Artigo ABM
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BIOMASSAS*
Vitor Fraga1
Alex M. A. Camposr2
Ana L. B. Nascimento1
Lucas V. Cruz1
Leticia D. Batista1
Mariana L. S. Silva1
Matheus Avila1
Paulo S. Assis3
Resumo
A injeção de materiais pulverizados no alto-forno é uma técnica já consolidada e
aplicada na maioria dos altos-fornos ao redor do mundo. Um indicador importante do
desempenho do processo é a taxa de substituição, que nada mais é do que a
quantidade de combustível sólido que é economizado ao se injetar certa quantidade
de material pulverizado pelas ventaneiras. Devido às demandas ambientais e
acordos firmados com o objetivo de reduzir a emissão de dióxido de carbono nos
últimos anos, a biomassa vem ganhando força como um potencial substituto do
carvão mineral por ser considerada neutra nas emissões de CO2. Nesse sentido,
este trabalho tem como objetivo apresentar um cálculo estimado para a taxa de
substituição em altos-fornos para algumas biomassas de forma que seja possível
fazer uma análise crítica da troca de carvão mineral, pelo menos parcialmente, por
biomassas.
Palavras-chave: Taxa de substituição; Carvão Vegetal; Siderurgia; Alto-forno; Meio
Ambiente; Biomassa.
2 METODOLOGIA
(−𝟏𝟏𝟖,𝟗+𝟐,𝟑%𝑪+𝟒,𝟓%𝑯+𝟎,𝟗𝟕%𝑪𝑰𝑵𝒁𝑨𝑺)
𝑻𝑺 = (2)
𝟏𝟎𝟎
3 DESENVOLVIMENTO
Sendo que CECR é o consumo especifico de redutor via topo sem injeção (kg/t
gusa), ou seja, é a quantidade de coque (ou carvão vegetal) que é consumida
quando se produz sem utilizar a técnica de injeção. O CECA é o consumo específico
de redutor via topo com injeção (kg/t gusa), de maneira análoga é a quantidade de
redutor que é utilizado quando o forno opera utilizando a injeção. A TIP é a taxa de
injeção que está sendo praticada, ou seja, quanto de material é injetado por tonelada
de gusa pruduzido.
Tabale 1. Propriedades e Taxa de substituição de alguns carvões utilizados por uma empresa alemã
na década de 90 (Campos 2019)
Taxa de
Carvão % % Taxa de
%C %H Injeção
Cinza Voláteis substituição
(Kg/t de gusa)
Monopol EB 6.60 15.30 83.30 4.20 52.00 0.94
Achenbach 7.80 23.10 81.20 4.70 78.20 0.84
Lohberg 6.60 32.30 79.00 5.00 122.20 0.88
Monopol GFI 11.30 31.20 72.70 4.80 79.00 0.82
Linhito 6.40 51.30 58.30 5.30 97.30 0.47
Carborat 10.00 9.10 81.20 3.60 115.20 0.87
50% Antracito+50%
6.90 19.10 81.80 4.40 140.00 0.84
Lohberg
Furst Leopold 6.20 33.30 77.90 5.20 135.00 0.73
Hew-Acken 7.50 25.20 30.60 4.70 128.00 0.79
50%Hew-Acken
9.40 27.10 77.50 4.70 141.70 0.75
+50%Monopol GFI
70%Hew-Acken+30% Furst
7.50 26.80 80.80 4.80 109.30 0.88
Leopold
30% Hew-Acken+70%
8.60 29.60 77.00 4.90 114.30 0.84
Monopol CK
O consumo de coque tende a diminuir até certo ponto onde, mesmo aumentando a
taxa de injeção, o consumo de coque não diminui e pode até aumentar. Tal
fenômeno pode ser relacionado ao fato de se injetar uma grande quantidade de
material com temperaturas inferiores às temperaturas da zona de combustão, sendo
necessária mais energia no processo. Em outras palavras, o reator precisara de
mais energia para manter a temperatura de chama, que terá que ser compensada
com a adição de mais coque no processo.
Outra ideia importante é que a Taxa de substituição é maior para materiais de maior
poder calorifico, como biomassas tem menor PC é um ponto negativo nesta taxa.
Em contra partida, o teor de cinzas impacta negativamente na taxa de substituição,
quanto maior o teor de cinzas menor será a taxa de substituição. Ponto positivo para
a biomassa que tem menor teor de cinzas. A figura 2 mostra está correlação.
Figura 2. Correlação entre taxa de substituição, poder calorifico e cinzas do material (Fernandes,
2008).
O teor de cinza, por exemplo, pode influenciar fenômenos dentro do reator como o
Birdnest que é o acumulo de material não queimado na zona de combustão. Esta
Segundo Wei (2017), a biomassa pode ser injetada nos altos-fornos de três formas:
sólido pulverizado, bio-óleo ou biogás. Os estudos mais comuns são a utilização de
sólidos pulverizados, principalmente carvão vegetal, podendo ser viável a injeção de
200-225kg / t de gusa em altos-fornos de grande porte.
Algumas propriedades físicas e químicas da biomassa são essenciais para o bom
funcionamento dos altos-fornos, o que influencia na taxa de substituição e a taxa de
injeção. Outras características que podem ser destacadas são: umidade,
granulometria, carbono fixo, materiais voláteis, teor de cinzas, enxofre, entre outras.
A tabela 2 mostra algumas biomassas e suas propriedades.
Sabugo de Milho 45,5 6,7 1,16 81,31 0,79 Ramos e Paula, 2011
Palha de Milho 44,8 6,8 1,58 81,68 0,31 Ramos e Paula, 2011
Bagaço de cana Torrificado 53,33 4,72 12,33 67,38 0,5 Dong (2015)
Casca de Eucalipto Torrificado 55,81 4,87 0,70 75,2 0,05 Dong (2015)
É possível ver que as biomassas possuem uma quantidade de carbono menor que o
carvão mineral, assim como outras características como carbono fixo e poder
calorifico. Porém, é importante perceber também que algumas características são
interessantes para o processo de injeção.
Em primeiro lugar, o baixo teor de cinzas deve ser considerado, pois é importante
devido ao menor tempo de permanência do material na zona de combustão quando
este é injetado. Segundo, a alta quantidade de voláteis pode ser desejada quando a
alta taxa de injeção está sendo praticada. Por último, o teor de enxofre é muito
Figura 3. Relação de taxa de combustão e taxa de injeção para a moinha de carvão e outras
biomassas (Assis, 2014).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que a taxa de substituição é uma variável importante, não apenas
na operação do alto-forno, mas na escolha da matéria-prima a ser utilizada no
processo.
Foi possível ver que a taxa de substituição das biomassas é menor que a do carvão
mineral. Este fato pode ser associado ao maior teor de carbono do carvão mineral e,
consequentemente, tem um maior poder calorífico que as biomassas. Com isso,
nota-se que quanto maior o teor de carbono maior será a taxa de substituição do
material.
As formulas utilizadas para o cálculo da taxa de substituição são formulas
desenvolvidas para um determinado alto-forno, pode ser que em outros reatores,
com condições operacionais diferentes, haja uma diferença no valor dessa taxa.
Porém é importante perceber que estas podem ser usadas para se ter uma primeira
opinião dos materiais que se desejam injetar no alto-forno.
O uso da biomassa pode trazer ganhos ambientais e econômicos uma vez que há
uma diminuição na queima de combustíveis fósseis e estes materiais geralmente
têm um baixo valor agregado.
REFERÊNCIAS