Satélites FM Básico
Satélites FM Básico
Satélites FM Básico
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1 Introdução
No Radioamadorismo atual existem várias modalidades: Fonia, Telegrafia, Modos Digitais, entre outras. Sem
dúvida, a Fonia é uma das mais praticadas, destacando-se a utilização de repetidoras em VHF e ou UHF, com a
modulação FM. Apesar de ser muito fácil de operar, temos a restrição de ser um contato local, que depende das
condições geográficas. Basicamente conseguimos QSO’s até onde a nossa antena ‘enxerga’. O uso de
repetidoras aumenta esse ‘campo de visão’ da sua antena, pois normalmente as repetidoras são localizadas em
pontos altos da região, tais como alto de torres ou morros.
Imagine então uma repetidora localizada a alguns quilômetros acima da sua posição. O alcance do seu rádio
aumentaria muito. Estas repetidoras existem, elas são colocadas a bordo dos Satélites de Radioamador, tais
como os satélites AO-27, AO-91, SO-50 e a Estação Espacial Internacional a ISS, entre outros. Ficam em órbita
da terra, girando ao redor dela algumas vezes por dia, fazendo com que sua estação ‘enxergue muito mais
longe’.
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Diante de uma modalidade com tanto potencial, o relativo fácil acesso aos equipamentos necessários para se
estabelecer a comunicação, este documento tem por objetivo trazer dicas práticas sobre o que fazer para
começar a operar satélite. Trago aqui minhas experiências pessoais como um ‘Sateliteiro’.
A primeira providência para se tornar um ‘Sateliteiro’ e “Operar Satélite” é ter a Licença de Radioamador com
autorização para uso de satélite.
Reprodução de licença emitida pela ANATEL, com autorização de operar satélites / Crédito arquivo pessoal
O segundo passo é providenciar um rádio que opere nas frequências do satélite e uma antena direcional para a
melhora do desempenho. Veremos mais detalhes mais adiante.
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Além disso, devemos considerar que os satélites não estão parados no céu, mas sim em órbita, girando em torno
da Terra e, assim, parte do desafio é saber quando e onde os satélites estarão. Para isso, utilizamos os
aplicativos de previsão de passagem de satélites.
Somente um Satélite de Radioamador está em uma órbita geoestacionária, o QO 100. Ele fica estacionado no
centro da África. Neste caso, são necessários rádios e antenas diferentes, o que foge ao escopo desse trabalho.
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2 Equipamentos
2.1 Rádios
Para operar satélite, basta um pequeno rádio DUAL BAND, não é necessária muita
potência –algo em torno de 5 watts. Como a maioria dos satélites opera em VHF ou
UHF e estas bandas de frequências são pouco reflexivas na atmosfera, na maioria
dos casos, só falamos onde a nossa antena “enxerga” e a potência utilizada não
influencia muito no alcance
Atualmente no mercado existem vários modelos de Hand Talk (HT), dual band, que
atendem perfeitamente ao objetivo que desejamos a um custo acessível. Claro que temos rádios de todos as
faixas de preços, desde os usados, mais baratos, até aquele super lançamento para sua estação base. Tudo
depende de quanto você está disposto a gastar. Vale a pena dar uma olhada no Mercado Livre e procurar por
Rádio Dual Band, para se ter uma ideia de preço.
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2.2 Antenas
Os rádios HT já vêm com sua ‘Antena de Borracha’ de fábrica. Trata-se de uma antena projetada para operar
nas bands de VHF e UHF dos rádios Dual Band. Estas antenas funcionam
muito bem. Porém, para melhorar o desempenho da comunicação via
satélite, uma antena direcional é muito indicada, que funciona como uma
luneta, fazendo nossa antena ‘enxergar a uma distância maior’, mas reduz
o campo visual. Ou seja, concentra a ‘visão’ do nosso rádio em uma
determinada direção. Antenas Moxon, Log periódicas ou Arrow são muito
utilizadas, pois são antenas de baixo custo com um ganho excelente. Aqui
também pesquisar no Mercado Livre é uma boa dica.
Ilustração de sateliteiro acionando satélites
com antena de borracha
Crédito: montagem Marcos Lima
Antena Moxon / Crédito PY4ZBZ Antena Arrow / Crédito WorldwideDX Radio Forum
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3 Aplicativos
3.1 Localização da Estação
No Radioamadorismo se usa um protocolo de localização baseado na Latitude e Longitude denominado GRID
LOCATOR. Neste protocolo, o globo terrestre é dividido em QUADRÍCULAS, tendo basicamente 6 dígitos,
duas letras maiúsculas, dois números e duas letras minúsculas, por exemplo, GG87gx, o Grid Locator da minha
estação. Para maiores detalhes deste protocolo, existem artigos muito explicativos na Internet.
O Grid da estação é importante pois existem várias entidades radio amadorísticas que conferem diplomas pelo
número de Grids confirmados. Este é um dos principais incentivos para se operar satélite: a conquista de novos
Grids e, por consequências, novos diplomas.
Para cada local operado existe um Grid Locator. Então eu, PY1ME, opero normalmente de GG86gx na cidade
do Rio de Janeiro. Já em Brasília, opero do Grid GH84cc. Estes são os grids que normalmente eu ativo, mas já
ativei alguns outros quando em viagens de férias, só com meu HT e sua antena de borracha.
Rio de Janeiro, Grid Locator GG86gx/Crédito QRZ.com Brasília, Grid Locator GG64cc/ Crédito QRZ.cpm
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Na Internet, você encontra várias maneiras de calcular o seu Grid Locator. Eu utilizo o APP Repeater Book,
https://www.repeaterbook.com/index.php/en-us/, que é gratuito.
Esse app lista as repetidoras próximas a sua localização atual e também informa em que Grid você está com 6
dígitos.
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3.3 Registro dos Contatos
No Brasil, houve um tempo em que o radioamador era obrigado por lei a ter um Livro de Registro dos Contatos
o Log Book. Hoje em dia, isso não é mais obrigatório, porém, manter um Log sobre os QSO’s realizados é
fundamental para quem deseja “caçar diplomas”.
Quando fechamos um QSO com alguma estação pela primeira vez, é de boa prática confirmar o contato via
QSL. Há alguns anos, só existiam os QSL’s de papel.
Hoje em dia, estes QSL’s são digitais, com vários sites realizando esse trabalho. eQSL, Club Log, HRD Log
são exemplos. A digitalização tornou muito mais rápida, confiável e barata a confirmação dos QSO’s.
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Para gerenciar os contatos, existem programas específicos, gratuitos e pagos. Por exemplo, entre os gratuitos,
temos o Logger 32, DX Keeper, Swis log, Log40M e BBLoguer, entre outros. Em geral, além de gerenciar os
contatos realizados, controlam os QSL’s recebidos, enviados, DX, cluster, interface de rádio CAT e interface
para vários serviços de radioamador, como LOTW, QRZ, HRDlog e muito mais. Cada um desses programas
tem suas especificidades.
Hoje em dia, em tempos de Internet, existem plataformas especializadas em confirmar contatos eletronicamente,
os QSL’s eletrônicos. Esses substituem completamente os QSL’s de papel, tornando muito mais rápida e barata
a confirmação do contato. Uma das plataformas mais conhecidas e aceitas é o da American Radio Relay League
ARRL o LOTW. Uma outra mundialmente aceita é o eQSL. Estas, na minha opinião, são as mais importantes.
Porém existem várias outras.
O mais importante de tudo é:
O uso de uma ou mais destas plataformas do quadro abaixo é VOLUNTÁRIO, mas a adoção torna o registro
simples, mais rápido e mais barato e, por isso, é altamente recomendado, facilitando muito a comprovação dos
contatos.
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4 Operação
4.1 Satélites
Existem vários satélites de radioamador orbitando a terra, com vários modos de operação. Os quadros abaixo
mostram os satélites e seus respectivos modos de operação e satélite.
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Tabela de Dados dos Satélites / Crédito LU3EQ
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Podemos notar que atualmente temos vários satélites ativos. Todos têm uma frequência de subida e uma de
descida. Além disso, alguns ainda utilizam um Tom de CTSS e outros têm mais certas restrições.
Uma das fontes confiáveis de informações sobre eles é a Ansat.org. Essa organização possui uma página com
informações em tempo real da situação dos principais satélite.
https://www.amsat.org/status/
Reprodução da página da AMSAT sobre o status dos satélites de rádio amador/ ANSAT.ORG
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4.2 Efeito Doppler
O Efeito Doppler é um fenômeno físico observado nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que
está em movimento com relação ao observador. Ou seja, devido a sua velocidade em relação ao observador, a
sua frequência de operação é deslocada.
Então, quando o satélite se aproxima, sua frequência é mais alta que a nominal; quando se afasta, é mais baixa.
Para compensar esse desvio de frequência, memorizamos cada uma delas em um canal do nosso rádio,
utilizando a tabela de TX e RX.
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Reprodução de quadro que apresenta as frequências dos satélites / Crédito: Tiago Ferraz PP5DC
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4.3 Polarização da Antena
As antenas Moxon e Arow podem ser polarizadas de duas maneiras, Horizontal e Vertical. A maneira que você
as utiliza faz diferença. Normalmente a Polarização Horizontal é melhor, mas é essencial verificar a mais
eficiente naquela passagem do satélite.
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4.4.2 Nível da Bateria do rádio
A carga da bateira influencia diretamente a potência do rádio. Operar com a bateria do rádio com a
maior carga possível é uma ajuda a mais para armarmos o satélite, principalmente quando estamos
operando um rádio do tipo HT.
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O efeito Doppler é proporcional à velocidade em que ele se aproxima de você. No início, a frequência
será mais alta, diminuindo à medida que vai se afastando da sua posição.
Se você estiver escutando uma estação e o sinal começar a ficar inteligível, verifique a direção da
antena, no caso de antena direcional, ou diminua um pouco a frequência do rádio.
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4.4.4 Fazendo um QSO:
Uma regra de ouro para quem está iniciando é OUVIR, OUVIR e OUVIR a passagem do Satélite.
• Verifique se as frequências e, quando for o caso, o Tom CTSS do satélite estão memorizados
corretamente no seu rádio;
• Desligue o squelch;
• Aprenda a direcionar a antena e compensar o efeito Doppler. Lembre-se: quanto mais alta for a
passagem, acima de 60º, maior é o efeito;
• Não esqueça de ligar o gravador de áudio;
• Aguarde uma janela para lançar seu chamado e não seja indelicado e não atropele ninguém.
Algumas passagens são calmas, com poucas estações, outras são muito concorridas;
• Responda a um chamado dando sua reportagem RS, normalmente 59;
• Faça seu chamado dando seu indicativo ou seu indicativo com seu Grid;
• Não faça CQ CQ. É DESELEGANTE;
• Aguarde o câmbio atual terminar, procure não atropelar ninguém;
• Desligue o gravador assim que a passagem acabar;
• Registre seus contatos no seu Log book;
• Não esqueça de fazer o upload dos seus QSO’s para sua plataforma preferida;
• Considere que pode ser que o seu Grid seja o que está faltando para alguém pedir aquele
diploma; e, por último, mas não menos importante:
• Acalme seu coração que a próxima passagem está vindo: ela será mais fácil do que a anterior.
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5.2 Grupo no WhatsApp
Também existe um Grupo no WhatsApp que se chama Radioamadores Operadores de Satélites, patrocinador
do Diploma GSA. Nele são trocadas experiências de operação de vários satélites em tempo real e participam
vários radioamadores da América Latina. Para fazer parte, basta clicar no link do Grupo Operadores de
Satélites.
Grupo no Facebook
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6 Conclusão
Este trabalho é baseado na minha experiencia pessoal com operação de satélites. Não tenho a
intenção de que este seja um guia perfeito, absoluto ou definitivo. A intenção é simplesmente dar orientação ao
radioamador que deseje enveredar pelos caminhos dos Satélites. Facilitar o seu início de caminhada.
Se você gostou, comente. Se não gostou comente também. Se achou um erro, por favor me avise.
Tem uma informação faltando, será um prazer acrescentá-la. Estou disponível no e-mail [email protected].
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7 Referências
• Como Funcionam as Repetidoras;
• AMSAT;
• Efeito Doppler;
• ARSATC;
• ISS Detector;
• Repeater Book;
• Polarização de Antenas;
• Nível do Squelch.
• Antena Moxon
• Antena Arrow
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