Artigo - EPS em Solo Mole 1

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SOLUÇÃO DE ATERRO ULTRALEVE EM EPS

Pavimentação em solos moles

Alan Alves Santos RA 120198


Cleide Gustavo Fujimura RA 1821620811
Patrícia Gomes Machado RA 18629132
Profª Denise Venturi

RESUMO

O presente trabalho busca demonstrar como é realizada a construção de aterros ultraleves


com a utilização de EPS em solo mole, método muito difundido nos Estados Unidos, Ásia e
Europa, como uma econômica e sustentável solução para esse relevante problema de geotecnia.
Quando as estradas são construídas, deve-se considerar que elas tendem a se deformar e afundar
com o passar do tempo. A rapidez com que isso acontece está diretamente relacionada à carga em
relação ao solo. Ao utilizar o poliestireno expandido(EPS),em solos ditos como frágeis ou
fragilizados, o peso do aterro da estrada ou construção é consideravelmente reduzido e com isso a
carga no subsolo e, portanto, aumentando a probabilidade de recalques. Hoje o EPS já é
largamente aplicado em distintas funções dentro da construção civil, sendo essa uma vantajosa
análise de risco na construção de pavimentação em solos compressíveis. Completamente
embasado em análises bibliográficas, o estudo expõe o processo construtivo, as vantagens e
aplicações, como também a apresentação de uma maquete física para expor o método explicitado.

Palavras–chave: Aterro ultraleve em solo mole; EPS (poliestireno expandido) em aterros de


pavimentação; Diminuição de recalques em estradas e rodovias.

1. INTRODUÇÃO

A história e desenvolvimento da pavimentação remonta da antiguidade com meios de


transporte através de animais e de veículos com tração animal. Sendo que as rodas eram de
madeira e aço, fez-se necessário o surgimento de superfícies revestidas. Na era moderna,
houve a evolução dos automóveis, asfaltos e ferrovias, no início do século XIX (ANDRADE,
2007).
Conforme ANDRADE (2007), o material betuminoso foi utilizado pela primeira vez,
no rejuntamento e na pavimentação, pelos romanos (600 AC a 700 DC). Se fazendo
necessário de haver ligações com seu grande império, os romanos construíram uma grande
linha rodoviária que pudesse dar acesso e manter essa comunicação. O pavimento construído
era composto de quatro camadas, na qual, sua primeira camada era de areia superposta por
camada de argamassa, com espessura de 30 cm, sua camada superior era de lascas de pedra ou
cascalho, espessura chegando até 50 cm, consequentemente mistura de blocos de pedra e a cal
gorda, espessura de 30 cm e por fim, revestimento de lajes de pedras rejuntadas, com
espessuras de 30 cm, na qual se generalizou a Via Appia, que dava acesso de Roma com
Brindisi (ANDRADE, 2014).
Segundo BERNUCCI (et al., 2008) a pavimentação no Brasil teve início com a
inauguração da estrada União Indústria, no início do século XX. Já em 1905, foi aprovada a
primeira lei que concedeu auxílio federal para construção de estradas e no ano seguinte, em
1906, foi criado o Ministério de Viação e Obras Públicas. Nos anos 50, técnicos do
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), promoveram um intenso
intercâmbio, oriundo dos Estados Unidos da América do Norte, no qual, o intuito era de
absorverem tecnologias e um grande incremento nas obras de pavimentação rodoviária
(DNIT, 2010).
Defini-se o pavimento como uma estrutura construída após a terraplenagem, onde suas
funções básicas são resistir e distribuir ao subleito (infraestrutura ou terreno de fundação), os
esforços verticais produzidos pelo tráfego, melhorar as condições de rolamento, quanto à
comodidade e segurança, e resistir aos esforços horizontais que nela atuam advindo dos
empuxos e reações do solo, tornando mais durável a superfície de rolamento (ABNT NBR
7207, 1982).
A necessidade em execução das escavações urbanas sendo cada vez mais profundas
tem colocado aos engenheiros um grande desafio em equilibrar altos esforços horizontais com
um mínimo de deslocamentos de solo maciço e de estruturas localizadas nas vizinhanças.
Diversos materiais foram estudados com a finalidade de serem compatibilizados como
agentes estabilizantes, para melhorarem as características e performances geotécnicas dos
solos e, assim como acrescente necessidade de novas estradas, em muitos casos, exige a
construção em solo mole ou soltos que não conseguem suportar cargas adicionais (ABNT
NBR 15115; 15116/2004).
O êxito do comportamento dos pavimentos de áreas habitacionais, e também
estendendo-se a rodovias e vias urbanas, requer engenharia, pesquisa e inovação. Isso exige
trabalhar com a natureza e empregar materiais que se encontram disponíveis localmente,
otimizando a utilização de recursos e buscando a sustentabilidade. Dessa forma, necessita-se
de planejamento, projeto, construção e trabalhos que maximizem a qualidade, a agilidade
construtiva, a economia de recursos não renováveis, os custos e tempo de vida útil da
estrutura do pavimento.
O poliestireno expandido (EPS), conhecido como ISOPOR®, pode ser utilizado para
substituir solos compressíveis ou no lugar de materiais de enchimento pesados para evitar
cargas inaceitáveis em solos subjacentes e estruturas adjacentes. A alta resistência à
compressão do EPS o torna capaz de suportar adequadamente as cargas de tráfego associadas
às estradas secundárias. Construir com EPS também economiza tempo porque ele é fácil de
manusear sem ter necessidade de equipamentos especiais (CONSTRUPOR, 2015).
Os projetistas devem identificar materiais e técnicas de construção inovadores para
resolver o problema de construir em solo mole ou onde existam serviços públicos ou áreas
úmidas sensíveis, enquanto, simultaneamente, aceleram os cronogramas do projeto.A
aplicação do EPS, em estradas para estabilização de solos moles, técnica chamada Geofoam,
ainda é pouco conhecida no Brasil. A aplicação do Geofoam largamente adotada nos EUA e
Europa, está sendo difundida mais no Brasil, começando a ser utilizada em obras pioneiras,
como a duplicação da BR 101 nas regiões Sul e Nordeste do País. O EPS é indicado na
estabilização de encostas e em aterros em solos inconsistentes por ser resistente à compressão
e ter peso próprio reduzido, diminuindo a pressão exercida sobre o terreno (LIMA, 2019).

2. OBJETIVO GERAL

Desenhar e construir uma maquete (modelo funcional) do sistema de aterro ultraleve


em EPS realizado em solo mole com a finalidade de demonstrar e facilitar o entendimento e
aprendizado tanto teórico quanto prático.

3. OBJETIVO ESPECÍFICO

Fomentar uma análise de risco utilizando-se como exemplo os aterros ultraleves em


solos compressíveis na construção de rodovias.

2. REFERENCIAL TEÓRICO
3. METODOLOGIA
A metodologia foi realizada experimentalmente, com a pesquisa bibliográfica em meio
acadêmico e sites de construtoras reais já consagradas no mercado, tanto no Brasil quanto no
exterior. O desenvolvimento e a construção do modelo funcional básico, a modificação e
adaptação do sistema em EPS, que fora implementado em tamanho reduzido, de forma
simples para demonstrar como é aplicado na construção real de uma estrada previamente
suportada por um aterro em EPS assentado em solo mole.
O modelo foi desenvolvido em ISOPOR®, em assentamento com camadas de terra e
areia, para fornecer uma superfície plana, em seguida o EPS é colocado na altura desejada,
escalonando as juntas verticais em cada fiada para não criar costuras verticais contínuas.
Posteriormente, os blocos de EPS são revestidos por uma membrana de polietileno para
protege-los de eventual derramamento de solventes e hidrocarbonetos, seguidos de uma
camada de geogrelhas, materiais típicos de preparação do leito da pavimentação, material
betuminoso ou uma laje de concreto armado.
A pesquisa ainda conta com materiais bibliográficos publicados e consultas em
normas vigentes da ABNT, assim como o cruzamento de dados com construções reais de
grandes construtoras do mercado atual.

4. DESENVOLVIMENTO: Apresentação e discussão dos dados

4.1 FORMAÇÃO DO SOLO

Segundo TOLEDO (2019), pode-se denominar como solo tudo aquilo que apresenta
matérias com uma degradação facilitada, que esteja na presença do ar, do sol, da água e dos
seres vivos.

Conforme Souza e Bastos (2015), "O solo se apresenta como material heterogêneo e
natural, podendo ser apresentado por uma aglomeração de minerais, onde na degradação de
rochas acaba formando os solos, um sistema possuindo três fases" (figura 1).
Figura 1 (Fonte: SOUZA E BASTOS, 2015)

Os solos estão baseados em sua formação com uma série de processos, de diferentes
propriedades físicas, químicas e biológicas. A interação entre partículas, vento, temperatura e
pressão são processos físicos, onde a ácidos, água, bases e sais estão dentro de um processo
químico. Portanto, os papéis dos microrganismos, das raízes das plantas e da matéria orgânica
estão todos envolvidos nesse processo. Seguindo com a combinação desses processos, ocorre-
se a fragmentação da rocha dando forma partículas menores e, portanto, diferentes tipos de
solo (ANDREOLI, et al., 2019).

4.2 CARACTERÍSTICAS DE SOLO MOLE

Por definição, são geralmente solos de origem sedimentar, saturados e em maioria


argilosos, esse tipo de solo possui uma permeabilidade baixa e compressibilidade alta. Essas
propriedades afetam o comportamento do solo, onde no momento em que são sujeitos à
variadas tensões, como aterro na camada superior, pode apresentar grandes deformações. Os
critérios mencionados definem o cenário de grandes deformações encontradas em Martins e
Abreu (2002).

Os recalques podem decorrer por um longo período, sendo que as baixas


permeabilidades desse tipo de solo, dissipando o excesso da geração de poropressão,
propiciando para que o carregamento seja lento.

Conforme PINTO (2006), os solos são classificados como mole pela equação a seguir:

Índice de consistência (IC) < 0,5:

𝐼𝐶= 𝐿𝐿−𝑤 / 𝐿𝐿− 𝐿P


Onde:

LL = Limite da Liquidez
w = teor da umidade
LP = Limite da Plasticidade

Classificando através da Tabela 1:

NSPT é o parâmetro que mede a resistência do solo à penetração, consistindo em


golpear com um amostrador padrão o solo de 30 em 30 cm, conforme a norma NBR
6484, posteriormente dos primeiros 15 cm. A Tabela 2 se refere a consistência em
função do Nspt.

Resistência a compressão simples ≤ 50kPa:

Realizando o ensaio para realizar a ruptura do corpo de prova, sendo necessário


verificar a carga e dividi-la pela área da seção transversal do corpo de prova, definido a
resistência à compressão simples (PINTO, 2006)

Observando a Tabela 3 com a classificação utilizada:


4.3 CONCEITUAÇÃO DE GEOEXPANDIDO

Os aterros ultraleves de EPS (Expanded Polysterene Blocks) foram desenvolvidos para


construção de aterros que ficam sobre solo de baixa resistência com finalidade de reduzir
problemas com recalques excessivos de aterro, atrasos em prazo de entrega da construção,
tendo rapidez e facilidade na execução.

Com isso, é considerado um método construtivo que minimiza os impactos


ambientais, por usar o EPS - material 100% reciclável e inerte, reduzindo os custos para
execução de terraplanagem. (SILVA, 2012, pág. 12).

É importante enfatizar que, além da utilização do EPS para aterro ultraleve para
solução de solos moles, também existem diversas outras soluções, ficando a cargo do time de
engenharia encontrar a solução, ambiental e economicamente ideal para cada caso.
(MARANGON, 2009, pág.32).

O método de aterro ultraleve EPS é constituído por cinco processos, primeiramente se


prepara o terreno para poder receber o material, posteriormente, instala-se as peças de EPS
individualmente como quebra-cabeça, formando uma escora estrutural. Com dimensões de 4
metros de comprimento; 1,50 m de largura e 50 cm de altura. As peças são encaixadas onde
recebem as próximas camadas de aterro do asfalto. Salientando que, essa modalidade de
material é extremamente leve e resistente, pesando em torno de 23 kilos por m³, em
comparação ao aterro convencional que pesa cerca de 1600 kilos por m³. Portanto, pode-se
afirmar que a carga que o isopor exerce sobre o aterro é muito pequena e, além disso, vale
ressaltar que o EPS é um dos componentes que absorvem a carga que é recebida pelo tráfego
dos veículos pesados e leves e, logo em seguida, ela dissipa-se devido à altura do aterro.
Logo após, aplica-se uma manta de proteção garantindo uma longa duração dos blocos de
EPS, despeja-se o concreto e concluindo com o pavimento. Segundo Nascimento (2012), a
utilização de blocos de EPS:

[...] visa a solução para o encabeçamentos de pontes e viadutos, em obras de rodovias,


bem como para a estabilização de locais com solos moles, o seu uso na estrutura resolve
dificuldades com solos moles, substituindo o tradicional aterramento, e serve como base para
receber o asfalto, evitando recalques na pista, comuns quando utilizado a terra neste tipo de
solo.

Figura 2 (Uso de Geofoam no Brasil, 2014 – Fonte: https://www.isocentro.com.br/fundacao-


estradas-aterros)

Figura 3 (Viaduto na rodovia Engenheiro Constâncio Cintra – Fonte:


http://pet.ecv.ufsc.br/2013/09/metodo-utiliza-blocos-de-eps-em-aterro/)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O EPS vem sendo utilizados em várias esferas da construção civil, entre elas, prédios,
residências, pontes, ferrovias e também em aterros rodoviários. A utilização de EPS em
aterros ultraleves vem retornando resultados satisfatórios, apresentando vantagens tanto na
diminuição de tempo e redução do custo total da obra, e ainda reduzindo os impactos
ambientais que são gerados na construção. É importante ressaltar que é um método
construtivo que pode substituir a utilização do aterro convencional de obras em solo mole, por
se tratar de um material durável, resistente, muito leve, além da facilidade no seu transporte e
molde. Portanto, se trata de uma solução bastante viável para execução de aterros em solo
mole, pois é capaz de reduzir os recalques e traz agilidade na entrega da obra.

REFERÊNCIAS

1. ANDRADE, M. H. F. Introdução à pavimentação. Universidade Federal do Paraná -


UFPR, 2014.

2. (BERNUCCI, L. L. B. et al.Pavimentação asfáltica: Formação básica para


engenheiros. 1 ed. Rio de Jan. Petrobras ABEDA, 2008. Disponível:
https://repositorio.usp.br/item/001735737. Acesso em: 12 set 2022.

3. DNIT 152/2010 – ES. Pavimentação – Macadame hidráulico – Especificação de


serviço. Rio de Jan., 2010.

4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7207: Terminologia


e classificação de pavimentação. Rio de Jan., 1982.

5. ______. NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –


Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos. Rio de Jan., 2004

6. ______. NBR 15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil –


Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - Requisitos.
Rio de Jan., 2004.

7. CONSTRUPOR.EPS – ISOPOR® P/ laje, enchimento, concreto leve, estradas,


flutuadores e isolamento. 2022. Disponível: https://construpor.com.br/eps.php.
Acesso em: 12 set. 2022.
8. LIMA, S. F., et al. UM estudo sobre a utilização de eps para aterro sobre solos
moles. Caderno De Graduação - Ciências Exatas E Tecnológicas - UNIT -
ALAGOAS, (2019). Recuperado
dehttps://periodicos.set.edu.br/fitsexatas/article/view/6805. Acesso em: 12 set. 2022.

9. PINTO, Carlos de Souza. Curso básico de mecânica dos solos. São Paulo: Oficina
de Textos, v. 3, 2006.

10. SOUZA, Jéssica Siqueira de; BASTOS, CWDAM. Mecânica dos solos. Brasília: NT
Editora, 2015. Supported Earth Platforms over Soft Soil. Journal of Geotechnical
and Geoenvironmental Engineering - J GEOTECH GEOENVIRON ENG.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/245294022_Numerical_Analysis_of_Geosy
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em: 12 de Outubro de 2022.

11. ANDREOLI, Cleverson V.; ANDREOLI, Fabiana de Nadai; JUSTI JUNIOR, Jorge.
Formação e Características dos Solos para o Entendimento de sua Importância
Agrícola e Ambiental. 2019. Disponível em:
http://www.agrinho.com.br/site/wpcontent/uploads/2014/09/31_Formacao-de-
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12. MARTINS, I. S. M., ABREU, F. R. S., Uma solução aproximada para o


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13. TOLEDO, Maria Cristina Motta de et al. Intemperismo e Pedogênese. 2019.


Disponível:
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Geotécnica, 16, Porto de Galinhas, 2012. Acesso em: 12 out. 2022.

15. MARANGON, M. Tópicos em geotecnia e obras de terra. Unidade 02-Geotecnia


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http://www.ufjf.br/nugeo/files/2009/11/togot_Unid02.1GeotFund-
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16. NASCIMENTO, Jean Almeida. Aterros sobre solo mole emprego de geossintéticos
em geotecnia. São Luís-MA, 2012. Disponível em:
http://docslide.com.br/documents/aterros-sobre-solos-moles.html. Acesso em: 12 out.
2022.

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