Apostila Impressão - Gramática

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GRAMÁTICA

ÚLTIMOS 10 ANOS
FUVEST
SUMÁRIO

MORFOLOGIA ...........................................................................................................................................................05
MORFOSSINTAXE.................................................................................................................................................. 24
PONTUAÇÃO ............................................................................................................................................................. 46
FIGURAS DE LINGUAGEM ............................................................................................................................. 55
ENUNCIAÇÃO, TEXTO E DISCURSO ..................................................................................................... 77

Gabarito: MORFOLOGIA ...............................................................................................................................107


Gabarito: MORFOSSINTAXE ....................................................................................................................... 111
Gabarito: PONTUAÇÃO .................................................................................................................................. 117
Gabarito: FIGURAS DE LINGUAGEM ..................................................................................................118
Gabarito: ENUNCIAÇÃO, TEXTO E DISCURSO ......................................................................... 122
MORFOLOGIA

1. (Fuvest) Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que


acabam em "ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos
do que os terminados simplesmente em "ar". Todos os dias os maus tradutores
de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos
infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, 1reinicializando
palavras que já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas.

A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de
ótimos serviços prestados, estão a ponto decair em desgraça entre pessoas de
ouvidos sensíveis. Depois que você fica alérgico a disponibilizar, como você vai
admitir, digamos, 2"viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se dar
conta de que 3"desincompatibilizar" sempre foi um palavrão.

FREIRE, Ricardo. Complicabilizando. Época, ago. 2003.

Com base no texto, é correto afirmar:

a) A “campanha nacional” a que se refere o autor tem por objetivo banir da língua
portuguesa os verbos terminados em “ilizar”.
b) O autor considera o emprego de verbos como “reinicializando” (ref. 1) e
“viabilizar” (ref. 2) uma verdadeira “doença”.
c) A maioria dos verbos terminados em “(i)lizar”, presentes no texto, foi
incorporada à língua por influência estrangeira.
d) O autor, no final do primeiro parágrafo, acaba usando involuntariamente os
verbos que ele condena.
e) Os prefixos “des” e “in”, que entram na formação do verbo
“desincompatibilizar” (ref. 3), têm sentido oposto, por isso o autor o considera
um “palavrão”.

GABARITAGEO.COM.BR 5
2. (Fuvest)

I. Diante da dificuldade, municípios de diferentes regiões do país realizaram um


segundo “dia D” neste sábado. O primeiro ocorreu em 18 de agosto. A adesão,
no entanto, ainda ficou abaixo do esperado. Agora, a recomendação é que
estados e municípios façam busca ativa para garantir que todo o público‐alvo
da campanha seja vacinado. (Folha de S. Paulo. São Paulo. 03/09/2018.)

II. Pensar sobre a vaga, buscar conhecer a empresa e o que ela busca já faz de
você alguém especial. Muitos que procuram o balcão de emprego não
compreendem que os detalhes são fundamentais para conseguir a
recolocação. Agora, não pense que você vai conseguir na primeira investida, a
busca por um novo emprego requer paciência e persistência, tenha você 20
anos ou 50.

(Balcão de Emprego. Disponível em: <https://empregabrasil.com.br/>)

O termo “Agora” pode ser substituído, respectivamente, em I e II e sem prejuízo


de sentidos nos dois textos, por?

a) Neste momento; Por conseguinte.


b) Neste ínterim; De fato.
c) Portanto; Ademais.
d) Todavia; Então.
e) Doravante; Mas.

6 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao


interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e esforços, dotamo-la de
um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de
pensar. 1Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se,
deste modo, arte moderna.

As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. Não nos dirigimos a elas
diretamente, mas contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo diferente
e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é
mais eficiente do que um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria, que
não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está
perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior
é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores.

Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.

3. (Fuvest) No trecho “Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos
afete, torna-se, deste modo, arte moderna” (ref. 1), as expressões sublinhadas
podem ser substituídas, sem prejuízo do sentido do texto, respectivamente, por:

a) realmente; portanto.
b) invariavelmente; ainda.
c) com efeito; todavia.
d) com segurança; também.
e) possivelmente; até.

GABARITAGEO.COM.BR 7
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro
Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da
linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade
orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar
mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a
fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de
blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as
normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de
fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

4. (Fuvest) O prefixo presente na palavra “transpostos” tem o mesmo sentido do


prefixo que ocorre em:

a) ultrapassado.
b) retrocedido.
c) infracolocado.
d) percorrido.
e) introvertido.

8 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Tornando da malograda espera do tigre, 1alcançou o capanga um casal de


velhinhos, 2que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca
de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão
Fera 3que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à
compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam
abrir uma boa roça.

- Mas chegará, homem? perguntou a velha.


- Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
- Por este preço dou eu conta da roça!
- Ah! É nhô Jão!

Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e


de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar
que estava destinado para o roçado.
Acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos descobriram entre os
utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a soma
precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os
embasbacados.

ALENCAR, José de. Til.

* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter


gratuito).

5. (Fuvest) Considerada no contexto, a palavra sublinhada no trecho “mal seus


olhos descobriram entre os utensílios a enxada” (ref. 4) expressa ideia de:

a) tempo.
b) qualidade.
c) intensidade.
d) modo.
e) negação.

GABARITAGEO.COM.BR 9
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto:

Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este Príncipe concebera
a ideia de que o “homem só é superiormente feliz quando é superiormente
civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que,
robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde
Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os
mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um
magnífico Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher
[...] todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber e Poder... [...]
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo,
que [...] estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos
indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da
Mecânica e da erudição. Um desses moços [...] reduzira a teoria de Jacinto [...] a
uma forma algébrica:

Suma ciência 

  = Suma felicidade
Suma potência 

E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a


Equação Metafísica de Jacinto.

Eça de Queirós, A cidade e as serras.

6. (Fuvest) Sobre o elemento estrutural “oni”, que forma as palavras do texto


“onipotente” e “onisciente”, só NÃO é correto afirmar:

a) Equivale, quanto ao sentido, ao pronome “todos(as)”, usado de forma reiterada


no texto.
b) Possui sentido contraditório em relação ao advérbio “quase”, antecedente.
c) Trata-se do prefixo “oni”, que tem o mesmo sentido em ambas as palavras.
d) Entra na formação de outras palavras da língua portuguesa, como
“onipresente” e “onívoro”.
e) Deve ser entendido em sentido próprio, em “onipotente”, e, em sentido
figurado, em “onisciente”.

10 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe,
fundada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos
— econômicos, políticos, ou sociais — são solucionáveis pela educação, isto é, pela
cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro
que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos
existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das
chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais
livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.

Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.

7. (Fuvest) Dos seguintes comentários linguísticos sobre diferentes trechos do


texto, o único correto é:

a) Os prefixos das palavras “imposição” e “imparcial” têm o mesmo sentido.


b) As palavras “postulado” e “crença” foram usadas no texto como sinônimas.
c) A norma-padrão condena o uso de “essa”, no trecho “essa opinião”, pois, nesse
caso, o correto seria usar “esta”.
d) A vírgula empregada no trecho “e a difusão desses conhecimentos, a mais
completa” indica que, aí, ocorre a elipse de um verbo.
e) O pronome sublinhado em “que os tornem” tem como referente o substantivo
“termos”.

GABARITAGEO.COM.BR 11
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o seguinte trecho de uma entrevista concedida pelo ministro do Supremo


Tribunal Federal, Joaquim Barbosa:

Entrevistador: - O protagonismo do STF dos últimos tempos tem usurpado as


funções do Congresso?
Entrevistado: - Temos uma Constituição muito boa, mas excessivamente
detalhista, com um número imenso de dispositivos e, por isso, suscetível a
fomentar interpretações e toda sorte de litígios. Também temos um sistema de
jurisdição constitucional, talvez único no mundo, com um rol enorme de
agentes e instituições dotadas da prerrogativa ou de competência para trazer
questões ao Supremo. É um leque considerável de interesses, de visões, que
acaba causando a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas mais
diferentes áreas, inclusive dando margem a esse tipo de acusação. Nossas
decisões não deveriam passar de duzentas, trezentas por ano. Hoje, são
analisados cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma insanidade.

Veja, 15/06/2011.

8. (Fuvest) No trecho “dotadas da prerrogativa ou de competência”, a presença


de artigo antes do primeiro substantivo e a sua ausência antes do segundo
fazem que o sentido de cada um desses substantivos seja, respectivamente,

a) figurado e próprio.
b) abstrato e concreto.
c) específico e genérico.
d) técnico e comum.
e) lato e estrito.

12 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à
feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século XV
não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora
apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não
encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A
ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta burguesia
para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e
do poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre
de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei
o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com as
pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para
contentar os insaciáveis companheiros de D. João I.

Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.

9. (Fuvest) O pronome "ela" da frase "Era ela, portanto, quem devia merecer do
novo rei o melhor das suas atenções", refere-se a:

a) “desmedida ambição”.
b) “Casa de Avis”.
c) “esta burguesia”.
d) “ameaça castelhana”.
e) “Rainha Leonor Teles”.

GABARITAGEO.COM.BR 13
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe
desde há muito tempo.
Modifica-se ao acaso das situações, das formas de sociabilidade e dos jogos das
forças sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas persistente.
Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes,
discriminados e preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e
dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela,
de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como funciona a
fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade, diversidade e
desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação e alienação.

Octavio Ianni. Dialética das relações sociais.


Estudos avançados, n. 50, 2004.

10. (Fuvest) As palavras do texto cujos prefixos traduzem, respectivamente, ideia


de anterioridade e contiguidade são:

a) “persistente” e “alteridade”.
b) “discriminados” e “hierarquização”.
c) “preconceituosos” e “cooperação”.
d) “subordinados” e “diversidade”.
e) “identidade” e “segregados”.

14 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Já na segurança da calçada, e passando por um trecho em obras que atravanca


nossos passos, lanço à queima-roupa:

— Você conhece alguma cidade mais feia do que São Paulo?

— Agora você me pegou, retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me de


La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu bem feia. Dizem que Bogotá é muito
feiosa também, mas não a conheço. Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as
pessoas têm uma disposição para o trabalho aqui, uma vibração
empreendedora, que dá uma feição muito particular à cidade. Acordar cedo em
São Paulo e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo que me toca. Acho
emocionante ver a garra dessa gente.

R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma caminhada pela selva urbana de São
Paulo. National Geographic Brasil. Adaptado.

11. (Fuvest) No terceiro parágrafo do texto, a expressão que indica, de modo mais
evidente, o distanciamento social do segundo interlocutor em relação às
pessoas a que se refere é:

a) “disposição para o trabalho”.


b) “vibração empreendedora”.
c) “feição muito particular”.
d) “saindo para trabalhar”.
e) “dessa gente”.

12. (Fuvest) Ao reproduzir um diálogo, o texto incorpora marcas de oralidade,


tanto de ordem léxica, caso da palavra “garra”, quanto de ordem gramatical,
como, por exemplo,

a) “lanço à queima-roupa”.
b) “Agora você me pegou”.
c) “deixa eu ver”.
d) “Bogotá é muito feiosa”.
e) “é algo que me toca”.

GABARITAGEO.COM.BR 15
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria
revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor
assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos,
nós nos sentimos parecidos e iguais; 1nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não
porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos
une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável
e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
Tudo se transforma, tudo varia - o amor, o ódio, o egoísmo. 2Hoje é mais
amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, 3levando as
coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações
cada vez maior, o amor da rua.

João do Rio. A alma encantadora das ruas.

13. (Fuvest) Prefixos que têm o mesmo sentido ocorrem nas seguintes palavras
do texto:

a) íntima / agremia.
b) resiste / deslizam.
c) desprazeres / indissolúvel.
d) imperturbável / transforma.
e) revelado / persiste.

16 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
DAS VÃS SUTILEZAS

Os homens recorrem por vezes a sutilezas fúteis e vãs para atrair nossa atenção.
(...) Aprovo a atitude daquele personagem a quem apresentaram um homem
que com tamanha habilidade atirava um grão de alpiste que o fazia passar pelo
buraco de uma agulha sem jamais errar o golpe. Tendo pedido ao outro que lhe
desse uma recompensa por essa habilidade excepcional, atendeu o solicitado,
de maneira prazenteira e justa a meu ver, mandando entregar-lhe três medidas
de alpiste a fim de que pudesse continuar a exercer tão nobre arte. É prova
irrefutável da fraqueza de nosso julgamento apaixonarmo-nos pelas coisas só
porque são raras e inéditas, ou ainda porque apresentam alguma dificuldade,
muito embora não sejam nem boas nem úteis em si.

Montaigne, Ensaios.

14. (Fuvest) A expressão destacada no trecho "...ou ainda porque apresentam


alguma dificuldade, MUITO EMBORA não sejam nem boas nem úteis em si"
pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido, por:

a) desde que.
b) contanto que.
c) uma vez que.
d) a não ser que.
e) se bem que.

GABARITAGEO.COM.BR 17
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

O anúncio luminoso de um edifício em frente, acendendo e apagando, dava


banhos intermitentes de sangue na pele de seu braço repousado, e de sua face.
Ela estava sentada junto à janela e havia luar; e nos intervalos desse banho
vermelho ela era toda pálida e suave.
Na roda havia um homem muito inteligente que falava muito; havia seu marido,
todo bovino; um pintor louro e nervoso; uma senhora recentemente desquitada,
e eu. Para que recensear a roda que falava de política e de pintura? Ela não dava
atenção a ninguém. Quieta, às vezes sorrindo quando alguém lhe dirigia a
palavra, ela apenas mirava o próprio braço, atenta à mudança da cor. Senti que
ela fruía nisso um prazer silencioso e longo. "Muito!", disse quando alguém lhe
perguntou se gostara de um certo quadro - e disse mais algumas palavras; mas
mudou um pouco a posição do braço e continuou a se mirar, interessada em si
mesma, com um ar sonhador.

Rubem Braga, A mulher que ia navegar.

15. (Fuvest) O termo destacado no trecho "Senti que ela fruía NISSO um prazer
silencioso e longo" refere-se, no texto,

a) ao sorriso que ela dava quando lhe dirigiam a palavra.


b) ao prazer silencioso e longo que ela fruía ao sorrir.
c) à percepção do efeito das luzes do anúncio em seu braço.
d) à falta de atenção aos que se encontravam ali reunidos.
e) à alegria da roda de amigos que falavam de política e de pintura.

16. (Fuvest) A televisão tem de ser vista ...... um prisma crítico, principalmente as
telenovelas, ..... audiência é significativa.
Temos de procurar saber ..... elas prendem tanto os telespectadores.
Preenchem de modo correto as lacunas do texto, respectivamente,

a) a nível de/ as quais a/ por que.


b) sobre/ que/ porquê.
c) sob/ cuja/ por que.
d) em nível de/ cuja a/ porque.
e) sob/ cuja a/ porque.

18 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens,
livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para
conhecer o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob
o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para
quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não
simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que
não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.

Amyr Klink, Mar sem fim.

17. (Fuvest) Na frase "QUE nos faz professores e doutores do que não vimos", o
pronome destacado retoma a expressão antecedente:

a) "para lugares".
b) "o mundo".
c) "um homem".
d) "essa arrogância".
e) "como o imaginamos".

GABARITAGEO.COM.BR 19
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

“- Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que
devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante
semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os
altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa
conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não
falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias:
- Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe
responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na
costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina,
adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste
agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho
e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que
te chamamos, num momento de simpatia".

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

18. (Fuvest) No trecho, "pisou-lhe o pé", o pronome "lhe" assume valor possessivo,
tal como ocorre em uma das seguintes frases, também extraídas de "Memórias
póstumas de Brás Cubas":

a) "falei-lhe do marido, da filha, dos negócios, de tudo".


b) "mas enfim contei-lhe o motivo da minha ausência".
c) "se o relógio parava, eu dava-lhe corda".
d) "Procure-me, disse eu, poderei arranjar-lhe alguma coisa".
e) "envolvida numa espécie de mantéu, que lhe disfarçava as ondulações do
talhe".

20 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha
vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. Era a flor, e não já da
escola, senão de toda a cidade. A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava
o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um
pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir
lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição, ou simplesmente arruar, à
toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o
Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos
nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma
supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa
magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos a
pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa
independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas)

19. (Fuvest) A enumeração de substantivos expressa gradação ascendente em:

a) "menino mais gracioso, inventivo e travesso".


b) "trazia-o amimado, asseado, enfeitado".
c) "gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas".
d) "papel de rei, ministro, general".
e) "tinha garbo (...), e gravidade, certa magnificência".

GABARITAGEO.COM.BR 21
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Os leitores estarão lembrados do que o compadre dissera quando estava a fazer


castelos no ar a respeito do afilhado, e pensando em dar-lhe o mesmo ofício que
exercia, isto é, daquele arranjei-me, cuja explicação prometemos dar. Vamos
agora cumprir a promessa.
Se alguém perguntasse ao compadre por seus pais, por seus parentes, por seu
nascimento, nada saberia responder, porque nada sabia a respeito. Tudo de que
se recordava de sua história reduzia-se a bem pouco. Quando chegara à idade
de dar acordo da vida achou-se em casa de um barbeiro que dele cuidava,
porém que nunca lhe disse se era ou não seu pai ou seu parente, nem tampouco
o motivo por que tratava da sua pessoa. Também nunca isso lhe dera cuidado,
nem lhe veio a curiosidade de indagá-lo.
Esse homem ensinara-lhe o ofício, e por inaudito milagre também a ler e a
escrever. Enquanto foi aprendiz passou em casa do seu... mestre, em falta de
outro nome, uma vida que por um lado se parecia com a do fâmulo*, por outro
com a do filho, por outro com a do agregado, e que afinal não era senão vida de
enjeitado, que o leitor sem dúvida já adivinhou que ele o era. A troco disso dava-
lhe o mestre sustento e morada, e pagava-se do que por ele tinha já feito.

(*) fâmulo: empregado, criado

(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)

20. (Fuvest) No excerto, temos derivação imprópria ou conversão (emprego de


uma palavra fora de sua classe normal) no seguinte trecho:

a) fazer castelos no ar.


b) daquele arranjei-me.
c) dar acordo da vida.
d) nem tampouco o motivo.
e) por inaudito milagre.

22 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Eu te amo

Ah, se já perdemos a noção da hora,


Se juntos já jogamos tudo fora,
Me conta agora como hei de partir...

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,


Rompi com o mundo, queimei meus navios,
Me diz pra onde é que inda posso ir...

(...)

Se entornaste a nossa sorte pelo chão,


Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...

(...)

Como, se nos amamos como dois pagãos,


Teus seios inda estão nas minhas mãos,
Me explica com que cara eu vou sair...

Não, acho que estás só fazendo de conta,


Te dei meus olhos pra tomares conta,
Agora conta como hei de partir...

(Tom Jobim - Chico Buarque)

21. (Fuvest) O prefixo assinalado em "DESVARIO" expressa:

a) negação.
b) cessação.
c) ação contrária.
d) separação.
e) intensificação.

GABARITAGEO.COM.BR 23
MORFOSSINTAXE

22. (Fuvest)

O efeito de humor presente nas falas das personagens decorre:

a) da quebra de expectativa gerada pela polissemia.


b) da ambiguidade causada pela antonímia.
c) do contraste provocado pela fonética.
d) do contraste introduzido pela neologia.
e) do estranhamento devido à morfologia.

24 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:

Uma última gargalhada estrondosa. 1E depois, o silêncio. O palhaço jazia 2imóvel


no chão. 3Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre. Porque a carreira
original do Coringa era para durar apenas 30 páginas. O tempo de envenenar
Gotham, sequestrar 4Robin, enfiar um par de sopapos na Homem-Morcego e
disparar o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº. 1,
o “horripilante bufão”sofria um final digno de sua desumana ironia: 5ao tropeçar,
cravava sua própria adaga no peito. Assim decidiram e desenharam 6seus pais,
os artistas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso
mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para 7se rebelar contra
a ordem estabelecida. 8Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o
acréscimo de um quadrinho. Já dentro da ambulância, vinha à tona “um dado
desconcertante”. E então um médico sentenciava: “Continua 9vivo. E vai
sobreviver!”.

Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha ganha duas HQs, que
inspiram debates filosóficos sobre a liberdade”, EI País. Junho/2020.

23. (Fuvest) No fragmento “ao tropeçar, cravava sua própria adaga no peito.” (ref.
5), a oração em negrito abrange, simultaneamente, as noções de:

a) proporção e explicação.
b) causa e proporção.
c) tempo e consequência.
d) explicação e consequência.
e) tempo e causa.

24. (Fuvest) Em “Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o


acréscimo de um quadrinho.” (ref. 8), o vocábulo “que” possui a mesma função
sintática desempenhada no texto por:

a) “imóvel” (ref. 2).


b) “Robin” (ref. 4).
c) “seus pais” (ref. 6).
d) “se” (ref. 7).
e) “vivo” (ref. 9).

GABARITAGEO.COM.BR 25
25. (Fuvest) As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (ref. 1) e em “Mas seu rosto
continua sorrindo, para sempre.” (ref. 3) são usadas, respectivamente, com a
mesma finalidade que as vírgulas em:

a) “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto mais espaço, mais


liberdade.”.
b) “Aos estrangeiros, ofereceram iguanas.” e “Limpavam a casa, e preparávamos
as refeições.”.
c) “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se encontraram nas férias, mas não
viajaram.”.
d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava tudo,cautelosamente.
e) “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de bilheteria.” e “‘Conheço
muito bem’, afirmou o rapaz.”.

26. (Fuvest) O Twitter é uma das redes sociais mais importantes no Brasil e no
mundo. (...) Um estudo identificou que as fake news são 70% mais propensas a
serem retweetadas do que fatos verdadeiros. (...) Outra conclusão importante do
trabalho diz respeito aos famosos bots: ao contrário do que muitos pensam,
esses robôs não são os grandes responsáveis por disseminar notícias falsas. Nem
mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que espalham
informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados verdadeiros
alcançaram o mesmo número de pessoas.

Superinteressante, “No Twitter, fake news se espalham 6 vezes mais rápido que
notícias verdadeiras”. Maio/2019.

No período “Nem mesmo comparando com outros robozinhos: tanto os que


espalham informações mentirosas quanto aqueles que divulgam dados
verdadeiros alcançaram o mesmo número de pessoas.”, os dois‐pontos são
utilizados para introduzir uma:

a) conclusão.
b) concessão.
c) explicação.
d) contradição.
e) condição.

26 GABARITAGEO.COM.BR
27. (Fuvest) Leia o trecho extraído de uma notícia veiculada na internet:

“O carro furou o pneu e bateu no meio fio, então eles foram obrigados a parar. O
refém conseguiu acionar a população, que depois pegou dois dos três indivíduos
e tentaram linchar eles. O outro conseguiu fugir, mas foi preso momentos depois
por uma viatura do 5º BPM”, afirmou o major.

Disponível em https://www.gp1.com.br/.

No português do Brasil, a função sintática do sujeito não possui,


necessariamente, uma natureza de agente, ainda que o verbo esteja na voz ativa,
tal como encontrado em:

a) “O carro furou o pneu”.


b) “e bateu no meio fio”.
c) “O refém conseguiu acionar a população”.
d) “tentaram linchar eles”.
e) “afirmou o major”.

GABARITAGEO.COM.BR 27
28. (Fuvest) Seria difícil encontrar hoje um crítico literário respeitável que
gostasse de ser apanhado defendendo como uma ideia a velha antítese estilo e
conteúdo. A esse respeito prevalece um religioso consenso. Todos estão prontos
a reconhecer que estilo e conteúdo são indissolúveis, que o estilo fortemente
individual de cada escritor importante é um elemento orgânico de sua obra e
jamais algo meramente “decorativo”.

Na prática da crítica, entretanto, a velha antítese persiste praticamente


inexpugnada.

Susan Sontag. “Do estilo”. Contra a interpretação.

Consideradas no contexto, as expressões “religioso consenso”, “orgânico” e


“inexpugnada”, sublinhadas no texto, podem ser substituídas, sem alteração de
sentido, respectivamente, por:

a) místico entendimento; biológico; invencível.


b) piedoso acordo; puro; inesgotável.
c) secular conformidade; natural; incompreensível.
d) fervorosa unanimidade; visceral; insuperada.
e) espiritual ajuste; vital; indomada.

28 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou


mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans Blumenberg do mito
político como um processo contínuo de trabalho de uma narrativa que
responde a uma necessidade prática de uma sociedade em determinado
período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o
problema da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas
também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria mito). O
mito político confere um sentido às 1circunstâncias que envolvem os indivíduos:
ao 2fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história em curso,
ajuda a compreender e suportar o mundo 3em 4que vivem.

ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.

29. (Fuvest) Sobre o sujeito da oração “em que vivem” (ref. 3), é correto afirmar:

a) Expressa indeterminação, cabendo ao leitor deduzir a quem se refere a ação


verbal.
b) Está oculto e visa evitar a repetição da palavra “circunstâncias” (ref. 1).
c) É uma função sintática preenchida pelo pronome “que” (ref. 4).
d) É indeterminado, tendo em vista que não é possível identificar a quem se
refere a ação verbal.
e) Está oculto e seu referente é o mesmo do pronome “os” em “fazê‐los” (ref. 2).

GABARITAGEO.COM.BR 29
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

A adoção do cardápio indígena introduziu nas cozinhas e zonas de serviço das


moradas brasileiras equipamentos desconhecidos no Reino. Instalou nos
alpendres roceiros a prensa de espremer mandioca ralada para farinha. Nos
inventários paulistas é comum a menção de tal fato. No inventário de Pedro
Nunes, por exemplo, efetuado em 1623, fala-se num sítio nas bandas do Ipiranga
“com seu alpendre e duas camarinhas no dito alpendre com a prensa no dito
sítio” que deveria comprimir nos tipitis toda a massa proveniente do mandiocal
também inventariado. Mas a farinha não exigia somente a prensa – pedia,
também, raladores, cochos de lavagem e forno ou fogão. Era normal, então, a
casa de fazer farinha, no quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha.

Carlos A. C. Lemos, Cozinhas, etc.

30. (Fuvest) Traduz corretamente uma relação espacial expressa no texto o que
se encontra em:

a) A prensa é paralela aos tipitis.


b) A casa de fazer farinha é adjacente aos telheiros.
c) As duas camarinhas são transversais à cozinha.
d) O alpendre é perpendicular às zonas de serviço.
e) O mandiocal e o Ipiranga são equidistantes do sítio.

30 GABARITAGEO.COM.BR
31. (Fuvest) Além de “tipitis”, constituem contribuição indígena para a língua
portuguesa do Brasil as seguintes palavras empregadas no texto:

a) “cardápio” e “roceiros”.
b) “alpendre” e “fogão”.
c) “mandioca” e “Ipiranga”.
d) “sítio” e “forno”.
e) “prensa” e “quintal”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro
Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da
linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade
orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar
mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a
fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de
blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as
normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de
fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

32. (Fuvest) Tendo em vista que algumas das recomendações do autor, relativas
à prática da tradução, fogem do senso comum, pode-se qualificá-las com o
seguinte termo, de uso relativamente recente:

a) dubitativas.
b) contraintuitivas.
c) autocomplacentes.
d) especulativas.
e) aleatórias.

GABARITAGEO.COM.BR 31
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Examine este cartum para responder à(s) questão(ões) a seguir.

33. (Fuvest) No contexto do cartum, a presença de numerosos animais de


estimação permite que o juízo emitido pela personagem seja considerado:

a) incoerente.
b) parcial.
c) anacrônico.
d) hipotético.
e) enigmático.

32 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples
informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende
do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da
finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um
compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um
livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades
profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao
máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.

CANDIDO, Antonio. “Dez livros para entender o Brasil”. Teoria e debate. Ed. 45,
01/07/2000.

34. (Fuvest) Constitui recurso estilístico do texto

I. a combinação da variedade culta da língua escrita, que nele é predominante,


com expressões mais comuns na língua oral;
II. a repetição de estruturas sintáticas, associada ao emprego de vocabulário
corrente, com feição didática;
III. o emprego dominante do jargão científico, associado à exploração intensiva
da intertextualidade.

Está correto apenas o que se indica em:

a) I.
b) II.
c) I e II.
d) III.
e) I e III.

GABARITAGEO.COM.BR 33
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Tornando da malograda espera do tigre, 1alcançou o capanga um casal de


velhinhos, 2que seguiam diante dele o mesmo caminho, e conversavam acerca
de seus negócios particulares. Das poucas palavras que apanhara, percebeu Jão
Fera 3que destinavam eles uns cinquenta mil-réis, tudo quanto possuíam, à
compra de mantimentos, a fim de fazer um moquirão*, com que pretendiam
abrir uma boa roça.
- Mas chegará, homem? perguntou a velha.
- Há de se espichar bem, mulher!
Uma voz os interrompeu:
- Por este preço dou eu conta da roça!
- Ah! É nhô Jão!
Conheciam os velhinhos o capanga, a quem tinham por homem de palavra, e
de fazer o que prometia. Aceitaram sem mais hesitação; e foram mostrar o lugar
que estava destinado para o roçado.
Acompanhou-os Jão Fera; porém, 4mal seus olhos descobriram entre os
utensílios a enxada, a qual ele esquecera um momento no afã de ganhar a soma
precisa, que sem mais deu costas ao par de velhinhos e foi-se deixando-os
embasbacados.

ALENCAR, José de. Til.

* moquirão = mutirão (mobilização coletiva para auxílio mútuo, de caráter


gratuito).

34 GABARITAGEO.COM.BR
35. (Fuvest) Considere os seguintes comentários sobre diferentes elementos
linguísticos presentes no texto:

I. Em “alcançou o capanga um casal de velhinhos” (ref. 1), o contexto permite


identificar qual é o sujeito, mesmo este estando posposto.
II. O verbo sublinhado no trecho “que seguiam diante dele o mesmo caminho”
(ref. 2) poderia estar no singular sem prejuízo para a correção gramatical.
III. No trecho “que destinavam eles uns cinquenta mil-réis” (ref. 3), pode-se
apontar um uso informal do pronome pessoal reto “eles”, como na frase “Você
tem visto eles por aí?”.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III.

GABARITAGEO.COM.BR 35
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos


enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que
ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor
vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas,
que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se
não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o
sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu
azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca
doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-
lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra,
picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele
amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma
larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.

Aluísio Azevedo, O cortiço.

36. (Fuvest) O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em


relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”,
“baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que
estabelece com outras palavras do texto, constitui também um hiperônimo a
palavra:

a) “alma”.
b) “impressões”.
c) “fazenda”.
d) “cobra”.
e) “saudade”.

36 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

O OPERÁRIO NO MAR

Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama,
no discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas
mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem
comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no
corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão
firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas
árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O
operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens,
que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara
dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas
repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário?
Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu
irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu
próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo:
uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-
lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está
caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de
navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem
hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e
deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas
agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se
molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um
sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se
decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente
separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do
mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio
atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as
fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-
me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o
compreenderei?

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo.

GABARITAGEO.COM.BR 37
37. (Fuvest) Dentre estas propostas de substituição para diferentes trechos do
texto, a única que NÃO está correta do ponto de vista da norma-padrão é:

a) “Para onde vai ele, (...)?” = Aonde vai ele, (...)?


b) “O operário não lhe sobra tempo de perceber” = Ao operário não lhe sobra
tempo de perceber.
c) “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão” = Teria vergonha de chamá-lo de
meu irmão.
d) “Tenho vergonha e vontade de encará-lo” = Tenho vergonha e vontade de o
encarar.
e) “quem sabe se um dia o compreenderei” = quem sabe um dia compreenderei-
o.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Leia o texto:

A civilização 2“pós-moderna” culminou em um progresso inegável, que


não foi percebido antecipadamente, em sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o
3
“mau uso” da ciência, da tecnologia e da capacidade de invenção nos precipitou
na miséria moral 1inexorável. Os que condenam a ciência, a tecnologia e a
invenção criativa por essa miséria ignoram os desafios que explodiram com o
capitalismo monopolista de sua terceira fase.

Em páginas secas premonitórias, E. Mandel* apontara tais riscos. O 4“livre


jogo do mercado” (que não é e nunca foi 5“livre”) rasgou o ventre das vítimas:
milhões de seres humanos nos países ricos e uma carrada maior de milhões nos
países pobres. O centro acabou fabricando a sua periferia intrínseca e apossou-
se, como não sucedeu nem sob o regime colonial direto, das outras periferias
externas, que abrangem quase todo o 6“resto do mundo”.

Florestan Fernandes, Folha de S. Paulo, 27/12/1993.

(*) Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante político belga.

38 GABARITAGEO.COM.BR
38. (Fuvest) O emprego de aspas em uma dada expressão pode servir, inclusive,
para indicar que ela:;

I. foi utilizada pelo autor com algum tipo de restrição;


II. pertence ao jargão de uma determinada área do conhecimento;
III. contém sentido pejorativo, não assumido pelo autor.

Considere as seguintes ocorrências de emprego de aspas presentes no texto:

A. “pós-moderna” (ref. 2);


B. “mau uso” (ref. 3);
C. “livre jogo do mercado” (ref. 4);
D. “livre” (ref. 5);
E. “resto do mundo” (ref. 6).

As modalidades I, II e III de uso de aspas, elencadas acima, verificam-se,


respectivamente, em:

a) A, C e E.
b) B, C e D.
c) C, D e E.
d) A, B e E.
e) B, D e A.

39. (Fuvest) No trecho “nos precipitou na miséria moral inexorável” (ref. 1), a
palavra sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto,
por:

a) inelutável.
b) inexequível.
c) inolvidável.
d) inominável.
e) impensável.

GABARITAGEO.COM.BR 39
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe,


fundada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos
— econômicos, políticos, ou sociais — são solucionáveis pela educação, isto é, pela
cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro
que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos
existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das
chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais
livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.

Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.

40. (Fuvest) No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo


“chamadas” indica que o autor:

a) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
b) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
c) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
d) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
e) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e


subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a
língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da
sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas
modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo,
embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais
prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de
uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as
outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação.

Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

40 GABARITAGEO.COM.BR
41. (Fuvest) De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma,
a língua padrão se comporta de modo:

a) inovador.
b) restritivo.
c) transigente.
d) neutro.
e) aleatório.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia o seguinte trecho de uma entrevista concedida pelo ministro do Supremo


Tribunal Federal, Joaquim Barbosa:

Entrevistador: - O protagonismo do STF dos últimos tempos tem usurpado as


funções do Congresso?
Entrevistado: - Temos uma Constituição muito boa, mas excessivamente
detalhista, com um número imenso de dispositivos e, por isso, suscetível a
fomentar interpretações e toda sorte de litígios. Também temos um sistema de
jurisdição constitucional, talvez único no mundo, com um rol enorme de
agentes e instituições dotadas da prerrogativa ou de competência para trazer
questões ao Supremo. É um leque considerável de interesses, de visões, que
acaba causando a intervenção do STF nas mais diversas questões, nas mais
diferentes áreas, inclusive dando margem a esse tipo de acusação. Nossas
decisões não deveriam passar de duzentas, trezentas por ano. Hoje, são
analisados cinquenta mil, sessenta mil processos. É uma insanidade.

Veja, 15/06/2011.

42. (Fuvest) Tendo em vista o contexto, a palavra do texto que sintetiza o teor da
acusação referida na entrevista é:

a) “usurpado”.
b) “detalhista”.
c) “fomentar”.
d) “litígios”.
e) “insanidade”.

GABARITAGEO.COM.BR 41
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à
feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século XV
não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora
apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não
encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A
ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta burguesia
para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e
do poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre
de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei
o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com as
pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para
contentar os insaciáveis companheiros de D. João I.

Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.

43. (Fuvest) No contexto, o verbo “enche” indica:

a) habitualidade no passado.
b) simultaneidade em relação ao termo “ascensão”.
c) ideia de atemporalidade.
d) presente histórico.
e) anterioridade temporal em relação a “reino lusitano”.

44. (Fuvest) Em qual destas frases a vírgula foi empregada para marcar a omissão
do verbo?

a) Ter um apartamento no térreo é ter as vantagens de uma casa, além de poder


desfrutar de um jardim.
b) Compre sem susto: a loja é virtual; os direitos, reais.
c) Para quem não conhece o mercado financeiro, procuramos usar uma
linguagem livre do economês.
d) A sensação é de estar perdido: você não vai encontrar ninguém no Jalapão,
mas vai ver a natureza intocada.
e) Esta é a informação mais importante para a preservação da água: sabendo
usar, não vai faltar.

42 GABARITAGEO.COM.BR
45. (Fuvest) A única frase que segue as normas da língua escrita padrão é:

a) A janela propiciava uma vista para cuja beleza muito contribuía a mata no alto
do morro.
b) Em pouco tempo e gratuitamente, prepare-se para a universidade que você
se inscreveu.
c) Apesar do rigor da disciplina, militares se mobilizam no sentido de voltar a
cujos postos estavam antes de se licenciarem.
d) Sem pretender passar por herói, aproveito para contar coisas as quais fui
testemunha nos idos de 1968 e que hoje tanto se fala.
e) Sem muito sacrifício, adotou um modo de vida a qual o permitia fazer o
regime recomendado pelo médico.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Belo Horizonte, 28 de julho de 1942.

Meu caro Mário,


Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja muitíssima coisa que
eu quero te falar (a respeito da Conferência, que acabei de ler agora). Vem-me
uma vontade imensa de desabafar com você tudo o que ela me fez sentir. Mas
é longo, não tenho o direito de tomar seu tempo e te chatear.

Fernando Sabino.

46. (Fuvest) No texto, o conectivo “se bem que” estabelece relação de:

a) conformidade.
b) condição.
c) concessão.
d) alternância.
e) consequência.

GABARITAGEO.COM.BR 43
47. (Fuvest) Neste trecho de uma carta de Fernando Sabino a Mário de Andrade,
o emprego de linguagem informal é bem evidente em:

a) “se bem que haja”.


b) “que acabei de ler agora”.
c) “Vem-me uma vontade”.
d) “tudo o que ela me fez sentir”.
e) “tomar seu tempo e te chatear”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Leia esta notícia científica:

Há 1,5 milhão de anos, ancestrais do homem moderno deixaram pegadas


quando atravessaram um campo lamacento nas proximidades do Ileret, no
norte do Quênia. Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu essas
marcas recentemente e mostrou que elas são muito parecidas com as do “Homo
sapiens”: o arco do pé é alongado, os dedos são curtos, arqueados e alinhados.
Também, o tamanho, a profundidade das pegadas e o espaçamento entre elas
refletem a altura, o peso e o modo de caminhar atual. Anteriormente, houve
outras descobertas arqueológicas, como, por exemplo, as feitas na Tanzânia, em
1978, que revelaram pegadas de 3,7 milhões de anos, mas com uma anatomia
semelhante à de macacos. Os pesquisadores acreditam que as marcas recém-
descobertas pertenceram ao “Homo erectus”.

Revista FAPESP, nº 157, março de 2009. Adaptado.

44 GABARITAGEO.COM.BR
48. (Fuvest) No trecho “semelhante à de macacos”, fica subentendida uma
palavra já empregada na mesma frase. Um recurso linguístico desse tipo
também está presente no trecho assinalado em:

a) A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um


empréstimo às futuras gerações.
b) Recorrer à exploração da miséria humana, infelizmente, está longe de ser um
novo ingrediente no cardápio da tevê aberta à moda brasileira.
c) Ainda há quem julgue que os recursos que a natureza oferece à humanidade
são, de certo modo, inesgotáveis.
d) A prática do patrimonialismo acaba nos levando à cultura da tolerância à
corrupção.
e) Já está provado que a concentração de poluentes em área para não fumantes
é muito superior à recomendada pela OMS.

GABARITAGEO.COM.BR 45
PONTUAÇÃO

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

"Há muitas, quase infinitas maneiras de ouvir música. Entretanto, as três


mais frequentes distinguem-se pela tendência que em cada uma delas se torna
dominante: ouvir com o corpo, ouvir emotivamente, ouvir intelectualmente.
Ouvir com o corpo é empregar no ato da escuta não apenas os ouvidos,
mas a pele toda, que também vibra ao contato com o dado sonoro: é sentir em
estado bruto. É bastante frequente, nesse estágio da escuta, que haja um
impulso em direção ao ato de dançar.
Ouvir emotivamente, no fundo, não deixa de ser ouvir mais a si mesmo
que propriamente a música. É usar da música a fim de que ela desperte ou
reforce algo já latente em nós mesmos. Sai-se da sensação bruta e entra-se no
campo dos sentimentos.
Ouvir intelectualmente é dar-se conta de que a música tem, como base,
estrutura e forma. Referir-se à música a partir dessa perspectiva seria atentar
para a materialidade de seu discurso: o que ele comporta, como seus elementos
se estruturam, qual a forma alcançada nesse processo."

(Adaptado de J. Jota de Moraes, O que é música.)

49. (Fuvest) Considere as seguintes afirmações:

I. Ouvir música com o corpo é senti-la em estado bruto.


II. Ao ouvir-se música emotivamente, sai-se do estado bruto.

Essas afirmações articulam-se de maneira clara e coerente no período:


a) Com o corpo, ouve-se música sentindo-a em estado bruto, ocorrendo o
mesmo se ouvi-la emotivamente.
b) Sai do estado bruto quem ouve música com o corpo, no caso de quem a sente
de modo emotivo.
c) Para sentir a música emotivamente, quem sai do estado bruto é quem a ouve
com o corpo.
d) Sai para o estado emotivo de ouvir música aquele que a ouvia no estado bruto
do corpo.
e) Quem ouve música de modo emotivo deixa de senti-la no estado bruto,
próprio de quem a ouve com o corpo.

46 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
SINAL FECHADO

(...)
- Me perdoe a pressa,
é a alma dos nossos negócios...
- Oh, não tem de quê,
eu também só ando a cem...
(...)
- Tanta coisa que eu tinha a dizer,
mas eu sumi na poeira das ruas...
- Eu também tenho algo a dizer,
mas me foge à lembrança...
- Por favor, telefone, eu preciso beber
alguma coisa rapidamente...
- Pra semana...
- O sinal...
- Eu procuro você...
- Vai abrir! Vai abrir!
- Prometo, não esqueço...
- Por favor, não esqueça...
- Não esqueço, não esqueço...
- Adeus...

Paulinho da Viola.

50. (Fuvest) O uso reiterado das reticências na letra da canção denota o


propósito de marcar, na escrita,

a) as interrupções que ocorreram na breve e apressada conversa.


b) a ausência de interesse das personagens em dialogar.
c) a supressão de falas que poderiam parecer agressivas.
d) a enumeração de acontecimentos que deram origem ao encontro.
e) as omissões de fatos relevantes que as personagens decidem ocultar.

GABARITAGEO.COM.BR 47
51. (Fuvest) As aspas marcam o uso de uma palavra ou expressão de variedade
linguística diversa da que foi usada no restante da frase em:

a) Essa visão desemboca na busca ilimitada do lucro, na apologia do empresário


privado como o "grande herói" contemporâneo.
b) Pude ver a obra de Machado de Assis de vários ângulos, sem participar de
nenhuma visão "oficialesca".
c) Nas recentes discussões sobre os "fundamentos" da economia brasileira, o
governo deu ênfase ao equilíbrio fiscal.
d) O prêmio Darwin, que "homenageia" mortes estúpidas, foi instituído em 1993.
e) Em fazendas de Minas e Santa Catarina, quem aprecia o campo pode curtir o
frio, ouvindo "causos" à beira da fogueira.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A explosão dos computadores pessoais, as "infovias", as grandes redes - a lnternet


e a World Wide Web - atropelaram o mundo. Tornaram as leis antiquadas,
reformularam a economia, reordenaram prioridades, redefiniram os locais de
trabalho, desafiaram constituições, mudaram o conceito de realidade e
obrigaram as pessoas a ficar sentadas, durante longos períodos de tempo, diante
de telas de computadores, enquanto o CD-Rom trabalha. Não há dúvida de que
vivemos a revolução da informação e, diz o professor do MIT, Nicholas
Negroponte, revoluções não são sutis.

(Jornal do Brasil, 13/02/96)

52. (Fuvest) As aspas foram usadas em "infovias" pela mesma razão por que foram
usadas em:

a) Mesmo quando a punição foi confirmada, o "Alemão", seu apelido no Grêmio,


não esmoreceu.
b) ...fica fácil entender por que há cada vez mais pessoas preconizando a
"fujimorização" do Brasil.
c) O Paralamas, que normalmente sai "carregado" de prêmios, só venceu em
edição.
d) A renda média "per capita" da América latina baixou para 25% em 1995.
e) A torcida gritava "olé" a cada toque de seus jogadores.

48 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Ossian o bardo é triste como a sombra


Que seus cantos povoa. O Lamartine
É monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som das ondas...
Mas pranteia uma eterna monodia,
Tem na lira do gênio uma só corda;
Fibra de amor e Deus que um sopro agita:
Se desmaia de amor a Deus se volta,
Se pranteia por Deus de amor suspira.
Basta de Shakespeare. Vem tu agora,
Fantástico alemão, poeta ardente
Que ilumina o clarão das gotas pálidas
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances
Meu coração deleita-se... Contudo,
Parece-me que vou perdendo o gosto,
(...)

(Álvares de Azevedo, "Lira dos vinte anos")

53. (Fuvest) "Fibra de amor e Deus que um sopro agita:" (verso 7)


Os dois pontos no final deste verso introduzem uma:

a) citação.
b) explicação.
c) enumeração.
d) gradação.
e) concessão.

GABARITAGEO.COM.BR 49
54. (Fuvest) Os sinais de Pontuação foram bem utilizados em:

a) Nesse instante, muito pálido, macérrimo, Prudente de Morais entrou no


Catete, sentou-se e, seco, declarou ao silêncio atônito dos que o
contemplavam: "Voltei."
b) "Mãe onde estão os nossos: os parentes, os amigos e os vizinhos?" Mãe, não
respondia.
c) Os estados, que ainda devem ao governo, não poderão obter financiamentos,
mas os estados que já resgataram suas dívidas ainda terão créditos.
d) Ao permitir a apreensão, de jornais e revistas, o projeto, retira do leitor o direito
a ser informado pelo veículo que ele escolheu.
e) Assim, passa-se a permitir, condenações absurdas, desproporcionais aos
danos causados.

55. (Fuvest) Das frases adiantes, a única inteiramente de acordo com as normas
gramaticais é:

a) Os votos e as sentenças do ministro, por mais que se os vejam de prismas


diversos, atestam cultura jurídica indiscutível.
b) Soltam rojões contra o gabinete do ministro e depois se cotizam para pagar
os vidros que as explosões dos rojões quebraram.
c) O maestro diz que lhe dói os ouvidos quando escuta uma nova desafinada.
d) Deve haver uma lei geral e devem haver leis especiais.
e) Nós é que, senhor Presidente, não podemos concordar com tal ilegalidade.

50 GABARITAGEO.COM.BR
56. (Fuvest) Considere os períodos I, II e III, pontuados de duas maneiras
diferentes.

I - Ouvi dizer de certa cantora que era um elefante que engolira um rouxinol.
Ouvi dizer de certa cantora, que era um elefante, que engolira um rouxinol.
II - A versão apresentada à imprensa é evidentemente falsa.
A versão apresentada à imprensa é, evidentemente, falsa.
III - Os freios do Buick guincham nas rodas e os pneumáticos deslizam rente à
calçada.
Os freios do Buick guincham nas rodas, e os pneumáticos deslizam rente à
calçada.

Com pontuação diferente ocorre alteração de sentido somente em:

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

57. (Fuvest) "A ferida foi reconhecida grave."

(MACHADO DE ASSIS, 'A causa secreta')

A transposição da frase acima para a voz ativa está corretamente indicada em:
a) Reconheceu-se a ferida como grave.
b) Reconheceu-se uma grave ferida.
c) Reconheceram a gravidade da ferida.
d) Reconheceu-se que era uma ferida grave.
e) Reconheceram como grave a ferida.

GABARITAGEO.COM.BR 51
58. (Fuvest) Assinalar a alternativa em que a acentuação e a pontuação estejam
corretas:

a) Multidão, cujo amor cobicei, até à morte, era assim que eu me vingava, às
vezes, de ti, deixava burburinhar em volta do meu corpo a gente humana sem
a ouvir como o Prometeu de Esquilo fazia aos seus verdugos.
b) Multidão cujo amor cobicei até à morte, era assim que eu me vingava as vezes
de ti, deixava burburinhar, em volta do meu corpo, a gente humana sem a
ouvir, como o Prometeu de Ésquilo, fazia aos seus verdugos.
c) Multidão, cujo amor cobicei até à morte; era assim que eu me vingava as vezes
de ti; deixava burburinhar em volta do meu corpo a gente humana; sem a ouvir
como o Prometeu de Esquilo fazia aos seus verdugos.
d) Multidão, cujo amor cobicei até à morte, era assim que eu me vingava às vezes
de ti; deixava burburinhar em volta do meu corpo a gente humana, sem a
ouvir, como o Prometeu de Ésquilo fazia aos seus verdugos.
e) Multidão, cujo amor cobicei até à morte, era assim que eu me vingava, às
vêzes, de ti, deixava burburinhar em volta do meu corpo, a gente humana, sem
a ouvir, como o Prometeu de Ésquilo fazia aos seus verdugos.

59. (Fuvest) Assinale a alternativa que está com a pontuação correta.

a) Citando o dito da rainha de Navarra, ocorre-me que entre nosso povo, quando
uma pessoa vê outra pessoa arrufada, costuma perguntar-lhe: "Gentes, quem
matou seus cachorrinhos?"
b) Citando o dito, da rainha de Navarra, ocorre-me que entre nosso povo quando,
uma pessoa vê outra pessoa arrufada costuma perguntar-lhe: "Gentes, quem
matou seus cachorrinhos?"
c) Citando, o dito da rainha de Navarra, ocorre-me que entre nosso povo, quando
uma pessoa vê outra pessoa arrufada costuma perguntar-lhe: "Gentes quem
matou seus cachorrinhos?"
d) Citando o dito da rainha de Navarra, ocorre-me que entre nosso povo, quando
uma pessoa vê outra pessoa arrufada, costuma perguntar-lhe: "Gentes quem
matou seus cachorrinhos?"
e) Citando o dito, da rainha de Navarra, ocorre-me, que, entre nosso povo,
quando uma pessoa, vê outra pessoa arrufada, costuma perguntar-lhe:
"Gentes, quem matou seus cachorrinhos?"

52 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
17 DE JULHO

1 Um dia desta semana, farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras,


polêmicas, farto de ver como se descompõem os homens, acionistas e diretores,
importadores e industriais, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem
vida, de um silêncio sem quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse
comigo:
2 Eia, passemos em revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados,
pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar, amas-de-
leite, cobradores, coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...
3 E o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem
os nadadores, que caem do alto, mergulhou por uma coluna a seguir. Quando
voltou à tona trazia entre os dedos esta pérola:
4 "Uma viúva interessante, distinta, de boa família e independente de meios,
deseja encontrar por esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, e
também com meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só; resposta
por carta ao escritório desta folha, com as iniciais M. R...., anunciando, a fim de
ser procurada essa carta."
5 Gentil viúva, eu não sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou,
quando menos, possuir o teu retrato, porque tu não és qualquer pessoa, tu vales
alguma cousa mais que o comum das mulheres. Ai de quem está só! dizem as
sagradas letras; mas não foi a religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo
teológico, nem metafísico. Positivo também não, porque o positivismo é infenso
às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, longa e aborrecida
experiência? Não queres amar; estás cansada de viver só.
6 E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que
tu não queres enganar, nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos os
sonhadores, os que amem o mistério e procurem justamente esta ocasião de
comprar um bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é
claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as paixões
arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há
de ser um náufrago, à espera de uma tábua de salvação, pois que exiges que
também possua. E há de ser instruído, para encher com as cousas do espírito as
longas noites do coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de
Constantinopla.
7 Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tantos? O teu anúncio
lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero. Rico, interessante,
aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como

GABARITAGEO.COM.BR 53
se havia de curar do, tédio que sentia, e explicava-se por figura: "Não é a
tempestade que me aflige, é o enjoo do mar. "Viúva minha, o que tu queres
realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjoo. Vês que a travessia
ainda é longa, - porque a tua idade está entre trinta e dous e trinta e oito anos, -
o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse
mal cruel e indefinível. Não te contentas com o remédio de Sêneca, que era
justamente a solidão, "a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego".
Tu já provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos
um companheiro que uma companhia.

(Machado de Assis, A Semana, 1892.)

60. (Fuvest) Assinale a alternativa em que o período proposto está corretamente


pontuado.

a) Neste ponto viúva amiga, é natural que lhe perguntes, a propósito da


Inglaterra como é que se explica, a vitória eleitoral de Gladstone.
b) Neste ponto, viúva amiga, é natural que lhe perguntes, a propósito da
Inglaterra, como é que se explica a vitória eleitoral de Gladstone.
c) Neste ponto, viúva amiga é natural que, lhe perguntes a propósito da
Inglaterra, como é que explica a vitória eleitoral, de Gladstone?
d) Neste ponto, viúva amiga, é natural, que lhe perguntes a propósito da
Inglaterra, como é que, se explica a vitória eleitoral de Gladstone.
e) Neste ponto viúva amiga, é natural que lhe perguntes a propósito da Inglaterra
como é, que se explica, a vitória eleitoral de Gladstone?

54 GABARITAGEO.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM

61. (Fuvest)

São Paulo gigante, torrão adorado


Estou abraçado com meu violão
Feito de pinheiro da mata selvagem
Que enfeita a paisagem lá do meu sertão

Tonico e Tinoco, São Paulo Gigante.

Nos versos da canção dos paulistas Tonico e Tinoco, o termo “sertão” deve ser
compreendido como
a) descritivo da paisagem e da vegetação típicas do sertão existente na região
Nordeste do país.
b) contraposição ao litoral, na concepção dada pelos caiçaras, que identificam o
sertão com a presença dos pinheiros.
c) analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste brasileiro, tal como foi
encontrada pelos bandeirantes no século XVII.
d) metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à aridez do concreto e das
construções.
e) generalização do ambiente rural, independentemente das características de
sua vegetação.

GABARITAGEO.COM.BR 55
62. (Fuvest) Examine esta propaganda.

Por ser empregado tanto na linguagem formal quanto na linguagem informal,


o termo “legal” pode ser lido, no contexto da propaganda, respectivamente, nos
seguintes sentidos:

a) lícito e bom.
b) aceito e regulado.
c) requintado e excepcional.
d) viável e interessante.
e) jurídico e autorizado.

56 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S) PRÍXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Capítulo CVII
Bilhete

“Não houve nada, mas ele suspeita alguma cousa; está muito sério e não fala;
agora saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo,
carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus
queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela.”

Capítulo CVIII
Que se não entende

Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de Shakespeare. Esse retalhinho


de papel, garatujado em partes, machucado das mãos, era um documento de
análise, que eu não farei neste capítulo, nem no outro, nem talvez em todo o
resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mesmo a frieza, a
perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa; e por trás delas a
tempestade de outro cérebro, a raiva dissimulada, o desespero que se
constrange e medita, porque tem de resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas
lágrimas?

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas.

63. (Fuvest) Ao comentar o bilhete de Virgília, o narrador se vale, principalmente,


do seguinte recurso retórico:

a) Hipérbato: transposição ou inversão da ordem natural das palavras de uma


oração, para efeito estilístico.
b) Hipérbole: ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística.
c) Preterição: figura pela qual se finge não querer falar de coisas sobre as quais
se está, todavia, falando.
d) Sinédoque: figura que consiste em tomar a parte pelo todo, o todo pela parte;
o gênero pela espécie, a espécie pelo gênero; o singular pelo plural, o plural
pelo singular etc.
e) Eufemismo: palavra, locução ou acepção mais agradável, empregada em
lugar de outra menos agradável ou grosseira.

GABARITAGEO.COM.BR 57
64. (Fuvest) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto
alimentício:

EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA


NATUREZA

Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa.
Porque faz parte da natureza dos nossos consumidores querer produtos
saborosos, nutritivos e, acima de tudo, confiáveis.

www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.

Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor:

a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.


b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.

58 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava
que mormaço fazia mal, sempre gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o
mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim,
era um velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio
que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo com estes olhos o Sr.
Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com
um gogó protuberante que se abaixa e levanta no excitamento da perseguição.
E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos, quando
me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da
ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de grandes solenidades, com os presidentes
Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo
num casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e
Argentina. Era como um alojamento de quartel, com breve espaço entre as
camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e
duvidosos encantos de uma coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da
noite, como eu pressentisse, em meu entredormir, um vulto junto à minha cama,
sentei-me estremunhado* e olhei atônito para um tipo de chiru*, ali parado, de
bigodes caídos, pala pendente e chapéu descido sobre os olhos. Diante da
minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
- Pois é! Não vê que eu sou o sereno...

Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.

* Glossário:
estremunhado: mal acordado.
chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo:
Sul do Brasil).

65. (Fuvest) Considerando que “silepse é a concordância que se faz não com a
forma gramatical das palavras, mas com seu sentido, com a ideia que elas
representam”, indique o fragmento em que essa figura de linguagem se
manifesta.

a) “olha o mormaço”.
b) “pois devia contar uns trinta anos”.
c) “fomos alojados os do meu grupo”.
d) “com os demais jornalistas do Brasil”.
e) “pala pendente e chapéu descido sobre os olhos”.
GABARITAGEO.COM.BR 59
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

[José Dias] Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro


palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto,
por cima da cama. “Esta é a melhor apólice”, dizia ele muita vez. Com o tempo,
adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e
sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é
ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que
fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao
contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho
escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido,
posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou
explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de
Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava
que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a
nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.

Machado de Assis, Dom Casmurro.

66. (Fuvest) Considerado o contexto, qual das expressões sublinhadas foi


empregada em sentido metafórico?

a) “Teve um pequeno legado”.


b) “Esta é a melhor apólice”.
c) “certa audiência, ao menos”.
d) “ao cabo, era amigo”.
e) “o bastante para divertir”.

60 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar


para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de
patas. Chu-áa! Chu-áa... – ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma
pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos,
muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego... Nenhuma
pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo,
não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus
modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada,
na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho
do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um
arranco, fora de hora. Assim.

João Guimarães Rosa. “O burrinho pedrês”, Sagarana.

67. (Fuvest) Como exemplos da expressividade sonora presente nesse excerto,


podemos citar a onomatopeia, em "Chu-áa! Chu-áa...", e a fusão de onomatopeia
com aliteração, em:

a) "vestindo água".
b) "ruge o rio".
c) "poço doido".
d) "filho do fundo".
e) "fora de hora".

GABARITAGEO.COM.BR 61
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria
revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor
assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos,
nós nos sentimos parecidos e iguais; 1nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não
porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos
une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável
e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas.
Tudo se transforma, tudo varia - o amor, o ódio, o egoísmo. 2Hoje é mais
amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam, deslizam, 3levando as
coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações
cada vez maior, o amor da rua.

João do Rio. A alma encantadora das ruas.

68. (Fuvest) Em "nas cidades, nas aldeias, nos povoados" (ref. 1), "hoje é mais
amargo o riso, mais dolorosa a ironia" (ref. 2) e "levando as coisas fúteis e os
acontecimentos notáveis" (ref. 3), ocorrem, respectivamente, os seguintes
recursos expressivos:

a) eufemismo, antítese, metonímia.


b) hipérbole, gradação, eufemismo.
c) metáfora, hipérbole, inversão.
d) gradação, inversão, antítese.
e) metonímia, hipérbole, metáfora.

62 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com
o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas
com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava,
e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso
errado que fiz de uma palavra no último "Quarto de Badulaques". Acontece que
eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em "varreção" -
do verbo "varrer". De fato, tratava-se de um equívoco que, num vestibular,
poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua
portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário
(...). O certo é "varrição", e não "varreção". Mas estou com medo de que os mineiros
da roça façam troça de mim, porque nunca os ouvi falar de "varrição". E se eles
rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário
(...). Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá
nas montanhas de Minas Gerais, fala "varreção", quando não "barreção". O que
me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o
que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre
ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.

Rubem Alves
http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques

69. (Fuvest) "Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre
que o prato está rachado."

Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o


autor,

a) a forma e o conteúdo são indissociáveis em qualquer mensagem.


b) a forma é um acessório do conteúdo, que é o essencial.
c) o conteúdo prescinde de qualquer forma para se apresentar.
d) a forma perfeita é condição indispensável para o sentido exato do conteúdo.
e) o conteúdo é impreciso, se a forma apresenta alguma imperfeição.

GABARITAGEO.COM.BR 63
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

É impossível colocar em série exata os fatos da infância porque há aqueles que


já acontecem permanentes, que vêm para ficar e doer, que nunca mais são
esquecidos, que são sempre trazidos tempo afora, como se fossem dagora. É a
carga. Há os outros, miúdos fatos, incolores e quase sem som - que mal se deram,
a memória os atira nos abismos do esquecimento. Mesmo próximos eles viram
logo passado remoto. Surgem às vezes, na lembrança, como se fossem uma
incongruência. Só aparentemente sem razão, porque não há associação de
ideias que seja ilógica. O que assim parece, em verdade, liga-se e harmoniza-se
no subconsciente pelas raízes subterrâneas - raízes lógicas! - de que emergem
os pequenos caules isolados - aparentemente ilógicos! só aparentemente! - às
vezes chegados à memória vindos do esquecimento, que é outra função ativa
dessa mesma memória.

(Pedro Nava, Baú de ossos.)

70. (Fuvest) O que Pedro Nava afirma no final do texto ajuda a compreender o
título do livro "Esquecer para lembrar", de Carlos Drummond de Andrade, título
que contém:

a) um paradoxo apenas aparente, já que designa uma das operações próprias


da memória.
b) uma contradição insuperável, justificada apenas pelo valor poético que
alcança.
c) uma explicação para a dificuldade de se organizar de modo sistemático os
fatos lembrados.
d) uma fina ironia, pois a antítese entre os dois verbos dá a entender o inverso
do que nele se afirma.
e) uma metáfora, já que o tempo do esquecimento e o tempo da lembrança
não podem ser simultâneos.

64 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

o Kramer apaixonou-se por uma corista que se chamava Olga. por algum motivo
nunca conseguiam encontrar-se. ele gritava passando pela casa de Olga,
manhãzinha (ela dormia): Olga, Olga, hoje estou de folga! mas nunca se viam e
penso que ele sabia que se efetivamente se deitasse com ela o sonho terminaria.
sábio Kramer. nunca mais o vi. há sonhos que devem permanecer nas gavetas,
nos cofres, trancados até o nosso fim. e por isso passíveis de serem sonhados a
vida inteira.

(Hilda Hilst, Estar sendo. Ter sido.)

OBSERVAÇÕES:
O emprego sistemático de minúscula na abertura de período é opção estilística
da autora.
Corista = atriz/bailarina que figura em espetáculo de teatro musicado.

71. (Fuvest) No trecho "há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres,
trancados até o nosso fim.", o recurso de estilo que não ocorre é a:

a) redundância.
b) inversão.
c) gradação.
d) metáfora.
e) enumeração.

GABARITAGEO.COM.BR 65
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

“- Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando a missa, viu entrar a dama, que
devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante
semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os
altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa
conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não
falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias:
- Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe
responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na
costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina,
adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste
agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho
e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que
te chamamos, num momento de simpatia".

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

72. (Fuvest) A palavra destacada no trecho "que devia ser sua colaboradora na
VIDA de D. Plácida" mantém uma relação sinonímica com a palavra DIA(S) em:

a) "um dia, (...), viu entrar a dama".


b) "Viu-a outros dias".
c) "ao acender os altares, nos dias de festa".
d) "podia dizer aos autores de seus dias".
e) "até acabar um dia na lama".

73. (Fuvest) Consideradas no contexto em que ocorrem, constituem um caso de


antítese as expressões:

a) "disse-lhe alguma graça" - "pisou-lhe o pé".


b) "acertaram-se" - "amaram-se".
c) "os dedos no tacho" - "os olhos na costura".
d) "logo desesperada" - "amanhã resignada".
e) "na lama" - "no hospital".

66 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
O filme "Cazuza - O tempo não para" me deixou numa espécie de
felicidade pensativa. Tento explicar por quê. Cazuza mordeu a vida com todos
os dentes. A doença e a morte parecem ter-se vingado de sua paixão exagerada
de viver. É impossível sair da sala de cinema sem se perguntar mais uma vez: o
que vale mais, a preservação de nossas forças, que garantiria uma vida mais
longa, ou a livre procura da máxima intensidade e variedade de experiências?
Digo que a pergunta se apresenta "mais uma vez" porque a questão é hoje
trivial e, ao mesmo tempo, persecutória. (...)
Obedecemos a uma proliferação de regras que são ditadas pelos
progressos da prevenção. Ninguém imagina que comer banha, fumar, tomar
pinga, transar sem camisinha e combinar, sei lá, nitratos com Viagra seja uma
boa ideia. De fato não é. À primeira vista, parece lógico que concordemos sem
hesitação sobre o seguinte: não há ou não deveria haver prazeres que valham
um risco de vida ou, simplesmente, que valham o risco de encurtar a vida. De
que adiantaria um prazer que, por assim dizer, cortasse o galho sobre o qual
estou sentado?
Os jovens têm uma razão básica para desconfiar de uma moral prudente
e um pouco avara que sugere que escolhamos sempre os tempos
suplementares. É que a morte lhes parece distante, uma coisa com a qual a
gente se preocupará mais tarde, muito mais tarde. Mas sua vontade de caminhar
na corda bamba e sem rede não é apenas a inconsciência de quem pode
esquecer que "o tempo não para". É também (e talvez sobretudo) um
questionamento que nos desafia: para disciplinar a experiência, será que temos
outras razões que não sejam só a decisão de durar um pouco mais?

(Contardo Calligaris, Folha de S. Paulo)

74. (Fuvest) As opções de vida que se caracterizam pela "preservação de nossas


forças" e pela "procura da máxima intensidade e variedade de experiências"
estão metaforizadas no texto, respectivamente, pelas expressões:

a) "regras" e "moral prudente".


b) "galho" e "corda bamba".
c) "dentes" e "rede".
d) "prazeres" e "progressos da prevenção".
e) "risco de vida" e "tempos suplementares".

GABARITAGEO.COM.BR 67
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Um dos traços marcantes do atual período histórico é (...) o papel


verdadeiramente despótico da informação. (...) As novas condições técnicas
deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos objetos que o
formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade
intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são
principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus
objetivos particulares. Essas técnicas da informação (por enquanto) são
apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim
os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do
sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não
dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a
possibilidade de controle.
O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação
manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde.

(Milton Santos, POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO)

75. (Fuvest) No contexto em que ocorrem, estão em relação de oposição os


segmentos transcritos em:

a) novas condições técnicas/ técnicas da informação.


b) punhados de atores/ objetivos particulares.
c) ampliação do conhecimento/ informação manipulada.
d) apropriadas por alguns Estados/ criação de desigualdades.
e) atual período histórico/ periferia do sistema capitalista.

68 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

(...) e tudo ficou sob a guarda de Dona Plácida, suposta, e, a certos respeitos,
verdadeira dona da casa.
Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejara a intenção, e doía-lhe o ofício;
mas afinal cedeu. Creio que chorava, a princípio: tinha nojo de si mesma. Ao
menos, é certo que não levantou os olhos para mim durante os primeiros dois
meses; falava-me com eles baixos, séria, carrancuda, às vezes triste. Eu queria
angariá-la, e não me dava por ofendido, tratava-a com carinho e respeito;
forcejava por obter-lhe a benevolência, depois a confiança. Quando obtive a
confiança, imaginei uma história patética dos meus amores com Virgília, um
caso anterior ao casamento, a resistência do pai, a dureza do marido, e não sei
que outros toques de novela. Dona Plácida não rejeitou uma só página da
novela; aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciência. Ao cabo de seis
meses quem nos visse a todos três juntos diria que Dona Plácida era minha
sogra.
Não fui ingrato; fiz-lhe um pecúlio de cinco contos, - os cinco contos
achados em Botafogo, - como um pão para a velhice. Dona Plácida agradeceu-
me com lágrimas nos olhos, e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as
noites, diante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que
lhe acabou o nojo.

(Machado de Assis, MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS)

76. (Fuvest) O recurso da gradação, presente em "obter-lhe a benevolência,


depois a confiança", também ocorre em:

a) "A ostentação da riqueza e da elegância se torna mais do que vulgar: obscena".


b) "Sentindo a deslocação do ar e a crepitação dos gravetos, Baleia despertou".
c) "(...) o passado de Rezende era só imitação do passado, uma espécie de
carbono (...)".
d) "Um caso desses pode acontecer em qualquer ambiente de trabalho, num
banco, numa repartição, numa igreja, num time de futebol".
e) "Não admiro os envolvidos, nem os desdenho".

GABARITAGEO.COM.BR 69
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Óbito do autor

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim,
isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto
o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a
adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor
defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda
é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas, Capítulo primeiro)

77. (Fuvest) A metáfora presente em "a campa foi outro berço" baseia-se:

a) na relação abstrato/concreto que há em CAMPA/BERÇO.


b) no sentido conotativo que assume a palavra CAMPA.
c) na relação de similaridade estabelecida entre CAMPA E BERÇO.
d) no sentido denotativo que tem a palavra BERÇO.
e) na relação todo/parte que existe em CAMPA/BERÇO.

70 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Essa vida por aqui


é coisa familiar;
mas diga-me retirante,
sabe benditos rezar?
sabe cantar excelências,
defuntos encomendar?
sabe tirar ladainhas,
sabe mortos enterrar?

(João Cabral de Melo Neto, Morte e vida Severina)

78. (Fuvest) O número de sílabas métricas (ou poéticas) dos versos do excerto é
o mesmo do seguinte provérbio:

a) A bom entendedor / meia palavra basta.


b) Água mole em pedra dura / tanto bate até que fura.
c) Quem semeia vento / colhe tempestades.
d) Quem dorme com cães / amanhece com pulgas.
e) Cabeça de vadio / hospedaria do diabo.

79. (Fuvest) O anacoluto (quebra da estruturação lógica da frase), presente no


provérbio "Quem ama o feio, bonito lhe parece", também se verifica em:

a) Quem o mal deseja ao seu vizinho, vem o seu pelo caminho.


b) Quem anda sem dinheiro, não arranja companheiro.
c) Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
d) Quem anda depressa é quem mais tropeça.
e) Quem com o demo anda, com o demo acaba.

GABARITAGEO.COM.BR 71
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo. É gordo e vermelho, como nas
pinturas antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo um pouco a tampa de
metal e então ele chia com mais força, estala, raiveja, grunhe. Abro: mais intensos
clarões vermelhos lambem o grande quarto e a grande cômoda velha parece
regozijar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há chamas douradas,
pinceladas azuis, brasas rubras e outras cor-de-rosa, numa delicadeza de
guache. Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar fumegando com seus
penachos brancos na noite escura; não é a lenha do fogo, é toda a minha fragata
velha que estala de popa a proa, e vai partir no mar de chuva. Dentro, leva cálidos
corações.

(Rubem Braga)

80. (Fuvest) Há uma gradação crescente em:

a) "... e então ele chia com mais força, estala, raiveja, grunhe."
b) "... mais intensos clarões lambem o quarto ..."
c) "Há chamas douradas, pinceladas azuis, brasas rubras e outras cor-de-rosa,
numa delicadeza de guache."
d) "Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar fumegando com seus
penachos brancos na noite escura ... ."
e) "... é toda a minha fragata velha que estala de popa a proa, e vai partir no mar
de chuva."

81. (Fuvest) No excerto, o narrador propõe um percurso metafórico que vai do


aquecimento da casa à imagem da partida de um barco. O segmento em que
se REFORÇA e se EXPLICITA essa passagem do plano literal ao metafórico é:

a) ''... numa delicadeza de guache."


b) ''... todas as minhas chaminés devem estar fumegando com seus penachos
brancos na noite escura..."
c) "... não é a lenha do fogo, é toda a minha fragata velha que estala de popa a
proa ..."
d) ''... e vai partir no mar de chuva."
e) "Dentro, leva cálidos corações."

72 GABARITAGEO.COM.BR
82. (Fuvest) A CATACRESE, figura que se observa na frase "Montou a cavalo no
burro bravo", ocorre em:

a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.


b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.
c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.
d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.
e) Amanheceu, a luz tem cheiro.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

"Navegar é preciso, viver não é preciso". Esta frase de antigos navegadores


portugueses, retomada por Fernando Pessoa, por Caetano Veloso e sabe-se lá
por quantos mais citadores ou reinventores, ganha sua última versão no âmbito
da Informática, em que o termo NAVEGAR adquire outro e preciso sentido.
Na nova acepção, em tempos de Internet, o lema parece mais afirmativo do que
nunca. Os olhos que hoje vagueiam pela tela iluminada do monitor já não
precisam nem de velas, nem de versos, nem de fados: da vida só querem o
cantinho de um quarto, de onde fazem o mundo flutuar em mares de
virtualidades nunca dantes navegados.

83. (Fuvest) Indique a afirmação correta em relação ao texto.

a) O efeito sonoro explorado na sequência de "vagueiam", "velas", "versos", "vida",


"virtualidades" é conhecido como RIMA ANTERIOR.
b) A construção "Os olhos (...) já não precisam" é exemplo de METONÍMIA.
c) O termo "vagueiam" está empregado no sentido de "norteiam" e é exemplo
de PERSONIFICAÇÃO.
d) Na frase "Navegar é preciso, viver não é preciso" há um PLEONASMO.
e) A construção "nem de velas, nem de versos, nem de fados" apóia-se em
ANTÍTESES.

GABARITAGEO.COM.BR 73
84. (Fuvest) A prosopopeia, figura que se observa no verso "Sinto o canto da noite
na boca do vento", ocorre em:

a) "A vida é uma ópera e uma grande ópera."


b) "Ao cabo tão bem chamado, por Camões, de Tormentório, os portugueses
apelidaram-no de Boa Esperança."
c) "Uma talhada de melancia, com seus alegres caroços."
d) "Oh! eu quero viver, beber perfumes,
Na flor silvestre, que embalsama os ares."
e) "A felicidade é como a pluma..."

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


17 DE JULHO

1 Um dia desta semana, farto de vendavais, naufrágios, boatos, mentiras,


polêmicas, farto de ver como se descompõem os homens, acionistas e diretores,
importadores e industriais, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem
vida, de um silêncio sem quietação, peguei de uma página de anúncios, e disse
comigo:
2 Eia, passemos em revista as procuras e ofertas, caixeiros desempregados,
pianos, magnésias, sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar, amas-de-
leite, cobradores, coqueluche, hipotecas, professores, tosses crônicas...
3 E o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem
os nadadores, que caem do alto, mergulhou por uma coluna a seguir. Quando
voltou à tona trazia entre os dedos esta pérola:
4 "Uma viúva interessante, distinta, de boa família e independente de meios,
deseja encontrar por esposo um homem de meia-idade, sério, instruído, e
também com meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só; resposta
por carta ao escritório desta folha, com as iniciais M. R...., anunciando, a fim de
ser procurada essa carta."
5 Gentil viúva, eu não sou o homem que procuras, mas desejava ver-te, ou,
quando menos, possuir o teu retrato, porque tu não és qualquer pessoa, tu vales
alguma cousa mais que o comum das mulheres. Ai de quem está só! dizem as
sagradas letras; mas não foi a religião que te inspirou esse anúncio. Nem motivo
teológico, nem metafísico. Positivo também não, porque o positivismo é infenso
às segundas núpcias. Que foi então, senão a triste, longa e aborrecida
experiência? Não queres amar; estás cansada de viver só.
6 E a cláusula de ser o esposo outro aborrecido, farto de solidão, mostra que

74 GABARITAGEO.COM.BR
tu não queres enganar, nem sacrificar ninguém. Ficam desde já excluídos os
sonhadores, os que amem o mistério e procurem justamente esta ocasião de
comprar um bilhete na loteria da vida. Que não pedes um diálogo de amor, é
claro, desde que impões a cláusula da meia-idade, zona em que as paixões
arrefecem, onde as flores vão perdendo a cor purpúrea e o viço eterno. Não há
de ser um náufrago, à espera de uma tábua de salvação, pois que exiges que
também possua. E há de ser instruído, para encher com as cousas do espírito as
longas noites do coração, e contar (sem as mãos presas) a tomada de
Constantinopla.
7 Viúva dos meus pecados, quem és tu que sabes tantos? O teu anúncio
lembra a carta de certo capitão da guarda de Nero. Rico, interessante,
aborrecido, como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, perguntando-lhe como
se havia de curar do, tédio que sentia, e explicava-se por figura: "Não é a
tempestade que me aflige, é o enjoo do mar. "Viúva minha, o que tu queres
realmente, não é um marido, é um remédio contra o enjoo. Vês que a travessia
ainda é longa, - porque a tua idade está entre trinta e dous e trinta e oito anos, -
o mar é agitado, o navio joga muito; precisas de um preparado para matar esse
mal cruel e indefinível. Não te contentas com o remédio de Sêneca, que era
justamente a solidão, "a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego".
Tu já provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; mas queres menos
um companheiro que uma companhia.

(Machado de Assis, A Semana, 1892.)

GABARITAGEO.COM.BR 75
85. (Fuvest) Entre os excertos a seguir, assinale aquele em que autor cria uma
metáfora de "vida".

a) ... como se descompõem os homens, acionistas e diretores, importadores e


industriais...
b) ... o meu espírito, estendendo e juntando as mãos e os braços, como fazem os
nadadores, que caem do alto, mergulhou por uma coluna abaixo.
c) ... a meia-idade, zona em que as paixões arrefecem, onde as flores vão
perdendo a cor purpúrea e o viço eterno.
d) ...a travessia ainda é longa, o mar é agitado, o navio joga muito.
e) ...o remédio é a solidão, a vida retirada, em que a alma acha todo o seu sossego.

76 GABARITAGEO.COM.BR
ENUNCIAÇÃO, TEXTO E DISCURSO

86. (Fuvest) Com base na leitura da obra A cidade e as serras, de Eça de Queirós,
publicada originalmente em 1901, é correto concluir que, nela, encontra-se:

a) o prenúncio de uma consciência ecológica que iria eclodir com força somente
em finais do século XX, mas que, nessa obra, já mostrava um sentido visionário,
inspirado pela invenção dos motores a vapor.
b) uma concepção de hierarquia civilizacional entre as regiões do mundo, na
qual, a Europa representaria a modernidade e um modelo a seguir, e a
América, o atraso e um modelo a ser evitado.
c) a construção de uma associação entre indivíduo e divindade, já que, no livro,
a natureza é, fundamentalmente, símbolo de uma condição interior a ser
alcançada por meio de resignação e penitência.
d) a manifestação de um clima de forte otimismo, decorrente do fim do ciclo
bélico mundial do século XIX, que trouxe à tona um anseio de modernização
de sociedades em vários continentes.
e) uma valorização do meio rural e de modos de vida a ele associados, nostalgia
típica de um momento da história marcado pela consolidação da
industrialização e da concentração da maior parte da população em áreas
urbanas.

GABARITAGEO.COM.BR 77
87. (Fuvest) Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu festival anual, cuja
77ª edição começa no dia 2 de setembro, com a dramédia “Lacci”, do romano
Daniele Luchetti, seguindo até 12/9, com 50 produções internacionais e uma
expectativa (extraoficial) de colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg, na
ribalta.

Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”.


O Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado.

Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o cruzamento


vocabular, em que são misturadas pelo menos duas palavras na formação de
uma terceira. A força expressiva dessa nova palavra resulta da síntese de
significados e do inesperado da combinação, como é o caso de “dramédia” no
texto. Ocorre esse mesmo tipo de formação em:

a) “deleitura” e “namorido”.
b) “passatempo” e “microvestido”.
c) “hidrelétrica” e “sabiamente”.
d) “arenista” e “girassol”.
e) “planalto” e “multicor”.

78 GABARITAGEO.COM.BR
88. (Fuvest)

Alferes, Ouro Preto em sombras


Espera pelo batizado,
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor.
Raios de sol brilharγo nos sinos:
Dez vias dar.

Ai Marνlia, as liras e o amar


Nγo passo mais sufocar
E a minha voz irα
Pra muito alιm do desterro e do sal,
Maior que a voz do rei.

Aldir Blanc e Joγo Bosco, trecho da canηγo “Alferes”, de 1973.

A imagem de Tiradentes – a quem Cecνlia Meireles qualificou “o Alferes imortal,


radiosa expressγo dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do prσprio
mundo”, em palestra feita em Ouro Preto – torna a aparecer como sνmbolo da
luta pela liberdade em vαrios momentos da cultura nacional. Os versos do
letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mαrtir sonhador para resistir ao
discurso:

a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas.


b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes.
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar.
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas.
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro.

GABARITAGEO.COM.BR 79
89. (Fuvest) O feminismo negro não é uma luta meramente identitária, até
porque branquitude e masculinidade também são identidades. Pensar
feminismos negros é pensar projetos democráticos. Hoje afirmo isso com muita
tranquilidade, mas minha experiência de vida foi marcada pelo incômodo de
uma 1incompreensão fundamental. 2Não que eu buscasse respostas para tudo.
Na maior parte da minha infância e adolescência, 3não tinha consciência de
mim. Não sabia por que 4sentia vergonha de levantar a mão quando a professora
fazia uma pergunta já supondo que eu não saberia a resposta. 5Por que eu ficava
isolada na hora do recreio. Por que os meninos diziam na minha cara que não
queriam formar par com a “neguinha” na festa junina. Eu me sentia estranha e
inadequada, e, na maioria das vezes, fazia as coisas no automático, 6me
esforçando para não ser notada.

Djamila Ribeiro, Quem tem medo do feminismo negro?.

O trecho que melhor define a “incompreensão fundamental” (ref. 1) referida pela


autora é:

a) “não que eu buscasse respostas para tudo” (ref. 2).


b) “não tinha consciência de mim” (ref. 3).
c) “Por que eu ficava isolada na hora do recreio” (ref. 5).
d) “me esforçando para não ser notada” (ref. 6).
e) “sentia vergonha de levantar a mão” (ref. 4).

80 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que a pisa.

Mas mais frágil fica a bota.


Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.

*sesta: repouso após o almoço.

90. (Fuvest) Considerando que se trata de um texto literário, uma interpretação


que seja capaz de captar a sua complexidade abordará o poema como:

a) uma defesa da natureza.


b) um ataque às forças armadas.
c) uma defesa dos direitos humanos.
d) uma defesa da resistência civil.
e) um ataque à passividade.

91. (Fuvest) O ditado popular que se relaciona melhor com o poema é:

a) Para bom entendedor, meia palavra basta.


b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
c) Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
d) Um dia é da caça, o outro é do caçador.
e) Uma andorinha só não faz verão.

GABARITAGEO.COM.BR 81
92. (Fuvest) Examine o anúncio.

No contexto do anúncio, a frase “A diferença tem que ser só uma letra”


pressupõe a:

a) necessidade de leis de proteção para todos que trabalham.


b) existência de desigualdade entre homens e mulheres no mercado de
trabalho.
c) permanência de preconceito racial na contratação de mulheres para
determinadas profissões.
d) importância de campanhas dirigidas para a mulher trabalhadora.
e) discriminação de gênero que se manifesta na própria linguagem.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

Mito, na acepção aqui empregada, não significa mentira, falsidade ou


mistificação. Tomo de empréstimo a formulação de Hans Blumenberg do mito
político como um processo contínuo de trabalho de uma narrativa que
responde a uma necessidade prática de uma sociedade em determinado
período. Narrativa simbólica que é, o mito político coloca em suspenso o
problema da verdade. Seu discurso não pretende ter validade factual, mas
também não pode ser percebido como mentira (do contrário, não seria mito). O
mito político confere um sentido às 1circunstâncias que envolvem os indivíduos:
ao 2fazê‐los ver sua condição presente como parte de uma história em curso,
ajuda a compreender e suportar o mundo 3em 4que vivem.

ENGELKE, Antonio. O anjo redentor. Piauí, ago. 2018, ed. 143, p. 24.

82 GABARITAGEO.COM.BR
93. (Fuvest) De acordo com o texto, o “mito político”:

a) prejudica o entendimento do mundo real.


b) necessita da abstração do tempo.
c) depende da verificação da verdade.
d) é uma fantasia desvinculada da realidade.
e) atende a situações concretas.

94. (Fuvest) Examine o cartum.

O efeito de humor presente no cartum decorre, principalmente, da:

a) semelhança entre a língua de origem e a local.


b) falha de comunicação causada pelo uso do aparelho eletrônico.
c) falta de habilidade da personagem em operar o localizador geográfico.
d) discrepância entre situar-se geograficamente e dominar o idioma local.
e) incerteza sobre o nome do ponto turístico onde as personagens se encontram.

GABARITAGEO.COM.BR 83
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao


interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objetivos e esforços, dotamo-la de
um significado que tem sua origem nos nossos próprios modos de viver e de
pensar. 1Numa palavra, qualquer gênero de arte que, de fato, nos afete, torna-se,
deste modo, arte moderna.
As obras de arte, porém, são como altitudes inacessíveis. Não nos dirigimos a elas
diretamente, mas contornamo-las. Cada geração as vê sob um ângulo diferente
e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é
mais eficiente do que um anterior. Cada aspecto surge na sua altura própria, que
não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está
perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior
é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores.

Arnold Hauser, Teorias da arte. Adaptado.

95. (Fuvest) De acordo com o texto, a compreensão do significado de uma obra


de arte pressupõe:

a) o reconhecimento de seu significado intrínseco.


b) a exclusividade do ponto de vista mais recente.
c) a consideração de seu caráter imutável.
d) o acúmulo de interpretações anteriores.
e) a explicação definitiva de seu sentido.

84 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro
Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da
linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade
orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar
mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a
fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de
blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as
normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de
fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

96. (Fuvest) De acordo com o texto, a boa tradução precisa:

a) evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.


b) desconsiderar as características da linguagem primeira para poder atingir a
língua de chegada.
c) desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da língua de
chegada.
d) privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades do
texto original.
e) buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original.

GABARITAGEO.COM.BR 85
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Examine este cartum para responder à(s) questão(ões) a seguir.

97. (Fuvest) Para obter o efeito de humor presente no cartum, o autor se vale,
entre outros, do seguinte recurso:

a) utilização paródica de um provérbio de uso corrente.


b) emprego de linguagem formal em circunstâncias informais.
c) representação inverossímil de um convívio pacífico de cães e gatos.
d) uso do grotesco na caracterização de seres humanos e de animais.
e) inversão do sentido de um pensamento bastante repetido.

86 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:

Texto para a(s) questão(ões) abaixo

A ARMA DA PROPAGANDA

O governo Médici não se limitou à repressão. Distinguiu claramente entre um


setor significativo, mas minoritário da sociedade, adversário do regime, e a massa
da população que vivia um dia a dia de alguma esperança nesses anos de
prosperidade econômica. A repressão 1acabou com o primeiro setor, enquanto
a propaganda encarregou-se de, pelo menos, neutralizar gradualmente o
segundo. Para alcançar este último objetivo, o governo contou com o grande
avanço das telecomunicações no país, após 1964. As facilidades de crédito
pessoal permitiram a expansão do número de residências que possuíam
televisão: em 1960, apenas 9,5% das residências urbanas tinham televisão; em
1970, a porcentagem chegava a 40%. Por essa época, beneficiada pelo apoio do
governo, de quem se transformou em porta-voz, a TV Globo expandiu-se até se
tornar rede nacional e 2alcançar praticamente o controle do setor. A propaganda
governamental passou a ter um canal de expressão como nunca existira na
história do país. A promoção do “Brasil grande potência” foi realizada a partir da
Assessoria Especial de Relações Públicas (AERP), criada no governo Costa e Silva,
mas que não chegou a ter importância nesse governo. Foi a época do “Ninguém
segura este país”, da marchinha Prá Frente, Brasil, que embalou a grande vitória
brasileira na Copa do Mundo de 1970.

Boris Fausto, História do Brasil. Adaptado.

GABARITAGEO.COM.BR 87
98. (Fuvest) A estratégia de dominação empregada pelo governo Médici, tal
como descrita no texto, assemelha-se, sobretudo, à seguinte recomendação
feita ao príncipe – ou ao governante – por um célebre pensador da política:

a) “Deve o príncipe fazer-se temer, de maneira que, se não se fizer amado, pelo
menos evite o ódio, pois é fácil ser ao mesmo tempo temido e não odiado”.
b) “O mal que se tiver que fazer, deve o príncipe fazê-lo de uma só vez; o bem,
deve fazê-lo aos poucos (...)”.
c) “Não se pode deixar ao tempo o encargo de resolver todas as coisas, pois o
tempo tudo leva adiante e pode transformar o bem em mal e o mal em bem”.
d) “Engana-se quem acredita que novos benefícios podem fazer as grandes
personagens esquecerem as antigas injúrias (...)”.
e) “Deve o príncipe, sobretudo, não tocar na propriedade alheia, porque os
homens esquecem mais depressa a morte do pai que a perda do patrimônio”.

99. (Fuvest) A frase que expressa uma ideia contida no texto é:

a) A marchinha “Prá Frente, Brasil” também contribuiu para o processo de


neutralização da grande massa da população.
b) A repressão no Governo Médici foi dirigida a um setor que, além de
minoritário, era também irrelevante no conjunto da sociedade brasileira.
c) O tricampeonato de futebol conquistado pelo Brasil em 1970 ajudou a
mascarar inúmeras dificuldades econômicas daquele período.
d) Uma característica do governo Médici foi ter conseguido levar a televisão à
maioria dos lares brasileiros.
e) A TV Globo foi criada para ser um veículo de divulgação das realizações dos
governos militares.

100. (Fuvest) Nos trechos “acabou com o primeiro setor” (ref. 1) e “alcançar
praticamente o controle do setor” (ref. 2), a palavra sublinhada refere-se,
respectivamente, a:

a) aliados; população.
b) adversários; telecomunicações.
c) população; residências urbanas.
d) maiorias; classe média.
e) repressão; facilidades de crédito.

88 GABARITAGEO.COM.BR
101. (Fuvest) Examine a figura.

Os versos de Carlos Drummond de Andrade que mais adequadamente


traduzem a principal mensagem da figura acima são:

a) Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
b) As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
c) Um silvo breve. Atenção, siga.
Dois silvos breves: Pare.
Um silvo breve à noite: Acenda a lanterna.
Um silvo longo: Diminua a marcha.
Um silvo longo e breve: Motoristas a postos.
(A este sinal todos os motoristas tomam lugar nos
seus veículos para movimentá-los imediatamente.)

d)
e) Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.

GABARITAGEO.COM.BR 89
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples
informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende
do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da
finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um
compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um
livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades
profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao
máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.

CANDIDO, Antonio. “Dez livros para entender o Brasil”. Teoria e debate. Ed. 45,
01/07/2000.

102. (Fuvest) Traduz uma ideia presente no texto a seguinte afirmação:

a) O efeito de um livro sobre o leitor é condicionado pela quantidade de


informações que o texto veicula.
b) A recepção de um livro pode ser influenciada pela situação vivida pelo leitor.
c) A verdadeira erudição não dispensa a leitura dos bons manuais escolares.
d) A leitura de um livro a qual tem finalidades meramente práticas prejudica a
assimilação do conhecimento.
e) O reconhecimento do valor de um livro depende, primordialmente, dos
sentimentos pessoais do leitor.

90 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
TEXTO PARA A(S) PRÍXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

Capítulo CVII
Bilhete

“Não houve nada, mas ele suspeita alguma cousa; está muito sério e não fala;
agora saiu. Sorriu uma vez somente, para Nhonhô, depois de o fitar muito tempo,
carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus
queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela.”

Capítulo CVIII
Que se não entende

Eis aí o drama, eis aí a ponta da orelha trágica de Shakespeare. Esse retalhinho


de papel, garatujado em partes, machucado das mãos, era um documento de
análise, que eu não farei neste capítulo, nem no outro, nem talvez em todo o
resto do livro. Poderia eu tirar ao leitor o gosto de notar por si mesmo a frieza, a
perspicácia e o ânimo dessas poucas linhas traçadas à pressa; e por trás delas a
tempestade de outro cérebro, a raiva dissimulada, o desespero que se
constrange e medita, porque tem de resolver-se na lama, ou no sangue, ou nas
lágrimas?

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas.

GABARITAGEO.COM.BR 91
103. (Fuvest) Atente para o excerto, considerando-o no contexto da obra a que
pertence. Nele, figura, primeiramente, o bilhete enviado a Brás Cubas por Virgília,
na ocasião em que se torna patente que o marido da dama suspeita de suas
relações adúlteras. Segue-se ao bilhete um comentário do narrador (cap. CVIII).
Feito isso, considere a afirmação que segue:

No excerto, o narrador frisa aspectos cuja presença se costuma reconhecer no


próprio romance machadiano da fase madura, entre eles,

I. o realce da argúcia, da capacidade de exame acurado das situações e da


firmeza de propósito, ainda quando impliquem malignidade;
II. a relevância da observação das relações interpessoais e dos funcionamentos
mentais correspondentes;
III. a operação consciente dos elementos envolvidos no processo de composição
literária: narração, personagens, motivação, trama, intertextualidade, recepção
etc.

Está correto o que se indica em:

a) I, somente.
b) II, somente.
c) I e II, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.

104. (Fuvest) Os seguintes aspectos compositivos considerados pelo narrador do


excerto: concentração e economia de meios expressivos, orientação realista e
analítica, previsão do papel do leitor na construção do sentido do texto, suprindo
o que, neste, é implícito ou lacunar, podem também caracterizar,
principalmente, a obra:

a) Viagens na minha terra, de Almeida Garrett.


b) Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
c) Til, de José de Alencar.
d) Vidas secas, de Graciliano Ramos.
e) Capitães da Areia, de Jorge Amado.

92 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

TEXTO PARA A(S) PRÓXIMA(S) QUESTÃO(ÕES)

O OPERÁRIO NO MAR

Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama,
no discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas
mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem
comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no
corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão
firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas
árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O
operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens,
que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara
dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas
repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário?
Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu
irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu
próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo:
uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-
lhe a marcha, pelo menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está
caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de
navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem
hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e
deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas
agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se
molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um
sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se
decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente
separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do
mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio
atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as
fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-
me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o
compreenderei?

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo.

GABARITAGEO.COM.BR 93
105. (Fuvest) Atente para as seguintes afirmações relativas ao texto de
Drummond, considerado no contexto da obra a que pertence:

I. A referência inicial aos modos de se representar o operário sugere uma crítica


do poeta aos estereótipos presentes na literatura da época em que o texto foi
escrito.
II. O alcance simbólico da figura do operário depende, inclusive, do fato de que,
no texto, ele é constituído por tensões que o fazem, ao mesmo tempo, comum
e extraordinário, familiar e enigmático, próximo e longínquo etc.
III. A imagem do operário que anda sobre o mar pode simbolizar a criação
prodigiosa de um mundo novo – a “vida futura” –, igualmente anunciado em
símbolos como o das “mãos dadas”, o da “aurora”, o do “sangue redentor”,
também presentes no livro.

Está correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

94 GABARITAGEO.COM.BR
106. (Fuvest) Examine as seguintes afirmações relativas a romances brasileiros do
século XIX, nos quais a escravidão aparece e, em seguida, considere os três livros
citados:

I. Tão impregnado mostrava-se o Brasil de escravidão, que até o movimento


abolicionista pode servir, a ela, de fachada.
II. De modo flagrante, mas sem julgamentos morais ou ênfase especial, indica-
se a prática rotineira do tráfico transoceânico de escravos.
III. De modo tão pontual quanto incisivo, expõe-se o vínculo entre escravidão e
prática de tortura física.

A. Memórias de um sargento de milícias;


B. Memórias póstumas de Brás Cubas;
C. O cortiço.

As afirmações I, II e III relacionam-se, de modo mais direto, respectivamente,


com os romances:

a) B, A, C.
b) C, A, B.
c) A, C, B.
d) B, C, A.
e) A, B, C.

GABARITAGEO.COM.BR 95
107. (Fuvest) Considere as seguintes comparações entre Vidas secas, de
Graciliano Ramos, e Capitães da areia, de Jorge Amado:

I. Quanto à relação desses livros com o contexto histórico em que foram


produzidos, verifica-se que ambos são tributários da radicalização político-
ideológica subsequente, no Brasil, à Revolução de 1930.
II. Embora os dois livros comportem uma consciência crítica do valor da
linguagem no processo de dominação social, em Vidas secas, essa consciência
relaciona-se ao emprego de um estilo conciso e até ascético, o que já não
ocorre na composição de Capitães da areia.
III. Por diferentes que sejam essas obras, uma e outra conduzem a um final em
que se anuncia a redenção social das personagens oprimidas, em um futuro
mundo reconciliado, de felicidade coletiva.

Está correto o que se afirma em:

a) I, somente.
b) I e II, somente.
c) III, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.

96 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto:

Ora nesse tempo Jacinto concebera uma ideia... Este Príncipe concebera
a ideia de que o “homem só é superiormente feliz quando é superiormente
civilizado”. E por homem civilizado o meu camarada entendia aquele que,
robustecendo a sua força pensante com todas as noções adquiridas desde
Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os
mecanismos inventados desde Teramenes, criador da roda, se torna um
magnífico Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher
[...] todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber e Poder... [...]
Este conceito de Jacinto impressionara os nossos camaradas de cenáculo,
que [...] estavam largamente preparados a acreditar que a felicidade dos
indivíduos, como a das nações, se realiza pelo ilimitado desenvolvimento da
Mecânica e da erudição. Um desses moços [...] reduzira a teoria de Jacinto [...] a
uma forma algébrica:

Suma ciência 

  = Suma felicidade
Suma potência 

E durante dias, do Odeon à Sorbona, foi louvada pela mocidade positiva a


Equação Metafísica de Jacinto.

Eça de Queirós, A cidade e as serras.

108. (Fuvest) O texto refere-se ao período em que, morando em Paris, Jacinto


entusiasmava-se com o progresso técnico e a acumulação de conhecimentos.
Considerada do ponto de vista dos valores que se consolidam na parte final do
romance, a “forma algébrica” mencionada no texto passaria a ter, como termo
conclusivo, não mais “Suma felicidade”, mas, sim, Suma:

a) simplicidade.
b) abnegação.
c) virtude.
d) despreocupação.
e) servidão.

GABARITAGEO.COM.BR 97
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
Leia o texto:

CAPÍTULO LXXI

O senão do livro

Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho
que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo
sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho,
cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica; vício grave, e aliás ínfimo,
porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o
livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente,
e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda,
andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam
e caem...
E caem! — Folhas misérrimas do meu cipreste, heis de cair, como
quaisquer outras belas e vistosas; e, se eu tivesse olhos, dar-vos-ia uma lágrima
de saudade. Esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir,
também não deixa olhos para chorar... Heis de cair.

Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

109. (Fuvest) No contexto, a locução “Heis de cair”, na última linha do texto,


exprime:

a) resignação ante um fato presente.


b) suposição de que um fato pode vir a ocorrer.
c) certeza de que uma dada ação irá se realizar.
d) ação intermitente e duradoura.
e) desejo de que algo venha a acontecer.

98 GABARITAGEO.COM.BR
110. (Fuvest) Nas primeiras versões das Memórias póstumas de Brás Cubas,
constava, no final do capítulo LXXI, aqui reproduzido, o seguinte trecho,
posteriormente suprimido pelo autor:

[... Heis de cair.] Turvo é o ar que respirais, amadas folhas.


O sol que vos alumia, com ser de toda a gente, é um sol
opaco e reles, de ........................ e ........................ .

As duas palavras que aparecem no final desse trecho, no lugar dos espaços
pontilhados, podem servir para qualificar, de modo figurado, a mescla de
tonalidades estilísticas que caracteriza o capítulo e o próprio livro. Preenchem
de modo mais adequado as lacunas as palavras:

a) ocaso e invernia.
b) Finados e ritual.
c) senzala e cabaré.
d) cemitério e carnaval.
e) eclipse e cerração.

111. (Fuvest) Um leitor que tivesse as mesmas inclinações que as atribuídas, pelo
narrador, ao leitor das Memórias póstumas de Brás Cubas teria maior
probabilidade de impacientar-se, também, com a leitura da obra:

a) Memórias de um sargento de milícias.


b) Viagens na minha terra.
c) O cortiço.
d) A cidade e as serras.
e) Capitães da areia.

GABARITAGEO.COM.BR 99
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 5 QUESTÕES:
Leia o texto

Revelação do subúrbio

Quando vou para Minas, gosto de ficar de pé, contra a


[vidraça do carro*,
vendo o subúrbio passar.
O subúrbio todo se condensa para ser visto depressa,
com medo de não repararmos suficientemente
em suas luzes que mal têm tempo de brilhar.
A noite come o subúrbio e logo o devolve,
ele reage, luta, se esforça,
até que vem o campo onde pela manhã repontam laranjais
e à noite só existe a tristeza do Brasil.

Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo, 1940.

(*) carro: vagão ferroviário para passageiros.

112. (Fuvest) No poema de Drummond, a presença dos motivos da velocidade,


da mecanização, da eletricidade e da metrópole configura-se como:

a) uma adesão do poeta ao mito do progresso, que atravessa as letras e as artes


desde o surgimento da modernidade.
b) manifestação do entusiasmo do poeta moderno pela industrialização por
que, na época, passava o Brasil.
c) marca da influência da estética futurista da Antropofagia na literatura
brasileira do período posterior a 1940.
d) uma incorporação, sob nova inflexão política e ideológica, de temas
característicos das vanguardas que influenciaram o Modernismo antecedente.
e) uma crítica do poeta pós-modernista às alterações causadas, na percepção
humana, pelo avanço indiscriminado da técnica na vida cotidiana.

100 GABARITAGEO.COM.BR
113. (Fuvest) Considerados no contexto, dentre os mais de dez verbos no presente,
empregados no poema, exprimem ideia, respectivamente, de habitualidade e
continuidade:

a) “gosto” e “repontam”.
b) “condensa” e “esforça”.
c) “vou” e “existe”.
d) “têm” e “devolve”.
e) “reage” e “luta”.

114. (Fuvest) Para a caracterização do subúrbio, o poeta lança mão,


principalmente, da(o):

a) personificação.
b) paradoxo.
c) eufemismo.
d) sinestesia.
e) silepse.

115. (Fuvest) Em consonância com uma das linhas temáticas principais de


Sentimento do mundo, o vivo interesse que, no poema, o eu lírico manifesta pela
paisagem contemplada prende-se, sobretudo, ao fato de o subúrbio ser:

a) bucólico.
b) popular.
c) interiorano.
d) saudosista.
e) familiar.

GABARITAGEO.COM.BR 101
116. (Fuvest) Segundo o crítico e historiador da literatura Antonio Candido de
Mello e Souza, justamente na década que presumivelmente corresponde ao
período de elaboração do livro a que pertence o poema, o modo de se conceber
o Brasil havia sofrido “alteração marcada de perspectivas”.

A leitura do poema de Drummond permite concluir corretamente que, nele, o


Brasil não mais era visto como país:

a) agrícola (fornecedor de matéria-prima), mas como industrial (produtor de


manufaturados).
b) arcaico (retardatário social e economicamente) mas, sim, percebido como
moderno (equiparado aos países mais avançados).
c) provinciano (caipira, localista) mas, sim, cosmopolita (aberto aos intercâmbios
globais).
d) novo (em potência, por realizar-se), mas como subdesenvolvido (marcado por
pobreza e atrofia).
e) rural (sobretudo camponês), mas como suburbano (ainda desprovido de
processos de urbanização).

102 GABARITAGEO.COM.BR
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e


subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a
língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da
sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas
modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo,
embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais
prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de
uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as
outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação.

Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

117. (Fuvest) Considere as seguintes afirmações sobre os quatro períodos que


compõem o texto:

I. Tendo em vista as relações de sentido constituídas no texto, o primeiro período


estabelece uma causa cuja consequência aparece no segundo período.
II. O uso de orações subordinadas, tal como ocorre no terceiro período, é muito
comum em textos dissertativos.
III. Por formarem um parágrafo tipicamente dissertativo, os quatro períodos se
organizam em uma sequência constituída de introdução, desenvolvimento e
conclusão.
IV. O procedimento argumentativo do texto é dedutivo, isto é, vai do geral para
o particular.

Está correto apenas o que se afirma em:

a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

GABARITAGEO.COM.BR 103
118. (Fuvest) Depreende-se do texto que uma determinada língua é um:

a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor


social e passa a ser considerada exemplar.
b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de
maior prestígio social.
c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma
culta.
d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela
heterogeneidade social.
e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas
de normas e outras não o são.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora à
feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século XV
não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas fora
apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e que não
encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida ambição. A
ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trouxe esta burguesia
para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da ameaça castelhana e
do poder da nobreza, representado pela Rainha Leonor Teles, cingira o Mestre
de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei
o melhor das suas atenções. Esgotadas as possibilidades do reino com as
pródigas dádivas reais, restou apenas o recurso da expansão externa para
contentar os insaciáveis companheiros de D. João I.

Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.

104 GABARITAGEO.COM.BR
119. (Fuvest) Infere-se da leitura desse texto que Portugal não foi uma potência
colonizadora como a antiga Grécia, porque seu:

a) peso político-econômico, apesar de grande para o século, não era comparável


ao dela.
b) interesse, diferentemente do dela, não era conquistar o mundo.
c) aparato bélico, embora considerável para a época, não era comparável ao dos
gregos.
d) objetivo não era povoar novas terras, mas comercializar produtos nelas
obtidos.
e) projeto principal era consolidar o próprio reino, libertando-se do domínio
espanhol.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe
desde há muito tempo.
Modifica-se ao acaso das situações, das formas de sociabilidade e dos
jogos das forças sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas
persistente.
Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e
tolerantes, discriminados e preconceituosos, segregados e arrogantes,
subordinados e dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão
racial revela, de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como
funciona a fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade,
diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação e
alienação.

Octavio Ianni. Dialética das relações sociais.


Estudos avançados, n. 50, 2004.

120. (Fuvest) Segundo o texto, a questão racial configura-se como “enigma”,


porque:

a) é presa de acirrados antagonismos sociais.


b) tem origem no preconceito, que é de natureza irracional.
c) encobre os interesses de determinados estratos sociais.
d) parece ser herança histórica, mas surge na contemporaneidade.
e) muda sem cessar, sem que, por isso, seja superada.
GABARITAGEO.COM.BR 105
121. (Fuvest) Conforme o texto, na questão racial, o funcionamento da sociedade
dá-se a ver de modo:

a) concentrado.
b) invertido.
c) fantasioso.
d) compartimentado.
e) latente.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Já na segurança da calçada, e passando por um trecho em obras que atravanca


nossos passos, lanço à queima-roupa:
— Você conhece alguma cidade mais feia do que São Paulo?
— Agora você me pegou, retruca, rindo. Hã, deixa eu ver... Lembro-me de
La Paz, a capital da Bolívia, que me pareceu bem feia. Dizem que Bogotá é muito
feiosa também, mas não a conheço. Bem, São Paulo, no geral, é feia, mas as
pessoas têm uma disposição para o trabalho aqui, uma vibração
empreendedora, que dá uma feição muito particular à cidade. Acordar cedo em
São Paulo e ver as pessoas saindo para trabalhar é algo que me toca. Acho
emocionante ver a garra dessa gente.

R. Moraes e R. Linsker. Estrangeiros em casa: uma caminhada pela selva urbana de São
Paulo. National Geographic Brasil. Adaptado.

122. (Fuvest) Os interlocutores do diálogo contido no texto compartilham o


pressuposto de que:

a) cidades são geralmente feias, mas interessantes.


b) o empreendedorismo faz de São Paulo uma bonita cidade.
c) La Paz é tão feia quanto São Paulo.
d) São Paulo é uma cidade feia.
e) São Paulo e Bogotá são as cidades mais feias do mundo

106 GABARITAGEO.COM.BR
Gabarito: MORFOLOGIA

Resposta da questão 1:
[C]

A afirmação de que “maus tradutores de livros de marketing e administração


disponibilizam mais e mais termos infelizes” permite concluir que o autor
considera que a incorporação de verbos terminados em “izar” à língua
portuguesa decorre de influência estrangeira. Assim, é correta a opção [C].

Resposta da questão 2:
[E]

Em [I], o termo “agora” exerce função de advérbio com noção temporal,


podendo ser substituído por daqui por diante, a partir desse momento,
doravante. Em [II], adquire sentido de oposição ao que foi mencionado
anteriormente, como acontece em orações iniciadas com as conjunções
adversativas mas, contudo, todavia. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 3:
[A]

A expressão “de fato” constitui uma locução adverbial de afirmação que pode
ser substituída por “sem dúvida”, “com certeza” ou “realmente”. Assim, é correta
a opção [A], pois a locução conjuntiva “deste modo” expressa conclusão, como
“por conseguinte”, “por isso” ou “portanto”.

Resposta da questão 4:
[A]

É correta a opção [A], pois os prefixos “trans” e “ultra” apresentam o mesmo


significado: “para além de”, “adiante de”.

GABARITAGEO.COM.BR 107
Resposta da questão 5:
[A]

O advérbio “mal” na oração expressa ideia de tempo, como é possível verificar


com a substituição de tal vocábulo pela locução “assim que”, preservando-se o
sentido: “assim que seus olhos descobriram entre os utensílios a enxada”.

Resposta da questão 6:
[E]

O sentido do prefixo “oni” é aplicado de forma denotativa nos dois casos, dando
o sentido de “todo”.

Resposta da questão 7:
[D]

Apenas a opção [D] é correta, já que a vírgula assinala a elipse da locução “deverá
se fazer”. As demais são inadequadas, pois

[A] em “imposição”, o prefixo im- sugere sobreposição (em, sobre) e em


“imparcial” apresenta sentido negativo;
[B] os termos “postulado” e “crença” não são sinônimos, já que o primeiro alude
a uma premissa, ponto de partida para um raciocínio, e o segundo a uma ação
que dispensa razões ou confirmação objetiva;
[C] o pronome demonstrativo “essa” é adequado, pois remete ao que foi
mencionado no período anterior;
[E] o pronome pessoal oblíquo “os”, com função de objeto direto, refere-se ao
substantivo “conhecimentos”.

Resposta da questão 8:
[C]

O artigo definido é determinante de objetos ou seres perfeitamente


circunscritos e identificáveis, ou seja, específicos. Na sua ausência, o substantivo
é mencionado de forma genérica.

108 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 9:
[C]

O pronome “ela”, transcrito na frase do enunciado, já havia sido usado no período


anterior (“Fora ela quem … cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana”)
associado à mesma expressão: “esta burguesia”.

Resposta da questão 10:


[C]

O prefixo “pre” significa “anterioridade”, “antecipação” no termo


“preconceituosos”. Em “cooperação”, o prefixo “co” significa “contiguidade”, “junto
a”.

Resposta da questão 11:


[E]

O pronome demonstrativo “essa”, aglutinado à preposição “de”, expressa o


distanciamento social do interlocutor, provavelmente não incluído na camada
de trabalhadores que costumam “acordar cedo” e mostram uma “garra” que o
“toca” e motiva o seu desabafo: “acho emocionante”.

Resposta da questão 12:


[C]

A frase “deixa eu ver” apresenta marcas de oralidade, consideradas infrações ao


padrão culto da linguagem. Apesar de a forma de tratamento usada pelos
interlocutores ser o pronome “você”, que exigiria concordância verbal em 3ª
pessoa, é usada a 2ª na conjugação do imperativo, “deixa”. O pronome pessoal
caso reto “eu” é também inadequado sob a óptica da gramática normativa que
aconselha o uso do pronome no caso oblíquo, “nos”. A frase, sem marcas de
oralidade, seria “deixe-me ver”.

GABARITAGEO.COM.BR 109
Resposta da questão 13:
[C]

Resposta da questão 14:


[E]

Resposta da questão 15:


[C]

Resposta da questão 16:


[C]

Resposta da questão 17:


[D]

Resposta da questão 18:


[E]

Resposta da questão 19:


[E]

Resposta da questão 20:


[B]

Resposta da questão 21:


[E]

110 GABARITAGEO.COM.BR
Gabarito: MORFOSSINTAXE

Resposta da questão 22:


[A]

A polissemia do verbo “tomar” instaura o humor, pois foi usado pelo menino
como sinônimo de ingerir medicamento e, por Mafalda, como buscar forma de
se distanciar do incômodo, gerando a quebra de expectativa. Assim, é correta a
opção [A].

Resposta da questão 23:


[E]

A expressão “ao tropeçar” constitui uma oração reduzida de infinitivo com


função adverbial de tempo e causa, pois associa, simultaneamente, a noção do
momento em que acontece a ação e a que provoca a morte do personagem,
podendo ser substituída pelas desenvolvidas correspondentes quando tropeçou
e porque tropeçou. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 24:


[C]

É correta a opção [C], pois em “Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que
impôs o acréscimo de um quadrinho.” (ref. 8), o vocábulo “que” exerce função
sintática de sujeito da oração, como “seus pais” em “Assim decidiram e
desenharam seus pais” (ref.6). Os termos transcritos em [A], [B], [D] e [E]
desempenham função de predicativo do sujeito, objeto direto, objeto direto e
predicativo do sujeito, respectivamente.

Resposta da questão 25:


[D]
Em “E depois, o silêncio”, a vírgula isola o adjunto adverbial deslocado na oração
com verbo elíptico, o que acontece também em “Para meus amigos, o melhor.”
Já no segmento “Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre”, a vírgula
enfatiza o adjunto adverbial “para sempre”, pela mesma razão que em
“Organizava tudo, cautelosamente”. Assim, é correta a opção [D].

GABARITAGEO.COM.BR 111
Resposta da questão 26:
[C]

Os dois-pontos assinalam na escrita, uma pausa breve da linguagem, cuja


função, entre outras, é preceder um esclarecimento do que foi dito antes, como
acontece no período do enunciado. Assim, é correta a opção [C].

Resposta da questão 27:


[A]

Em [B], [C], [D] e [E], as orações apresentam sujeito agente: elíptico (ele), simples
(o refém), indeterminado (eles) e simples (o major), respectivamente. Apenas a
oração em [A], embora o verbo esteja na voz ativa, não apresenta sujeito agente,
já que “o carro” não pratica a ação de furar o pneu.

Resposta da questão 28:


[D]

As expressões “religioso consenso”, “orgânico” e “inexpugnada” adquirem, no


contexto, o sentido de concordância absoluta, estrutural e invencível,
respectivamente. Apenas a opção [D] apresenta termos com idêntico valor
semântico: “fervorosa unanimidade”, “visceral” e “insuperada”.

Resposta da questão 29:


[E]
A oração “em que vivem” apresenta sujeito oculto, elíptico ou desinencial.
Remete ao termo “indivíduos”, referido também no pronome oblíquo “os” da
expressão verbal “fazê‐los”. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 30:


[B]
Analisando o texto, o trecho “Era normal, então, a casa de fazer farinha, no
quintal, ao lado dos telheiros e próxima à cozinha” indica que a casa de fazer
farinha é adjacente aos telheiros (“adjacente” é sinônimo de “ao lado de”).

112 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 31:
[C]

O termo “Ipiranga”, formado pela junção de “y” (rio) mais “pyrang” (vermelho),
tem origem indígena, assim como “mandioca”, planta bastante usada na sua
alimentação. Assim, é correta a opção [C].

Resposta da questão 32:


[B]

Boris Schnaiderman defende a ideia de que é necessário evitar a transposição


mecânica do texto original e arranjar soluções para que o texto final respeite o
mais fielmente possível a mensagem do escritor. Assim, e porque essa tese
escapa ao senso comum das traduções convencionais, pode ser classificada
como contraintuitiva, conforme assinalado em [B].

Resposta da questão 33:


[B]

A presença de numerosos animais de estimação no ambiente permite que a


opinião da personagem seja considerada parcial, pois corresponde ao modelo
que adotou para a sua forma de viver. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 34:


[C]

[I] Verdadeiro. Tanto o registro culto (por exemplo, “um compêndio de ginásio”)
quando o informal (“não passa de chuva no molhado”) estão presentes no
trecho, apesar do predomínio do primeiro;
[II] Verdadeiro. O paralelismo sintático, de sentido didático, está presente em
“Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a
fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de
chuva no molhado.”
[III] Falso. Não há ocorrência de vocabulário científico ou presença intensiva de
referências a textos exteriores ao escrito.

GABARITAGEO.COM.BR 113
Resposta da questão 35:
[D]

[I] Verdadeiro. Mesmo estando o verbo conjugado no singular (“alcançou”) e duas


expressões igualmente no singular (“o capanga” e “um casal de velhinhos”), a
leitura do trecho indica que o sujeito da oração é “o capanga”, uma vez que se
refere a uma ação de Jão Fera.
[II] Verdadeiro. Em “que seguiam diante dele o mesmo caminho”, o verbo pode
concordar com o núcleo do sujeito, “um casal de velhinhos”.
[III] Falso. No trecho “que destinavam eles uns cinquenta mil-réis”, o sujeito é
posposto (eles), recurso bastante empregado por José de Alencar; no exemplo
citado, pertinente ao registro coloquial da língua, “eles” desempenha função de
objeto direto da locução “tem visto”.

Resposta da questão 36:


[B]

A palavra “impressões” é o hiperônimo das percepções que Jerônimo tinha em


relação à Rita: “Ela era a luz (...), o calor (...), o aroma (...), a palmeira (...)”, entre outros.

Resposta da questão 37:


[E]

A alternativa [A] está correta segundo a norma-padrão, pois o verbo “ir” exige
preposição “a” ou “para”; a substituição, portanto, é válida.
A alternativa [B] está correta segundo a norma-padrão, uma vez que a
substituição emprega o objeto indireto pleonástico: o pronome pessoal do caso
oblíquo “lhe” tem como referente “ao operário”.
A alternativa [C] está correta segundo a norma-padrão, pois o verbo “chamar”, no
sentido de “nomear” pode apresentar tanto a transitividade direta quanto a
indireta.
A alternativa [D] também segue a norma-padrão, pois o verbo no infinitivo aceita
a próclise, caso seja precedido de preposição.
A alternativa [E] não segue a norma-padrão, pois, apesar de o verbo estar
conjugado no futuro (o que obrigaria o emprego da mesóclise), há ocorrência de
partícula atrativa (“um dia”: locução adverbial).

114 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 38:
[A]

O uso das aspas em “pós-moderna” deve-se à intenção do autor em restringir o


sentido de um termo que, apesar de ser jargão nas ciências humanas, possui
amplo significado por referir-se a várias tendências que se seguiram após o
Modernismo.
Em “livre jogo do mercado”, as aspas são usadas por ser essa uma expressão
pertencente à área da Economia.
Por fim, em “resto do mundo”, o autor não assume o sentido pejorativo que a
expressão possui por causa da palavra “resto”, ou seja, aquilo que sobra.

Resposta da questão 39:


[A]

No contexto, a palavra que de forma mais adequada pode substituir “inexorável”


é “inelutável”, pois usando qualquer uma das duas palavras o sentido do texto
permanece, ou seja, a miséria moral não pode ser superada.

Resposta da questão 40:


[E]

É correta a opção [E], pois o emprego do termo “chamadas” revela ressalva do


autor quanto à denominação “sociais” aplicada às ciências que tratam dos
aspectos do homem como indivíduo e como ser social, restritiva do conceito de
ciência como campo geral do conhecimento.

Resposta da questão 41:


[B]

De todas as variedades de um idioma, a língua padrão comporta-se de forma


restritiva, pois confere valor de prestígio a quem faz uso dela, deprecia as outras
modalidades e limita a variação linguística: ”Do valor normativo decorre a sua
função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma
ponderável força contrária à variação.”

GABARITAGEO.COM.BR 115
Resposta da questão 42:
[A]

A pergunta do entrevistador sugere que o grande número de intervenções do


Supremo Tribunal da Justiça tenha afetado atividades específicas da área
parlamentar. Assim, a palavra do texto que sintetiza o teor da acusação é
“usurpado”: apropriado, exercido de maneira indevida.

Resposta da questão 43:


[D]

Na frase “O surto marítimo que enche sua história do século XV”, o presente do
indicativo é usado para dar mais vivacidade ao texto e realçar os acontecimentos
que estão sendo descritos. Trata-se do presente histórico, processo de
dramatização linguística que transporta fatos do passado para a atualidade.

Resposta da questão 44:


[B]

A vírgula aparece para marcar a omissão do verbo ser em: “os direitos, reais.”

Resposta da questão 45:


[A]

Somente a frase da letra “a” respeita as regras de regência em relação ao


pronome relativo; no caso: “para cuja beleza muito contribuía a mata no alto do
morro”.

Resposta da questão 46:


[C]

A concessão é devido ao fato de mostrar ideias contraditórias, como, por


exemplo, ter muito que falar versus falar rapidamente.

116 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 47:
[E]

O pronome “seu” refere-se à pessoa “você”. O uso do pronome “te” remete-nos à


pessoa “tu”, portanto, conforme a norma padrão da língua portuguesa, a frase
contida na letra “e” deveria ser: “tomar teu tempo e te chatear” ou “tomar seu
tempo e o chatear”.

Resposta da questão 48:


[E]

No trecho “semelhante à de macacos”, fica subentendida a palavra “anatomia”.


No trecho da questão “e”, fica subentendida a palavra “concentração”.

Gabarito: PONTUAÇÃO

Resposta da questão 49:


[E]

Resposta da questão 50:


[A]

Resposta da questão 51:


[E]

Resposta da questão 52:


[B]

Resposta da questão 53:


[B]

Resposta da questão 54:


[A]

GABARITAGEO.COM.BR 117
Resposta da questão 55:
[E]

Resposta da questão 56:


[D]

Resposta da questão 57:


[E]

Resposta da questão 58:


[D]

Resposta da questão 59:


[A]

Resposta da questão 60:


[B]

Gabarito: FIGURAS DE LINGUAGEM

Resposta da questão 61:


[E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Geografia]

O sentido do termo “sertão” na música da dupla sertaneja paulista Tonico e


Tinoco é como “meio rural” ou “interior do Estado”. O termo “sertão” foi muito
utilizado na Música e na Literatura brasileiras para se referir aos ambientes rurais
em diferentes estados, principalmente em Minas Gerais, nos estados do Centro-
Oeste e nos estados do Nordeste. Hoje, rigorosamente, o termo é empregado
em Geografia para uma sub-região do Nordeste, o Sertão (zona semiárida).

118 GABARITAGEO.COM.BR
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]

O termo “sertão” deve ser compreendido, no contexto, como metáfora do


interior do Brasil, em contraponto à cidade-metrópole caracterizada pela aridez
do concreto e das construções. Ao mencionar o material de que é feito o violão,
o poeta não alude à vegetação típica do sertão, mas sim à simplicidade do povo
do interior que usa os recursos de que dispõe para desenvolver uma cultura
popular representativa do meio a que pertence (“meu violão / Feito de pinheiro
da mata selvagem / Que enfeita a paisagem lá do meu sertão”).

Resposta da questão 62:


[A]

O termo “legal” pode ser lido, no contexto da propaganda, como algo que diz
respeito ao que segue a lei, lícito, ou que é benéfico, ou seja, bom. Assim, é
correta a opção [A].

Resposta da questão 63:


[C]

Preterição é o recurso retórico empregado por Brás Cubas ao mencionar que o


bilhete enviado por Virgília era objeto de análise – o que ele não faria, pois o
delegaria ao leitor. Em seguida, o próprio narrador faz tal análise.

Resposta da questão 64:


[C]

O autor usa o recurso da polissemia da palavra “natureza”, repetida quatro vezes


no anúncio com dois significados distintos (na segunda e terceira aparições
como “conjunto de elementos do mundo natural” e, na primeira e quarta, como
“o que compõe a substância do ser; essência”), conforme sua aplicação no
contexto.

GABARITAGEO.COM.BR 119
Resposta da questão 65:
[C]

Se não fosse utilizado o recurso da silepse, a frase da questão “c” ficaria assim:
“foram alojados os do meu grupo.

Resposta da questão 66:


[B]

A palavra apólice, no trecho em questão, foi utilizada não no seu sentido literal.
Foi utilizada para representar as quatro palavras de louvor destinadas ao
personagem.

Resposta da questão 67:


[B]

Resposta da questão 68:


[D]

Resposta da questão 69:


[B]

Resposta da questão 70:


[A]

Resposta da questão 71:


[A]

Resposta da questão 72:


[D]

120 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 73:
[D]

Resposta da questão 74:


[B]

Resposta da questão 75:


[C]

Resposta da questão 76:


[A]

Resposta da questão 77:


[C]

Resposta da questão 78:


[B]

Resposta da questão 79:


[A]

Resposta da questão 80:


[A]

Resposta da questão 81:


[C]

Resposta da questão 82:


[C]

GABARITAGEO.COM.BR 121
Resposta da questão 83:
[B]

Resposta da questão 84:


[C]

Resposta da questão 85:


[D]

Gabarito: ENUNCIAÇÃO, TEXTO E DISCURSO

Resposta da questão 86:


[E]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]


O romance A cidade e as serras é a continuação do conto Civilização, de Eça de
Queiroz. Em ambos, o autor critica os males da civilização, defendendo os valores
da natureza.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]


Durante a Segunda Revolução Industrial, contexto do livro A cidade e as serras,
houve uma grande expansão da industrialização nas cidades, proporcionando a
chegada de novas tecnologias e causando certo caos na vida urbana. Para se
contrapor a esses problemas trazidos pela industrialização, na obra de Eça de
Queirós está presente a grande valorização da vida no campo e a busca utópica
pelo lugar ideal que seria o meio rural.

Resposta da questão 87:


[A]

As palavras transcritas na opção [A] resultam do cruzamento vocabular, em que


são misturadas duas palavras: “deleitura” (deleite+leitura) e “namorido”
(namorado=marido).

122 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 88:
[C]

A data da publicação da música “Alferes” evoca um momento da História


marcado pela opressão da ditadura militar instalada nessa época no Brasil. A
referência a “morte do “sonhador” e “desterro” sugerem a perseguição aos que
se opunham ao sistema e resistiam ao discurso de autoritarismo e opressão,
como transcrito em [C].

Resposta da questão 89:


[B]

Djamila Ribeiro, filósofa, feminista e acadêmica brasileira, afirma que, durante


grande parte da sua infância e adolescência, não tivera consciência de si mesma,
“incompreensão fundamental” na construção da própria identidade, o que era
comum à mulher negra inserida em um contexto social marcado pelo
preconceito. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 90:


[D]

No poema de Gonçalo M. Tavares, poeta de origem angolana e que, com o fim


da guerra colonial, se estabeleceu em Portugal, os termos “planta” e “bota”
simbolizam, no poema, o oprimido e o opressor, respectivamente, o que pode
aludir à luta de classes dentro de um sistema opressivo e à defesa da resistência
civil, como se afirma em [D].

Resposta da questão 91:


[B]

A planta, embora mais frágil que a bota, tem a capacidade de renascer, o que a
torna resistente e capaz de vencer quem a esmaga. Sob esta perspectiva, o
ditado popular “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, transcrito
em [B], relaciona-se com a ideia da persistência da luta do oprimido até a vitória
sobre o opressor.

GABARITAGEO.COM.BR 123
Resposta da questão 92:
[B]

O uso de parênteses para destacar o morfema “a” no cabeçalho do anúncio de


uma campanha pela igualdade das mulheres no mercado de trabalho,
associado à marcação em negrito na expressão “a diferença tem de ser só uma
letra”, revela a importância de reverter a disparidade salarial entre homens e
mulheres que acontece na sociedade atual. Assim, é correta a opção [B].

Resposta da questão 93:


[E]

O autor recorre ao conceito já formulado por Hans Blumenberg que definia o


“mito político” como a construção de uma narrativa necessária a um
determinado contexto sociopolítico para confirmar a tese de que esse tipo de
“personagem” atende a situações “práticas”, ou seja, concretas, como se afirma
em [E].

Resposta da questão 94:


[D]

A imagem da torre Eiffel no plano de fundo e a fala do personagem permitem


inferir que o problema não pode ser resolvido por um GPS, que fornece
informações sobre espaço geográfico. A verdadeira dificuldade reside no fato
de os personagens não poderem interagir com os habitantes locais por
desconhecimento da língua francesa, ou seja, por não dominarem o idioma
local, como se afirma em [D].

Resposta da questão 95:


[D]

No último período do texto, Arnold Hauser afirma que, a cada geração, o


significado de uma obra de arte leva em conta uma série completa de
interpretações feitas por gerações anteriores. Assim, é correta a opção [D].

124 GABARITAGEO.COM.BR
Resposta da questão 96:
[E]

Segundo o autor, é necessário que o tradutor evite a fidelidade mecânica da


transposição do texto de origem para o idioma final e use a criatividade para
reproduzir o mais fielmente possível a mensagem que o escritor pretendeu
passar ao leitor. Assim, é correta a opção [E].

Resposta da questão 97:


[E]

A frase que acompanha a imagem contraria o modo de ver da sociedade que,


comumente, associa a adoção de animais domésticos a uma reação natural de
casais que não podem ter filhos, ou seja, o humor é instaurado porque o cartum
inverte o sentido de um pensamento bastante repetido, como se afirma em [E].

Resposta da questão 98:


[B]

Na opção [B], a recomendação de que o mal deve ser feito de forma rápida pode
ser associada à repressão que o governo Médici efetuou contra os adversários do
regime. Assim, como o bem, que deve ser feito de forma gradual, à estratégia de
manipulação de massas através do acesso às redes de telecomunicação e
incitação a sentimentos nacionalistas na Copa de 70.

Resposta da questão 99:


[A]

O texto de Boris Fausto enfatiza a importância da propaganda como arma de


manipulação das massas durante o governo Médici, que soube aproveitar o
grande avanço das telecomunicações para se promover através da divulgação
da imagem do Brasil como grande potência. Como a marchinha “Prá frente
Brasil”, mencionada na opção [A].

GABARITAGEO.COM.BR 125
Resposta da questão 100:
[B]

O termo “repressão” permite associar o vocábulo “setor” da primeira ocorrência


a “adversário do regime”, assim como a referência à preponderância da TV Globo
no painel das redes televisivas liga o termo da segunda ocorrência a
“telecomunicações”, como se afirma em [B].

Resposta da questão 101:


[D]

Ao analisar a figura, percebem-se a proibição de sentimentos, na placa de


sinalização de trânsito, e a apatia dos homens, retratados de forma idêntica
pelas ruas. Por esses motivos, o trecho constante na alternativa [D] são os que
traduzem mais adequadamente a mensagem da figura.

Resposta da questão 102:


[B]

Antonio Candido entende que um livro será recebido pelo leitor conforme o
contexto vivido por este, principalmente ao afirmar que o efeito do livro
“Depende do momento da vida em que o lemos”.

Resposta da questão 103:


[E]

[I] Verdadeiro. Percebe-se a astúcia ao analisar a situação – neste caso, tanto


Virgília parece analisar o comportamento de seu marido como Brás analisa
com malvadez o comportamento de Virgília por meio do bilhete que lhe fora
enviado pela amante; vale ressaltar, tal característica se faz presente em obras
machadianas de fase madura.
[II] Verdadeiro. O narrador demonstra importante capacidade de observação das
relações entre os envolvidos na cena, tanto por parte de Virgília, ao observar
seu marido, quanto de Brás, ao comentar o bilhete que lhe fora enviado. Tal
característica também faz parte do estilo machadiano em sua fase madura.
[III] Verdadeiro. É característica de Machado de Assis a consciência da prática de
elementos metalinguísticos: durante a narrativa, refere-se ao próprio exercício

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da escrita, ao modo como o leitor deveria recepcionar as palavras de Virgília,
incitando-o inclusive a relacionar a cena com Shakespeare.

Resposta da questão 104:


[D]

As características citadas no enunciado do exercício remetem ao romance Vidas


Secas, de Graciliano Ramos. A concisão lexical é distintiva na literatura de tal
autor, assim como a preocupação em retratar e em observar criticamente a
região nordeste brasileira a fim de despertar o leitor da década de 1930 para a
realidade de tal área. É cobrado também o papel do leitor na construção do
sentido do texto, inter-relacionando os capítulos que, aparentemente, podem
ser lidos sem uma ordem pré-definida.

Resposta da questão 105:


[E]

[I] Verdadeiro. Ao afirmar que o operário “Não tem blusa. No conto, no drama, no
discurso político, a dor do operário está na sua blusa azul (...)”, o poeta critica o
senso comum de a literatura, até então, retratar o desconforto do operário por
meio de sua vestimenta.
[II] Verdadeiro. O operário é constantemente caracterizado de forma dual e
antitética; por exemplo, o poeta afirma que “Esse é um homem comum” e,
em seguida, comenta que o operário “Agora está caminhando no mar. Eu
pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios.”
[III] Verdadeiro. A menção a um ato extraordinário como caminhar sobre as
águas sugere que o operário seja a esperança para um novo contexto, assim
como ocorre em outros poemas de Sentimento do mundo.

Resposta da questão 106:


[B]

[I] Refere-se à obra O cortiço, na qual a personagem João Romão aproveita-se


da escravizada fugida Bertoleza, e, após valer-se dela, a denuncia para seus
antigos senhores. Ao fim do romance, João Romão recebe um diploma de
sócio benemérito dos abolicionistas.
[II] Condiz com o que encontramos em Memórias de um Sargento de Milícias,

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na passagem em que é descrito fradinho como um sangrador em um navio
negreiro. O tráfico de escravos é considerado uma atividade rotineira, sem
apresentar julgamentos sobre a escravidão no Brasil.
[III] Identificamos a obra Memórias póstumas de Brás Cubas, na qual
encontramos uma passagem que registra a violência que o protagonista aplica
no escravo da família. Mais tarde, essa violência é reproduzida por Prudêncio em
seu próprio escravo.

Resposta da questão 107:


[B]

Ambos os livros escritos no final da década de 1930 possuem características da


corrente literária marcada pela crise econômica mundial de 1929 e à Revolução
de 1930, e pela polarização ideológica (extrema esquerda e extrema direita).
Assim, a afirmativa [I] está correta.
A afirmativa [II] também é correta. O estilo aplicado por Graciliano Ramos em
sua obra é seco, conciso, cooperando para a ambientação do leitor junto ao
cenário no qual se passa a história. Jorge Amado, por outro lado, utiliza-se de
linguagem coloquial, mais próxima do povo, sem a concisão usada por
Graciliano.
A afirmativa [III] é a única incorreta. Ainda que na obra de Jorge Amado alguns
personagens alcancem a redenção, como o Professor e Pedro Bala, em Vidas
Secas as personagens não alcançam a “felicidade coletiva”, e sim serão
oprimidos na cidade grande, dando continuidade ao ciclo de opressão que
percorre toda a obra.

Resposta da questão 108:


[E]

A equação elaborada por Jacinto, durante o período que vivia em Paris, para
sintetizar a felicidade, torna-se ao fim do romance uma equação que resultava
em servidão ou dependência, já que o protagonista percebe que era como um
escravo da tecnologia, que deveria torná-lo feliz.

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Resposta da questão 109:
[C]

A locução em questão exprime a certeza da realização de uma ação futura que


é a morte, metaforizada pela queda das folhas do cipreste, árvore que simboliza
a morte desde a antiguidade clássica, quando se utilizava sua madeira para
construir os caixões dos guerreiros gregos.

Resposta da questão 110:


[D]

A obra de Machado de Assis pode ser qualificada com a antítese apresentada


na alternativa [D], não só em seu conteúdo, mas também no estilo, já que o autor
“brinca” com os gêneros literários além de ironizar os valores sociais da época.
Há no narrador, apesar de seu obscurantismo, certo humor ao narrar, lembrando
a figura de um Arlequim.

Resposta da questão 111:


[B]

Em Viagens na minha terra, o narrador, assim como o narrador de Memórias


póstumas de Brás Cubas, apresenta digressões, intercalação de gêneros de
narração, além de narrativa não linear. Assim, o leitor que se impacientasse com
o estilo obra de Machado de Assis, impacientar-se-ia também com a obra de
Almeida Garret.

Resposta da questão 112:


[D]

A primeira geração do Modernismo brasileiro exaltava os motivos da velocidade,


mecanização e eletricidade presentes na metrópole por um viés otimista e
eufórico. Na segunda geração do Modernismo, na qual está situada a obra de
Drummond, ainda que esses motivos retornem, já não são vistos da mesma
forma, nessa geração há um engajamento ideológico e crítico sobre esses
motivos.

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Resposta da questão 113:
[C]

O verbo ir, flexionado na primeira pessoa “vou”, indica a ideia de ação habitual
do eu lírico, ou seja, que é realizada com certa frequência. Já o verbo existir no
poema expressa um estado contínuo, que perdura ao tempo.

Resposta da questão 114:


[A]

Ao dar características animadas ao subúrbio, o poeta utiliza-se da personificação,


como podemos notar, principalmente, no verso 7, ele [o subúrbio] “reage, luta,
se esforça”.

Resposta da questão 115:


[B]

Assim como nos poemas “Morro da Babilônia”, “Revelação do subúrbio” e “O


operário no mar”, em “Sentimento do mundo” o poeta demonstra seu gosto pela
observação da área mais afastada do centro da cidade, local de morada das
classes menos privilegiadas, revelando sua predileção por aquilo que é popular.

Resposta da questão 116:


[D]

Ao mudar a visão eufórica presente na primeira geração do movimento


Modernista brasileiro, Drummond volta-se para o olhar crítico sobre o subúrbio,
evidenciando a precariedade e as diferenças sociais, elementos típicos de países
subdesenvolvidos.

Resposta da questão 117:


[E]

Apenas a afirmativa I é inadequada, pois o primeiro período do texto apresenta


uma constatação genérica sobre a diversidade linguística de cada idioma
("Todas as variedades linguísticas são estruturadas…”) seguida de uma oposição

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introduzida no segundo período pela conjunção coordenativa adversativa “mas”.
O terceiro, formado essencialmente por orações subordinadas (concessiva e
causal), constitui a exemplificação, que levam à conclusão coerente sobre a
particularidade da variedade padrão. Assim, são corretas as afirmativas II, III e IV,
como se aponta em [E].

Resposta da questão 118:


[A]

Segundo Celso Cunha, todas as variedades linguísticas que constituem um


idioma são estruturadas e obedecem às necessidades de seus usuários. Mas,
como a língua está fortemente ligada às estruturas sociais, uma dessas
variedades alcança maior valor social e passa a ser considerada a língua padrão.

Resposta da questão 119:


[D]

É explícito no texto que o objetivo de Portugal, como potência colonizadora, não


era o de povoar terras como tinha sido o da Grécia, mas sim o de obter lucros
com a comercialização de produtos nelas obtidos (“apenas provocado por uma
burguesia comercial sedenta de lucros, e que não encontrava no reduzido
território pátrio satisfação à sua desmedida ambição”).

Resposta da questão 120:


[E]

O autor afirma nos primeiro e segundo períodos que a questão racial “existe há
muito tempo”, “modifica-se” e “reitera-se continuamente”, fatores que
constituem a base do “enigma” referido no texto.

Resposta da questão 121:


[A]
O último período do texto apresenta a opinião do autor sobre o funcionamento
da “fábrica da sociedade”, resultado de uma fusão de características opostas e
mencionadas anteriormente (“intolerantes e tolerantes, discriminados e
preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e subordinantes”).

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Resposta da questão 122:
[D]

Ambos os interlocutores têm a mesma impressão sobre a cidade de São Paulo,


como fica evidente no diálogo travado entre eles. Ao perguntar se conhece uma
cidade mais feia que São Paulo, o autor da pergunta já expressa a sua opinião,
que é confirmada pelo outro que busca nas suas lembranças imagens de
cidades que possam assemelhar-se àquela na questão de ausência de beleza.

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