Hidrogeologia de Mocambique - Uendi

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FACULDADE DE CIÊNCIAS

Departamento de Geologia
Cartografia e pesquisa geológica
Pesquisa de recursos hídricos
Tema:
Pesquisa da hidrogeologia de Moçambique

Discente:
Mazive, Uendi Elissa
Docente:
Prof. Dr Elonio

Maputo, Julho de 2022

1
Índice

Introdução..........................................................................................................................2

Rochas do Embasamento Pre-cambrico............................................................................4

Águas Subterrâneas........................................................................................................6

Bacias sedimentares do Karoo.......................................................................................7

Bacia sedimentar do Rovuma........................................................................................8

A Bacia Sedimentar de Moçambique..........................................................................10

Bacia Sedimentar de Moçambique, a Sul do Save..........................................................13

Conclusão........................................................................................................................17

Referências bibliográficas............................................................................................18

2
Introdução

A água é um recurso natural valioso não só economicamente assim como também do


ponto de vista social. Neste trabalho apresenta-se de forma breve, uma análise das
principais ocorrências de água subterrânea em Moçambique. Esta análise foi baseada
nos conhecimentos adquiridos com a descrição das principais províncias
hidrogeológicas de Moçambique, onde estão sistematizadas e localizadas as grandes
unidades. Na sociedade, água tem alcançado ultimamente um valor económico, devido a
instalação cada vez mais de pequenos sistemas de abastecimento de água com propósito
de garantir o fornecimento da água para o consumidor, como forma alternativa do
negócio.

Para abertura de qualquer furo ou poço de água, são necessários estudos de condições
hidráulicas através do conhecimento das características hidrogeológicas da área que se
pretende fazer o furo. Essas características hidrogeológicas da área são ditas mediantes,
há um estudo feito durante pesquisa de recursos hídricos. Para existir o fornecimento de
água a longo prazo em qualidade e quantidades significativas, um programa de pesquisa
de águas subterrâneas deve ser feito de modo a conhecer as principais características
hidráulicas da área

Objectivos

Geral:

 Estudar a Hidrogeologia de Moçambique;


 Estudar os métodos para pesquisa geológica e hidrogeológica.
Específicos:
 Debruçar sobre a génese das províncias hidrogeologias de Moçambique;
 Descrever as Caraterísticas das principais províncias hidrogeológicas.

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Hidrogeologia de Moçambique

Segundo (Ferro, et al., 1987), o mapa hidrogeológico de Moçambique está dividido em


sete províncias hidrogeológicas que são baseadas nos aspectos geológicos e geográficos.
Considera-se província hidrogeológica uma região de características gerais semelhantes
com relação às principais ocorrências de águas subterrâneas (TOLMAN, 1937 apud
FEITOSA, 2008).

Entre os fatores que contribuem para a definição de uma província hidrogeológica


destacam-se o geológico e o fisiográfico. O fator geológico é o mais importante, visto
que a litologia, a estrutura e a tectônica controlam as condições de ocorrência,
movimento e qualidade das águas subterrâneas. Em seguida vem o fisiográfico,
compreendendo o clima, a morfologia, a hidrografia, os solos e a vegetação, os quais
podem operar mudanças radicais nas condições da água do subsolo, favorecendo ou não
a produtividade hídrica de uma determinada região.

Estas províncias são:

1. Rochas do embasamento pré-câmbrico


2. Os terrenos vulcânicos (pós-cambrianos)
3. A bacia sedimentar do medio Zambeze (Karoo)
4. A bacia sedimentar de Namihamba (Karoo)
5. A bacia sedimentar do Rovuma

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6. A bacia sedimentar de Moçambique, norte do Save
7. Bacia sedimentar de Moçambique, sul do Save

Fig 1: Mapa de províncias hidrogeológicas.

1. Rochas do Embasamento Pre-cambrico


O embasamento pré-câmbrico responde 57% do país, ocupando a parte da região central
e quase toda a região ao norte do Zambeze. A área consiste de montanhas, planaltos e
placas médias e uma faixa castrada de terras baixas.

1.1 Geologia

Geologicamente, o embasamento pré-câmbrico é dividido nas primeiras formações pré-


cambrianas do cratão de Zimbabwe e as formações pré-cambrianas posteriores do
cinturão metamórfico de Moçambique.A orientação estrutural dominante no cinturão
metamórfico de Moçambique é NS, onde várias orientações secundárias são
distinguidas em diferentes partes do país: NE-SW no nordeste, ENE-WSW e NE- SW
no noroeste e NW-SE no Centro.

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1.2 Águas subterrâneas
Em geral as formações aquíferas são pouco produtivas, descontinuas e de extensão
limitada. A sua produtividade depende, principalmente, da espessura da textura do
material que constitui o manto de alteração meteórica. A ocorrência de água subterrânea
está associada a zonas de fraqueza crustal. Os aquíferos resultantes são
predominantemente lineares e mais ou menos limitados. As dimensões médias destes
aquíferos são as seguintes: 1 a 2 Km de comprimento, 40 a 100 m de largura e 25 a 40
m de espessura.

1.3 Produtividade

Em geral, as formações aquosas do embasamento pré- câmbrico são de baixa


produtividade, descontínuas e de forma limitada, a produtividade depende
principalmente da espessura e textura do manto meteorológico. O perfil típico de
meteorização dá as características hidrogeológicas dos horizontes diferentes.

O grau de desintegração e a formação de um manto meteorológico dependem muito do


tipo de rocha. Os aquíferos mais produtivos estão relacionados a bolinhas e anortositos,
que são classificados como grupo B1 e B3. Todas as outras rochas cristalinas estão
incluídas na baixa classe produtiva C. Os poços no complexo gabro-anortosito de tete
são moderadamente produtivos.

1.4 Qualidade

A qualidade das águas subterrâneas no embasamento pré-câmbrico geralmente é boa,


com uma mineralização total abaixo de 600mg / L. Maiores concentrações de sal são
encontradas em áreas com evaporações relativamente altas, como no cinturão costeiro
das províncias do norte (500-1000mg / L) e na depressão ao longo do Zambeze.

O pH das águas subterrâneas geralmente varia de 7,0 a 8,3. A água na parte norte de
Tete é mais ácida. Aqui, as únicas três amostras apresentaram um pH de 5,4 a 6,4.
Juntamente com uma baixa dureza de 80 a 130 ppm de CaCO3, a água pode ser
considerada bastante agressiva nessa área.

2.Os terrenos vulcânicos (pós-cambrianos)

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Os terrenos vulcânicos ocorrem na zona de transição entre o complexo de Base e as
Formacoes Sedimentares, em articular, ao longo do limite oriental do cratão do
Zimbabwe e do cratão de Kaapvaal. Compreendem especialmente basaltos riólitos e
lavas alcalinas.
Os basaltos são rochas mais comuns e mais fáceis de alterar por inteperismo, dando
origem, neste caso, a zonas aplanadas com solos argilosos escuros.

2.1 Águas Subterrâneas

Do ponto de vista hidrogeológico os terrenos vulcânicos são bastante semelhantes ao


complexo de Base, os aquíferos estão quase sempre relacionados com a existência de
fraturas primárias e secundarias já que o manto de alteração meteórica e geralmente
menos desenvolvido do que as formações do complexo de base e raramente excede 10
m de espessura.
Nos terrenos basálticos este pode ser mais desenvolvido, mas como se trata de material
argiloso e pouco permeável e funciona como aquicludo.

Os basaltos são considerados entre as rochas vulcânicas, como as mais produtivas do


ponto de vista hidrogeológico, mas apesar disso, os caudais dos furos que interceptam
tais rochas são bastante fracos. Os basaltos de Angoche constituem uma excepcao a esta
regra, ao longo de uma zona de falha de grandes dimensões, dectetada por métodos
geofísicos são moderamente produtivos.

Os Riolitos são pouco promissores quanto a existência de água subterrânea mas em


zonas fraturadas por falhas de grande intensidade e amplitude, podem tornar-se mais
produtivos do que os basaltos, visto que os produtos de alteração e de enchimento das
zonas de falhas são menos argilosos.

Segundo a DNA existem dados acerca de furos efectuados em rochas vulcânicas


alcalinas, pelo que as suas carateristicas hidrogeológicas não são conhecidas.

2.2 Qualidade
A qualidade da água subterrânea proveniente dos riolitos e bastante boa, possuindo
mineralização inferior a 500 mg/l e baixa dureza ( 10 ppm de CaCO 3). A sua

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composição e cloretada sódica e a bicarbonato sódica. A água subterrânea dos basaltos e
mais mineralizada e dura, especialmente ao longo do limite das Bacias Sedimentares,
podendo atingir mineralizações superiores a 8500 mg/l, como acontece na margem
oriental dos Libombos.

3.Bacias sedimentares do Karoo

As duas sedimentares do karoo são a bacia do Medio Zambeze, em Tete, (35.000 Km de


suerficie) e a bacia de Maniamba, no noroeste do Niassa (7000 Km). A primeira pode
dividir-se em duas sub-bacias, uma ocidental e a outra Oriental, separados pelo
complexo de Gabro Anortosito de Tete.

3.1 Geologia
A bacia do medio Zambeze e do tipo sinforme assimétrico, bordejada por falhas. Ė
Composta por vários blocos inclinados, em que a sequência sedimentar ode atingir mais
de 3000 m de espessura. Nesta bacia, o karoo inferior começa com conglomerados de
base e tilitos e que se seguem elitos, argilitos e siltitos. As camadas de carvao, em
Moçambique, encontram-se por cima dos tilitos.
A sequência sedimentar do karoo superior e formada or grés de textura fina, grés
grosseiros, grés fossiferos e margas. A sequência sedimentar total e intercetada,
frequentemente por filões de doleritos.

A bacia de Maniamba correspondente a uma estrutura sinclinal simétrica cujo eixo


mergulha para SW e cuja profundidade maxima e calculada em mais de 2000 m. a
sequencia sedimentar faz parte das series Ecca e Beafort, sendo conhecida
regionalmente, sob a designação de » series de Lunho».
Compreende da base para o too grés conglomeráticos, pelitos, xistos carbonoso e
siltitos, xistos com troncos silificados, Xistos com concreccoes calcareas e grés
argilosos friáveis.

3.2 Água subterrânea

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As características hidrogeológicas das rochas sedimentares do Karoo são conhecidas
em algumas áreas a volta do Zumbo, Chitima, Boroma e Changara.
A sequência sedimentar e dominada por rochas e textura fina, de baixa produtividade.
As zonas de contacto com as rochas vulcânicas e as zonas com muitos afloramentos têm
também fracos caudais, por exemplo na região de Changara, 50 dos furos não tiveram
sucesso, enquanto que os caudais alcançados nos restantes eram inferiores a 3 m3/h.
Melhores perpectivas podem ser verificadas em zonas de fratura, em grés de textura
grosseira, em brechas de falhas e ao longo de intrusões de filões de doleritos. Próximo
do Zumbo e de Boroma, são comuns aquíferos relacionados com tipos de estruturas
referidas anteriormente.

3.4 Qualidade da água


A qualidade da água nas formações do Karoo e bastante variável. A maior parte dos
furos possuem agua com mineralização compreendida entre 400 e 800 mg/l, mas nas
regiões de Changara e Moatize e frequente atingir concentrações mais altas, da ordem
de 1400 a 2500 mg/l. A água que ocorre nos sedimentos do karoo inferior chega por
vezes a ter mineralização superior a 7000 mg/l como na área de Chitima.
Os melhores aquíferos localizam-se nos vales aluviais, especialmente, ao longo dos rios
Aruanga, Panhana e Mucumbura, a oeste da provincia Tete, localizado no vale do rio
Revubue, na área de Matundo. A qualidade de água nestes campos de furos e noa mas
há uma tendência para tornar-se pior nos furos localizados para jusante dos vales
referidos.

4.Bacia sedimentar do Rovuma


4.1 Fisiografia
A bacia sedimentar do Rovuma localiza-se na parte nordeste do país, e a sua área é de
25.000 km2, aproximadamente, em território moçambicano. A largura máxima da parte
continental é de 120 km e observa-se ao longo do rio Rovuma. A largura diminui para o
sul até as proximidades da Ilha de Moçambique.
A bacia compreende essencialmente planícies ligeralmente onduladas e planaltos de
altitudes moderadas. As planícies costeiras, no extremo norte do país, são dissecadas
por alguns rios e sobem da costa para o interior.

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A precipitação varia entre 800 mm/ano na região costeira de Pemba e mais de 1200
mm/ano no planalto de Mueda. A capacidade de recarga e media a alta, no norte, e
baixa, na parte sul, onde os solos são mais argilosos. Os rios são sazonais a
intermitentes.

4.2 Águas subterrâneas


A hidrogeologia da bacia sedimentar do Rovuma é mal conhecida, excepto na zona
litoral, a volta das principais cidades e povoações. As perspetivas relativas a água são
limitadas devido a predominância de margas, mais ou menos impermeáveis, contendo
águas salobras, os aquíferos mais produtivos nas zonas litoral correm sérios riscos de
salinização. As áreas mais favoráveis estão limitadas a parte norte da bacia sedimentar e
aos vales aluvionares entre as formações da bacia sedimentar e as do complexo de Base.

Os planaltos de Moeda e de Macomia são constituídos por grés de origem


continental, os grés de Macondes, compreendendo, na base grés Quartzo-feldisaticos,
caulinizados e conglomerados interestratificados. Admite-se que a parte superior destes
seja bastante produtiva, a sua permeabilidade é 3 a 4 m/dia. A profundidade do lençol
freático constitui a principal do aquífero que ocorre nesta formação, pois é, em geral
superior a 100m.
Nos referidos lanaltos, os grés dos macondes tem uma cobertura arenosa de 20 a 40 m
de espessura. Esta e geralmente desprovida de água, uma vez que o nível freático
regional é muito profundo. A existência de alguns aquíferos locais suspensos, cuja base
se situa acima do nível freático regional, pode estar selecionada a níveis impermeáveis
daquela formação.

4.3 Qualidade
Numerosas nascentes com descargas que chegam até 30 l/s emergem nos bordos dos
planaltos de Mueda e de Macomia. A água das nascentes é pouco mineralizada com
teores de cloretos compreendidos entre 15 e 40 ppm. A água é ácida (pH =5,2 a 5,7),
podendo tornar-se corrosiva para construções que se utilize betão armado.

A sul do Messalo as margens do Cretácico constituem as formações


predominantes. Os poucos furos existentes proporcionam águas salobras e
produtividades muito baixas. As formações consolidadas mais produtivas

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encontram-se na zona litoral. Compreendem calcarenitos miocénicos a pliocénicos e
calcários coralígenos. O s caudais específicos são geralmente moderados a altos. O
problema principal diz respeito a salinidade dos aquíferos ou ao alto risco de
intrusão de água do mar que pode ocorrer em resultado de sobre-extrações da água
nos f uros, o que já aconteceu nos campos de f uro das penínsulas de Pemba e
Nacala. Nesses aquíferos a água pode ser muito d ura (até 1500 ppm de CaCO 3).

Para norte de Messalo, a maior parte d as planícies estão recobertas por uma
cobertura aluvionar com 10 a 30 m de espessura, na qual foram efectuados muitos
poços. Outras coberturas arenosas encontram-se em alguns planaltos do litoral,
localizados entre Pemba e Moma, os quais, possuem, geralmente, formações de
textura grosseira, na base.

4.4 Produtividade e Qualidade


A produtividade não é muito alta, os caudais específicos, em geral, inferiores a 0,4
m3/h, mas a água é quase sempre de boa qualidade, com mineralização inferior a
600 mg/l. Na península de Nacala, mais de 60 nascentes emergem na base de
cobertura arenosa, mas os seus caudais são pequenos. Os aluviões que se
encontram ao longo dos vales dos rios principais que atravessam os terrenos
sedimentares, incluem os aquíferos mais produtivos da Bacia. O campo de furo de
Metuge, que suporta abastecimento de água a Pemba, localizado ao longo da margem
direita do Rio Muaguide, está construído nos aluviões daquele rio, cuja espessura
chega a ser superior a 40 m. Os caudais específicos dos aluviões estão
compreendidos entre 1,2 e 12 m3/h. Os aluviões do Rio Messalo parecem ser bastante
desenvolvidos, a qualidade da água subterrânea dos aquíferos relacionados com
aluviões é, em geral, boa, mas pode ser má se agua tiver origem nas planícies
adjacentes que contêm agua subterrânea mineralizada, como é o caso do Vale do
Rio Muaguide. Os aluviões da zona litoral tem pequena importância hidrogeológica,
por serem impermeáveis e conterem água salobra. Pequenas dunas recentes podem
construir excepções, mas a água pode ser bastante salobra.

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5.A Bacia Sedimentar de Moçambique
5.1 Fisiografia

A Bacia Sedimentar de Moçambique, a norte do rio Save compreende


geomorfologicamente, as planícies interiores de Sena, o planalto de Cheringoma, entre
os valores dos rios Zambeze e Púngoè, o planalto do Búzi e Save, o vale e o Delta de
Zambeze e a zona litoral. A parte Norte da Bacia está cortada pelo afundimento de
Chire-Urema, orientado segundo Norte -Sul, que a continuação para Sul, do sistema dos
rift s da África Oriental. A precipitação varia entre 1400 mm/ano, ao longo da costa,
900 mm/ano, mais para o interior e menos de 700 mm/ano nas planícies de Sena. As
condições de recarga são boas, excepto na última das áreas mencionadas. Os rios são
perenes no litoral e sazonais e intermitentes mais para o interior.

5.2 Geologia
Os planaltos de Cheringoma e de Buzi são formados essencialmente por grés
arcosicos continentais, os grés de Mazamba, de idade miocénica. Compreende um
membro inferior siltoso e micáceo, de textura fina, de cor violeta a púrpura,
característica, e um membro superior de textura grosseira. A formação de Mazamba
sobrepõe-se: aos grés marinhos da formação de Buzi, não aflorantes, que chegam
até 600 m de espessura; a calcários e calcarenitos da formação de Cheringoma, cuja
possança pode atingir 450 m; e ao grés clauconiticos e margas cretácicas da
formação d e Grudja cuja espessura é superior a 1500 m, em alguns locais. As duas
últimas formações aflora ao longo d a escarpa ocidental dos planaltos de
Cheringoma e do Buzi, apresentando possança d e 60 a 90 m, respectivamente.
As partes ocidental e central destes planaltos são recobertos por uma camada
aluvionar pouco espessa. Os aluviões são bem desenvolvidos nos vales dos rios
Zambeze e Buzi, no afundimento Chire -Urema, no delta do Zambeze e na
depressão do Dombi, a nordeste de Chibabava. Para sul do delta do Zambeze a
espessura dos aluviões litorais diminui e podem encontrar-se alguns afloramentos de
grés numa estreita faixa a norte do rio Save. Antigos cordões litorais formam um
sistema de pequenas cristas de areia paralelas, na zona litoral de inundação.

5.3 Água subterrânea

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A hidrogeologia de outras áreas tem, no entanto, de ser interpretada a partir de dados
indirectos ou por analogia com outras áreas conhecidas, em virtude da falta de
informações de furos. Sistema de pequenas cristas de areia paralelas, na zona litoral de
inundação. Na água subterrânea existem concentrações de furos nas planícies de Sena, à
volt a de Inhaminga e a nordeste do planalto do Búzi.

5.4 Qualidade e produtividade


A Bacia Sedimentar de Moçambique, a norte do Save, não é muito favorável para a
valorização e desenvolvimento da água subterrânea, excepto nos vales aluviais
principais e no delta do Zambeze. As perspectivas relativas quer a caudais quer a
qualidade da água aumentam para a costa. Os grés de Sena têm baixa permeabilidade e
podem conter águas bastante salobras, cuja mineração ultrapassa as vezes os 8500 mg/l.
A percentagem de sondagens não produtivas nesta formação é superior a 60% e dos f
uros produtivos, apenas têm 40% aceitável. É nos vales que os furos fornecem
caudais mais altos e que a qualidade de água é melhor. O vale do rio Sangadeze
constitui, uma excepção, pois os seus aluviões contêm água altamente
mineralizada. O tipo de drenagem dendrítica muito serrada sao característica da
Formação de Sena não se verifica em algumas áreas a norte do Zimbabwe e a
oeste de afundimento do Urema. A s rochas podem ser mais permeáveis e foram
classificadas como pertencentes ao Grupo B3, correspondem a antigos terraços do
Zambeze, como acontece a monte de Chemba. As formações marinhas de Grudja
e de Cheringoma, sobrepostas pela formação de Mazamba nos planaltos d e
Cheringoma e de Búzi, têm produtividades baixas a moderadas. O s calcários da
formação de Cheringoma são mais produtivos e contêm água menos mineralizada do
que os grés e margas da formação de Grudja. O s grés continentais de Mazamba são
comparáveis aos grés de Sena e apenas ligeiramente mais produtivos. A
permeabilidade aumenta, para a costa. No planalto de Cheringoma os furos mais
produtivos interceptam um leito permeável pouco possante, na zona de transição
entre os grés superiores argilosos e grés calcários e argilosos inferiores. O
planalto de Cheringoma, a qualidade da água da formação de Mazamba é aceitável,
enquanto que planalto de Búzi, a formação de Mazamba contem agua de boa
qualidade, em que o teor de cloretos é inferior a 50 ppm e cuja dureza é menor do
que 100 ppm de CaC O 3. O afundimento dos vales do Chire-Urema têm um
enchimento aluvionar de mais de 40 m de espessura, próximo de Inhaminga, e de

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mais de 80 m próximo da embucadora do rio Pungoè. Furos e poços escavados nos
vales do Chire e de Urema revelam que a mineralização de água tem tendência para
aumentar rapidamente em direcção do centro dos vales.
Alguns poços pouco profundos indicam que a qualidade da água ao longo da margem
do vale do Zambeze pode piorar por influência da água subterrânea debitada pelos
grés de Sena adjacente. Os furos localizados próximos do Marromeu e de Luabo, no
centro do delta do Zambeze são modificadamente produtivos. Os antigos canais do
rio, recobertos por sedimentos, como caso dos meandros abandonados, podem constituir
áreas ideais para ocorrência de águas subterrâneas. Na zona costeira, os cordoes litorais
de natureza arenosa, de pequeno porte, constituem uma das raras origens a que se pode
recorrer para abastecimento doméstico. As aluviões de uma parte do vale do Buzi e da
depressão do Dombi parecem ser produtivos.

6.Bacia Sedimentar de Moçambique, a Sul do Save


6.1 Fisiografia
É caracterizada morfologicamente, na sua região interior, por extensas planícies de
erosão inclinado suavemente para a costa as quais são interceptadas pelo vales dos rios
Save e Limpopo e pelos outros vales de pequenos rios, que têm origem nos Libombos.
A nordeste encontra-se o planalto estrutural dos Urrongas, constituído por calcários. A
faixa costeira é caracterizada por uma zona dunar com uma largura média de 30 km. O s
rios Incomáti e Limpopo formaram uma extensa planície aluvionar interior,
relativamente à faixa dunar. A precipitação varia de 700 a 1000mm/ano, ao longo da
costa, até 350 mm/ano na zona mais interior das planícies do Alto Limpopo. A recarga é
moderada a alta, na faixa dunar costeira, mas baixa nas regiões interiores. Os rios
principais desta bacia são o Maputo, o Umbelúzi, Incomáti, Limpopo e o Save. Todos
eles têm regime permanente.

6.2 Geologia
Os estratos inclinam suavemente para leste/este, mas são interrompidos por blocos de
falha, ao longo dos sistemas de “grabens”, orientados N -S. Rochas são
progressivamente mais antigas da costa para interior. Na fronteira com Zimbabwe
encontram-se afloramentos da Formação de Sena, de idade cretácica, a que se sucede a
Formação dos Elefantes, do Terciário inferior e a formação de Mazamba, do Mioceno.

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As formações do cretácico têm textura fina e são constituídas predominantemente por
argilitos, margas e grés glauconíticos. A formação do Maputo é das mais antigas e
compreende grés glauconíticos argilosos que afloram no extremo do sul do País ao
longo da cadeia de Libombos. A sequência sedimentar do Terciário é denominada por
formações calcárias e gresosas de grão médio. Esta inicia-se com a formação de
Cheringoma, de natureza calcaria e de idade eocénica, também designada por formações
de Mangulane e Formação de Salamanga, a norte e sul d a Província de Maputo. As
formações de Inharrime, de Oligoceno, encontram-se por toda a Província de
Inhambane. Esta é recoberta directamente por dunas, ao longo da costa sul, entre
Zandamela e Jangamo. Na maior parte da faixa costeira, a formação de Inharrime é
recoberta pela Formação de Jofane, do Mioceno, constituída por calcários e dolomites
contendo, frequentemente oólitos e fragmentos de corais. A Formação de Jofane marca
o fim das transgressões marinhas regionais. Na província de Maputo, as rochas do
Mioceno são cobertas por um grés conglomerático, continental, descontínuo, de cor
avermelhada, denominado Formação de Magude. Os depósitos aluvionares estão bem
desenvolvidos ao longo dos cursos inferiores dos rios mais importantes e por baixo da
planície interfluvial do Limpopo -Incomáti. Porém em depressões aluvionares locais,
mal drenadas, encontram-se rochas duras do Quaternário.

6.3 Água Subterrânea


A Bacia Sedimentar de Moçambique, a sul do rio Save, é a província hidrogeológica de
Moçambique melhor conhecida. As características hidrogeológicas da área não são
muito favoráveis para aproveitamento de águas subterrâneas, excepto em alguns vales
aluvionares, na faixa dunar e na região dos aquíferos profundos.
Esta bacia está subdividida em sub -províncias que se baseia na qualidade da água e nas
características geológicas e geomorfológicas. Estas Sub- províncias são constituídas
por:

 Planicies do alto Limpopo: desenvolvem-se desde o rio dos elefantes até ao rio
Save; são dominadas por grés arcosicos pouco produtivos da Formação de Sena, de
idade cretácica, e da Formação dos Elefantes, do Terciário inferior. Os caudais são
geralmente menores que 3 m3/h. Em geral a qualidade da água é aceitável. A

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mineralização aumenta para leste, de 700 até 1300 mg/l, e torna-se bastante pior junto
de depressões locais (depressão de Banhine).

 Planícies do Alto Changane localizam-se entre as planícies do Alto Limpopo, a


oeste, o planalto dos Urrongas, a este, o rio Limpopo, a sul e o rio Save, a norte. São
constituídas por grés arcosicos e argilosos, a produtividade dos furos é moderada a
baixa, sendo menos produtiva a região limitada pelos rios Changane e Limpopo, onde
os grés são muito argilosos. A Formação de Mangulane constitui um aquífero profundo
mais produtivo da região das planícies do Alto Changane. A cobertura do Quaternário
que se encontra por cima de grés de Mazamba é pouco espessa, porém pode ser mais
desenvolvida em depressões locais, no ‘’Graben’’. A alta mineralização da água
subterrânea dos aquíferos das planícies do Alto Changane constitui a maior limitação ao
seu desenvolvimento. A mineralização é superior a 3 000 mg/l, mas pode chegar até
30.000 mg/l. Localmente a qualidade de água do aquífero principal é melhor.

 Planalto dos Urrongas: situa-se na parte do norte da província de Inhambane e


é formado por calcários da Formação de Jofane. Estes são extremamente produtivos ao
longo do limite este da área de afloramentos, enquanto que para oeste as produtividades
são comparáveis com a Formação de Mazamba. A água subterrânea dos calcários da
Formação de Jofane é salobra, em especial no centro do planalto, a sua parte ocidental
possui água menos mineralizada. As maiores restrições ao desenvolvimento de água
subterrânea dessa região são: fraca qualidade de água, grande variabilidade das
produtividades do aquífero, a profundidade a que este se encontra e a grande flutuação
do nível freático.

 Planície desnudada ao longo das margens dos Libombos situa-se entre


Catuane e o rio dos Elefantes e compreendem aquíferos muito mineralizados. Ao longo
dos Libombos, as formações marinhas, de textura fina, do cretácico e do Terciário
inferior são pouco produtivas e altamente mineralizadas. Para Este, os calcarenitos e
calcários da Formação de Mangulane, no Terciário inferior e a Formação de Santaca, do
mioceno, são muito mais produtivas. Portanto a qualidade de água é muito variável, mas
má na maioria dos casos, além disso, a profundidade do nível freático e as fracas

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condições de recarga constituem factores limitantes ao desenvolvimento da água
subterrânea.

 Planície Interfluvial (Limpopo -Incomáti ): desenvolve-se no ‘‘Graben’’ do


Limpopo Incomáti. É constituída por uma sequência sedimentar deltaica a flúvio -
lacustre com mais de 100 m de espessura. O desenvolvimento dos aquíferos intermedio
e profundo (aquífero de Limpopo) é limitado devido a sua profundidade, a incerteza
acerca de qualidade da água e aos recursos renováveis disponíveis.

 Faixa de Dunas: desenvolve-se ao longo de toda costa a sul do rio Save. As


áreas eólicas porosas dão origem a um aquífero livre regional contendo água doce. A
permeabilidade diminui da costa para o interior, como consequência, verifica-se o
aumento de teor de argila nas areias. Os factores que pode impedir o desenvolvimento
da água subterrânea na Faixa Dunar incluem a profundidade do lençol freático em dunas
de grandes altitudes e a fraca qualidade de água associada a lentes locais de argila ou
antigas inundações marinhas.

 Vales Aluviais: desenvolvem-se ao longo dos rios Limpopo e Incomáti e podem


conter aquíferos estratificados produtivos, com água de boa qualidade. Os recursos
disponíveis de água subterrânea dos aquíferos aluviais não devem ser sobreavaliados
como é o caso de recursos renováveis de troco central do vale do Incomáti são
calculados em 150.106 m3/ano, mas apenas 40% devem ser utilizados para se evitarem
problemas de salinização (DN A, 1985b; citado por DNA, 1987). Os aquíferos
profundos da Bacia sedimentar de Moçambique, a sul do Save, podem representar
alternativas válidas para resolver problemas locais de falta de água, mas a qualidade
desta e as fracas condições de recarga dos aquíferos podem constituir um impedimento
inultrapassáveis.

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Conclusão
Após a realização deste trabalho pode concluir-se que o programa de pesquisa de águas
subterrâneas, corresponde ao conjunto de etapas

necessárias para estudar as condições hidrogeologias duma determinada áreas para a


instalação dum sistema de abastecimento de água e esta tem várias etapas. Conclui-se
também que cerca de 75% da área do pais, como se evidencia na Carta, compreende
formações do domínio C correspondentes a maior parte do Complexo de Base aos
terrenos vulcânicos e a pelo menos 40% das bacias sedimentares. Verifica-se que 40%
dos aquíferos mais produtivos das Bacias sedimentares contem águas salobras, pode se
concluir que apenas 17% da água da superfície do país se dispõe de água subterrânea
cujos caudais e mineralizações previstos situam-se, respectivamente, acima de 3m 3/h e
abaixo de 1500 mg/l.

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Referências bibliográficas
 Hidrogeologia: conceitos e aplicações–Fernando A:C Feitosa...et al..3 a ed–rio de
janeiro: CPRM:LABHD,2008, 812 p.
 MATTA, M., CAVALCANTE, I. (2015), Tópicos em recursos hídricos e
hidrogeologia, Universidade Federal Do Pará, Brasil;
 Noticia Explicativa da Carta hidrogeologica de Moçambique,1:1 000. 000, 1987.

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