Origem Dos Eucariontes e Multicelularidade
Origem Dos Eucariontes e Multicelularidade
Origem Dos Eucariontes e Multicelularidade
O biólogo norte-americano Ivan Wallin foi o primeiro cientista a afirmar, em 1920, que as mitocôndrias eram originadas de bactérias. No entanto este cientista não foi capaz de
apresentar todas as evidências científicas. As suas ideias foram refutadas e mesmo ridicularizadas.
Os principais críticos da época consideravam que a evolução por simbiose era tão improvável como a deriva continental que foi apresentada na década de 20. Na década de 60,
Lynn Margulis recuperou algumas ideias de Wallin e outros cientistas e publicou um artigo teórico sobre a origem das células eucarióticas. O artigo foi recusado por quinze revistas
científicas e publicado no The Journal of Theoretical Biology, sendo considerado atualmente um dos mais importantes artigos de biologia. Para formular a sua teoria baseou-se em
observações diretas de microrganismos em vez de dados paleontológicos como Wallin. Margulis também sugeriu que o flagelo e cílios das células eucarióticas poderiam ter sido
originários da simbiose com uma espiroqueta. No entanto, como os cílios não possuem DNA e não possuem uma ulta estrutura semelhante aos dos microrganismos que propôs as
suas conclusões não foram aceites pela comunidade científica da época.
A teoria da endossimbiose, formulada em 1967, realça a interdependência e a simbiose de múltiplos organismos procariontes. Estes podem ter entrado na célula hospedeira por
ingestão ou enquanto parasitas. Com o tempo teriam evoluído para uma relação mutuamente benéfica que se tornou mais tarde numa simbiose obrigatória. Esta cientista sugeriu
ainda que a endossimbiose é uma das principais forças no processo evolutivo, tendo afirmado: “ Os seres vivos não ocuparam o mundo pela força, mas pela cooperação.” Esta
teoria foi suportada a partir da década de 80 pelo desenvolvimento das técnicas de análise de DNA, que permitiram estudar com detalhe o DNA mitocondrial e cloroplastidial. Os
cientistas constataram que o material genético dos organitos é distinto do material genético nuclear e semelhante ao material genético dos microrganismos. A análise do genoma de
organismos superiores, como por exemplo o Homem, permitiu detetar a existência de porções de material genético microbiano inserido em alguns cromossomas. Estes dados
reforçam a teoria da endossimbiose.
1.1. Enumera as principais diferenças nos dados usados por Wallin e Margulis.
1.2. Enuncia a razão que algumas das explicações para a origem dos cílios e flagelos não reúnam o apoio na comunidade científica?
1.3. Em que medida os exemplos apresentados permitem perspetivar a ciência enquanto conjunto de conhecimentos provisórios?
1.4. Nem sempre as teorias formuladas são suportadas por fortes evidências científicas. Comente este facto com exemplos do texto,
apontando a importância das hipóteses que foram sendo levantadas.
1.5. O microscópio eletrónico desenvolvido na década de 50 foi um dos instrumentos utilizados por Margulis para observar a estrutura das
células. Baseando-te neste exemplo, refere a importância da tecnologia no desenvolvimento do conhecimento científico.
2. Dois modelos foram propostos para explicar a origem dos organismos eucariontes a partir dos procariontes. Classifica cada uma das
seguintes afirmações como verdadeira (V) ou falsa (F).
a) Segundo o Modelo Endossimbiótico, as mitocôndrias tiveram origem em células procarióticas autotróficas.
b) O Modelo Autogénico explica o desenvolvimento do sistema endomembranar das células eucarióticas por invaginações da membrana
citoplasmática.
c) Segundo o Modelo Endossimbiótico, o estabelecimento de relações de endossimbiose com os ancestrais das mitocôndrias e dos
cloroplastos ocorreu em simultâneo.
d) As semelhanças de forma e tamanho entre as mitocôndrias e as bactérias apoiam o Modelo Autogénico.
e) Segundo o Modelo Endossimbiótico, a célula eucariótica é uma quimera de partes procarióticas.
2.1. Corrige as afirmações falsas, sem as negar.
3. Observa a figura seguinte que representa um modelo explicativo para a origem das células eucarióticas a partir de ancestrais procarióticos.
3.1. Denomina o modelo representado.
3.2. Explica de que forma este modelo é compatível com o aparecimento do sistema
endomembranar.
3.3. Na figura 1 estão representadas duas linhagens de células eucarióticas. Refere-
as.
3.4. Segundo o modelo representado, os ancestrais das mitocôndrias e dos
cloroplastos foram, respetivamente: (assinala a opção correta)
3.5. Segundo o modelo representado explica o facto de as mitocôndrias possuírem duas membranas, uma externa e uma interna.
3.6. Explicita quais as vantagens para a célula hospedeira da sua associação com as células procarióticas ancestrais das mitocôndrias e
dos cloroplastos.
3.7. A ATP sintetase é uma enzima das mitocôndrias constituída por polipéptidos codificados por genes do genoma mitocondrial e por
polipéptidos codificados por genes do genoma nuclear. Dá uma explicação para esta situação, tendo em conta a origem das
mitocôndrias, de acordo com o modelo endossimbiótico.
3.8. Comenta a afirmação: “A proximidade e cooperação entre seres procariontes potenciou o aparecimento de seres eucariontes”.
4. Relação Biótica entre um protozoário e uma alga
Vorticella é um protozoário heterotrófico em cuja célula, em forma de sino, se podem encontrar numerosas células de uma alga autotrófica,
Chlorella. Cada indivíduo de Chlorella encontra-se num vacúolo, isolado da restante célula de Vorticella através de uma membrana simples.
A Vorticela fornece proteção e matéria mineral à alga, esta por sua vez, retribui com a matéria orgânica sintetizada através da fotossíntese,
que é imprescindível à sua hospedeira.
4.5. Descreve a provável constituição celular do protozoário Vorticella, se esta relação biótica se mantiver.
5. A figura 2 mostra o grau de complexidade em três algas verdes coloniais. A C ilustra colónias de algas verdes do género Volvox. Cada
colónia é constituída por 50 000 ou mais células que formam uma esfera. Os flagelos de cada uma das células da colónia batem em
sincronia, fazendo deslocar a colónia em direção à luz. Algumas células, que se desenvolvem no interior da colónia-mãe, são responsáveis
pela reprodução e formação de novas colónias.
5.3. Refere duas características presentes na organização colonial (C) que lhe conferem uma maior complexidade em relação aos
organismos unicelulares.
5.4. Explica por que razão a formação de organismos coloniais é considerada uma etapa provável na transição dos seres vivos unicelulares
para os seres vivos multicelulares.
6. A Volvox é uma colónia de algas verdes, formada por mais de mil células biflageladas, unidas por filamentos citoplasmáticos e baínhas
gelatinosas, constituindo uma esfera oca. Os flagelos das células da camada externa promovem o movimento da colónia em volta do seu
eixo, enquanto as células maiores asseguram a função reprodutora.
6.1. Indica as funções desempenhadas pelas várias células da colónia.
6.2. Refere que vantagens tem para esta alga a organização em
colónias.
6.3. A Volvox corresponde a um organismo multicelular? Justifica.
6.4. Explica em que medida nas colónias de Volvox é possível verificar
uma especialização e coordenação parcial entre as células.
6.5. Das seguintes características, seleciona aquelas cujo
aparecimento terá permitido a transição da unicelularidade para a
multicelularidade.
a) Formação de um verdadeiro núcleo, individualizado pelo invólucro nuclear.
b) Diferenciação das células, que se especializam em determinadas funções.
c) Coesão entre as células, que se mantêm unidas após a divisão celular.
d) Aumento do tamanho das células.
e) Desenvolvimento de compartimentos internos.
f) Cooperação entre diferentes células na realização da mesma tarefa.