Apostila Gestão de Riscos Nas Contratações Públicas
Apostila Gestão de Riscos Nas Contratações Públicas
Apostila Gestão de Riscos Nas Contratações Públicas
Contratações Públicas
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Apostila do Aluno
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Redação:
Prof. Edmar Gomes de Azevedo Júnior
Revisão e Diagramação:
Equipe da Coordenação Geral de Projetos de Capacitação
Fotografias Apresentadas na Capa:
Assessoria de Comunicação da Enap
Ideação e Montagem da Capa:
Equipe da Coordenação Geral de Projetos de Capacitação
Ano de Produção: 2019
INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 5
OBJETIVOS INSTRUCIONAIS
a) reconhecer a relação da Gestão de Riscos com as contratações púbicas; b)
identificar as vantagens e desafios da implantação da Gestão de Riscos nas
contratações públicas.
PRINCIPAIS TÓPICOS
Contextualização do risco e sua metodologia de estudo; apresentação de
casos reais em que a Gestão de Riscos foi negligenciada, trazendo suas
causas, os impactos gerados e as providências tomadas pelos gestores, tanto
no gerenciamento de crise quanto na mitigação de futuros riscos;
apresentação de exemplos de perdas operacionais, suas causas e seus
respectivos impactos financeiros; pilares da gestão de riscos: probabilidade e
impacto; o que é Gestão de Riscos, tipos de riscos e o processo de gestão de
riscos nas contratações públicas.
INTRODUÇÃO
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Estima-se que as contratações públicas no Brasil representam 13,8%
do Produto Interno Bruto ("Mensurando o mercado de compras
governamentais brasileiro" de Cássio Garcia Ribeiro e Edmundo Inácio
Júnior, publicado no Caderno de Finanças Públicas, n. 14, p. 265/287,
dez. 2014). Sendo assim, temos que a licitação constitui significativo instrumento de
que dispõe a administração pública para exigir que as empresas que pretendam
contratar com o Poder Público cumpram requisitos de eficiência, eficácia e efetividade,
desde a produção até a distribuição de bens, assim como na prestação de serviços, e
na realização de obras de engenharia.
6
I – Baixo impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água;
II – Preferência para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem
local;
III – Maior eficiência na utilização de recursos naturais como água e energia;
IV – Maior geração de empregos, preferencialmente com mão de obra local;
V – Maior vida útil e menor custo de manutenção do bem e da obra;
VI – Uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais;
VII - Origem sustentável dos recursos naturais utilizados nos bens, nos
serviços e nas obras; e
VIII - Utilização de produtos florestais madeireiros e não madeireiros
originários de manejo florestal sustentável ou de reflorestamento.
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recursos de maneira equilibrada.
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negativas em suas estratégias, sejam elas financeiras ou não financeiras. Desse modo,
o gerenciamento de riscos torna-se perfeitamente aplicável à consecução das
aquisições públicas, através da identificação, análise e mitigação das ameaças,
assegurando, com isso, a proteção ao patrimônio público, ao bem-estar social e ao
meio ambiente.
9
instituição em Fortaleza/CE, entre os dias 6 e 7 de agosto de 2005. Os
assaltantes escavaram um túnel de 80 metros de comprimento, ligando o local
utilizado pela quadrilha à caixa forte do BC, com características de uma verdadeira
obra de engenharia. No evento, foram subtraídos 164 milhões de reais, tornando-se,
assim, o maior assalto a banco do Brasil e o segundo maior do mundo.
Após os graves impactos negativos trazidos pela concretização do risco de
assalto à caixa forte, como o dano financeiro e a fragilização da imagem institucional
perante a sociedade, o BC promoveu uma série de mudanças em sua estrutura
organizacional relacionadas à gestão de riscos, segurança e continuidade de negócios.
Essas ações envolveram a modelagem de processos internos, a readequação da
infraestrutura dos edifícios-sede e a contratação, treinamento e desenvolvimento de
servidores em áreas específicas.
Além dos casos acima, pode-se verificar algumas outras situações em que a
gestão de riscos não foi adotada da forma adequada, trazendo grandes prejuízos
financeiros, como no caso do Banco do Brasil, que foi penalizado pelo CADE por exigir,
de forma ilícita (risco legal), exclusividade em contratos de crédito consignado, e da
Caixa Econômica Federal, que sofreu perdas financeiras imensas devido a fraudes nos
contratos de crédito imobiliário (risco operacional).
RISCOS: DEFINIÇÕES, PILARES, GESTÃO, TIPOS, PROCESSO DE
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GESTÃO DE RISCOS
DEFINIÇÕES
No âmbito organizacional, o risco pode ser subdividido em dois tipos
clássicos (dualidade do risco): risco estratégico e risco operacional.
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diretamente no orçamento do órgão, implicando em desperdício de dinheiro público e
ineficiência da gestão. No caso dos riscos estratégicos externos, tem-se como exemplo
o risco de contingenciamento orçamentário, que poderá trazer mudanças significativas
para as compras públicas, que terão de ser priorizadas de acordo com o planejamento
estratégico, tendo em vista a limitação dos recursos disponíveis.
Já o risco operacional é estabelecido como a possibilidade de ocorrência de
perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas
e sistemas, ou eventos externos, incluindo o risco legal (Resolução BCB nº 3380/2006).
Esse tipo de risco está relacionado aos processos organizacionais executados pelos
colaboradores responsáveis pelas atividades cotidianas das instituições, como é o caso
das licitações públicas. O risco operacional está presente no dia a dia dos setores de
licitações e contratos e precisam ser gerenciados de forma a criar ações de defesa
quanto a possíveis ameaças. Os impactos trazidos por esses riscos referem-se a
processos de trabalho mal elaborados ou inexistentes, recursos humanos escassos ou
sem capacitação, sistemas de tecnologia da informação inadequados às necessidades
dos usuários ou com infraestrutura precária, além do contexto externo instável, como
crises econômicas e políticas, que podem trazer alterações legais e organizacionais,
tais como redução de pessoal, extinção de departamentos e órgãos, remoção de
servidores, restrição orçamentária etc. Por isso, esses riscos precisam ser
acompanhados de forma ininterrupta, desde o planejamento da aquisição até a
execução do contrato, objetivando a melhoria contínua dos processos e práticas
ligados às compras públicas.
PILARES
Diariamente, as pessoas deparam-se com inúmeros riscos e,
inconscientemente, realizam a análise e fazem o gerenciamento
destes riscos. Esse gerenciamento é baseado em dois pilares
fundamentais para a existência de qualquer risco, quais sejam: probabilidade e
impacto. A probabilidade nada mais é do que a possibilidade de materialização de
determinado risco. Por exemplo, qual seria a chance de um banhista ser atacado por
um tubarão durante um mergulho na praia de Boa Viagem, em Recife/PE? Seria uma
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probabilidade alta, média ou baixa? Por sua vez, o impacto se refere ao grau de
prejuízo causado pela materialização do risco, podendo ser de natureza financeira,
reputacional, ambiental, humana, dentre outras. No caso do ataque de tubarão, o
impacto poderia ser leve, médio, grave ou gravíssimo, dependendo do tipo de sequela
sofrida pelo banhista. A medida que deve ser tomada para que a probabilidade de
acontecimento seja reduzida e, consequentemente, o impacto não se efetive, é
chamada de mitigação. A ação de mitigação do risco deve considerar a relação
probabilidade versus impacto, adotando-se medidas que reduzam a possibilidade de
acontecimento, como também o grau de impacto. Ao se refletir sobre o caso do
ataque de tubarão, o ideal seria a mitigação total do risco, evitando-se o mergulho.
Assim, a probabilidade de ataque seria nula e, logicamente, o impacto também.
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assume a função de proteção dos recursos humanos, materiais e da
imagem organizacional referentes aos processos de contratações
públicas, através da mitigação dos riscos, conforme seja financeiramente mais viável,
evitando perdas. Sendo assim, ao gerir os riscos de um processo de contratação
pública, procura-se garantir que os agentes públicos se resguardem quanto a possíveis
falhas ou vulnerabilidades, seja no planejamento do bem ou serviço a ser adquirido,
seja na execução e fiscalização do contrato administrativo. Outro ponto importante
que deve ser observado é a salvaguarda dos recursos materiais, que serão mais bem
aplicados através de uma gestão de riscos bem elaborada, em que se defina a real
necessidade de determinada aquisição ou contratação de serviço, garantindo uma
melhor utilização do dinheiro público. Tão importante quanto a proteção de recursos
humanos e materiais é a preservação da imagem da instituição pública. A partir do
momento que um ente público passa a gerir seus riscos de forma proativa e contínua,
os processos organizacionais tornam-se cada vez mais eficazes, eficientes e efetivos.
Essas três qualidades transformam positivamente a instituição pública, deixando-a
mais confiável, respeitada e madura perante a sociedade e a administração pública.
Dentre os benefícios trazidos pela gestão de riscos nas contratações públicas,
pode-se destacar quatro pontos que agregam valor à organização como um todo. O
primeiro ponto é a proatividade na identificação e estudo de ameaças, que permite
que a instituição se antecipe aos possíveis gargalos que venham impactar
negativamente seus processos de trabalho. O segundo ponto se refere à transparência
nas decisões de alocação de recursos: à medida que a gestão de riscos acontece, as
causas dos problemas são apresentadas claramente e os planos de ação passam a ser
elaborados de forma mais criteriosa e consciente, inclusive quanto à gestão
orçamentária. Já o terceiro ponto tem como foco a preparação da organização para
enfrentar as surpresas em um ambiente de contínua mudança. É sabido que a
globalização, ao mesmo tempo que integra os quatro cantos do mundo, também
impõe desafios às pessoas e organizações. Dessa forma, a gestão de riscos é aplicada
no intuito de se aproveitar o que o mundo globalizado tem a oferecer, como inovação
tecnológica, produtos e serviços sustentáveis, equipamentos mais eficientes. Porém,
também serve para antecipar ameaças trazidas por esse contexto global, como
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escassez de recursos, crises econômicas, ataques cibernéticos etc. Por fim, o quarto
ponto trata da melhoria dos padrões de governança corporativa. O tópico sobre
governança será aprofundado mais adiante, porém, é importante entender que o
gerenciamento de riscos faz com que a organização seja mais transparente em suas
ações, trate seus stakeholders com igualdade e respeito, fomente a responsabilidade
corporativa e estabeleça regras para a prestação de contas dos gestores públicos,
tornando a administração pública mais eficiente, equilibrada, íntegra e comprometida
com o atendimento do bem comum.
TIPOS DE RISCOS
De acordo com a doutrina, os riscos podem ser classificados em cinco
tipos, que vão sendo diferenciados a partir da elevação do grau de
criticidade dentro de determinado processo organizacional. O
primeiro tipo de risco é chamado de Aceitável. Esse risco se refere a situações que não
necessitam de medidas específicas para serem tratados, pois são parte integrante do
processo. São os riscos inerentes à existência do trabalho. Como exemplo, pode-se
citar o risco de o pregoeiro adoecer e não comparecer ao certame licitatório,
provocando o adiamento de sua abertura. O risco Tolerável é o segundo tipo a ser
estudado. Nesse caso, ações preventivas ainda não precisam ser adotadas. No entanto,
devem ser consideradas soluções mais rentáveis ou melhorias que não impliquem uma
carga econômica importante, como realização de um up grade no sistema de
informática ou a troca dos computadores por modelos mais modernos. Partindo para o
terceiro risco, tem-se o tipo Moderado, que, ao ser identificado, demanda um esforço
para sua mitigação em uma determinada data limite (deadline). Ainda pensando em
sistemas informatizados, tem-se como exemplo a necessidade de atualização da
licença do sistema operacional utilizado pela instituição pública, que, se não for
concretizada, deixará os computadores indisponíveis para utilização. Com um grau de
criticidade mais elevado, o risco Importante é o quarto tipo a ser analisado. Nesse
contexto, as atividades não devem ser iniciadas até que se tenha reduzido o risco.
Podem ser necessários recursos consideráveis para se controlar a ameaça. Seria o
caso, por exemplo, da necessidade de transferência de dados através de uma rede
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criptografada. Se a criptografia não tem como ser garantida, não há que se falar em
transferência de dados até que uma solução seja encontrada. Por fim, o risco
Intolerável é aquele que não tem como ser mitigado, mesmo utilizando recursos
ilimitados e, assim, a atividade deve ser eliminada do processo. Para exemplificar tal
situação, pode-se prospectar um cenário de contingência orçamentária em que não
seria possível honrar o pagamento de determinada compra pública. Ora, se não há
recursos financeiros disponíveis, também não há como prosseguir com um
procedimento licitatório lícito, e o correto a se fazer é interromper o processo de
aquisição o quanto antes.
Apesar da academia definir categoricamente esses cinco tipos de riscos, a
Instrução Normativa no 05, de 2017 do Ministério do Planejamento – IN 05/2017 –
MPDG, em seu art. 25, inciso III, diz que o risco a ser tratado é aquele considerado
Inaceitável. Então, percebe-se que a IN 05/2017 equiparou o risco Inaceitável ao tipo
de risco classificado como Importante pela doutrina.
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monitoramento e revisão dos riscos, como se pode observar na ilustração a seguir:
Fonte: researchgate.net
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mapeamento e monitoramento que envolvam toda a companhia e façam com que ela
administre os riscos proativamente.
Nesse contexto, verifica-se que as ameaças às instituições se originam das mais
variadas fontes, podendo ser ameaças humanas (roubo, fraude, terrorismo,
negligência, imperícia), ameaças tecnológicas (invasão de sistemas, falta de energia
elétrica), como também ameaças legais (não cumprimento de leis, inovação
legislativa). Por conta disso, é fundamental que os gestores e agentes públicos
responsáveis pelas contratações públicas estejam preparados para identificar fontes
de perigo em suas rotinas, tomando as seguintes providências iniciais:
a. Conhecer seu local de trabalho e observar suas fragilidades;
b. Consultar os colegas de trabalho sobre os problemas que lhes tenham surgido;
c. Analisar sistematicamente o que se passa realmente no seu local de trabalho;
d. Analisar as operações não rotineiras e intermitentes.
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Parte II
OBJETIVOS INSTRUCIONAIS
a) Conhecer as principais normas internacionais que regulamentam a gestão
de riscos no mundo, COSO-ERM e ISO 31.000, seus princípios, processos,
estrutura e benefícios; b) Compreender o caso do Banco Central,
entendendo como se deu a implantação da Gestão de Riscos na autarquia
federal; c) Conhecer os conceitos de Governança Corporativa, seus
princípios, objetivos, sistema de funcionamento e sua relação com a gestão
de riscos.
PRINCIPAIS TÓPICOS
Normas de referência para a gestão de riscos; Norma COSO Enterprise Risk
Management – COSO-ERM (2004 e 2017), conceitos, filosofia, estrutura e
benefícios; ISO 31000:2018, conceitos, princípios, estrutura, processos e
benefícios; Governança Corporativa: conceitos, princípios, objetivos, relação
entre a prática da Governança e a Gestão de Riscos.
NORMAS INTERNACIONAIS SOBRE GESTÃO DE RISCOS
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De acordo com Brasiliano (2009), a norma é um documento
estabelecido pelo consenso de especialistas das mais diversas áreas e
segmentos do mercado sobre determinado tema, que precisa ser
aprovado por um organismo reconhecido nacional ou mundialmente, e que tenha
como competência institucional a manutenção e atualização de normas técnicas, seja
numa perspectiva regional ou global. A norma fornece regras, diretrizes ou
características para atividades ou seus resultados, visando ao atingimento de um grau
de excelência nos processos organizacionais inseridos em certo contexto.
Historicamente, as normas surgiram por conta da necessidade de se dar mais
qualidade aos serviços prestados pelo Exército dos Estados Unidos. A norma da
qualidade do exército americano sofreu várias atualizações, até que em 1987, foi
lançada a ISO 9001, norma internacional da qualidade. Quanto às normas que tratam
da gestão de riscos, a COSO-ERM (Enterprise Risk Management) e a ISO 31000 são as
mais utilizadas em todo o mundo na orientação e regulação das ações tomadas pelos
gestores de riscos. Devido ao seu nível de alcance, passaram a ser conhecidas como
“normas guarda-chuva”, dando suporte aos demais documentos que também tratam
do tema, e sendo aplicadas aos mais diversos tipos de riscos, tais como o risco
financeiro, operacional, de projetos, da saúde do trabalhador, ao meio ambiente, à
segurança da informação, da segurança empresarial, entre outros.
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destaca a importância de considerar os riscos tanto no processo de estabelecimento
da estratégia quanto na melhoria da performance (Portal TCU). Percebe-se, portanto,
que a evolução da norma COSO trouxe a reboque uma preocupação não apenas com a
aplicação das boas práticas na execução do trabalho, mas também com o
planejamento estratégico das organizações. Esse entendimento se insere
perfeitamente no âmbito das aquisições públicas, tendo em vista que a IN 05/2017
dispõe que a gestão de riscos deve estar presente em todas as fases das contratações,
do planejamento ao encerramento do contrato administrativo.
A partir do momento que a norma COSO-ERM passa a dar maior relevância ao
planejamento institucional, ela passa a estabelecer quatro tópicos que precisam ser
supervisionados continuamente pela alta gestão organizacional:
• A filosofia de risco da entidade e o apetite ao risco da entidade;
• O portfólio de risco da entidade e a sua relação quanto ao apetite ao risco da
entidade;
• Os riscos mais significativos e a resposta adequada a esses riscos;
• A eficácia do gerenciamento dos riscos corporativos.
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proporcionem retornos bem menos significativos, enquanto o investidor com maior
apetite ao risco irá se expor mais, aumentando a probabilidade de sofrer um maior
impacto negativo, porém com benefícios mais atraentes. Na administração pública,
observa-se, de um modo geral, grande aversão ao risco, afinal, os recursos geridos
pertencem ao contribuinte e necessitam ser bem alocados. Além disso, a extensa
legislação vigente procura controlar toda e qualquer ação governamental em prol de
uma gestão pública de excelência, tanto em relação aos seus valores éticos quanto aos
resultados alcançados.
É através de uma filosofia de risco bem definida que a instituição pública irá
definir o seu apetite ao risco e, consequentemente, iniciar um processo de
gerenciamento de riscos mais sólido. O primeiro passo, então, é identificar os riscos
que possivelmente possam atingi-la, criando um portfólio de riscos, que precisará ser
revisado e alimentado ininterruptamente. Ao se estabelecer a relação de riscos
organizacionais, os gestores necessitam definir quais são os riscos de maior relevância,
associando cada um deles a ações mitigadoras adequadas aos seus tratamentos. Assim
que os planos de ação forem colocados em prática, a gestão pública estará preparada
para alcançar níveis de eficácia mais elevados, atingindo, então, os objetivos
anteriormente planejados.
Seguindo esse raciocínio, a COSO-ERM diz que o gerenciamento de riscos
corporativos é um processo, construído pela diretoria da entidade, sua alta gestão, e
demais funcionários, aplicado no cenário estratégico e em toda a empresa, projetado
para identificar eventos com potencial de afetar a entidade, e gerir o risco dentro do
apetite de risco, para fornecer uma garantia razoável em relação à realização dos
objetivos.
ISO 31000:2018
Em 2009, a ISO 31000 surgiu com o objetivo de criar um padrão
internacional para a gestão de riscos corporativos, tendo sido
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publicada no Brasil sob o nome ABNT NBR ISO 31000:2009 Gestão de
riscos – Princípios e diretrizes (Portal TCU). Em 2018, a ISO 31000 foi
revisada e seu conteúdo foi totalmente substituído pela nova versão, incluindo as
etapas relativas às atividades de comunicação e consulta, ao estabelecimento do
contexto, tratamento dos riscos (identificar, analisar e avaliar os riscos), uma etapa
relativa ao monitoramento e, por fim, registro e relato dos riscos.
A ISO 31000:2018 está balizada em três pilares de sustentação, que são seus
princípios, estrutura e processos.
São 9 os princípios trazidos pela ISO 31000:2018, tendo como princípio central
a criação e proteção de valor, como se pode observar na Figura abaixo:
PRINCÍPIOS
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processos fiquem mais robustos e condizentes com as demandas organizacionais e sua
infraestrutura dê o suporte necessário à produção de produtos e serviços de
qualidade. Para que isso realmente aconteça, é necessário que a gestão de riscos se
torne parte integrante de todos os processos organizacionais, como também seja uma
ferramenta de apoio a todas as tomadas de decisão, garantindo maior assertividade
aos gestores. Com a prospecção de cenários advinda da gestão de riscos, o ente
público abordará explicitamente as incertezas ambientais e estará mais bem
preparado para enfrentá-las num mundo de contínua mudança. Todas essas ações
precisam funcionar de maneira sistemática, estruturada e oportuna, em que as
atividades estejam interligadas, com as etapas bem definidas e sendo aplicadas nos
momentos ideais. Para que os riscos sejam corretamente geridos, é fundamental que o
levantamento de dados seja preciso e criterioso, pois, assim, as decisões serão
tomadas levando em consideração as melhores informações possíveis, o que elevará o
seu grau de acerto. Cada risco precisa ser tratado de maneira específica, de acordo
com o contexto em que está inserido. Esse trabalho exige que as pessoas
compreendam a importância da gestão de riscos e percebam que o risco é parte
integrante da cultura organizacional, devendo ser identificado, analisado e tratado
com transparência e interatividade. Todos esses princípios reunidos e aplicados
corretamente fazem com que se estabeleça um padrão de melhoria contínua na
administração pública de um modo geral e, pontualmente, nas compras públicas.
Como visto, torna-se imprescindível que os princípios elencados pela ISO 31000
sejam realmente aplicados para que a instituição atinja seus objetivos com maior nível
de qualidade. A aplicação desses princípios depende de uma estrutura formal
estabelecida pela alta gestão, demonstrando que há o comprometimento da diretoria
com a concepção e implementação da gestão de riscos e que esse processo deve ser
avaliado e melhorado continuamente por todos os colaboradores.
ESTRUTURA
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Fonte: Projeto de revisão ABNT NBR ISO 31000:2018
PROCESSO
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ente público, pertence a que esfera de governo? O risco a ser analisado é estratégico
ou operacional? Essas e outras perguntas precisam ser feitas para se definir em que
situação o risco está inserido. Outro ponto de bastante relevância refere-se à
comunicação e consulta. De acordo com a NBR ISO 31000:2018, essa etapa visa a
reunir diferentes áreas de especialização para que contribuam com a gestão de riscos,
assegurar que diferentes pontos de vista sejam considerados nos estudos dos riscos,
fornecer informações suficientes para a tomada de decisão, e também construir um
senso de inclusão entre os participantes possivelmente afetados pelos riscos
organizacionais. Quanto ao monitoramento e análise crítica, busca-se assegurar que
todas as etapas foram bem executadas e que, dessa forma, os resultados serão
alcançados. Essa etapa deve ser executada durante todo o processo de gestão de
riscos, pois assim as inconsistências podem ser ajustadas de imediato e o curso das
ações redirecionado. Após todas as medidas serem tomadas, faz-se necessário
documentar o processo de gestão de riscos e seus resultados para que, além de servir
como fonte de pesquisa, demonstrem os resultados alcançados. A ISO 31000 diz que o
relato é parte integrante da governança corporativa, ajuda a melhorar o diálogo entre
os stakeholders e também auxilia a alta direção a cumprir suas responsabilidades.
A ISO 31000:2018 elenca os seguintes benefícios, que nada mais são do que
reflexo de sua correta implementação:
➢ Redução de surpresas;
➢ Melhoria da identificação de oportunidades e ameaças;
➢ Melhoria do planejamento, desempenho e eficácia;
➢ Economia e eficiência;
➢ Melhoria das relações com as partes interessadas;
➢ Melhoria das informações para a tomada de decisões;
➢ Melhoria no processo de prevenção de perdas;
➢ Atendimento aos documentos normativos;
➢ Melhoria dos controles;
➢ Tomada de decisão baseada em riscos;
➢ Melhoria do processo de aprendizagem organizacional;
➢ Aumento da resiliência da organização;
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➢ Encorajamento para uma gestão proativa;
➢ Melhoria na governança corporativa.
GOVERNANÇA CORPORATIVA
A Governança Corporativa é o conjunto de práticas que tem a
finalidade de otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger
todas as partes interessadas (investidores, empregados e credores,
entre outros), facilitando o acesso ao capital (CVM, 2002). Conforme o Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), os princípios e práticas da boa
Governança Corporativa aplicam-se a qualquer tipo de organização,
independentemente do porte, natureza jurídica ou tipo de controle, adaptável a
outros tipos de organizações, como, por exemplo, os órgãos governamentais. No
Brasil, mas especificamente no setor público brasileiro, a governança começou a ser
implementada em 1995, com o surgimento da Administração Pública Gerencial ou
Nova Gestão Pública (New Public Management-NPM). Entre outras ações, essa
abordagem introduziu a governança na gestão pública federal com o objetivo
primordial de reduzir custos, garantindo maior eficiência à máquina pública, através de
medidas como a terceirização de mão de obra, privatizações, contratos de gestão e
parcerias público-privadas. Tudo isso associado aos princípios basilares da Governança
Corporativa: transparência, equidade, responsabilidade corporativa e prestação de
contas.
Para que a real importância da governança seja assimilada e sua relação com a
gestão de riscos nas contratações públicas seja compreendida, é preciso que algumas
perguntas iniciais sejam respondidas.
O QUE ESPERAMOS QUE AS PESSOAS FAÇAM NAS EMPRESAS?
Quando uma empresa, seja pública ou privada, realiza um processo de
recrutamento e seleção, ela busca pessoas que possuam
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determinadas competências técnicas, como também certas
características comportamentais. Isso se deve à necessidade de que esses
colaboradores tomem as melhores decisões possíveis para o negócio e que cumpram
as regras estabelecidas pelos regulamentos internos e pela legislação vigente, além do
respeito aos princípios éticos. É sabido que as melhores decisões são aquelas que
agregam maior valor para a organização, dentre um conjunto de opções disponíveis,
deixando-a mais eficiente, competitiva e acreditada.
Como já visto anteriormente, para que os gestores e agentes públicos possam
ser assertivos em suas escolhas, faz-se necessário que as informações obtidas sejam
precisas e reflitam a realidade do contexto organizacional e do ambiente em que a
organização encontra-se inserida. As decisões precisam ser inteligentes e baseadas em
diagnósticos confiáveis.
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inadequadas por acreditarem fielmente que sabem o que estão fazendo, mas, na
realidade, não sabem. Esses vieses cognitivos distorcidos acabam causando uma
miopia gerencial, levando o gestor a enxergar as demandas de forma inapropriada,
que, por sua vez, levam a decisões insatisfatórias e prejudiciais aos anseios
institucionais.
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organizacional desfavorável ao bom desempenho, criando um ambiente competitivo,
desgastante, com alto índice de absenteísmo e difícil de ser administrado no longo
prazo.
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organização, como a gestão de riscos, dando sustentabilidade e credibilidade ao
trabalho desenvolvido pelo corpo funcional. Uma ferramenta administrativa
extremamente útil é a gestão de desempenho, em que metas individuais são traçadas
em comum acordo entre a chefia e subordinados, prazos são definidos e os resultados
monitorados pontualmente. Aliada à gestão de desempenho, está a gestão por
competências, que serve para identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos
gestores e demais colaboradores, no intuito de alocar os profissionais em posições
estratégicas, de acordo com suas capacidades técnicas e comportamentais. A gestão
por competências, além de servir como ferramenta para alcance de resultados,
também serve como ferramenta motivacional, já que os profissionais serão
aproveitados em funções correlatas às suas formações acadêmicas e em áreas de seu
interesse.
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A Governança Corporativa é alicerçada por quatro princípios básicos:
1) Transparência: orienta a disponibilizar para os stakeholders as
informações que sejam de seu interesse. Essas informações não
devem se restringir ao desempenho econômico-financeiro, contemplando também os
demais fatores (inclusive intangíveis, como a imagem) que norteiam a ação gerencial e
que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização. Além do mais, a
prática de informar o que se passa na organização gera um clima de confiança interna
e externa.
2) Equidade: refere-se ao tratamento justo e isonômico de todas as partes
interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres,
necessidades, interesses e expectativas. Esse princípio procura fomentar a igualdade
dentro da organização para que todos os seus integrantes, sejam do alto escalão ou do
chão de fábrica, tenham o direito de expressar suas opiniões a respeito do que eles
entendem ser o melhor para a instituição e para seu corpo funcional.
3) Prestação de contas: os agentes de governança devem prestar contas de sua
atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo. Eles devem assumir
integralmente as consequências de seus atos e omissões, atuando com diligência e
responsabilidade no âmbito dos seus papéis.
4) Responsabilidade corporativa: os gestores e colaboradores devem zelar pela
viabilidade econômico-financeira das organizações, afinal, a sobrevivência
organizacional e seu desenvolvimento beneficia a todos, acionistas, executivos e
demais empregados. Para que essa viabilidade seja garantida, os agentes de
governança devem reduzir as externalidades negativas de seus negócios e aumentar as
externalidades positivas, investindo fortemente nos diversos capitais (financeiro,
manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental etc.)
Além desses quatro princípios norteadores, existem mais seis princípios que
complementam as boas práticas da governança. São eles:
5) Avaliação de desempenho: indica a necessidade de avaliar regularmente e
formalmente o desempenho dos gestores e colaboradores. A avaliação deve atribuir
remuneração em montante adequado e vinculada ao desempenho, bem como
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recompensas e sanções justas, fomentando a meritocracia.
6) Processo decisório: é importante que se implemente um processo decisório que
contemple visões diferentes na tomada de decisões, evitando a concentração de
poder, como também trazendo experiências distintas que enriqueçam o debate e
propiciem um leque maior de soluções para as demandas apresentadas. Deve haver
mecanismos para tratar de conflitos de interesse e resolução de disputas, como
ferramentas administrativas que apontem objetivamente as melhores alternativas
para cada caso. O Gráfico de Causa e Efeito (Ishikawa) e a análise SWOT são exemplos
dessas ferramentas.
7) Formalidades e controles: conscientização de que a informalidade é um inimigo da
boa governança. É necessário desenhar processos, criar padrões de execução e
estabelecer regras a serem cumpridas, em que os controles sejam feitos através da
gestão de riscos, auditorias e Compliance.
8) Ética na liderança: os membros da cúpula devem se comportar com integridade e
elevado padrão de conduta, até porque a melhor forma de liderar se dá através do
exemplo. É imprescindível que se promova incessantemente os valores da
organização, com ações de aculturamento e valorização do comportamento ético. O
endomarketing é uma ótima ferramenta para a promoção dos valores organizacionais.
9) Colaboração: criação de um contexto organizacional que fomente a cooperação
entre os colaboradores e gestores, evitando competição excessiva e rivalidades
internas. Os interesses dos colaboradores devem estar alinhados aos interesses
organizacionais, o que favorece o atingimento dos objetivos organizacionais de longo
prazo.
10) Diversidade: é preciso que as organizações criem políticas concretas para ampliar a
diversidade (de gênero, etnia, formações acadêmicas etc.), fomentem o respeito às
diferenças individuais do ser humano, bem como punam atitudes discriminatórias no
ambiente de trabalho.
Ao tratar da governança pela perspectiva do setor público, percebe-se que há
um ajuste da nomenclatura de alguns princípios para que estes se adaptem à realidade
da governança pública. O princípio da equidade passa a se chamar princípio da justiça,
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em que todos são iguais perante a lei e devem ser tratados como tal. Já o princípio das
formalidades e controles passa a ser conhecido como princípio do cumprimento das
leis, exigindo que os agentes públicos só façam o que a lei permitir, dentro de um
arcabouço formal, em que suas ações passam por auditorias de controle interno e
externo.
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• Que indique o que está sendo alcançado com a aplicação dos recursos públicos.
Fonte: portal.tcu.gov.br
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Parte III
OBJETIVOS INSTRUCIONAIS
Conhecer e aplicar as principais ferramentas administrativas utilizadas na
identificação, análise, avaliação e mitigação dos riscos por meio da utilização
do Plano de Gerenciamento de Risco – PGR.
PRINCIPAIS TÓPICOS
Identificação dos riscos por meio das ferramentas “Séries Históricas” e
“Brainstorming”; análise dos riscos através da ferramenta “Matriz de
Vulnerabilidades”; avaliação dos riscos através da ferramenta “Matriz de
Priorização”; mitigação dos riscos através das ferramentas “Diagrama de
Ishikawa”, “Análise SWOT”, “Planilha 5W2H” e do Mapa de Riscos –
Instrução Normativa nº 05/2017 – MPDG.
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PLANO DE GERENCIAMENTO DE RISCO – PGR
Após o estudo aprofundado dos conceitos da gestão de riscos, inicia-
se a fase de implementação de tudo que foi compreendido até o
momento. Isso se dá através do Plano de Gerenciamento de Risco
(PGR), que é formado por um conjunto de ferramentas administrativas que funcionam
de forma integrada, e tem por objetivo identificar os riscos organizacionais presentes
em cada contexto e dissecá-los em cada detalhe, fornecendo, assim, as informações
mais precisas possíveis ao tomador de decisão. De posse desse estudo, o gestor
poderá adotar planos de ação mitigadores dos riscos, fundamentando suas escolhas
com maior grau de certeza e alcançando resultados mais efetivos. O Plano de
Gerenciamento de Risco adota o passo a passo indicado pela doutrina, seguindo as
etapas de identificação, análise, avaliação e mitigação dos riscos. Concluído esse ciclo,
os responsáveis pela gestão de riscos devem monitorar os resultados e atuar nos
ajustes necessários, mantendo o PGR continuamente atualizado.
Fonte: suportegerencial.com.br
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ETAPA 1 – IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS
O processo de gestão de riscos se inicia com a etapa de identificação
dos riscos que podem vir a impactar negativamente os processos
organizacionais de determinada instituição. A identificação dos riscos
é bastante subjetiva, por isso ela requer a participação das equipes envolvidas nas
atividades que serão estudadas. A abordagem utilizada nessa etapa utiliza quatro
ferramentas:
• Checklist;
• Brainstorming;
• Julgamentos sobre experiências anteriores;
• Análise de cenários.
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registros de situações que prejudicaram o adequado andamento de processos
organizacionais, como o das aquisições públicas, são tão importantes e precisam ser
identificados e lançados pela equipe de planejamento das licitações públicas e pelos
fiscais durante a execução dos contratos administrativos. Já pensando em ocorrências
futuras, os gestores de riscos podem utilizar a ferramenta Prospecção de Cenários, que
consiste em analisar a conjuntura atual e tentar relacionar prováveis situações de risco
que possam vir a se concretizar, gerando impactos gravosos aos processos de trabalho
e, consequentemente, às organizações.
Segue, abaixo, modelo de planilha que pode ser utilizada na etapa de
identificação dos riscos:
ETAPA 2 – ANÁLISE DOS RISCOS
A análise dos riscos tem por objetivo entender mais detalhadamente
cada risco identificado. Ela gera as informações necessárias para os
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gestores decidirem como o risco será tratado, baseando-se na
estratégia mais adequada e no melhor custo-benefício. A análise subdivide-se em
análise qualitativa e análise quantitativa dos riscos.
A análise qualitativa dos riscos descreve os potenciais impactos (efeitos) e a
probabilidade de acontecerem. Deve-se observar como o risco é entendido por
aqueles que integram as equipes de trabalho responsáveis por analisá-los. Nunca é
demais repetir que a gestão de riscos é extremamente subjetiva e, por isso, precisa ser
moldada de acordo com cada situação apresentada. A ferramenta utilizada na análise
qualitativa é conhecida como Matriz de Risco ou Matriz de Vulnerabilidade. É uma
ferramenta visual que possibilita identificar de imediato quais riscos devem receber
maior atenção, facilitando a análise situacional e atraindo a atenção das equipes para
o processo. Essa matriz é composta por uma coluna, referente à probabilidade de
acontecimento, que possui uma gradação que vai da probabilidade rara até a quase
certa, e por uma linha, referente ao impacto que os riscos podem gerar, possuindo um
nível de criticidade que vai do impacto mais leve ao mais severo. Ao cruzar essas duas
informações, probabilidade versus impacto, encontra-se o quadrante específico para
cada risco, sendo possível definir quais são os mais relevantes para o processo
organizacional, como no caso das compras públicas.
Segue, abaixo, modelo da Matriz de Vulnerabilidade que pode ser usado na
análise qualitativa dos riscos:
Fonte: siteware.com.br
Por outro lado, a análise quantitativa dos riscos utiliza valores numéricos para
definir os prováveis impactos monetários negativos que os riscos identificados podem
gerar para a organização. Os gestores precisam definir se financeiramente é mais
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interessante investir na mitigação do risco ou se é mais vantajoso suportar o prejuízo,
caso ele venha a ocorrer. Por exemplo, será que vale a pena investir um milhão de
reais para proteger um possível prejuízo de cem mil reais caso o risco se concretize ou
seria melhor aceitar esse risco? A análise quantitativa é aplicada para encontrar essa
resposta e direcionar a tomada de decisão no caso concreto.
Fonte: imasters.com.br
ETAPA 4 – TRATAMENTO DOS RISCOS
O tratamento do risco é o processo utilizado para modificar o nível do
risco. Normalmente, o tratamento modifica a probabilidade ou os
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impactos do risco. Pode, ainda, eliminar a fonte do risco, dividir ou
transferir o risco para outrem, como no caso dos seguros. Após concluídas as etapas de
identificação, análise (qualitativa e quantitativa) e avaliação dos riscos, o gestor deve
fazer um estudo aprofundado dos riscos que serão tratados, identificando suas causas
e buscando os recursos organizacionais, sejam financeiros, humanos, estruturais,
necessários à sua mitigação. Nessa etapa, utilizam-se três ferramentas clássicas da
administração de empresas: o Diagrama de Causa e Efeito, a Análise SWOT e o Plano
de Ação 5W2H.
O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Espinha de Peixe ou
Diagrama de Ishikawa, é utilizado para a identificação de direcionadores, as causas,
que potencialmente levam ao efeito indesejável, o risco. Essa é uma ferramenta
analítica que parte de um problema de interesse e possibilita a ocorrência de um
brainstorming no sentido de identificar as causas possíveis para o problema
encontrado. A formatação padrão do Diagrama de Ishikawa é estabelecido por seis
tipos diferentes de causas raiz, seguindo a metodologia 6M:
• Método: toda a causa que envolve os processos de trabalho;
• Material: toda causa que envolve a matéria-prima utilizada no trabalho;
• Mão de obra: toda causa que envolve ações dos recursos humanos;
• Máquina: toda causa envolvendo a infraestrutura organizacional;
• Medida: toda causa que envolve os instrumentos de medida, indicadores;
• Meio ambiente: toda causa que envolve tanto o ambiente interno (organizacional)
quanto externo.
De posse dos riscos selecionados, monta-se uma espinha de peixe para cada
um deles, proporcionando uma melhor visualização das ações a serem tomadas
quanto às causas elencadas, obtendo o Gráfico a seguir:
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Fonte: pt.wikipedia.org
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da instituição em que trabalham.
Segue, abaixo, modelo da Matriz SWOT, que pode ser usada como ferramenta
de mitigação dos riscos:
Fonte: www.cursodeecommerce.com.br
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atribuído ao risco risco (raro, baixo, médio, alto, quase certo).
Grau de impacto Indique o grau de impacto atribuído ao risco (sem impacto, leve,
atribuído ao risco médio, grave, gravíssimo).
Nível de priorização Indique o grau de priorização atribuído ao risco (1, 2, 3 ou 4).
atribuída ao plano
What (o quê?) O que será proposto no plano de ação?
Why (por quê?) Por que será necessário um plano de ação?
Who (quem fará?) Quem será o responsável pela implementação?
When (quando será?) Quando será o período de implementação? Data inicial e final.
Where (onde será?) Onde o plano de ação será implementado?
How (como será?) Que método será utilizado na implementação?
How much (quanto?) Haverá custo? Caso afirmativo, quanto custará?
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MAPA DE RISCOS
Conclui-se, portanto, que a gestão de riscos nas contratações públicas é
materializada por uma combinação de técnicas administrativas, definição de políticas,
aplicação de normas legais e participação integral dos gestores e colaboradores, que
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contribuem com suas experiências e conhecimentos na construção desses estudos, em
prol do desenvolvimento das organizações públicas e o consequente atingimento do
bem comum. A participação das pessoas em cada uma das etapas da gestão de riscos,
como também nas fases de controle de resultados e ajuste das rotinas, é fundamental
para o que os objetivos sejam alcançados sem maiores percalços, tendo seus riscos
minimizados ao máximo. O fomento à disseminação da cultura organizacional voltada
ao gerenciamento de riscos é tarefa da alta administração, que precisa declarar seu
comprometimento com a ideia e criar eventos que internalizem o tema Risco às
rotinas de trabalho das instituições pelas quais são responsáveis. Por outro lado, as
equipes precisam apoiar e confiar nas competências de seus líderes, aderindo a essa
nova perspectiva de gestão com proatividade e dedicação.
Só assim os riscos serão efetivamente identificados e tratados continuamente,
elevando o nível de qualidade das decisões tomadas, adotando ações planejadas
minuciosamente e transformando a administração pública em um centro de excelência
na aplicação dos seus recursos. Ao se alcançar esse estágio de amadurecimento, as
organizações públicas estarão prontas para atender às demandas da coletividade com
presteza e efetividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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49
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