Curva Verdadeira

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4.

ELASTICIDADE E PLASTICIDADE
4.1. RELAES ELSTICAS TENSO-DEFORMAO

At o momento o conceito de tenso e deformao tem sido completamente geral e aplicvel a qualquer meio continuo. Buscando relacionar o tensor tenso, com o tensor deformao necessrio introduzir as propriedades do material. Essas equaes so denominadas equaes constitutivas e inicialmente aplicaremos a um material slido elstico. A lei de Hooke generalizada relaciona as tenses s deformaes pequenas na regio elstica. A suposio que as tenses so funes lineares das deformaes, e as tenses e as deformaes so colineares. Essa condio dada pela equao do tensor desviante:

' ij =

1 ' ij 2.G

(130)

x m x m xy 2 xz 2 1 xy xy 2 y m = yz 2 2.G xz xz 2 yz 2 z m
E = mdulo de rigidez 2(1 + )

xy y m yz

yz z m

xz

(131)

Onde: G =

E = mdulo de Young;

= mdulo de Poisson.
x + y + z

m =

m =

x + y + z
3

Desenvolvendo a equao (131) obtm-se para um slido isotrpico as relaes elsticas tenso-deformao, na sua forma usual, como:

62

x =
y =

1 x ( y + z ) E

]
]

(a)

1 y ( x + z ) E

(b)

z =

1 z ( x + y ) E

(c)

(132)

xy = yz =

xy
G

(d)

yz
G G

(e)

xz = xz

(f)

Para o caso da tenso simples onde Lei de Hooke:

y = z = 0 , (132) reduz-se a frmula elementar de

x =

x
E

y =

. x

z =

. x

(133)

Uma nova constante, o mdulo de compressibilidade cbica ou mdulo de elasticidade volumtrica k, definido:

p 1 k= m = =
Onde p a presso hidrosttica e a compressibilidade. Se somarmos as equaes (132-a), (132-b) e (132-c); tem-se:

(134)

x + y + z = =

1 2 ( x + y + z ) E

1 2 .3 m E k=
E 3.(1 2 )
(135)

E k= m = 3.(1 2 )

63

4.1.1. Energia de Distoro Elstica (Elastic Shear Distorcion Energy)

A energia de distoro de um material, por unidade de volume, para uma deformao geral dada como:

UD =

1 ( x m )(x m ) + y m y m + K + xz . xz (136) 2

)(

Desenvolvendo (136), considerando (132), (134) e (135) obtm-se:


2 2 2 1 ( x y ) + ( y z ) + ( x z ) 2 2 2 UD = + xy + yz + xz 2G 6

(137)

Substituindo (57) em (137), vem:

UD =

1 2 6.G

2 = 6.G.UD

(138)

Logo, proporcional a raiz quadrada da energia de distoro elstica.

4.1.2. Anisotropia do Comportamento Elstico

A lei de Hooke pode ser apresentada de uma forma mais geral considerando o fato de que as constantes elsticas de um cristal variam com a direo como:

ij = Sijkl . kl

e,

(139) (140)

ij = Cijkl . kl

onde Sijkl o tensor compliance e Cijkl a rigidez elstica. Sijkl e Cijkl so quantidades tensoriais de 4 ordem [a expanso de (139) e (140) define 81 constantes]. Como sabe-se que ij e ij so tensores simtricos, isto , ij = ji e ij = ji, tem-se:

ij = Sijkl . kl ,

ou

ij = Sijlk . lk

64

S ijkl . kl = S ijlk . lk
ou

e ou e

kl = lk
ji = S jikl . kl

(a) (141) (b)

ij = Sijkl . kl ,

S ijkl = S jikl

ij = ji

Portanto, devido simetria dos tensores tenso e deformao, somente 36 componentes tensoriais compliance so termos independentes e distintos. O mesmo acontece com o tensor rigidez elstica. A conveno usual para designar os componentes do tensor compliance elstico e rigidez elstica utiliza apenas dois subndices em vez de quatro e denominada notao reduzida. Os subndices somente denotam a linha e a coluna da matriz dos componentes a que eles pertencem. Assim expandindo-se (139) e (140), tem-se:

11 = C11 11 +C12 22 +C13 33 +C14 23 + C15 13 + C16 12 22 = C21 11 +C22 22 +C23 33 +C24 23 + C25 13 + C26 12 33 = C31 11 +C32 22 +C33 33 +C34 23 + C35 13 + C36 12 (142) 23 = C41 11 +C42 22 +C43 33 +C44 23 + C45 13 + C46 12 13 = C51 11 +C52 22 +C53 33 +C54 23 + C55 13 + C56 12 12 = C61 11 +C62 22 +C63 33 +C64 23 + C65 13 + C66 12
e

11= S11 11 + S12 22 + S13 33 + S14 23 + S15 13 + S16 12 22 = S21 11 + S22 22 + S23 33 + S24 23 + S25 13 + S26 12 33 = S31 11 + S32 22 + S33 33 + S34 23 + S35 13 + S36 12 (143) 23 = S41 11 + S42 22 + S43 33 + S44 23 + S45 13 + S46 12

13 = S51 11 + S52 22 + S53 33 + S54 23 + S55 13 + S56 12 12 = S61 11 + S62 22 + S63 33 + S64 23 + S65 13 + S66 12
Em geral, Cij = Cji e Sij = Sji. Das 36 constantes Cij restam 30 onde i j, j que existem seis destas onde i = j, mas apenas a metade destas so constantes independentes, j que Cij = Cji. Logo, para um slido elstico linear anisotrpico geral, existem 30/2 + 6 = 21 constantes elsticas independentes. 65

4.1.2.1. Lei de Hooke generalizada

Em notao compacta pode-se escrever:

i = Cij j

(144) Cij = matriz rigidez (stiffness matrix)

onde: i, j = 1, 2 .......,6

4.1.2.2- Comparao entre a notao do tensor e a notao compacta (contracted) para tenses e deformaes.

Notao de Tensor

Tenses Notao Compacta

Deformaes Notao de Tensor Notao Compacta

11 22 33 23 31 12

1 2 3 4 5 6

11 22 33 23 = 223 31 = 231 12 = 212

1 2 3 4 5 6

4.1.2.3- Simetria da matriz rigidez e da matriz compliance.

O trabalho incremental das foras internas por unidade de volume definido como:

dW = i d i
Substituindo (144) em (145), vem:

(145)

dW = Cij j d i
Integrando-se tem-se:

W = Cij i j
Derivando-se W em relao a i , vem:

W = Cij j i

Derivando-se novamente W em relao a j , obtm-se:

2W = Cij i j 2W = C ji j i

Pode-se mudar a ordem dos ndices de tal forma que:

Logo, Cij = C ji (matriz simtrica). De forma similar S ij tambm uma matriz simtrica. 66

4.1.2.4- Relaes tenso - deformao.

I) Considerando o material ortotrpico:

Um material ortotrpico possui dois planos ortogonais de propriedades de simetria. Existir simetria a um terceiro plano mutuamente ortogonal. Exemplos de materiais ortotrpicos: chapas metlicas laminadas a frio com elevada textura, plsticos reforados com fibra de vidro (composite materials), compensado, etc. Se os eixos ortogonais x,y e z so os eixos de simetria ortotrpica, ento uma rotao de 180 em torno do eixo z, seguida por outra em torno do eixo x, reduz a matriz rigidez elstica e compliance, definidas respectivamente por (142) e (143), de 21 constantes independentes para 9 constantes independentes; e as relaes tenso-deformao para um material ortotrpico so dadas por:

C11 C12 C13 0 0 0 1 0 0 2 C12 C 22 C 23 0 C C 23 C33 0 0 0 3 = 13 0 0 0 C 44 0 0 23 0 0 0 0 C55 0 31 0 0 0 0 0 C 66 12


e

1 2 3

23 31 12

(146)

1 2 3

23 31 12

S11 S12 S = 13 0 0 0

S12 S 22 S 23 0 0 0

S13 S 23 S 33 0 0 0

0 0 0 S 44 0 0

0 0 0 0 S 55 0

0 0 0 0 0 S 66

1 2 3 23 31 12

(147)

II) Considerando o material transversalmente isotrpico:

Dois planos ortogonais de propriedades de simetria produzem um material ortotrpico. Se um dos planos ortogonais torna-se isotrpico, ento esse chamado transversalmente isotrpico. Uma lmina de material composto caracterizada como tendo um plano isotrpico. O plano que perpendicular a direo das fibras suposto ser isotrpico. Logo, a lmina de um material 67

composto considerada como ortotrpica e transversalmente isotrpica com simetria hexagonal, e caracterizada por cinco constantes independentes; sendo as relaes tenso-deformao para um material transversalmente isotrpico dadas por:

C11 C12 C13 0 0 0 1 0 0 2 C12 C 22 C13 0 C C13 C33 0 0 0 3 = 13 0 0 0 C 44 0 0 23 0 0 0 0 C 44 0 31 0 0 0 0 0 C 66 12


onde, C 66 =

1 2 3

23 31 12

(148)

1 (C11 C12 ) e 2
S11 S12 S12 S11 S13 S13 S13 S 33

1 2 3

23 31 12

S13

0 0 0

0 0 0

0 0 0

0 0 0 S 44 0 0

0 0 0 0 S 44 0

0 0 0 0 0
S 66

1 2 3 23 31 12

(149)

onde, S 66 = 2( S11 S12 )

III) Considerando o material isotrpico:

Uma lmina de material composto pode ser fabricada atravs de vriso mtodos, sendo que algumas podem produzir materiais compostos com propriedades isotrpicas, tal como, orientao ao acaso da lmina. Assim, h um nmero infinito de planos de simetria definindo o material isotrpico, o qual caracterizado por duas constantes independentes; sendo as relaes tensodeformao para um material isotrpico dadas como:

C11 C12 C12 0 0 0 1 0 0 2 C12 C11 C12 0 0 0 3 C12 C12 C11 0 = 0 0 0 C 66 0 0 23 0 0 0 0 C 66 0 31 0 0 0 0 0 C 66 12

1 2 3

23 31 12

(150)

68

onde, C 66 =

1 (C11 C12 ) e 2
S11 S12 S12 S11 S12 S12 S12 S11

1 2 3

23 31 12

S12

0 0 0
S 66

0 0 0 0 S 66 0

0 1 0 2 0 3 0 23 0 31 S 66 12

0 0 0

0 0 0

0 0 0

(151)

0 0

onde, S 66 = 2( S11 S12 )

Observao: Cij, no simplesmente a recproca de Sij, mas deve ser determinado pela inverso da matriz Sij. Comparando (132) e (151) torna-se aparente que:

S11 =

1 , E

S12 =

S 66 =

1 G

(152)

Como: G =

E 1 1 1 = G = = 2.(1 + ) 2.(1 E + E ) S66 2.(S11 S12 )

S 66 = 2.( S11 S12 )


Sendo as relaes tenso-deformao em termos dos mdulos elsticos mais comuns, para um material isotrpico dadas como:

1 2

3 1 = 23 E 0 0 31

1 0 0 0

1 0 0 0

0 0 0 2(1 + ) 0 0

0 0 0 0 2(1 + ) 0

12
ou

1 2 0 3 0 23 0 31 0 2(1 + ) 12
0

(153)

69

1 2 3 23 31 12


1 0 0 0

0 0 0 1 2 2 0 0

0 0 0 0 1 2 2 0

0 0 0 0 0


E = (1 + )(1- 2 ) 0
0 0

1 2 3
(154)

0 0 0

23 31

1 2 12 2

4.1.2.5. Relaes tenso-deformao para tenso plana em um material ortotrpico

Para uma lmina no plano 1-2, um estado de tenso plana definido por:

3 = 0,

23 = 0

31 = 0
23 = 0 e 31 = 0

(155)

Para materiais ortotrpicos, (155) em (147) implica nas seguintes deformaes:

3 = S13 1 + S23 2 ,

(155-a)

Logo as relaes tenso-deformao reduzem-se a:

0 1 1 S11 S12 = S 0 . 2 2 12 S22 12 0 0 S66 12


Em termos de constantes de engenharia, vem:

70

1=

1 . 1 e E1

2 = 12 . 1 E1

12 = 2

12 = 0
Assim; S11 =

1 ; S12 = 12 E1 E1

1 . 2 E2 1 21 = 2 1= 21 . 2 E2 2 = E1 1 1 ; S12 = 12 e S 66 = , onde G12 = E2 E1 2.(1 + 12 ) G12

Logo: S 22 =

Observao: Notar que h apenas 4 constantes elsticas independentes: E1 , E 2 , 12 , G12

4.2. TEORIA DA PLASTICIDADE

A teoria da plasticidade estuda o comportamento dos materiais a nveis de deformaes em que j no se verifica a Lei de Hooke. A deformao plstica no , por exemplo, um processo reversvel como a deformao elstica. A deformao elstica depende apenas dos estados inicial e final da tenso e deformao, enquanto que a deformao plstica depende da maneira segundo a qual exercida a solicitao mecnica para se atingir o estado final (ou seja, histria do processo de deformao). Alm disso, no h na deformao plstica uma constante facilmente mensurvel relacionando tensodeformao; como o mdulo de elasticidade longitudinal (mdulo de Young) na deformao elstica. Da mesma forma diversos aspectos do comportamento real dos materiais, tais como anisotropia plstica, histerese elstica, efeito Bauschinger no podem ser facilmente tratados. 71

4.2.1. Natureza Fenomenolgica da Teoria da Plasticidade.

As teorias da elasticidade e plasticidade descrevem a mecnica da deformao da maioria dos slidos em engenharia. Ambas teorias, quando aplicadas aos metais e ligas metlicas, so baseadas em estudos experimentais das relaes entre tenso e deformao em um agregado policristalino sob condies de carregamento simples. Assim, as teorias so de natureza fenomenolgica, sob a escala macroscpica, contudo associadas a um pouco de conhecimento das estruturas dos metais. bem conhecido o fato que cristais simples deformam-se por deslizamento ao longo de certos planos cristalogrficos, em certas direes cristalogrficas quando a componente da tenso de cisalhamento ao longo dessas direes alcana um valor crtico. Isso significa que um certo estado de tenso produz uma tenso de cisalhamento crtica e est associada a um incremento de deformao.

4.2.2. Curva de Escoamento

A curva de tenso-deformao obtida por carregamento uniaxial, como ensaio simples de trao, de importncia fundamental na plasticidade quando apresentada em termos de tenso verdadeira, e deformao verdadeira . Isto porque se baseia em medidas instantneas sobre as dimenses de um corpo de prova. A curva tenso-deformao verdadeira para um metal tipicamente dctil dada como:

Figura 36 Curva tenso-deformao verdadeira de um material tipicamente dctil. 72

A Lei de Hooke obedecida at uma determinada tenso 0 (o valor de 0 depender da preciso com que medida a deformao). Alm de 0 o metal deforma-se plasticamente. A maioria dos metais encrua nesta regio, assim sendo, maiores deformaes necessitam valores mais altos de tenso que 0, a tenso inicial de escoamento. Se o metal for deformado at o ponto A, quando a carga retirada a deformao total decrescer imediatamente de um valor /E, de 1 para 2. O decrscimo de deformao (1 - 2) a deformao elstica recupervel. No entanto, a deformao remanescente no toda ela deformao plstica permanente. Dependendo do metal e da temperatura desaparecer com o tempo uma pequena quantidade de deformao plstica (2 - 3). Isto conhecido como comportamento anelstico do material. A deformao anelstica geralmente desprezada nas teorias matemticas da plasticidade. Normalmente a curva tenso-deformao, no descarregamento a partir de uma deformao plstica, no ser exatamente linear e paralelo poro elstica da curva de escoamento. Alm disso, ao se recarregar, a curva geralmente ir dobrar-se medida que a tenso aproximar-se do valor original no qual ocorreu o descarregamento. Aps uma pequena deformao plstica adicional, a curva tenso-deformao torna-se uma continuao daquela que seria obtida caso no houvesse ocorrido o descarregamento. O anel de Histerese resultante do descarregamento e carregamento de um metal em deformao plstica geralmente desprezado nas teorias de plasticidade.

Figura 37 - Histerese elstica de um material (Anel de Histerese).

73

Figura 38 Efeito Bauschinger.

Se um corpo de prova for deformado plasticamente alm do limite de escoamento segundo uma direo, em trao, e depois descarregado at a tenso zero e ento recarregado na direo oposta, em compresso, o limite de escoamento em compresso ser inferior ao de trao, ou seja; c<t. Esta dependncia da tenso de escoamento com o caminho e direo do carregamento chamado de Efeito Bauschinger. O efeito Bauschinger normalmente ignorado na teoria da plasticidade, e usualmente considera-se que os limites de escoamento em trao e em compresso sejam iguais em mdulo.

A curva tenso-deformao verdadeira chamada freqentemente de curva de escoamento, porque ela fornece a tenso necessria para causar o escoamento plstico do metal a qualquer nvel de deformao.

Vrias tentativas foram feitas no sentido de ajustarem-se equaes matemticas a curva tenso-deformao verdadeira do metal. A mais comum a expresso potencial da forma: (Equao de Hollomon)

= K . n
onde: K o coeficiente de resistncia do material definido para ln = 1,0 e;

(155-c)

n o coeficiente de encruamento do material, a inclinao do grfico ln x ln 74

da equao potencial. Esta equao s vlida no comeo do escoamento plstico at a carga mxima, na qual o corpo de prova inicia a formao de estrico. Mesmo a simples equao (155-c), pode resultar numa considervel complexidade matemtica quando usada com as equaes da teoria da plasticidade. Desta forma, comum empregarem-se curvas de escoamento idealizadas que simplifiquem o tratamento matemtico, no se desviando muito da realidade fsica.

4.2.2.1. Curvas de escoamento idealizadas.

a-) Material perfeitamente elstico.

b-) Material rgido perfeitamente plstico.

c-) Material rgido com encruamento linear.

d-) Material elstico perfeitamente plstico. 75

e-) Material elstico com encruamento linear.

4.2.2.2. Equaes empricas da curva tenso-deformao.

a-) Hollomon:

= K . n (materiais recozidos)

b-) Ludwik: = 0 + K .

Observao: quando n = 1 Al 1 2 hard

c-) Swift: Onde:

= K .( + 0 ) n

0 encruamento inicial do material Equao bastante realista, aplicvel para deformaes grandes; difcil manipulao.

76

d-) Voce: = K + ( M K )[1 exp( N . )] Boa para chapas metlicas, difcil manipulao. Materiais que apresentam comportamento signoidal (forma de S).

e-) Praga:

= 0 tgh

E. ' 0

Esta curva tem um mdulo tangente de E para deformao zero e aproxima-se de 0 assintoticamente a uma rpida taxa .

n f-) Ramberg-Osgood: = + E K
Onde: K = (reference stress valve); exponent). E = (Youngs modulus); n = (strain-hardening

4.2.3. Tenso Verdadeira e Deformao Verdadeira.

A curva tensodeformao de engenharia ou convencional, no apresenta uma informao real das caractersticas de deformao do material. Isto porque baseia-se inteiramente nas dimenses originais do corpo de prova, as quais so continuamente alteradas durante o ensaio. Nos processos de conformao as peas apresentam de modo anlogo variaes sensveis na rea da 77

seo transversal. Assim sendo, so necessrias medidas de tenso e deformao que baseiem-se nas dimenses a cada instante. Na deformao elstica as variaes dimensionais so pequenas, o que torna desnecessrio dentro desse campo essas consideraes. A equao que descreve o conceito convencional de deformao linear unitria que significa a variao de comprimento em relao ao comprimento unitrio original, dada como:

e=

L 1 = L0 L0

L
0

dL

(156)

Esta definio de deformao satisfeita para deformaes elsticas onde l muito pequeno. Contudo, as deformaes associadas deformao plstica podem ser muito grandes, ocasionando variaes considerveis no comprimento do corpo de prova durante o ensaio. Ludwick, foi o primeiro a propor a definio de deformao verdadeira, ou deformao natural , na qual evita-se esse fato. A variao do comprimento relacionada ao comprimento instantneo do corpo de prova em vez do comprimento original, e dada como:

= = L
L

L1 L0 L2 L1 L3 L2 + + + K ou, L0 L1 L2 = ln L L0
(157)

dL 0 L

4.2.3.1. Relao entre deformao verdadeira e deformao convencional. De (156), sabe-se que:

e=

L L L0 L = = 1 L0 L0 L0

L = (1 + e) L0

(158)

Considerando (158) em (157), tem-se: = ln(1 + e) A titulo de comparao so fornecidos valores de deformao verdadeira e deformao convencional: Def. Verdadeira Def. convencional 0,01 0,01 0,05 0,05 0,10 0,105 0,20 022 0,50 0,65 1,00 1,72 4,00 53,60

Observa-se que as duas medidas de deformao fornece valores idnticos at uma deformao de 0,1.

4.2.3.2. Caractersticas da deformao verdadeira.

A vantagem da utilizao da deformao verdadeira torna-se patente a partir de duas 78

consideraes:

a) Considerando um cilindro uniforme, o qual seja tracionado o dobro do seu comprimento original, tem-se:

e=

L 2 L0 L0 L0 = = = 1 e = 100% L0 L0 L0

Para atingir-se a mesma quantidade de deformao em compresso o cilindro teria de ser comprimido at a espessura zero. No entanto intuitivamente espera-se que a deformao produzida ao comprimir-se o cilindro a metade do seu comprimento original seja a mesma, com sinal contrrio, necessria para tracion-lo ao dobro do seu valor. Obtm-se essa equivalncia, atravs do uso da deformao verdadeira, onde no caso da trao tem-se:

= ln

2 L0 = ln 2 L0 L0 2 1 = ln = ln 2 L0 2

Para compresso a metade do comprimento inicial, tem-se:

= ln

b) As deformaes verdadeiras so aditivas, as convencionais no so:

b1) deformao convencional

Lo 1,25 1,50 1,75

e1 =

1,25L0 L0 = 0,25 L0

e2 =

1,025L0 1,25L0 = 0,20 1,25L0 et =

e3 =

1,75L0 1,50L0 = 0,17 1,50L0

e1 + 2 + 3 = 0,25 + 0,20 + 0,17 = 0,62

1,75L0 L0 = 0,75 L0

et e1 + e2 + e3 As deformaes de engenharia no so aditivas.


79

b2) deformao verdadeira

1 =

ln 1,25 L0 = ln 1,25 L0

2 =

ln 1,50 L0 1,50 = ln 1,25 L0 1,25

3 =

ln 1,75L0 1,75 = ln 1,50 L0 1,50

1 + 2 + 3 = ln 1,25 + ln t =

1,50 1,75 + ln 1 + 2 + 3 = ln 1,75 0,56 1,25 1,50

ln 1,75 L0 = ln 1,75 0,56 L0


Ento: t =1 + 2 + 3 As deformaes verdadeiras so aditivas.

4.2.3.3. Volume constante.

Uma das caractersticas bsicas da deformao plstica o fato de um metal ser essencialmente incompressvel Supe-se que dentro da regio plstica o volume mantenha-se constante. Sabe-se do item 1.2.11 (deformao volumtrica) que, quando V0=Vf ,vem:

dxdydz = dxdydz (1 + e x )(1 + e y )(1 + e z ) (1 + e x )(1 + e y )(1 + e z ) = 1


Sabe-se que:
(160)

d x =

dx x

x = ln

x x0

x x0 x ex = = (1 + e x ) x0 x0

(161-a)

x = ln(1 + e x )

De modo anlogo para y e z tem-se respectivamente:

y = ln(1 + e y )

z = ln(1 + e z )

(161-b)

Logaritmizando (160) e considerando (161), vem:

x + y + z =1 + 2 + 3 = 0

(162)

A equao (162), representa o primeiro invariante do tensor deformao quando a deformao expressa em termos de deformao verdadeira. Deve-se observar particularmente que a equao (162) no vlida para as deformaes elsticas uma vez que existe uma aprecivel variao de volume relativo grandeza das deformaes elsticas. Sabe-se que:
80

=x + y + z =

1 2 ( x + y + z ) E

Onde para: =0; tem que ser igual a 1/2. Segundo esse resultado, para um material plstico para o qual =0 o coeficiente de Poisson igual a 1/2. As expresses do volume constante apresentam erros da ordem de 30% para deformao de 2% e de 0,1% para deformao da ordem de 100%. Em virtude do volume constante A0 .L0 = A.L , a equao (157), pode ser escrita como:

= ln

A t L = ln 0 = ln 0 L0 A t

(163)

A tenso verdadeira a carga a cada instante dividida pela rea da seo transversal sobre a qual ela aplicada. A tenso de engenharia ou convencional a carga dividida pela rea inicial. Logo, a tenso verdadeira dada como:

P A

(164)

e a tenso de engenharia dada como:

S=

P A0

(165)

A tenso verdadeira pode ser determinada a partir da tenso de engenharia como:

p A0 p A0 . = . A A0 A0 A

(166)

Mas pela relao do volume constante

A L = 0 = (1 + e) L0 A
Substituindo (167) em (166), vem:

(167)

P (1 + e) = S (1 + e) A0

(168)

4.2.4. Critrios de Escoamento.

Teorias de escoamento: Compara-se um dado de trao com um valor obtido por uma expresso envolvendo as tenses de um dado complexo. Em termos de tenses calcula-se e este valor comparado com 0 , para definir o escoamento. Informaes que as teorias de escoamento fornecem:
81

= f ( 1 , 2 , 3 ) ;
, independente do estado de tenso que age sobre o material. uma propriedade , denominado tenso efetiva ou flow stress, tenso verdadeira, etc;

invariante do material; -

- Uma deformao plstica ocasiona no material o encruamento (strain-hardening). Os critrios de escoamento so relaes essencialmente empricas; contudo, um critrio deve ser consistente com certas observaes experimentais. Dentre estas, a mais importante o fato de no haver escoamento num slido continuo quando submetido simplesmente presso hidrosttica (por volta de 258 Kg/mm2 ou 2500 atm). Alm disso, para um material isotrpico, o critrio de escoamento deve independer da escolha dos eixos, isto , deve ser funo invariante. Estas consideraes levam a concluso de que o critrio de escoamento deve ser uma funo dos invariantes da tenso desvio. Dois so os critrios importantes para a previso do inicio do escoamento sob tenses combinadas em metais: critrio de Von Mises e critrio de Tresca.

a) Critrio de Von Mises (critrio da energia da distoro mxima).

Von Mises (1913-) props que o escoamento se daria quando o segundo invariante da tenso desvio, I2, excedesse um determinado valor critico ou, a energia de distoro elstica atingisse um certo valor critico:
2 0

U Dt =
Sabe-se que:

6.G

UD =

2 1 ( 1 2 )2 + ( 2 3 )2 + ( 1 3 )2 = 0 12.G 6.G

1 0 = ( 1 2 )2 + ( 2 3 )2 + ( 1 3 )2 2
' I2 = K 2

1 2

(169)
'

Onde de (54), I 2 =

1 ( 1 2 )2 + ( 2 3 )2 + ( 1 3 )2 6

]
(170)

Para avaliao da constante K, relaciona-se a mesma ao escoamento num ensaio de trao simples, onde tem-se:

1 = 0,

2 =3 = 0

' Substituindo (170) em (169), considerando I 2 , vem:

82

2 2 6.K 2 = 0 + 0 0 = 3.K

(171)

' Levando (171) em (169) considerando I 2 obtm-se a forma usual do critrio de Von Mises:

1 ( 1 2 )2 + ( 2 3 )2 + ( 1 3 )2 0 = 2

1 2

(172)

Ou em termos de componentes de um estado geral de tenses tem-se:

1 2 2 2 ( x y )2 + ( y z )2 + ( x z )2 + 6. xy + yz + xz 0 = 2

)]

1 2

(173)

Determina-se a constante K atravs de (169) considerando o estado de tenso em cisalhamento puro, como produzido num ensaio de toro, onde tem-se:

1 = 3 = ,

2 =0

(174)

Logo, no escoamento substituindo (174) em (169) vem:

6.K 2 = 12 + 12 + 4. 12 1 = K

(175)

Assim, K representa o limite de escoamento para cisalhamento puro (toro). Da, o critrio de Von Mises prediz que o limite de escoamento em toro ser menor que em trao axial, porque:

K=

0
3

= 0,577 0

(176)

Observao: importante notar que o escoamento segundo o critrio de Von Mises no depende de uma tenso normal ou cisalhante particular, mas sim de uma funo dos valores quadrticos das trs tenses cisalhantes principais. Uma vez que o critrio de escoamento baseado em diferena de tenses normais, 1 2 , etc, ele independe da componente de tenses hidrostticas. Visto que envolve somente termos quadrticos o critrio de Von Mises apresenta um resultado que independe dos sinais de cada tenso. Esta uma das vantagens importantes visto que no necessrio saber qual a maior ou menor tenso principal para que se possa aplica-lo.

b) Critrio de Tresca (teoria do cisalhamento mximo).

Tresca props que o escoamento sob tenso combinada ocorreria quando a tenso de cisalhamento mximo atingisse o valor da tenso de cisalhamento no escoamento sobre trao uniaxial. A tenso de cisalhamento mxima dada pela equao (64), onde:

mx =

1 3
2

(177) 83

Onde 1 e 3 so, respectivamente as tenses principais algebricamente maior e menor. Observao: Nota-se que, matematicamente, este ltimo critrio menos complicado que o critrio de Von Mises e por essa razo bastante usado em projetos de engenharia. Contudo, o mesmo no leva em considerao a tenso principal intermediria; logo, sua maior dificuldade est no fato de ter que saber, a priori, quais so as tenses principais mxima e mnima. Alm disso, o fundamento matemtico do critrio de Tresca muito mais complicado que o critrio de Von Mises, razo pela qual o mais preterido na maioria dos trabalhos tericos.

I. Pelo critrio de Tresca

mx=
Para trao uniaxial igual a 0/2, onde:

1 3
2

1 = 0 , 2 = 3 = 0 , e a tenso de cisalhamento no escoamento 0


1 3
2

mx =

= 0 =

0
2

1 3 = 0 1 = 0
Para um estado de cisalhamento puro,

1 = 3 = , 2 = 0 , onde:

1 3 = 2. = 0 = 0 2
Assim o critrio de Tresca, pode ser escrito como:
' 1 3 = 1' 3 = 2.

II. Pelo critrio de Von Mises

1 2 2 2 ( x y )2 + ( y z )2 + ( x z )2 + 6. xy + yz + xz = 2
ou,

)]

1 2

1 ( 1 2 )2 + ( 2 3 )2 + ( 1 3 )2 = 2
Para trao uniaxial:

1 2

1 = 0 , 2 = 3 = 0 , vem:

1 0 = = 2. 12 2

1 2

0 = 1

Para um estado de cisalhamento puro: 1 = 3 = ,

2 = 0 vem:

84

1 2 0 = + 2 + 4. 2 2

1 2

1 1 [6. ]2 2

0 = 3. =

0
3

Logo o critrio de Von Mises prev que o limite de escoamento em toro ser menor que em trao uniaxial.

c) Superpondo Tresca e Von Mises

Pelo fato do critrio de Tresca ser interno mais conservativo (o material por Tresca pode ter escoado o que ainda no ocorreu por Von Mises).

d) Mxima diferena entre Tresca e Von Mises (ocorre em cisalhamento puro)

Tresca: T = 0 2 = ( 1 3 ) / 2 Von Mises: VM = 0 / 3

VM 0 3 2 = = 1,15 15% T 0 2 3

85

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