível de inventário numa política Nível de Encomenda


(valores médios)

Nível de existências
+ Encomendas
Inventário

Nível de existências

r
q
Nível de
S
E[DDLT] Re-Encomenda

Stock Segurança (SS)

Tempo
l

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3. Gestão de Inventários 142

Procura durante o prazo de entrega (DDLT)

Na política nível de encomenda, os fatores de incerteza que


interessa ter em conta no sistema vão resumir-se apenas ao
intervalo que medeia o pedido e o recebimento da encomenda, ou
seja, ao prazo de entrega (l ou LT).

Para a determinação do stock de segurança, ótimo em


termos de minimização dos custos, ou ajustado a qualquer nível
de serviço ou proteção pretendido, é, pois, indispensável conhecer
a natureza estatística da procura durante o prazo de entrega
(DDLT) das encomendas.

Por exemplo, o modelo clássico de minimização dos custos


de operação irá basear-se no balanceamento dos custos de
existência desse stock de segurança e da esperança do custo de
quebra.

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3. Gestão de Inventários 143

Nível de Encomenda em sistemas de procura discreta

Exemplo

Considere-se um caso de procura na unidade de tempo (r ou


D), definida pelo seguinte histograma:

Unidades / dia Probabilidade

0 0.40

1 0.30

2 0.20

3 0.10

Média, r, E[D] 1.0 unidade / dia

A duração do prazo de entrega (LT) é:

Dias Probabilidade

1 0.25

2 0.50

3 0.25

Média, E[LT] 2.0 dias

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3. Gestão de Inventários 144

Convolução da procura no prazo de entrega (1)


(Caso de procuras discretas)

Em referência ao caso do exemplo enunciado atrás, o volume


máximo que a procura durante o prazo de entrega (DDLT) pode
assumir é de 9 unidades (LT = 3 dias e D = 3 unidades / dia), com
probabilidade:

P[DDLT=9] = P[LT=3] * (P[D=3] * P[D=3] * P[D=3])


= 0.25 * (0.10 * 0.10 * 0.10) = 0.00025

Para o cálculo de P[DDLT=8], devem considerar-se:

Procura no Volume da procura

1º dia 3 3 2

2º dia 3 2 3

3º dia 2 3 3

Total, DDLT 8 8 8

 P[DDLT=8] = 0.25 * (0.1 * 0.1 * 0.2 +


+ 0.1 * 0.2 * 0.1 + 0.2 * 0.1 * 0.1)
= 0.0015

Pelo mesmo processo:


P[DDLT=7] = (0.1 * 0.1 * 0.3 * 0.25) *3 +
+ (0.2 * 0.2 * 0.1 * 0.25) * 3
= 0.00525 …etc…

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3. Gestão de Inventários 145

Convolução da procura no prazo de entrega (2)


(Caso de procuras discretas)

Um método alternativo para determinar a convolução em


análise, é o método experimental (por simulação) descrito a seguir:

(1) Gerar um número aleatório (nº dias) a partir do histograma


representativo do prazo de entrega;

(2) Para cada um desses dias, gerar um valor aleatório a partir


do histograma que representa o volume da procura por dia;

(3) Acumular o valor das procuras geradas; o total acumulado


representará uma possível ocorrência de um volume de
procura durante o prazo de entrega;

(4) Repetir o processo anterior um número suficientemente


elevado de vezes, e calcular a frequência relativa com que
ocorreu cada um dos valores possíveis para a procura no
prazo de entrega.

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3. Gestão de Inventários 146

Esperança do volume em quebra durante o prazo de entrega

Para um nível de encomenda S (pré-definido), a esperança


do volume de quebra durante o prazo de entrega, EDDLT  S ,
pode ser obtida pela relação de recorrência:

EDDLT  S   PDDLT  S   EDDLT  S  1

na qual PDDLT  S  representa o histograma cumulativo da


procura durante o prazo de entrega.
N.B. EDDLT  S  = 1 PDDLT  S  1  2  PDDLT  S  2  ...
= PDDLT  S  1  PDDLT  S  2  ... 
+ 1 PDDLT  S  2  2  PDDLT  S  3  ...
= PDDLT  S   EDDLT  S  1

No nosso caso, como PDDLT  9  0 , podemos inicializar o


processo de cálculo fazendo EDDLT  9  0 :
S P[DDLT=S] P[DDLT>S] E[DDLT>S]
0 0.1960 0.8040 2.0004
1 0.2310 0.5730 1.1964
2 0.2260 0.3470 0.6234
3 0.1797 0.1673 0.2764
4 0.0935 0.0738 0.1091
5 0.0477 0.0261 0.0353
6 0.0190 0.0071 0.0092
7 0.0053 0.0018 0.0021
8 0.0015 0.0003 0.0003
9 0.0003 0.0000 0.0000
Total 1.0000 - -

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3. Gestão de Inventários 147

Nível de Encomenda (procura discreta) – Exemplo...

Considere-se um artigo caracterizado por uma procura na


unidade de tempo que segue uma Distribuição de Poisson(*), de
média 6 artigos por semana. Considere-se ainda que se tem:

Custo de existência C1 = 3 UM / artigo / ano


Custo de quebra C2 = 4 UM / artigo
Custo de passagem C3 = 2 UM / encomenda
Prazo de entrega l = 1 semana (constante)
1 ano = 50 semanas úteis

Pretende-se gerir o sistema com uma política do tipo Nível de


Encomenda. Neste contexto, determinar os respetivos
parâmetros:

a) Quantidade (fixa) a encomendar, q , e

b) Nível de encomenda, S .

Resposta a):
Vamos admitir como razoável uma quantidade de
encomenda calculada a partir da QEE:

2 AC3 2  6 * 50  2
q*  = = 20 unidades (cont.)
C1 3

(*) Ver descrição em página mais à frente.

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3. Gestão de Inventários 148

Nível de Encomenda (procura discreta) – ...Exemplo


Resposta b):
Para uma procura na unidade de tempo constante e igual ao seu
valor médio, teríamos uma procura no prazo de entrega, S  r * l =
6 unidades. Nestas condições, S não deveria nunca ser inferior a
6 unidades, e qualquer diferença de nível, acima deste, constituiria
o inventário ou stock de segurança:
Stock
Segu-
S rança P[DDLT=S] P[DDLT>S] E[DDLT>S]
6 0 0.16 0.39 0.94
7 1 0.14 0.25 0.55
8 2 0.10 0.15 0.30
9 3 0.07 0.08 0.15
10 4 0.04 0.04 0.07
11 5 0.02 0.02 0.03
12 6 0.01 0.01 0.01
13 7 0.01 0.00 0.00
Total - 0.55 - -

Análise marginal de custos (ou de custo-benefício)


Supondo que se tem já S unidades, mais 1 unidade de artigo em
inventário traduz-se em:
 Mais um custo marginal de C1 UM / ano; e
 Menos um custo marginal de C2 * PDDLT  S * r q  UM/ano.

Haverá equilíbrio entre estes custos marginais quando:


C2 * PDDLT  S * r q   C1

Risco ótimo de quebra: PDDLT  S  


C1q

C2r
No nosso caso, PDDLT  S =0.05  escolha de S=10. (+ próximo inferior)

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3. Gestão de Inventários 149

[ Distribuição de Poisson ]

Aplicações: (como variáveis discretas)

Número de acontecimentos isolados que ocorrem numa


determinada unidade de tempo, como sejam o número de clientes
que se juntam a uma fila de espera, ou o número de acidentes
viários ocorridos por ano numa dada zona.

Em sistemas de inventários, pode explicar razoavelmente


algumas situações de procura discreta, ex., ao nível do retalhista.

Poisson (2.0)

0,3

 x
e 
Densidade: f x   0,2

x! 0,1

0,0

x  i
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12


F  x   e 
Poisson (2.5)
Distribuição:
i 0 i! 0,3

0,2

Parâmetro: média   0 0,1

0,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Poisson (5.0)

Domínio: x  0, 1, 2, ... 0,3

0,2

0,1

Variância: igual à média,  0,0


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Moda: bimodal  e   1, se  é inteiro;   , caso contrário.

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3. Gestão de Inventários 150

Nível de Encomenda em sistemas de procura contínua

O desenvolvimento deste modelo é análogo ao efetuado para


a situação de procura discreta, mas agora as distribuições
estatísticas são baseadas em funções densidade, e não em
histogramas de frequências.

Função densidade de probabilidade: p x 

Probabilidade de quebra durante o prazo de entrega:



PDDLT  S    px dx  PS 
S

em que PS  designa a função cumulativa de probabilidade.

Esperança de quebra no prazo de entrega:


EDDLT  S   x  S  px dx
S
 
  xpx dx  S  px dx
S S

  x  px dx  S  PDDLT  S 
S

O desenvolvimento mais alargado destas expressões


dependerá obviamente da lei de distribuição admitida para px  ,
i.e., em última instância, da variável resultante da convolução da
procura no prazo de entrega (DDLT).

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3. Gestão de Inventários 151

Objetivo: MINIMIZAÇÃO DOS CUSTOS

A partir da visualização do gráfico atrás, tira-se que:

 Stock de segurança = S  EDDLT 

 S  EDDLT 
q
 Nível médio de inventário =
2
r
Número de reaprovisionamentos na unidade de tempo =
q

EDDLT  S 
r
Esperança de quebra por unidade de tempo =
q

O custo total variável de operação na unidade de tempo será:

q 
C  C1  S  EDDLT   C2 EDDLT  S   C3
r r
2  q q

q 
Ou seja: C  C1  S  EDDLT 
2 
r 
 C2   xp x dx  SPDDLT  S   C3
r
q S  q

Diferenciando em ordem a q e a S, igualando a zero, e


desenvolvendo estas condições de estacionaridade, obtém-se:

2r C2EDDLT  S   C3 
Quantidade ótima de encomenda: q* 
C1

C1q*
Risco ótimo de quebra: P DDLT  S  
*
C2r

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3. Gestão de Inventários 152

Convolução da procura no prazo de entrega

(Caso de procuras contínuas)

Variáveis aleatórias
Procura na unidade de tempo: (média r , desvio padrão  r )
Prazo de entrega: (média l , desvio padrão  l )

É possível demonstrar que a média e a variância da procura


durante o prazo de entrega (DDLT) são dadas pelas equações:

 DDLT  rl

 DDLT
2
 l r2  r 2 l2

N.B. Estas relações são válidas, quaisquer que sejam as


distribuições da procura e do prazo de entrega.

 Os modelos clássicos assumem leis Normais para r e l. Neste


caso, DDLT resulta também numa lei Normal.

 Muitas vezes são usadas, em alternativa, outras distribuições


(mais realísticas): ex., lei Gama(, ), com média . e
variância .2.

 Se o prazo de entrega é suficientemente longo, e/ou a


procura na unidade de tempo representa níveis
suficientemente elevados, poder-se-á invocar o Teorema do
Limite Central, assumindo-se então como válida uma lei
Normal para DDLT.

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3. Gestão de Inventários 153

Procura durante o prazo de entrega (lei Normal)

Assumindo DDLT  Normal DDLT ,  DDLT  , podemos


determinar o nível de encomenda a partir da redução deste
parâmetro à correspondente variável (Z) da distribuição Normal
Standard, Normal0,1 :
S   DDLT
Z
 DDLT
obtida a partir da consulta da Tabela da Normal(*), para um dado
valor de probabilidade de quebra de inventário.

 Nível de encomenda: S   DDLT  Z DDLT

onde Z é denominado “fator de segurança”, ou de proteção contra


a possibilidade de quebra.

 Stock de segurança: SS  Z DDLT

N.B.
Fórmula equivalente derivada anteriormente: S  EDDLT   SS

(*) Nas tabelas seguintes (NORMAL STANDARD), o “1º integral” (ou a área da
distribuição) representa tipicamente a probabilidade de quebra P  DDLT  S  , ao passo
que o “2º integral” representa a correspondente esperança de quebra por unidade de
desvio, i.e. E DDLT  S    2ºintegral   DDLT .

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3. Gestão de Inventários 154

[ Área da Distribuição Normal Standard, N(0,1) ]


(ou “1º integral”)
z .00 .01 .02 .03 .04 .05 .06 .07 .08 .09
0.0 0.5000 0.4960 0.4920 0.4880 0.4840 0.4801 0.4761 0.4721 0.4681 0.4641
0.1 0.4602 0.4562 0.4522 0.4483 0.4443 0.4404 0.4364 0.4325 0.4286 0.4247
0.2 0.4207 0.4168 0.4129 0.4090 0.4052 0.4013 0.3974 0.3936 0.3897 0.3859
0.3 0.3821 0.3783 0.3745 0.3707 0.3669 0.3632 0.3594 0.3557 0.3520 0.3483
0.4 0.3446 0.3409 0.3372 0.3336 0.3300 0.3264 0.3228 0.3192 0.3156 0.3121

0.5 0.3085 0.3050 0.3015 0.2981 0.2946 0.2912 0.2877 0.2843 0.2810 0.2776
0.6 0.2743 0.2709 0.2676 0.2643 0.2611 0.2578 0.2546 0.2514 0.2483 0.2451
0.7 0.2420 0.2389 0.2358 0.2327 0.2296 0.2266 0.2236 0.2206 0.2177 0.2148
0.8 0.2119 0.2090 0.2061 0.2033 0.2005 0.1977 0.1949 0.1922 0.1894 0.1867
0.9 0.1841 0.1814 0.1788 0.1762 0.1736 0.1711 0.1685 0.1660 0.1635 0.1611

1.0 0.1587 0.1562 0.1539 0.1515 0.1492 0.1469 0.1446 0.1423 0.1401 0.1379
1.1 0.1357 0.1335 0.1314 0.1292 0.1271 0.1251 0.1230 0.1210 0.1190 0.1170
1.2 0.1151 0.1131 0.1112 0.1093 0.1075 0.1056 0.1038 0.1020 0.1003 0.0985
1.3 0.0968 0.0951 0.0934 0.0918 0.0901 0.0885 0.0869 0.0853 0.0838 0.0823
1.4 0.0808 0.0793 0.0778 0.0764 0.0749 0.0735 0.0721 0.0708 0.0694 0.0681

1.5 0.0668 0.0655 0.0643 0.0630 0.0618 0.0606 0.0594 0.0582 0.0571 0.0559
1.6 0.0548 0.0537 0.0526 0.0516 0.0505 0.0495 0.0485 0.0475 0.0465 0.0455
1.7 0.0446 0.0436 0.0427 0.0418 0.0409 0.0401 0.0392 0.0384 0.0375 0.0367
1.8 0.0359 0.0351 0.0344 0.0336 0.0329 0.0322 0.0314 0.0307 0.0301 0.0294
1.9 0.0287 0.0281 0.0274 0.0268 0.0262 0.0256 0.0250 0.0244 0.0239 0.0233

2.0 0.0228 0.0222 0.0217 0.0212 0.0207 0.0202 0.0197 0.0192 0.0188 0.0183
2.1 0.0179 0.0174 0.0170 0.0166 0.0162 0.0158 0.0154 0.0150 0.0146 0.0143
2.2 0.0139 0.0136 0.0132 0.0129 0.0125 0.0122 0.0119 0.0116 0.0113 0.0110
2.3 0.0107 0.0104 0.0102 0.0099 0.0096 0.0094 0.0091 0.0089 0.0087 0.0084
2.4 0.0082 0.0080 0.0078 0.0075 0.0073 0.0071 0.0069 0.0068 0.0066 0.0064

2.5 0.0062 0.0060 0.0059 0.0057 0.0055 0.0054 0.0052 0.0051 0.0049 0.0048
2.6 0.0047 0.0045 0.0044 0.0043 0.0041 0.0040 0.0039 0.0038 0.0037 0.0036
2.7 0.0035 0.0034 0.0033 0.0032 0.0031 0.0030 0.0029 0.0028 0.0027 0.0026
2.8 0.0026 0.0025 0.0024 0.0023 0.0023 0.0022 0.0021 0.0021 0.0020 0.0019
2.9 0.0019 0.0018 0.0018 0.0017 0.0016 0.0016 0.0015 0.0015 0.0014 0.0014

3.0 0.00135
3.5 0.000233
4.0 0.0000317
4.5 0.00000340
5.0 0.000000287

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3. Gestão de Inventários 155

[ Função de Densidade Normal Standard, N(0,1) ]


Aproximações do primeiro e segundo integrais, a partir da média mais 3N/100 múltiplos do desvio padrão.
N.B. Considera-se zero o integral para a direita de 3xdesvio padrão.

N 1º integral 2º integral N 1º integral 2º integral


1 0.486684 0.379760 51 0.061658 0.025002
2 0.474728 0.365339 52 0.058030 0.023207
3 0.462794 0.351276 53 0.054567 0.021518
4 0.450892 0.337570 54 0.051266 0.019931
5 0.439032 0.324222 55 0.048121 0.018440
6 0.427226 0.311228 56 0.045129 0.017041
7 0.415484 0.298587 57 0.042283 0.015730
8 0.403815 0.286298 58 0.039580 0.014502
9 0.392230 0.274357 59 0.037014 0.013353
10 0.380739 0.262762 60 0.034580 0.012279
11 0.369350 0.251511 61 0.032275 0.011276
12 0.358074 0.240600 62 0.030093 0.010341
13 0.346918 0.230025 63 0.028029 0.009469
14 0.335893 0.219783 64 0.026079 0.008657
15 0.325005 0.209869 65 0.024238 0.007903
16 0.314264 0.200280 66 0.022502 0.007201
17 0.303676 0.191011 67 0.020866 0.006551
18 0.293249 0.182057 68 0.019325 0.005948
19 0.282989 0.173414 69 0.017876 0.005390
20 0.272903 0.165075 70 0.016514 0.004874
21 0.262997 0.157037 71 0.015236 0.004398
22 0.253277 0.149293 72 0.014036 0.003959
23 0.243747 0.141837 73 0.012912 0.003555
24 0.234412 0.134665 74 0.011859 0.003183
25 0.225277 0.127770 75 0.010874 0.002842
26 0.216345 0.121145 76 0.009954 0.002530
27 0.207620 0.114786 77 0.009094 0.002244
28 0.199104 0.108685 78 0.008292 0.001983
29 0.190800 0.102836 79 0.007544 0.001746
30 0.182710 0.097234 80 0.006848 0.001530
31 0.174836 0.091871 81 0.006199 0.001334
32 0.167178 0.086740 82 0.005597 0.001157
33 0.159737 0.081837 83 0.005037 0.000998
34 0.152514 0.077153 84 0.004518 0.000854
35 0.145509 0.072683 85 0.004036 0.000726
36 0.138721 0.068419 86 0.003590 0.000611
37 0.132150 0.064356 87 0.003177 0.000510
38 0.125793 0.060487 88 0.002795 0.000420
39 0.119651 0.056805 89 0.002443 0.000342
40 0.113720 0.053305 90 0.002117 0.000273
41 0.107999 0.049979 91 0.001817 0.000214
42 0.102485 0.046822 92 0.001540 0.000164
43 0.097175 0.043827 93 0.001285 0.000122
44 0.092068 0.040988 94 0.001051 0.000087
45 0.087158 0.038300 95 0.000836 0.000058
46 0.082443 0.035756 96 0.000638 0.000036
47 0.077920 0.033350 97 0.000457 0.000020
48 0.073584 0.031078 98 0.000291 0.000009
49 0.069431 0.028932 99 0.000139 0.000002
50 0.065457 0.026909 100 0.000000 0.000000

N.B. Correspondência com a tabela anterior: Z  3N 100

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3. Gestão de Inventários 156

Política Ciclo de Encomenda

 Revisões (e encomendas) a intervalos regulares (“período” t);

 Encomendas de quantidade variável e igual à diferença entre o


“stock em mão” (existências físicas + carteira de encomendas)
e um “nível de referência” máximo (S) pré-definido.

Evolução típica do nível de inventário numa política Ciclo de Encomenda

Inventário Encomendas Nível de stock em mão

S
Nível de existências
E1 E2 E3

Tempo
l1 l2 l3
Revisões e 1ª t 2ª t 3ª
Encomendas

Período de planeamento, t+l2

Neste caso, a incerteza estende-se por um período de tempo


que compreende um período de revisão (t) e um prazo de entrega
(l). A variável aleatória neste período designa-se por Procura
Durante o Período de Planeamento (DDPP, “Demand During
Planning Period”).

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3. Gestão de Inventários 157

Ciclo de Encomenda: função custo de operação

Evolução típica do nível de inventário numa política Ciclo de Encomenda


(valores médios)

Stock

S Nível de referência

S-rl
rt
r

rl
S-rl-rt
SS

t l Tempo

Período de planeamento, t+l

 Nível mínimo de stock (Stock de Segurança, SS):

S  rl  rt Nível de referência (máx)


– Consumo durante o período de revisão
– Consumo durante o prazo de entrega

 Nível de stock médio = S  rl  r t 2

 Esperança de quebra na unidade tempo = 1 t EDDPP  S 

 Custos de encomenda (incl. revisão) = C3

 Função de custo variável total (de operação):


C  C1S  rl  r t 2  C2 1 t EDDPP  S   C3 1 t 

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3. Gestão de Inventários 158

Ciclo de encomenda: parâmetros “ótimos”

Objetivo:
Minimização da função custo variável total:
C  C1S  rl  r t 2  C2 1 t EDDPP  S   C3 1 t 

Procedimentos alternativos:

 Diferenciação em ordem a S e a t; ou (dada a complexidade)

 (Simples aprox.) Tabulação de C em função de t; ou

 (Simples aprox.) Fixação de um valor para t, e diferenciação


em ordem a S.

2C3
Período ou ciclo de revisão (aprox.): t * 
C1r

Diferenciando a função custo e igualando a zero:


C C2 
0  C1   EDDPP  S   0
S t S

 PDDPP  S   0
C2
C1 
t

Obtém-se o risco ótimo de quebra:

P*DDPP  S  
C1t
C2

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3. Gestão de Inventários 159

Políticas Nível versus Ciclo de Encomenda


(Comparação dos níveis de stock de segurança)

Nível de Encomenda
Incerteza: procura durante o prazo de entrega
 DDLT  rl

 DDLT
2
 l r2  r 2 l2

Ciclo de Encomenda
Incerteza: procura durante o período de planeamento
 DDPP  r t  l 

 DDPP
2
 t  l  r2  r 2 l2

N.B. Incerteza maior exigirá nível de segurança maior!

Diferença de variâncias =  2  t r2 .

Por exemplo,

Se r  Normal  Stock de segurança, SS  Z ,

e, claramente, o stock de segurança para o caso da política Ciclo


de Encomenda deverá ser maior (para igual risco de quebra).

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3. Gestão de Inventários 160

Síntese da política Nível de Encomenda

 Quando encomendar? R: Sempre que o nível de stock desce


abaixo de um nível pré-especificado de encomenda, S;

 Quanto encomendar? R: Quantidade constante, q;

 Exige que o sistema seja continuamente monitorizado;

 Implementação corresponde à “política dos dois cestos”;

 N.B.1 Implementação quase limitada a artigos de pequeno


volume (ex., parafusos, anilhas, etc...);

 N.B.2 Artigos deterioráveis exigem uma implementação com


disciplina FIFO (ao contrário do esquema normal anterior,
LIFO), o que pode levantar dificuldades operacionais; certo?

 N.B.3 Política impraticável para muitos artigos de grande


dimensão (ex., peças de fundição, sub-montagens, etc...), que
não podem ser agrupados.

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3. Gestão de Inventários 161

Síntese da política Ciclo de Encomenda

 Quando encomendar? R: A intervalos de tempo regulares, t;

 Quanto encomendar? R: Quantidade variável; a quantidade


que, se não houvesse prazo de entrega, reporia o stock-em-
mão no nível de referência máximo, S;

 Exige apenas revisões pontuais do stock-em-mão.

Outras condições (pressupostos) de aplicação do modelo:

 Um reaprovisionamento é suficiente para cobrir quaisquer


encomendas em atraso;

 Quando o prazo de entrega é variável, as encomendas são


contudo recebidas pela mesma ordem pela qual são lançadas;

 O custo de revisão é considerado independente de S e de t;

 O custo unitário é considerado constante e independente da


quantidade encomendada.

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3. Gestão de Inventários 162

Algumas políticas de gestão de stocks mistas (1)


Política Nível de Encomenda com Revisões Periódicas

Consiste em:

 Revisões a intervalos regulares, t;

 Só se encomenda se o stock em mão desce abaixo do


nível de encomenda, S;

 As quantidades encomendadas são sempre iguais, q.

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3. Gestão de Inventários 163

Algumas políticas de gestão de stocks mistas (2)...


Política (s, S) – definição

Consiste em:

 Revisões a intervalos regulares, t;

 Só se encomenda se o stock em mão desce abaixo do


nível de encomenda, s;

 A quantidade a encomendar é variável, igual ao nível de


referência (S) menos o stock-em-mão.

Evolução típica:

Inventário

S
Não Enc.

Tempo
l2 l3
Revisões 1ª t 2ª t 3ª

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3. Gestão de Inventários 164

Algumas políticas de gestão de stocks mistas (2)...


Política (s, S) – Aproximação e Simulação

Volume médio de uma encomenda (simplificação):

q  S  s  rt 2

i.e. igual à diferença entre o nível de referência e o nível de


encomenda mais metade da esperança da procura durante o
período de revisão.

Outra aproximação possível consiste em usar a QEE:


2rC3
q
C1

…e, igualando as duas expressões anteriores, usar a relação:

2rC3 rt
S s
C1 2

N.B. Fixando um valor para o período t, os parâmetros s e S


ficam diretamente relacionados por esta aproximação.

Metodologia mais comum para o estudo de uma política (s, S):

Simulação, em conjunto com as aproximações anteriores, as


quais facilitam a definição dos domínios de s e S.

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3. Gestão de Inventários 165

Modelo estático de decisão (“Newsboy Problem”)


(Problemas de decisão única)

Descrição do ”problema do vendedor de jornais”:

 Os jornais não vendidos num dia não são vendáveis no dia


seguinte  Problema de decisão única: Quantos
jornais devem ser aprovisionados?

 A procura diária de jornais pode ser considerada uma


variável aleatória, previsível apenas em parte, em função
de fatores diversos (ex., dia da semana, importância dos
principais títulos,..)

Notação:

b Valor de compra do artigo


v Valor de venda do artigo
u Valor de desperdício do artigo

p X  Função densidade de probabilidade da procura, X


q Quantidade de encomenda

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3. Gestão de Inventários 166

Newsboy Problem: função lucro e otimização

Sejam: P0  v  b (lucro)
L0  b  u (perda)

A função lucro é definida como sendo:

 P0 X  L0 q  X  se X  q
V =
 P0 q se X  q

A respetiva esperança de valor é:


EV    P0 X  L0 q  X  p X dX   P0 qp X dX
q
0 q

EV  
  L0  p X dX  P0  p X dX  0
q
q 0 q

1  PX  q PX  q

 Risco ótimo de quebra:

P* X  q 
L0
L0  P0

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3. Gestão de Inventários 167

Newsboy Problem: análise de custo-benefício

Supondo que se tem já uma quantidade q, mais 1 unidade


em inventário implicará:
 Uma perda (adicional) de L0 , se X  q , e

 Um ganho adicional de P0 , se X  q .

Então, haverá vantagem em adicionar mais uma unidade de


artigo ao inventário, se a esperança do custo associado a ter mais
uma unidade for inferior à esperança do lucro associado a uma
venda adicional:

Esperança do Esperança do
Custo Adicional < Ganho Adicional

L0 P X  q  < P0 P X  q 
L0 1  P X  q  < P0 P X  q 

PX  q
L0
>
L0  P0

De acordo com esta última condição, o valor máximo de q


será o valor correspondente ao risco ótimo de quebra dado pela
igualdade:

P* X  q 
L0
L0  P0

a que já tínhamos chegado anteriormente.

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3. Gestão de Inventários 168

Simulação de sistemas de inventários (1)

Vamos considerar a simulação de duas políticas alternativas,


executadas por um período de tempo equivalente a um ano de
funcionamento (48 semanas).

Política Nível de Encomenda


Nível de Encomenda = 100 unidades;
Quantidade de Encomenda = 250 unidades.

Política Ciclo de Encomenda:


Período de Revisão = 12 semanas;
Nível de Referência = 300 unidades.

Em ambos os casos, consideramos:

 Sistema de perda de vendas (encomendas em atraso


interditas);

 Nível de stock inicial de 150 unidades.

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3. Gestão de Inventários 169

Simulação de sistemas de inventários (2)

Tabela I: Caracterização da procura.


Procura Ponto médio Probabilidade Domínio nºs
semanal da classe de ocorrência aleatórios
(%) atribuídos
0-9 4.5 10 1-100
10-19 14.5 30 101-400
20-29 24.5 30 401-700
30-39 34.5 20 701-900
40-50 44.5 5 901-950
 50 54.5 5 951-1000

Tabela II: Caracterização do prazo de entrega.


Prazo entrega Probabilidade de Domínio nºs
(semanas) ocorrência (%) aleatórios atribuídos
1 5 1-50
2 5 51-100
3 30 101-400
4 45 401-850
5 10 851-950
5 5 951-1000

N.B. Vamos usar um gerador de números aleatórios ~U(0,1000).

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3. Gestão de Inventários 170

Resultados da simulação (Nível de Encomenda)


Semana RANDOM Procura Encomenda RANDOM Prazo Stock Nº Nº Semanas
Entrega Actual Encomendas Quebra

1 -- -- -- -- 150 0 0
2 201 14.5 135.5 0 0
3 744 34.5 101 0 0
4 947 44.5 Enc. 250 442 4 56.5 1 0
5 221 14.5 Aguarda 3 42 1 0
6 932 44.5 Aguarda 2 0 1 1
7 450 24.5 Aguarda 1 0 1 2
8 449 24.5 Rec. 250 0 225.5 1 2
9 162 14.5 211 1 2
10 45 4.5 206.5 1 2
11 327 14.5 192 1 2
12 36 4.5 187.5 1 2
13 624 24.5 163 1 2
14 610 24.5 138.5 1 2
15 890 34.5 104 1 2
16 17 4.5 Enc. 250 56 2 99.5 2 2
17 275 14.5 Aguarda 1 85 2 2
18 490 24.5 Rec. 250 0 310.5 2 2
19 497 24.5 286 2 2
20 202 14.5 271.5 2 2
21 488 24.5 247 2 2
22 87 4.5 242.5 2 2
23 959 54.5 188 2 2
24 379 14.5 173.5 2 2
25 57 4.5 169 2 2
26 558 24.5 144.5 2 2
27 672 24.5 120 2 2
28 858 34.5 Enc. 250 640 4 85.5 3 2
29 401 24.5 Aguarda 3 61 3 2
30 945 44.5 Aguarda 2 16.5 3 2
31 116 14.5 Aguarda 1 2 3 2
32 640 24.5 Rec. 250 0 227.5 3 2
33 509 24.5 203 3 2
34 669 24.5 178.5 3 2
35 335 14.5 164 3 2
36 524 24.5 139.5 3 2
37 749 34.5 105 3 2
38 502 24.5 enc. 250 171 3 80.5 4 2
39 494 24.5 aguarda 2 56 4 2
40 196 14.5 aguarda 1 41.5 4 2
41 641 24.5 rec. 250 0 267 4 2
42 184 14.5 252.5 4 2
43 655 24.5 228 4 2
44 799 34.5 193.5 4 2
45 72 4.5 189 4 2
46 900 34.5 154.5 4 2
47 538 24.5 130 4 2
48 981 54.5 75.5 4 2
Total= 7100.5
Média= 147.927
0833

Modelos Estocásticos de Investigação Operacional, OIO-DPS, EE, Univ. Minho, 2016


3. Gestão de Inventários 171

Resultados da simulação (Ciclo de Encomenda)


Semana RAN Procura Encomenda RAN Prazo Período Nível Total Semanas
Residual Revisão Corrente Encomendas em
Residual Stock Quebra
1 -- -- -- -- -- 5 150 0 0
2 21 4.5 -- 4 145.5 0 0
3 115 14.5 -- 3 131 0 0
4 408 24.5 -- 2 106.5 0 0
5 151 14.5 -- 1 92 0 0
6 505 24.5 enc. 232.5 153 3 0 67.5 1 0
7 698 24.5 aguarda 2 11 43 1 0
8 67 4.5 aguarda 1 10 38.5 1 0
9 278 14.5 rec. 232.5 0 9 256.5 1 0
10 550 24.5 -- 8 232 1 0
11 227 14.5 -- 7 217.5 1 0
12 208 14.5 -- 6 203 1 0
13 190 14.5 -- 5 188.5 1 0
14 510 24.5 -- 4 164 1 0
15 604 24.5 -- 3 139.5 1 0
16 892 34.5 -- 2 105 1 0
17 911 44.5 -- 1 60.5 1 0
18 202 14.5 enc. 254 862 5 0 46 2 0
19 12 4.5 aguarda 4 11 41.5 2 0
20 476 24.5 aguarda 3 10 17 2 0
21 221 14.5 aguarda 2 9 2.5 2 0
22 52 4.5 aguarda 1 8 0 2 1
23 462 24.5 rec. 254 0 7 229.5 2 1
24 243 14.5 -- 6 215 2 1
25 234 14.5 -- 5 200.5 2 1
26 413 24.5 -- 4 176 2 1
27 492 24.5 -- 3 151.5 2 1
28 738 34.5 -- 2 117 2 1
29 582 24.5 -- 1 92.5 2 1
30 874 34.5 enc. 242 66 2 0 58 3 1
31 290 14.5 aguarda 1 11 43.5 3 1
32 684 24.5 rec. 242 0 10 261 3 1
33 884 34.5 -- 9 226.5 3 1
34 758 34.5 -- 8 192 3 1
35 796 34.5 -- 7 157.5 3 1
36 394 14.5 -- 6 143 3 1
37 20 4.5 -- 5 138.5 3 1
38 455 24.5 -- 4 114 3 1
39 698 24.5 -- 3 89.5 3 1
40 193 14.5 -- 2 75 3 1
41 360 14.5 -- 1 60.5 3 1
42 140 14.5 enc. 254 450 4 0 46 4 1
43 18 4.5 aguarda 3 11 41.5 4 1
44 668 24.5 aguarda 2 10 17 4 1
45 431 24.5 aguarda 1 9 0 4 2
46 204 14.5 rec. 254 0 8 239.5 4 2
47 331 14.5 -- 7 225 4 2
48 728 34.5 -- 6 190.5 4 2
total= 5948
media= 123.9167

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3. Gestão de Inventários 172

Simulação de sistemas de inventários


Breve análise comparativa dos resultados anteriores

 Foram passadas 4 encomendas durante o ano, nos dois


casos;

 Houve situações de quebra em apenas 2 semanas, nos dois


casos;

 O nível médio de inventário foi maior no caso da política Nível


de Encomenda (148 unidades), do que no caso da política
Ciclo de Encomenda (124 unidades).

 Sem outros estudos, poderia admitir-se que a política mais


favorável seria a de Ciclo de Encomenda, neste caso
particular.

Porém, não esquecer que esta conclusão é debilmente


sustentada pelo resultado de uma simples “run” de curta
duração, carecendo por isso de um estudo mais cuidado.

Questões como as seguintes devem ser ponderadas e


analisadas:
(1) Que duração deve ter cada “run”?
(2) Que acurácia nos resultados se pretende ou é possível
obter-se?

Modelos Estocásticos de Investigação Operacional, OIO-DPS, EE, Univ. Minho, 2016

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