Atividade Cit 2

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1.

A respeito do controle de constitucionalidade no sistema Processual


brasileiro, pergunta-se:

(a) Quais as espécies de controle de constitucionalidade existentes no


ordenamento jurídico brasileiro?

R: Segundo o ordenamento jurídico brasileiro são duas as espécies de controle


de constitucionalidade: controle difuso ou concreto, o qual possibilita qualquer juiz ou
tribunal realizar análise sobre a compatibilidade do ordenamento jurídico com a
Constituição Federal. Tendo como principal característica o fato de somente poder
ser exercido perante a um caso concreto a ser decidido pelo Poder Judiciário,
sendo a declaração de inconstitucionalidade, neste caso, necessária para o deslinde
do caso concreto, não sendo o objeto principal da ação; e controle concentrado ou
abstrato, este por sua vez procura obter a declaração de inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo independente da existência de um caso concreto, visando-se à
obtenção da invalidação da lei, a fim de garantir-se a segurança das relações
jurídicas, as quais não podem ser baseadas em normas inconstitucionais, tendo a
declaração de inconstitucionalidade como o objeto principal da ação.

(b) Explique as diferentes técnicas de interpretação adotadas pelo STF no


controle de constitucionalidade (parcial com redução de texto, sem redução de
texto, interpretação conforme à Constituição).

R: As técnicas para solucionar as normas em desconformidade com a


Constituição Federal de 1988 são:

Parcial com redução de texto: analisando o texto legal, o STF declara o


enredo como sendo parcialmente inconstitucional, invalidando apenas parte do
texto, que resultará na formalização do restante da norma à CF/ 88.

Parcial sem redução de texto: O STF, ao analisar o texto legal, declara as


interpretações que resultam na inconstitucionalidade da norma, contudo, outras
interpretações poderão ser dadas.

Interpretação conforme a Constituição: ao analisar o texto legal, o STF


institui o modo em que a norma deve ser interpretada de forma a resguardar a
constitucionalidade do texto, sem qualquer tipo de alteração no texto da lei.
2. A respeito da modulação de efeitos prescrita no (i) art. 27 da Lei n.
9.868/99 e no (ii) § 3º do art. 927 do CPC/15, responda:

(a) Há distinção entre a espécie de controle de constitucionalidade em que


a modulação dos efeitos pode ser consagrada, considerando o teor de cada
um dos dispositivos em análise?

R: É existente tal distinção, visto que o art. 27, da Lei 9.868/99 se aplica apenas
às decisões proferidas em ADI ou ADC, as quais compreendem o controle de
constitucionalidade direto. Por outro lado, no art. 927, §3º, do CPC não existe
restrição no tocante às ações judiciais, o que permite sua aplicação tanto no controle
de constitucionalidade incidental, quanto no direto.

(b) Há identidade entre os fundamentos apontados em cada um dos


dispositivos para que seja convocada a modulação dos efeitos da decisão
proferida em controle de constitucionalidade? Identifique-os.

R: Não se identifica identidade entre os fundamentos. Visto que o art. 927, §3º
do CPP requer alteração da jurisprudência dominante dos tribunais superiores e do
STF, e a modulação de efeitos, prevista no art. 27, da Lei 9.868/99, por sua vez,
identifica como fundamento da sua incidência a mera presença de “razões de
segurança jurídica ou de excepcional interesse social” na declaração de
inconstitucionalidade da norma.

3. Os conceitos de controle concreto e abstrato de constitucionalidade


podem ser equiparados aos conceitos de controle difuso e concentrado,
respectivamente? Que espécie de controle de constitucionalidade o STF
exerce ao analisar pretensão deduzida em reclamação (art. 102, I, “l”, da CF)?
Concreto ou abstrato, difuso ou concentrado?

R: Os conceitos não podem ser equiparados. É comum relacionar o controle


concreto com o controle difuso, e o controle abstrato com o controle concreto. Tais
conceitos andam lado a lado. Contudo, os conceitos são diferentes, levando em
consideração que são classificações da análise da constitucionalidade.
Ainda, existe semelhança entre o controle concreto e difuso, visto que ambos se
enfocam em uma situação específica, na qual a constitucionalidade/
inconstitucionalidade será secundário, mas imprescindível na resolução da lide.

O art. 102, I, da CF é pautado no controle abstrato e concentrado, eis que o objeto


principal da ação é a constitucionalidade/ inconstitucionalidade da norma em apreço.

4. Que significa afirmar que as sentenças produzidas em ADI e


ADC possuem “efeito dúplice”? As decisões proferidas em ADI e ADC sempre
vinculamos demais órgãos do Poder Executivo e Judiciário? E os órgãos do
Poder Legislativo? O efeito vinculante da súmula referida no art. 103-A, da
CF/88, introduzido pela EC n. 45/04, é o mesmo da ADIN? Justifique sua
resposta

R: Conforme disposto no art. 24 da Lei 9.868/1999, o efeito dúplice se trata de


uma determinação legal, a qual estabelece que em eventual improcedência da ADI
acarretará uma declaração de constitucionalidade da norma, sendo que de mesmo
modo, a procedência de ADC importará na improcedência de eventual ADI.

As decisões proferidas tanto em ADI, quando em ADC possuem vínculo com


os demais órgãos do Poder Executivo e Judiciário, conforme disposto no art. 102,
§2º da CF/ 88. Já o Poder Legislativo não possui efeito vinculante, tendo em vista
que cabe ao Senado Federal estabelecer uma nova perspectiva de entendimento,
podendo suspender a execução de lei declarada inconstitucional, nos moldes do art.
52, X da CF/ 88.

Por fim, analisando o disposto no art. 103-A, da CF/ 88, pode-se entender
que os efeitos da súmula são os mesmos da ADIN, pois recai sobre os Poderes
Executivo e Judiciário.

5. O STF tem a prerrogativa de rever seus posicionamentos ou também


está inexoravelmente vinculado às decisões por ele produzidas em controle
abstrato de constitucionalidade? Se determinada lei tributária, num dado
momento histórico, é declarada constitucional em ADC, poderá, futuramente,
após mudança substancial dos membros desse tribunal, ser declarada
inconstitucional em ADI? É cabível a modulação de efeitos neste caso?
Analisar a questão levando-se em conta os princípios da segurança jurídica,
coisa julgada e as disposições do art. 927, § 3o, do CPC/15.

R: Pode o STF rever seus entendimentos, inclusive em sede de controle de


constitucionalidade, sempre analisando as alterações fáticas e sociais, e o
cumprimento das garantias e dos direitos fundamentais. Porém, as alterações
devem observar o princípio da segurança jurídica e da proteção de confiança, tendo
em vista que os afetados pela decisão não devem ser surpreendidos por bruscas
mudanças de entendimento, as quais podem lhes causar prejuízos.

No tocante as modulações dos efeitos, é necessária a aplicação do art. 27,


da Lei 9.868/99, bem como do art. 927, §3º, do CPC, visando a proteção e
cumprimento do princípio da segurança jurídica e ao interesse social.

6. O art. 535, §5º, do CPC/15 prevê a possibilidade de desconstituição, por


meio de impugnação ao cumprimento de sentença, de título executivo fundado
em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo STF ou em
aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição Federal
em controle concentrado ou difuso. Pergunta-se:

(a) É necessário que a declaração de inconstitucionalidade seja anterior à


formação do título executivo?

R: Não, pois, conforme consta no artigo, caso a declaração de


inconstitucionalidade possuir caráter retroativo até a data da formação do título,
poderá ser atingido mesmo com declarações posteriores.

(b) E se for posterior, poderá ser alegada? Se sim, por qual meio? Há
prazo para esta alegação?

R: Sim, em impugnação caso seja anterior ao trânsito em julgado da decisão,


ou, caso posteriormente ao trânsito em julgado em ação rescisória, no prazo de 2
(dois) anos.
7. Contribuinte ajuíza ação declaratória de inexistência de relação
jurídico-tributária que o obrigue em relação a tributo cuja lei instituidora seria,
em seu sentir, inconstitucional (porque violadora do princípio da
anterioridade). Paralelamente a isso, o STF, em ADI, declara constitucional a
mesma lei, fazendo-o, contudo, em relação a argumento diverso. Pergunta-se
(vide anexo I):

a) Como deve o juiz da ação declaratória agir: examinar (1) o mérito


da ação e julgá-la procedente, ou (2) extingui-la, sem julgamento de mérito
(sem análise do direito material), por força dos efeitos erga omnes da decisão
em controle de constitucionalidade abstrato?

R: Deve o juiz analisar o mérito, tendo em vista que o efeito erga omnes
advindos do julgamento da ADI fazem menção somente no tocante à questão
submetida ao STF. Conforme disposto no enunciado, a discussão proposta pelo
contribuinte, por mais que seja relativa à mesma lei, se difere da submetida ao
tribunal. Portanto, faz-se necessária a análise da nova questão proferida pelo Poder
Judiciário, ocasionalmente submetendo a inconstitucionalidade apontada a
ferramentas de controle concreto e difuso.

b) Se o STF tivesse se pronunciado sobre o mesmo argumento


veiculado na ação declaratória (violação do princípio da anterioridade), qual
solução se colocaria adequada? Responda a essa pergunta, considerando o
que foi respondido na questão “a)”.

R: Então, o juiz deveria extinguir sem resolução de mérito, levando em


consideração que tal questão é obstruída por um tema objeto de decisão proferida
em controle de constitucionalidade concentrado, com efeitos erga omnes e
vinculantes.

c) Se na referida ação declaratória já tivesse ocorrido o trânsito em


julgado de decisão de procedência (acolhendo o pedido do contribuinte),
poder-se-ia falar em ação rescisória com base no julgamento do STF (art. 966
CPC/15)? Qual o termo inicial do prazo para ajuizamento da ação rescisória? E
se o prazo para propositura dessa ação (2 anos) houver exaurido? Haveria
alguma outra medida a ser adotada pelo Fisco objetivando desconstituir a
coisa julgada, diante desse último cenário (exaurimento do prazo de 2 anos da
ação rescisória)? Vide art. 505, I do CPC/15.

R: Poderia ser ajuizada uma ação rescisória pelo Fisco, pautados no


argumento da existência de entendimento semelhante a do STF, pela violação do
princípio da anterioridade, em até 2 (dois) anos a partir do trânsito em julgado.

Caso exaurido o prazo de 2 (dois) anos, a decisão anterior será


mantida, devendo o Fisco respeitar a sentença, de forma que tal regra possibilita
certa segurança jurídica em relação a coisa julgada, pois caso contrário, as decisões
sempre ficariam suscetíveis a análise posterior.

8. Considerando os mecanismos de controle de constitucionalidade


existentes é possível admitir que atualmente consagram-se duas formas
(meios) de provocação do Supremo Tribunal Federal para que aquele órgão
exerça o controle de constitucionalidade (concentrado e difuso), mas que a
decisão por ele proferida é dotada dos mesmos efeitos independentemente do
meio de sua provocação (erga omnes)?

R: É possível, pois através das Súmulas Vinculantes ou até mesmo das


fixações de teses através de julgamentos de ADIs, ADCs, ADPFs e Temas de
Repercussão Geral, a decisão possui efeito vinculante em relação aos demais
órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública. Tal conjuntura ganhou ainda
mais força com a instauração do CPC/ 2015, o qual colocou a necessidade de
respeito aos precedentes em evidência.

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