Missio Dei - Igreja Batista Missionária
Missio Dei - Igreja Batista Missionária
Missio Dei - Igreja Batista Missionária
Mas recebereis poder ao descer sobre vocês o Espírito Santo; e sereis minhas
testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra.
Atos 1.8
Temos de distinguir entre missão (no singular) e missões (no plural). O primeiro
conceito designa primordialmente a missio Dei (missão de Deus), isto é, a
autorrevelação de Deus como Aquele que ama o mundo, envolvimento de Deus no e
com o mundo, a natureza e atividade de Deus, que compreende tanto a igreja quanto o
mundo, e das quais a igreja tem o privilégio de participar.
Missio Dei enuncia a boa nova de que Deus é um Deus-para as/pelas-pessoas. Missões
(as missiones ecclesiae ["missões da igreja"]: os empreendimentos missionários da
igreja) designa formas particulares, relacionadas com tempos, lugares ou necessidades
específicos, de participação na missio Dei.
“Assim como o Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20.21)
“Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18)
Atos 1.8
Sereis minhas testemunhas em toda a Judeia e Samaria e até os confins da Terra.
Atos 2 descida do Espírito no dia de Pentecostes
Atos 4 um derramar do Espírito em resposta às orações; em meio às perseguições.
Atos 8 o Pentecostes samaritano
Atos 9 A conversão de Saulo o enchimento do Espírito Santo
Atos 10 Pedro na casa de Cornélio
Atos 11 Barnabé em Antioquia
Atos 13 Os profetas em Antioquia (O Espírito diz: separai para mim...)
Atos 16 O Evangelho em Filipos
Atos 17 Paulo no Areópago
Atos 19 Paulo em Éfeso
Missio dei
De acordo com o que foi dito, qual é o papel da igreja local em relação à missão?
Lembrando as palavras de McLaren: ‘Equipar e mobilizar homens e mulheres para a
missão de Deus no mundo’ – não exclusivamente no ‘templo’, que pode ou não existir,
mas sim em todos os campos de ação humana: em casa, na empresa, no hospital, na
universidade, no escritório, na oficina... Enfim, em todo lugar, já que não há lugar que
esteja fora da soberania de Jesus Cristo” (Padilla, 2009, p. 19).
_Missio Dei_ significa, antes de mais nada, que a missão é obra de Deus. Ele é o
senhor, o doador da tarefa, o proprietário, o executante. Ele é o sujeito ativo da missão.
Se atribuímos a missão desse modo a Deus, ela está isenta de todo arbítrio humano.
Portanto, temos que mostrar que Deus quer a missão e como ele próprio a executa. Com
isso já estão estabelecidos todos os parâmetros necessários. A missão, e com ela a
Igreja, são obra do próprio Deus. Portanto, não deveríamos falar da “missão da Igreja”,
muito de “nossa missão”. Visto que tanto a Igreja quanto a missão têm sua origem na
vontade amorosa de Deus, podemos falar de Igreja e missão somente na medida em que
elas não são entendidas como grandezas autônomas. Ambas são tão-somente
instrumentos de Deus, através dos quais Deus promove sua missão. Somente se a Igreja
cumpre, em obediência, a intenção missionária dele, ela pode também falar de sua
missão, porque esta então está acolhida na _missio Dei_.
Com isso nosso tema se reveste de grande seriedade. Se é verdade que Deus quer a
missão, porque ele próprio faz missão - o que deve ser demonstrado -, então a Igreja
nada mais pode ser do que vaso e instrumento de Deus, se ela se deixar usar por ele. Se
ela resiste à intenção de Deus, ela se torna desobediente e já não pode mais ser Igreja no
sentido divino: “Não há participação em Cristo sem participação em sua missão ao
mundo.” Portanto, não cabe à Igreja decidir se ela quer fazer missão, mas ela só pode
decidir se quer ser Igreja. Ela não pode determinar quando e onde será feito missão; pois
missão sempre é iniciativa de Deus, como fica evidente sobretudo no livro dos Atos dos
Apóstolos. Missão como causa de Deus significa que ele reivindica o direito de dispor
sobre todos os seus crentes da mesma forma como é seu desejo compartilhar com todos
os seres humanos seu amor através de seus crentes. Deus torna clara essa pretensão
executando primeiramente a missão _por si mesmo_. A Igreja somente pode repetir o
que Deus fez e faz, e pode apontar para o que ele fará. Com isso a missão está
fundamentada na ação do próprio Deus.
VICEDOM, Georg. A missão como obra de Deus: introdução a uma teologia da missão.
Tradução de Ilson Kayser. São Leopoldo: Sinodal, 1996. p 16.
Solução
É a partir da Trindade que devemos desenvolver uma Missiologia Trinitária, ou seja,
missio Dei (missão de Deus), missio Christi (missão de Cristo), e missio Spiritu Sancti
(missão do Espírito Santo). Isto implica em concluir que a missão do povo de Deus
(missio ecclesiarum) é consequência, um ato segundo, da missão Trinitária, que é o ato
primeiro.
BARRO, Jorge Henrique. Teologia Bíblica da Missão. Londrina – PR, FTSA, 2019.