Consultoria Fiscal

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Consultoria fiscal

 
Renting/Aluguer de viaturas - custo de aquisição a considerar no cálculo
dos gastos não aceites fiscalmente de encargos com a aluguer mensal das
viaturas

Para viaturas utilizadas por uma empresa em regime de locação operacional (por exemplo,


contratos de renting), com pagamentos de aluguer mensal por essa utilização, o gasto
contabilizado, a ser considerado para efeitos fiscais, deverá ser determinado de acordo com
o limite fiscal previsto para as depreciações que seriam dedutíveis no caso de a viatura ter
sido adquirida (em vez de utilizada numa locação) – alínea i) do art.º 23 A do CIRC.
 
Por exemplo, para uma viatura ligeira de passageiros a gasóleo adquirida em 2016 o limite
máximo aceite para efeitos fiscais será o menor da depreciação do exercício (25% que
corresponde à taxa máxima segundo o DR 25/2009) sobre o valor de aquisição ou sobre
limite aceite fiscalmente para o valor de aquisição (alínea e) do n.º 1 do artigo 34.º e
portaria 467/2010 alterada pela lei n.º 82 D/2014.
 
Exemplo: Aluguer operacional de uma viatura em que o seu custo de aquisição (valor de
mercado indicado normalmente no contrato) é de 22.000 euros:

 - Custo de aquisição x taxa de amortização DR 25/2009 = 22.000 euros x 25% = 5.500


euros
 - Limite máximo de custo de aquisição aceite fiscalmente para este tipo de viatura quando é
adquirida e não alugada x taxa de amortização DR 25/2009 = 25.000 euros x 25% = 6.250
euros
 
O limite máximo aceite fiscalmente será de 5.500 euros por ser menor que o limite máximo
de aquisição aceite fiscalmente.
 
Se o valor de aquisição fosse, por exemplo, 35.000 euros o limite máximo aceite seria 6.250
euros (25.000 euros *25%- limite máximo aceite fiscalmente de custo de aquisição) pois
35.000 euros * 25% é superior.

A Autoridade Tributária na ficha doutrinária 2012 003690 de 2013 07 02 veio clarificar o


conceito de “custo/valor de aquisição” para efeitos de determinação do limite fiscal das
depreciações anuais para comparação com o montante da amortização financeira. Essa
definição de “custo de aquisição” deverá ser entendida como “o preço que o locador
considerou para o cálculo da renda (do aluguer) mensal”, antes de deuzir o valor residual,
devendo-se adicionar o respetivo montante de IVA suportado não dedutível nos termos do
código desse imposto.

Apurando-se o limite máximo aceite fiscalmente o total dos gastos do ano referente ao
aluguer mensal que exceder o limite não será aceite.
 
No caso de contratos de aluguer superiores a 3 meses ou inferiores a 3 meses renováveis, o
montante a ter em conta para a determinação da referida limitação fiscal deverá ser apenas a
amortização financeira incluída na renda do renting. Os restantes encargos associados com o
renting, como os juros implícitos na renda, manutenções, seguros, impostos, etc., serão
aceites integralmente como gastos fiscais.
Os limites mencionados na alínea e) do n.º 1 do artigo 34º do CIRC foram definidos pela
portaria 467/2010, alterada pela lei n.º 82 D/2014 que estipula que não são aceites como
gastos as depreciações das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, na parte
correspondente ao custo de aquisição ou ao valor de reavaliação excedente a:
·         € 29.927,87, para veículos adquiridos em períodos anteriores a 1 de janeiro de 2010;
·         € 40.000 para veículos adquiridos durante o exercício de 2010;
·         € 30.000 para veículos adquiridos durante o exercício de 2011 (relativamente
a veículos movidos exclusivamente a energia elétrica o limite a considerar é de € 45.000);
·         € 25.000 para veículos adquiridos nos períodos de tributação que se iniciem em 1 de
janeiro de 2012 ou após essa data (relativamente a veículos movidos exclusivamente a
energia elétrica o limite a considerar é de € 50.000).
Para viaturas adquiridas em períodos de tributação que se iniciem em 1 de janeiro de 2015
ou após essa data, são aplicáveis os seguintes limites:
·         € 62.500, para veículos movidos exclusivamente a energia elétrica;
·         € 50.000, para veículos híbridos plug-in;
·         € 37.500, para veículos movidos a GPL ou GNV

Ajudas de custo
 
As ajudas de custo têm como pressuposto a compensação de despesas (alimentação e
alojamento) do trabalhador, gerente, sócio gerente ou administrador em resultado de
deslocações do seu local de trabalho habitual, efetuadas ao serviço da empresa.
 
Não há legislação aplicável, em matéria de ajudas de custo atribuídas aos trabalhadores do
setor privado. Tem vindo a ser aplicado o regime para as deslocações ao serviço dos
trabalhadores da função pública regulado pelo Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de abril,
(deslocações em serviço no território nacional) e o Decreto-Lei n.º 192/95, de 28 de
julho (deslocações ao estrangeiro). Segundo a Circular n.º 12/91, de 29 de abril os limites
que não estão sujeitos a tributação para o setor privado são os mesmos que se aplicam para
o setor público.
 
Só deverão ser pagas ajudas de custo quando os trabalhadores se deslocam do local de
trabalho efetivamente contratualizado e acordado. Se um trabalhador, ou gerente tiver
sido contratado para trabalhar numa determinada localidade num país no estrangeiro, não
pode considerar-se existir deslocação do local de trabalho pela sua realização nessa
localidade desse país e não deverão ser pagas ajudas de custo. O valor pago de remuneração
já deverá compensar a realização do trabalho no estrangeiro.
 
Só há direito ao abono de ajudas de custo nas deslocações diárias que se realizem para
além de 20 km do domicílio necessário e nas deslocações por dias sucessivos que se
realizem para além de 50 km do mesmo domicílio.
 
As ajudas de custo devem constar no recibo de vencimento com indicação da parte não
sujeita a IRS e devem constar na declaração mensal de remunerações.
 
A Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado para 2013,
alterou os valores das ajudas de custo, os quais, nos termos do n.º 14 do artigo 2.º do
Código do IRS, servem de referência para a determinação dos limites não sujeitos a IRS e a
contribuições para a segurança social (TSU), que são os seguintes:

 
Deslocações no país (continente e ilhas)
Administradores e gerentes     69,19 euros
Outros trabalhadores               50,20 euros

Deslocações no estrangeiro
Administradores e gerentes   100,24 euros
Outros trabalhadores                89,35 euros
 
 
As ajudas de custo não podem ser atribuídas para além de 90 dias seguidos de deslocação,
podendo em casos excecionais ser prorrogado até 90 dias.
 
Ajudas de custo no Estrangeiro:
 
Nos termos do n.º 1 do artigo 2.º do referido Decreto-Lei n.º 192/95, o trabalhador, gerente,
ou administrador que se desloque ao estrangeiro tem direito a optar por uma das seguintes
alternativas:
a) Receber a ajuda de custo diária por inteiro e em todos os dias da deslocação, de
acordo com a tabela em vigor; Ou
b) Receber o montante do alojamento em estabelecimento de três estrelas ou
equivalente e ainda o valor correspondente a 70% da ajuda de custo diária.
 
Por cada refeição que esteja incluída na deslocação, deduz-se ao montante da ajuda de
custo o valor correspondente a 30% até ao limite mínimo de 20%.. Se um trabalhador
optar pela alternativa b) e tiver ambas as refeições pagas pela entidade patronal resultaria
70% - 30% - 30% = 10%. Porém, segundo o n.º 5 do artigo 2.º do Decreto-Lei o mínimo a
pagar será sempre de 20%. Logo, ainda que o colaborador opte por ser ressarcido da
despesa efetiva do alojamento e não pague as refeições, receberá sempre o montante
equivalente a 20% da totalidade da ajuda de custo relativa a esse dia.
 
De acordo com a alínea h) do n.º 1 do art.º 23-A do CIRC não são dedutíveis para
efeitos da determinação do lucro tributável: ”As ajudas de custo e os encargos com
compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao serviço da
entidade patronal, não faturados a clientes, escriturados a qualquer título, sempre que a
entidade patronal não possua, por cada pagamento efetuado, um mapa através do
qual seja possível efetuar o controlo das deslocações a que se referem aqueles encargos,
designadamente os respetivos locais, tempo de permanência, objetivo e, no caso de
deslocação em viatura própria do trabalhador, identificação da viatura e do respetivo
proprietário, bem como o número de quilómetros percorridos, exceto na parte em que haja
lugar a tributação em sede de IRS na esfera do respetivo beneficiário;
 
Nos termos do n.º 9 do artigo 88.º do Código do IRC: “São ainda tributados
autonomamente, à taxa de 5 %, os encargos efetuados ou suportados relativos a ajudas
de custo e à compensação pela deslocação em viatura própria do trabalhador, ao serviço da
entidade patronal, não faturados a clientes, escriturados a qualquer título, exceto na parte
em que haja lugar a tributação em sede de IRS na esfera do respetivo beneficiário.
Gastos não aceites fiscalmente - Artigo 23.º-A CIRC

Não são dedutíveis para efeitos da determinação do lucro tributável os seguintes


encargos, mesmo quando contabilizados como gastos do período de tributação:
- O IRC, incluindo as tributações autónomas, e quaisquer outros impostos que direta
ou indiretamente incidam sobre os lucros;

- As despesas não documentadas;

- Os encargos sem documento comprovativo (fatura ou outro documento legal com os


elementos obrigatórios preenchidos de acordo com o n.os 3 e 4 do artigo 23.º CIRC), bem
como os encargos evidenciados em documentos emitidos por sujeitos passivos com
número de identificação fiscal inexistente ou inválido ou por sujeitos passivos cuja
cessação de atividade tenha sido declarada oficiosamente nos termos do n.º 6 do artigo
8.º CIRC. A Autoridade Tributária e Aduaneira deve disponibilizar a informação relativa à
situação cadastral dos sujeitos passivos, que seja considerada relevante para efeitos do
disposto anteriormente (n.º 4 do art.º 23-A do CIRC);

- As despesas ilícitas, designadamente as que decorram de comportamentos que


fundadamente indiciem a violação da legislação penal portuguesa, mesmo que ocorridos
fora do alcance territorial da sua aplicação;

- As multas, coimas e demais encargos, incluindo os juros compensatórios e


moratórios, pela prática de infrações de qualquer natureza que não tenham origem
contratual, bem como por comportamentos contrários a qualquer regulamentação sobre o
exercício da atividade;

- Os impostos, taxas e outros tributos que incidam sobre terceiros que o sujeito passivo
não esteja legalmente obrigado a suportar;

- As indemnizações pela verificação de eventos cujo risco seja segurável;

- As ajudas de custo e os encargos com compensação pela deslocação em viatura


própria do trabalhador, ao serviço da entidade patronal, não faturados a clientes,
escriturados a qualquer título, sempre que a entidade patronal não possua, por cada
pagamento efetuado, um mapa através do qual seja possível efetuar o controlo das
deslocações a que se referem aqueles encargos, designadamente os respetivos locais, tempo
de permanência, objetivo e, no caso de deslocação em viatura própria do trabalhador,
identificação da viatura e do respetivo proprietário, bem como o número de quilómetros
percorridos, exceto na parte em que haja lugar a tributação em sede de IRS na esfera do
respetivo beneficiário;

- Os encargos com o aluguer sem condutor de viaturas ligeiras de passageiros ou


mistas, na parte correspondente ao valor das depreciações dessas viaturas que, nos
termos das alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo 34.º do CIRC, não sejam aceites como
gastos;

- Os encargos com combustíveis na parte em que o sujeito passivo não faça prova de
que os mesmos respeitam a bens pertencentes ao seu ativo ou por ele utilizados em
regime de locação e de que não são ultrapassados os consumos normais;

- Os encargos relativos a barcos de recreio e aeronaves de passageiros que não estejam


afetos à exploração do serviço público de transportes nem se destinem a ser alugados no
exercício da atividade normal do sujeito passivo;
- As menos-valias realizadas relativas a barcos de recreio, aviões de turismo e viaturas
ligeiras de passageiros ou mistas, que não estejam afetos à exploração de serviço público
de transportes nem se destinem a ser alugados no exercício da atividade normal do sujeito
passivo, exceto na parte em que correspondam ao valor fiscalmente depreciável nos termos
da alínea e) do n.º 1 do artigo 34.º do CIRC ainda não aceite como gasto;
 
- Os juros e outras formas de remuneração de suprimentos e empréstimos feitos pelos
sócios à sociedade, na parte em que excedam a taxa definida por portaria do membro
do Governo responsável pela área das finanças, salvo no caso de se aplicar o regime
estabelecido no artigo 63.º do CIRC aplicável aos preços de transferência;
 
- Os gastos relativos à participação nos lucros por membros de órgãos sociais e
trabalhadores da empresa, quando as respetivas importâncias não sejam pagas ou
colocadas à disposição dos beneficiários até ao fim do período de tributação seguinte;
No caso de não se verificar, ao valor do IRC liquidado relativamente ao período de
tributação seguinte adiciona-se o IRC que deixou de ser liquidado em resultado da dedução
das importâncias que não tenham sido pagas ou colocadas à disposição dos interessados no
prazo indicado, acrescido dos juros compensatórios correspondentes (n.º 5 do art.º 23-A do
CIRC).
Sem prejuízo do disposto anteriormente, não são aceites os gastos relativos à participação
nos lucros por membros de órgãos sociais, quando os beneficiários sejam titulares,
direta ou indiretamente, de partes representativas de, pelo menos, 1 % do capital
social, na parte em que exceda o dobro da remuneração mensal auferida no período de
tributação a que respeita o resultado em que participam (alínea o) do art.º 23-A do
CIRC). Para efeitos da verificação da percentagem considera-se que o beneficiário detém
indiretamente as partes do capital da sociedade quando as mesmas sejam da titularidade do
cônjuge, respetivos ascendentes ou descendentes até ao 2.º grau, sendo igualmente
aplicáveis, com as necessárias adaptações, as regras sobre a equiparação da titularidade
estabelecidas no Código das Sociedades Comerciais (n.º 6 do art.º 23-A do CIRC).

- A contribuição sobre o setor bancário;

- A contribuição extraordinária sobre o setor energético;

- As importâncias pagas ou devidas, a qualquer título, a pessoas singulares ou coletivas


residentes fora do território português e aí submetidas a um regime fiscal a que se
referem os n.os 1 ou 5 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária, ou cujo pagamento seja
efetuado em contas abertas em instituições financeiras aí residentes ou domiciliadas, salvo
se o sujeito passivo provar que tais encargos correspondem a operações efetivamente
realizadas e não têm um caráter anormal ou um montante exagerado. (Redação da Lei n.º
42/2016, de 28 de dezembro). A Autoridade Tributária e Aduaneira notifica o sujeito
passivo para produção da prova, devendo, para o efeito, ser fixado um prazo não inferior a
30 dias (n.º 8 do art.º 23-A do CIRC).
O disposto aplica-se igualmente às importâncias indiretamente pagas ou devidas, a qualquer
título, às pessoas singulares ou coletivas residentes fora do território português e aí
submetidas a um regime fiscal claramente mais favorável a que se referem os n.os 1 ou 5 do
artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária, quando o sujeito passivo tenha ou devesse ter
conhecimento do seu destino, presumindo-se esse conhecimento quando existam relações
especiais, nos termos do n.º 4 do artigo 63.º, entre o sujeito passivo e as referidas pessoas
singulares ou coletivas, ou entre o sujeito passivo e o mandatário, fiduciário ou interposta
pessoa que procede ao pagamento às pessoas singulares ou coletivas (n.º 7 do art.º 23-A do
CIRC). (Redação da Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro)

- Não concorrem para a formação do lucro tributável as menos-valias e outras perdas


relativas a instrumentos de capital próprio, na parte do valor que corresponda aos
lucros ou reservas distribuídos ou às mais-valias realizadas com a transmissão onerosa
de partes sociais da mesma entidade que tenham beneficiado, no próprio período de
tributação ou nos quatro períodos anteriores, da dedução prevista no artigo 51.º, do crédito
por dupla tributação económica internacional prevista no artigo 91.º-A ou da dedução
prevista no artigo 51.º-C.

- Não são aceites como gastos do período de tributação os suportados com a


transmissão onerosa de instrumentos de capital próprio, qualquer que seja o título por
que se opere, de entidades com residência ou domicílio em país, território ou região
sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por
portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças.

- Tratando-se de sociedades de profissionais sujeitas ao regime de transparência


fiscal, pode ser fixado por portaria do membro do Governo responsável pela área das
finanças o número máximo de veículos e o respetivo valor para efeitos de dedução dos
correspondentes encargos.

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