Caracterizacao Da Bacia Do Pompue

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 30

Augusto Virgílio Samuel

Faiza Osmane Barry

Necésio Coutinho Ussaca

Nelson Francisco Neves Muzila

Orlísio Sean Orlando Massingue

CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA BACIA DO RIO POMPUÉ

Licenciatura em Engenharia Civil

Universidade Pedagógica

Maputo

2019
Augusto Virgílio Samuel

Faiza Osmane Barry

Necésio Coutinho Ussaca

Nelson Francisco Neves Muzila

Orlísio Sean Orlando Massingue

CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA BACIA DO RIO POMPUÉ

Trabalho realizado na cadeira de


Hidrologia da Universidade
Pedagógica, do curso de Engenharia
Civil Laboral sob orientação do Engº.
Fernando Namburete

Universidade Pedagógica

Maputo

2019
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 2
1.1 Objectivos......................................................................................................................... 3
1.1.1 Gerais ........................................................................................................................ 3
1.1.2 Específicos ................................................................................................................ 3
1.2 Metodologia de trabalho................................................................................................... 3
2 REVISÃO BIBIOGRAFICA .................................................................................................. 4
2.1 Ciclo Hidrológico ............................................................................................................. 4
2.2 Balanço Hídrico................................................................................................................ 4
2.3 Bacia hidrográfica ............................................................................................................ 5
2.3.1 Importância da bacia hidrográfica para estudos hídricos .......................................... 5
3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ..................................................... 7
4 CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO POMPUÉ ..... 8
4.1 Características geométricas .............................................................................................. 8
4.1.1 Área de drenagem ..................................................................................................... 8
4.1.2 Perímetro ................................................................................................................... 8
4.1.3 Forma da bacia .......................................................................................................... 8
4.2 Características do sistema de drenagem ......................................................................... 11
4.2.1 Ordem ..................................................................................................................... 11
4.2.2 Densidade de drenagem (λ). ................................................................................... 12
4.3 Características do relevo da bacia .................................................................................. 13
4.3.1 Declividade da bacia ............................................................................................... 13
4.3.2 Altitude média da bacia .......................................................................................... 13
4.3.3 Curva hipsométrica ................................................................................................. 13
4.3.4 Altitude média ......................................................................................................... 15
4.3.5 Altura média............................................................................................................ 16
4.3.6 Perfil do rio ............................................................................................................. 16
4.3.7 Inclinação do leito ................................................................................................... 19
4.4 Características de geologia, solos, vegetação e tipo de ocupação .................................. 19
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 20
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 21
ANEXOS ...................................................................................................................................... 22
Listas de tabela

Tabela 1: valores para elaboração da curva Hipsométrica………………………………………13

Tabela 2: cotas média em relação as áreas………………………………………………………14


Tabela 3: Comprimento e a cota do perfil do rio principal da bacia hidrográfica do Pompué….17

Listas de figuras
Figura 1: Ciclo hidrológico, fonte: Manual de Avaliação Ambiental Integrada de Bacia
Hidrográfica .................................................................................................................................... 4
Figura 2: Bacia hidrográfica, fonte: Manual de Avaliação Ambiental Integrada .......................... 5
Figura 3: Bacia Hidrográfica fonte: internet ................................................................................... 6
Figura 4: Localização no mapa da bacia do Pompué, fonte: autor ................................................. 7
Figura 5: Critério de Horton para bacia de Pompué, fonte: Autor................................................ 12
Figura 6: Curva Hipsométrica, fonte: Autor ................................................................................. 14
Figura 7: Perfil do rio do afluente principal, fonte: Autor ............................................................ 18
Figura 8: Perfil do rio do curso de água principal ........................................................................ 17
1 INTRODUÇÃO

A Bacia Hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso de água ou por
um sistema conectado de cursos de água, tal que todo caudal efluente seja descarregada por uma
simples saída (TUCCI & MENDES, 2006).

Segundo HIPOLITO & VAZ (2012) as bacias hidrográficas dividem-se em dois principais grupos
exorreica e endorreica, em que as exorreicas são caracterizadas por ter precipitação como única
entrada de água, a evaporação e evapotranspiração mais escoamento através da secção de
referência da bacia hidrográfica, diferindo das endorreicas que não apresentam a secção de
referência.
As bacias hidrográficas tem uma grande importância no estudo de gestão dos recursos hídricos,
daí a importância de conhecer o comportamento da bacia hidrográfica, sendo que estas dependem
fundamentalmente das características climáticas e fisiográficas, onde as climáticas são as que
incluem ou determinam a precipitação e a evaporação na região e as fisiográficas podem ser
agrupadas de acordo com as características geométricas, a rede fluvial de drenagem e geologia, o
tipo e o uso dos solos (HIPOLITO & VAZ, 2012).

Ainda para HIPOLITO & VAZ (2012) o comportamento hidrológico duma bacia hidrográfica é
essencialmente uma função das características climáticas da região e das características
fisiográficas da bacia, isto é para poder-se caracterizar uma bacia importa antes conhecer a sua
fisiografia e clima. O presente estudo cinge na caracterização fisiográfica da bacia do rio Pompué.
isto é, caracterizar-se-á a geometria da bacia, no que diz respeito a sua forma, tamanho, rede fluvial
de drenagem, a sua área de ocupação, a sua geologia junto do tipo e uso dos solos. Esta bacia
também constitui uma sub-bacia da bacia do Zambeze, no curso de água principal do rio Zambeze
conflue o rio Pompué, isto é, o rio pompué desagua no rio Zambeze.
1.1 Objectivos
1.1.1 Gerais
 Analisar e caracterizar fisiograficamente a bacia do rio Pompué;

1.1.2 Específicos
 Localizar geograficamente e fazer a delimitação da bacia do rio Pompué;
 Determinar as características geométricas da bacia hidrográfica em estudo;
 Representar a escala a bacia e as sub-bacias do rio Pompué;
 Caracterizar e desenhar o sistema de escoamento das águas na bacia, isto é, os rios
principais, os seus afluentes e os pontos de confluência dos rios;
 Caracterizar o grau de ramificação da rede hidrográfica da bacia pelo critério de Horton;
 Localizar as estações Hidrométricas e Pluviómetricas;

1.2 Metodologia de trabalho


O presente trabalho foi realizado baseado na recolha de dados tendo como alicerce:
 Consultas literárias disponíveis em bibliotecas;
 Consultas nas plataformas digitais com o acesso a internet;
 Uso de softwares como QGIS e ARCGIS para a caracterização e localização da bacia
hidrográfica;
2 REVISÃO BIBIOGRAFICA
2.1 Ciclo Hidrológico
O ciclo hidrológico descreve os diversos caminhos através dos quais a água na natureza circula e se
transforma, constituindo um sistema complexo. O ciclo hidrológico não tem início ou fim (HIPOLITO
& VAZ, 2012).

Figura 1: Ciclo hidrológico, fonte: Manual de Avaliação Ambiental Integrada de Bacia Hidrográfica

2.2 Balanço Hídrico


Balanço hídrico é a equação da continuidade aplicada a uma certa região durante determinado período
de tempo e escrita em função das variáveis do ciclo hidrológico, divididas em dois principais grupos I
de “in put” que simbolizam as variaveis de entrada numa determinada região e O de “out put” que
simbolizam as variaveis de saida. A diferença dos ”in put” da região pelos “out put” é a variação do
volume de armazenamento do sistema num determinado tempo.
O balanço hídrico é uma ferramenta muito útil e que é utilizada numa variedade de situações. Exemplo
disso é a estimação do erro global cometido na medição ou estimação das variáveis hidrológicas,
quando todas as variaveis que entram no balanço hídrico são conhecidas. No caso da albufeira de uma
barragem, o balanço hídrico pode escrever-se em termos de volumes contabilizados durante um
intervalo de tempo.
Segundo HIPOLITO & VAZ (2012) quando aregião considerada é a bacia hidrográfica e quando se
adotam longos períodos de tempo, da ordem de 30 anos ou mais, não há, em condições naturais, outra
entrada de água além da precipitação e há uma única saída de água. Por outro lado, num longo período
de tempo, a variação do volume armazenado pode ser desprezada perante os valores acumulados das
outras variáveis.

2.3 Bacia hidrográfica


Uma bacia hidrográfica de um curso de água é uma área de captação natural da água da precipitação
que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório. É composta basicamente
por um conjunto de superfícies vertentes de uma rede de drenagem formada por cursos de água que
confluem até resultar um leito único na saída (da Paz, 2004) . Bacia hidrográfica é, portanto, uma área
definida topograficamente, drenada por um curso de água ou por um sistema conectado de cursos de
água, de forma tal que todo caudal efluente seja descarregado por uma simples saída. Pode ser
considerada um sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o volume de
água escoado pelo exutório, considerando-se como perdas intermediárias os volumes evaporados,
transpirados e também os infiltrados profundamente. (TUCCI & MENDES, 2006).

Figura 2: Bacia hidrográfica, fonte: Manual de Avaliação Ambiental Integrada

de Bacia Hidrográfica

A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis dos terrenos que direcionam os
cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas. É uma área geográfica e, como
tal, mede-se em km².

2.3.1 Importância da bacia hidrográfica para estudos hídricos


A bacia hidrográfica constitui também a unidade mais conveniente para a gestão dos recursos
hídricos para estudos hidrológicos assim como estudo de gestão hídrica, pois é a nível da bacia
que se verificam as relações mais estreitas entre:
 Recursos hídricos numa secção de um curso de água e recursos hídricos noutra secção à
jusante da primeira;
 Recursos de água superficiais e de águas subterrâneas;
 Consumos de água e rejeição de efluentes a montante e disponibilidade de água à jusante,
em termos de quantidade e qualidade;
 Modificações na ocupação do solo ou obras hidráulicas no rio e nas margens e
consequentes modificações morfológicas ou das características do escoamento à montante
e à jusante, por vezes a distâncias de dezenas de quilómetros.

Figura 3: Bacia Hidrográfica fonte: internet

As bacias hidrográficas são confundidas com regiões hidrográficas, porém as bacias hidrográficas
são menores embora elas possam subdividir se em sub-bacias (por exemplo a bacia de pompué
que é a bacia de estudo é uma sub-bacia da bacia hidrográfica do Zambeze), enquanto as regiões
hidrográficas podem abranger mais de uma bacia.
3 CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO
A bacia do Pompué constitui uma das bacias hidrográficas existentes em Moçambique localizada
na zona centro do país, concretamente nas províncias de Sofala e Manica, na qual apresenta um
efluente principal que leva o mesmo nome da bacia. O rio Pompué tem a sua nascente na província
de Manica com uma latitude de -16.89 e longitude 34.66 (16º53’28”S 34º39’38’’E / 16.89111ºS
34.66056ºO) e desagua no rio Zambeze na província de Sofala, com uma latitude de -17,58 e
longitude 33,72. (17º35’04”S 33º43’11’’E/ 17.58444ºS 33.71972ºO). A bacia do Pompué tem uma
área de 5809.10km2.

Figura 4:Localização no mapa da bacia do Pompué, fonte: autor


4 CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO POMPUÉ
As características fisiográficas da bacia podem ser agrupadas de acordo com as seguintes
características:
 Geométricas;
 Sistema de drenagem;
 Relevo;
 Geologia, solos, vegetação, uso do solo.

4.1 Características geométricas


4.1.1 Área de drenagem

Segundo HIPOLITO & VAZ (2012) A área de drenagem, A, é a área da projeção horizontal da
superfície da bacia hidrográfica, sendo normalmente determinada por planimetria ou por utilização
de SIG (sistema de informação geográfica). A bacia do Pompué ocupa uma área de drenagem na
sua extensão de 5809.10 Km2.

A área de drenagem tem uma grande influência nos valores dos escoamentos, uma vez que, em
regiões com características climáticas semelhantes e valores próximos de precipitação, os
escoamentos tendem a ser, duma maneira geral, funções crescentes da área. Esta relação é, no
entanto, muito afetada pelas características fisiográficas das bacias.

4.1.2 Perímetro
O perímetro da bacia, P, é o perímetro da projeção horizontal da superfície da bacia hidrográfica.
Segundo (HIPOLITO & VAZ, 2012) baseado em Quintela (1996) sugere que o perímetro deve ser
medido depois de se adoçar o contorno, para evitar pequenas irregularidades que fazem aumentar
o perímetro sem no entanto exercerem influência significativa no processo do escoamento.
Baseado no método acima referido a bacia hidrográfica em estudo, que é a bacia do Pompué
apresenta um perímetro ao longo do seu contorno de 470.31 Km.

4.1.3 Forma da bacia


Afeta diretamente o tempo de transformação da chuva em escoamento. Tem efeito sobre o
comportamento hidrológico da bacia, como por exemplo, no tempo de concentração.
a) Coeficiente de compacidade (Kc) – Indice de Gravélius: é a relação entre o perímetro
da bacia e o perímetro de um círculo de mesma área que a bacia. Kc é um valor adimensional
que não depende da área, mas da forma da bacia, um valor de Kc mais próximo da unidade
pode, em igualdade de outros fatores, indicar uma maior tendência para pontas de cheia mais
altas nessa bacia.
Formula 1:
𝑃 𝑃
Kc = =
2𝜋𝑅 𝐴
2𝜋√𝜋

470.31
= = 1.74
5809.07
2𝜋√ 𝜋

Observação:
A bacia do Pompué apresenta um índice de compacidade de 1.74 o que torna esta bacia menos
compacta por apresentar um Kc não próximo de 1, porque a compacidade da bacia é definida segundo
a proximidade do Kc a uma unidade

b) Fator de forma (Kf) – índice de conformidade: Segundo HIPOLITO & VAZ (2012) o
fator de forma, Kf, é a relação entre a largura média e o comprimento da bacia. O comprimento
da bacia é definido como o comprimento, L, do seu curso de água mais longo. A largura média,
ℓ, é definida como a largura dum retângulo com o mesmo comprimento e com a mesma área.
O rio Pompué que é a linha do curso de água mais longo da bacia Pompué possui um
comprimento de 204.71 km, dai que possui o seguinte factor de forma.
Formula 2:

𝐴 ℓ 𝐴 5809.07
ℓ= ; 𝐾𝑓 = = 2= = 0.14
𝐿 𝐿 𝐿 (204.71)2

Observação:
A bacia do Pompué apresenta uma forma estreita devido ao seu baixo valor de fator de forma
0.137, o que torna menos provável a ocorrência de chuvas intensas cobrindo simultaneamente toda
a sua extensão e também devido ao seu baixo valor de Kf tem tendência para cheias com pontas
menores.
c) Retângulo equivalente e índice de alongamento
O retângulo equivalente é o retângulo com área e perímetro iguais aos da bacia, isto é:

Fórmula 3: 2 × (Le + le) = P


Le × le = A

Formula 4:

𝑃 𝑃2 470.31 470.312
𝐿𝑒 = +√ −𝐴 = +√ − 5809.07 = 207.10 𝑘𝑚
4 16 4 16

𝑃 𝑃2 470.31 470.312
𝑙𝑒 = − √ −𝐴= − √ − 5809.07 = 28.05 𝑘𝑚
4 16 4 16

2 × (𝐿𝑒 + 𝑙𝑒) = 𝑃
2 × (207.10 + 28.05 ) = 470.31
470.31 = 470.31 OK.

𝐿𝑒 × 𝑙𝑒 = 𝐴
207.10 × 28.05 = 5809.07
5809.07 𝑘𝑚2 = 5809.07 𝑘𝑚2 𝑂𝐾.

O retângulo equivalente permite definir o índice de alongamento, KL, como sendo a relação entre Le e
le.
Formula 5:
𝐿𝑒 207.10 𝑘𝑚
𝐾𝑙 = = = 7.38
𝑙𝑒 28.05 𝑘𝑚
Observação:

A bacia de Pompué por apresentar um KL de 7.38 não próximo de 1 e superior a 2 possui uma menor
tendência para cheias. Pode ver-se que se verifica com bastante aproximação que.

𝐿𝑒
Formula 6: 𝐾𝑐 = 1 + 𝑙𝑒 × 0.1 = 1 + 7.38 × 0.1 = 1.740
Nota: Para o índice de Gravelius Kc e para o fator de forma Kf , também valores de KL próximos de 1
dão uma indicação preliminar de maior propensão para cheias, ao passo que valores superiores a 2
indicam uma menor tendência para cheias (HIPOLITO & VAZ, 2012).
A bacia em estudo possui um Kc de 1.740, Kf igual a 0.137 e um Kl de 7.38 o que dá a indicar que
esta apresenta uma menor tendência para cheias.

4.2 Características do sistema de drenagem


4.2.1 Ordem
A ordem dos cursos de água é uma classificação para caracterizar o grau de ramificação da rede
hidrográfica da bacia. Pode ser determinada a partir dum mapa em que estejam representados todos
os canais naturais suficientemente bem definidos, que correspondam a cursos de água perenes,
intermitentes ou efémeros (HIPOLITO & VAZ, 2012).
Os cursos de água maiores possuem seus tributários, que por sua vez possuem outros até que
chegue aos minúsculos cursos de água da extremidade. Normalmente, quanto maior o número de
ramificações maior serão os cursos de água. Dessa forma, podem-se classificar os cursos de água
de acordo com o número de bifurcações (PEDRAZZI, 2003).
A bacia hidrográfica do Pompué apresenta a linha de água do rio Pompué como a de ordem 4, isto
é, é a linha principal da Bacia segundo o critério de Horton, sendo esta a linha de maior extensão
desde a montante até a jusante da bacia, e por ser a linha de água do rio principal. O afluente de
ordem 3 é o confluente principal da bacia por este apresentar menor ângulo relativamente ao curso
principal de água. Assim como ilustra a figura abaixo.
Figura 5: Critério de Horton para bacia de Pompué, fonte: Autor

4.2.2 Densidade de drenagem (λ).


A densidade de drenagem λ, é a relação entre o comprimento total dos cursos de água duma bacia,
sejam eles perenes, intermitentes ou efémeros, e a área da bacia. O comprimento total de cursos de
água da bacia de Pompué é de 536903.3161m.

Formula 7:
∑𝑛𝑖 𝑙𝑖 536.9
𝜆= = = 0.092 𝑘𝑚−1
𝐴 5809.07

Percurso médio sobre o terreno da bacia é:


Formula 8:
1 1
𝐿𝑝 = = = 5.43 𝑘𝑚
2𝜆 2 × 0.092
Observação:
Com base nesses valores da densidade de drenagem e o percurso médio sobre o terreno podemos falar
da tendência para a ocorrência de cheias na bacia hidrográfica, devido ao valor baixo da densidade de
drenagem em relação ao valor do percurso médio sobre o terreno podemos concluir que na bacia
hidrográfica do Pompué a precipitação vai originar, sobretudo, um escoamento sub-superficial e um
escoamento subterrâneo, que se processam com muito mais lentidão, não originando por isso pontas
de cheia elevadas
4.3 Características do relevo da bacia
Influencia os fatores hidrológicos e meteorológicos, pois, a velocidade do escoamento Superficial
é determinada pela declividade do terreno, enquanto a temperatura, a precipitação e evaporação
são funções da altitude da bacia.

4.3.1 Declividade da bacia


Está directamente associada ao tempo de duração do escoamento superficial e de concentração da
precipitação nos leitos dos cursos de água. Quanto maior a declividade de um terreno, maior a
velocidade de escoamento, menor Tc e maior as perspectivas de picos de enchentes. A magnitude
desses picos de enchente e a infiltração da água, dependem da declividade média da bacia,
associada à cobertura vegetal, tipo de solo e tipo de uso da terra (TUCCI & MENDES, 2006).

4.3.2 Altitude média da bacia


Dada pela curva hipsométrica: representa o estudo da variação da elevação dos vários terrenos da
bacia com referência ao nível médio do mar.

4.3.3 Curva hipsométrica


Segundo HIPOLITO & VAZ (2012) curva hipsométrica é a curva A (z), em que A é a área da bacia
que se situa acima da altitude ou cota z referida ao nível do mar. A área pode ser expressa em km 2 ou
em percentagem da área total da bacia. A curva hipsométrica é obtida a partir da carta hipsométrica,
carta onde a representação das altitudes é feita por curvas de nível ou por qualquer outro processo de
representação gráfica, como uma carta topográfica. A tabela abaixo apresenta a relação das cotas
retiradas a partir das curvas de nível e as áreas relativas as tais curvas, para posterior construção da
curva hipsométrica da bacia hidrográfica de Pompué que abaixo se apresenta.
Tabela 1: valores para elaboração da curva Hipsométrica: Autor

Cota Área Área Acumulada Área Área Acumulada


(m) (Km2) (Km2) (%) (%)

100 83.862 5805.259 1.445 100.000


200 773.857 5721.397 13.330 98.555
300 1169.143 4947.540 20.139 85.225
400 698.391 3778.397 12.030 65.086
500 1139.674 3080.006 19.632 53.055
600 1166.995 1940.332 20.102 33.424
700 600.513 773.337 10.344 13.321
800 172.616 172.824 2.973 2.977
900 0.000 0.208 0.000 0.004
1100 0.071 0.208 0.001 0.004
1200 0.137 0.137 0.002 0.002
Total 5805.259 - 100.000 -

Curva Hipsometrica
1400

1200

1000

800
z (m)

600

400

200

0
-20 0 20 40 60 80 100 120
% Area total

Figura 6: Curva Hipsométrica, fonte: Autor

Observação:

Da curva hipsométrica acima pode dizer se que um pouco mais de 60% da área da bacia
hidrográfica do Pompué está á cota de 400 m, também pode se notar de forma clara através da
curva hipsométrica, que o nosso afluente não desagua no oceano, isto aconteceria se a secção de
referencia do rio partisse de uma altitude 0m, o que não é o caso da bacia hidrográfica em estudo.

4.3.4 Altitude média


A altitude média da bacia, Z, é dada pela expressão:

Formula 9:
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
∫0 𝑧 𝑑𝑎
𝑧̅ =
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Pode-se também conseguir uma boa aproximação assimilando o integral a um somatório:


Formula 10:
𝑛
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
∫ 𝑍𝑑𝑎 = ∑ 𝑧𝑖𝐴𝑖
0 𝑖=𝑛

A tabela abaixo apresenta os valores das cotas médias junto das respetivas áreas da bacia de Pompué,
para posterior determinação da cota média.

Tabela 2: cotas média em relação as áreas, fonte: Autor

Cota Média Área


Cota (m) ZiAi
(km) (Km2)

0 -100 0.05 83.862 4.193


100 – 200 0.15 773.857 116.079
200 -300 0.25 1169.143 292.286
300 – 400 0.35 698.391 244.437
400 – 500 0.45 1139.674 512.853
500 – 600 0.55 1166.995 641.847
600 - 700 0.65 600.513 390.333
700 - 800 0.75 172.616 129.462
800 - 900 0.85 0.000 0.000
900 - 1100 1 0.071 0.071
1100 - 1200 1.15 0.137 0.158
Total 5805.259 2331.719
Assim partindo das fórmulas 9 e 10 tem-se como altura média da bacia:

𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
∫0 𝑧 𝑑𝑎 ∑𝑛𝑖=𝑛 𝑧𝑖𝐴𝑖 2331.72
𝑧̅ = = = = 0.40166 𝑘𝑚 = 401.66 𝑚
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 5805.26
A bacia do rio Pompué possui uma cota média de 401.66m, altitude máxima de 1200 m, altitude
mínima de 100 m

4.3.5 Altura média


̅ , é dada pela expressão da formula 11, em que conhecendo a altitude mínima da bacia
A altura média H
ou altitude da secção de referência, Zmin, pode calcular-se a altura média da bacia hidrográfica através
da formula 12.

Fórmula 11:
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
∫0 ℎ 𝑑𝑎
̅=
𝐻
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Formula 12: ̅ = 𝑍̅ − 𝑍𝑚𝑖𝑛


𝐻
̅ = 401.66 − 100 = 301.66 𝑚
𝐻
Observação:
Com base no valor obtido da altura média pode se dizer em relação a bacia hidrográfica, que por
esta possuir uma altura média menor, que implica que a bacia é muito pouco acidentada.
Característica essa que permite, o aproveitamento das quedas de alturas para produção
hidroeléctrica, que não é o caso da bacia em estudo.

4.3.6 Perfil do rio


O perfil do rio é a representação gráfica da função z (L), em que z é a cota duma dada secção do
rio, e L, a respetiva distância à secção de referência. Para os rios principais, a secção de referência
habitualmente adotada é a foz do rio; para os afluentes, toma-se normalmente como secção de
referência a secção de confluência (HIPOLITO & VAZ, 2012).
4.3.6.1 Perfil do rio do curso de água principal

Perfil do rio do curso de água principal


700

600

500

400
h(m)

300

200

100

0
0 50000 100000 150000 200000 250000
L (m)

Figura 7: Perfil do rio do curso de água principal, fonte: Autor

Observação:

O perfil do rio do curso de água principal como é o habitual, apresenta na montante uma inclinação
que varia de 659 a 394 m de cota, com uma extensão de 70 km, sendo esta inclinação superior aos
de mais troços intermédios deste curso, Este também apresenta poucas zonas planas, dentre elas o
troço de cota 99 á 99 m com uma distância de 10 km, o que torna este curso muito pouco vulnerável
a inundações, por possuir mais zonas de quedas que planas.
4.3.6.2 Perfil do rio do afluente principal da bacia hidrográfica
Tabela 3: Comprimento e a cota do perfil do rio do afluente principal da bacia hidrográfica do Pompué,
fonte: Autor

Comprimento Cotas
(m) (m)
100000 163
90000 198
80000 224
70000 257
60000 270
50000 340
40000 350
30000 407
20000 416
10000 479

Perfil do Rio do afluente principal


600
479
500
416 407
400 350 340
h( m)

270 257
300
224
198
200 163

100

0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000
L (m)

Figura 8: Perfil do rio do afluente principal, fonte: Autor

Observação:
Pode notar-se através do perfil do rio acima representado, que no intervalo da cota 479 a 416 m o
rio apresenta uma zona de queda ao longo de 10 km, depois mantem-se por 10 km quase plana,
isto no troço 416 a 407 m, volta a ocorrer uma queda de 407 até a 350 m com uma distancia de 10
km, regista-se uma tendência de zona plana no intervalo da cota 350 a 340 m, apresentando uma
queda de 340 a 270 m, de 270 a 257 m apresentam se menos planas ainda em comparação as zonas
quase planas acima mencionadas, do troço com a cota a montante de 257m e a jusante de 163 é a
zona de maior queda ao longo do rio Pompué, com uma extensão de 50 km. De salientar que zonas
quase planas são susceptíveis de inundações e a diferença da topografia ao longo do rio dá-se
devido ao lento processo de erosão hídrica e transporte dos sedimentos para jusante que ocorrem
durante o escoamento das águas.

4.3.7 Inclinação do leito


O declive médio do leito obtém-se dividindo a diferença entre as cotas máxima e mínima do leito
pelo comprimento do rio. É também possível calcular de modo análogo o declive médio dum
determinado troço do rio. Para o curso de água principal as cotas máxima e mínima são iguais a
659 e 73 metros respectivamente, e o comprimento do rio é de 210 000 metros, obtendo assim uma
inclinação média de 0.0028. Para o principal afluente as cotas máxima e mínima são iguais a 479
e 163 metros respectivamente e o comprimento do rio é de 100 000 metros, obtendo assim uma
inclinação média de 0.0032.

4.4 Características de geologia, solos, vegetação e tipo de ocupação


Características geológicas da bacia tem relação direta com a infiltração, armazenamento da água
no solo e com a suscetibilidade de erosão dos solos.
Segundo HIPOLITO & VAZ (2012) a cobertura vegetal também tem muita importância para os
fenómenos hidrológicos. A vegetação aumenta a interseção da precipitação e retarda o escoamento
superficial, assim aumentando a quantidade de água que se infiltra. A vegetação também absorve
parte importante da energia cinética das gotas da chuva, evitando a desagregação do solo e que as
partículas mais finas preencham os poros mais grosseiros, o que iria diminuir a permeabilidade
dos terrenos.
A vegetação oferece maior resistência ao escoamento superficial que o solo desmatado, o que ajuda
a diminuir a erosão superficial dos terrenos e origina cheias menos intensas. Em anexo apresenta-
se algumas imagens que caracterizam a bacia hidrográfica do Pompué, no que diz respeito as suas
características geológicas junto da vegetação, ocupação do solo e as localizações no mapa estações
pluviométricas arredores da bacia.
5 CONCLUSÃO
Uma bacia hidrográfica, é uma zona de grande relevância de estudo pois esta região alberga um
dos mais importantes líquidos na natureza, neste caso a água.
Conhecendo as características fisiográficas duma determinada região, estas servirão de bases para
possível locação de obras hidráulicas que são importantes para distribuição de água ás
comunidades ou para uma gestão de recursos hídricos para um país.
A bacia hidrográfica do rio Pompué, localizada na província de Manica, é caracterizada
fisiograficamente por ocupar uma área de drenagem de 5809.10 km2 na sua geometria, sendo esta
menos compacta, apresentando uma forma estreita, um coeficiente de alongamento não próximo de
1 e superior a 2.
Em relação as características de drenagem a bacia de Pompué apresenta um valor baixo da
densidade de drenagem em relação ao valor do percurso médio sobre o terreno, características essas
que junto dos resultados obtidos nas características geométricas confere a tendência de ocorrência de
cheias com pontas menores na bacia.
Baseado no critério de Horton, quanto grau de ramificação a bacia do Pompué, apresenta um curso
de água principal com uma extensão de 204.71 km, apresentando inclinações acentuadas ao longo
do seu percurso e poucas zonas quase planas o que torna este curso muito pouco vulnerável a
inundações.
Normalmente, as bacias com altura média maior apresentam quedas mais importantes que podem ser
aproveitadas para a produção de energia hidroelétrica, contudo conclui-se também que por esta bacia
do rio Pompué não possuir uma maior altura média, apresenta quedas não muito importantes que
não lhe favorece a produção de energia hidroelétrica.
BIBLIOGRAFIA
da Paz, A. R. (2004). HIDROLOGIA APLICADA. Rio Grande do Sul: Universidade Estadual do
Rio Grande do Sul.

DE SÁ, M. C. (2018). Manual de Hidrologia. Minas Gerais: Produção Independente.

Guimarães, R. C. (2007). Bacia Hidrografica. porto: Universidade de Evora.

HIPOLITO, J. R., & VAZ, A. C. (2012). Hidrologia e Recursos Hidricos. Lisboa: Tecnico Lisboa.

Naghettini. (2012). Introdução à Hidrologia Aplicada. Belo Horizonte: Universidade Federal de


Minas Gerais.

Shahidian, S., & Rodrigues, C. M. (2012). HIDROLOGIA AGRICOLA. Évora: Instituto de


Ciencias Agrárias e Ambientais Mediterrânicas, Universidade de Évora.

Teixeira, C. A. (2010). Apostila de Hidrologia Aplicada. Curitiba: Universidade Tecnologica


Federal do Paraná.

TUCCI, C. E., & MENDES, C. A. (2006). Avalição Ambiental Integrada de Bacia Hidrográfica.
Porto Alegre: Ministério do Meio Ambiente.
ANEXOS
ANEXO 1: MAPA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO POMPUÉ E SEUS AFLUENTES
ANEXO 2: MAPA DO LIMITE DA BACIA DO RIO POMPUÉ
ANEXO 3: MAPA DA FAIXAS DE ALTITUDES DA BACIA DO RIO POMPUÉ
ANEXO 4: MAPA DE OCUPAÇÃO DOS SOLOS NA ÁREA DA BACIA DO RIO POMPUÉ
ANEXO 5: MAPA DA FORMAÇÃO GEOLÓGICA DA BACIA DO RIO POMPUÉ
BACIA DO RIO POMPUE E SEUS AFLUENTES UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
ESTEC
Departamento de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
Mapa Nº 1

Legenda
Estações_Pluviométricas
Estações Hidrométricas
Afluentes
R. Pompue
Principais Afluentes
Sub_Bacia 1
Sub_Bacia 2
Sub_Bacia 3
Sub_Bacia 4
Sub_Bacia 5
Sub_Bacia Pompue
Sub_Bacia Principal

10 0 10 20 30 km

1:600 000 Maputo, Junho de 2019


BACIA DO RIO POMPUE UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
ESTEC
Departamento de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
Mapa Nº 2

Legenda
Curso de Água
Bacia do R. Pompue
Distritos

10 0 10 20 30 km

1:600 000 Maputo, Junho de 2019


FAIXA DE ALTITUDES DA BACIA DO RIO POMPUE UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
ESTEC
Departamento de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
Mapa Nº 3

Legenda
0-100
100-200
200-300
300-400
400-500
500-600
600-700
700-800
800-1100
1100-1200

10 0 10 20 30 km

1:600 000 Maputo, Junho de 2019


OCUPAÇÃO DOS SOLOS NA ÁREA DA BACIA DO RIO UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
POMPUE ESTEC
Departamento de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
Mapa Nº 4

Legenda
Arbustos em areas regularmente inundadas
Areas arbustivas
Floresta aberta (Semi-) Decidua
Floresta aberta em areas regularmente inundadas
Floresta decidua
Floresta fechada a aberta com agricultura itinerante
Floresta sempre verde
Pradaria

10 0 10 20 30 km

1:600 000 Maputo, Junho de 2019


FORMAÇÃO GEOLÓGICA DA BACIA DO RIO POMPUE UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA
ESTEC
Departamento de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
Mapa Nº 5

Legenda
R. Plutónicas
R. Sedimentar
R. Vulcânicas

10 0 10 20 30 km

1:600 000 Maputo, Junho de 2019

Você também pode gostar