Art Teorias Do Amor

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 16

TEORIAS DO AMOR

Módulo 6 | RELACIONAMENTOS POSITIVOS

Aula 03 – TEORIAS DO AMOR

PROFESSOR EVANDRO BORGES


1
TEORIAS DO AMOR
Embora nem todas as teorias relacionadas ao amor estejam diretamente ligadas à
psicologia positiva, é de extrema importância conhecê-las. Começaremos pela
teoria da Psicologia Positiva e, então, exploraremos as demais para ampliarmos
nossas percepções sobre as relações afetivas.

PSICOLOGIA POSITIVA E DEFINIÇÃO DE AMOR

De acordo com o Via Institute, o amor deve ser compreendido da seguinte forma:

“Em sua forma mais desenvolvida, o amor ocorre de forma recíproca dentro de
uma relação com outra pessoa. Representa uma postura cognitiva, comportamental
e emocional voltada para o outro que toma três formas prototípicas. Amor pais-
filho, amor filho-pais e amor romântico. Assim, esta força inclui amor romântico e
amizade, o amor entre pais e filhos, relações de aconselhamento e os vínculos
emocionais entre membros de equipes, colegas de trabalho, etc. O amor é
sinalizado pela troca de ajuda, consolo e aceitação. Envolve sentimentos positivos
fortes, compromisso e até mesmo sacrifício”.

Frases típicas para uma pessoa que tem a virtude do amor desenvolvida:

“Existe alguém cuja felicidade é tão importante para mim quanto a minha própria”.

“Existe alguém por quem eu faria quase qualquer coisa”.

“Existe alguém de quem eu odeio ficar separado por muito tempo”.

Dentro da divisão das 24 principais virtudes humanas, o amor está incluído na


Psicologia Positiva entre as virtudes da humanidade, junto da bondade e da
inteligência social. Em síntese, as virtudes da humanidade são virtudes nas quais a
personalidade manifesta um cuidado no relacionamento com os outros.

Segundo o Dr. Marting Seligman, no livro Character Strenghts and Virtues, 2004, o
conceito de amor para a Psicologia Positiva exclui o amor que não é recíproco, por
exemplo, o amor de um fã por um artista ou a paixão na qual o outro não
corresponde.
2
OS 3 CONCEITOS DE AMOR EM PSICOLOGIA POSITIVA

1) Amor paterno/materno

“A primeira forma é o amor de indivíduos que são as primeiras fontes de


afeição, proteção e cuidado. Nós contamos com eles para o nosso bem
estar e eles estão lá quando precisamos. O seu amor nos mantém seguros
e sentimos muito a sua falta quando somos deles separados”
(PETERSON E SELIGMAN, 2004, p. 304).

2) Amor filial

“Um outro tipo de amor é amor por indivíduos que dependem de nós
para se sentirem seguros. Nós o confortamos e protegemos, damos
assistência e cuidado, fazemos sacrifícios para o seu benefício,
colocamos as nossas necessidades depois das deles, e nos sentimos
felizes quando eles estão felizes” (PETERSON E SELIGMAN, 2004, p.
304).

3) Amor romântico

“A terceira forma de amor é aquele que envolve desejo apaixonado e


sexual, físico, e proximidade emocional com o indivíduo que nós
consideramos especial e que nos faz sentir especial” (PETERSON E
SELIGMAN, 2004, p. 304).
.
3
CARACTERÍSTICAS DO AMOR EM PSICOLOGIA POSITIVA
1) Realização

O amor nos completa, nos faz sentir completos, íntegros, realizados. A força do
amor sempre foi cantada por músicos e poetas. Portanto, o amor é uma força que
impacta e, como seres humanos que procuram desenvolver suas qualidades
positivas, há a vontade de amor e ser amado(a).
2) Moralidade

Moralidade aqui significa que o amor é benéfico e sempre procura fazer o bem para
o ser amado. Pelo definição da Psicologia Positiva, é impossível que o amor seja
imoral ou amoral, pois o vínculo criado entre duas pessoas será positivo e, portanto,
válido moralmente. A ideia é que qualquer um pode amar e ser amado e,
consequentemente, não existe sentido em criticar a existência do amor como algo
que extrapola os limites de uma dada moralidade. Respondendo a pergunta do
imperativo categórico de Kant: “todos podem amar?”, a resposta certamente seria
sim.

3) Valorização do outro

Ou não diminuição do outro. Quer dizer, no amor não há nada que faça com que o
outro se sinta diminuído, humilhado, para baixo. Assim, há uma valorização do
outro e este ou esta se sente realizado em ser amado.

4) O amor como traço de caráter

Segundo Peterson e Seligman, “a habilidade de amar e ser amado é um traço de


caráter, evidente ao longo do tempo e das situações. De fato, padrões de vínculo
seguro estabelecidos na infância aparecem décadas depois nos relacionamentos
românticos, assim como padrões de vínculo inseguro. Os meios específicos nos
quais tais vínculos são expressos pelas crianças, adolescentes, adultos diferem,
mas, no entanto, há uma continuidade nos processos e mecanismos, incluindo o
nível neurobiológico” (PETERSON E SELIGMAN, 2004, p. 294).

5) Distinções com outras virtudes

O amor não pode ser decomposto ou misturado totalmente com outras virtudes,
como bondade, inteligência social, esperança, humor ou vitalidade, embora o amor
possa também aparecer próximo a tais.
4
CARACTERÍSTICAS DO AMOR EM PSICOLOGIA POSITIVA

6) E os que não conseguem amar?

Seligman aponta que todos nós conhecemos pessoas que têm


dificuldade ou incapacidade total de amar. Se vermos as notícias
de famosos, encontraremos pessoas que se casaram muitas vezes
ou se olharmos ao redor, encontraremos pessoas que não
conseguem manter amizades. Há, entretanto, fatores
psicossociais envolvidos. E não devemos descartá-los, mas ao
contrário, investigarmos as origens de tais comportamentos,
como traumas em relacionamentos passados ou até mesmo
transtornos descritos no Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais (DSM-5). É evidente que uma avaliação
superficial não nos possibilitaria compreender alguns tipos de
personalidades com características que impossibilitem a
manifestação de amor ou afeto, como o transtorno da
personalidade narcísica, transtorno da personalidade antissocial,
transtorno da personalidade esquizoide, dentre outros. E acredito
ser um desafio para a psicologia positiva tentar compreender tais
características de um ponto de vista mais preciso e menos
especulatório. E aqui eu me refiro especificamente ao narcisismo
como uma forma aparente de insegurança e vazio existencial, o
que acaba, por vezes, transformando-se em vazio emocional e
baixa autoestima mascarada por uma imagem perfeccionista que
o sujeito atribui a si. Uma vez focado com a aparência física,
esquece de cultivar seus traços de personalidade emocionais e
sociais. O contrário disso é a autoestima, sentir-se bem consigo
mesmo e com os outros.
5
TEORIAS DO AMOR
Os primeiros estudos científicos de Zick Rubin sobre o
amor (1973), influenciaram as teorias que surgiram
depois.

As principais teorias científicas do amor:

 Teoria dos Três Modelos do Amor (Kelley)


 Teoria das Cores do Amor (Lee)
 Teoria Triangular do Amor (Sternberg)
 Teoria dos Estilos de Apego (Bowlby; Hazan &
Shaver.

TEORIA DOS TRÊS MODELOS DE AMOR

Kelley, (1982).
Berscheid e Walster, (1978).

Três Modelos:
 AMOR PASSIONAL: amor-paixão;
 AMOR PRAGMÁTICO: amor-companheiro;
 AMOR ALTRUÍSTA: amor-cristão.
6
MODELO DO AMOR PASSIONAL:
AMOR-PAIXÃO
Ênfase em precisar do outro.
• Necessidades de se afiliar aos outros, dependência,
exclusividade.

Atração física, excitação sexual, tesão e paixão.


Surgimento súbito e duração breve.
Pouco controle sobre o curso da relação, irracional,
emocional.

Falta e idealização:
• Quanto mais carentes (insatisfeitos conosco), mais
estamos vulneráveis ao amor.
• Aí mais idealizamos o objeto do nosso amor,
fantasiamos um tipo ideal, que com o passar do tempo,
nem sempre corresponde às nossas expectativas
(idealizadas).
7
MODELO DO AMOR PRAGMÁTICO:
AMOR-COMPANHEIRO

 Ênfase na tolerância e na confiança do amor.


 Ocorre em relacionamentos maduros (adultos) e
duradouros.
 Envolve um lento e controlado processo para se
desenvolver.
 Exige conhecimento, confiança, compreensão
mútuos.
 Baseia-se no respeito, compromisso, admiração e
lealdade.
8
MODELO DO AMOR ALTRUÍSTA:
AMOR-CRISTÃO

 Ênfase no cuidado do amor.

 Não espera reciprocidade, recompensas.

 Preocupa-se com o bem-estar do outro, com a


felicidade dele mais do que com a sua própria.

Kelley, (1982).
Berscheid e Walster, (1978).

Nota:

Embora os estudos de Kelley, Berscheid eWalster tenham


focado no modelo de amor altruísta baseado no que eles
denominaram de “amor-cristão”, hoje a psicologia positiva
admite que o altruísmo é um traço de personalidade, uma força
de caráter. Em outras palavras, o amor altruísta também pode se
manifestar de outras formas e em diferentes grupos religiosos /
espiritualistas ou não.
9
TEORIA DAS CORES DO AMOR

John Allan Lee (sociólogo canadense).


Pesquisou mais de 4000 opiniões sobre o
amor desde Platão.
6 tipos de amor:

• O amor é plural (multidimensional) e não


hierarquia entre os tipos;

• A pessoa, ao longo da vida, pode se


adaptar, dependendo do momento e do
par, ora a um ora a outro tipo de amor.

• Há 3 tipos básicos (Eros, Storge e Ludus)


que se combinam formando outros
subtipos (Mania, Pragma e Agape), e
outras combinações também são
teoricamente possíveis.

Lee, John Alan. (1988) Estilos de Amor. Em: Sternberg,


Robert J .; Barnes, Michael L. (orgs.) A psicologia do
amor . New Haven: Universidade de Yale.
10
TEORIA DAS CORES DO AMOR
Eros (vermelho): (semelhante ao modelo passional):
• Desejo sensual, amor erótico, fogo, tesão,
volúpia.
• Emoções fortes, viver intensamente cada
momento.
• Amor à primeira vista: fácil identificação do
parceiro ideal (fantasia).
Storge (amarelo): (semelhante ao modelo
pragmático):
• Companheiro, amigo, carinhoso.
• Desenvolvimento lento e gradual, calmo,
sem emoções fortes.
• Conhecer para depois amar, acostumar-se
ao parceiro.
Ludus (azul): (colecionador de relacionamentos):
• Brincadeira, diversão, curtição, de curta duração.
• Sem compromisso e possessividade, com
independência.
• Sem exclusividade, troca-troca, sem envolvimento
emocional.
11
TEORIA DAS CORES DO AMOR
Mania (violeta): (Eros+Ludus):
• Possessivo, ciumento, grudento, obsessivo.
• Emoções fortes: sofrimento, depressivo,
agressão.
• Exige provas de fidelidade e demonstrações de
amor.

Pragma (verde): Ludus+Storge ( do modelo


pragmático):
• Busca um parceiro compatível (interesse,
personalidade, religião, nível socioeconômico,
educacional, cultural...).
• Prático, calculista, planejado, meticuloso,
racional, não emocional (pensa com a cabeça e
não com o coração).

Ágape (laranja): Eros+Storge ( ao modelo altruísta)


Amor cristão: doação, desprendimento, doação,
sacrifício.
• Preocupação e cuidado com o outro (bem-estar e
felicidade): mais cabeça do que coração.
• Em 1º lugar o parceiro e seus sentimentos, se for
para o bem do parceiro, ele abre mão do seu
12

amor.
TEORIA TRIANGULAR DO AMOR
Robert Sternberg (um dos maiores psicólogos
americanos da atualidade).
3 componentes essenciais que se combinam para
formar 7 tipos de amor:
• Intimidade (componente emocional):
• Semelhante ao modelo pragmático e Storge.
• Sentimento de proximidade, vinculação,
compreensão, companheirismo, apoio,
cumplicidade, reciprocidade.
• Paixão (componente motivacional):
• Semelhante ao modelo passional e Eros.
• Atração física, instinto sexual, erotismo,
sexualidade.
• Decisão/comprometimento (componentes
cognitivos):
• Decisão de que amamos uma pessoa (escolha a
curto prazo);
• Comprometer-se a manter uma relação (a longo
prazo) .

Sternberg, Robert J. (1989) O Triangulo do amor:


intimidad, compromisso passivo . Barcelona.
13
TEORIA TRIANGULAR DO AMOR

TIPO INTIMIDADE PAIXÃO DECISÃO- OBSERVAÇÃO


COMPROMISSO

Amizade + - - Gostar
(liking)

Amor à 1a. - + - Idealização,


vista excitação.

Amor vazio - - + Só aparências,


um negócio

Amor + + - Amor de verão,


romântico sem futuro

Amor + - + Só bons amigos


companheiro (sem erotismo)

Amor fátuo - + + Hollywoodiano,


estressante
Amor + + + Amor completo,
verdadeiro ideal, utópico

Sternberg, Robert J. (1989) O Triangulo do amor:


intimidad, compromisso passivo . Barcelona.
14
TEORIA DOS ESTILOS DE APEGO
Os 3 estilos de apego adulto propostos por Hazan &
Shaver, baseados na Teoria do Apego de Bowlby. As
porcentagens representam os resultados
predominantes nas pesquisas.
• Seguro (55%):
• Considero relativamente fácil chegar perto
dos outros e não tenho problemas em
depender deles. Não me preocupo muito em
ser abandonado ou com alguém chegar muito
próximo de mim.

• Ansioso-ambivalente (20%):
• Considero que os outros relutam em chegar
tão próximos quanto eu gostaria. Muitas
vezes me dou conta de que meu (minha)
parceiro(a) não me ama de verdade e não
quer estar comigo. Quero chegar muito perto
de meu (minha) parceiro(a), e isso às vezes
assusta as pessoas e as afasta.
• Evitativo (25%):

• Fico um pouco desconfortável ao estar perto


dos outros, considero difícil confiar neles
completamente e me permitir depender deles.
Fico nervoso quando alguém chega muito
perto e, muitas vezes, parceiros(as)
amorosos(as) querem que eu seja mais íntimo
do que me sinto confortável.
15
Referências:

American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de


transtornos mentais. Artmed Editora.
Berscheid, E. and Walster, E.H. (1978) Interpersonal Attraction. Addison-Wesley,
Reading, MA.
Bowlby, J.(1973/1984) Apego e perda: Separação. São Paulo: Martins Fontes, vol. 2.
Bretherton, I. (1992) The origins of attachment theory: John Bowlby and Mary
Ainsworth. Developmental Psychology, vol. 28, nº 5, pp. 759-775.
Hazan, C., & Shaver, P. (1987). Romantic love conceptualized as an attachment
process.Journal of Personality and Social Psychology, 52, 511-524.
Kelley, H., McLane, D., Levitan, D. & Steck, L. (1982) Care, need, and conceptions of
love. Journal of Personality and Social Psychology, 43( 3), 481-491.
Lee, John Alan. (1988) Estilos de Amor. Em: Sternberg, Robert J .; Barnes, Michael L.
(orgs.) A psicologia do amor . New Haven: Universidade de Yale.
Peterson, C., & Seligman, M. E. P. (2004). Character strengths and virtues: A handbook
and classification. Washington, DC: American Psychological Association.
Rubin, Zick. (1973) Gostando e amando. Um convite para a psicologia social . Nova
York: Holt, Rinehart e Winston, Inc.
Seligman, M. E. P. (2004). Felicidade Autêntica. Rio de Janeiro: Objetiva.
Seligman, M. E. P. (2011). Florescer - uma nova e visionária interpretação da felicidade
e do bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva.
Sternberg, Robert J. (1989) O Triangulo do amor: intimidad, compromisso passivo .
Barcelona.
VIA - Institute on Character. Forças de Caráter. Sabedoria. Disponível em:
< https://www.viacharacter.org/www/Character-Strengths> Acesso em 06 de Mai. 2018.
16

Você também pode gostar